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Nos modelos com bases psicológicas, podemos destacar três subáreas, sendo elas referentes ao modelo psicodinâmico (psicanálise criminal), ao modelo psiquiátrico (psicopatologias) e ao modelo psicológico. Já nos modelos com bases sociológicas, podemos identificar algumas teorias, como a ecológica ou da desordem social, a teoria da ação diferencial, a teoria da subcultura delinquente e a teoria da anomia. MODELOS PARA A COMPREENSÃO DA DELINQUÊNCIA E DA SOCIOPATIA DELINQUÊNCIA E A SOCIOPATIA Historicamente, a criminologia científica justifi cava o crime como sendo cometido por pessoas com alguma psicopatologia médica ou psicológica, com o foco no indivíduo. Modelo psicodinâmico (psicanálise criminal) Segundo Souza (2010), esse modelo propõe uma análise introspectiva na busca de motivos internos ocultos para a delinquência. O modelo psicodinâmico busca uma refl exão sobre os impulsos instintivos agressivos dos indivíduos e defende que, por meio do contato com a cultura, esses indivíduospodem moldar e/ou conter esses impulsos para terem uma convivência pacífi ca na sociedade. Modelos psiquiátricos (psicopatologias) A relação da psicopatologia com a delinquência surgiu no início do século XIX, na França, quando médicos foram solicitados pelos juízes a desvendarem certos crimes que aconteciam sem uma razão aparente. MODELOS COM BASES PSICOLÓGICAS Modelos psicológicos Nesse modelo, a psicologia manteve seu foco nos estudos da personalidade criminal. Em uma situação de normalidade, a personalidade representa as características dos indivíduos, abrangendo os padrões de comportamentos, pensamentos e sentimentos. Essa teoria considera a desorganização social como um elemento infl uen ciador da criminalidade, chamando atenção ao impacto da criminalidade no desenvolvimento urbano. Assim, o meio no qual os indivíduos e/ou o grupo evoluem exerce infl uência sobre o seu comportamento. De uma maneira geral, essa teoria fala sobre a importância da ordem social, da estabilidade e da integração para um controle em conformidade com as leis. Quando há desordem e má integração, esses podem conduzir ao crime e à delinquência. Essa teoria também revela que, quanto menor a coesão e a solidariedade entre o grupo, a comunidade ou a sociedade, maiores são os índices de criminalidade. MODELOS COM BASES SOCIOLÓGICAS TEORIA ECOLÓGICA OU DA DESORGANIZAÇÃO SOCIAL 1. O comportamento criminal é aprendido. 2. O comportamento criminal é aprendido em interação com outras pessoas, em um processo de comunicação. 4 Modelos para a compreensão da delinquência e da sociopatia 3. A parte principal da aprendizagem do comportamento criminoso ocorre dentro de grupos pessoais íntimos. 4. Quando o comportamento criminoso é aprendido, a aprendizagem inclui (a) técnicas de cometer o crime, às vezes muito complicadas, às vezes muito simples, e (b) a direção específica de motivos, motivações, racionalizações e atitudes. TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL Essa teoria entende o delito como um comportamento aprendido por meio do contato com indivíduos que praticam esse ato. Seu autor, Edwin H. Sutherland, elaborou nove proposições explicativas de sua teoria etiológico-criminológica. 5. A direção específica dos motivos é aprendida com as definições dos códigos legais como favoráveis ou desfavoráveis. 6. Uma pessoa se torna delinquente devido ao excesso de definições favoráveis à violação da lei, em detrimentodas definições desfavoráveis à violação da lei. 7. As associações diferenciais podem variar em frequência, duração, prioridade e intensidade. 8. O processo de aprender o comportamento criminal por associação com padrões criminais e anti-criminosos abrangetodos os mecanismos envolvidos em qualquer outro tipo de aprendizado. 9. Embora o comportamento criminoso seja uma expressão de necessidades e valores gerais, ele não é explicado por essas necessidades e valores gerais, porque o comportamento não criminoso é uma expressão das mesmas necessidades e valores. TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL Compreende o crime como decorrente de uma desorganização social e defende que os indivíduos, como participam de diversas subculturas — por exemplo, a colegial ou a vocacional —, podem participar da subcultura da delinquência. Assim, essa desorganização social promoveria a organização diferencial da aprendizagem em um meio social específi co. Dessa maneira, essa teoria discute a existência de uma subcultura da violência, levando alguns grupos a naturalizarem e aceitarem essa violência como uma maneira de solução para os conflitos sociais. Além de algumas subculturas valorizarem a violência, elas viriam a excluir indivíduos que não se adaptassem aos padrões esperados pelo grupo. TEORIA DA SUBCULTURA DELINQUENTE Anomia significa ausência de normas. Assim, essa teoria estende a compreensão da ausência de normas às sociedades. Segundo a teoria, os indivíduos procuram atingir os objetivos que são valorizados na sua sociedade, mas as Modelos para a compreensão da delinquência e da sociopatia 5metas impostas por ela não são alcançadas, por não serem realidades objetivas de vida. Quando as metas culturais desejadas e as oportunidades estruturais para seu alcance são limitadas, pode se desenvolver uma tensão. Essa situação seria o motivo para o comportamento delitivo dos indivíduos, ocasionando uma situação de anomia, como explica Souza (2010). TEORIA DA ANOMIA Retardo mental É um prejuízo da inteligência, uma condição de desenvolvimento incompleto da mente caracterizada pelo comprometimento de habilidades para resolver problemas. No Direito é discutida a inimputabilidade e culpabilidade diminuída em condições associadas à delinquência Transtorno de controle de impulsos A principal característica desse tipo de transtorno é o fracasso em resistir a um impulso ou a uma tentação de executar um ato perigoso para a própria pessoa ou para terceiros. Após cometê-lo, pode ou não haver arrependimento, 6 Modelos para a compreensão da delinquência e da sociopatia autorrecriminação ou culpa, e o indivíduo pode ou não sofrer com seus atos. PSICOPATOLOGIAS E CONFLITO COM O ORDENAMENTO PENAL Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade É um padrão persistente de desatenção, com ou sem hiperatividade, que adquire uma forma de gravidade, desorganização e prejuízo do funcionamento normal. Crianças com esse transtorno são distraídas, não obedecem a regras e não prestam atenção. PSICOPATOLOGIAS E CONFLITO COM O ORDENAMENTO PENAL Transtorno desafiador e opositivo Caracteriza-se por um padrão recorrente de comportamento hostil (agressões verbais), provocador, desafiante (teimosia persistente, resistência a ordens e relutância em negociar com adultos ou com seus pares) e desobediente em relação a figuras de autoridade. Esquizofrenia e transtorno psicótico associado Condição grave que afeta profundamente o funcionamento mental do indivíduo. Caracteriza-se pela presença de delírios, alucinações, discurso desorganizado e comportamento amplamente desorganizado ou catatônico. Seus sintomas envolvem disfunções cognitivas e emocionais que interferem na percepção, no raciocínio lógico, na linguagem e na comunicação, no controle do comportamento, no afeto, na fl uência e produtividade do pensamento, no impulso e na atenção. PSICOPATOLOGIAS E CONFLITO COM O ORDENAMENTO PENAL Transtorno delirante Esse transtorno tem grande relevância para o Direito, pois pode ser causa de inimputabilidade ou culpabilidade diminuída. O transtorno delirante é responsável por diversos comportamentos penalmente típicos, de diversas gradações, envolvendo desde uma ameaça de homicídio até o homicídio, de fato. Transtornos mentais relacionados a substâncias É a presença de sintomas cognitivos, comportamentais e fisiológicos que indicama utilização da substância pelo indivíduo, mesmo que ele esteja com problemas signifi cativos relacionados à substância. Esses transtornos são associados ao padrão de uso repetido, que resulta em tolerância,abstinência e comportamento compulsivo do consumo da droga. Transtornos sexuais São diversos os transtornos sexuais descritos no DSM-IV. Para fi ns jurídicos, é importante destacar a parafi lia. Ela se caracteriza por anseios, fantasias ou comportamentos sexuais recorrentes e intensos que envolvem objetos, ativida des ou situações incomuns e causam sofrimentos clinicamente signifi cativos ou prejuízos no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes. A Escola de Chicago surgiu no início do século XX, nos Estados Unidos, e teve como principal característica o empirismo. Essa escola teve a capacidade de interpretar e, até mesmo, solucionar alguns problemas decorrentes dos confl itos sociais que ocorreram em virtude do aumento da população A Escola de Chicago mudou a perspectiva sobre a delinquência e a violência nos estudos da criminalidade. Até então, o delito era atribuído a fatores patológicos dos indivíduos a suas dificuldades de inserção na sociedade. A Escola de Chicago foi o berço dos estudos sociológicos da criminologia tradicional. A ESCOLA DE CHICAGO A teoria do conflito com base não marxista acredita que a Justiça Penal não é capaz de resolver os conflitos de maneira pacífica, já que é a expressão de uma sociedade conflitual e, portanto, não é neutra. A teoria do conflito com base marxista, que se inspira em Marx e Engels, é conhecida como criminologia crítica ou radical. Nela, acredita-seque o delito é produto de uma sociedade capitalista, que polariza a população em classes, sendo que uma se sobressai à outra, e utiliza o Direito e a Justiça Penal como formas de repressão. Assim, o conflito social é o conflito de classes, no qual quem mais se beneficia é a classe dominante, que se utiliza dos sistemas oficiais de repressão para criar e aplicar as leis.As teorias sobre o conflito social foram fundamentais para a elaboração de outra teoria que faz parte da sociologia criminal crítica: o labelling approach, 14 Modelos para a compreensão da delinquência e da sociopatia ou teoria do etiquetamento ou rotulação social. Essa teoria considera que não existe naturalidade nas definições legais. Sendo assim, seu objeto de estudo se baseia nas instâncias administradoras e/ou criadoras de delinquentes, invertendo a lógica penal ao investigar quem se considera desviado,em vez de quem é criminoso. TEORIA DO CONFLITO SOCIAL
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