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Apostila 2023


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Direito Internacional Privado Professor Marcelo José Grimone Introdução.
O Direito Internacional Privado é o ramo do Direito que visa a regular os conflitos de leis no espaço em relações de caráter privado que tenham conexão internacional, determinando qual a norma jurídica nacional que se aplica a esses vínculos, que poderá ser um preceito nacional como estrangeiro.
Desse modo, quando permitido, todas as autoridades competentes, inclusive as judiciais, devem aplicar a norma estrangeira, inclusive de ofício.
Atenção: a autoridade só pode aplicar o Direito estrangeiro quando autorizado pela própria ordem jurídica pátria, ou seja, por aquilo que é normalmente conhecido, no linguaja típico do Direito Internacional Privado, como “lei do foro”, ou Lex fori.
É princípio geral do Direito Internacional Privado o de que a norma nacional a qual a ser aplicada deve ser oriunda da ordem jurídica do Estado com a qual a relação com conexão internacional esteja mais estreitamente ligada.
A determinação dessa norma dependerá da verificação dos chamados elementos de conexão ( vínculo entre uma pessoa ou uma situação e um Estado ou ordem jurídica, como o domicílio, a nacionalidade de uma das partes, o local onde se encontra o bem)
Cada ordenamento jurídico deverá possuir suas próprias normas de Direito Internacional Privado. Conclusão: as normas de Direito Internacional Privado são meramente indicativas e, nesse sentido, servem apenas para apontar qual o preceito, nacional ou estrangeiro, aplicável a uma relação jurídica com conexão internacional.
1 - Características do Direito Internacional Privado:
· Voltado à regulamentação dos conflitos de leis no espaço;
· Norma indicadora do preceito jurídico nacional aplicável a uma relação privada com conexão internacional: norma de sobredireito;
· Exceção ao princípio da territorialidade e possibilidade de aplicação do Direito Estrangeiro;
· Norma nacional a ser aplicada deve ser aquela com a qual a relação jurídica com conexão internacional esteja estreitamente ligada;
· Elementos de conexão: definidos pelo próprio ordenamento estatal;
· Fontes: internas e internacionais.
2 - Objeto
· Disciplinar a solução dos conflitos de leis no espaço, definindo qual o ordenamento jurídico nacional aplicável a uma relação privada com conexão internacional.
· Regular questões pessoais de interesse internacional
· Regulamentar a cooperação jurídica internacional
· Tutelar o reconhecimento de direitos adquiridos no exterior.
3- Fontes
As fontes do Direito Internacional Privado têm origem no Direito Interno ou no Direito Internacional. São fontes: as leis, os tratados, o costume, a jurisprudência, a doutrina, os princípios gerais do Direito, os princípios Gerais do Direito Internacional Privado, os atos de organizações internacionais e os Tratados.
A Lei
A principal fonte de Direito Internacional Privado no Brasil é a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, antiga lei de Introdução ao Código Civil, que reúne, entre os artigos 07 e 19, as regras básicas da matéria no ordenamento jurídico pátrio.
Outro importante diploma legal para o Direito Internacional Privado brasileiro é o Código de Processo Civil ( CPC), que regula temas como as competência internacional e a homologação de sentença estrangeira.
Tratados.
Objetivo é uniformizar o tratamento de certas questões e de conferir, maior estabilidade e segurança às relações sociais.
No Brasil, vigoram vários tratados de Direito Internacional, dentre os quais o mais conhecido é a Convenção de Direito Internacional Privado, de 1928, conhecido como Código de Bustamante.
Conferência de Haia de Direito Internacional Privado
A Conferência de Haia tem como objetivo a unificação progressiva das regras de Direito Internacional Privado no mundo.
Direito Público	Direito Privado
	· Regulação da Sociedade Internacional
· Normas de aplicação direta
· Regras	estabelecidas	em	normas internacionais
· Regras de Direito Internacional Público
	· Conflitos de normas de leis no espaço
· indicação de norma nacional aplicável
· Normas indicativas
· Normas	estabelecidas	em	normas internacionais ou internas
· Regras de Direito Internacional Público e
Privado
Direito Internacional Privado. Professor Marcelo Grimone. 4 - Conflito de normas de Direito Internacional
Os conflitos de normas de Direito Internacional Privado devem ser resolvidos como se resolvem os conflitos de leis civis, comerciais, processuais. São conflitos da mesma natureza, no fundo e na realidade, sempre conflitos entre a lei do foro e a lei estranha. E devem ser solucionados todos com justiça, equidade, sem prevenções discriminatórias.
O Direito Internacional Privado é o ramo do direito que contém normas de direito interno de cada país, que autorizam o juiz nacional a aplicar ao fato interjurisdicional a norma a ele adequada, mesmo que seja alienígena.
4.1 - Matéria de Fato e Matéria de Direito
Até os fins do séc. XIX, o direito estrangeiro era considerado matéria de fato.
No séc. XX, as normas de DIPr passaram a ter um grau realmente de positividade.
Assim, enquanto matéria de fato a sua prova representava uma obrigação imprescindível pela parte interessada, sob pena de o juiz do foro não reconhecer o seu direito. Já, enquanto matéria de direito, a sua prova pode deixar de ser feita, a não ser naqueles casos em que o juiz, por ignorá-la, passa a determinar a sua produção por parte do interessado mas também deve pesquisá-lo para alcançar o ideal de justiça.
4.2 - A norma de Direito Internacional Privado e sua estrutura:
· A norma de Direito Internacional Privado indica qual o preceito, nacional ou estrangeiro, aplicável à solução de um conflito de leis no espaço.
· A norma de Direito Internacional Privada é, portanto, uma regra meramente indicativa, que apenas aponta qual o preceito que deve incidir sobre um caso concreto, sem apresentar a conduta a ser seguida, que constará da norma indicada, a qual pode ser nacional ou estrangeira.
· A norma a ser aplicada a uma relação privada com conexão internacional dever ser apontada pela Lex fori. Com isso, é o próprio ordenamento do Estado que indicará o preceito, nacional ou estrangeiro, que regulará um vínculo desse tipo.
· A norma de Direito Internacional divide-se em duas partes:
4.3 - O objeto de conexão e o elemento de conexão.
O objeto de conexão descreve a matéria à qual se refere à norma ( personalidade, capacidade, direitos de família)
O elemento de conexão é o critério que determina o Direito nacional aplicável à matéria. São exemplos de elementos de conexão o domicílio, a nacionalidade, a Lex fori, a Lex loci delicti comissi, a Lex loci executionis, a Lex rei sitae e a autonomia da vontade das partes.
O direito Internacional Privado inclui também normas de caráter conceitual ou qualificador, que informam como uma regra indicativa deve ser interpretada e aplicada ou que podem proibir sua execução, como os preceitos referentes à ordem pública.
4.4 - Elemento de conexão
O elemento de conexão é, assim, fator de vinculação, de ligação a determinado sistema jurídico, porque é através dele que sabemos qual o direito aplicável.É o vínculo que relaciona um fato qualquer a determinado sistema jurídico.
Estatuto pessoal: o domicílio
O domicílio encontra-se consagrado como elemento de conexão no ordenamento jurídico brasileiro no caput do artigo 7 da LINB, que define que “A lei do país em que for domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e dos direito de família.
Estatuto pessoal: a nacionalidade: também chamado de Lex patriae, aplica-se aos conflitos de leis a norma do Estado do qual a pessoa é nacional.
No passado, a nacionalidade foi o critério predominante no mundo e principal elemento de conexão adotado pelo Brasil. No entanto, o critério ainda é empregado na ordem jurídica pátria, conforme o artigo 18 da LINB.
Lex Fori
Fora dos critérios vinculados ao estatuto pessoa, o elemento de conexão mais comum é o da Lex fori, pelo qual é aplicável a lei do lugar do foro,ou seja, a norma do lugar onde se desenvolve a relação jurídica.
A Lex fori é a regra referente à própria aplicação do Direito Internacional Privado, cujas normas são exatamente aquelas em vigor na legislação interna. O critério incide também quando o Direito estrangeiro não puder ser aplicado ou não for verificável.
Lex rei sitae
Incide a norma do lugar onde está situada a coisa. O elemento de conexão Lex rei sitae tem por objeto o regime dos bens e é, portanto, o parâmetro aplicável aos bens imóveis e aos bens móveis de situação permanente. Com isso, os conflitos de leis relativos aos direitos reais regem-se pelo princípio da territorialidade.
Lex loci delicti comissi
Pelo elemento de conexão Lex loci delicti comissi, é aplicável a norma do lugar onde o ato ilícito foi cometido. É o critério que se refere às obrigações extracontratuais que induzem à responsabilidade civil pela prática de ato ilícitos e é empregada, por exemplo, em questões relativas à poluição ambiental, à concorrência desleal
Lex loci executionis/Lex loci solutionis
Determina a aplicação da norma do local de execução de um contrato ou de uma obrigação.
A regra Lex loci executionis é aplicável aos contratos de trabalho, os quais, ainda que tenham sido celebrados no exterior, são regidos pela norma do local de execução das atividades laborais. É o que estabelece a Súmula 207 do TST, que reza expressamente que “A relação jurídica trabalhista é regida pelas leis vigentes no país da prestação de serviço e não por aquelas do local da contratação.
Locus regit actum/Lex contractus/lugar de constituição da obrigação
Se aplica a um conflito de leis no espaço a norma do lugar em que a obrigação foi contraída.
Autonomia da Vontade
Possibilita que as próprias partes escolham do Direito Nacional aplicável a uma relação privada com conexão internacional.
A própria jurisprudência pátria reconhe a autonomia da vontade, embora limitando-a a ordem pública. Ordem pública
A ordem pública refere-se aos aspectos fundamentais de um ordenamento jurídico e da própria estrutura do Estado e da sociedade. Nesse sentido, abrange também as noções de soberania nacional e de bons costumes.
A incompatibilidade da norma estrangeira aplicável a um conflito de leis do espaço com a ordem pública impede sua incidência;
Vide artigo 15 da LINDB.
Direito Adquirido
O direito adquirido é aquele ao qual uma pessoa faz jus ao preencher os requisitos para a sua aquisição e que, uma vez obtido, não pode ser retirado.
O direito adquirido sob a égide de um ordenamento jurídico estatal acompanha a pessoa em outro Estado e é neste reconhecido, sem o que restaria desrespeitada a própria soberania do ente estatal onde o indivíduo obteve esse direito.
No entanto, o direito adquirido não será acolhido se ofender a ordem pública, obedecendo, portanto, à regra geral de que o Direito estrangeiro não pode ser aplicado no território de outro ente estatal quando não estiver em consonância com os valores essenciais de sua ordem jurídica. Exemplo típicos de direitos adquiridos que não poderiam ser reconhecidos no Brasil por ferirem a ordem pública pátria seriam relacionados a um casamento poligâmico, que não existe no ordenamento brasileiro.
5 - Conflito de leis no espaço
A regra é aplicação do direito pátrio, aplicando-se o direito estrangeiro apenas excepcionalmente, ou seja, quando expressamente determinado pela legislação interna. Nesses casos, o juiz deve aplicá-lo de ofício e do modo mais completo possível.
Como vimos, não se deve aplicar, no entanto, o direito estrangeiro, determinado pela norma de direito internacional privado (“ norma colisional”), quando verificar que fere a ordem pública, a soberania ou os bons costumes, ou quando os interessados estiverem tentando fraudar a legislação interna.
5.1 Normas indiretas. Elementos de conexão
Normas indiretas ( ou indicativas) são as que apontam o Direito aplicado a um caso concreto, sem solucioná-lo. Cumpre ressaltar que trata de relação jurídica de direito privado com conexão internacional.
Dividem-se em unilaterais e bilaterais.
Unilaterais => indicam uma única regra a ser aplicada, geralmente o direito interno, exemplo artigo 10, parágrafo primeiro da LINDB.
Bilaterais => conjugam a aplicação do Direito Interno com o Direito Internacional, exemplo artigo 10, caput, da LINDB.
Objeto de Conexão e elemento de conexão: compõem a estrutura da norma indicativa.
· Objeto de Conexão: retrata a matéria de uma norma indicativa do Direito Internacional Privado ( capacidade jurídica, forma de um testamento)
· Elemento de conexão: viabiliza a resolução do Direito a ser empregado no caso concreto ( Pessoais, Elementos formais ou relativos aos atos jurídico, elementos reais).
6 - Considerações à LINDB
Artigo 7. A lei do país em que for domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família
Uma da primeiras questões a serem enfrentadas em direito internacional privado diz respeito à personalidade. Vários sistemas existem para fixar o momento de seu início, bem como de seu fim.
· Segue-se a regra geral: aplicar o ordenamento do país do domicílio, inclusive para determinar a capacidade.
Com relação ao início da personalidade, aplica-se a lei do domicílio dos pais no momento do nascimento, como ensina Maria Helena Diniz, não importando o país onde a criança nasça. No caso de os pais terem domicílio internacionais diferentes, a Lei de Introdução determina que se aplique a lei do domicílio do pai, porém, em face da isonomia determinada pela Constituição Federal, essa norma é discutível. Observe-se que, em se tratando de verificação do início da personalidade para fins de sucessão, aplica-se a lei a lei de regência desta ( último domicílio do sucedido). Outra ressalva a se realizada refere-se à ordem pública: o direito brasileiro não admite penas de morte civil, de modo que a extinção da personalidade derivada desse tipo de sanção não será levada em consideração no Brasil.
Com relação às pessoas jurídicas, professa, demais disso, Maria Helena Diniz que o início e o fim de sua personalidade são regidos pela lei do local de constituição. O direito brasileiro, portanto, reconhece a existência de qualquer pessoa jurídica constituída regularmente segunda as leis do seu país de origem. Contudo, uma coisa é reconhecer sua personalidade, outra coisa é permitir o exercício de suas atividades no Brasil. Para este fim, exige-se que o governo brasileiro tenha aprovado os seus atos constitutivos, ficando sujeitas as pessoas jurídicas à legislação brasileira.
Embora a doutrina defenda que cada ato deve ficar sujeito a apenas uma legislação, em diversas hipóteses mais de um ordenamento irá reger determinado ato. No caso do casamento, por exemplo, há a possibilidade de sujeição a diversos ordenamentos jurídicos, cada qual regendo alguns aspectos do instituto. A capacidade para casar segue a regra geral: o domicílio de cada um dos nubentes.
§ 1° Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração.
· A autoridade celebrante também deve ter capacidade, a qual é aferida pela lei de seu domicílio. Como essa capacidade também é um requisito forma para a celebração, concomitantemente deve ser reconhecida pela lei do local da celebração.
§2° O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes.
Se ambos os nubentes forem da mesma nacionalidade, o direito brasileiro permite que se casem no Brasil perante as autoridades diplomáticas ou consulares, utilizando-se o procedimento e os demais requisitos formais do país de origem. É um exceção à regra pela qual as formalidades se regem pela lei do local de celebração.
O casamento no exterior de brasileiros, mesmo que domiciliados fora do Brasil, poderá ser celebrado perante a autoridade consular brasileira, desde que ambos os nubentes sejam brasileiros. Logo, impossível será o casamento diplomáticoentre uma brasileira e um estrangeiro ou apátrida ( segundo Maria Helena Diniz)
§3° Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal.
· A norma estabelece a necessidade de se aferir a validade do casamento em função da lei do
°§4° O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, à do primeiro domicílio conjugal.
Quanto ao regime de bens, legal ou convencional, aplica-se o vigente no local em que os nubentes tenham domicílio, ou , caso sejam domiciliados em países diferentes, o ordenamento vigente no primeiro domicílio conjugal.
§5° O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro
· Excepciona-se o princípio da imutabilidade do regime de bens, permitindo que o estrangeiro casado, ao se naturalizar brasileiro, opte pelo regime da comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros.
6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais
08 – Considerações Derradeiras à LINDB Situações de bens e relações a eles concernentes
Regra: Para qualificar os bens e discipliná-los, aplica-se a lei do local onde estão situados. Exceções:
· No caso de bens móveis em deslocamento, aplica-se a lei do domicílio do proprietário.
· Quanto aos navios e aeronaves, a doutrina predominante afirma que se aplica a lei do local da matrícula
· Em se tratando de apólices de dívida pública, aplica-se a lei do emitente
· Caso a discussão sobre determinado bem se fundamente em direito sucessório, aplica-se a lei que rege a sucessão.
· Na matéria da capacidade para adquirir, vender e doar bens, observamos a lei que rege a capacidade em geral ( domicílio)
Artigo 8° Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados.
· Lex rei sitae
· Os conflitos de lei no espaço relativos aos direitos reais regem-se pelo princípio da territorialidade.
§ 1° Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens móveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares.
· Trata-se da aplicação da Lex domicilii do proprietário referente aos bens móveis que trouxer consigo.
§ 2° O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada.
Obrigações
Regra:
Legislação Vigente => É aplicação do direito vigente no local de constituição da obrigação Obrigação convencional contratada entre ausentes=> reger-se-á	pela lei do país onde residir o proponente, pouco importando o momento e o local da celebração contratual.
Artigo 9° Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem.
§ 1° Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato.
· A obrigação contraída no Brasil será observada segundo a lei brasileira, atendendo às peculiaridades da lei estrangeira em relação à forma extrínseca.
§ 2° A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente.
· A obrigação resultante do contrato se constitui no lugar em que residir o proponente, sendo aplicável quando os contratantes estiverem em Estados diversos, enquanto o artigo 435 do Código Civil reputa celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.
· Tratando-se da obrigação convencional contratada entre ausentes, que se regerá pela lei do país onde residir o proponente, pouco importando o momento e o local da celebração contratual.
· No caso de obrigações legais, devem-se observar as normas geralmente aplicáveis àquele ramo jurídico ( Ex. obrigações alimentares, regem-se pela lei domiciliar da família) ou pelas leis do local do dano, caso sejam ex delicto
· No caso de obrigações voluntárias, a solução da lei brasileira é a aplicação do direito vigente no local de constituição da obrigação.
· Em se tratando de contratos celebrados a distância, a Lei brasileira acolhe a lei do local onde esteja o proponente ( residir) , mas a doutrina e jurisprudência entendem que se trata do local onde ele esteja, para compatibilizar com o Código Civil.
Artigo 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que era domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.
§1° A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulado pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de que os representes, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.
§2° A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regulará a capacidade para suceder. Teoria da unidade sucessória
Caso haja conflito de leis quando do de cujus, existem três sistemas para sua solução, a saber:
1°) Sistema da unidade sucessória: só uma lei deve reger a transmissão causa mortis. Lei essa que poder ser tanto a da nacionalidade quanto a do domicílio do de cujus.
2°) sistema de pluralidade sucessória: aplica-se a lei da situação da coisa. Assim, se os bens do de cujus encontrarem-se em mais de um país, haverá juízos sucessórios diversos;
3°) sistema misto: aos imóveis aplica-se a lei da situação da coisa, e aos demais bens aplica-se a lei do domicílio ou da nacionalidade do autor da herança.
O artigo supra adotou a teoria da unidade sucessória, uma vez que, enquanto não ocorrer a partilha, os bens do de cujus ou do ausente constituirão uma universalidade ( unidade de patrimônio), que deve ser regida por um só direito – o do domicílio.
Portanto, a sucessão ocorre no local do último domicílio do de cujus vigente ao tempo de sua morte, pouco importando a sua nacionalidade ou a de seu sucessor, bem como o local da situação dos seus bens.
Lei do domicílio do de cujus na sucessão causa mortis
Aberta a sucessão, no último domicílio do autor da herança, estará determinada também a competência do foro para os processos relacionados à herança, sendo a mesma absoluta.
Caso o de cujus tivesse várias residências, será competente o foro onde o inventário foi requerido em primeiro lugar.
A lei do domicílio do autor da herança vigente ao tempo de sua morte determinará:
a) A instituição e a substituição da pessoa sucessível;
b) A ordem de vocação hereditária, quando se tratar de sucessão legítima;
c) A medida dos direitos sucessórios dos herdeiros ou legatários, sejam eles nacionais, sejam estrangeiros;
d) Os limites da liberdade de testar;
e) A existência e a proporção da legítima do herdeiro necessário;
f) A causa da deserção;
g) A colação;
h) A redução das disposições testamentárias;
i) A partilha dos bens do acervo hereditário;
j) O pagamento das dívidas do espólio
Comoriência
Não tendo o referido artigo tratado da comoriência, se ela ocorrer, deve ser observada e lei do domicílio de cada um dos de cujus quanto à sucessão, conforme dispõe o artigo 29 do Código de Bustamante: As presunções de sobrevivência ou de morte simultânea, na falta de prova, serão reguladas pela lei pessoal de cada um dos falecidos em relação à sua respectiva sucessão
Morte presumida e sucessão
Em caso de ausência, aplicar-se-à a lei dodomicílio do ausente no que se refere às condições da declaração da ausência, aos efeitos dela decorrentes e aos eventuais direitos do ausente, seja qual for a natureza e a localização dos bens que compõem seu patrimônio
Se o ausente, todavia, não tiver tido domicílio no Brasil, o juiz brasileiro não poderá declarar sua ausência, proceder à sua sucessão provisória, processar inventário e partilha, bem como declarar a presunção de morte em caso de sucessão definitiva.
Lei disciplinadora da capacidade para suceder do herdeiro e do legatário
A regra do parágrafo segundo do artigo 10 LINDB deve ser interpretada restritivamente. Assim, a expressão capacidade para suceder deve ser entendida de suceder na herança ( à luz do artigo 1787 do CC).
A capacidade para ter direito à sucessão, regida pela lei do domicílio do autor da herança ( artigo 10 caput) é diferente da capacidade de agir, relativa aos direitos sucessórios ( aptidão para suceder ou para aceitar ou exercer direitos do sucessor), que é regida pela lei pessoal do herdeiro ou sucessível ( artigo 10, parágrafo segundo)
O parágrafo segundo trata da aptidão para exercer o direito de suceder e é regulado pela lei pessoal do herdeiro. Cuida apenas da qualidade para herdar do sucessível.
Variação da ordem de vocação hereditária em benefício do cônjuge.
A regra é a de que a sucessão legítima deve ser dar segundo a ordem do artigo 1829 do CC, que estabelece que uma classe só será chamada a suceder na falta de herdeiros da classe precedente.
Exceções:
a) Artigo 5, XXXI da CF e artigo 10, parágrafo primeiro do LINDB
b) Artigo 1821 do CC
Bibliografia
Portela, Paulo Henrique, Direito Internacional Público e Privado, 4 edição, Salvador: Editora Juspadivm.
7 - Institutos Básicos do Direito Internacional Privado
Introdução
A Lex fori tem várias acepções no direito internacional privado. Cada Estado possui normas próprias de direito internacional privado no seu ordenamento jurídico.
A regra básica, portanto, é a de que o juiz aplica sempre a norma de direito internacional privado vigentes no lugar do foro, ou seja, a Lex fori. Essas normas são, na grande maioria, normas indicativas
ou indiretas, designando meramente o direito aplicável a uma relação jurídica de direito privado com conexão internacional, mas não solucionando a causa materialmente.
Exemplo: Se, num processo de divórcio, em trâmite judicial perante a justiça brasileira, as partes discordam em relação à partilha dos bens, e se estas, antes de contraírem núpcias, tiveram o seu domicílio na Suíça, o juiz e seus advogados precisam estar atentos.
“Artigo 7, parágrafo 4˚ da LINDB estabelece que o regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, à do primeiro domicílio conjugal.”
O juiz executa duas operações consecutivas para a aplicação do direito ao julgar uma causa de direito privado com conexão internacional.
1) Determina o direito aplicável conforme a norma de direito internacional privado vigente no seu país.
2) Aplica esse direito à causa sub judice. Teoria da Qualificação
Noções Introdutórias:
Conforme afirma Dolinger (2003), qualificação “é um processo técnico-jurídico sempre presente no direito, pelo qual se classifica ordenadamente os fatos da vida relativamente às instituições criadas pela Lei ou pelo Costume, a fim de bem enquadrar as primeiras nas segundas, encontrando-se assim a solução mais adequada e apropriada para os diversos conflitos que ocorrem nas relações humanas.”
Em relação à qualificação, equaciona Dolinger (2003):
 (
QUALIFICAR
CLASSIFICAR
=
CONCEITUAR
+
)
Já nas palavras de Godinho (2010):
“A teoria da qualificação é a operação através da qual o juiz verifica, antes de decidir, qual é a instituição jurídica correspondente aos fatos provados nos autos. A qualificação implica dois procedimentos: a) ela determina a característica fundamental da unicidade da situação jurídica em relação a um caso concreto e b) determina a norma de Direito Internacional Privado aplicável, o que exige a interpretação das normas relacionadas de Direito Internacional Privado.”
Assim, à guisa de exemplo, ensina Dolinger (2003):
“Quando uma pessoa falece e se abre o respectivo inventário, há de se distinguir os direitos de meação, decorrentes do regime de bens que vigorou para o casamento do falecido e do cônjuge sobrevivente, dos direitos hereditários a que fazem jus os filhos e/ ou demais herdeiros e legatários. Não havendo herdeiros necessários, o cônjuge sobrevivente pode figurar como meeiro e como herdeiro. A distinção entre meação e os direitos hereditários exigirá a correta qualificação de ambos institutos.”
Desta feita, vemos que é de suma importância à classificação e a conceituação correta dos componentes fáticos e jurídicos para que se possa ter uma justa aplicação das normas jurídicas.
· A Qualificação no Direito Internacional Brasileiro:
Contudo, no entendimento de Dolinger,(2003), o direito internacional privado brasileiro, “apresenta um sistema coerente, que veda o reenvio e que aplica a qualificação da Lex fori, só abrindo duas exceções para a lex causae em matéria de bens e contratos.
Da mesma forma, partilha Godinho o entendimento de que se aplica a qualificação da lex fori, só abrindo duas exceções para a lex causae no que concerne a matéria de bens e contratos. Ademais, acrescenta que a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro indica a preferência pela lex fori, o que também ocorre no Código de Bustamante.As exceções são encontradas no artigo 8°, LINDB, para bens – que se qualificam pela Lex res sitae – ou no caput do artigo 9°, que qualifica obrigações pela lex loci contractus.
7.2 - Qualificação Prévia
De acordo com o elemento de conexão, são aplicáveis, exclusivamente, as regras jurídicas de interpretação vigentes conforme a Lex fori.
Entretanto, é ainda questão controvertida na doutrina como deve ser interpretado, ou melhor, qualificado, o objeto de conexão de uma norma de direito internacional privado.
O problema da qualificação está ligado ao fato de o direito aplicável a uma relação jurídica de direito privado com conexão internacional ser ou o direito interno ou o direito estrangeiro, isso dependerá do conteúdo da norma indicativa.
Diante de um objeto de conexão de uma norma indicativa ou indireta de direito internacional privada de conteúdo vago e aberto poderá causar dificuldades.
A doutrina apresenta três teorias acerca da qualificação:
1) Qualificação pela Lex fori;
2) Qualificação pela Lex causae
3) Qualificação por referências a conceitos autônomos e universais.