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Traumatismos específicos Traumatismo em áreas especificas: crânio – tórax – abdome – musculo esquelético O tratamento do paciente com poli traumatismo, após a estabilização hemodinâmica, restabelecimento das funções vitais e otimização da oxigenação e perfusão dos tecidos depende diretamente da sua área de acometimento. Assim, para melhor entendimento o tratamento será dividido por estas áreas. Traumatismo Crânio-Encefálico (TCE) É causa importante de morte nos traumas. O traumatismo Raqui-Medular (TRM) ocorre em 5 a 10% dos casos de TCE. •Os Traumatismo da cabeça podem envolver o couro cabeludo, crânio e encéfalo, isoladamente ou em qualquer combinação. •Trauma com sonolência, confusão, agitação ou inconsciência de custa ou longa duração pensar em TCE. Abordagem da vitima 1.Exame Primário – XABCDE da vida. 2.Observar cuidados com a coluna cervical: Estabilizar manualmente a cabeça e o pescoço. 3.Controlar hemorragias. 4.Exame secundário: 5.Sangramento via nasal (rinorragia) e pelo ouvido (otorragia) geralmente é sinônimo de TCE. 6.Nos casos onde ocorra vômitos, a vítima deve ser virada em bloco para decúbito lateral de forma a preservar a imobilização da coluna cervical. Suspeitar sempre de lesão de coluna cervical em pacientes com TCE. TCE Leve O paciente com trauma craniano leve, após a avaliação primaria, é encaminhado para observação sem a realização de exame complementar neurológico, na sala de emergência, na ausência de algum dos fatores, A observação da vítima que não apresenta fator de ricos pode ser de menor duração (3-6 horas). TCE Moderado É um gripo de heterogêneo de pacientes, alguns dos quais apresentam evolução similar àquelas dos traumatismos cranianos leves, ou então evoluem como traumatismo craniano leve. TCE Grave No traumatismo craniano grave é indispensável reduzir ao mínimo à possibilidade de dano secundário, garantindo oxigenação e perfusão adequadas. Após realização da TC de crânio, o neurocirurgião avalia de há necessidade de intervenção cirúrgica e/ou monitoramento invasivo. Se a craniotomia não é indicada, a TC deverá ser repetida como no traumatismo craniano moderado. Nos pacientes em coma e com lesão hemorrágica intracraniana que requerem reanimação volêmica significativa, a TC deve sempre ser repetida depois da estabilização. TRAUMA MAXILOFACIAL No TMF, em que há epistaxe, hemorragia da cavidade oral ou das partes moles, o tratamento consiste no tamponamento e, eventualmente e quando possível, a angiografia. •O tamponamento nasal deve ser cuidadoso nos casos de epistaxe de origem traumática devido ao risco de as fraturas de base de crânio estarem associadas. •Em caso de urgência hemorrágica após trauma fechado de mandíbula, a redução e estabilização imediata temporárias da fratura com a aplicação de fio de aço em torno do colo de dois dentes dispostos ao lado da linha de fratura, controla a maioria dos sangramentos. •O tempo para correção da fratura pode ser variável dependendo das condições gerais do paciente, existência de outros procedimentos mais urgentes ou edema importante no foco de fratura, em média de 7 a 10 dias após o trauma. TRAUMA RAQUIMEDULAR – TRM CUIDADOS NO TRM •Exame primário – XABCDE da vida •Imobilize a cabeça/pescoço em posição neutra com colar cervical ou com as mãos. •Remova o capacete em caso de PCR ou insuficiência respiratória. •Não mova o paciente a menos que seja necessário. Caso tenha que move-lo utilize a técnica em monobloco. •Suspeitar sempre de lesão de coluna cervical em pacientes com TCE. •A proteção da coluna cervical deve ser uma das prioridades do tratamento pré-hospitalar, a não ser que outra situação esteja produzindo risco de vida eminente. EQUIPAMENTOS DE IMOBILIZAÇÃO CERVICAL (Colar Cervical Técnica de aplicação): •Alinhe a cabeça e pescoço do paciente se não houver resistência ou dor mantenha a estabilização manual. •Outro socorrista aplica o colar ao pescoço da vítima. •O Paciente lucido deve ser alertado contra o risco de movimentar-se. •Mantenha a imobilização manual mesmo com o colar aplicado. Improvisação: cobertor ou camisa e cintos. TRAUMA TORÁCICO • No trauma de tórax, as condições de imediato risco de morte são causadas por lesão da via aérea alta, pneumotórax hipertensivo, pneumotórax aberto, tórax instável, hemotórax maciço e tamponamento cardíaco que devem ser identificadas e tratadas na fase de avaliação inicial. • Todas as outras condições: pneumotórax simples, hemotórax simples, contusão pulmonar não associada a tórax instável, fratura de esterno e constela, lesão traqueobrônquica, lesão esofágica, contusão cardíaca, lesão de grandes vasos e ruptura diafragmática, podem ser diagnosticas sucessivamente com exames complementares apropriados e tratadas em tempo hábil. SINAIS E SINTOMAS DE POSSIVEL LESÃO TORACICA: • Dificuldade para respirar • Aumento da frequência respiratória • Escarro com sangue (hemoptise) • Aumento de sensibilidade á palpação. • Dor durante a inspiração ou expiração. • As lesões torácicas mais comuns são as fraturas de costelas. Estes pacientes quase sempre têm dor torácica e podem ter dificuldade para respirar. • O tratamento do paciente com suspeita de lesão torácica consta de suporte ventilatório e/ ou oxigênio suplementar se disponível *Não restrinja o tórax do paciente, pode dificultar a respiração. TRAUMA ABDOMINAL • O trauma abdominal é o sofrimento resultante de uma ação súbita e violenta, exercida contra o abdome por diversos agentes causadores: mecânicos, químicos, elétricos e irradiações. • A incidência desse traumatismo vem aumentando progressivamente e sua gravidade é determinada pela lesão de órgãos ou estruturas vitais do abdome e pela associação com outras lesões, principalmente crânio e tórax. • O sucesso no manejo do trauma abdominal é caracterizado pela eficiência da abordagem inicial que permite instituir o diagnóstico precoce e o tratamento oportuno das lesões intra-abdominais, quando presentes. Classificação: • Classifica-se esse trauma em dois tipos principais – aberto ou fechado. • No aberto existe solução de continuidade da pele; enquanto que no fechado, também denominado contusão abdominal, a pele esta integra, sendo que os efeitos do agente agressor são transmitidos as vísceras através da parede abdominal, ou se dão por contragolpe ou desaceleração. • Por sua vez, os traumatismos abertos são subdivididos em penetrantes e não penetrantes na cavidade abdominal. Atendimento: • Exame primário – XABCDE da vida. • Posicionar a vítima deitada. • Aplicar curativo impermeável e oclusivo umedecido em soro fisiológico nas feridas abertas com alças evisceradas (para fora). • Nunca tentar recolocar as alças intestinais para dentro do abdome. • Aqueça a vítima com cobertores. • Não retire objetos empalados. Estabilize-os na situação encontrada. • Paciente poli traumatizado evoluindo com choque, suspeitar sempre de hemorragia interna por lesão de órgãos abdominais. • Não forneça liquido ou alimentos a pacientes com trauma abdominal. • Transporte o paciente ao hospital para avaliação médica o mais breve possível. Remoção de Vítimas e Resgate Veicular PRINCÍPIOS DE RESGATE VEICULAR Conceitos Resgate Veicular é o procedimento para localizar, acessar, extrair, estabilizar e transportar vítimas que estejam contidas ou presas as ferragens de um veículo acidentado. O resgate veicular envolve principalmente: Desencarceramento Movimentação e retirada das ferragens que estão prendendo a vítima e/ou impedindo o acesso dos socorristas e a obtenção de uma via de retirada da vítima. Dizemos que desencarcerar é retirar as vítimas contidas nos veiculos, Extração É a retirada da vítima desencarcerada do interior do veículo. Dizemos que extrair é retirar a vítima das ferragens. Ciclo Operacional A operação pode ser organizada em quatro fases, cada uma delas igualmente importante para o sucesso da operação, formando um ciclo. • Prontidão • Acionamento• Resposta • Finalização Prontidão A fase inicial da operação tem início quando os socorrista/resgatistas aceita o desafio de prover um sistema de resgate veicular de qualidade. Esta fase inclui todas as medidas tomadas com o objetivo de que os recursos estejam preparados para o acionamento. É preciso que estejam prontos: • Pessoal • Material (equipamentos e veículos) • Técnicas • Planejamento prévio Acionamento Uma vez que ocorra um acidente, há o acionamento dos recursos em prontidão. Esta fase inclui: • Recebimento da chamada • Obtenção das informações necessárias • Despacho de recursos compatíveis • Orientações preliminares ao solicitante O trem de socorro A princípio, em todos os acidentes de transito com vítimas que envolvem veículos com quatro ou mais rodas o trem de socorro despachado deve possuir a capacidade de prestar o socorro pré-hospitalar (Resgate), de gerenciar todos os riscos e fazer o desencarceramento das vítimas (ABTS-Auto bomba tanque socorro ou ABS Auto Bomba Socorro + ABT- Auto Bomba Tanque). ROTINA DE RESGATE Chamamos de rotina de resgate o conjunto de etapas que desenvolvemos na cena de emergência durante a fase de resposta da operação de resgate. A rotina de resgate deve seguir uma sequência pré-estabelecida: 1. Estabelecer o comando 2. Dimensionar a cena 3. Gerenciar os riscos 4. Obter acesso as vitimas 5. Realizar a avaliação inicial das vitimas 6. Desencarcerar 7. Extrair 8. Executar a avaliação dirigida 9. Transportar e/ou transferir 10. Garantir a segurança da cena ABORDAGEM SISTEMATIZADA NO SALVAMENTO DE VÍTIMAS ENCARCERDAS Reconhecimento Estabilização Criação de espaço Abertura de acesso Cuidados pré-hospitalares Extração Avaliação da vitima Condução ao hospital RECONHECIMENTO Estabilização Criação de espaço Abertura de acesso Cuidados pré-hospitalares Extração Avaliação da vitima Condução ao hospital Dimensionar a cena O dimensionamento da cena é um processo permanente em qualquer operação, inicia no momento do acionamento e só se conclui após a finalização. Porem há um momento especifico em que o dimensionamento da cena constitui o esforço principal da operação. Esse procedimento dura menos de um minuto, mas é um passo crucial da operação e não deve ser omitido. Após estabelecer o comando, o comandante devera dimensionar a cena, identificando basicamente: • Dinâmica do acidente • Riscos na cena • Número de vítimas e estado aparente delas • Dificuldade de resgate • Recursos adicionais a solicitar Triagem Em emergências com múltiplas vítimas a triagem inicial é executada neste momento, sendo adotada a conduta de Emergência com Múltiplas Vitimas – EMV como principal para a operação. O método utilizado é o sistema START (Simple Triage and Rapid Treatment – Triagem Simples e Tratamento Rápido), atribuindo uma tarja ou fira para cada vítima e reportando a situação ao comandante que, de posse das informações dimensionara os meios necessários e determinará as linhas de ação segundo um plano padrão para acidente com múltiplas vítimas (EMV) Estabelecer o comando O componente mais graduado da primeira unidade de emergência no local deverá assumir formalmente o comando da operação assim que chegar ao local. Desta forma, estará sendo dado início ao SCO. Seguindo o princípio da modularidade, a operação poderá prosseguir até o final apenas com uma estrutura simples, composta pelo chefe de Guarnição e seus recursos, ou ir aumentando de complexidade, incluindo chefe de operações, segurança relações públicas, ligações, estacionamento, logísticas, planejamento, etc Nível de segurança nas operações O chefe da equipe, face ao cenário real, distribui as tarefas, de modo a garantir uma atuação rápida e segura, transmitindo as ordens de forma concisa, clara, utilizando frases curtas e garantindo que estas foram convenientemente compreendidas. Numa primeira fase, logo que chegue ao local, deve: • Fazer o reconhecimento, acompanhado pelo elemento de segurança, quando existir; • Aproximar-se e verificar qual o tipo de acidente e avaliar a sua extensão; • Identificar o número, condições e posicionamento das vítimas, estabelecendo contato visual com as mesmas; • Formular o plano de ação; • Informar a situação a central do Corpo de Bombeiros; SAMU, AUTO PISTA ETC. • Decidir sobre as manobras a executar, em coordenação com o responsável pela equipe pré-hospitalar; • Garantir, permanentemente, a segurança da equipe; • Fazer a ligação com outras agencias no local. Dimensionar a cena O dimensionamento da cena é um processo permanente em qualquer operação, inicia no momento do acionamento e só se conclui após a finalização. Porem há um momento especifico em que o dimensionamento da cena constitui o esforço principal da operação. Esse procedimento dura menos de um minuto, mas é um passo crucial da operação e não deve ser omitido. Após estabelecer o comando, o comandante devera dimensionar a cena, identificando basicamente: • Dinâmica do acidente • Riscos na cena • Número de vítimas e estado aparente delas • Dificuldades de resgate • Recursos adicionais a solicitar Dois círculos de avaliação Para efetuar o dimensionamento da cena é utilizada a técnica dos dois círculos de avalição. O OP01, operador mais experiente da guarnição de regate, avalia os veículos acidentados e as vítimas em seu interior ou proximidades, enquanto o OP02, auxiliar do OP01, avalia uma área de aproximadamente 10 a 15 metros ao redor do acidente, buscando riscos, veículos e vítimas adicionais Princípios do Resgate Resgate é uma atividade seria e, muitas vezes, arriscada. O desencarceramento de vítimas em de vítimas em acidentes automobilísticos, em especial, envolvendo um trabalho em equipe e extremamente complexo, técnico e importante, sob condições extremas de stress causadas pela urgência do tempo, presença de curiosos, riscos no ambiente e pressão emocional em função da ânsia de salvar a vítima. Sua Importância é muitas vezes negligenciada por profissionais que ignoram primeiramente o impacto da morbimortalidade por trauma decorrente de acidentes automobilísticos no perfil da saúde, depois a importância do atendimento inicial ao traumatizado na redução da mortalidade e sequelas decorrente dos trauma e, a importância da rapidez no atendimento e remoção de vítimas poli traumatizadas para o sucesso deste atendimento inicial. Por isto, a preparação de uma equipe de salvamento deve envolver algo mais do que a simples habilidade de manusear as ferramentas peculiares a atividade de desencarceramento, mais deve englobar o conhecimento da doutrina de resgate veicular, aprendizagem das rotinas, estabelecimento de uma capacidade decisória e o desenvolvimento da capacidade para trabalhar em equipe. Desencarceramento 2 A forma como a vítima será extraída depende primeiramente dela estar desencarcerada, ou seja, que a estrutura do veículo ou outros fatores não estejam impedindo a sua retirada rápida segura. Portanto, quando conclui a avaliação inicial da vítima o socorrista, juntamente com o comandante da guarnição de resgate, avalia a existência de mecanismo de encarceramento e em que grau estes mecanismos impedem ou dificultam a saída da vítima. Para esta avaliação duas perguntas devem ser respondidas: Vítima está presa? Se a resposta for negativa, a operação passara imediatamente a fase seguinte, que é extrair a vítima de acordo com critério de transporte. Se a resposta for positiva é necessário responder a uma segunda pergunta Existe uma maneira fácil de liberar a vítima? Se a resposta for positiva, se ja há uma maneira simples de desencarcerar a vítima, dizemos que será um resgate leve. Se a resposta for negativa, ou seja, a de formação do veículo indica que será necessário atuar sobre a estrutura dele como um todo, dizemos que será um resgate pesado. Resgate leve O desencarceramento da vítima é feito com manobras simples: • Afastar ou reclinar banco • Rebater ou retirar volante • Cortar roupa • Retirarsapato • Forçar porta Resgate pesado O desencarceramento da vítima atuara sobre a estrutura do veículo, exigindo uma sequência mais agressiva e rápida de manobras: • Quebrar e retirar todos os vidros • Rebater ou retirar o teto • Retirar porta • Afastar painel • terceira porta Extração Uma vez a vítima esteja desencarcerada, ela deve ser extraída do veículo de acordo com o critério de transporte. Quem define este critério é o comandante da guarnição de socorristas, com base no status da vítima: Vítimas críticas: São aquelas em parada respiratória, cardiopulmonar ou em perigo iminente. Devem ser extraídas utilizando a técnica de retirada de emergência (chave de Rauteck). Vítimas Instáveis: São aquelas que estão em perigo imediato de vida, normalmente apresentando inconsciência, sinais e sintomas de choque descompensado ou lesões importantes. São extraídas utilizando a técnica de retirada rápida (quick extrication) Vítimas estáveis: são vítimas que sofrem um acidente, mas as lesões são leves ou possuem lesões. São extraídas utilizando a técnica de retirada convencional (K.E.D) após a realização da avaliação dirigida Transporte e transferência O transporte e transferência da vítima para unidade hospitalar de referência é feita pelas unidades de resgate, de acordo com protocolo local ou determinação da centra reguladora de operações. Seguranças da sena Uma vez terminado o resgate, a sena deve ser estabilizada pela equipe de resgate para assegurar de que não haverá nenhuma outra vítima. Num resgate veicular, este deve ser removido, normalmente transportado por um guincho para o depósito. A pista deve ser limpa de todos os resíduos do veículo. Isso inclui todos os fluidos que podem ter escorrido do veículo acidentado, como óleos e combustíveis. NÃO JOGUE ÁGUA PARA ESTE FIM. Chave de Rauteck Extração rápida para 3 socorristas Sequência de atendimento para retirada rápida por 3 socorristas Socorrista 1: Exame da cena, abordar o paciente, Analise primaria, iniciar a imobilização manual de cabeça e pescoço. Socorrista 2: Trazer para o próximo ao veículo a bolsa e colar cervical e coloca-los sobre o veículo, posicionar-se no banco traseiro do veículo e assumir a imobilização manual. Socorrista 1 : Coloca o colar cervical e indica o modo de extração. Motorista: Após estacionar e sinalizar trazer para próximo do veículo a maca e a prancha longa. Circula o veículo se dirigindo ao lado oposto onde fara a movimentação das pernas do paciente. Até que não seja possível a imobilização manual pelo socorrista, saindo do veículo e assumindo a imobilização manual. Socorrista2: Passa para o banco da frente e assume o controle das pernas e parte inferior do tronco. Capotamento No capotamento, o veículo pode sofrer diferentes impacto de diferentes direções e ângulos, mesmo ocorrendo com os ocupantes. Por isso, é difícil prever qual o padrão de lesões apresentado por estas vítimas embora possamos associar, como em outros tipos de acidentes, que a s vítimas serão normalmente atingidas na mesma área que o veículo, Guilhotina Quando um automóvel colide contra a traseira de um caminhão ou de um ônibus que não tem um para-choque confiável, o mesmo penetra sob a carroceria ou chassis do veículo maior. A carroceria ou chassis penetra no habitáculo do automóvel, atingindo seus ocupantes na altura da cabeça ou do peito, provocando uma alta taxa de mortalidade. Frequentemente os passageiros do automóvel são decapitados, resultado do terrível efeito guilhotina. 60 Fatores humanos no gerenciamento de riscos A experiencia demonstra que alguns fatores humanos colaboram para potencializar os riscos na cena da operação se não forem devidamente gerenciados, tornando-se uma causa comum de acidentes: • Uma atitude descuidada com a própria segurança; • Não reconhecer mecanismos agressores e riscos no ambiente; • Não gerenciar adequadamente os riscos identificados; • Não utilizar o equipamento adequado, ou utiliza-lo de forma errada; • Falta de disciplina tática. Mas o ato inseguro que mais contribui para ferimentos de um resgatista na cena do acidente é: Não utilizar os equipamentos de proteção individual (EPI) durante operação de resgate. Equipamento de proteção individual (EPI) Durante as operações a equipe de resgate deverá utilizar o EPI completo, acrescido de itens especiais em situações especificas (Equipamentos de proteção respiratória, produtos perigosos, etc.) Capacete O capacete deverá atender as normas internacionais, garantindo proteção do crânio contra impacto e perfurações, visor para proteção da face possibilidade de uso com EPR e sistema de comunicação. Roupa de proteção A roupa de proteção deverá ser de material incombustível, de preferência retardante ao fogo, com resistência a corte, abrasão e perfuração. Preferencialmente deve ser utilizada a roupa de aproximação em incêndios, embora utilizemos o uniforme de prontidão com mangas longas desdobrada Luvas As luvas deem proteger as mãos contra calor, abrasão, perfuração e penetração de líquidos sem retirar a destreza do resgatista Calçados Os calçados devem possuir palmilha reforçada contra penetração, proteção de bico e calcanhar e resistência a penetração de substancias. O calçado de bombeiro ideal é a bota para incêndio estrutural, mas pode ser utilizado um calçado de segurança com as mesmas características FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS DE RESGATE VEICULAR EQUIPAMENTO DE ESTABILIZAÇÃO Calços Os equipamentos usados para redistribuir o peso de um veículo variam do mais simples calço de madeira até dispositivos mais complexos, como os hidráulicos e os pneumáticos. Os calços de estabilização são blocos maciços, de tamanhos e formas variadas a fim de se adaptar a tarefa e ao espaço disponível, sendo utilizados na estabilização de veículo se apoio das ferramentas. O material mais comum é a madeira, mas é possível encontrar calços de material sintético, comercializado pelas principais fabricas de materiais para resgate. Existem dois fatores importantes sobre os calços de madeira que devem ser observados. Stab-Fast Palco de ferramentas O palco de ferramentas é uma área, situada no limite entre a zona quente e morna, normalmente delimitada por uma lona, em que as ferramentas mais usadas são dispostas para fácil acesso da guarnição. O palco de ferramenta é montado e controlado pelo motorista que as dispõe, monta e verifica, assim, as ferramentas são retiradas do palco para serem utilizadas e para lá retornam após o uso, permitindo o gerenciamento adequado deste material. P20 PRODUTOS PERIGOSOS Não é improvável que uma equipe de resgate veicular acabe se defrontando com um acidente envolvendo produtos perigosos, afinal grande parte destes produtos perigosos deve ser conduzida por uma equipe de técnicos, cabendo as demais agencias na cena tomarem as medidas iniciais de gerenciamento de risco. Por isso os gerenciamentos dos riscos envolvidos em acidentes com produtos perigosos são: Intervenção em crises e atendimentos de pacientes especiais Causas de emergência psiquiátrica Muitas são as causas que podem levar a pessoa a apresentar um dos quadros acima descritos, entre elas: Abuso de álcool e/ou drogas; Abstinência de álcool e/ou drogas; Doenças psiquiátricas como mania e esquizofrenia; Transtornos neurológicos (problemas em certas áreas do cérebro); Efeitos colaterais de alguma medicação; Problemas clínicos - infecções, falta de oxigenação do sangue, tumores, derrame, problemas nos rins e no fígado, deficiência de vitaminas, traumatismos (lesões decorrentes de acidentes em geral), convulsões ou efeitos cerebrais pós-cirurgias. Tentativas suicídios; Alcoolismo; Transtorno bipolar do humor; Esquizofrenia e outros transtornos psicóticos; Fobia específica; Transtornos de personalidade. Transtornos psiquiátricos relacionado com o uso de substâncias psicoactivas. EMERGÊNCIAS PISIQUIÁTRICASFrequentemente, o socorrista enfrenta situações em que, além da responsabilidade de aplicar as técnicas de abordagem e atendimento corretas à vítima, se vê forçado a restabelecer o equilíbrio emocional e social das pessoas envolvidas no incidente. Denominamos ‘’intervenção em crises’’ a atenção especial dispensada pela equipe de socorro à vítima, a familiares, amigos ou outros espectadores na cena da ocorrência, que se encontram em estado de crise. Definimos ‘’crise’’ como a incapacidade do individuo em lidar com o estresse por meio de mecanismos habituais. Quando se defronta com um problema novo ou insuportavelmente angustiante, responde com temporário estado de desequilíbrio emocional. As reações aos diversos agentes estressores dependem da capacidade emocional e física, variável em cada indivíduo. Assim definido, considera-se a crise uma situação de emergência, em que a pessoa põe em risco sua própria vida, a de outras pessoas e até a da equipe de socorro, em função da desorganização súbita ou rápida da capacidade de controlar seu próprio comportamento. Situações mais Frequentes Responsabilizadas por Provocarem Crises Emergências Medicas em Geral Geralmente quando doenças ou acidentes acometem alguém que apresente risco de vida aos olhos dos familiares. O medo e a incapacidade de enfrentar equilibradamente a situação por parte da vitima e familiares desencadeiam um estado de crise que vai de simples alterações de comportamento, como quadros de ansiedade, agitação, apatia, até estados mais complexos de depressão e agressão. Pessoas com doenças mentais estabelecidas, que apresentam atitudes extremas, como agressividade, riscos de suicídio e homicídio. É importante saber que este quadro psiquiátrico pode estar associado a reações toxicas medicamentosas, a uso ou abuso de drogas e álcool e a doenças orgânicas. Conflito Emocionais O paciente se apresenta ansioso, confuso e amedrontado, expressando dificuldade de enfrentar situações interpessoais (conflitos familiares como divórcios, brigas conjugais, perda de ente querido, perda de emprego). Com frequência uma crise de ansiedade leva o paciente a buscar atendimento de emergência, muitas vezes desejando apenas ser ouvido atentamente para acalmar-se. Catástrofes, Acidentes com Múltiplas Vitimas: Dependendo da magnitude do evento, há prejuízos no controle emocional da própria equipe que está prestando socorro. São situações de estresse acentuado que exigem alto grau de iniciativa e discernimento dos socorristas durante o atendimento. Como podemos observar, as crises variam quanto ao grau de urgência e gravidade, indo desde um quadro de ansiedade até estados de violência capazes de provocar uma reação defensiva ou atitude negativa por parte de socorristas não preparados, dificultando ou impedindo a resolução do caso. Este texto não tem a pretensão de esgotar o assunto, mas de repassar orientações básicas que incentivam na busca de novos conhecimentos e informações. Devemos lembrar que, normalmente, a crise e pessoa anteriormente sadia tende a seguir fases sucessivas, que voltam ao normal, dependendo da abordagem externa que, se adequada, pode abreviar sua duração. Fases da Crise Nas três primeiras fases, o individuo perde o contato com a parte adulta da sua personalidade, com tendência a apresentar um comportamento imprevisível, com abordagem conveniente pode-se conseguir a reversão da crise. Retomando a realidade, a vergonha e o constrangimento exigem das equipes de apoio e socorro capacidade para tranquilizar a vitima de modo a que ela se recupere de forma mais rápida e segura. A intervenção adequada em estados de crise exige maturidade e controle emocional por parte dos socorristas. Se estes não se sentem capazes para agir, deve solicitar substituição por outros colegas, atitude que demonstra maturidade emocional. Princípios Gerais do Manejo de Crises Quando a avaliação e a abordagem da vítima em crise são feitas de modo habilidoso, estabelecem-se os alicerces para o êxito do manejo do caso. Ao aproximar-se, observar o paciente e aqueles que estiverem com ele. Alguns sinais (linguagem corporal, por exemplo) esclarecem certos fatos. Observar também o ambiente e certificar-se de que a vitima e outros presentes estejam protegidos, assim como a equipe de socorro. Exemplo: objeto ao alcance da vitima que possa ser utilizado como arma. Em nenhum momento a equipe de socorro deve colocar-se em perigo. Se necessário solicite apoio policial, medico, etc. Coletar Dados: o que aconteceu? Se é portador de doença mental, se já teve crises anteriores etc. Lembrar sempre que a aproximação deve ser calma, porem firme, com um único socorrista servindo de interlocutor, identificando-se de forma clara, simples e declarando sua intenção de ajuda- primeiro passo para estabelecer vínculo com a vítima. Mantenha-se a uma distância confortável e segura durante a abordagem. Separar a vítima de outras pessoas com objetivo de tranquilizar o ambiente. Muitas vezes a ansiedade dos presentes dificulta a abordagem e o manejo do caso. É indispensável que o interventor tenha atitudes firmes, ordens claras e objetivas, mas não arrogantes. Permitir a vitima que fale, ouvindo-a com cuidado. Isso é fundamental para consolidar o vínculo. Mantenha contato visual enquanto o paciente fala; preste atenção e mostre-se interessado; cuidado em não emitir opiniões precipitadas; não julgue e não critique qualquer atitude dela; mantenha-se neutro. Comporte-se como um profissional em atendimento e não em conversa informal. Dessa forma, você reassegura o paciente, fazendo-o ver que lhe está proporcionando ajuda e que, mesmo o problema sendo difícil, poucos são os realmente insolúveis. Conforme orientações medicas, informe claramente a vitima sobre o que será feito para ajuda-la a sair da crise; assim ela se torna mais cooperativa. Mantenha contato verbal continuamente. Caso tenha que se afastar por algum momento, solicite a algum colega que permaneça junto a ela. Como regra geral, não a deixe sozinha nem por um instante. No caso em que não obtiver o controle da situação pela intervenção verbal, pode ser necessária a contenção física. Para isso, solicitar o apoio de outras pessoas da equipe ou espectadores que demonstrem preparo para colaborar. Se possível, promova a contenção conhecida por ‘’grupo de oito’’, isto é, oito pessoas imobilizam suavemente a vitima, contendo-o dois a dois em nível de cabeça, ombro, quadril e pernas. Lembre-se de manter contato verbal continuo com a vitima durante a contenção, tentando acalma-la, informando que a medida tomada se destina a protege-la. Transporte a vítima para o tratamento definitivo, conforme orientação medica, e forma mais tranquila possível. Não ligar a sirene, pois pode aumentar-lhe a ansiedade e o medo. Todos os pacientes violentos e os suicidas devem ser hospitalizados, mesmo que a crise pareça ter sido controlada. Avaliar o risco de suicido de vítima numa emergência é tarefa difícil. Toda tentativa de suicídio deve ser tratada com seriedade. Sinais de Alto Risco de Suicídio • História de tentativa anterior; • Controle deficiente de impulsos; • Uso de drogas e ou álcool; • Ausência de sistemas de apoio social; • Recente perturbação familiar; Identificar o mais precocemente possível o envolvimento de produtos perigosos no acidente, através das informações iniciais, por meios informais (formato do veículo logotipos, etc.) ou mais formais (painel de risco e rotulo de segurança). • Aproxime-se da cena da emergência com cuidado, tendo o vento pelas costas, tomando como referência o ponto de vazamento do produto perigoso; • Identifique o produto perigoso; • Isole o local do acidente impedindo a entrada de qualquer pessoa; • Solicite a presença do socorro especializado; • Determine as ações iniciais de emergência,recomendadas no manual de emergência de ABIQUIM Placas de advertencias COMO IDENTIFICAR PRODUTOS PERIGOSOS É muito difícil, senão impossível, mesmo para um técnico, identificar, num relance, se um determinado líquido, pó, fumaça ou sólido é um dos chamados produtos perigosos. A imprudência (ou azar) de algumas pessoas, tocando, inalando ou até mesmo ingerindo um destes produtos, acaba com a dúvida, com o aparecimento dos sinais e sintomas de queimaduras ou intoxicações. Cada produto recebeu um número de quatro algarismos, sendo agrupados em nove classes, conforme a similaridade: 1. Explosivos 2. Gases Comprimidos 3. Líquidos Inflamáveis 4. Sólidos Inflamáveis 5. Substâncias Oxidantes 6. Substâncias Tóxicas e Infectantes 7. Substâncias Radioativas 8. Corrosivos 9. Diversos Um produto como sódio é identificado por um rótulo referente à classe: é um painel com o número que identifica o produto Onde localizar Afogamento ’É uma das grandes ironias da mãe natureza que o homem tenha passado os primeiros nove meses de sua existência envolto em água, e o resto de sua existência com medo inerente da submersão’’. (B. A. Gorden). O primeiro esforço organizado na luta contra a morte súbita. 1767 na cidade de Amsterdã. Sociedade de ressuscitação, existente ate os dias de hoje). Quatro anos depois de iniciado o trabalho da Sociedade em Amsterdã, 150 vitimas de afogamento haviam sido salvas seguindo às recomendações (‘’guidelines’’) da época NO BRASIL MORREM ANUALMENTE 7.183 óbitos por afogamento (4,44/100.000 habitantes). A faixa etária mais frequente está entre 20 e 29 anos (20,75%) Estimativa anual de: 260.000 hospitalizações Mais de 1.300.000 resgates em praias, piscinas, lagos, rios e outros. Mais de 600 corpos não encontrados. Segundo DATASUS, afogamento no Brasil é a segunda causa de morte entre 1 a 14 anos de idade. Definição: É a aspiração de liquido causada por submersão ou imersão. O termo aspiração refere-se à entrada de liquido nas vias aéreas (traqueia, brônquios ou pulmões), e não deve ser confundido com ‘’engolir água’’. MECANISMOS DA LESÃO NO AFOGAMENTO No afogamento, a função respiratória fica prejudicada pela entrada de liquido nas vias aéreas, interferindo na troca de oxigênio (O2) – gás carbônico (CO2) de suas formas principais: 1. Obstrução parcial ou completa das vias aéreas superiores por uma coluna de liquido, nos casos de submersão súbita (crianças e casos de afogamento secundário) e ou/; 2. Pela aspiração gradativa de liquido até os alvéolos (a vítima luta para não aspirar). NOVA DEFINIÇÃO Afogamento (Drowning): aspiração de liquido não corporal por submersão ou imersão. Resgate: Pessoa resgatada de água sem sinais de aspiração liquida. Já Cadáver: morte por afogamento sem chances de iniciar ressuscitação, comprovada por tempo de submersão maior que 1 hora ou sinais evidentes de morte a mais de 1 hora: rigidez cadavérica, livores, ou decomposição corporal. CLASSIFIÇÃO Afogamento Primário: quando não existem indícios de uma causa do afogamento. Afogamento Secundário: quando existe alguma causa que tenha impedido a vitima de se manter na superfície da água e, em consequência precipitou o afogamento: Drogas (36,2%) (mais frequente o álcool), convulsão, traumatismos, doenças cardíacas ou pulmões, acidentes de mergulho e outras GRAU DO AFOGAMENTO – CLASSIFICAÇÃO E TRATAMENTO GRAU SINAIS E SINTOMAS PRIMEIROS PROCEDIMENTOS RESGATE Sem tosse, espuma na boca/nariz, dificuldade na respiração ou parada respiratória ou PCR. Avalie e libere do próprio local do afogamento. 1 Tosse sem espuma na boca ou nariz Repouso, aquecimento e medidas que visem o conforto e tranquilidade do banhista Não há necessidade de oxigênio ou hospitalização. 2 Pouca espuma na boca e/ou nariz Oxigênio nasal a 5 litros/min Aquecimento corporal, repouso, tranquilização. Observação hospitalar por 6 a 24h. GRAU SINAIS E SINTOMAS PRIMEIROS PROCEDIMENTOS 3 Muita espuma na boca e/ou nariz com pulso radial palpável. Oxigênio por mascara facial a 15 litros/min no local do acidente. Posição lateral de segurança sob o lado direito. Internação hospitalar para tratamento em CTI. 4 Muita espuma na boca e /ou nariz sem pulso radial palpável. Oxigênio por máscara a 15 litros/min no local do acidente. Observe a respiração com atenção – pode haver parada da respiração. Posição Lateral de Segurança sobre o lado direito. Ambulância urgente para melhor ventilação e infusão venosa de líquidos. Internação em CTI com urgência. GRAU SINAIS E SINTOMAS PRIMEIROS PROCEDIMENTOS 5 Parada respiratória, com pulso carotídeo ou sinais de circulação presente. Ventilação boca-a-boca. Não faça compressão cardíaca. retornar a respiração após espontânea – trate como grau 4 6 Parada Cárdio-respiratória (PCR) Reanimação Cárdio-pulmonar (RCP) Boca-a-boca + 15 compressões cardíaca) Após sucesso da RCP – trate como grau 4. Já cadáver PCR com tempo de submersão > 1h, ou Rigidez cadavérica, ou decomposição corporal e/ou livores. Não inicie RCP, acione o Instituto Médico Legal. 2.Pela aspiração gradativa de liquido até os alvéolos (a vítima luta para não aspirar) Estes dois mecanismos de lesão provocam a diminuição ou abolição da passagem do O2 para circulação e do CO2 para o meio externo, e serão maiores ou menores de acordo com a quantidade e a velocidade em que o liquido foi aspirado. Se o quadro de afogamento não for interrompido, esta redução de oxigênio levara a parada respiratória que consequentemente em segundos ou poucos minutos provocará a parada cardíaca. Há alguns anos, pesava0se que os diferentes tipos de água produziam quadros de afogamento diferentes. Hoje, sabe, os que os afogamentos de água doce, mar ou salobra não necessitam de qualquer tratamento diferenciado entre si. TIPOS DE ACIDENTES NA ÁGUA Síndrome de Imersão Hidrocussão ou Síndrome de Imersão (vulgarmente conhecida como ‘’choque térmico’’) é um acidente desencadeado por uma súbita exposição á água mais fria que o corpo, levando a uma arritmia cardíaca que poderá levar a síncope ou a parada cardiorrespiratória (PCR). Parece que esta situação pode ser evitada se molharmos a face e a nuca antes de mergulhar. Hipotermia – A exposição da vitima à água fria reduz a temperatura normal do corpo humano, podendo levar a perda da consciência com afogamento secundário ou até uma arritmia cardíaca com parada cardíaca e consequentemente morte. Sabemos que todas as vítimas afogadas tem hipotermia, mesmo aquelas afogadas em nosso litoral tropical. Afogamento – descrito adiante. CLASSIFICAÇÃO DO AFOGAMENTO Quanto ao tipo de água (importante para campanhas de prevenção): Afogamento em água doce: piscinas, rios, lagos ou tanques. Afogamento em água salgada: mar. Afogamento em água salobra: encontro de água doce com o mar. Afogamento em outros líquidos não corporais: tanque de óleo ou outro material e outros. Quanto á causa do afogamento (identifica a doença associada ao afogamento): Afogamento Primário: quando não existem indícios de uma causa do afogamento. Afogamento Secundário: quando existe alguma causa que tenha impedido a vítima de se manter na superfície da água e, em consequência precipitou o afogamento: Drogas (36,2%) (mais frequente o álcool), convulsão, traumatismos, doenças cardíacas e/ou pulmonares, acidentes de mergulho e outras. Quanto á gravidade do Afogamento (permite saber a gravidade e o tratamento): Na praia a corrente de retorno (vala) é o local de maior ocorrência de afogamentos (mais de 85% dos casos). É formada por toda massa de água em forma de ondas que quebra em direção a areia e por gravidade tem que retornar ao oceano. No seu retorno a água escolhe o caminho de menor resistência para retornar, aprofundando cada vez mais aquele local, formando um canal que literalmente ‘’puxa’’ para alto mar. Esta corrente de retorno possui três componentes principais, a saber, (figura corrente de retorno): A boca: fonte principalde retorno da água O pescoço: parte central do retorno da água em direção ao mar. A cabeça: área em forma de cogumelo onde se dispersa a correnteza. Sempre que houver ondas, haverá uma corrente de retorno. Sua força varia diretamente com o tamanho das ondas. Pode atingir até 2 a 3mt/seg. Para reconhecer uma corrente de retorno (vala), observe: que geralmente aparece entre dois locais menos rasos (bancos de areia). Que se apresenta como local mais escuro e com o menor número ou tamanho das ondas. Que é geralmente o local onde aparenta maior calmaria. Que apresenta uma movimentação a superfície ligeiramente ondulada em direção contraria as outras ondas que quebram na praia. Como resumo de todo atendimento de Suporte Básico de Vida (BLS) para afogamento, com uso e oxigênio , apresentamos o algoritmo abaixo, onde podemos visualizar a classificação na forma de um fluxograma que se inicia pelo exame primário, reconhecendo em primeiro lugar o ABC da vida até o tratamento especifico para cada grau de afogamento. ‘’Formigamento’’ (anestesia) ou paralisia de qualquer parte do corpo abaixo do pescoço. PREVENÇÃO São as ações baseadas em advertências e avisos a banhistas no sentido de evitar ou ter cuidado com os perigos relacionados ao lazer, trabalho, ou esportes praticados na água. Embora o ato de prevenir possa aparentemente não transparecer a população como – heroico, são eles os alicerces da efetiva redução na morbimortalidade destes casos (ver tabela). As medidas de prevenção podem evitar mais de 85% dos casos de afogamento, e atuam não só na redução da mortalidade como também na morbilidade (lesões decorrentes da doença) por afogamento. Como medida estatística, a prevenção é muito difícil de ser mensurada corretamente já que sua ação resulta em um número incontável de sucessos sem registro. A Associação Americana de Salvamento Aquático – USLA, estima que para cada resgate realizado existam 43 casos de prevenção realizados pelos guarda-vidas em praias. Em termos estatísticos é importante diferenciar entre ato de prevenção e socorro. Prevenção é qualquer medida com objetivo de evitar o afogamento sem que haja contato físico entre a vitima e o socorrista e podem ser divididas em 2 tipos: Prevenção ativa: qualquer ação de prevenção que inclua sinalização de risco ou comportamento, tais como, sinalizar uma corrente de retorno, uma área de risco, uma profundidade na piscina, colocação de uma cerca, um ralo anti-hair, e outros. Prevenção reativa: Qualquer ação de prevenção direcionada a um individuo ou um grupo com a intenção de interromper um afogamento iminente, tais como: o uso de apito ou advertência de um guarda-vidas a um banhista em área de risco. Socorro é toda ação de resgate em que houve necessidade de contato entre o socorrista e a vítima. Calcula-se que a possibilidade que uma pessoa tem de morrer por afogamento quando uma praia protegida por guarda-vidas é de 1 em 18 milhões (0000055%). Na praia a corrente de retorno é o local de maior ocorrência de afogamentos (mais de 85% dos casos). É formada por toda massa de água em forma de ondas que quebra em direção a areia e por gravidade tem que retornar ao oceano. No seu retorno a água escolhe o caminho de menor resistência para retornar, aprofundando cada vez mais aquele local, formando um canal que literalmente – puxa para lato mar. Esta corrente de retorno possui três componentes principais, a saber, (figura corrente de retorno): RECONHEÇA UM AFOGAMENTO E PEÇA QUE LIGUEM 193 Identificar um caso de afogamento antes ou durante a sua ocorrência possibilita tomar atitudes mais precocemente e evitar o agravamento da situação. Preste mais atenção nas pessoas ao seu redor na praia, em rios/lagos ou piscina e antecipe as pessoas que podem se afogar. Fora da água: Pessoas nos extremos da idade – muito jovens ou velhos. Portanto os mais jovens não devem ir à água sem a supervisão de um adulto. Pessoas obesas ou com aparência cansada – são pessoas geralmente sem boas condições físicas. Alcoolizados – são pessoas com a capacidade reduzida de avaliação do perigo e, portanto, com menor prudência. Turistas, imigrantes ou estranhos ao ambiente – são pessoas que não tem noção do perigo no local e devem ser alertadas: cor da pele: muito branca, ou o tipo de bronzeamento ou tonalidade de pele marcada por camiseta. Pelo modo inadequado; de se vestir para a praia (calça comprida, bermuda de brim, camisa quente, casaco, tênis); para o esporte a ser realizado (roupa de mergulho para o surf, óculos de natação para o mergulho, jogando vôlei com bola de futebol). Pelo equipamento que carrega: usando boia de pneu; - surfista com a prancha quebrada, sem parafina, ou amarelada do sol, ou vestido com o Neoprene na areia quente. Pelo comportamento na praia tipo estranho no ninho: forma de se deitar na areia; brincadeiras de rolar na areia; o local que escolhe para ficar na praia (perto a uma corrente de retorno); não observa as sinalizações de perigo; o sotaque; o modo como olha o mar com espanto; pessoas chegando a praia em grupos grandes. Dentro da água: O banhista com potencial para o afogamento: entra na água de forma estranha; eufórico na água com brincadeiras espalhafatosas; Escolhe a corrente de retorne para se banhar; Nada com estilo errado; Fica destacado da maioria das pessoas, boiando na água; olha para a areia constantemente da água; Perde sua prancha e fica desesperado; Namora na água; Não tem idade para entrar em determinado mar; mergulha, sai da água ou fura as ondas de forma estranha; Leva caixotes seguidos na beira e permanece na água cheio de areia na sunga; brinca na água ou na corrente de retorno de costas para a onda; Nada a favor da corrente lateral ou de retorno (perigo iminente); Tem um comportamento assustado quando vem uma onda maior; assusta-se ou corre quando pisa na água; Tampa o nariz quando afunda a cabeça na água. Sinais de uma vítima já se afogando: Expressão facial assustada ou desesperada; Perdendo o pé na água perto de uma corrente de retorno – afunda e volta a flutuar em pé; onda encobre o rosto da vitima que olha para a areia; Nada, mas não sai do lugar; nada contra a força da correnteza; Vítima que nada em pé sem bater as pernas; Vítima com o cabelo caindo na face; Vítima batendo os braços na água sem deslocamento 151 O SUPORTE BÁSICO DE VIDA DENTRO DA ÁGUA Em vítimas inconscientes, a checagem da ventilação e se necessário a realização do boca-a-boca ainda dentro da água, aumenta a sobrevida sem sequelas em 3 vezes. O socorrista deve saber realizar os primeiros socorros ainda dentro da água. Com a estimativa de que o tempo de retorno à área seca pode ser de 3 a 10 vezes maior do que o tempo para atingir a vítima, o conhecimento técnico do suporte básico de vida ainda dentro da água, encurta o tempo de hipoxemia (baixa do oxigênio no sangue) restaurando mais precocemente a ventilação e a oxigenação desta vítima. A preciosa economia destes minutos pode ser a diferença entre a vida e a morte do afogamento. Reconheça o nível de consciência. Se consciente, não há necessidade de suporte de vida dentro da água, somente quando chegar à área seca. Se inconsciente (vítima preta), reconheça a parada respiratória ainda dentro da água – só deve ser realizada com 2 socorristas sem material ou com um socorrista com material de flutuação e quando não houver risco ao socorrista. – Em casos de inconsciência, um sustenta a vítima e o outro abre a vias aéreas e checa a respiração. Em caso de ausência de respiração realiza no máximo 10 ventilações boca-a-boca. Esta medida evita a progressão da Prada respiratória (grau 5) para uma PCR (grau 6). – Caso haja retorno da ventilação, o socorrista resgata a vítima até a área secam observando a cada minuto se a vitima continua respirando. – Caso não obtenha sucesso no retorno da ventilação, considere que a vitima está em PCR e resgate o mais rápido possível a área seca para uma completa ressuscitação cardiopulmonar. – Causas de inconsciência em águasrasas: TRM, Traumatismo Cranioencefálico (TCE), mal súbito (infarto Agudo do Miocárdio (IAM), convulsão, lipotimia, hidrocussão (choque térmico), e afogamento primário em que a vitima foi parar em águas rasas. Métodos de ventilação dentro da água sem equipamento – só é recomendável com dois guarda-vidas ou com um guarda-vidas em água rasa (figura). Com equipamento – Pode ser realizado com apenas um guarda-vidas. O tipo de material deve ser escolhido conforme o local do resgate (veja figura com o pranchão). O material de flutuação deve ser utilizado no tórax superior, promovendo uma espontânea hiperextensão do pescoço e a abertura das vias aéreas. Nota: Casos de ventilação dentro da água não são possíveis de serem realizados com barreira de proteção (mascara), por impossibilidade técnica, sendo aconselhável a realização do boca-a-boca. O risco de adquirir doenças, como HIV nesta situação é uma realidade, embora não exista nenhum caso descrito na literatura em todo mundo ate hoje. É recomendável que todos os profissionais de saúde sejam vaticanos para hepatite B e que verifiquem sua resposta sorológica de anti-HbsAg para certificar-se de sua imunidade adequada. TRAUMATISMO RAQUI-MEDULAR (TRM) EM ACIDENTES AQUÁTICOS O numero de casos de TRM entre todos os socorros aquáticos realizados na área da Barra da Tijuca entre os anos de 1991 e 2000 foi de 0,009%. Portanto o número de TRM em nossa orla não justifica que todo resgate de afogamento seja tratado com imobilização cervical. Portanto só imobilize se houver forte suspeita de trauma cervical. Em contrapartida, os casos de afogamento em águas turvas, piscinas e águas rasas se tem uma incidência maior, e deve ser avaliado caso dependendo do local. Embora várias situações possam determinar a perda da consciência em águas rasas, a prioridade é trata-la como se fosse um TRM, de forma a prevenir uma lesão maior. Em caso de Traumatismo Raqui-Medular (TRM) o cuidado com a coluna cervical e sua imobilização pode ser a diferença entre uma vida saudável e a paralisia definitiva dos 4 membros (tetraplegia). Pensar em TRM dentro da água, quando: Qualquer vítima se afogando em local raso. Qualquer vítima poli traumatizada dentro da água – acidente de barco, aeroplano, avião, prancha, moto-aquática e outros. Vitima testemunhada ou com história compatível com trauma cervical, craniano ou torácico superior dentro da água. Mergulhos de altura na água – Trampolim, cachoeira, quebra-mar, pontes e outros. Mergulho em águas rasas (mergulho ou cambalhotas na beira da água) Surf de prancha, ou de peito. Traumatismos em embarcações. Queda em pé (desembarque de barco em água escura). Esportes radicais na água. Sintomas e sinais sugestivos de TRM: Dor em qualquer região da coluna vertebral. Traumatismo facial ou de crânio. Formigamento (anestesia) ou paralisia de qualquer parte do corpo abaixo do pescoço. Técnica para resgate e imobilização da coluna cervical sem equipamento – ‘’técnica GMAR’’ (figura) – Com a vitima voltada com a face para água – emborcada – coloque suas duas mãos por baixo das axilas e prossiga ate que elas alcancem a face na altura das orelhas. Fixe bem suas mãos na cabeça da vitima e levante a vítima de encontro ao seu tórax procurando manter a cabeça e o pescoço alinhados. Procure posicionar a vítima de forma que sua face fique fora da água e mantenha a vítima contraria as ondas que possam vir, virando se necessário a cada onda. QUANTO VALE A PENA TENTAR A RCP EM AFOGAMENTO? O tempo é fator fundamental para um bom resultado na RCP, e os casos de afogamento apresentam uma grande tolerância a falta de oxigênio, o que nos estimula a tentar a RCP além do limite estabelecido para outras patologias. Inicie a RCP em: Todos os afogados em PCR com um tempo de submersão inferior a uma hora – Três fatos juntos ou isolados explicam o maior sucesso na RCP de afogados – Reflexo de mergulho, a continuação da troca gasosa de O2 – CO2 após a submersão, e a hipotermia. O Centro de Recuperação de Afogados (CRA) tem registrado 13 casos de PCR com submersão maior do que 7 minutos, sendo 8 com mais de 14 minutos ressuscitados com sucesso (2003). Todos os casos de PCR que não apresentem um ou mais dos sinais abaixo; Rigidez cadavérica Decomposição corporal Presença de livores Para uma suposta PCR Asfixica, como em casos de afogamento. A prioridade é aplicar 05 ventilações de resgate depois de assumir com 30 compressões e 2 ventilações (aproximadamente 2 minutos) antes de acionar o serviço de emergência medica (SEM) QUANDO PARAR AS MANOBRAS DE RCP EM AFOGADOS? Se houver resposta e retornar a função respiratória e os batimentos cardíacos; Em caso de exaustão dos socorristas, ou; Ao entregar o afogado a uma equipe medica. Para a equipe medica, a ressuscitação deve ser encerrada apenas quando a vítima estiver com temperatura corporal acima de 34oC e mantivera-se com ritmo de assistolia. Caso contrário a ressuscitação deverá ser mantida. Diretrizes da AHA 2015 para RCP e ACE recomendam... PCR asfixica: O que fazer (5 ventilações de resgate seguido de 30 compressões torácicas / 2 ventilações) x 5 ciclos Prevenção e combate a incêndio TEORIA DO FOGO Sabemos que é difícil prever com exatidão quando irá ocorrer um incêndio e, uma vez iniciado qual será sua proporção, no entanto, através do conhecimento cientifico da dinâmica do fogo, podemos determinar os métodos mais adequados para controlar os incêndios. Segundo a teoria básica do desenvolvimento do fogo, seu efetivo controle e extinção requer um entendimento da natureza físico/química do fogo e isso inclui informações sobre elementos essenciais do fogo, fontes de calor, composição e características dos combustíveis, mecanismos de transferência do calor e as condições necessárias para ocorrência da combustão. Fogo e combustão são termos frequentemente usados como sinônimos, entretanto, tecnicamente, o fogo é apenas uma das formas de combustão. Combustão é uma reação química de oxidação, autossustentável, com liberação de luz, calor, fumaças e gases. Pode-se dizer, ainda que o fogo é a parte visível de uma combustão. Já o incêndio é toda e qualquer combustão rápida, ou seja, fogo, fora do controle do homem, que pode danificar ou destruir bens e objetos e lesionar ou matar seres vivos. Outro conceito diz que o incêndio é uma combustão descontrolada. Ainda neste conceito é importante verificar que o fogo quando aproveitado corretamente fornece grandes benefícios que podem suprir nossas necessidades industriais e domesticas, mas, quando descontrolado, pode causar danos humanos, materiais e ambientais. COMPONENTES ESSENCIAIS DO FOGO Combustível; Comburente (em geral, o oxigênio); Calor ou energia térmica; e Reação química em cadeia; Durante muitos anos, o triangulo do fogo (combustível, oxigênio e calor) foi utilizado para ensinar os componentes do fogo. Ainda que aquele exemplo fosse simples e útil para uso nas instruções, tecnicamente não era totalmente correto. Para que se produza o fogo, necessita-se, na verdade, de quatro elementos. Portanto, para efeito didático, se adota o tetraedro (figura de quatro faces) para exemplificar e explicar o fenômeno do fogo, atribuindo-se, a cada uma das faces, um dos elementos essenciais do fogo, a saber: o combustível (algo que queima), o oxigênio (agente oxidante), o calor 9energia térmica) e a reação química em cadeia. CONSIDERAÇÕES SOBRE O COMBUSTÍVEL É toda a substancia capaz de queimar e alimentar a combustão. É o elemento que serve de campo de propagação ao fogo. Os combustíveis podem ser sólidos, líquidos ou gasosos, e a grande maioria precisa passar pelo estado gasoso para, então, combinar com oxigênio. A velocidade da queima de um combustível depende de sua capacidade de combinar com oxigênio sob a ação do calor e da sua fragmentação (área de contato com oxigênio). Combustíveis Sólidos A maioria dos combustíveis sólidos transformam-se em vapor e, então, reagem com o oxigênio. Outros sólidos (ferros,parafina, cobre, bronze) primeiro transformam-se em líquidos, e posteriormente em gases, para então se queimarem. Quanto maior a superfície exposta, mais rápido será o aquecimento do material e, consequentemente, o processo de combustão. Como exemplo: uma barra de aço exigira muito calor para queimar, mas, se transformada em palha de aço, queimara com facilidade. Assim sendo, quanto maior a fragmentação do material, maior será a velocidade da combustão. Combustíveis Líquidos Os líquidos inflamáveis tem algumas propriedades físicas que dificultam a extinção do calor, aumentando o perigo para os bombeiros. Os líquidos assumem a forma do recipiente que os contem. Se derramados, os líquidos tomam a forma do piso, fluem e se acumulam nas partes mais baixas. Tomando como base o peso da água, cujo litro pesa 1 quilograma, classificamos os demais líquidos como mais leves ou mais pesados. É importante notar que a maioria dos líquidos inflamáveis são mais leves que água e, portanto, flutuam sobre esta. Outra propriedade a ser considerada é a solubilidade do liquido, ou seja, sua capacidade de misturar-se à água. Os líquidos derivados do petróleo (conhecidos como hidrocarbonetos) tem pouca solubilidade, ao passo que líquidos como álcool, acetona (conhecidos como solventes polares) tem grande solubilidade, isto é, podem ser diluídos ate um ponto em que a mistura (solvente polar + água) não seja inflamável. A volatilidade, que é a facilidade com que os líquidos liberam vapores, também é de grande importância, porque quanto mais volátil for o liquido, maior a possibilidade de haver fogo, ou mesmo explosão. Chamamos de voláteis os líquidos que liberam vapores a temperaturas menores que 20o C. Combustíveis Gasosos Os gases não tem volume definido, tendendo, rapidamente, a ocupar todo o recipiente em que estão contidos. Se o peso do gás é menor que o do ar, o gás tende a subir e dissipar-se. Mas, se o peso do gás é maior que o do ar, o gás permanece próximo ao solo e caminha na direção do vento, obedecendo aos contornos do terreno. Para o gás queimar, há necessidade de que esteja em uma mistura ideal com o ar atmosférico, e, portanto, se estiver numa concentração fora de determinados limites, não queimara. Cada gás, ou vapor, tem seus limites próprios. Por exemplo, se num ambiente há menos de 1,4% ou mais de 7,6% de vapor de gasolina nesse local está fora do que se chama de mistura ideal, ou limites de inflamabilidade; isto é, ou a concentração deste vapor é inferior ou é superior aos limites de inflamabilidade Propagação do calor O calor pode se propagar de três diferentes maneiras: condução, convecção e irradiação. Como tudo na natureza tende ao equilíbrio, o calor é transferido de objetos com temperatura mais alta para aqueles com temperatura mais baixa. O mais frio de dois objetos absorvera calor até que esteja com a mesma quantidade de energia do outro. Condução Condução é a transferência de calor através de um corpo solido de molécula a molécula. Colocando-se, por exemplo, a extremidade de uma barra de ferro próxima a uma fonte de calor, as moléculas desta extremidade absorverão calor; elas vibrarão mais vigorosamente e se chocarão com as moléculas vizinhas, transferindo-lhes calor. Essas moléculas vizinhas, por sua vez, passarão adianta a energia calorifica, de modo que o calor será conduzido ao longo da barra para extremidade fria. Na condução, o calor passa de molécula a molécula, mas nenhuma molécula é transportada com o calor. Quando dois ou mais corpos estão em contato, o calor é conduzido através deles como se fossem um só corpo. Convecção É a transferência de calor pelo movimento ascendente de massas de gases ou de líquidos dentro de si próprios. Quando a água é aquecida num recipiente de vidro, pode-se observar um movimento, dentro do próprio liquido, de baixo para cima. À medida que a água é aquecida, ela se expande e fica menos densa (mais leve) provocando um movimento para cima. Da mesma forma, o ar aquecido se expande e tende a subir para as partes mais altas do ambiente, enquanto o ar frio toma lugar nos níveis mais baixos. Em incêndio de edifícios, essa é a principal forma de propagação de calor para andares superiores, quando os gases aquecidos encontram caminho através de escadas, poços de elevadores, etc. Enquanto o ar frio toma lugar nos níveis mais baixos. Em incêndio de edifícios, essa é a principal forma de propagação de calor para andares superiores, quando os gases aquecidos encontram caminho através de escadas, poços de elevadores, etc Irradiação É a transmissão de calor por ondas de energia calorifica que se deslocam através do espaço. As ondas de calor propagam-se em todas as direções, e a intensidade com que os corpos são atingidos aumenta ou diminui à medida que estão mais próximos ou mais afastados da fonte de calor. Um corpo mais aquecido emite ondas de energia calorifica para um outro mais frio até que ambos tenham a mesma temperatura. O bombeiro deve estar atento aos materiais ao redor de uma fonte que irradie calor para protegê-los, a fim de que não ocorram novos incêndios. Para se proteger, o bombeiro deve utilizar roupas apropriadas e água (como escudo). Métodos de Extinção do Fogo Os métodos de extinção do fogo baseiam-se na eliminação de um ou mais dos elementos essenciais que provocam o fogo. Retirada do Material É a forma mais simples de se extinguir um incêndio. Baseia-se na retirada do material combustível, ainda não atingido, da área de propagação do fogo, interrompendo a alimentação da combustão. Método também denominado corte ou remoção do suprimento do combustível. Ex.: fechamento de válvula ou interrupção de vazamento de combustível liquido ou gasoso, retirada de materiais combustíveis do ambiente em chamas, realização de aceiro, etc. Resfriamento É o método mais utilizado. Consiste em diminuir a temperatura do material combustível que está queimando, diminuindo, consequentemente, a liberação de gases ou vapores inflamáveis. A água é o agente extintor mais usado, por ter grande capacidade de absorver calor e ser facilmente encontrada na natureza. A redução da temperatura está ligada á quantidade e à forma de aplicação da água (jatos), de modo que ela absorva mais calor que o incêndio é capaz de produzir. É inútil o emprego de água onde queimam combustíveis com baixo ponto de combustão (menos de 20o C), pois a água resfria até a temperatura ambiente e o material continuará produzindo gases combustíveis. Abafamento Consiste em diminuir ou impedir o contato do oxigênio com o material combustível. Não havendo comburente para reagir com o combustível, não haverá fogo. Com exceção, estão os materiais que tem oxigênio em sua composição e queimam sem necessidade do oxigênio do ar, como os peróxidos orgânicos e o fosforo branco. Conforme já vimos anteriormente, a diminuição do oxigênio em contato com o combustível vai tornando a combustão mais lenta, até a concentração de oxigênio chegar próxima de 8%, onde não haverá mais combustão. Colocar uma tampa sobre um recipiente contendo álcool em chamas, ou colocar um copo voltado de boca para baixo sobre uma vela acessam são duas experiencias praticas que mostram que o fogo se apagara tao logo se esgote o exigenio em contato com o combustível. Pode-se abafar o fogo com uso de materiais diversos, como areia, terra, cobertores, vapor d’água, espumas, pós, gases especiais etc. Quebra da Reação em Cadeia Certos agentes extintores, quando lançados sobre o fogo, sofrem ação do calor, reagindo sobre a área das chamas, interrompendo assim a ‘’reação em cadeia’’ (extinção química). Isso ocorre porque o oxigênio comburente deixa de reagir com os gases combustíveis. Essa reação só ocorre quando há chamas visíveis. Classificação dos Incêndios e métodos de extinção Os incêndios são classificados de acordo com os materiais neles envolvidos, bem como a situação em que se encontram. Essa classificação é feita pera determinar o agente extintor adequado para o tipode incêndio especifico. Entendemos como agentes extintores todas as substancias capazes de eliminar um ou mais dos elementos essenciais do fogo, cessando a combustão. Essa classificação foi elaborada pela NFPA (National Fire Protection Association (Associação Nacional de Proteção a Incêndios/EUA), adotada pela IFSTA (International Fire Service Training Association (Associação Internacional para o Treinamento de Bombeiros/EUA) e também adotada pelas instituições civis e militares que atuam na prevenção e combate a incêndios no Brasil. Incêndio Classe ‘‘A’’ Incêndio envolvendo combustíveis sólidos comuns, como papel, madeira, pano, borracha é caracterizado pelas cinzas e brasas que deixam como resíduos e por queimar em razão do seu volume, isto é, a queima se dá na superfície e em profundidade. Método de extinção Necessita de resfriamento para a sua extinção, isto é, do uso de água ou soluções que a contenham em grande porcentagem, a fim de reduzir a temperatura do material em combustão, abaixo do seu ponto de ignição. Incêndio Classe ‘’B’’ Incêndio envolvendo líquidos inflamáveis, graxas e gases combustíveis. É caracterizado por não deixar resíduos e queimar apenas na superfície exposta e não em profundidade. Método de extinção Necessita para a sua extinção do abafamento ou da interrupção (quebra) da reação em cadeia. No caso de líquidos muito aquecidos (ponto de ignição), é necessário resfriamento. Incêndio Classe ‘’C’’ Incêndio envolvendo equipamentos energizados. É caracterizado pelo risco de vida que oferece ao bombeiro. Método de extinção Para a sua extinção necessita de agente extintor que não conduza a corrente elétrica e utilize o principio de abafamento ou da interrupção (quebra) da reação em cadeia. Esta classe de incêndio pode ser mudada para ‘’A’’, se for interrompido o fluxo elétrico. Deve-se ter cuidado com equipamentos (televisores, por exemplo) que acumulam energia elétrica, pois estes continuam energizados mesmo após a interrupção da corrente elétrica. Incêndio Classe ‘’D’’ Incêndio envolvendo metais combustíveis pirofóricos (magnésio, selênio, antimônio, lítio, potássio, alumínio fragmentado, zinco, titânio, sódio, zircônio). É caracterizado pela queima em altas temperaturas e por reagir com agentes extintores comuns (principalmente os que contenham água). Método de extinção Para sua extinção, necessita de agentes extintores especiais que se fundam em contato com o metal combustível, formando uma espécie de capa que o isola do ar atmosférico, interrompendo a combustão pelo princípio de abafamento. Os pós especiais são compostos dos seguintes materiais: cloreto de sódio, cloreto de bário, monofosfato de amônio, grafite seco. O princípio de retirada do material também é aplicável com sucesso nesta classe de incêndio. Incêndio classe ‘’K’’ Não é verdadeiramente uma classe de incêndio, pois se confunde com classe B, no entanto já aparece na maioria dos textos técnicos mais recentes e tem uma finalidade mais educativa para enfatizar os riscos especiais da classe. São os incêndios em óleo e gorduras do cozinhas, que não devem ser combatidos com água em jato direto. Os métodos mais utilizados para extinguir incêndios de classe K são o abafamento (uso de espuma), a quebra da reação em cadeia (uso de pós químicos) ou ainda o resfriamento com muita cautela Agentes extintores Existem vários agentes extintores, que atuam de maneira especifica sobre a combustão, extinguindo o incêndio através de um ou mais métodos de extinção já citados. Os agentes extintores devem utilizados de forma criteriosa, observando a sua correta utilização e o tipo de classe de incêndio, tentando sempre que possível minimizar os efeitos danosos do próprio agente extintor sobre materiais e equipamentos não atingidos pelo incêndio. Dos vários agentes extintores, os mais utilizados são os que possuem baixo custo e um bom rendimento operacional, os quais passaremos a estudar a seguir: Água É o agente extintor ‘’universal’’. A sua abundancia e as suas características de emprego, sob diversas formas, possibilitam a sua aplicação em diversas classes de incêndio. Como agente extintor a água age principalmente por resfriamento e por abafamento, podendo paralelemente a este processo agir por emulsificação e por diluição, segundo a maneira como é empregada. Apesar de historicamente, por muitos anos, a água ter sido aplicada no combate a incêndio sob a forma de jato pleno, hoje sabemos que a água apresenta um resultado melhor que quando aplicada sob a forma de jato chuveiro ou neblinado, pois absorve calor numa velocidade muito maior, diminuindo consideravelmente a temperatura do incêndio consequentemente extinguindo-o. A água apresenta excelente resultado no combate a incêndios da Classe A, podendo ser usada também na classe B, não podendo ser utilizada na Classe C, pois conduz corrente elétrica. Espuma É uma solução aquosa de baixa densidade e de forma continua, constituída por um aglomerado de bolhas de ar ou de um gás inerte. Podemos ter dois tipos clássicos de espuma: Espuma Química e Espuma mecânica. Espuma Química- é um resultante de uma reação química entre uma solução composta por ‘’água’’, sulfato de alumínio e alcaçuz’’ ou composta por ‘’água e bicarbonato de sódio’’ (está entrando em desuso, por vários problemas técnicos). Espuma Mecânica- é formada por uma mistura de água com uma pequena porcentagem (1% a 6%) de concentrado gerador de espuma e entrada forçada de ar. Essa mistura, ao ser submetida a uma turbulência, produz um aumento de volume da solução (de 10 a 100 vezes) formando a Espuma. Como agente extintor a espuma age principalmente por abafamento, tendo uma ação secundaria de resfriamento, face a existência da água na sua composição. Existem vários tipos de espuma que atendem a tipos diferentes de combustíveis em chamas. Alguns tipos especiais podem atender uma grande variedade de combustíveis. A espuma apresenta excelente resultado no combate a incêndios das Classes A e B. Não podendo ser utilizado na Classe C, pois conduz corrente elétrica. Pó Químico seco (PQS) É um gripo de agentes extintores de finíssimas partículas solidas, e tem como características não serem abrasivas, não serem toxicas mas pode provocar asfixia se inalado em excesso, não conduzir corrente elétrica, mas tem o inconveniente de Contamina o Ambiente sujando-o, podendo danificar inclusive equipamentos eletrônicos, desta forma, deve-se evitar sua utilização em ambiente que possua estes equipamentos no seu interior e ainda dificultando a visualização do ambiente. Atua por abafamento e quebra da reação em cadeia (assunto não abordado nesse manual). Os PQS são classificados conforme a sua correspondência com as classes de incêndios, conforme as seguintes categorias: Pó ABC – composto a base de fosfato de amônio, sendo chamado de polivalente, pois atua nas classes A, B e C; Pó BC – à base de bicarbonato de sódio ou de potássio, indicados para incêndios classes B e C; Pó D – usado especificamente na classe D de incêndio, sendo a sua composição variada , pois cada metal pirofórico terá um agente especifico, tendo por base a grafite misturada com cloretos e carbonetos. Dióxido de Carbono (CO2 – Gás Carbônico) É um gás incombustível inodoro, incolor, mais pesado que o ar, não é toxico, mas sua ingestão provoca asfixia, atua por abafamento dissipa-se rapidamente quando aplicado em locais abertos. Não conduz corrente elétrica, nem suja o ambiente em que é utilizado. O dióxido de carbono apresente melhor resultado no combate a incêndios das classes B e C. Na classe A apaga somente na superfície. Por não deixar resíduos nem ser corrosivo é um agente extintor apropriado para combater incêndios em equipamentos elétricos e eletrônicos sensíveis (centrais telefônicas e computadores). Compostos Halogenados (Halon) São compostos químicos formados por elementos halogênios (flúor, cloro, bromo e iodo). Atuam na quebra da reação em cadeia devido às suas propriedades especificase, de forma secundaria, por abafamento. São ideais para o combate a incêndios em equipamentos elétricos e eletrônicos sensíveis, sendo mais eficientes que o CO2. Assim como o CO2, os compostos halogenados se dissipam com facilidade em locais abertos, perdendo seu poder de extinção. Extintores portáteis São aparelhos de fácil manuseio, destinados a combater princípios de incêndio. Recebem o nome do agente extintor que transportam em seu interior (por exemplo: extintor de água Porque contém água em seu interior). Tipos de Extintores de Incêndio De maneira geral, os extintores classificam-se em: Extintores Portátes; B) extintores Transportáveis (estacionários ou carretas). https://www.youtube.com/watch?v=ixR1bvYA5SA