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UNIDADE III Finanças e Orçamento Público Thaís Liliane dos Santos Evolução Conceitual do Orçamento Público e Princípios Orçamentários Caro(a) aluno(a), a �nalidade do Estado, de uma forma geral, é a realização do bem comum, atendendo às necessidades sociais. Para custear a sociedade como um todo, é necessário um dispêndio muito grande de dinheiro. Entre as várias atividades do governo, existe a �gura da atividade �nanceira. Assim como na vida pessoal, é preciso saber o valor de receitas e despesas para que se possa ocorrer um equilíbrio entre elas. Esse controle pode ser assim denominado orçamento. Os primeiros movimentos na aceitação de orçamentos públicos padronizados datam da década de 30. O orçamento público, no Brasil, passou por várias transformações até chegar nos dias atuais. Dessa forma, ao �nal desta aula, você será capaz de: de�nir o conceito de Orçamento Público; conhecer os tipos de orçamentos; identi�car os princípios que norteiam o Orçamento Público. Aula 01 Introdução 2 Orçamento Público O orçamento público é um instrumento de planejamento da ação do governo que, basicamente, localiza-se a previsão de despesas e de receitas para um período determinado. Berner e Sousa (2018, p. 50) de�nem: “O orçamento Público é um instrumento que efetua o planejamento do governo constituído de despesas �xadas pelo Legislativo a qual autoriza o Executivo a realizar estas despesas no exercício �nanceiro por meio de arrecadação de receitas estimadas.”. Lima (2018, p. 01) trata o orçamento público [...] como planejamento feito pela Administração Pública para atender, durante determinado período, os planos e programas de trabalho por ela desenvolvidos, por meio da plani�cação de receitas a serem obtidas e dos dispêndios a serem efetuados, objetivando a continuidade e a melhoria quantitativa e qualitativa dos serviços prestados à sociedade. “O orçamento é instrumento de planejamento de qualquer entidade, seja pública ou privada, e representa o �uxo previsto dos ingressos e das aplicações de recursos em determinado período.” (BRASIL, 2018, p. 15). A atividade de orçar está intimamente ligada à atividade de planejar. Podemos traçar uma análise paralela entre um orçamento familiar e o orçamento público. Na vida familiar/particular, temos de administrar os nossos próprios recursos, isto é, o quanto ganhamos em relação às nossas despesas, de modo a evitar que �quemos sem o necessário para viver. Assim, o Estado brasileiro também sente a necessidade de realizar um planejamento adequado para as �nanças com a �nalidade de alcançar o desenvolvimento. 3 Segundo o Portal da Câmara dos Deputados (2019, on-line), o primeiro orçamento data de 1830 e foi “aprovado pelo Decreto Legislativo de 15-12-1830, que �xava a despesa e orçava a receita das antigas províncias para o exercício de 1831 (de 1.7.1831 a 30.6.1832).”. O orçamento a partir desse momento tornou-se um verdadeiro instrumento de administração que apresentava as atividades econômicas e �nanceiras do governo, antes tratado somente como um instrumento político de �nanças públicas (CREPALDI; CREPALDI, 2013). SAIBA MAIS O Orçamento Público pode ser estudado sobre diferentes naturezas: política econômica, administrativa, jurídica, contábil e �nanceira. Quando se olha para o orçamento como resultado do processo de avaliação de demandas e de escolhas entre possíveis alternativas, tratamos a respeito da sua natureza política. A natureza econômica se destaca pelas questões �scais, ous eja, receitas, despesas, dé�cits e dívidas. O orçamento tratado como lei, em que se estima a receita e autoriza tetos de despesa, de�ne a sua natureza jurídica. Como natureza administrativa, o orçamento tem o papel de ser instrumento de gestão. Ao antecipar os �uxos de arrecadação e de pagamento, o orçamento é um instrumento �nanceiro. A natureza contábil, por meio das contas, antecipa o resultado patrimonial e global da gestão. Fonte: Giacomoni (2017). 4 A história da evolução conceitual do orçamento público é dividida em duas fases: orçamento tradicional e orçamento moderno. FATOS E DADOS O Portal da Câmara dos Deputados disponibiliza um resumo da Evolução Histórica no Brasil sobre o Orçamento da União. Con�ra em: <https://www2.camara.leg.br/orcamento-da- uniao/cidadao/entenda/cursopo/HistoricoBrasil>. Acesso em: 14 jun. 2019. 5 https://www2.camara.leg.br/orcamento-da-uniao/cidadao/entenda/cursopo/HistoricoBrasil SAIBA MAIS O Manual Técnico de Orçamento pode ser acessado por meio do link: <https://bit.ly/2RqYdEyf>. Acesso em: 14 jun. 2019. É um importante instrumento de apoio aos processos orçamentários. 6 https://bit.ly/2RqYdEy Tipos de Orçamento Orçamento Tradicional Conhecido também como clássico, o orçamento tradicional era um documento que constava apenas a previsão da receita e autorização da despesa para um período de um ano dissociado de qualquer planejamento, cujo foco se respalda aos gastos. A forma de elaboração era centrada no controle contábil, sem qualquer ênfase no controle da gestão dos recursos. Crepaldi e Crepaldi (2013, p. 22) a�rmam: “O orçamento clássico ou tradicional consistia em um plano contábil, em que os governos tinham atividades e ações bastante limitadas e trabalhavam em um regime de rígido controle das despesas públicas.”. A função principal do orçamento tradicional era possibilitar aos órgãos de representação um controle político sobre os executivos. Preocupava-se em manter o equilíbrio �nanceiro e evitar, ao máximo, a expansão de gastos (GIACOMONI, 2017). Figura 1 - Budget Fonte: kchung / 123RF. 7 O orçamento se pauta na projeção das alocações realizadas no passado, não tendo nenhuma preocupação com ações especí�cas na resolução de problemas da sociedade. O orçamento tradicional/clássico se estendeu até a década de 60. Tabela 1 - Nome da tabela Fonte: fonte aqui. Orçamento Moderno A partir da Lei nº 4.320/64, o Governo Federal passou a utilizar o orçamento moderno. Destacam-se, nessa fase, dois tipos de orçamento: orçamento de desempenho e orçamento-programa. No orçamento de desempenho, a preocupação do gestor é saber o que o Governo realiza e não como ele compra. Caracteriza-se pela apresentação do objeto do gasto e um programa de trabalho, contendo as ações que foram desenvolvidas. Nesse tipo de orçamento, não há vinculação com o orçamento anterior. O orçamento-programa foi introduzido nos Estados Unidos no �nal da década de 1950 com o nome PPBS (Planning Programming Budgeting System). No Brasil, foi instituído em 1964, pela Lei nº 4.320/64 e pelo Decreto-Lei nº 200/67. Receita Despesas Tributos 80.000 Custeio 90.000 Impostos 70.000 Pessoal 20.000 Taxas 10.000 Manutenção 70.000 Empréstimos 20.000 Investimentos 10.000 Obras 10.000 Total 100.000 Total 100.000 8 Esse instrumento é entendido como um plano de trabalho de planejamento da ação do governo. Identi�ca os programas de trabalho, projetos e atividades, estabelecendo objetivos e metas a serem implantadas e a sua previsão de custos relacionados. “O orçamento-programa, parte integrante do plano de governo que efetua o detalhamento das despesas por meio da política econômica, faz a previsão para o próximo exercício, evidenciando os objetivos e metas de programas de trabalhos bem como a destinação dos recursos praticados nos programas” (BERNER; SOUSA, 2018, p. 54). Em 1988, a Constituição Federal CF estabeleceu a normatização da matéria orçamentária por meio do Plano Plurianual (PPA), da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual (LOA). Orçamento de Desempenho No orçamento de Desempenho, a preocupação não gira só em torno dos gastos, mas, sim, com a preocupação com o resultado dos gastos. Os gastos são explicados por seus programas de trabalho e como esses recursos serão destinados à unidade. Berner e Sousa (2018, p. 53) conceituam: [...] também conhecido como pós-tradicional, tem como objetivo veri�car quais são os destinos dos recursos �nanceiros praticadospela gestão pública. Esse tipo de orçamento atenta-se aos resultados dos gastos não somente com o gasto em si. Nesse tipo de orçamento não há vinculação com o orçamento anterior. Orçamento base zero É uma técnica utilizada para a elaboração do orçamento-programa. Na fase de elaboração da proposta orçamentária anual, deve-se ter justi�cativas dos gastos em sua totalidade a cada vez que se inicia um novo ciclo orçamentário. A sua origem data de 1968, por meio de uma experiência desenvolvida por Peter A. Pyhrr, no Texas, nos Estados Unidos. Surge no sentido de combater o aumento dos gastos e a ine�ciência na utilização/alocação dos recursos. Não leva em consideração os dados históricos de receitas e despesas de forma a não perpetuar erros históricos. Paludo (2017, p. 14) trata a respeito das principais características do Orçamento Base Zero: 9 [...] foca em objetivos e metas atuais; analisa o custo-benefício dos projetos e atividades; identi�ca e elimina duplicidades; assegura a alocação racional de recursos; fornece subsídio para tomada de decisão (apresenta várias opções, vários "pacotes de decisão"); facilita o controle de resultados; exige funcionários capacitados em matéria orçamentária. Orçamento Participativo O Orçamento participativo é uma técnica e não propriamente um orçamento. Esse mecanismo é utilizado para ouvir as demandas prioritárias da população, em que os cidadãos, por meio de assembleias, participam da elaboração dos orçamentos. A Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000) dispõe sobre o orçamento participativo em seu art. 48. Parágrafo único: “A transparência será assegurada também mediante incentivo à participação popular e realização de ATENÇÃO No orçamento base zero, toda despesa é considerada uma despesa nova, independentemente de se tratar de despesa continuada oriunda de período passado ou de uma despesa inédita/nova. 10 audiências públicas, durante os processos de elaboração e de discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos.” (BRASIL, 2000). Orçamento Incremental É uma técnica de elaboração orçamentária em que os itens da receita e da despesa sofrem um ajuste marginal a cada ano, corrigindo o valor monetário da moeda. “O Orçamento Incremental é aquele que, a partir dos gastos atuais, propõe um aumento percentual para o ano seguinte, considerando apenas o aumento ou diminuição dos gastos, sem análise de alternativas possíveis.” (PALUDO, 2017, p. 14). ORÇAMENTO PÚBLICO TIPOS/TÉCNICAS FINALIDADE ÊNFASE CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS TRADICIONAL Controle Político. Objeto de Gasto. Institucional. Nenhuma vinculação com planejamento. Não utiliza indicadores de resultado. Elemento de Despesa. Valorização do aspecto jurídico. Neutralidade em relação à economia. Alocação de recursos para aquisição de meios. DESEMPENHO Controle Político. Desempenho. Institucional. Alguma utilização de indicadores. Instrumento da Administração. Categoria Econômica. Não havia vinculação com planejamento. Instrumento de Intervenção na Resultados (e�cácia). Por Programas. Preocupação com os custos dos 11 Economia. programas. Por funções. Apresenta propósito e objetivos para os gastos. PROGRAMA Controle Político. Realizações. Institucional. Elo de União entre Planejamento e Orçamento. Instrumento da Administração. Funcional. Identi�cação clara de objetivos. Resultados (e�cácia e e�ciência). Natureza da Despesa. Utilização sistemática de indicadores. Instrumento de Intervenção na Economia. Estrutura Programática. Indicação do custo total dos programas. Categoria de Programação. Avaliação e análise técnica das alternativas. BASE-ZERO Controle dos gastos excessivos ou desnecessários. E�ciência na Alocação dos Recursos. Não considera importante. Não valoriza prioridades históricas. Foca objetivos e metas atuais. Instrumento da Administração para a Seleção das Melhores Alternativas. Exige justi�cativa detalhada para cada despesa. Análise e avaliação de todas as despesas. Pode proporcionar redução de gastos. PARTICIPATIVO Promoção da Cidadania. Despesa com Categoria Econômica Participação direta dos cidadãos. 12 Tabela 2 - Tipos de orçamento público Fonte: Adaptada de Paludo (2017). Princípios Orçamentários Os princípios orçamentários normatizam e norteiam a elaboração, aprovação, execução e controle do orçamento público. Estão elencados na Constituição Federal, no Plano Plurianual, na Lei de Diretrizes Orçamentárias e na Lei nº 4.320/64. investimentos. (Investimentos). Fortalecimento da Democracia. Decisão das prioridades pela população local. Não é evolução de outras técnicas - é experiência nova baseada na Autorregulação. INCREMENTAL Controle Político. Itens de Despesa. Institucional. É base no orçamento anterior. Não há comparações com alternativas. Manutenção das Atividades. Incremento de dotações. Elemento de Despesa. Incremento mediante barganha política. Técnica rudimentar que foca itens da despesa em vez de objetivos. 13 Princípio da Legalidade Tal princípio indica que as autorizações orçamentárias para arrecadação e realização das despesas devem ser feitas por meio de Lei aplicável a toda Administração Pública. Berner e Sousa (2018, p. 66) a�rmam: “[...] todos os entes públicos estão sujeitos a cumprir a legislação com a �nalidade de benefícios à sociedade, estes sofrerão penas se houver desvios e práticas ilícitas em benefício próprio [...]”. Princípio da Anualidade ou Periodicidade A autorização concedida pelo Poder Legislativo, para a realização de despesas e arrecadação de receitas, não pode ser concedida por prazo inde�nido, pois, assim, o Governo perderia o controle. Em razão disso, de�niu-se, no art. 2° da Lei nº 4.320/64, que a cada ano �nanceiro (12 meses) seja elaborada uma nova lei orçamentária. No Brasil, o exercício �nanceiro coincidirá com o ano civil (01 de janeiro a 31 de dezembro) (BRASIL, 1964). Princípio da Unidade Pelo princípio da Unidade, não se admite orçamentos paralelos e tal princípio está voltado à movimentação �nanceira do Tesouro. O seu objetivo é a �scalização Figura 2 - Marcadores Fonte: kchung / 123RF. 14 orçamentária e �nanceira do Legislativo. O princípio da unidade ensina que o orçamento deve ser uno, ou seja, no âmbito de cada esfera de Governo (União, estados e municípios) deve existir apenas um só orçamento para um exercício �nanceiro. Cada esfera de Governo deve possuir apenas um orçamento, fundamentado em uma única política orçamentária e estruturado uniformemente. Assim, existem o orçamento da União, o de cada estado e o de cada município (PALUDO, 2017, p. 23). Princípio da Universalidade Segundo o art. 3 da Lei nº 4.320/64, a lei de orçamento compreenderá todas as receitas e todas as despesas próprias dos órgãos do governo e da administração centralizada. O tema universalidade orçamentária foi tratado pelo art. 165 da Constituição Federal: § 5º: A lei orçamentária anual compreenderá: I - o orçamento �scal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público; II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo poder público (BRASIL, 1988, on-line). Dessa forma, o orçamento deve conter todas as receitas a serem arrecadadas e todas as despesas a serem realizadas em um determinado período. Princípio do Orçamento Bruto O princípio do orçamento bruto está explícito na Lei nº 4.320/64, especi�camenteem seu art. 6: “Todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções. “Procura-se com esta norma impedir a inclusão de importâncias líquidas, ou seja, descontando despesas que serão efetuadas por outras entidades e, com isso, 15 impedindo sua completa visão, conforme preconiza o princípio da universalidade.” (PALUDO, 2017, p. 23). Princípio da Exclusividade Pelo princípio da exclusividade, a Lei de Orçamento deverá tratar apenas de matéria �nanceira, excluindo-se dela qualquer outro dispositivo estranho. Esse princípio consta no § 8º do art. 165 da Constituição Federal: A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à �xação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei (BRASIL, 1988, on-line). No sentido de impedir que a Lei de Orçamento fosse utilizada como meio de aprovação de outras matérias que não possuíam vínculos com questões �nanceiras, surgiu esse princípio (GIACOMONI, 2017). Princípio da Especi�cação, Especialização ou Discriminação A �nalidade desse princípio é apoiar o trabalho �scalizador dos parlamentos sobre as �nanças executivas e classi�cando as despesas em níveis detalhados que possam facilitar a análise da origem dos recursos e a sua aplicação. Não são permitidos os lançamentos de valores globais, de forma genérica, ilimitados e sem discriminação. Esse princípio consta no § 1º do art. 15 da Lei nº 4.320/1964: Na lei de orçamento, a discriminação da despesa far-se-á no mínimo por elementos; § 1º Entende-se por elementos o desdobramento da despesa com pessoal, material, serviços, obras e outros meios de que se serve a Administração Pública para consecução dos seus �ns (BRASIL, 1964, on-line). 16 Ao atender as necessidades próprias, as entidades públicas poderão adotar graus de discriminação além do �xado em lei. Quanto maior for o detalhamento, maior será a transparência. Princípio da não Afetação de Receitas Tal princípio defende que nenhuma receita de impostos poderá ser vinculada com determinada despesa pelo legislador, ou seja, veda a vinculação de receita de impostos a órgãos, fundo ou despesa. Na Constituição Federal, especi�camente no art. 167, são vedadas: FATOS E DADOS ELEMENTOS DE DESPESA: indicam os objetos de gastos que a administração pública utiliza para a consecução de seus �ns, tais como pessoal, material e serviço. Para classi�car uma despesa quanto à sua natureza, devem ser identi�cados: a Categoria Econômica e o Grupo de Despesa a que pertence; a forma de sua realização ou Modalidade de Aplicação; e, �nalmente, o seu objeto de gasto ou Elemento de Despesa. A despesa será classi�cada por uma numeração no total de 6 (seis) dígitos. Fonte: Crepaldi e Crepaldi (2013). 17 IV- a vinculação da receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvada a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que os arts. 158 e 159 se referem; a destinação de recursos para as ações e serviços públicas de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para a realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelo art. 198, § 2º; 212; e 37, XXII; e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita prevista no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo (BRASIL, 1988, on-line). A �nalidade desse princípio é de que as receitas estejam livres para a sua alocação racional, em um momento oportuno, de acordo com as prioridades públicas. ATENÇÃO A União tem di�culdade no cumprimento desse princípio, pois alguns tipos de receitas são naturalmente vinculados à execução de determinadas despesas. São exemplos: as contribuições sociais econômicas e as de intervenção no domínio econômico. Saiba mais em: <https://bit.ly/1eebVV8>. Acesso em: 15 jun. 2019. 18 https://bit.ly/1eebVV8 Princípio da Publicidade Esse princípio constitucional, previsto no art. 37 da CF, é o norteador de todos os atos da administração pública. O seu objetivo é proporcionar publicidade aos atos públicos, a �m de que haja transparência dos gastos públicos. Giacomoni (2017, p. 82) expõe: “Por sua importância e signi�cação e pelo interesse que desperta, o orçamento público deve merecer ampla publicidade. Formalmente, o princípio é cumprido, pois, como as demais leis, é publicado nos diários o�ciais. A publicidade ideal, porém, envolve as mesmas questões ligadas à clareza.”. A publicidade legal é realizada pelo Diário O�cial. Princípio do Equilíbrio O princípio trata que a LDO - Lei de Diretrizes Orçamentárias - disporá de equilíbrio entre receita e despesa. Estabelece que a despesa �xada não pode ser superior à receita prevista. Tem a �nalidade de impedir gastos desordenados, bem como impedir o dé�cit orçamentário. Berner e Sousa (2018, p. 64) a�rmam: “O princípio do Equilíbrio atrela-se com a Lei de Responsabilidade Fiscal em que haverá o estabelecimento das receitas e despesas, na igualdade entre as duas contas.”. É um princípio fundamental para a administração pública, tendo, como base, os pressupostos da Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF. Princípio da Clareza O princípio da clareza estabelece que o orçamento deve ser apresentado em linguagem transparente, simples, no entanto sem descuidar das exigências técnicas orçamentárias. “O orçamento público, ao cumprir múltiplas funções - algumas não técnicas - deve ser apresentado em linguagem clara e compreensível a todas aquelas pessoas que, por força de ofício ou por interesse, precisam manipulá-lo.” (GIACOMONI, 2017, p. 82). 19 INFOGRÁFICO INTERATIVO Para consultar o Infográ�co Interativo, acesse a versão digital deste material 20 QUESTÃO OBJETIVA De acordo com a Lei nº 4.320/64, em seu art. 3: “A lei de orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei.”, estamos tratando de um princípio orçamentário. Assinale a alternativa que corresponda a esse princípio. Princípio da Universidade. Princípio da Especi�cação. Princípio da Exclusividade. Princípio da não afetação das receitas. Princípio do orçamento bruto. 21 QUESTÃO OBJETIVA O Orçamento Público, através dos anos, foi se modi�cando e se aperfeiçoando, a �m de que ele atendesse, de forma e�ciente, a administração e a população. Sobre as características do Orçamento Tradicional, que é um dos primeiros orçamentos, é correto a�rmar que Há ênfase nos resultados. Esse orçamento é regido pela Lei nº 4.320/64. O critério de classi�cação é o funcional-programático. Esse orçamento estimula o exercício da cidadania. O foco consiste no objeto do gasto. 22 Fechamento Nós, enquanto cidadãos, temos a oportunidade de saber e de cobrar do poder público a forma com que o nosso dinheiro é redirecionado, ou seja, onde é usado e como é usado. Conhecer os principais conceitos de orçamento, de orçamento público e princípios orçamentários nos faz entender um pouco a respeito de como funciona a máquina pública. Nesta aula, você teve a oportunidade de: conhecer os conceitos de orçamento; conhecer a evolução do orçamento público; identi�car os princípios orçamentários e as suas diferenças. 23 Legislação sobre Orçamento, Dispositivos Constitucionais, Planejamento e Orçamento e Sistema Orçamentário Brasileiro: PPA, LDO e LOA Aula 02 24 A elaboração do orçamento público, no Brasil, segue um ciclo integrado de acordo com a Constituição Federal de 1988, o qual compreende: o Plano Plurianual (PPA); a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO); e a Lei Orçamentária Anual (LOA). A Lei nº 4.320/64 (referente às Normas de Direito Financeiro) regula o orçamento público, juntamente com a Lei Complementar nº 101/2000 e a Constituição Federal de 1988. Ao �nal desta aula, você será capaz de: conhecer a legislação que trata a respeito do orçamento público; identi�car os instrumentosorçamentários; aprender sobre o PPA, a LDO e a LOA. Introdução 25 Legislação do Orçamento No Brasil, vigora o princípio da hierarquia constitucional, em que a Constituição Federal de 1988 é o ápice do ordenamento jurídico. Todas as demais normas infraconstitucionais devem se adequar a ela, pois é a fonte primária do Direito Orçamentário. Após a CF, a principal fonte é a Lei nº 4.320/64, a Lei de Normas Gerais do Orçamento e Contabilidade Pública. Essa lei não se aplica às empresas estatais que não se utilizam de recursos da União para a sua manutenção ou para investimentos. Para esse caso, essas empresas são submetidas à Lei nº 6.404/76, a Lei das Sociedades Anônimas - SA, denominadas “estatais independentes”. Como a Constituição Federal só foi promulgada em 1988, a Lei nº 4.320/64 foi recepcionada no novo ordenamento jurídico como “Lei Complementar”. Por questões de economia, todas as leis editadas antes da Constituição são mantidas desde que não sejam incompatíveis com o novo texto. Figura 1 - Constituição Federal Fonte: zerbor / 123RF. 26 Outra Lei de grande relevância é a Lei Complementar nº 101/2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF. Ela estabelece normas de �nanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão �scal. Instrumentos Normativos Orçamentários A Constituição Federal estabelece três instrumentos legais de planejamento em seu art. 165: “Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I- o plano plurianual; II- as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais” (BRASIL, 1988). Esses instrumentos são leis ordinárias aprovadas pelo Poder Legislativo. Figura 2 - Visão Jurídico-legal do orçamento público Fonte: Adaptada de Paludo (2017). 27 A Constituição Federal de 1988, em seu art. 165, cria o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e uni�ca os orçamentos anuais (Fiscal, Seguridade Social e de Investimento das Estatais) no Orçamento Geral da União (OGU), acabando com duas práticas perversas no país, o Orçamento Monetário no BACEN e as despesas fora do orçamento (convênios e dívidas) (CASTRO, 2018 p. 21). Para as despesas de capital e outras delas decorrentes, incube ao PPA �xar um planejamento de longo prazo (quatro anos). Quanto às suas metas, estas são divididas em metas anuais e, em relação às metas anuais, estas constam da Lei de Diretrizes Orçamentárias. ATENÇÃO O PPA, a LDO e o LOA são leis ordinárias e não complementares do ponto de vista da sua tramitação e aprovação. A Lei nº 4.320/64 é uma lei ordinária que foi recepcionada pelo ordenamento jurídico. 28 Plano Plurianual - PPA Castro (2018, p. 21) a�rma: “O primeiro PPA foi elaborado pelo governo Fernando Collor para vigorar de 1991 a 1995. Foi apresentado ao Congresso Nacional e aprovado quase sem discussão e emendas, cumprindo exigências constitucionais. Publicado pelo Poder Executivo, recebeu bonita encadernação, mas não se tornou um orientador da ação governamental.”. O PPA é um instrumento de planejamento em que constarão as metas (expressas em números) para os próximos anos em diversas áreas. Lamberti (2018, p. 57) de�ne o Plano Plurianual da seguinte forma: “Corresponde ao plano de médio prazo, por meio do qual se procura ordenar as ações do governo que levem ao alcance dos objetivos e das metas �xadas para um período de quatros anos.”. Sobre o PPA, Berner e Sousa (2018, p. 59) elucidam: O Plano Plurianual estabelece, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes, bem como para as relativas aos programas de duração continuada. É o planejamento estratégico quadrienal do governo, que contém todos os programas governamentais que serão executados durante o período de quatros anos. Podemos entender o PPA como um planejamento em relação ao que fazer com o dinheiro público, por meio de impostos dos cidadãos. O art. 165, da Constituição Federal, trata também do conceito: “§ 1°: a lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, os objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes, bem como para as relativas aos programas de duração continuada". E a sua �nalidade “está ligada ao mandato constitucional de "redução das desigualdades regionais" (§ 7º do art. 165 da CF de 88). Paludo (2018, p. 98) detalha o conceito para uma melhor compreensão. Regionalização – refere-se às macrorregiões brasileiras: Norte, Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e Sul. 29 Diretrizes – são “um conjunto de instruções”, isto é, são “orientações gerais” que balizam as medidas que o governo adotará para alcançar os objetivos; são “linhas norteadoras” que de�nem os rumos a serem seguidos; são critérios de ação e de decisão que disciplinam e orientam os diversos aspectos envolvidos no planejamento. Objetivos – são alvos a serem atingidos, ou seja, são os resultados que se pretendem alcançar com a realização das ações governamentais, sempre visando ao bem-estar da coletividade. Cada Programa incluído no PPA possui objetivo(s) especí�co(s), ao mesmo tempo em que concorre para o alcance dos objetivos gerais. Metas – são partições dos objetivos que, mediante a quanti�cação física dos programas e projetos, permitem medir e avaliar o nível de alcance dos objetivos. Despesas de Capital – as despesas de capital são aquelas que contribuem para a formação ou aquisição de um bem de capital; são obras de toda espécie, equipamentos, investimentos, inversões �nanceiras e amortizações de dívidas. Outras delas decorrentes – são as despesas geradas após a entrega do produto das despesas de capital. São despesas correntes essenciais para o seu funcionamento ou manutenção. Exemplo: a construção de uma escola é despesa de capital. Concluída a obra e iniciada a sua utilização, é necessário contratar professores, auxiliares, pagar despesas como luz, água, telefone etc. – essas são as despesas decorrentes das despesas de capital (da construção da escola). Programas de Duração Continuada – de acordo com a LRF, são despesas que ultrapassam dois exercícios �nanceiros. Referem-se à manutenção dos órgãos e entidades e aos recursos necessários à oferta de bens e serviços no período de vigência do PPA por meio de programas continuados de educação, saúde, segurança, lazer etc. 30 O PPA é apreciado como um planejamento estratégico de médio prazo da Administração Pública brasileira. São incluídas as metas e despesa de capital e outras delas decorrentes, que ultrapassam o período de um exercício �nanceiro e as diretrizes e os objetivos são as intenções do governo. As leis orçamentárias têm tramitação especial. Por ser um plano de quatros anos, é elaborado a cada quatro anos. O período de validade não coincide com o do chefe do Executivo. O PPA é deslocado um ano para frente em relação ao mandato do chefe do Executivo, de modo que, no primeiro ano de governo, o presidente, o governador ou o prefeito estão executando o PPA feito pelo antecessor, deixando, no último ano de mandato, a mesma herança para o sucessor. Assim, garante-se a continuidade administrativa dos projetos. SAIBA MAIS Todas as informações de cada etapa do PPA devem ser registradas no SIOP - Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento, que é o instrumento informatizado e adotado para o processo de elaboração, monitoramento, avaliação e revisão dos programas do Plano Plurianual. Os registros físico- �nanceiros, no SIOP, são de periodicidade semestral: as informações referentes ao primeiro semestre devem ser registradas no período de 01 a 31 de julho; e as informações referentes ao segundo semestre no período de 15 de janeiro a 15 de fevereiro do exercício seguinte. Fonte: Paludo (2017). 31 O Projeto do PPA será encaminhado pelo chefe do Executivo (presidente) ao Legislativo até quatro meses do encerramento do primeiro exercício �nanceiro do mandato presidencial (até 31 de agosto do primeiro ano do mandato). OLegislativo devolverá o PPA aprovado para sanção até o dia 22 de dezembro (encerramento da sessão legislativa). Assim como na vida particular ou pro�ssional, todo projeto ou plano pode sofrer alterações em razão de fatos independentes à nossa vontade. Enquanto ainda são projetos, eles podem ser alterados tanto pelo Poder Legislativo, por meio de emendas parlamentares, como por meio de mensagem do Poder Executivo. Modelo de Gestão SAIBA MAIS A sessão legislativa ordinária é o período de atividade normal do Congresso a cada ano, especi�camente de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. A cada quatro sessões legislativas, a contar do ano seguinte ao das eleições parlamentares, compõe-se uma legislatura. Fonte: Brasil (1988). 32 A gestão por resultados, na administração, foi introduzida pelo PPA em 2000-2003. Era centrada nos programas e otimizava a gestão organizacional, trazendo resultados diretos para a sociedade, além de melhorar a qualidade dos serviços. O PPA-2004-2007 trouxe o Pacto de Concertação: [...] um instrumento de gestão orientado para a conciliação de interesses dos diferentes níveis territoriais: macrorregional, regional, estadual, municipal etc., capaz de pôr em prática uma política compartilhada e articulada de desenvolvimento nacional e local, baseada em estratégias de estruturação equilibrada e complementar, respeitando a diversidade e a identidade cultural (PALUDO, 2018, p. 97). Os critérios de e�ciência, e�cácia e efetividade foram atribuídos na gestão do Plano Plurianual de 2008-2011. O PPA de 2012-2015 inaugurou um novo modelo de estrutura e conceitos para o Plano Plurianual, de�nindo os espaços de atuação do Plano e do Orçamento, o que permitiu elevar o Plano a um nível mais estratégico, com a criação dos Programas Temáticos que retratam a agenda de governo organizada pelos temas de políticas públicas. Além disso, possibilitou a quali�cação da comunicação com a sociedade. Dessa forma, caro(a) estudante, consulte as orientações para a elaboração do plano plurianual de 2016-2019 disponíveis em: <http://www.planejamento.gov.br/servicos/central-de- conteudos/publicacoes/orientacoes_elaboracao_ppa_2016_2019.pdf>. Acesso em: 16 jun. 2019. O PPA de 2016-2019 aproximou a orientação estratégica dos programas temáticos, permitindo que os resultados pretendidos sejam alcançados por meio de um melhor acompanhamento da execução das ações. 33 http://www.planejamento.gov.br/servicos/central-de-conteudos/publicacoes/orientacoes_elaboracao_ppa_2016_2019.pdf Para acessar a íntegra do Plano Plurianual de 2016-2019, consulte, também, o seguinte link: <http://www.planejamento.gov.br/assuntos/planeja/plano-plurianual>. Acesso em: 16 jun. 2019. FATOS E DADOS O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) divulgou o Plano Plurianual de 2016-2019 e incluiu a promoção da ciência, da tecnologia e da inovação entre as “diretrizes estratégicas”. O governo considera que a agenda da CT&I tem papel central no desenvolvimento dos países, sobretudo no cenário mundial marcado pela crescente exigência de ganhos de produtividade e competitividade. Para mais informações, consulte o seguinte link: <http://www.fapeg.go.gov.br/cti-integra-as-diretrizes- estrategicas-do-plano-plurianual-2016-2019/>. Acesso em: 16 jun. 2019. 34 http://www.planejamento.gov.br/assuntos/planeja/plano-plurianual http://www.fapeg.go.gov.br/cti-integra-as-diretrizes-estrategicas-do-plano-plurianual-2016-2019/ FATOS E DADOS Como a sociedade participou da elaboração do PPA? O PPA de 2016-2019 foi o resultado de um processo de construção coletiva entre órgãos do governo e representações da sociedade, um resultado que envolveu mais de 4 mil participantes, exatamente em 120 o�cinas governamentais para a formulação dos programas temáticos. A formulação também foi participativa com a sociedade e Estados, em dois Fóruns Interconselhos, seis fóruns regionais, quatro setoriais e debates no Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Planejamento (Conseplan). O Fórum Interconselhos é o espaço de interação de�nido para viabilizar a participação da sociedade no processo de elaboração do Plano. Esse Fórum tem caráter consultivo e conta com a participação de representantes dos conselhos nacionais e de entidades representativas da sociedade. Durante o Fórum, os participantes discutiram as políticas públicas e apresentaram recomendações e sugestões para o aperfeiçoamento da proposta programática apresentada, as quais foram posteriormente incorporadas ao Plano. Para consultar mais informações, considere o seguinte link: <http://www.planejamento.gov.br/>. Acesso em: 16 jun. 2019. 35 http://www.planejamento.gov.br/ Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO Além de constituir um detalhamento anual das metas do PPA, a Lei de Diretrizes orçamentárias deve conter, conforme art. 165 da CF: § 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício �nanceiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências �nanceiras o�ciais de fomento (BRASIL, 1988, on-line). A LDO é um instrumento norteador da LOA, sendo que ela é responsável pela conexão entre o plano estratégico das ações governamentais (plano plurianual) e o plano operacional (orçamento anual). O chefe do poder executivo deverá encaminhar a LDO até o dia 15 de abril (oito meses e meio antes do encerramento do exercício �nanceiro) e deverá ser devolvida para sanção até o dia 17 de julho (encerramento do primeiro período da sessão legislativa). A LDO deverá ser acompanhada pelos anexos de Metas Fiscais e de Riscos Fiscais. A Lei de responsabilidade �scal (Lei Complementar nº 101/2000) em seu art. 4 de�ne: § 1o Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias o Anexo de Metas Fiscais, em que serão estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes. § 2º O Anexo conterá, ainda: I - avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior; II - demonstrativo das metas anuais, instruído com a memória e a metodologia de cálculo que justi�quem os resultados pretendidos, comparando-as com as �xadas nos três exercícios anteriores, e evidenciando a consistência delas com as premissas e os objetivos da política econômica nacional; III - evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios, 36 destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos com a alienação de ativos; IV - avaliação da situação �nanceira e atuarial: a) dos regimes geral de previdência social e próprio dos servidores públicos e do Fundo de Amparo ao Trabalhador; b) dos demais fundos públicos e programas estatais de natureza atuarial; V - demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e da margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado. § 3º A lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo de Riscos Fiscais, em que serão avaliados os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando as providências a serem tomadas, caso se concretizem (BRASIL, 2000, on-line). O anexo de metas �scais prevê metas para os 3 anos seguintes, segundo a LRF. A meta �scal é o que se espera arrecadar, gastar e fazer “sobrar”. Sobrar no intuito de quitar juros e o principal da dívida, seja ela �utuante, seja ela permanente. Esse ano deverá conter: previsão trienal da receita, da despesa e, do confronto destas, da estimativa dos resultados nominal, primário e bruto da execução orçamentária; previsão trienal do estoque da dívida pública; avaliação das metas do ano anterior; demonstrativo das metas anuais, com a sua metodologia; evolução do patrimônio líquido;avaliação �nanceira (curto prazo) e atuarial (longo prazo dos fundos de previdência dos servidores públicos; estimativa de compensação da renúncia de receitas (CREPALDI; CREPALDI, 2013). A principal atribuição da LDO é orientar a elaboração da Lei Orçamentária Anual. Além de orientar, ela se executa no ano seguinte. A LDO disporá sobre as alterações na legislação tributária, em que deverão constar a criação de novos tributos e o aumento ou a de�nição dos gastos públicos. Orçamentos Anuais - LOA 37 A Lei Orçamentária Anual compreende a programação das ações a serem executadas, visando, entre os seus objetivos principais, atingir as diretrizes, objetivos e metas estabelecidas no Plano Plurianual, contendo todas as receitas e despesas administradas pela União. Paludo (2017, p. 57) conceitua: A Lei Orçamentária Anual (LOA) é o produto �nal do processo orçamentário coordenado pela Secretaria de Orçamento Federal (SOF). Ela abrange apenas o exercício �nanceiro a que se refere e é o documento legal que contém a previsão de receitas e autorização de despesas a serem realizadas no exercício �nanceiro. Em atendimento ao princípio da anualidade, a LOA possui vigência anual, também conhecida como exercício �nanceiro, o qual, por força do art. 34 da Lei nº 4.320/64, coincide com o ano civil (01/01/XX a 31/12/XX). Conforme o art. 165 da CF, § 5º, a Lei Orçamentária Anual compreenderá: I - o orçamento �scal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e Figura 3 - Orçamento Fonte: bimdeedee / 123RF. 38 mantidas pelo Poder Público; II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público (BRASIL, 1988, on-line). Nos termos da Constituição, conforme citado, as Leis Orçamentárias Anuais deverão ter suas receitas e despesas consignadas em três esferas de orçamento: esfera �scal, de investimentos das empresas estatais e da seguridade social. Na esfera �scal, são contempladas as receitas e as despesas com a execução das atividades mais comuns do governo. A esfera de investimentos das empresas estatais contempla as despesas das empresas que o Poder Público detenha a maioria do capital com direito a voto. Somente o Orçamento Fiscal e o de Investimentos, dentre várias funções, objetivam reduzir desigualdades inter-regionais. Figura 4 - Prazos importantes Fonte: Orçamento Cidadão (2018, p. 9). 39 QUESTÃO OBJETIVA A administração pública utiliza três instrumentos de planejamento: Plano Plurianual (PPA); Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO); e Lei de Orçamento Anual (LOA). Esses instrumentos são de�nidos na Constituição Federal de 1988. Sobre esses instrumentos, assinale a alternativa correta. A LOA compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal. A vigência do PPA não coincide com a do mandato do chefe do Poder Executivo. A LDO compreenderá: o orçamento �scal, o orçamento de investimento e o orçamento da seguridade social. As alterações na legislação tributária serão dispostas pela LOA. O prazo para encaminhamento, aprovação e sanção da LOA coincide com o da LDO. 40 QUESTÃO OBJETIVA “Integrará o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias o Anexo de Metas Fiscais, em que serão estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes.”. Considerando o exposto, em qual Lei foi citado o Anexo de Metas Fiscais? Lei de Responsabilidade Fiscal nº 101/00 - Estabelece normas de �nanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão �scal e dá outras providências. Lei nº 4.320/64 - Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Lei nº 6.404/76 - Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Lei nº 8.666/93 - Institui normas para licitações e contratos da Administração Pública. Lei nº 9.784/99 - Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. 41 Fechamento Caro(a) aluno(a), tratamos, nesta aula, sobre a legislação que rege o orçamento público. O Modelo Orçamentário é composto por 3 instrumentos: o PPA (Plano Plurianual), que estabelece diretrizes e metas a longo prazo; a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), que enuncia as políticas públicas para o ano seguinte; e a LOA (Lei de Orçamento Anual), que estima receita e �xa a programação das despesas. Nesta aula, você teve a oportunidade de: ter uma breve noção sobre legislação orçamentária; identi�car os tipos de instrumentos orçamentários; conhecer sobre a visão jurídico-legal do orçamento público. 42 Execução Orçamentária e Financeira Da Receita Pública As decisões e as escolhas expressas na Lei Orçamentária assumem natureza �nanceira na forma de �uxos de recursos que entram e saem do Tesouro. O exercício �nanceiro coincide com o ano civil (1º de janeiro a 31 de dezembro) de cada ano. As receitas nada mais são que as entradas de dinheiro do cofre público. Dessa maneira, estudaremos sobre a receita pública e a sua execução. Ao �nal desta aula, você será capaz de: conhecer os conceitos e classi�cações da receita pública; entender os créditos orçamentários, especiais e suplementares; diferenciar as etapas da execução orçamentária. Caro(a) aluno(a), antes de entrar no assunto sobre a execução orçamentária e �nanceira da receita pública, devemos passar por alguns itens importantes para o seu entendimento. Aula 03 Introdução 43 Conceito de Receita Pública A receita pública, vista de uma forma geral, é tratada pela legislação contábil brasileira como ingressos que entram no cofre estatal. Podemos de�ni-la também como ingresso de caráter não devolutivo. Basicamente, a receita pública pode ser compreendida como recursos �nanceiros arrecadados para fazer face às despesas orçamentárias (CREPALDI; CREPALDI, 2013). Kohama (2016, p.66) conceitua a receita pública como [...] todo e qualquer recolhimento feito aos cofres públicos e a variação ativa proveniente do registro do direito a receber no momento da ocorrência do fato gerador, quer seja efetuado através de numerário ou outros bens representativos de valores – que o Governo tem direito de arrecadar em virtude de leis, contratos ou quaisquer outros títulos que derivam direitos a favor do Estado –, quer seja oriundo de alguma �nalidade especí�ca, cuja arrecadação lhe pertença ou caso �gure como depositário dos valores que não lhe pertencerem. As receitas públicas podem ser conceituadas em sentido amplo e em sentido restrito. No sentido amplo: “são ingressos de recursos �nanceiros nos cofres do Estado, que se desdobram em receitas orçamentárias, quando representam disponibilidades de recursos �nanceiros para o erário, e ingressos extraorçamentários, quando representam apenas entradas compensatórias.”. No sentido restrito: “são públicas apenas as receitas orçamentárias.” (BRASIL, 2018, p. 14). 44 Os ingressos extraorçamentários são recursos �nanceiros que não integram a LOA e são de caráter provisório. As receitas orçamentárias estão previstas na LOA e integram o Poder Público. Ingressos Extraorçamentários Poderíamos pensar, nesse momento, que ingressos extraorçamentários são aqueles que estão fora do orçamento. Na verdade, esses ingressos não �guram no LOA, mas são recebimentos de recursos que constituirão compromissos exigíveis que deverão ser devolvidos. Crepaldi e Crepaldi (2013, p. 54) de�nem os ingressos orçamentários da seguinte forma: “São aqueles pertencentes a terceiros, arrecadados pelo ente público FATOS E DADOS RECEITAS PRIMÁRIASCorrespondem às provenientes da arrecadação tributária com impostos, taxas e contribuições, bem como do esforço próprio de arrecadação de suas unidades. Além disso, o Governo consegue gerar receitas por meio do seu patrimônio, como aluguéis e os dividendos que recebe das empresas que controla. Para mais informações, consulte o seguinte link: <http://www.planejamento.gov.br/assuntos/orcamento- 1/orcamentos-anuais/2019/ploa/orcamento-cidadao.pdf>. Acesso em: 16 jun. 2019. 45 http://www.planejamento.gov.br/assuntos/orcamento-1/orcamentos-anuais/2019/ploa/orcamento-cidadao.pdf exclusivamente para fazer face às exigências contratuais pactuadas para posterior devolução. Esses ingressos são denominados recursos de terceiros.”. Exemplos de ingressos orçamentários: depósitos em caução, �anças, operações de crédito por ARO, emissão de moeda e outras entradas compensatórias no ativo e passivo �nanceiros. 46 SAIBA MAIS Adiantamento Sobre Receita Orçamentária (ARO) O QUE É? É uma operação de crédito pelo qual o tesouro público contrai dívida por “antecipação da receita prevista”, a qual será liquidada quando efetivada a entrada da receita. PÚBLICO-ALVO União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal. CARACTERÍSTICAS BÁSICAS Destina-se a atender insu�ciência de caixa dentro do próprio exercício �nanceiro. A Lei de Orçamento pode conter autorização ao Executivo realizar, em qualquer mês do exercício �nanceiro, operações de crédito por antecipação da receita, a �m de atender a insu�ciências de caixa. A Lei de Orçamento indicará as fontes de recursos que o Poder Executivo �ca autorizado a utilizar para atender a sua cobertura. NORMA BÁSICA Lei nº 4.320/64, Decreto nº 93.872/86, Lei de Responsabilidade Fiscal. Para mais informações, consulte o seguinte link: <http://produtosbancarios.com.br/adiantamento-sobre- receita-orcamentaria-aro/>. Acesso em: 16 jun. 2019. 47 http://produtosbancarios.com.br/adiantamento-sobre-receita-orcamentaria-aro/ Receitas Orçamentárias O Manual Técnico de Orçamento - MTO (BRASIL, 2018, p. 15) expõe o seguinte conceito de receitas orçamentárias: Disponibilidades de recursos �nanceiros que ingressam durante o exercício e constituem elemento novo para o patrimônio público. Instrumento por meio do qual se viabiliza a execução das políticas públicas, a receita orçamentária é fonte de recursos utilizada pelo Estado em programas e ações cuja �nalidade precípua é atender às necessidades públicas e demandas da sociedade. Paludo (2017, p. 159) também apresenta uma de�nição, a qual é: “As receitas orçamentárias correspondem às entradas de recursos que o Estado utiliza para �nanciar seus gastos, para aplicação em programas e ações governamentais, incorporando-se ao patrimônio do ente público.”. Com esses conceitos, podemos de�nir algumas características dos ingressos orçamentários: �nanciam despesas orçamentárias; geram desembolso orçamentários; têm caráter permanente; e pertencem ao Estado. Classi�cação legal da receita orçamentária A Lei nº 4.320/64, em seu art. 11, classi�ca as receitas em duas categorias econômicas: Receitas Correntes e Receitas de Capital. De acordo com o Manual Técnico do Orçamento - MTO (BRASIL, 2018, p. 18): As receitas correntes são arrecadadas dentro do exercício, aumentam as disponibilidades �nanceiras do Estado, em geral com efeito positivo sobre o Patrimônio Líquido, e constituem instrumento para �nanciar os objetivos de�nidos nos programas e ações correspondentes às políticas públicas. 48 As receitas correntes são aquelas que contribuem para a �nalidade fundamental do órgão ou entidade pública. São ingressos oriundos de suas atividades operacionais. Conforme postula o art. 11 da Lei nº 4.320/64: § 1º - São Receitas Correntes: as receitas tributárias, de contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e, ainda, as provenientes de recursos �nanceiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classi�cáveis em Despesas Correntes. A seguir, trataremos, resumidamente, de cada uma das subcategorais. a) Receitas Tributárias Compreende a arrecadação de tributos (impostos, taxas e contribuições de melhoria), de acordo a legislação tributária brasileira. As receitas tributárias são as mais signi�cativas. 49 As espécies de tributos são explicadas no quadro a seguir. SAIBA MAIS “Tributo é toda a prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.” (BRASIL, 1966). 50 Quadro 1 - Tributos Fonte: Adaptado de Crepaldi e Crepaldi (2013). b) Receitas de Contribuição As Receitas de Contribuições são destinadas à manutenção de programas e serviços sociais e de interesse público. Englobam as contribuições sociais e econômicas. As contribuições sociais têm como objetivo atender à sociedade, com acompanhamentos sociais, por exemplo, a Previdência Social. Já as contribuições econômicas são, por exemplo, as categorias pro�ssionais: OAB, CRM, CRC, entre outras. c) Receita Patrimonial Tipos Características Impostos Tributo cuja obrigação tem como fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal especí�ca e relativa ao contribuinte. É pago independentemente de uma contraprestação imediata e direta do Estado compulsoriamente. Exemplos: imposto sobre produtos industrializados; ICMS pago pelo consumidor na aquisição de gêneros alimentícios, roupas, móveis etc.; IPTU pago anualmente sobre a propriedade de imóveis urbanos. Taxas Cobradas pelo setor público em razão do poder de polícia ou da utilização efetiva ou potencial de serviços públicos, divisíveis e especí�cos, prestados ou postos à disposição da população. Exemplo: o IPVA que se paga para o licenciamento de veículos. Contribuições de melhoria Caracterizam-se como tributos destinados a custear obras públicas de que decorra a valorização imobiliária. Exemplos: a pavimentação e o asfaltamento de vias melhorando o acesso, a construção de praças e logradouros, construção de avenidas e viadutos etc. Empréstimo compulsório Tributo para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência. Também no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, respeitando o art. 150, III, b e c. Contribuições sociais Tributo previsto no art. 149, CRFB, o qual determina que a União pode instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias pro�ssionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas. 51 A Receita Patrimonial é o ingresso proveniente de rendimentos sobre investimentos do ativo permanente, ou seja, decorre da exploração econômica do patrimônio da instituição. Crepaldi e Crepaldi (2013, p. 58) expõem o seguinte conceito: São aquelas provenientes da locação e alienação de bens, de arrendamento (receitas imobiliárias), como também ganhos da aplicação de disponibilidade em opções de mercado (receitas mobiliárias) e de outros rendimentos oriundos de renda do patrimônio (participações e dividendos e outras receitas patrimoniais). Assim, são exemplos de receitas patrimoniais as decorrentes de aluguéis, dividendos, compensações �nanceiras/royalties, concessões, entre outras (BRASIL, 2018). d) Receita Agropecuária As Receitas Agropecuárias decorrem da exploração econômica de atividades agropecuárias de origem vegetal ou animal. O Manual Técnico de Orçamento - MTO (BRASIL, 2018, p. 20 ) de�ne essas receitas como: “[...] receitas de atividades de exploração ordenada dos recursos naturais vegetais em ambiente natural e protegido. Compreende as atividades de cultivo agrícola, de cultivo de espécies �orestais para produção de madeira, celulose e para proteção ambiental, de extração de madeira em �orestas nativas, de coleta de produtosvegetais, além do cultivo de produtos agrícolas.”. Essas receitas incluem, também, todas as movimentações necessárias para o transporte ou benfeitorias derivadas da atividade. 52 e) Receita Industrial Giacomoni (2017, p. 150) de�ne a Receita Industrial como: “Derivada de atividades industriais: extrativa mineral, de transformação, de construção e de serviços industriais de utilidade pública (energia elétrica, água e esgoto, limpeza pública e remoção do lixo)”. Além dessas receitas, temos outras provenientes das atividades industriais de�nidas pelo Instituto Brasileiro de Geogra�a e Estatística (IBGE) como receitas de serviços industriais e outras receitas industriais. f) Receita de Serviços Como o próprio nome expõe, a Receita de Serviços é o ingresso proveniente da prestação de serviços por parte do ente público. Crepaldi e Crepaldi (2013, p. 58) tratam a referida receita da seguinte forma: As receitas de serviços registram o valor total da arrecadação da receita originária da prestação de serviços, tais como: atividades comerciais, �nanceiras, de transporte, de comunicação, de saúde, de armazenagem, de serviços cientí�cos e Figura 1 - Exploração econômica de atividades agropecuárias Fonte: Igor Zhuravlov / 123RF. 53 tecnológicos, agropecuários, de metrologia (conhecimento dos pesos e medidas dos sistemas de unidades) etc. Esses serviços são remunerados mediante preço público e são conhecidos como tarifas. g) Transferências Correntes Paludo (2017, p. 170) de�ne Transferências Correntes como: “[...] ingresso proveniente de outros entes ou entidades, referente a recursos pertencentes ao ente ou entidade recebedora ou ao ente ou entidade transferidora.”. Transferências Correntes: são provenientes do recebimento de recursos �nanceiros de outras pessoas de direito público ou privado destinados a atender despesas de manutenção ou funcionamento que não impliquem contraprestação direta em bens e serviços a quem efetuou essa transferência. Por outro lado, a utilização dos recursos recebidos vincula-se à determinação constitucional ou legal, ou ao objeto pactuado. Tais transferências ocorrem entre entidades públicas de diferentes esferas ou entre entidades públicas e instituições privadas (BRASIL, 2018, p. 20). A �nalidade das contas de transferência é impedir a dupla contagem dos mesmos recursos quando da elaboração dos demonstrativos contábeis dos entes - União, Estados, Distrito Federal e Municípios. h) Outras receitas correntes Giacomoni (2017, p. 151) apresenta o seguinte postulado: Envolvem receitas não enquadradas nas classi�cações anteriores: indenizações, restituições e ressarcimentos; alienação de bens e mercadorias apreendidas associadas ao trá�co de entorpecentes e drogas; receitas de dívida ativa de prêmios prescritos de loterias federais; multas aplicadas pelo Tribunal de Contas da União etc. Até o momento, detalhamos as receitas correntes. A seguir, conceituaremos as receitas de capital. 54 As receitas de capital são aquelas que alteram o patrimônio duradouro do Estado. São oriundas de atividades não operacionais, visando cumprir os objetivos traçados nos programas e ações do governo. Assim, tem-se o seguinte postulado: “Receitas de Capital: aumentam as disponibilidades �nanceiras do Estado. Porém, de forma diversa das Receitas Correntes, as Receitas de Capital não provocam efeito sobre o Patrimônio Líquido.” (BRASIL, 2018, p. 18). O art. 11, da Lei nº 4.320/64, trata essas receitas da seguinte forma: § 2º - São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos �nanceiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender despesas classi�cáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente (BRASIL, 1964). Portanto essas receitas são destinadas à aquisição de bens ou criação de novos serviços pelo Estado. 55 a) Receita de Operações de Crédito É o ingresso proveniente da colocação de títulos públicos ou da contratação de empréstimos e �nanciamentos obtidos junto a entidades estatais, instituições e outras. Giacomoni, (2017, p. 150) a�rma: “Envolvem a captação de recursos para atender a desequilíbrios orçamentários ou, ainda, �nanciar empreendimentos públicos. É por intermédio dessa modalidade de receita que são cobertos os dé�cits orçamentários que ensejam a formação da dívida pública”. Nesse grupo, enquadram-se receitas decorrentes de empréstimos, amortizações, �nanciamentos e outras receitas a�ns. ATENÇÃO Essas receitas representam permutações patrimoniais que nada acrescentam ao patrimônio público, em que só ocorre uma troca de elementos patrimoniais, isto é, há um aumento no sistema �nanceiro pela entrada de recursos e uma baixa no sistema patrimonial pela saída de um bem ou direito, exceto as transferências de capital. Fonte: Paludo (2017). 56 b) Receita de Alienação de bens São resultados decorrentes da alienação de bens móveis e imóveis patrimoniais. ATENÇÃO O art. 44 da LRF veda a aplicação da receita de capital derivada da alienação de bens e direitos que integram o patrimônio público para o �nanciamento de despesa corrente, salvo se destinada por Lei aos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores públicos. 57 c) Amortização de empréstimos “É o ingresso proveniente da amortização de empréstimos concedidos, ou seja, referente ao recebimento de parcelas de empréstimos ou �nanciamentos anteriormente concedidos em títulos ou contratos.” (PALUDO, 2017, p. 172). d) Transferência de Capital Crepaldi e Crepaldi (2013, p. 59) postulam: “Registram os valores das transferências de capital (transferência inter e intragovernamental, a instituições privadas, ao exterior e a pessoas), tendo por �nalidade concorrer para a formação de um bem de capital, estando vinculados à constituição ou aquisição de insumos.”. O objetivo dessas transferências é a aplicação em despesas de capital. e) Outras receitas de Capital Envolvem as Receitas de Capital não classi�cáveis nas outras fontes. São classi�cados os montantes arrecadados com outras receitas vinculadas ao acréscimo patrimonial do órgão ou entidade. Figura 2 - Imóveis Fonte: vladmax / 123RF. 58 Execução Orçamentária e Financeira da Receita Pública A execução orçamentária e a execução �nanceira acontecem simultaneamente. Não é possível separar o orçamento do �nanceiro. A execução orçamentária se dá pela utilização dos créditos constantes no orçamento. Já a execução �nanceira visa atender à realização dos projetos e atividades. SAIBA MAIS Regra de Ouro Denomina-se Regra de Ouro os dispositivos legais que vedam que os ingressos �nanceiros oriundos do endividamento (operações de crédito) sejam superiores às despesas de capital (investimentos, inversões �nanceiras e amortização da dívida). Assim como na meta de resultado primário e no teto dos gastos, a avaliação do cumprimento da regra de ouro ocorre legalmente ao �nal de cada exercício fechado (janeiro a dezembro de cada ano). Para mais informações, consulte o seguinte link: <https://www.tesourotransparente.gov.br/visualizacao/painel- da-regra-de-ouro>. Acesso em: 16 jun. 2019. 59 https://www.tesourotransparente.gov.br/visualizacao/painel-da-regra-de-ouro Créditos Orçamentários A fase de realização da receita e da despesa é denominada execução orçamentária. A execução dos programas se dá após a publicação da Lei Orçamentária Anual (LOA). As dotações inicialmente aprovadas na LOA podem ser insu�cientes para a realização de todos os programas previstos. Dessa forma, a LOA pode ser alterada no decorrer da execução por meio de créditos adicionais. Crepaldi e Crepaldi (2013, p. 66) a�rmam: “A LOA não pode conter matéria estranha que não se relacione diretamente ao orçamento. Mas é permitido conter autorização para que o Executivo abra créditos suplementares ou realize contratação de operações de crédito, ainda que por antecipaçãoda receita.”. Os créditos adicionais são classi�cados em: especiais, extraordinários e suplementares. a) Créditos especiais Os créditos especiais são aqueles destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária especí�ca (BRASIL, 1964). São veri�cados em termos de gestão que houve falha de planejamento. As características dos créditos especiais (CREPALDI; CREPALDI, 2013) podem ser de�nidas quanto: à �nalidade: atender a programas não contemplados; à autorização legislativa: prévia, sempre em Lei especial; à forma de abertura: decreto do Executivo; a recursos: indicação obrigatória dos recursos; a limite: obrigatório, indicado na Lei de autorização e no ano de decreto de abertura; à vigência: no exercício; à prorrogação: só para o período seguinte; à classi�cação de despesas: para projetos e atividades com indicação dos elementos. b) Créditos extraordinários 60 Conforme postula o Manual Técnico de Orçamento - MTO (BRASIL, 2018, p. 99), os créditos extraordinários são: [...] destinados a despesas urgentes e imprevisíveis, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública, conforme art. 167 da CF. Na União, serão abertos por medida provisória. Os créditos extraordinários não poderão ter vigência além do exercício em que forem autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que, reabertos nos limites dos seus saldos, serão incorporados ao orçamento do exercício �nanceiro subsequente; [...]. As características dos créditos extraordinários (CREPALDI; CREPALDI, 2013) podem ser de�nidas quanto: à �nalidade: despesas imprevisíveis e urgentes; à autorização legislativa: independente de autorização legislativa; à forma de abertura: decreto do Executivo com remessa imediata de recursos; a recursos: independente de indicação obrigatória dos recursos; a limite: obrigatório, indicado no exercício de abertura; à vigência: no exercício; à prorrogação: só para o período seguinte; à classi�cação de despesas: para despesas imprevisíveis e urgentes. c) Créditos suplementares. Os créditos suplementares objetivam corrigir erros de orçamento. Eles estão diretamente relacionados ao orçamento, incorporando-se a ele, pois as dotações já existentes são suplementadas. As características dos créditos suplementares (CREPALDI; CREPALDI, 2013) podem ser de�nidas quanto: à �nalidade: reforço do orçamento; à autorização legislativa: prévia, podendo ser incluída na LOA ou em Lei especial; 61 à forma de abertura: decreto do Executivo; a recursos: obrigatórios, indicado na Lei de autorização ou no decreto de abertura; a limite: no exercício em que foi aberto; à vigência: no exercício em que foi aberto; à prorrogação: jamais permitida; à classi�cação de despesas: só para objetos ou elementos. Execução da Receita As receitas orçamentárias passam por quatro estágios: previsão, lançamento, arrecadação e recolhimento. a) Previsão A previsão é o primeiro estágio da receita em que se faz uma projeção da receita a ser arrecadada em cada exercício �nanceiro. Vale a pena destacar o art. 12 da Lei nº 101/2000 - LRF: Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas (BRASIL, 2000, on-line). São levados em consideração os últimos três exercícios, incluindo as perspectivas de arrecadação dentro do contexto econômico do país e da política �scal adotada. b) Lançamento Na etapa do lançamento, é identi�cado o devedor ou da pessoa contribuinte. O art. 53 da Lei nº 4.320/64 de�ne: “O lançamento da receita é ato da repartição competente, que veri�ca a procedência do crédito �scal e a pessoa que lhe é devedora e inscreve o débito desta.” (BRASIL, 1964). 62 Existem três espécies de lançamento (PALUDO, 2017): de ofício, efetuado pela Administração sem a participação do contribuinte (ex.: IPVA, IPTU); por declaração, quando o sujeito passivo presta à autoridade administrativa competente as informações necessárias ao lançamento (ex.: ITR, IRPF); e por homologação, que ocorre quando o sujeito passivo antecipa o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa competente. c) Arrecadação A Arrecadação é o recebimento das receitas dos Estados pelos agentes arrecadadores. É recebido dos contribuintes para entregar aos tesouros públicos. Geralmente, estes são efetuados por redes bancárias autorizadas. d) Recolhimento É a etapa em que acontece o ingresso das receitas nos cofres públicos. Os controles dos saldos e transferências de recursos são realizados pelo Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI). Conforme postula a Lei nº 4.320/64, especi�camente o art. 56: “O recolhimento de todas as receitas far-se-á em estrita observância ao princípio de unidade de tesouraria, vedada qualquer fragmentação para criação de caixas especiais.” (BRASIL, 1964). 63 Dívida Ativa De uma forma simples, a dívida ativa se refere aos créditos da Fazenda Pública vencidos e não arrecadados. “A dívida ativa abrange todos os créditos da Fazenda Pública, cuja certeza e liquidez foram apuradas, por não terem sido pagos nas datas em que venceram. São créditos a receber classi�cados no ativo e representam uma fonte potencial de �uxo de caixa.” (PALUDO, 2017, p. 185). Figura 3 - Recolhimento Fonte: kritchanut / 123RF. 64 QUESTÃO OBJETIVA As Receitas Orçamentárias integram o patrimônio do Poder Público e estão previstas na Lei de Orçamento Anual (LOA). Sobre as etapas da receita orçamentária, assinale a alternativa correta. A etapa do lançamento é a etapa que antecede a �xação do montante de despesa que constará nas leis de orçamento. A transferência dos valores arrecadados à conta especí�ca do Tesouro Nacional é denominada arrecadação. A estimativa da arrecadação das receitas é realizada na fase do lançamento. A entrega dos recursos devidos ao Tesouro Nacional pelos contribuintes ou devedores é denominada recolhimento. O ato de veri�car a procedência do crédito �scal e a pessoa devedora é denominado fase do lançamento. 65 QUESTÃO OBJETIVA Quanto à categoria econômica, as receitas orçamentárias são classi�cadas em Receitas Correntes e Receitas de Capital. Diante do exposto, assinale a alternativa que apresenta uma única receita de capital. Receitas industriais. Receitas patrimoniais. Receitas de serviços. Receitas de operações de crédito. Receitas tributárias. 66 Fechamento Entender o conceito de receita pública e identi�car as suas possíveis classi�cações se faz necessário para compreender e interpretar um orçamento público. É por meio das receitas que o governo mantém a sua estrutura e oferece bens e serviços à população. Nesta aula, você teve a oportunidade de: conhecer o conceito de receita pública e os seus desdobramentos; compreender as fases da execução da receita; identi�car as diferenças da receita de tributos: impostos, taxas, contribuições, empréstimos compulsórios e contribuições sociais. 67 Execução Orçamentária e Financeira da Despesa Pública Caro(a) aluno(a), trataremos, nesta aula, sobre a despesa pública e a sua execução orçamentária e �nanceira. Os conceitos de despesa pública são essenciais para entender as classi�cações como: orçamentário e extraorçamentário; despesas correntes; e despesas e capital. Ao �nal desta aula, você será capaz de: identi�car os conceitos de despesas e as suas classi�cações; aprender sobre a classi�cação funcional; conhecer as fases e estágios da despesa orçamentária. Aula 04 Introdução 68 Conceito de Despesa Pública Caro(a) aluno(a), antes de conceituarmos a despesa pública, de�niremos o tempo despesa, independente de qualquer área. Bernere Sousa (2018, p. 98) expõem: “Consideramos despesas como o sacrifício para a obtenção de receitas, ou seja, é a utilização ou o consumo de bens e serviços para conquistar novos bens e serviços agregados de valores que satisfaçam o poder econômico da empresa detentora da receita.”. Uma despesa, em sentido mais simples, quer dizer saída de dinheiro que contribui na geração da receita. “A despesa pública corresponde a "despender recursos". É com a execução das despesas públicas que os programas e ações de Governo são realizados e as necessidades da população são atendidas.” (PALUDO, 2017, p. 193). Para o funcionamento dos serviços públicos, é necessário que haja um conjunto de dispêndios. A despesa pública compreende as autorizações para gastos com as várias atribuições e funções governamentais (CREPALDI; CREPALDI, 2013). Dessa forma, todas as despesas deverão estar previstas na LOA - Lei de Orçamento Anual - ou em Leis especiais à execução dos serviços públicos e dos documentos patrimoniais. Classi�cação: Orçamentários e Extraorçamentários As despesas, assim com as receitas, são classi�cadas em: extraorçamentárias e orçamentárias. a) Extraorçamentárias: 69 Paludo (2017, p. 204) de�ne despesa extraorçamentária da seguinte maneira: Despesa extraorçamentária - são as despesas que não constaram no orçamento: são todos os dispêndios �nanceiros que não foram nem precisam ser autorizados pela LOA ou por Créditos Adicionais. São contrapartidas (devoluções) dos ingressos extraorçamentários (cauções, ARO etc.). Também podem se referir a Restos a Pagar, cuja autorização para a realização da despesa ocorreu em exercício anterior. As despesas extraorçamentárias possuem características de transitoriedade, pois indicam valores que foram recebidos anteriormente, como receitas extraordinárias. Elas independem de autorização do Poder Legislativo. “São despesas compensatórias de entradas no ativo �nanceiro.” (LAMBERTI, 2018, p. 46). Trataremos, brevemente, sobre as despesas extraorçamentárias: restos a pagar, despesa de exercícios anteriores e suprimentos de fundos. Restos a pagar: conforme postula o art. 36 da Lei nº 4.320/64, são despesas empenhadas e não pagas até 31 de dezembro e terão vigência de até dois exercícios subsequentes ao da inscrição. Após esse período, terão sua prescrição interrompida. O reconhecimento do direito do credor posteriormente à prescrição dar-se-á mediante empenho à conta de créditos orçamentários destinados a atender despesas de igual classi�cação ou, quando inexistentes, como despesas de exercícios anteriores (CREPALDI; CREPALDI, 2013, p. 122). “Restos a Pagar são resíduos passivos cujos pagamentos poderão ou não ocorrer em exercício(s) seguinte(s). A inscrição não garante o direito ao pagamento. É necessário que se cumpra integralmente o estágio da liquidação (que em Restos a Pagar é de�nido como "processado"). Portanto, alguns empenhos inscritos poderão ser cancelados se o fornecedor não entregar o material ou não prestar o serviço conforme combinado.” (PALUDO, 2017, p. 272). b) Despesas de exercícios anteriores São as despesas que não puderam ser pagas no exercício. 70 Art. 37. As despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento respectivo consignava crédito próprio, com saldo su�ciente para atendê-las, que não se tenham processado na época própria, bem como os Restos a Pagar com prescrição interrompida e os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício correspondente, poderão ser pagas à conta de dotação especí�ca consignada no orçamento, discriminada por elemento, obedecida, sempre que possível, a ordem cronológica (BRASIL, 1964, on-line). Suprimento de fundos Os suprimentos de fundos são conhecidos como adiantamentos; são utilizados para pagamento de despesas, em determinadas situações excepcionais que não podem aguardar o processo normal de realização. O art. 68 da Lei nº 4.320/64 conceitua: “entrega de numerário a servidor, sempre precedida de empenho na dotação própria para o �m de realizar despesas, que não possam subordinar-se ao processo normal de aplicação.” (BRASIL, 1964). b) Orçamentárias: são �xadas na LOA ou na Lei de créditos adicionais abertos durante o exercício. As despesas são reconhecidas pelo regime de competência por força da Lei nº 4.320/64, em seu art. 35, o qual postula que pertencem ao exercício �nanceiro as despesas nele legalmente empenhadas, não importando, pois, o seu pagamento. 71 As despesas orçamentárias são necessárias para a execução dos programas de governo, voltadas para a realização de serviços públicos ou para o aumento do patrimônio. Elas são classi�cadas em: Despesas Correntes e Despesas de Capital. SAIBA MAIS Regime de Competência: os efeitos �nanceiros das transações e eventos são reconhecidos nos períodos em que ocorrem, independentemente de terem sido recebidos ou pagos. Regime de Caixa: os recebimentos e os pagamentos são reconhecidos na escrituração contábil unicamente quando se recebe ou se paga mediante dinheiro ou equivalente. Na contabilidade pública, adota-se o regime contábil misto: regime de caixa para a receita e de competência para as despesas. 72 Classi�cação: Despesas Correntes, Despesas de Capital As despesas correntes são de natureza operacional realizadas para a manutenção das máquinas e funcionamento dos órgãos governamentais. Exemplos: despesas com pessoal, água, luz, telefone etc. Está classi�cado em despesas de Custeio e Transferências Correntes conforme art. 12 da Lei 4.320/64 (BRASIL, 1964, on-line): § 1º Classi�cam-se como Despesas de Custeio as dotações para manutenção de serviços anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de bens imóveis. § 2º Classi�cam-se como Transferências Correntes as dotações para despesas as quais não corresponda contraprestação direta em bens ou serviços, inclusive para contribuições e subvenções destinadas a atender à manutenção de outras entidades de direito público ou privado. As despesas de custeio estão representadas no art. 13 da mesma lei: Figura 1 - Despesas Fonte: Andriy Popov / 123RF. 73 Pessoa Civil. Pessoal Militar. Material de Consumo. Serviços de Terceiros. Encargos Diversos. No que tange às Transferências Correntes, têm-se: Subvenções Sociais. Subvenções Econômicas. Inativos. Pensionistas. Salário Família e Abono Familiar. Juros da Dívida Pública. Contribuições de Previdência Social. Diversas Transferências Correntes. 74 b) As despesas de capital As despesas de capital contribuem diretamente para a formação ou aquisição de um bem de capital (BRASIL, 2018). Sobre as despesas de capital, Crepaldi e Crepaldi (2013, p. 91) postulam: FATOS E DADOS A proposta de orçamento, para o exercício de 2019, prevê gastos com pessoal da ordem de R$ 326,9 bilhões, com impacto �nanceiro em 2019 estimado em R$ 325,9 bilhões, incluindo inativos e pensionistas da União e outras despesas relacionadas a pessoal. Importa mencionar que a esse valor se soma R$ 24,5 bilhões referentes à contribuição patronal ao regime próprio dos servidores, que se trata de despesa �nanceira. Do total orçamentário, excluídas as despesas com sentenças judiciais, os gastos dos Poderes Legislativo, Judiciário e Executivo representam, respectivamente, 3,1%, 10,8% e 84,4%, do Ministério Público da União - MPU, 1,6%, e da Defensoria Pública da União, 0,1%. Para mais informações, consulte o seguinte link: <http://www.planejamento.gov.br/assuntos/orcamento- 1/orcamentos-anuais/2019/ploa/orcamento-cidadao.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2019. 75 Classi�cam-se, nesta categoria, as despesas destinadas a formar e/ou adquirir bens e/ou direitos, como execução de obras, aquisição de materiais permanentes, concessão de empréstimos, títulos representativos de capitais, bem como amortizações de dívida. As despesas de capital são subdivididas em: Investimentos, Inversões Financeiras e Transferência de Capital. Os investimentos se referem ao planejamentode obras destinadas à aquisição de imóveis (BERNER; SOUSA, 2018). As despesas de capital contribuem para o acréscimo ou incremento do Produto Interno Bruto - PIB. Em relação às inversões �nanceiras, estas são [...] as despesas com a aquisição de imóveis ou bens de capital já em utilização (já construídos); de bens para revenda; constituição ou aumento de capital de empresas que desenvolvam atividades comerciais ou �nanceiras; ações de empresas com qualquer �nalidade que não resulte em aumento de capital; e ainda a concessão de empréstimo. Representadas pelas seguintes contas: aquisição de imóveis, participação em constituição ou aumento de capital de empresas ou entidades governamentais ou �nanceiras, aquisição de títulos representativos de capital de empresa em funcionamento, constituição de fundos rotativos, concessão de empréstimos e diversas inversões �nanceiras (CREPALDI; CREPALDI, 2013, p. 91). As transferências de capital são inversões �nanceiras que o poder público realiza em contraprestação com bens e serviços derivados de contribuições. São representadas por: amortização da dívida pública, auxílios para obras públicas, auxílios para equipamentos e instalações, auxílios para inversões �nanceiras e outras contribuições. Classi�cação: Funcional 76 A Portaria Interministerial nº 163/2001 de�niu as seguintes classi�cações: categoria econômica (dígito 3 para despesas correntes e 4 para despesas de capital); grupo de natureza das despesas (dígitos de 1 a 6): 1. pessoal e encargos sociais; 2. juros e encargos da dívida; 3. outras despesas correntes; 4. investimentos; 5. inversões �nanceiras; 6. amortização da dívida; modalidades de aplicação; elemento da despesa (dígitos variam de 1 a 99). Exemplos: 09 - Salário Família; 30 - Material de Consumo. Figura 2 - Classi�cação Fonte: Le Moal Olivier / 123RF. 77 Quadro 1 - Classi�cação funcional Fonte: fonte aqui. Natureza DÍGITO(S) 1º 2° 3° e 4° 5° e 6° 7° e 8° NÍVEL Categoria Econômica Grupo de Natureza de Despesa Modalidade de Aplicação Elemento de Despesa Subelemento FATOS E DADOS Para um melhor entendimento, apresentaremos o seguinte exemplo de codi�cação da despesa: 3.3.90.30.04 1º Dígito corresponde à categoria econômica: 3 - Despesas Correntes; 2º Dígito corresponde ao grupo de despesa: 3 - Outras despesas correntes; 3º e 4º Dígitos correspondem à modalidade de aplicação: 90 - Aplicações diretas; 5º e 6º Dígitos correspondem ao elemento da despesa: 30 - Material de consumo; 7º e 8º Dígitos correspondem ao subelemento: Combustíveis. 78 Execução Orçamentária e Financeira da Despesa Pública Fases, estágios ou etapas da despesa orçamentária Trataremos, neste momento, sobre os estágios das despesas: Fixação, Empenho, Liquidação e Pagamento. a) A �xação, na verdade, é uma etapa de planejamento em que as despesas são registradas na contabilidade por meio de um documento denominado “Nota de Dotação - ND”, gerado pelo SIAF (Sistema Integrado de Administração Financeira). Paludo (2017, p. 240) postula: “a �xação da despesa orçamentária insere-se no processo de planejamento e compreende a adoção de medidas em direção a uma situação idealizada, tendo em vista os recursos disponíveis e observando as diretrizes e prioridades traçadas pelo Governo.”. A �xação ocorre dentro do processo de elaboração orçamentária, o qual é concluído com a aprovação e promulgação da Lei Orçamentária Anual. 79 b) O empenho é ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado a obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição, conforme postula a Lei nº 4.320/64, especi�camente o art. 58. Esse primeiro estágio é realizado por meio do documento NE - Nota de Empenho (SIAFI) - que registra o comprometimento da despesa orçamentária. Na NE, constarão: o nome do credor; a especi�cação e importância da despesa, bem como os demais dados necessários ao controle da execução e da programação �nanceira. O empenho possui três modalidades: ordinário (em que o pagamento ocorrerá uma única vez); o estimativo (são despesas cujo montante não se pode determinar, por exemplo, a energia elétrica); e o global (são despesas que serão pagas parceladas). ATENÇÃO O Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal se apresenta como um sistema informatizado para processamento e controle da execução orçamentária, �nanceira e patrimonial dos órgãos da Administração Pública federal direta e indireta. O Sia� é operacionalizado pela STN, vinculada ao Ministério da Fazenda. Mantido desde 1987, conta com constantes atualizações para adequação às legislações, liberação de novas funcionalidades e a aplicação de novas tecnologias para facilitar a utilização do sistema pelos usuários.Para mais informações, consulte o seguinte link: <http://intra.serpro.gov.br/linhas-negocio/catalogo-de- solucoes/solucoes/principais-solucoes/sistema-integrado-de- administracao-�nanceira-do-governo-federal-sia�>. Acesso em: 17 jun. 2019. 80 Conforme expõe a Lei nº 4.320/64: “Art. 61. Para cada empenho, será extraído um documento denominado "nota de empenho" que indicará o nome do credor, a representação e a importância da despesa, bem como a dedução desta do saldo da dotação própria.” (BRASIL, 1964). Caro(a) aluno(a), não devemos confundir “empenho” com “nota de empenho”, pois eles se complementam. c) A liquidação é realizada por meio da Nota de Lançamento (NL), também pelo SIAFI. É o segundo estágio da despesa e se caracteriza pela entrega da obra, materiais ou serviços contratados com o fornecedor. A liquidação consiste na comprovação de que o credor cumpriu todas as obrigações constantes do empenho e tem como �nalidade apurar: a) a origem e o objeto do que se deve pagar; b) a importância exata a pagar; e c) a quem se deve pagar a importância para extinguir a obrigação. Quando a liquidação tratar de fornecimentos feitos ou serviços prestados, terá por base: I - o contrato, ajuste ou acordo respectivo; II - a Nota de Empenho; III - os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço (PALUDO, 2017, p. 237). Dessa forma, a liquidação é a comprovação da entrega mediante a emissão da nota �scal. Ela toma líquido e certo o direito do credor de receber o valor correspondente ao material entregue ou ao serviço prestado. d) Pagamento da despesa é a saída efetiva de numerários da conta única do Tesouro Nacional em favor do credor por meio da emissão de Ordem Bancária - OB. É o terceiro e último estágio da despesa. 81 Licitação Um tópico muito importante e que não podemos deixar de mencionar é a Licitação. FATOS E DADOS DESPESAS FINANCEIRAS Por diversos motivos, às vezes, famílias, empresas ou mesmo o Governo precisam gastar mais do que recebem. Os países, assim como as famílias, precisam, algumas vezes, recorrer a empréstimos ou �nanciamentos e, consequentemente, endividam-se. No Orçamento Fiscal, embora o valor total da despesa com a Dívida Pública Federal esteja estimado, para 2019, em R$ 1.424,8 bilhões, a maior parte desse montante, equivalente a R$ 758,7 bilhões, corresponde ao seu re�nanciamento. Esse valor é resultado da denominada “rolagem da dívida”. Restam, ainda, R$ 666,2 bilhões, dos quais R$ 378,9 bilhões são relativos ao pagamento de juros e, R$ 287,3 bilhões, à amortização da dívida. Essa última parcela é a que permite a redução do principal da dívida. Para mais informações, consulte o seguinte link: <http://www.planejamento.gov.br/assuntos/orcamento- 1/orcamentos-anuais/2019/ploa/orcamento-cidadao.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2019. 82 http://www.planejamento.gov.br/assuntos/orcamento-1/orcamentos-anuais/2019/ploa/orcamento-cidadao.pdf Giacomoni (2017, p. 324) a�rma: “A realização das despesas no âmbito da administração pública, particularmente com a aquisição de bens e a contratação de serviços e obras, depende do cumprimento das regras de licitação.”. A contratação de serviços e obras e aquisiçãode bens é realizada pelo processo denominado Licitação. Tal processo é regulado pela Lei nº 8.666/93. Leia-se, a seguir, o que postula o art. 3 dessa Lei. Art. 3. A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos (BRASIL, 1993, on-line). Temos seis modalidades de licitação no setor público brasileiro: concorrência, tomada de preços, convite, concurso, leilão e pregão, conforme postula a Lei nº 8.666/93, especi�camente o art. 22. Essas modalidades são elucidadas a seguir. Figura 4 - Acordo Fonte: Dzianis Apolka / 123RF. 83 Concorrência: é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de quali�cação exigidos no edital para a execução de seu objeto. Tomada de Preço: é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária quali�cação. Convite: é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual a�xará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem o seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas. Concurso: é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, cientí�co ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa o�cial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias. Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação. Pregão: direciona-se para a aquisição de bens e serviços comuns, ou seja, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente de�nidos pelo edital, por meio de especi�cações usuais no mercado (BRASIL, 1993, on-line). 84 Cronograma de desembolso Para que as despesas possam ser efetivamente realizadas, é necessário que os recursos �nanceiros estejam disponíveis no momento devido para a quitação da obrigação. Nem sempre é possível o ajuste entre a entrada efetiva das receitas com as necessidades de pagamento das despesas. Dessa forma, a norma brasileira determina que o Poder Executivo, após a publicação da Lei orçamentária, ATENÇÃO A escolha da modalidade da licitação entre concorrência, tomada de preços e convite é determinada pelo valor estimado da contratação, existindo limites para obras e serviços de engenharia e para comprar serviços em cada uma das três modalidades. Assim, com base no exposto, faz-se pertinente considerar os seguintes postulados do art. 23 da Lei nº 8.666/93: I - para obras e serviços de engenharia: a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais);b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais); c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais); II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior:a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais); b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais); c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais) (BRASIL, 1993). 85 estabelecerá a programação �nanceira e o cronograma de desembolsos (GIACOMONI, 2017). De acordo com a Lei nº 101/2000, a LRF segue o cronograma dos desembolsos: No prazo de 30 dias após a publicação da lei orçamentária, as receitas previstas serão desdobradas, pelo Poder Executivo, em metas bimestrais de arrecadação, com a especi�cação, em separado, quando cabível, das medidas de combate à evasão e à sonegação, da quantidade e valores de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa, bem como da evolução do montante dos créditos tributários passíveis de cobrança administrativa. Se veri�cado, ao �nal de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos 30 dias subsequentes, limitação de empenho e movimentação �nanceira, segundo os critérios �xados pela lei de diretrizes orçamentárias. Até o �nal dos meses de maio, setembro e fevereiro, o Poder Executivo demonstrará e avaliará o cumprimento das metas �scais de cada quadrimestre, em audiência pública na comissão mista de orçamento ou equivalente nas Casas Legislativas estaduais e municipais (BRASIL, 2000, on-line). 86 QUESTÃO OBJETIVA As despesas orçamentárias são aquelas que dependem de autorização legislativa. Elas são classi�cadas em despesas correntes e despesas de capital. Dentre as alternativas a seguir, assinale aquela que apresenta uma despesa de capital. Investimentos. Subvenções sociais. Contribuições de previdência social. Material de consumo. Serviços de Terceiros. 87 QUESTÃO OBJETIVA Realizar as despesas públicas previstas no orçamento é uma ação conhecida como Execução Orçamentária. Esse processo acontece em três fases, conforme expõe a Lei nº 4.320/64. A partir do exposto, quais são os estágios da execução das despesas? Fixação, Arrecadação e Pagamento. Previsão, Lançamento e Recolhimento. Empenho, Lançamento e Pagamento. Fixação, Empenho e Recolhimento. Empenho, Liquidação e Pagamento. 88 Fechamento Tratamos, nesta aula, sobre as despesas e as suas principais classi�cações. Temos um entendimento melhor a respeito das características das despesas orçamentárias e extraorçamentárias. Detalhamos as despesas correntes e de capital. Veri�camos, além disso, como funcionam as suas execuções. Nesta aula, você teve a oportunidade de: identi�car os conceitos de despesas e suas classi�cações; aprender sobre a classi�cação funcional; conhecer as fases e estágios da despesa orçamentária. 89 Responsabilidade Fiscal Infelizmente, o Brasil, na maioria dos anos, esteve com alto grau de endividamento. Um dos motivos foi a irresponsabilidade dos gestores públicos que gastavam exageradamente com pessoal e �nalidades sem especi�cações. Assim, o país não tinha como realizar investimentos necessários para o desenvolvimento da nação. A Lei de Responsabilidade Fiscal se apresentou como uma forma de código de conduta dos administradores públicos. Ao �nal desta aula, você será capaz de: conhecer os principais conceitos da LRF; reconhecer os instrumentos de planejamento; conhecer os principais assuntos tratados na LRF. Aula 05 Introdução 90 Conceito, Abrangência e Objetivos A Lei nº 4.320/64 foi criada para de�nir normas gerais voltadas para a elaboração e o controle dos orçamentos e balanços. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) nº 101/2000 não foi criada para substituir a Lei nº 4.320/64, e sim para que o governo possa ter uma gestão �scal e�ciente de�nindo normas sobre as �nanças públicas. Referente à LRF, Paludo (2017, p. 360) salienta: Essa lei complementar foi um divisor na história das �nanças públicas no Brasil e em termos de responsabilidade na gestão dos recursos públicos, tornando-se uma espécie de código aorientar a conduta dos administradores públicos, impondo-lhes, de um lado, regras e limites e exigindo prestação de contas da utilização dos recursos públicos, e de outro, abrindo espaço para responsabilização e aplicação de sanções pessoais. A ideia da transparência �scal do gestor público foi uma exigência do FMI (Fundo Monetário Internacional). O principal objetivo da Lei de Responsabilidade Fiscal é estabelecer “normas de �nanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão �scal.” (BRASIL, 2000). Essa lei se destaca pelo planejamento, controle, transparência e a responsabilização como premissas básicas. Ao realizar um planejamento, podemos prever antecipadamente riscos, corrigir distorções e apontar medidas para que haja maiores chances de sucesso quanto aos objetivos estabelecidos. Assim funciona com a gestão pública. Podemos veri�car a essência e os objetivos da LRF em seu próprio art. 1, § 1º. A responsabilidade na gestão �scal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange à renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar (BRASIL, 2000). 91 A LRF é uma Lei Complementar que foi criada para dar corpo à política de estabilização �scal e dar um “choque” de gestão à administração pública brasileira (ABRAHAM, 2017). A Lei Complementar nº 101/2000 alcança todos os entes estatais: União, Estados, Distrito Federal e Municípios, os seus poderes, fundos e entidades da administração indireta (autarquias, fundações e estatais dependentes), destas excluídas as empresas estatais que não dependem do Tesouro Central. Crepaldi e Crepaldi (2013, p. 160) a�rmam: “Os consórcios intermunicipais ou administrativos devem também obediência à LRF, uma vez que operam à conta do direito público, sendo constituídos por ato de vontade estatal (lei.)”. SAIBA MAIS A Lei nº 10.028/2000 completou a LRF, apresentando várias �guras de infrações penais e administrativas e inserindo alterações e acréscimos no Código Penal, na Lei nº 1.079/50 (responsabilidade do Presidente da República) e no Decreto-lei nº 201/67 (responsabilidade dos prefeitos e vereadores). Fonte: Crepaldi e Crepaldi (2013, p. 159). 92 Princípios A LRF se fundamenta nos seguintes princípios de acordo com Crepaldi e Crepaldi (2013): Planejamento: visa gerar um processo capaz de garantir, no tempo necessário, os recursos adequados para a execução das ações administrativas, exigindo que se aja preventivamente e não corretivamente. Transparência: é o mecanismo que tenta fazer com que a sociedade tome conhecimento das ações governamentais, passando pelo fornecimento de informações compreensíveis aos cidadãos. Participação popular: tem, em suas audiências públicas (art. 48 - LRF), um meio de se tornarem centros de decisão em vez de meras participações em exaustivas reuniões. Equilíbrio: ocorre pela prevenção de dé�cits imoderados e reiterados. Preservação do patrimônio público: impede a utilização da receita de capital decorrente de alienação de bens para �nanciamento de despesa corrente e inclusão de novos projetos sem o atendimento aos que estejam em andamento. Limitação de despesas. Controle do endividamento público: ocorre na obediência a limites e condições de�nidas na LRF. 93 Instrumentos de Planejamento O PPA (Plano Plurianual), a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e a LOA (Lei Orçamentária Anual) são instrumentos previstos da Constituição. A LDF como ação planejada (pautada em planos previamente traçados, sujeitos à apreciação e aprovação do legislativo que garante a necessária legitimidade) revigorou e reestruturou dois instrumentos: LDO e LOA. O PPA não foi abordado, pois o seu artigo foi vetado. A LDO teve as suas funções ampliadas e passou a ser o principal instrumento de planejamento para uma administração orçamentária equilibrada. A principal FATOS E DADOS A LRF exige ampla divulgação desses documentos, inclusive em meios eletrônicos de acesso público. Essa transparência também será assegurada mediante: incentivo à participação popular e realização de audiências públicas durante os processos de elaboração e discussão dos planos, Lei de Diretrizes Orçamentárias e orçamentos; divulgação da execução orçamentária e �nanceira em tempo real para a sociedade em meios eletrônicos de acesso público; adoção de sistema integrado de administração �nanceira e controle que atenda a padrões mínimos de qualidade e permita disponibilizar informações detalhadas da receita e da despesa. 94 inovação foi a integração de dois anexos ao projeto de lei orçamentária: o Anexo de Metas Fiscais e o Anexo Especí�co da União. Além dos anexos, a LRF obrigou a elaboração do Anexo Especí�co em seu art. 4, especi�camente o § 4º: § 4º A mensagem que encaminhar o projeto da União apresentará, em anexo especí�co, os objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial, bem como os parâmetros e as projeções para seus principais agregados e variáveis, e ainda as metas de in�ação, para o exercício subsequente (BRASIL, 2000). Conforme expõe a LRF, a Lei Orçamentária deverá: ser elaborada de forma compatível com o PPA, com a LDO e com as normas da LRF; conter demonstrativos da compatibilidade da programação dos orçamentos com os objetivos e metas constantes do Anexo de Metas Fiscais da LDO; ser acompanhada de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas; conter reserva de contingência, destinada ao atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos �scais imprevistos; conter todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou contratual (BRASIL, 2000). 95 A Lei Complementar nº 101/2000 alcança todos os entes estatais: União, Estados, Distrito Federal e Municípios, os seus poderes, fundos e entidades da administração indireta (autarquias, fundações e estatais dependentes), destas excluídas as empresas estatais que não dependem do Tesouro Central. Crepaldi e Crepaldi (2013, p. 160) a�rmam: “Os consórcios intermunicipais ou administrativos devem também obediência à LRF, uma vez que operam à conta do direito público, sendo constituídos por ato de vontade estatal (lei.)”. SAIBA MAIS A Lei nº 10.028/2000 completou a LRF, apresentando várias �guras de infrações penais e administrativas e inserindo alterações e acréscimos no Código Penal, na Lei nº 1.079/50 (responsabilidade do Presidente da República) e no Decreto-lei nº 201/67 (responsabilidade dos prefeitos e vereadores). Fonte: Crepaldi e Crepaldi (2013, p. 159). 96 Assuntos Tratados na LRF Receitas Públicas Sobre as receitas, a LRF tem como regra geral, em seu art. 11, “a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação.” (BRASIL, 2000). A LRF trata a respeito da importância da capacidade de arrecadação de tributos, a qual deverá ser explorada “com vistas tanto a desonerar o poder central para que realize os investimentos necessários em infraestrutura, tecnologia e programas sociais, como para tornar estados e municípios cada vez mais independentes do Governo Federal.” (PALUDO, 2017, p. 375). A reestimativa de receita, por parte do Legislativo, somente poderá acontecer quando for comprovado o erro ou omissão de ordem técnica ou legal. Ainda sobre esse assunto, Paludo (2017, p. 376) elucida: Figura 1 - Receitas e Despesas Fonte: vinnstock / 123RF. 97 Até trinta dias depois de publicada a LOA, o Poder Executivo deve desdobrar as receitas previstas em metas bimestrais de arrecadação e informar as medidas que serão adotadas para combate à evasão e à sonegação e as medidas para cobrança da dívida ativa e outros créditos tributáriospassíveis de cobrança administrativa. A intenção da LRF é aumentar as receitas próprias dos entes de forma a diminuir a dependência, principalmente dos municípios, das transferências de recursos �scais. As inovações apresentadas por essa Lei são: previsão, arrecadação e medidas de compensação para a renúncia de receitas. Receita Corrente Líquida (RCL) Sobre o que a RCL trata, Crepaldi e Crepaldi (2013, p. 169) a�rmam: “Ela procura captar a efetiva capacidade de arrecadação do ente público, pois que a outra espécie de receita, a de capital, tem natureza eventual, fortuita, não traduzindo a normalidade da arrecadação governamental.”. A RCL é a soma de 12 meses de arrecadação, a do mês de apuração e a dos 11 anteriores, excluindo as duplicidades. Ela é o denominador comum de todos os limites da Lei Fiscal. Em relação à Receita Líquida, o art. 2 da LRF menciona: V - receita corrente líquida: somatório das receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas também correntes, deduzidos: a) na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios por determinação constitucional ou legal, e as contribuições mencionadas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195 e no art. 239 da Constituição; b) nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação constitucional; c) na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes da compensação �nanceira citada no § 9º do art. 201 da Constituição (BRASIL, 2000, on-line). A partir do exposto, segue um demonstrativo de Receita Corrente Líquida Municipal: 98 Quadro 1 - Receita Corrente Líquida Municipal Fonte: Crepaldi e Crepaldi (2013, p. 170). Previsão e Arrecadação A previsão e a arrecadação são tratadas no art. 12 da LRF: Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas (BRASIL, 2000, on-line). Receita corrente da Administração Direta Municipal $ (+) Receitas correntes de autarquias, fundações, empresas dependentes e consórcios* $ (-) Contribuições dos servidores ao RPPS $ (-) Contribuições patronais ao RPPS** $ (-) Receitas de compensação previdenciária (Lei Federal nº 9.796/1999) $ (-) Receitas escriturais de anulação de restos a pagar $ (-) Recursos de interveniência �nanceira $ (-) Resultado do Fundef $ (-) Duplicidades da administração indireta e consórcios $ (=) Receita corrente líquida $ *Inclusive entidades de previdência própria. ** Excluídas das despesas de pessoal, sendo preciso lançar idêntico valor da RCL. 99 Para manter o equilíbrio das contas públicas, é necessário que a previsão das receitas corresponda à projeção dos recursos para determinado período futuro, permitindo, assim, a visualização do seu valor total previamente. A LRF impõe que o Poder Executivo deve colocar à disposição dos demais Poderes e do Ministério Público os estudos e as estimativas de receitas para o exercício seguinte, no mínimo trinta dias antes do prazo �nal para encaminhamento de suas propostas orçamentárias. 100 Renúncia da Receita Serão admissíveis de renúncia, conforme expõe o art. 14 da LRF: “anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modi�cação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado.” (BRASIL, 2000). A renúncia deverá ser acompanhada de estimativa do impacto �nanceiro com as condições de que as renúncias não afetarão as metas de resultados �scais previstas no anexo da LDO e deverá ser acompanhada de medidas de compensação, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição. Despesas ATENÇÃO No prazo de até 30 dias após a publicação da LOA, as receitas previstas serão desdobradas, pelo Poder Executivo, em metas bimestrais de arrecadação, com a especi�cação em separado, quando cabível, das meninas de combate à evasão e à sonegação, da quantidade e valores de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa, bem como da evolução do montante dos créditos tributários passíveis de cobrança, como postula o art. 13 da Lei de Responsabilidade Fiscal. Fonte: Brasil (2000) 101 Qualquer aumento de despesa decorrente de ação governamental deverá estar acompanhado de dois documentos: Demonstrativo do Impacto Financeiro - demonstração �nanceira de re�exos do aumento de despesa no orçamento em vigor e nos dois subsequentes; Declaração de Responsabilidade - declaração do ordenador da despesa de que ela tem adequação orçamentária (está coberta por crédito genérico já previsto no orçamento) e é compatível com o Plano Plurianual (PPA) e a LDO (harmônica com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos) (CREPALDI; CREPALDI, 2013, p. 163). Se o aumento da despesa não conter esses documentos, tal aumento é considerado pela LRF, conforme postula o art. 15, como “não autorizado, irregular e lesivo ao patrimônio público” (BRASIL, 2000). Despesa obrigatória de caráter continuado A despesa obrigatória de caráter continuado, segundo a LRF, é a despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que �xa, para o ente público, a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios. É preciso lembrar que uma despesa de capital nunca poderá ser enquadrada nesse conceito, somente as despesas correntes. Para Crepaldi e Crepaldi (2013), as principais características das despesas obrigatórias de caráter continuado são as seguintes: tornam-se obrigatórias, no mínimo, por mais de dois anos; no momento da autorização, deverá ser comprovado que a sua realização não afetará a meta de resultado �scal estabelecida pela LDO respectiva; as despesas deverão estar acompanhadas das premissas e metodologia de cálculo utilizadas, compatíveis com as normas do PPA e da LDO. Quanto à redução de despesas, não há regras especí�cas: apenas se exige que ela seja feita em montante compatível com o aumento pretendido. Despesa com pessoal A LRF apresenta, em seu art. 19, a seguinte limitação: 102 [...] a despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados: I - União: 50% (cinquenta por cento); II - Estados: 60% (sessenta por cento); III - Municípios: 60% (sessenta por cento) (BRASIL, 2000, on-line). Quadro 2 - Limite das Despesas com Pessoal na LRF Fonte: Adaptado de Brasil (2000). Para a realização do cálculo, serão excluídas algumas despesas. Assim, para uma melhor visualização, segue um quadro explicativo sobre as regras de computação no cálculo. Poderes/Esferas União Estados/DF Municípios Executivo 40,90% 49,00% 54,00% Legislativo (incluindo Tribunais de Contas) 2,50% 3,00% 6,00% Judiciário 6,00% 6,00% - Ministério Público 0,60% 2,00% - Limite por esfera governamental 50,00% 60,00% 60% 103 Despesas TOTAIS com PESSOAL COMPUTA no Cálculo Despesas com Pessoal Ativo Despesas com Pessoal Inativo Despesas com Pensionistas Encargos com Pensionistas AUXÍLIOS: natalidade, funeral, creche, pré-escolar Salário-família Sentenças Judiciais referentes aos últimos 12 meses Despesas de Exercícios Anteriores (últimos 12 meses) Abono de Permanência Terceirização de Mão de Obra - referente à substituição de servidores/empregados NÃO COMPUTA no Cálculo Despesas de Caráter INDENIZATÓRIOcomo: auxílios: alimentação, transporte e moradia; ajuda de custos e diárias; demissão de servidores ou empregados e incentivos à demissão convocação extraordinária do Congresso Nacional. Despesas com INATIVOS custeadas com recursos da arrecadação de contribuições dos segurados; da compensação �nanceira entre o Regime Geral e o Regime 104 Quadro 3 - Despesas totais com pessoal Fonte: Paludo (2017, p. 384). Essas medidas de limitação com gastos de pessoal foram tomadas “no tocante aos gastos com folha de pagamento, cujos dispêndios eram tidos, muitas vezes, como sinônimos de práticas relacionadas a clientelismo, nepotismo, apadrinhamento e outras formas de benesses.” (CREPALDI; CREPALDI, 2013, p. 165). O controle dos gastos com pessoal é realizado a cada quatro meses. Dívida Pública A dívida pública é formada por vários elementos. Inclusive, a LRF adotou as próprias de�nições em seu art. 29, as quais são: I - dívida pública consolidada ou fundada: montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações �nanceiras do ente da Federação, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito, para amortização em prazo superior a doze meses; II - dívida pública mobiliária: dívida pública representada por títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do Brasil, Estados e Municípios; III - operação de crédito: compromisso �nanceiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título, aquisição �nanciada de bens, recebimento antecipado de valores provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos �nanceiros; Próprio de Previdência Social; das demais receitas arrecadadas por fundo vinculado à tal �nalidade, inclusive alienação de bens e superávits. Terceirização de Mão de Obra - que não se re�ra à substituição de servidores/empregados. Despesas de Exercícios Anteriores referente a períodos anteriores aos últimos 12 meses. Sentenças Judiciais - períodos anteriores aos últimos 12 meses. 105 IV - concessão de garantia: compromisso de adimplência de obrigação �nanceira ou contratual assumida por ente da Federação ou entidade a ele vinculada; V - re�nanciamento da dívida mobiliária: emissão de títulos para pagamento do principal acrescido da atualização monetária (BRASIL, 2000). Os limites da dívida pública são veri�cados quadrimestralmente. Em relação ao endividamento, a LRF não �xa os seus limites, mas determina que esses limites sejam estabelecidos com base na RCL. 106 Operações de Crédito A operação de crédito, segundo o art. 29 da LRF, é um [...] compromisso �nanceiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título, aquisição �nanciada de bens, recebimento antecipado de valores provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos �nanceiros (BRASIL, 2000, on-line). A instituição �nanceira deve exigir a comprovação de que a operação atende às condições e limites, sob pena de sofrer enorme prejuízo. No caso de não atendimento FATOS E DADOS A dívida pública federal fechou o ano de 2018 em R$ 3,877 trilhões, maior patamar da série histórica, iniciada em 2004. A dívida pública federal é contraída pelo Tesouro Nacional para �nanciar o dé�cit orçamentário do governo federal, ou seja, para pagar as despesas que �cam acima da arrecadação com impostos e contribuições. Para �nanciar esses compromissos, estão previstos R$ 234,9 bilhões em recursos orçamentários. A �m de obter mais informações sobre o assunto, consulte o seguinte link: <https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/02/26/divida- publica-cai-177-em-janeiro-e-vai-a-r-3808- trilhoes.ghtml>. Acesso em: 17 jun. 2019. 107 https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/02/26/divida-publica-cai-177-em-janeiro-e-vai-a-r-3808-trilhoes.ghtml dos limites e condições estabelecidos pelo Senado, a operação é considerada nula e é cancelada mediante a devolução singela do principal, sendo proibido o pagamento de juros e encargos. A contratação de operações de crédito será precedida de pedido do ente interessado, fundamentado de parecer de seus órgãos técnicos e jurídicos, demonstrando a relação custo-benefício, os interesses econômicos e sociais da operação e o atendimento das seguintes condições, conforme postula o art. 32 da LRF: I - existência de prévia e expressa autorização para a contratação, no texto da lei orçamentária, em créditos adicionais ou lei especí�ca; II - inclusão no orçamento ou em créditos adicionais dos recursos provenientes da operação, exceto no caso de operações por antecipação de receita; III - observância dos limites e condições �xadas pelo Senado Federal; IV - autorização especí�ca do Senado Federal, quando se tratar de operação de crédito externo; V - atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Constituição; de operações de crédito que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com �nalidade precisa (BRASIL, 2000). Relatório Resumido da execução orçamentária O relatório resumido da execução orçamentária é obrigatório para os Poderes e para o Ministério Público e deverá ser publicado até trinta dias após o encerramento de cada bimestre. Esse relatório resumido deverá conter, conforme expõe o art. 52 da LRF, os seguintes elementos: Balanço Orçamentário, que especi�que, por categoria econômica, as: receitas por fonte, informando as realizadas e as que precisam realizar, bem como a previsão atualizada; e as despesas por grupo de natureza, discriminando a dotação para o exercício, a despesa liquidada e o saldo. Demonstrativos da Execução: das receitas, por categoria econômica e fonte, especi�cando a previsão inicial, a previsão atualizada para o exercício, a receita 108 realizada no bimestre, a realizada no exercício e a previsão a realizar; das despesas, por categoria econômica e grupo de natureza da despesa, discriminando dotação inicial, dotação para o exercício, despesas empenhadas e liquidadas, no bimestre e no exercício; e as despesas por função e subfunção. Além desses elementos, o relatório deverá ser acompanhado de: demonstrativo da apuração da receita corrente líquida, a sua evolução e a sua previsão de desempenho até o �nal do exercício; demonstrativo de receitas e despesas previdenciárias; demonstrativo dos resultados nominais e primários; demonstrativo de restos a pagar por poder e órgão, segregando os valores inscritos, os pagamentos realizados e o montante a pagar. O Relatório de Gestão Fiscal é de periodicidade quadrimestral e o Relatório Resumido da Execução Orçamentária é bimestral, mas ambos devem ser publicados até trinta dias após o período respectivo. Aos municípios com menos de 50 mil habitantes, é facultado elaborar o relatório de gestão �scal em periodicidade semestral, o que não impede que seja quadrimestral. RREO (Relatório Resumido de Execução Orçamentária) RGF (Relatório de Gestão Fiscal) - Será publicado por todos os Poderes e Pelo Ministério Público até 30 dias após o encerramento de cada bimestre. - Deve conter: o balanço orçamentário, os demonstrativos da execução das receitas e das despesas, a apuração da receita corrente líquida (RCL), as receitas e despesas previdenciárias, os resultados nominais e primários, as despesas com juros, os restos a pagar, os valores inscritos, os pagamentos realizados e o montante a pagar. - Será emitido e assinado pelos titulares dos Poderes e órgãos de todos os entes federados ao �nal de cada quadrimestre. - Deve conter: o comparativo com os limites da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal): a) despesa total com pessoal, destacando a despesa com inativos e pensionistas; b) dívidas consolidadas e mobiliárias; c) concessão de garantias; d) operações de crédito, inclusive por antecipação de receita; - indicação das medidasa serem adotadas ou adotadas quando os limites são ultrapassados; - demonstrativos no último quadrimestre do exercício: a) do montante das disponibilidades de caixa em trinta e um de dezembro; b) da inscrição em restos a pagar, das despesas: liquidadas; empenhadas e não liquidadas decorrentes de contratos administrativos ou de convênios em andamento; empenhadas e não liquidadas, inscritas até o limite do saldo da disponibilidade de caixa; e despesas não inscritas por falta de disponibilidade de caixa e cujos empenhos foram cancelados. 109 Quadro 4 - Resumo Fonte: Adaptado de Cartilha da Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF (2015). Fiscalização e Controle Social Quanto ao cumprimento das normas estabelecidas pela LRF, a �scalização compete ao Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de Contas, e ao sistema de controle interno de cada Poder e do Ministério Público. O Tribunal de Contas foi incubido da ação �scalizadora de forma efetiva e continuada, quando for constatado. Acerca do assunto, o art. 59 da LRF, especi�camente no § 1º, postula: que há a possibilidade de que as receitas poderão não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas; que o total da despesa com pessoal ultrapassou 90% do limite; que as dívidas consolidadas e mobiliárias, operações de crédito e concessão de garantia se encontram acima de 90% dos respectivos limites; que se encontram acima do limite os gastos com inativos e pensionistas; que existem fatos capazes de comprometer os custos ou resultados dos programas (BRASIL, 2000). Para �nalizar, o controle social está identi�cado no art. 73-A, o qual postula que qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato, é parte legítima para, na forma da Lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o tribunal de contas (BRASIL, 2000). 110 A LRF tem como um dos seus princípios basilares a transparência. Dessa forma, a sociedade precisa se utilizar desse instrumento e agir sempre que identi�car irregularidades na administração pública. SAIBA MAIS O Portal da Transparência é um site criado pelo Governo Federal e lançado pelo Ministério da Transparência e Controladoria Geral da União em 2004. Qualquer interessado poderá acessá-lo a qualquer momento. As informações apresentadas no site se referem à gestão pública do Brasil, sendo uma das melhores formas para o controle social. A origem dos dados para a “alimentação” do site é obtida por meio do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI) e o Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos (SIAPE). Para mais informações, consulte o seguinte link: <http://www.portaltransparencia.gov.br/sobre/o-que-e-e- como-funciona>. Acesso em: 17 jun. 2019. 111 http://www.portaltransparencia.gov.br/sobre/o-que-e-e-como-funciona ATENÇÃO Em caso de não cumprimento de suas normas, a LRF estabelece várias sanções institucionais e pessoais. As sanções pessoais, previstas em um projeto de lei ordinária e denominada Lei de Crimes de Responsabilidade Fiscal, conjectura que os governantes poderão ser responsabilizados pessoalmente e punidos com a perda de cargo, inabilitação para exercício de emprego público, prisão e multa. As penalidades alcançam todos os responsáveis, dos Três Poderes da União, Estados e Municípios, e todo o cidadão será parte legítima para denunciar.Para mais informações, consulte a Cartilha da Lei de Responsabilidade Fiscal, a qual está disponível em: <www.planejamento.gov.br/assuntos/.../cartilha/080807_pub_lrf_cartilha_port.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2019. 112 http://www.planejamento.gov.br/assuntos/.../cartilha/080807_pub_lrf_cartilha_port.pdf QUESTÃO OBJETIVA A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) incluiu três anexos à Lei de Diretrizes Orçamentárias: Anexo de Metas Fiscais, Anexo de Riscos Fiscais e Anexo Especí�co. A partir do exposto, assinale a alternativa que apresenta a matéria do anexo especí�co. Objetivos das políticas monetárias, creditícia e cambial. Evolução do patrimônio líquido nos últimos três exercícios. Avaliação da situação �nanceira e atuarial. Avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior. Demonstrativo das metas anuais. 113 QUESTÃO OBJETIVA Paludo (2017) a�rma que a dívida interna, de curto prazo, compreende os restos a pagar, excluídos os serviços da dívida, os serviços da dívida a pagar, os depósitos e os débitos de Tesouraria (AROs). Com base nessas características, qual é o nome da dívida a que o enunciado se refere? Dívida Consolidada. Dívida Pública Mobiliária. Dívida Flutuante. Dívida de Operação de Crédito. Concessão de Garantia. 114 Fechamento Caro(a) aluno(a), nesta aula, tivemos a oportunidade de conhecer um pouco sobre a LRF. Ela é uma Lei que trouxe algumas inovações à Lei nº 4.320/64, pertinentes ao orçamento público e à administração pública. Nesta aula, você teve a oportunidade de: aprender os conceitos da LRF, os seus objetivos e a sua abrangência; conhecer os princípios que regem a LRF; identi�car as mudanças ocorridas na Lei. 115 ATIVIDADE COMPLEMENTAR Sugestão de Série/Filme: O mecanismo (2018). O longa “O mecanismo” é uma adaptação livre da Operação Lava Jato. Nesse �lme, a força tarefa policial descobre um esquema de corrupção generalizado envolvendo o governo brasileiro e várias empreiteiras proeminentes. A produção tem como introdução, a cada episódio, o anúncio de que a história é inspirada em fatos reais, com personagens e eventos adaptados para �ns dramáticos. Caro(a) aluno(a), a ideia, aqui, não é discutir sobre política. Utilize essa sugestão como forma de analisar a administração pública como um todo, principalmente em suas falhas e brechas, quanto ao uso do dinheiro público. Após a análise, responda aos seguintes questionamentos: A LRF é uma Lei E�caz? Você acredita ser possível que um dia teremos um país longe de corrupção? 116 TEORIA E PRÁTICA “Foz implanta orçamento participativo: o modelo é um dos mais avançados no quesito participação popular e construção de cidadania consciente”. Reportagem disponível no seguinte link: <https://oparana.com.br/noticia/foz-implanta- orcamento-participativo/>. Acesso em: 22 mai. 2019. O Orçamento Participativo representa um grande passo no sentido de aperfeiçoamento político. Está atrelado ao princípio da transparência que presta contas do Estado aos cidadãos. A população organizada, isto é, a sociedade civil, assume um papel ativo sobre as decisões a respeito de �nanças e políticas públicas. Por exemplo: a população decide as prioridades de investimentos em obras e serviços a serem realizados a cada ano, com os recursos do orçamento da prefeitura. Isso promove o contato direto com a população, em que o cidadão faz as reivindicações de suas necessidades para a comunidade. 117 ESTUDO DE CASO O processo de elaboração do orçamento é complexo. O controle do dinheiro público não é uma tarefa fácil para um país do tamanho do nosso, tanto em relação ao dinheiro arrecadado quanto ao dinheiro utilizado. Além dos canais tradicionais à disposição da população, como o Portal da Transparência, o TCE Cidadão (Tribunal de Contas da Bahia) lançou um aplicativo que é capaz de realizar denúncias a respeito do mau uso ou desperdício do dinheiro público ou simplesmente acompanhar e realizar consultas. É possível acompanhar, em tempo real, a tramitação de processos. As manifestações e denúncias, em torno de irregularidades, serão analisadas pela Ouvidoria e a resposta será retornada em, no máximo, 30 dias. 118 Mapa Conceitual ORÇAMENTO PÚBLICO PPA - Plano Plurianual LDO - Lei de Diretrizes Orçamentárias LOA - Lei Orçamentária Anual Planejamento LRF - Lei de Responsabilidade Fiscal Programação Anexos de Metas Fiscais Anexos de Riscos Fiscais instrumentos de Planejamento do Orçamento Público características características características anexos incluídos pela Lei 119