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ALICE – MEDICINA – T4 DOENÇA DE CHAGAS TRIPANOSOMA CRUZI • É o protozoário da doença de Chagas; • O T. cruzi possui em seu ciclo biológico nos hospedeiros vertebrado e invertebrado várias formas evolutivas; - Nos vertebrados intracelularmente são encontradas as formas amastigotas e extracelularmente tripomastigotas presentes no sangue circulante; • Os tripomastigotas sanguíneos apresentam variações morfológicas denominadas de polimorfismo; • Experiências demonstraram que diferentes populações de T. cruzi apresentaram ao longo da infecção tripomastigotas sanguíneos delgados a largos; TRIPOMASTIGOTAS SANGUÍNEOS DELGADOS/LARGOS • As formas delgadas são mais infectantes para células; → Fase aguda da doença; → Sensível à imunidade humoral; → O local da entrada das fezes contaminadas na pele escarificada é chamado de chagoma de inoculação primário; - Desenvolvendo parasitemias mais precoces, porém mais sensíveis a ação de anticorpos circulantes; - Sendo assim, tripomastigotas delgados seriam destruídos por anticorpos; - São menos capazes de se desenvolver no vetor que os tripomastigotas largos; - Tripomastigotas delgados parasitam de preferência células do sistema mononuclear fagocitário (SMF) do baço, fígado e medula óssea, sendo chamadas as cepas que assim se comportam de “macrofagotrópicas”; • As formas largas, menos infectantes, demorariam mais a penetrar nas células, desenvolvendo parasitemias mais tardias; → Fase crônica da doença; - Porém, mais resistentes a ação de anticorpos circulantes e, por isso, capazes de permanecer mais tempo na corrente sanguínea; - As cepas que apresentam predomínio de formas largas têm tropismo para células musculares lisa, cardíaca e esquelética, sendo denominadas “miotrópicas”; → Não tem afinidade pelo sistema mononuclear fagocitário; • Independentemente da morfologia de tripomastigotas predominantes, as formas delgadas do parasito seriam relativamente mais frequentes no início da infecção do hospedeiro vertebrado; - Pois ainda não existe uma imunidade humoral específica contra o parasito; - Gradualmente estas formas seriam substituídas pelas formas largas, menos sensíveis a ação de anticorpos e que, portanto, passariam a predominar na fase mais tardia da infecção, quando a imunidade já se estabeleceu; • No hospedeiro invertebrado, são encontradas inicialmente: ALICE – MEDICINA – T4 - Formas esferomastigotas presentes no estômago e intestino do triatomíneo; - Formas epimastigotas presentes em todo o intestino; → Forma adaptada para reprodução assexuada no barbeiro; - Formas tripomastigotas presentes no reto; • O tripomastigota metacíclico constitui a forma mais natural da infecção para o hospedeiro vertebrado; → Forma infectante do T. cruzi; CICLO BIOLÓGICO • O ciclo biológico do T. cruzi é do tipo heteroxênico; → Ciclo indireto: presença de dois hospedeiros; → Nessa doença, não tem hospedeiro definitivo, pois não tem reprodução sexuada em nenhum dos dois hospedeiros; → A doença não é através da picada, o barbeiro contaminado defeca na pele, caso haja coceira, as fezes contaminadas entram na mucosa; - O parasito passa por uma fase de multiplicação intracelular no hospedeiro vertebrado; - Posteriormente, passa pela extracelular no inseto vetor (triatomíneos); CICLO BIOLÓGICO VERTEBRADO • Amastigotas, epimastigotas e tripomastigotas interagem com células do hospedeiro vertebrado; • No mecanismo natural de infecção pelo T. cruzi, os tripomastigotas metacíclicos são eliminados nas fezes e urina do vetor; - Durante ou logo após o repasto sanguíneo; - Penetram pelo local da picada e interagem com células do sistema mononuclear fagocitário da pele ou mucosas; • No local da picada, ocorre a transformação dos tripomastigotas em amastigotas, que aí se multiplicam por divisão binária simples; → Forma crônica: amastigotas. A junção delas formam num ninho amastigota; ALICE – MEDICINA – T4 → O aumento dos ninhos amastigotas ocasiona o aumento do coração e a compressão das coronárias; • A seguir, ocorre a diferenciação dos amastigotas em tripomastigotas, que são liberados da célula hospedeira caindo no interstício; - Estes tripomastigotas caem na corrente circulatória, atingem outras células de qualquer tecido ou órgão para cumprir novo ciclo celular; - Podendo também serem destruídos por mecanismos imunológicos do hospedeiro; • No início da infecção do vertebrado (fase aguda), a parasitemia é mais elevada, podendo ocorrer morte do hospedeiro; - Na espécie humana, a mortalidade nesta fase da infecção ocorre principalmente em crianças; - Quando o hospedeiro desenvolve resposta imune eficaz, diminui a parasitemia e a infecção tende a se cronificar; - Na fase crônica, o número de parasitas é pequeno na circulação, só sendo detectados por métodos especiais; • A evolução e o desenvolvimento das diferentes formas clínicas da fase crônica da doença de Chagas ocorrem lentamente, após 10 a 15 anos de infecção ou mais; • A interação entre o parasito e a célula hospedeira ocorre em três fases sucessivas: - Adesão celular; - Interiorização; - Fenômenos intracelulares; CICLO BIOLÓGICO INVERTEBRADO • Os triatomíneos vetores se infectam ao ingerir as formas tripomastigotas presentes na corrente sanguínea; - No estômago do inseto, eles se transformam em formas arredondadas e epimastigotas; - No intestino médio, os epimastigotas se multiplicam por divisão binária simples, sendo, portanto, responsáveis pela manutenção da infecção no vetor; - No reto, porção terminal do tubo digestivo, os epimastigotas se diferenciam em tripomastigotas, sendo eliminados nas fezes ou na urina; MECANISMO DE TRANSMISSÃO • Transmissão pelo vetor: - Este mecanismo de transmissão é o que tem maior importância epidemiológica; - A infecção ocorre pela penetração de tripomastigotas metacíclicos (eliminados nas fezes ou na urina de triatomíneos, durante o hematofagismo); • Transfusão sanguínea: este constitui o segundo mecanismo de importância epidemiológica na transmissão da doença de Chagas; ALICE – MEDICINA – T4 • Transmissão congênita: - A transmissão ocorre quando existem ninhos de amastigotas na placenta, que liberariam tripomastigotas que chegariam à circulação fetal; • Acidente de laboratório: - Pode ocorrer entre pesquisadores e técnicos que trabalham com o parasito; - A contaminação pode se dar por contato do parasito com a pele lesada, mucosa oral ou ocular ou autoinoculação; • Transmissão oral: - Pode acontecer em várias situações, como na amamentação, pois o T. cruzi já foi encontrado em leite materno na fase aguda da infecção; • Coito: - Este mecanismo de transmissão nunca foi comprovado na espécie humana; - Há apenas relato de encontro de tripomastigotas em sangue de menstruação de mulheres chagásicas e no esperma de pacientes infectados; • Transplante: - Este mecanismo de transmissão pode desencadear fase aguda grave, pois o indivíduo que recebe um órgão transplantado infectado; DOENÇA FASE AGUDA • Pode ser sintomática (aparente) ou sintomática (inaparente). Esta é mais frequente; - Ambas estão relacionadas com o estado imunológico do hospedeiro; - Há predomínio da forma aguda sintomática na primeira infância, levando à morte em cerca de 10% dos casos, devido principalmente a meningoencefalite e mais raramente a falência cardíaca devido a miocardite aguda difusa; • A fase aguda inicia-se através das manifestações locais, quando o T. cruzi penetra na conjuntiva (sinal de Romana) ou na pele (chagoma de inoculação); - Estas lesões aparecemem 50% dos casos agudos dentro de 4-10 dias após a picada do barbeiro, regredindo em um ou dois meses; - Concomitantemente, os linfonodos- satélites são comprometidos e no conjunto forma-se o complexo cutâneo e/ou conjuntivo-linfonodal; • O sinal de Romana se caracteriza por: - Edema bi palpebral unilateral; - Congestão conjuntival; - Linfadenite-satélite, com linfonodos pré-auriculares, submandibulares e outros aumentados de volume, palpáveis; - Celulite do tecido gorduroso periorbitário e palpebral e presença de parasitos intra e extracelulares em abundância; • O complexo cutâneo linfonodal caracteriza-se pelo aparecimento, em qualquer parte do corpo, do chagoma primário; ALICE – MEDICINA – T4 - É representado pela inflamação aguda local na derme e hipoderme, no ponto de inoculação do parasito; - Microscopicamente, a lesão lembra um furúnculo que não chega à supuração, seguida de regressão lenta acompanhada de descamação; • Durante essa fase, as células se rompem, liberando as formas parasitárias, surgindo assim uma infecção aguda focal; - Na segunda semana, já é estabelecida uma imunidade; • Ainda assim, os parasitos não são detidos no foco inflamatório inicial, indo parasitar outros órgãos, tornando- se difusa, grave, podendo levar à óbito; • Macroscopicamente, há um aumento da área cardíaca devido: - Hidropericárdio (distensão do saco pericárdico por excesso de líquido seroso, transparente); - Ao próprio coração que fica globoso; - Flácido e congesto devido à inflamação que acomete pericárdio, miocárdio e endocárdio; • As manifestações gerais são representadas: - Febre; - Edema localizado e generalizado; - Poliadenia (acometimento gânglios linfáticos); - Hepatoesplenomegalia; - Às vezes, insuficiência cardíaca e perturbações neurológicas; FASE CRÔNICA ASSINTOMÁTICA • Após a fase aguda, os sobreviventes passam por um longo período assintomático (10 a 30 anos); • Fase chamada indeterminada (latente), caracterizada pelos seguintes parâmetros: - Exames sorológicos/parasitológicos positivos; - Ausência de sintomas e sinais; - ECG normal; - Coração, esôfago e cólon radiologicamente normais; • 50% dos pacientes chagásicos que tiveram a fase aguda, apresentam essa forma da doença; - Cardite muito discreta na maioria dos casos; - Do ponto de vista imunológico, esta forma parece estar em atividade, dada a presença de anticorpos constantes; - Apesar de assintomática e lesões discretas, tem sido registrado mortes súbitas em pacientes nessa forma da doença; FASE CRÔNICA SINTOMÁTICA • Alguns pacientes chagásicos após permanecerem assintomáticos por vários anos, apresentam sintomatologia relacionada: - Com sistema cardiovascular (forma cardíaca); - Digestivo (forma digestiva); ALICE – MEDICINA – T4 - Ambos/mista (forma cardíaca e digestiva); • Altera a fisionomia anatômica do miocárdio e tubo digestivo (esôfago e cólon, principalmente); • Alguns pacientes podem depois de muitos anos após a infecção inicial apresentar a CCC (cardiopatia chagásica crônica); • Macroscopicamente: - Coração aumentado de volume e peso (cardiomegalia); - Congesto com espessamentos brancos no epicárdio ao longo das coronárias; - Hipertrofia das paredes ventriculares e atriais; - Dilatação dos anéis tricúspide e mitral; - Aneurisma de ponta; FORMA CARDÍACA • Na cardiopatia chagásica crônica sintomática, o fato clínico principal é a ICC (insuficiência cardíaca congestiva); - Devido à diminuição da massa muscular que se encontra destruída; - Devido à destruição do SNA simpático e parassimpático; • Quando os mecanismos de compensação cardíacos se tornam incapazes de superar as deficiências de sua força de contração, surge o quadro de ICC; - Se traduz clinicamente por dispneia de esforço; - Insônia; - Congestão visceral (aumento local do volume de sangue por conta do retorno venoso); - Edema dos membros inferiores, evoluindo em dispneia contínua, anasarca (edema generalizado) e morte; • Outro fator responsável pelas arritmias é a lesão vorticilar ou aneurisma de ponta; - Lesão encontrada no ápice dos ventrículos (por conta da pobreza de células musculares com herniação do endocárdio); • Além da insuficiência cardíaca, devido ao retardamento da circulação e hipóxia, são frequentes os fenômenos tromboembólicos; ALICE – MEDICINA – T4 • Os trombos cardíacos são frequentes; • Podem se formar nas veias dos membros inferiores; • A partir desses trombos, desprendem-se êmbolos que podem originar: - Infarto no coração; - Infarto nos pulmões; - Infarto nos rins; - Infarto no braço; - Infarto no encéfalo; • O comprometimento do sistema autônomo regulador das contrações cardíacas (nó sinusal, atrioventricular e feixe de Hiss), traz como consequência uma gama de perturbações: - Na formação do estímulo (arritmias); - Na propagação (bloqueio atrioventricular de grau variável, bloqueio no ramo direito do feixe de Hiss); • Bloqueio do ramo direito do feixe de Hiss é considerada patognômica (sinal ou sintoma característico) da doença de Chagas; FORMA DIGESTIVA • Dependendo do grau e da extensão das lesões nas terminações nervosas digestivas é que surgem os primeiros sinais de incoordenação motoras acompanhados de alterações da secreção e absorção; • Somente nos casos mais graves, 10 a 20 anos após a infecção inicial, é que surgem em 20% a 30% dos pacientes o megaesôfago e o megacólon; - Dilatações permanentes e difusas de vísceras ocas ou de canais; • Aparecem alterações morfológicas e funcionais importantes: - A incoordenação motora (apertistalse, discinesia, caracterizando o megaesôfago e o megacólon; • O megaesôfago pode surgir em qualquer idade, desde a infância até a velhice; • Principais sintomas: disfagia, odinofagia (dor ao engolir), dor retroesternal, regurgitação, pirose (sensação de ardor), soluço, tosse e sialose (babação); • O megacólon compreende as dilatações dos cólons (sigmoide e reto); - O diagnóstico é feito mais tardiamente porque a obstipação, o sintoma mais frequente do megacólon, é encontrado em outras patias digestivas; - É frequente a associação com o megaesôfago e este fato agrava em muito a desnutrição; • As complicações mais graves do megacólon são a obstrução intestinal e a perfuração, essa levando à peritonite; ALICE – MEDICINA – T4 DOENÇA DE CHAGAS CONGÊNITA • A transmissão pode ocorrer em qualquer momento da gravidez causando: - Abortamentos; - Partos prematuros com nascimento de bebês com baixo peso; - Também natimortalidade; • A cepa do parasito e possíveis lesões prévias da placenta, facilitam a penetração, passando a se localizar nas células de Hofbauer no estroma vilositário; - Atinge a circulação fetal chegando a qualquer célula e órgão do feto; • Macroscopicamente a placenta pode apresentar alterações no volume, peso e coloração; - Pálida, edemaciada e volumosa; DIAGNÓSTICO CLÍNICO • Sinais de romana e chagoma de inoculação; • Febre irregular ou ausente; • Adenopatia satélite ou generalizada, hepatoesplenomegalia; • Taquicardia, edema generalizado ou dos pés fazem suspeitas de fase aguda da doença de Chagas; • As alterações cardíacas acompanhadas de sinais de insuficiência cardíaca confirmadas pelo eletrocardiograma e as alterações digestivas e do esôfago e do cólon (reveladas pelos raios X) fazem suspeitar da fase crônica da doença; DIAGNÓSTICO LABORATORIAL • Exames parasitológicos; • Exames sorológicos; • Exames moleculares (PCR); TRATAMENTO • Benzonidazol. LEISHMANIOSE → Tripanossomatidae; • Osestágios de Leishmania encontrados parasitando os insetos vetores, dos gêneros Phlebotomus e Lutzomyia: - São as formas promastigota e paramastigota; • Nos vertebrados: - A forma encontrada, parasitando intracelularmente os macrófagos, é a amastigota; • Os amastigotas ingeridos pelos insetos vetores rapidamente se transformam em promastigota, a forma típica do vetor; ALICE – MEDICINA – T4 • Os promastigotas, formas infectantes para os vertebrados, são inoculados juntamente com a saliva dos insetos por ocasião da alimentação destes; • Protozoários unicelulares; • Digenéticos (heteróxenos), encontradas nas formas promastigota e paramastigota, livres ou aderidas ao trato digestivo dos hospedeiros invertebrados; • E amastigota, parasito intracelular; • A reprodução ocorre por divisão binária simples em ambos os hospedeiros; • A transmissão ocorre por mecanismo complexo, através da picada do inseto infectado, no momento da hematofagia; MORFOLOGIA • As amastigotas, no interior das células fagocitárias ou livres, dependendo da preparação, quando fixadas e coradas aparecem à microscopia óptica; • As formas flageladas, promastigotas são encontradas no trato digestivo do hospedeiro invertebrado; • As promastigotas metacíclicos são as formas infectantes para os hospedeiros vertebrados; • Leishmania, nas diferentes formas evolutivas, apresenta em sua superfície uma variedade de moléculas muito importantes para relação dos parasitos com hospedeiros; - Determinando a virulência; - Determinando a infecciosidade; - Sobrevivência; - Patogênese; • As formas expressam, entre outras moléculas, um complexo lipofosfoglicano, o LPG. Dentre as proteínas, uma metaloprotease, a gp63; CICLO BIOLÓGICO • Os hospedeiros vertebrados são infectados quando formas promastigotas metacíclicos são inoculadas pelas fêmeas dos insetos vetores, durante o repasto sanguíneo; - Esses insetos possuem aparelho bucal muito curto e adaptado para dilacerar o tecido do hospedeiro, formando condições para obter o sangue durante a alimentação; - A saliva do inseto é inoculada neste ambiente e exerce papel importante como anticoagulante, vasodilatadora e antiagregação de plaquetas, favorecendo o fluxo de sangue e a linfa intersticial para o alimento; • Fatores presentes na saliva de flebotomíneos têm ação quimiotática para monócitos e imunorreguladora; - Capacidade de interagir com os macrófagos, aumentando sua proliferação e impedindo a ação efetora destas células na destruição dos parasitos; → O sistema complemento degrada a membrana plasmática do parasito; • As formas promastigotas metacíclicas são resistentes a lise pelo complemento; - Um dos mecanismos desta resistência é devido, em parte, a modificações estruturais no LPG; • Após a ativação do complemento, frações não se ligariam diretamente a membrana do parasito, devido a cobertura desta pelo LPG; ALICE – MEDICINA – T4 - Sendo assim, o acesso e inserção do complexo seriam dificultados, impedindo sua lise; - Por outro lado, a gp63 também preveniria a ação do complemento, através da clivagem de C3b; • A internalização da Leishmania se faz através da endocitose mediada por receptores na superfície do macrófago; - As promastigotas metacíclicas utilizam a opsonização com C3b para se ligarem a CR1 e CR3 no macrófago; - Estes receptores promovem a fagocitose, sem estimular o aumento da atividade respiratória da célula e a consequente geração de radicais livres; - Através deles, o parasito pode ser prontamente internalizado pelas células de Langerhans da derme; • A promastigota transforma-se em amastigota, capaz de desenvolver e multiplicar no meio ácido encontrado no vacúolo digestivo; - Nestas condições, a gp63 protease atua degradando as enzimas lisossomais; - Mantendo o controle das condições ambientais internas do vacúolo, a amastigota inicia o processo de sucessivas multiplicações; - Na ausência do controle parasitário pela célula hospedeira, esta se rompe e as amastigotas liberadas são, por mecanismo semelhante, internalizadas por outros macrófagos; CICLO BIOLÓGICO / HOSPEDEIRO INVERTEBRADO • A infecção para o hospedeiro invertebrado ocorre no momento do repasto sanguíneo em indivíduo ou animal infectado, das formas amastigotas que acompanham o sangue e/ou a linfa intersticial; • O alimento, no intestino médio do inseto, é rapidamente envolvido por uma membrana quitinosa, secretada pelas células epiteliais do intestino a matriz peritrófica; - No interior desta matriz, após cerca de 18-24 horas, as amastigotas se transformam em flagelados pequenos, ovoides, poucos móveis; • Após aproximadamente três e quatro dias de multiplicação intensa ocorre a transformação em formas promastigotas delgadas e longas; - As moléculas de superfície de Leishmania, como o LPG e gp63, entre outras, exercem papel importante nos eventos que se seguem; - O LPG reveste o parasito de forma a protegê-lo da ação enzimática digestiva no interior da matriz peritrópica; - Por outro lado, a gp63, com sua ação enzimática, exerce papel importante na ruptura da matriz e consequente liberação dos parasitos, antes que o bolo alimentar siga seu percurso intestinal; • As formas liberadas, também por ação do LPG, se ligam as microvilosidades intestinais do inseto, garantindo a sua permanência e desenvolvimento naquele local; - Por volta de três a cinco dias o alimento é digerido e excretado; - Neste tempo, já são encontradas formas flagelas migrantes na porção torácica do intestino médio; - Esta migração é acompanhada pela transformação dos parasitos até na fase de promastigotas metacíclicos; ALICE – MEDICINA – T4 MECANISMO DE TRANSMISSÃO • A transmissão ocorre pela picada de insetos hematófagos conhecidos no Brasil por birigui, mosquito-palha e tatuquira, entre outros; • Ao exercer o hematofagismo, a fêmea do flebotomíneo corta com suas mandíbulas o tecido subcutâneo logo abaixo da epiderme, formando sob esta um afluxo de sangue, onde são inoculadas as formas promastigotas metacíclicas; EVOLUÇÃO • As lesões inicias são semelhantes, independentemente da espécie do parasito; - Esta forma inicial pode regredir espontaneamente, pode permanecer estacionária ou evoluir para um nódulo dérmico no local da picada: histiocitoma; - Nos estágios iniciais da infecção, histologicamente a lesão é caracterizada pela hipertrofia do extrato córneo, com acúmulo de histiócitos nos quais o parasito se multiplica; → Histiocitoma não pode ser considerado o estágio inicial da doença. Só após a epidermólise; • Gradualmente forma-se um filtrado celular circundando a lesão, consistindo principalmente em pequenos e grandes linfócitos, entre os quais alguns plasmócitos; - Como resultado, forma-se no local uma reação inflamatória do tipo tuberculoide; - Ocorre necrose resultando na desintegração da epiderme e da membrana basal que culmina com a formação de uma lesão úlcero-crostosa; • Após a perda da crosta, observa-se uma pequena úlcera com bordas ligeiramente salientes e fundo coberto por exsudato; - Esta lesão progride, desenvolvendo-se em uma típica úlcera leshmaniótica que, por seu aspecto morfológico, pode ser reconhecida imediatamente; - Trata-se de uma úlcera de configuração circular, bordas altas (em moldura), cujo fundo é granuloso, de cor vermelha intensa; ALICE – MEDICINA – T4 → A partir daqui, já pode ser caracterizado como estágio inicial da doença – úlcera leishmaniótica; → Presença de bordas bem delimitadas; FORMAS CLÍNICAS • Um amplo espectro de formas pode ser visto na leishmaniose tegumentaramericana, variando de uma lesão auto resolutiva a lesões desfigurantes; - Esta variação está intimamente ligada ao estado imunológico do paciente; - Ligada também às espécies de Leishmania; • Apesar da ampla variedade de formas clínicas encontrada em pacientes com LTA, podemos agrupá-las em três tipos básicos: - Leishmaniose cutânea (LC); - Leishmaniose cutaneomucosa (LCM); - Leishmaniose cutânea difusa (LCD); LEISHMANIOSE CUTÂNEA • Caracterizada pela formação de úlceras únicas ou múltiplas confinadas na derme, com a epiderme ulcerada; - Resultam em úlceras leishmanióticas típicas, ou então, evoluem para formas vegetantes verrucosas; - A densidade de parasitos nos bordos da úlcera formada é grande nas fases iniciais da infecção, com tendência a escassez nas úlceras crônicas; - A Leishmaniose cutâneo-disseminada é uma variação da forma cutânea e geralmente está relacionada com pacientes imunodeprimidos (AIDS); → Leishmaniose cutânea; LEISHMANIOSE CUTANEOMUCOSA (LCM) • Esta forma clínica é conhecida por espúndia e nariz de tapir ou de anta; - O agente etiológico é a L. braziliensis; → Se for causado por outra espécie, o paciente apresenta imunidade baixa; • Um dos aspectos mais típicos da doença é a frequência com que o parasito produz, meses ou anos após a lesão inicial primária, lesões destrutivas secundárias envolvendo mucosas e cartilagens; • As regiões mais comumente afetadas pela disseminação metastática são o nariz, a faringe, a boca e a laringe; - O primeiro sinal de comprometimento mucoso manifesta-se por eritema e discreto infiltrado inflamatório no septo nasal, resultando em coriza constante e posteriormente, em um processo ulcerativo; ALICE – MEDICINA – T4 - Atinge depois o vestíbulo, as asas do nariz, o assoalho da fossa nasal, o palato mole e a úvula, daí descendo para a faringe, podendo comprometer a laringe e a traqueia; • A destruição do septo provoca mudança anatômica e aumento do órgão, que se constitui no chamado nariz de anta; - Em muitos casos, ocorre completa destruição de toda a estrutura cartilaginosa; - O processo ulcerativo pode atingir os lábios e se propagar pela face. Estas graves mutilações criam ao paciente dificuldades de respirar, falar e se alimentar; LEISHMANIOSE CUTÂNEA DIFUSA (LCD) • Caracteriza-se pela presença de lesões difusas não ulceradas por toda a pele; • Envolve amplas áreas da pele, particularmente, extremidades e outras partes expostas, onde numerosas erupções nodulares não ulceradas são vistas; • Está associado a deficiência imunológica do paciente; DIAGNÓSTICO • Clínico: - O diagnóstico clínico pode ser feito com base na característica da lesão que o paciente apresenta, associado a amamnese; - Deve ser feito o diagnóstico diferencial de outras dermatoses granulomatosas que apresentam lesões semelhantes à LTA e que podem ser confundidas, como: tuberculose cutânea, hanseníase, infecções por fungos (blastomicose e esporotricose); • Laboratorial: - Exame direto de esfregaços corados; - Exame histopatológico; - Cultura; - A PCR tem se mostrado como uma nova opção de diagnóstico de LTA, principalmente em função de sua grande sensibilidade; - Teste de Montenegro (imunológico); ALICE – MEDICINA – T4 TRATAMENTO • Atualmente utiliza-se um antimonial pentavalente; - Glucantime;
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