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PRÁTICAS DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Olá! Neste módulo, iremos abordar a aplicação e o funcionamento de alguns mecanismos gramaticais durante a elaboração de um texto. Em primeiro lugar, iremos compreender sobre a voz ativa e a voz passiva para entendermos que o efeito da frase pode variar conforme seu uso, também veremos os objetivos e propósitos para cada efeito. Depois, iremos abordar os principais componentes da semântica, que consiste no campo que analisa o significado das palavras, bem como a relação de significado entre elas através da antonímia, homonímia, sinonímia, denotação, conotação, entre outros. Finalmente, iremos abordar duas formas de composição textual referentes à reafirmação de sentido e de informações e à intertextualidade, que são a referenciação e a paráfrase. Bons estudos! AULA 5 - MECANISMOS GRAMATICAIS NO TEXTO Nesta aula, você vai conferir os contextos conceituais da psicologia entenderá como ela alcançou o seu estatuto de cientificidade. Além disso, terá a oportunidade de conhecer as três grandes doutrinas da psicologia, behaviorismo, psicanálise e Gestalt, e as áreas de atuação do psicólogo. Compreender o conceito de psicologia Identificar as diferentes áreas de atuação da psicologia Conhecer as áreas de atuação do psicólogo. No final deste módulo, o aluno deverá se dispor dos seguintes aprendizados: Capacidade de definir semântica e apontar os diversos tipos de significação de palavras e como afetam o texto; Conseguir identificar as mudanças de sentido originadas pelo uso da voz passiva no texto; Usar a referenciação e a paráfrase com sucesso durante a elaboração de um texto. 5 A VOZ PASSIVA E SEUS EFEITOS Dois tipos de vozes são usados dentro da língua portuguesa: a voz passiva e a voz ativa, sendo que o uso e a estrutura dessas vozes são destinados para diferentes ocasiões. Reputamos a voz ativa como normal ou regular, em sua estrutura temos sujeito + verbo + objeto ou complemento. Vamos observar o exemplo a seguir: Everaldo comprou um carro Na estrutura dessa frase, conseguimos identificar nitidamente o sujeito (Everaldo), o verbo que se refere (comprou) e o complemento usado (um carro), ou seja, temos um exemplo de oração que usa a voz ativa, que é usada para demonstrar o sujeito praticando uma ação. Observe outros exemplos do uso da voz ativa: Meus primos foram para o litoral neste verão. Sujeito: Meus primos. Verbo: foram. Complemento ou objeto: para o litoral neste verão. O estudo de outras línguas contribui para o desenvolvimento cognitivo. Sujeito: O estudo de outras línguas. Verbo: contribui. Complemento ou objeto: para o desenvolvimento cognitivo. Compreendi as normas Sujeito: Eu (oculto). Verbo: compreendi. Complemento ou objeto: as normas Em contrapartida, a voz passiva é o tipo de estrutura onde o sujeito deixa de praticar a ação, ao invés disso, o agente da passiva pratica a ação, enquanto o sujeito sofre. Vejamos a seguir: A torta foi assada por Diógenes. Sujeito: A torta. Verbos: foi assada. Agente da passiva: Diógenes. Essa estrutura foi arquitetada por Oscar Niemeyer. Sujeito: Essa estrutura. Verbos: foi arquitetada. Agente da passiva: Oscar Niemeyer. O Senhor dos Anéis foi escrito por J. R. R. Tolkien. Sujeito: O Senhor dos Anéis. Verbos: foi escrito. Agente da passiva: J. R. R. Tolkien. Um dos motivos que leva ao uso da voz passiva consiste na ênfase que almejamos dar em determinada parte do enunciado. O uso da voz passiva coloca ênfase na parte da oração que seria o objeto ou complemento na voz ativa, e não no sujeito. Sendo assim, a voz passiva pode ser empregada visando alterar o foco para uma determinada informação, “ocultando” a outra. Segundo Cunha e Citra (2001), a conversão de uma voz verbal para outra pode ser realizada caso o verbo principal seja transitivo. Uma das teorias que explicam essa alteração de foco diz respeito ao processo cognitivo da leitura, onde o cérebro do leitor atribui uma importância maior aos elementos que se apresentam primeiro em uma frase ou oração. Veja a diferença nos exemplos a seguir: Edvard Munch pintou O Grito. Nessa sentença, temos um foco maior atribuído ao sujeito (Edvard Munch) devido ao uso da voz ativa. O Grito foi pintado por Edvard Munch. Agora, devido à alteração da voz na sentença, podemos evidenciar também uma mudança no foco da oração, que foi atribuído à expressão “O Grito” em vez de “Edvard Munch”. Considerando a montagem da voz passiva, vale ressaltar que pode ser separada em duas formas: Voz passiva analítica: Possui um verbo auxiliar, sendo geralmente o verbo ser, e o particípio do verbo principal em sua estrutura. Na maioria dos casos, a voz passiva analítica é estruturada da seguinte forma: Sujeito paciente + verbo auxiliar + verbo principal no particípio + preposição + agente da passiva. Os exemplos serão dispostos na tabela 1. Perceba que o verbo auxiliar indicará o tempo da oração, isto é, se ela se passa no presente, passado ou futuro. Tabela 1 – Estruturação de orações na voz passiva analítica Sujeito paciente Verbo auxiliar Verbo principal preposição Agente da passiva A aula foi ministrada pelo professor Café é plantado pelos etíopes Espanhol será lecionado por Creuza Fonte: Elaborada pelo autor. Voz passiva sintética: Possui um verbo transitivo na terceira pessoa e a palavra “se” (pronome apassivador) em sua estrutura. A estrutura da voz passiva sintática consiste em verbo transitivo + pronome apassivador “se” + sujeito paciente. Os exemplos serão dispostos na tabela 2. Tabela 2 – Estruturação de orações na voz passiva sintética Verbo transitivo Pronome apassivador Sujeito paciente Aluga- se casa Encerrou- se o dever Aguarda- se um desconto Fonte: Elaborada pelo autor. Em alguns casos, podemos evidenciar a presença de mais de dois verbos, tanto na voz ativa quanto na passiva: Voz ativa (dois verbos: está esculpindo): Kevin Francis Gray está esculpindo um novo busto. Voz passiva (três verbos: está sendo esculpido): Um novo busto está sendo esculpido por Kevin Francis Gray. O truque para constatar se a voz passiva analítica foi estruturada corretamente é verificar os verbos, pois ela terá sempre um verbo a mais que a voz ativa, isto é, caso a voz ativa tenha um verbo, veremos dois verbos na voz passiva analítica e assim sucessivamente. O verbo “ser” é o verbo auxiliar mais comumente utilizado na voz passiva analítica, no entanto, outros verbos auxiliares também podem ser utilizados, como ficar e estar. A voz passiva também pode ser classificada quanto ao motivo pelo qual é usada. Como exemplo, podemos citar seu uso para alterar o foco do enunciado: Voz Ativa: Os escravos construíram as pirâmides Voz Passiva: As pirâmides foram construídas pelos escravos Também podem ser usadas para indicar quando, quem ou o que fez a ação é irrelevante, desconhecido ou óbvio: Voz Ativa: Ladrões roubaram o carro. Voz Passiva: O carro foi roubado. Resumidamente, utilizamos a voz passiva para atingir uma certa finalidade, como nos contextos em que o agente da ação é desconhecido ou não é importante ou quando resolvemos focar em certas partes do texto ao invés de outras. 5.1 Semântica: o significado da palavra Iremos pudim nesse tópico sobre semântica. Podemos considerar que o leitor achou estranho o uso da palavra “pudim”, podendo até mesmo ter colocado a responsabilidade de um possível mal-uso no revisor, no autor ouaté no corretor automático. O incômodo provocado pela palavra “pudim” na primeira sentença deste tópico acontece pelo fato de estarmos nos dirigindo a uma pessoa fluente na língua portuguesa, que conceitua a palavra “pudim” (simploriamente falando) como “um doce constituído por leite condensado, ovos, farinha e outros ingredientes misturados e assados no forno”, levando à conclusão que essa palavra não foi empregada corretamente na sentença. Com isso, esse “não ser empregada corretamente na sentença” significa que o significado da palavra “pudim” impossibilita seu uso naquele contexto por “não ser condizente” com os demais elementos. Ao invés de pudim, seria melhor empregar palavras como, por exemplo, “discutir”, “falar”, “estudar” ou “abordar”, pois o significado delas completa o sentido da sentença de um modo geral. Com isso, ressaltamos que este tópico não será usado para descrever e diferenciar cada tipo de teoria semântica, mas sim compreender a semântica como uma área que estuda o significado das palavras, bem como as relações de sentido que as conecta umas às outras. Para estendermos ainda mais nosso vocabulário e podermos adaptar o texto com maior facilidade, precisamos entender não só o significado das palavras, como também a relação que pode ter entre elas. Empregar palavras com significado adequado para o que a frase exige retira as ambiguidades e faz a comunicação ser mais precisa e clara. Maria Helena Duarte Marques (2008) afirma que, quando nos referimos ao estudo da semântica no Brasil, os trabalhos são escassos e ainda prevalecem os estudos tradicionais, de forma geral, que abordam o desenvolvimento do conceito das palavras e exploram traços linguísticos que ressignificam as palavras, entre eles os fenômenos e figuras de linguagem como metáfora, hipersemantização, polissemia, metonímia, denotação, sinonímia e conotação. Para estudarmos sobre a relevância de conhecer o significado das palavras, precisaremos saber sobre alguns conceitos essenciais para a semântica. Abordaremos a seguir sobre os principais conceitos. 5.1.1 Sinonímia e antonímia O conceito de sinonímia se refere à probabilidade de palavras se assemelharem em questão de sentido, isto é, a possibilidade de substituir uma palavra por outra sem mudar drasticamente o sentido. Vejamos esse conceito nos exemplos a seguir: Laura estava triste; Laura estava infeliz; Laura estava descontente; Laura estava deprimida; Laura estava feliz. Podemos observar que as palavras triste, infeliz e descontente não mudam significativamente o sentido da frase, ou seja, podemos considerá-las como sinônimos. O mesmo não se pode dizer sobre a palavra deprimida pois, mesmo conseguindo transmitir a mesma ideia que as três primeiras frases em alguns contextos, ainda pode ser interpretada de forma diferente. Por esse motivo, algumas pessoas não consideram “deprimido” como sinônimo de “triste”, mas também temos quem as considere palavras sinonímias. Ao se referir ao significado das palavras, Saussure (2012) afirma que não conseguimos encontrar um sinônimo perfeito. Segundo o autor, cada palavra é empregada manifestando um conceito diferente, mesmo que a diferença entre os significados seja mínima. Em contrapartida, sabemos que a palavra feliz não possui o mesmo significado que a palavra triste, esse significado sequer é semelhante, com isso, não as consideramos como sinônimos. Com isso, podemos conceituar a relação entre essas palavras como antonímias, que consiste na capacidade das palavras manifestarem significados opostos como, por exemplo, cansado e disposto, preguiçoso e esforçado, pequeno e grande. O conceito de antonímia também considera o contexto da frase. É de conhecimento geral que quente é o oposto de frio, ou seja, podemos considerar essas palavras como antônimos nas seguintes orações: O dia está quente. O dia está frio. No entanto, temos também outro uso para a palavra quente, onde podemos interpretá-la como “atraente, bonito (a)”, conforme mostra o exemplo a seguir: Stella malhava todos os dias, tinha um corpo incrível, era muito quente (atraente). Nesse contexto, não poderemos considerar as palavras quente e frio como antonímias, pois se nos referirmos à Stella como uma pessoa muito fria não significa que ela não é atraente, nesse contexto, a palavra frio pode caracterizar Stella como uma pessoa insensível, sem sentimentos. Com isso, podemos concluir que os antônimos não são conceituados através de palavras isoladas, são classificados e empregados conforme o contexto da oração e as situações em que são usados. 5.1.2 Homonímia e paronímia A homonímia é mais um fenômeno que a semântica estuda, que se refere à relação de semelhança entre certas palavras. As palavras homônimas de dividem em homônimas perfeitas, homófonas e homógrafas. As homônimas perfeitas consistem em palavras com som e escrita idênticos, porém com significados diferentes. Vejamos os exemplos a seguir: Eu cedo meu acento para pessoas idosas. Carol sempre chega cedo. Observe que as palavras em negrito são iguais em relação ao som e à escrita, no entanto, se diferem em relação ao significado, portanto, podem ser consideradas como palavras homônimas perfeitas. As palavras homófonas são semelhantes somente na pronúncia (som), ou seja, são diferentes em relação à grafia e ao significado. A palavra se origina dos termos homo (igual) e fono (som). Vamos observar alguns exemplos práticos: Ontem ele estava sem paciência. Você perdeu cem reais na rua. As palavras sem e cem podem ser consideradas homófonas por serem pronunciadas de modo semelhante e apresentarem escrita e significados diferentes. Podemos nos deparar com uma transição ortográfica incorreta durante a transcrição de palavras homófonas. Não é raro aparecer erros de escolha lexical, ou seja, quando uma palavra é empregada incorretamente no lugar de sua homófona, como é o caso da frase “ele é mal caráter” no lugar de “ele é mau caráter”. Por sua vez, as palavras homógrafas são palavras que contém a mesma escrita e se diferem em questão de pronúncia e significado. A palavra se origina dos termos homo (igual) e graf- (escrita). Agora vamos nos atentar aos exemplos a seguir: Aquele gosto de cetona não sai da minha boca. Eu gosto de repolho. As sentenças acima apresentam palavras homógrafas em negrito, pois a grafia das duas são iguais, no entanto, são pronunciadas diferente e possuem significados distintos. Por fim, temos a paronímia, que consiste em palavras que se assemelham bastante na escrita e na pronúncia, com significados distintos. As paronímias se diferem das homonímias perfeitas no sentido de que a grafia e a pronúncia são semelhantes, mas não são iguais. Dentre os exemplos, podemos citar: cavalheiro e cavaleiro, absolver e absorver, comprimento e cumprimento. As paronímias também podem gerar erros na escolha lexical pois, muitas vezes, transcrevemos uma palavra quando a intenção era usar a outra. Observe a frase “após a confissão, o réu foi absorvido”, nesse contexto, a palavra em negrito foi incorretamente empregada, sendo que a frase correta seria “após a confissão, o réu foi absolvido”. 5.1.3 Polissemia e monossemia Atribuímos à semântica o papel de estudar não só os fenômenos supracitados, mas também a polissemia e monossemia, onde a polissemia manifesta a probabilidade que algumas palavras apresentem mais de um conceito dependendo do contexto em que está inserida, enquanto a monossemia se trata de uma palavra que se dispõe apenas de um significado. Vamos nos atentar aos seguintes exemplos: Sua letra é muito bonita. H é a oitava letra do alfabeto. Conseguiu perceber a genialidade da letra dessa música? Podemos observar que a palavra letra contém trêssignificados distintos, variando conforme o contexto inserido. Na primeira frase, a palavra foi empregada com o sentido de “caligrafia”, já na segunda, está relacionada ao símbolo alfabético e, finalmente, na terceira indica as palavras emitidas em uma música. Vale salientar que temos mais casos de polissemia em comparação com a monossemia, isso se deve à evolução da língua, que frequentemente aproveita palavras que já foram criadas para atribuir novos conceitos. Outra questão importante a se considerar é o fato de que há uma certa confusão entre polissemia e homonímia. A diferença consiste em que as palavras homônimas são semelhantes e apresentam origens diferentes, enquanto as polissêmicas são a mesma palavra com a mesma origem. Considere a palavra manga, pode se referir à fruta que se origina da palavra malalaia manga, mas também pode se referir à parte da camisa, que se origina do latim manica. Em relação à monossemia, atente-se às palavras “decalitro” e “estetoscópio”. Com certeza ninguém conseguiria mencionar mais de um significado para essas palavras, pois possuem apenas um. 5.1.1. Denotação e Conotação Outro conceito relacionado à semântica se refere a conceder um sentido para as palavras, esse sentido pode ser dividido em denotativo e conotativo. O sentido denotativo representa o significado literal da palavra, isto é, podemos atribuir esse sentido em construções ou contextos que necessitem de usar a palavra em seu sentido real. Como exemplo, podemos citar a frase: “O pote se quebrou em pedaços”, onde todas as palavras foram empregadas no sentido literal, sem variações. Normalmente, utilizamos o sentido denotativo em textos com função referencial, considerando seu papel de repassar informações do modo mais preciso possível, evitando originar dúvidas ou ambiguidades. Nesse caso, o sentido denotativo é muito empregado em artigos científicos, textos jornalísticos, memorandos, manuais, atas, entre outros. Já o sentido conotativo atribui às palavras seu sentido figurado, isto é, um sentido não literal ou um sentido utilizado de modo diferente do usual, conforme o contexto. Observe a frase: “Você deixou meu coração em pedaços”, onde a palavra pedaços foi empregada fora de seu significado real. Usamos o sentido conotativo com frequência em textos literários e publicitários, que possuem diversas palavras empregadas de modo não literal, visando deixar um impacto no leitor ou manifestar um determinado sentimento. Usamos algumas figuras de linguagem para manifestar o sentido conotativo, listamos as principais a seguir: Metáfora: Usada para significar uma palavra em seu sentido não literal. Ex: Tenho um mar de ideias em minha cabeça. Metonímia: Consiste em substituir uma palavra que represente um todo por outra que representa uma parte. Ex: Meu coração (eu) clama por você. Sinestesia: Usada para significar palavras que representam sensações fora de seu sentido real. Ex: Júlia saboreou sua conquista. Paradoxo: Consiste em empregar uma palavra para indicar o oposto de seu significado. Ex: Ele é um pobre homem rico. Eufemismo: Usado para substituir uma palavra ou expressão visando amenizar seu sentido. Ex: Meu tio bateu as botas. Hipérbole: Usada para atribuir o significado de uma palavra ou expressão de modo exagerado. Ex: Essa cólica está me matando. Ironia: Usada para atribuir, intencionalmente, o sentido oposto do significado real de uma palavra. Ex: Seus harmônicos falharam umas dez vezes, tocou muito bem. Prosopopeia: Usada para atribuir racionalidade a um objeto inanimado. Ex: Meu coração chorou quando você partiu (coração não tem racionalidade, portanto, não possui emoções ou capacidade de chorar). 5.1.4 Hiperonímia e hiponímia Hiponímia e hiperonímia se tratam de conceitos que classificam as palavras hierarquicamente. Hiperônimos consistem em palavras que são classificadas como “categóricas” ou “superiores”, pois indicam as características de um certo grupo, transmitindo sua ideia como um todo. Enquanto os hipônimos são agrupados nos hiperônimos por serem palavras com significados mais específicos e restritos, que possibilitam uma categorização em um grupo mais abrangente. Observe alguns exemplos na tabela 3. Tabela 3 – Exemplos de hiperônimos e hipônimos. Hiperônimo Hipônimo Cor Verde, azul, branco, preto, marrom. Animal Cachorro, gato, tigre, urso, leão. Matéria História, matemática, química, geografia. Aplicativo Instagram, Facebook, Waze, Twitter. Fonte: Elaborada pelo autor. Os hiperônimos e hipônimos devem ser localizados e utilizados corretamente nos textos para melhorá-lo em questão léxica e de coesão, pois o uso de ambas as categorias evita a repetição de palavras e possibilita desenvolver cada seção do texto através de um emprego lexical mais amplo, conforme podemos observar no exemplo a seguir: Os gatos são felinos considerados como uma representação de Deus em determinadas partes do mundo. Esse animal está entre os pets mais conhecidos. 5.1.5 Formas variantes As formas variantes consistem em palavras que contém mais de uma escrita, sendo que todas são classificadas como corretas, sem mudar o sentido. Nesse contexto, temos uma relação entre a língua no meio social (sociolinguística), a língua em uso (pragmática) e a semântica. Mesmo com a presença de formas variantes, certos aspectos indicam e determinam a preferência por uma escrita ou outra. Dentre os exemplos de formas variantes, podemos citar: quatorze e catorze, abdômen e abdome, loira e loura, quotidiano e cotidiano, porcentual e percentual, neném e nenê. 5.2 Paráfrase e referenciação Usamos dois procedimentos bem comuns na produção de texto, que são a referenciação e a paráfrase. De modo geral, a paráfrase consiste na reconstrução e reescrita de um texto que já existe, isto é, reescrever algo que já foi dito com outras palavras, deixando o conteúdo e a temática intactos usando uma outra escolha lexical. Sant’Anna (1995), conceitua paráfrase como a confirmação do mesmo sentido presente em uma obra escrita, só que em outras palavras, podendo ser uma afirmação geral dos temas de uma obra visando esclarecer uma passagem difícil. De modo geral, esse fenômeno se aproxima do original em extensão de conteúdo. Esse recurso é bastante utilizado em artigos científicos e acadêmicos com o intuito de construir e defender as ideias abordadas através de textos e informações anteriormente publicadas, de modo que o conhecimento referenciado funcione como base para a divulgação de novas ideias sem que tenha plágios. Com isso, podemos interpretar a paráfrase como uma referência indireta. Vejamos os exemplos a seguir: Frase original: “O essencial é invisível aos olhos, só se vê bem o coração” (SAINT-EXUPÉRY, 1980). Paráfrase: Conforme Saint-Exupéry, autor de O pequeno príncipe, os aspectos fundamentais da vida são invisíveis aos olhos, no entanto, podem ser sentidos. Por este motivo ele nos pede para enxergarmos com o coração, e não com os olhos. Já a referenciação, segundo Mondada e Dubois (2003), é definida como uma atividade de estruturação colaborativa através de referências como objetos de discurso ao invés de objetos de mundo. Ela pode ser tanto indireta quanto direta e cumpre os mesmos objetivos que a paráfrase, ou seja, discorre sobre um texto de outro modo, reafirma um conceito, faz referência a um conhecimento existente para servir como base para uma nova ideia através de ideias já estabelecidas e defender uma tese evitando o plágio. Vale salientar que a referenciação também credita os autores originais, além disso, coopera com o leitor ao citar o material original, possibilitando seu acesso a ele para aumentar o conhecimento. Dentre as formas de referenciar, temos o caso de um novo texto que contém os mesmos conhecimentosdispostos no texto original e menciona a obra utilizada para validar suas ideias, o que podemos evidenciar no exemplo: Temos o conhecimento de que o signo linguístico se classifica em duas não dissociáveis no estudo da linguística, que são o significante e o não significante (SAUSSURE, 2012). Temos também casos onde o autor do texto novo usa uma citação direta, como é o caso do exemplo a seguir: Segundo Saussure (2012) “propomo-nos a conservar o termo ‘signo’ para designar o total, e a substituir conceito e imagem acústica, respectivamente, por significado e significante”. Não temos um modo de referenciar fixo para os diversos gêneros textuais, no entanto, temos um modo pré-estabelecido pelas instituições. No Brasil, estão vigentes as regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que indica o modo que os textos devem ser referenciados levando em conta o gênero textual. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. HELENA, M. Os lugares do sentido. Campinas: Mercado das Letras, 2008. MONDADA, L.; DUBOIS, D. Construção dos objetos e categorização: uma abordagem dos processos de referenciação. In: CAVALCANTE, M. M.; RODRIGUES, B. B.; CIULLA, A. (Org.). Referenciação. São Paulo: Contexto, 2003, p. 17-52. SAINT-EXUPÉRY, A. O pequeno príncipe: com aquarelas do autor. Rio de Janeiro: Agir, 1980, p. 97. SANT’ANNA, A. R. Paródia, Paráfrase & CIA. 5. ed. São Paulo: Ática, 1995. SAUSSURE, F. Curso de linguística em geral. 28. ed. São Paulo: Cultrix, 2012, p. 312. 5 A VOZ PASSIVA E SEUS EFEITOS 5.1 Semântica: o significado da palavra 5.1.1 Sinonímia e antonímia 5.1.2 Homonímia e paronímia 5.1.3 Polissemia e monossemia 5.1.4 Hiperonímia e hiponímia 5.1.5 Formas variantes 5.2 Paráfrase e referenciação
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