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QUESTÕES Modernismo - Terceira Fase


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1@professorferretto @prof_ferretto
Modernismo - Terceira Fase
L0209 - (Acafe)
Relacione as colunas, considerando as especificidades e
os diferentes aspectos apontados rela�vamente às obras
e aos respec�vos autores.
 
(1) Guimarães Rosa fundiu
neste romance elementos
do experimentalismo
linguís�co da primeira fase
do modernismo e a
temá�ca regionalista da
segunda fase do
movimento, para criar uma
obra única e inovadora.
 
(__) Os Sertões
 
(2) Romance de Graciliano
Ramos, publicado em 1938,
retrata a vida miserável de
uma família de re�rantes
sertanejos obrigada a se
deslocar de tempos em
tempos para áreas menos
cas�gadas pela seca.
 
(__) “A caçada”, de
Lygia Fagundes Telles.
(3) A relação entre Mar�m e
a protagonista significa a
união entre o branco
colonizador e o índio, entre
a cultura europeia,
civilizada, e os valores
indígenas, apresentados
como naturalmente bons. É
uma espécie de mito de
fundação da iden�dade
brasileira.
 
(__) Grande Sertão:
Veredas
 
(4) Retratando o movimento
de tropas, Euclides da
Cunha constantemente se
prende à individualidade
das ações e mostra casos
isolados marcantes que
demonstram bem o absurdo
massacre dos
“monarquistas” de
Canudos, liderado pelo
“famigerado e bárbaro”
Antônio Conselheiro.
(__) Iracema, romance
de José de Alencar
 
 
(5) Um homem vai a uma
loja de an�guidade e se
depara com um quadro com
uma imagem de mãos
decepadas. A loja “... �nha o
cheiro de uma arca de
sacris�a com seus panos
embolorados e livros
comidos de traça”.
 
(__) Vidas Secas
 
 
A sequência correta, de cima para baixo, é:
a) 4 - 5 - 1 - 3 - 2 
b) 2 - 4 - 3 - 1 - 2 
c) 3 - 1 - 5 - 2 - 4 
d) 5 - 2 - 4 - 3 - 1 
L0216 - (Enem)
Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula
disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da
pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o
nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas
sei que o universo jamais começou.
[…] 
Enquanto eu �ver perguntas e não houver respostas
con�nuarei a escrever. Como começar pelo início, se as
coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-
pré-história já havia os monstros apocalíp�cos? Se esta
história não existe, passará a exis�r. Pensar é um ato.
Sen�r é um fato. Os dois juntos — sou eu que escrevo o
que estou escrevendo. […] Felicidade? Nunca vi palavra
mais doida, inventada pelas nordes�nas que andam por
aí aos montes.
Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de
uma visão gradual — há dois anos e meio venho aos
poucos descobrindo os porquês. É visão da iminência de.
De quê? Quem sabe se mais tarde saberei. Como que
estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. Só
não inicio pelo fim que jus�ficaria o começo — como a
morte parece dizer sobre a vida — porque preciso
registrar os fatos antecedentes.
2@professorferretto @prof_ferretto
LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco,
1988 (fragmento).
 
A elaboração de uma voz narra�va peculiar acompanha a
trajetória literária de Clarice Lispector, culminada com a
obra A hora da estrela, de 1977, ano da morte da
escritora. Nesse fragmento, nota-se essa peculiaridade
porque o narrador 
a) observa os acontecimentos que narra sob uma ó�ca
distante, sendo indiferente aos fatos e às
personagens. 
b) relata a história sem ter �do a preocupação de
inves�gar os mo�vos que levaram aos eventos que a
compõem. 
c) revela-se um sujeito que reflete sobre questões
existenciais e sobre a construção do discurso. 
d) admite a dificuldade de escrever uma história em
razão da complexidade para escolher as palavras
exatas. 
e) propõe-se a discu�r questões de natureza filosófica e
meta�sica, incomuns na narra�va de ficção. 
L0211 - (Enem)
An�ode
 
Poesia, não será esse
o sen�do em que
ainda te escrevo:
 
flor! (Te escrevo:
flor! Não uma
flor, nem aquela
flor-virtude – em
disfarçados urinóis).
 
Flor é a palavra
flor; verso inscrito
no verso, como as
manhãs no tempo.
 
Flor é o salto
da ave para o voo:
o salto fora do sono
quando seu tecido
se rompe; é uma explosão
posta a funcionar,
como uma máquina,
uma jarra de flores.
MELO NETO, J. C. Psicologia da composição.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997 (fragmento).
 
A poesia é marcada pela recriação do objeto por meio da
linguagem, sem necessariamente explicá-lo. Nesse
fragmento de João Cabral de Melo Neto, poeta da
geração de 1945, o sujeito lírico propõe a recriação
poé�ca de 
a) uma palavra, a par�r de imagens com as quais ela
pode ser comparada, a fim de assumir novos
significados. 
b) um urinol, em referência às artes visuais ligadas às
vanguardas do início do século XX. 
c) uma ave, que compõe, com seus movimentos, uma
imagem historicamente ligada à palavra poé�ca. 
d) uma máquina, levando em consideração a relevância
do discurso técnico-cien�fico pós-Revolução
Industrial. 
e) um tecido, visto que sua composição depende de
elementos intrínsecos ao eu lírico. 
L0212 - (Enem)
Leia o que disse João Cabral de Melo Neto, poeta
pernambucano, sobre a função de seus textos:
 
"FALO SOMENTE COMO O QUE FALO: a linguagem
enxuta, contato denso; FALO SOMENTE DO QUE FALO: a
vida seca, áspera e clara do sertão; FALO SOMENTE POR
QUEM FALO: o homem sertanejo sobrevivendo na
adversidade e na míngua. FALO SOMENTE PARA QUEM
FALO: para os que precisam ser alertados para a situação
da miséria no Nordeste."
 
Para João Cabral de Melo Neto, no texto literário, 
a) a linguagem do texto deve refle�r o tema, e a fala do
autor deve denunciar o fato social para determinados
leitores. 
b) a linguagem do texto não deve ter relação com o
tema, e o autor deve ser imparcial para que seu texto
seja lido. 
c) o escritor deve saber separar a linguagem do tema e a
perspec�va pessoal da perspec�va do leitor. 
d) a linguagem pode ser separada do tema, e o escritor
deve ser o delator do fato social para todos os
leitores. 
e) a linguagem está além do tema, e o fato social deve
ser a proposta do escritor para convencer o leitor. 
L0210 - (Enem)
3@professorferretto @prof_ferretto
A imagem integra uma adaptação em quadrinhos da
obra Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa. Na
representação gráfica, a inter-relação de diferentes
linguagens caracteriza-se por 
a) romper com a linearidade das ações da narra�va
literária. 
b) ilustrar de modo fidedigno passagens representa�vas
da história. 
c) ar�cular a tensão do romance à desproporcionalidade
das formas. 
d) potencializar a drama�cidade do episódio com
recursos das artes visuais. 
e) desconstruir a diagramação do texto literário pelo
desequilíbrio da composição. 
L0207 - (Ufpr)
Leia o trecho abaixo, extraído de Sagarana, de João
Guimarães Rosa:
 
Estremecem, amarelas, as flores da aroeira. Há um
frêmito nos caules rosados da erva-de-sapo. A erva-de-
anum crispa as folhas, longas, como folhas de mangueira.
Trepidam, sacudindo as estrelinhas alaranjadas, os ramos
da vassourinha. Tirita a mamona, de folhas peludas,
como o corselete de um caçununga, brilhando em verde-
azul! A pitangueira se abala, do jarrete à grimpa. E o
açoita-cavalos derruba fru�nhas fendilhadas, entrando
em convulsões.
– Mas, meu Deus, como isto é bonito! Que lugar bonito
p’r’a gente deitar no chão e se acabar!...
É o mato, todo enfeitado, tremendo também com a
sezão.
(GUIMARÃES ROSA. “Sarapalha”. Sagarana. Obra
completa (vol. 1). Nova Aguilar, 1994. p. 295.)
 
O trecho extraído do conto “Sarapalha”, do
livro Sagarana, de Guimarães Rosa, exemplifica um
aspecto que está presente em todos os contos do mesmo
livro. Assinale a alterna�va que reconhece esse aspecto
de forma adequada.
a) A religiosidade cristã católica rege as decisões
humanas e transforma os homens e a natureza a par�r
da ação direta de Deus. 
b) A ausência de aliterações e a economia de adje�vos
são recursos u�lizados para representar a aridez da
natureza. 
c) A descrição pormenorizada do espaço �sico visa a
excluir a dimensão psicológica e mís�cada narra�va,
para fortalecer a feição pitoresca da região. 
d) A descrição do meio �sico é mediada pela visão do
narrador, que apresenta a natureza como elemento
tão reversível quanto a condição humana. 
e) São narrados duelos que se travam entre o meio e o
homem e que são vencidos apenas pelo uso da força
�sica e da valen�a. 
L0208 - (Fuvest)
Agora, o Manuel Fulô, este, sim! Um sujeito pingadinho,
quase menino – “pepino que encorujou desde pequeno”
– cara de bobo de fazenda, do segundo �po –; porque
toda fazenda tem o seu bobo, que é, ou um velhote
baixote, de barba rara no queixo, ou um eterno rapazola,
meio surdo, gago, glabro* e alvar**. Mas gostava de
fechar a cara e roncar voz, todo enfarruscado, para
mostrar brabeza, e só por descuido sorria, um sorriso
manhoso de dono de hotel. E, em suas feições de
caburé*** insalubre, amigavam-se as marcas do sangue
aimoré e do gálico herdado: cabelo preto, corrido, que
boi lambeu; dentes de fio em meia-lua; malares
4@professorferretto @prof_ferretto
pontudos; lobo da orelha aderente; testa curta, fugidia;
olhinhos de viés e nariz peba, mongol.
Guimarães Rosa, “Corpo fechado”, de Sagarana.
 
*sem pelos, sem barba **tolo ***mes�ço
 
O retrato de Manuel Fulô, tal como aparece no
fragmento, permite afirmar que 
a) há clara an�pa�a do narrador para com a
personagem, que por isso é caracterizada como “bobo
de fazenda”. 
b) estão presentes traços de diferentes etnias, de modo
a refle�r a mescla de culturas própria ao es�lo do
livro. 
c) a expressão “caburé insalubre” denota o
determinismo biológico que norteia o livro. 
d) é irônico o trecho “para mostrar brabeza”, pois ao fim
da narra�va Manuel Fulô sofre derrota na luta �sica. 
e) se apontam em sua fisionomia os “olhinhos de viés”
para caracterizar a personagem como ingênua. 
L0215 - (Enem)
A par�da de trem
 
Marcava seis horas da manhã. Angela Pralini pagou o táxi
e pegou sua pequena valise. Dona Maria Rita de
Alvarenga Chagas Souza Melo desceu do Opala da filha e
encaminharam-se para os trilhos. A velha bem-ves�da e
com joias. Das rugas que a disfarçavam saía a forma pura
de um nariz perdido na idade, e de uma boca que
outrora devia ter sido cheia e sensível. Mas que importa?
Chega-se a um certo ponto – e o que foi não importa.
Começa uma nova raça. Uma velha não pode comunicar-
se. Recebeu o beijo gelado de sua filha que foi embora
antes do trem par�r. Ajudara-a antes a subir no vagão.
Sem que neste houvesse um centro, ela se colocara do
lado. Quando a locomo�va se pôs em movimento,
surpreendeu-se um pouco: não esperava que o trem
seguisse nessa direção e sentara-se de costas para o
caminho.
Angela Pralini percebeu-lhe o movimento e perguntou:
— A senhora deseja trocar de lugar comigo?
Dona Maria Rita se espantou com a delicadeza, disse que
não, obrigada, para ela dava no mesmo. Mas parecia ter-
se perturbado. Passou a mão sobre o camafeu filigranado
de ouro, espetado no peito, passou a mão pelo broche.
Seca. Ofendida? Perguntou afinal a Angela Pralini:
— É por causa de mim que a senhorita deseja trocar de
lugar?
LISPECTOR, C. Onde es�vestes de noite.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980 (fragmento).
 
A descoberta de experiências emocionais com base no
co�diano é recorrente na obra de Clarice Lispector. No
fragmento, o narrador enfa�za o(a)
a) comportamento vaidoso de mulheres de condição
social privilegiada. 
b) anulação das diferenças sociais no espaço público de
uma estação. 
c) incompa�bilidade psicológica entre mulheres de
gerações diferentes. 
d) constrangimento da aproximação formal de pessoas
desconhecidas. 
e) sen�mento de solidão alimentado pelo processo de
envelhecimento. 
L0214 - (Enem)
Declaração de amor
 
Esta é uma confissão de amor: amo a língua portuguesa
Ela não é fácil. Não é maleável. [...] A língua portuguesa é
um verdadeiro desafio para quem escreve. Sobretudo
para quem escreve �rando das coisas e das pessoas a
primeira capa de superficialismo.
 
Às vezes ela reage diante de um pensamento mais
complicado. Às vezes se assusta com o imprevisível de
uma frase. Eu gosto de manejá-la – como gostava de
estar montada num cavalo e guiá-lo pelas rédeas, às
vezes a galope. Eu queria que a língua portuguesa
chegasse ao máximo em minhas mãos. E este desejo
todos os que escrevem têm. Um Camões e outros iguais
não bastaram para nos dar para sempre uma herança de
língua já feita. Todos nós que escrevemos estamos
fazendo do túmulo do pensamento alguma coisa que lhe
dê vida.
 
Essas dificuldades, nós as temos. Mas não falei do
encantamento de lidar com uma língua que não foi
aprofundada. O que recebi de herança não me chega. Se
eu fosse muda e também não pudesse escrever, e me
perguntassem a que língua eu queria pertencer, eu diria:
inglês, que é preciso e belo. Mas, como não nasci muda e
pude escrever, tornou-se absolutamente claro para mim
que eu queria mesmo era escrever em português. Eu até
queria não ter aprendido outras línguas: só para que a
minha abordagem do português fosse virgem e límpida.
LISPECTOR. C. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro
Rocco, 1999 (adaptado).
 
O trecho em que Clarice Lispector declara seu amor pela
língua portuguesa, acentuando seu caráter patrimonial e
sua capacidade de renovação, é: 
5@professorferretto @prof_ferretto
a) “A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para
quem escreve.” 
b) “Um Camões e outros iguais não bastaram para nos
dar para sempre uma herança de língua já feita.” 
c) “Todos nós que escrevemos estamos fazendo do
túmulo do pensamento alguma coisa que lhe dê
vida.” 
d) “Mas não falei do encantamento de lidar com uma
língua que não foi aprofundada.” 
e) “Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só
para que a minha abordagem do português fosse
virgem e límpida.” 
L0213 - (Enem)
Dois parlamentos
 
Nestes cemitérios gerais
não há morte pessoal.
Nenhum morto se viu
com modelo seu, especial.
Vão todos com a morte padrão,
em série fabricada.
Morte que não se escolhe
e aqui é fornecida de graça.
Que acaba sempre por se impor
sobre a que já medrasse.
Vence a que, mais pessoal,
alguém já trouxesse na carne.
Mas afinal tem suas vantagens
esta morte em série.
Faz defuntos funcionais,
próprios a uma terra sem vermes.
MELO NETO, J. C. Serial e antes. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1997 (fragmento).
 
A lida do sertanejo com suas adversidades cons�tui um
viés temá�co muito presente em João Cabral de Melo
Neto. No fragmento em destaque, essa abordagem
ressalta o(a) 
a) inu�lidade de divisão social e hierárquica após a
morte. 
b) aspecto desumano dos cemitérios da população
carente. 
c) nivelamento do anonimato imposto pela miséria na
morte. 
d) tom de ironia para com a fragilidade dos corpos e da
terra. 
e) indiferença do sertanejo com a ausência de seus
próximos. 
L0259 - (Fuvest)
Sarapalha
 
– Ô calorão, Primo!... E que dor de cabeça excomungada!
– É um instan�nho e passa... É só ter paciência....
– É... passa... passa... passa... Passam umas mulheres
ves�das de cor de água, sem olhos na cara, para não
terem de olhar a gente... Só ela é que não passa, Primo
Argemiro!... E eu já estou cansado de procurar, no meio
das outras... Não vem!... Foi, rio abaixo, com o outro...
Foram p’r’os infernos!...
– Não foi, Primo Ribeiro. Não foram pelo rio... Foi trem-
de-ferro que levou...
– Não foi no rio, eu sei... 1No rio ninguém não anda... 2Só
a maleita é quem sobe e desce, olhando seus
mosqui�nhos e pondo neles a benção... Mas, na
estória... Como é mesmo a estória, Primo? Como é?...
– O senhor bem que sabe, Primo... Tem paciência, que
não é bom variar...
– Mas, a estória, Primo!... Como é?... Conta outra vez...
– 3O senhor já sabe as palavras todas de cabeça... “Foi o
moço-bonito que apareceu, ves�do com roupa de dia-
de-domingo 4e com a viola enfeitada de fitas... E chamou
a moça p’ra ir se fugir com ele”...
– Espera, Primo, elas estão passando... Vão umas atrás
das outras... Cada qual mais bonita... Mas eu não quero,
nenhuma!... Quero só ela... Luísa...
– Prima Luísa...– Espera um pouco, deixa ver se eu vejo... Me ajuda,
Primo! Me ajuda a ver...
– Não é nada, Primo Ribeiro... Deixa disso!
– Não é mesmo não...
– Pois então?!
– Conta o resto da estória!...
– ...“Então, a moça, que não sabia que o moço-bonito era
o capeta, 5ajuntou suas roupinhas melhores numa
trouxa, e foi com ele na canoa, descendo o rio...”
Guimarães Rosa, Sarapalha.
 
No texto de Sarapalha, cons�tui exemplo de
personificação o seguinte trecho:
a) “No rio ninguém não anda” (ref. 1). 
b) “só a maleita é quem sobe e desce” (ref. 2). 
c) “O senhor já sabe as palavras todas de cabeça” (ref.
3). 
d) “e com a viola enfeitada de fitas” (ref. 4). 
e) “ajuntou suas roupinhas melhores numa trouxa” (ref.
5). 
L0260 - (Fuvest)
Sarapalha
 
– Ô calorão, Primo!... E que dor de cabeça excomungada!
6@professorferretto @prof_ferretto
– É um instan�nho e passa... É só ter paciência....
– É... passa... passa... passa... Passam umas mulheres
ves�das de cor de água, sem olhos na cara, para não
terem de olhar a gente... Só ela é que não passa, Primo
Argemiro!... E eu já estou cansado de procurar, no meio
das outras... Não vem!... Foi, rio abaixo, com o outro...
Foram p’r’os infernos!...
– Não foi, Primo Ribeiro. Não foram pelo rio... Foi trem-
de-ferro que levou...
– Não foi no rio, eu sei... 1No rio ninguém não anda... 2Só
a maleita é quem sobe e desce, olhando seus
mosqui�nhos e pondo neles a benção... Mas, na
estória... Como é mesmo a estória, Primo? Como é?...
– O senhor bem que sabe, Primo... Tem paciência, que
não é bom variar...
– Mas, a estória, Primo!... Como é?... Conta outra vez...
– 3O senhor já sabe as palavras todas de cabeça... “Foi o
moço-bonito que apareceu, ves�do com roupa de dia-
de-domingo 4e com a viola enfeitada de fitas... E chamou
a moça p’ra ir se fugir com ele”...
– Espera, Primo, elas estão passando... Vão umas atrás
das outras... Cada qual mais bonita... Mas eu não quero,
nenhuma!... Quero só ela... Luísa...
– Prima Luísa...
– Espera um pouco, deixa ver se eu vejo... Me ajuda,
Primo! Me ajuda a ver...
– Não é nada, Primo Ribeiro... Deixa disso!
– Não é mesmo não...
– Pois então?!
– Conta o resto da estória!...
– ...“Então, a moça, que não sabia que o moço-bonito era
o capeta, 5ajuntou suas roupinhas melhores numa
trouxa, e foi com ele na canoa, descendo o rio...”
Guimarães Rosa, Sarapalha.
 
Tendo como base o trecho “só a maleita é quem sobe e
desce, olhando seus mosqui�nhos e pondo neles a
benção...”, o termo em destaque foi empregado
ironicamente por aludir ao inseto
a) causador da malária. 
b) causador da febre amarela. 
c) transmissor da doença de Chagas. 
d) transmissor da malária. 
e) transmissor da febre amarela. 
L0295 - (Unesp)
Leia o trecho do conto-prefácio “Hipotrélico”, que integra
o livro Tutameia, de João Guimarães Rosa.
Há o hipotrélico. O termo é novo, de impesquisada
origem e ainda sem definição que lhe apanhe em todas
as pétalas o significado. Sabe-se, só, que vem do bom
português. Para a prá�ca, tome-se hipotrélico querendo
dizer: an�podá�co, sengraçante imprizido; ou, talvez,
vice-dito: indivíduo pedante, importuno agudo, falto de
respeito para com a opinião alheia. Sob mais que,
tratando-se de palavra inventada, e, como adiante se
verá, embirrando o hipotrélico em não tolerar
neologismos, começa ele por se negar nominalmente a
própria existência.
Somos todos, neste ponto, um tento ou cento
hipotrélicos? Salvo o excepto, um neologismo contunde,
confunde, quase ofende. Perspica-nos a inércia que
soneja em cada canto do espírito, e que se refestela com
os bons hábitos estadados. Se é que um não se assuste:
saia todo-o-mundo a empinar vocábulos seus, e aonde é
que se vai dar com a língua �da e herdada? Assenta-nos
bem à modés�a achar que o novo não valerá o velho;
ajusta-se à melhor prudência relegar o progresso no
passado. [...]
Já outro, contudo, respeitável, é o caso – enfim – de
“hipotrélico”, mo�vo e base desta fábula diversa, e que
vem do bom português. O bom português, homem-de-
bem e mui�ssimo inteligente, mas que, quando ou
quando, neologizava, segundo suas necessidades
ín�mas.
Ora, pois, numa roda, dizia ele, de algum sicrano,
terceiro, ausente:
– E ele é muito hiputrélico...
Ao que, o indesejável maçante, não se contendo,
emi�u o veto:
– Olhe, meu amigo, essa palavra não existe.
Parou o bom português, a olhá-lo, seu tanto
perplexo:
– Como?!... Ora... Pois se eu a estou a dizer?
– É. Mas não existe.
Aí, o bom português, ainda meio enfigadado, mas
no tom já feliz de descoberta, e apontando para o outro,
peremptório:
– O senhor também é hiputrélico...
E ficou havendo.
(Tutameia, 1979.)
 
De acordo com o narrador, o hipotrélico revela, em
relação à prá�ca do neologismo, uma postura
a) indiferente. 
b) enigmá�ca. 
c) conservadora. 
d) visionária. 
e) inovadora. 
L0296 - (Unesp)
Leia o trecho do conto-prefácio “Hipotrélico”, que integra
o livro Tutameia, de João Guimarães Rosa.
Há o hipotrélico. O termo é novo, de impesquisada
origem e ainda sem definição que lhe apanhe em todas
7@professorferretto @prof_ferretto
as pétalas o significado. Sabe-se, só, que vem do bom
português. Para a prá�ca, tome-se hipotrélico querendo
dizer: an�podá�co, sengraçante imprizido; ou, talvez,
vice-dito: indivíduo pedante, importuno agudo, falto de
respeito para com a opinião alheia. Sob mais que,
tratando-se de palavra inventada, e, como adiante se
verá, embirrando o hipotrélico em não tolerar
neologismos, começa ele por se negar nominalmente a
própria existência.
Somos todos, neste ponto, um tento ou cento
hipotrélicos? Salvo o excepto, um neologismo contunde,
confunde, quase ofende. Perspica-nos a inércia que
soneja em cada canto do espírito, e que se refestela com
os bons hábitos estadados. Se é que um não se assuste:
saia todo-o-mundo a empinar vocábulos seus, e aonde é
que se vai dar com a língua �da e herdada? Assenta-nos
bem à modés�a achar que o novo não valerá o velho;
ajusta-se à melhor prudência relegar o progresso no
passado. [...]
Já outro, contudo, respeitável, é o caso – enfim – de
“hipotrélico”, mo�vo e base desta fábula diversa, e que
vem do bom português. O bom português, homem-de-
bem e mui�ssimo inteligente, mas que, quando ou
quando, neologizava, segundo suas necessidades
ín�mas.
Ora, pois, numa roda, dizia ele, de algum sicrano,
terceiro, ausente:
– E ele é muito hiputrélico...
Ao que, o indesejável maçante, não se contendo,
emi�u o veto:
– Olhe, meu amigo, essa palavra não existe.
Parou o bom português, a olhá-lo, seu tanto
perplexo:
– Como?!... Ora... Pois se eu a estou a dizer?
– É. Mas não existe.
Aí, o bom português, ainda meio enfigadado, mas
no tom já feliz de descoberta, e apontando para o outro,
peremptório:
– O senhor também é hiputrélico...
E ficou havendo.
(Tutameia, 1979.)
 
O efeito cômico do texto deriva, sobretudo, da
ambiguidade da expressão
a) “homem-de-bem”. 
b) “bom português”. 
c) “indesejável maçante”. 
d) “necessidades ín�mas”. 
e) “indivíduo pedante”.

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