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Gestão Escolar - Administração, Coordenação e Supervisão na Educação Básica - EAD indd

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GESTÃO ESCOLAR: 
ADMINISTRAÇÃO, COORDENAÇÃO 
E SUPERVISÃO NA EDUCAÇÃO 
BÁSICA
PROF.A MA. BIANCA CRISTINA DOS SANTOS
Reitor:
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica:
Maria Albertina Ferreira do 
Nascimento
Diretoria EAD:
Prof.a Dra. Gisele Caroline 
Novakowski
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Fernando Sachetti Bomfim
Marta Yumi Ando
Simone Barbosa
Produção Audiovisual:
Adriano Vieira Marques
Márcio Alexandre Júnior Lara
Osmar da Conceição Calisto
Gestão de Produção: 
Cristiane Alves
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não 
vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, 
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica 
e profissional, refletindo diretamente em nossa 
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente 
e busca por tecnologia, informação e conheci-
mento advindos de profissionais que possuam 
novas habilidades para liderança e sobrevivên-
cia no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino 
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de 
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes 
atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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UNIDADE
01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................................................4
1. FUNÇÃO SOCIAL DA EDUCAÇÃO E DA ESCOLA ...................................................................................................5
2. HISTÓRICO DA GESTÃO ESCOLAR BRASILEIRA.................................................................................................6
3. CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO E A ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR .................................................................10
4. GESTÃO DE SISTEMA EDUCACIONAL E GESTÃO DA ESCOLA PÚBLICA .........................................................12
5. GESTÃO DA EDUCAÇÃO: TENDÊNCIAS ATUAIS ................................................................................................. 17
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................ 20
ADMINISTRAÇÃO, DIREÇÃO OU GESTÃO DA 
ESCOLA: CONCEPÇÕES, ESCOLAS TEÓRICAS
PROF.A MA. BIANCA CRISTINA DOS SANTOS
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
GESTÃO ESCOLAR: ADMINISTRAÇÃO, COORDENAÇÃO E 
SUPERVISÃO NA EDUCAÇÃO BÁSICA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Com o objetivo de de� nir as bases para a gestão escolar a partir dos conceitos de 
administração, coordenação e supervisão, o presente material discorre sobre os principais 
acontecimentos que propiciaram mudanças na concepção de educação e instituição escolar, 
rede� nindo seus objetivos, bem como estabelecendo diferentes maneiras de organizar o ensino.
Para basear nossos estudos nesta unidade, se faz necessário começarmos revisando a 
função social da escola e qual o sentido da educação. Em seguida, discorreremos sobre alguns 
movimentos sociopolíticos que contribuíram para a construção de uma concepção ampla de 
educação.
Com base nos modelos de gestão resultantes desses acontecimentos, buscamos de� nir 
os conceitos de administração e administração escolar. Sobre isso, também apresentamos alguns 
dos segmentos que compõem e estruturam o Sistema de Educação brasileiro.
Por � m, buscamos dissertar sobre as tendências atuais na gestão educacional, considerando 
as in� uências de organismos internacionais e as perspectivas sociais do sistema capitalista.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1. FUNÇÃO SOCIAL DA EDUCAÇÃO E DA ESCOLA
Para discorrer sobre a função social da escola, partimos da necessidade de transmissão 
cultural, seja por sua importância no processo de socialização ou na necessidade de preservação 
e desenvolvimento da vida humana. Por isso, neste item da unidade, abordaremos o processo de 
hominização e humanização, com base nos escritos de Leontiev (2004) para explicar a importância 
desta instituição formadora, transformadora e disseminadora do conhecimento: a escola.
O processo de hominização levou a transformações que nos proporcionaram um cérebro 
altamente desenvolvido, com inúmeras capacidades, como raciocínio abstrato, linguagem e 
resolução de problemas. O Homo Sapiens, resultado de transformações genéticas que propiciaram 
a evolução da espécie humana, é hoje o estado mais acabado do homem; depois disso, não tivemos 
mudanças ou alterações genéticas que possam ser consideradas signi� cativas. 
A partir de então, há a necessidade do desenvolvimento dos processos de humanização que 
acabam por provocar a materialização e a organização da sociedade sob classes e apropriações de 
operações motoras e mentais, decorrentes do processo independente de objetivação e apropriação. 
Para este processo de humanização, era preciso que as novas aquisições de conhecimento se 
� xassem para que fossem transmitidas às gerações seguintes, pois, diferentemente do processo 
de hominização, que � xa suas mudanças genéticas de maneira que são passadas – quase que 
naturalmente – de geração em geração, não é possível � xar as novas aquisições nas heranças 
biológicas, mas sim na cultura. 
Leontiev (2004) a� rma que, diferentemente do desenvolvimento dos animais submetidos 
às leis biológicas, o desenvolvimento humano submete-se às leis sócio-históricas, já que o homem 
não apenas se adapta, mas modi� ca a natureza por meio do trabalho e, para isso, cria objetos, 
meios de produção, chamados de cultura material, na qual estão incorporadas as operações de 
trabalho historicamente elaboradas e conhecimentos, isto é, o saber sobre a produção, chamado 
cultura intelectual.
Para suprir a necessidade da transmissão dessa cultura, ao longo da história foram 
estabelecidas diferentes formas de organização e disseminação do conhecimento, como tutores, 
preceptores, escolas religiosas.
A escola é, então, a instituição responsável por organizar e disseminar o conhecimento e 
a cultura socialmente produzida de maneira que aquilo que fora descoberto não se perca entre 
as gerações, mas sirva de base para novas conquistas cientí� cas, políticas e sociais. Sacristán e 
Gómez (1998, p. 14) a� rmam que
A escola, por seus conteúdos, por suas formas e por seus sistemas de organização, 
introduz as concepções, as disposições e os modos de conduta que a sociedade 
adulta requer. Dessa forma, contribui decisivamente para a interiorização das 
ideias, dos valores e das normas da comunidade.
Os autores também discorrem sobre dois objetivos principais no que se refere à função 
social da escola: incorporação no mundo do trabalho e intervenção na vida pública. Sobre isso, é 
importante indicar que a preparação para o trabalho não diz respeito apenas aos conhecimentos, 
habilidades e capacidades formais, mas ao comportamento, disciplina, observância à hierarquia, 
ideias e resiliência.
Na responsabilidade quanto à formação cidadã, a escola deve preparar os alunos para 
manter a dinâmicae o equilíbrio na participação pública, pautando-se em normas de convivência 
que compõem o tecido social da comunidade, já que, atualmente,
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[...] o mundo da economia parece requerer, tanto na formação de ideias 
como no desenvolvimento de disposições e condutas, exigências diferentes às 
que demanda a esfera política numa sociedade formalmente democrática na 
qual todos os indivíduos, por direito, são iguais perante a lei e as instituições 
(SACRISTÁN; GÓMEZ, 1998, p. 15).
Porém, os autores acusam que, ao tentar seguir uma lógica de mercado, para o trabalho 
e uma vida socialmente e economicamente ativa, a escola acaba por reforçar a competitividade, 
falta de solidariedade e individualismo. Com isso, sua capacidade de transformação social 
é contestada, já que mesmo com todas as suas atribuições, ainda assim, produz e reproduz os 
mesmos problemas sociais que tenta resolver.
Dessa forma, considerando as inevitáveis in� uências sociais e culturais exercidas, a escola 
deve possibilitar a re� exão crítica sobre o processo de socialização, utilizando os conhecimentos 
ali disponíveis como ferramentas de análises para compreender as origens e mecanismos que 
causam a reprodução das desigualdades, dentre outros fenômenos sociais e econômicos. Além 
de procurar atender às demandas da sociedade sob uma organização inclusiva e democrática, 
por meio do reconhecimento e respeito à diversidade, visando, além dos objetivos curriculares, à
construção de uma cultura de paz e solidariedade.
2. HISTÓRICO DA GESTÃO ESCOLAR BRASILEIRA
A trajetória das políticas e da gestão da educação no Brasil, incluindo seus processos de 
regulação e avaliação, é permeada por disputas de projetos e concepções distintas sobre o papel 
do Estado, a relação entre os entes federados e suas obrigações constitucionais, bem como a 
interpretação da relação entre esferas públicas e privadas.
Saviani (2019) apresenta o percurso das ideias pedagógicas no Brasil que serviram de base 
para a organização da educação e de instituições escolares. Para isso, classi� ca quatro períodos:
• a chegada dos portugueses e o monopólio da vertente religiosa da Pedagogia;
• a coexistência entre as vertentes religiosas e leigas da Pedagogia Tradicional;
• o predomínio da Pedagogia Nova;
• a con� guração da concepção pedagógica produtivista. 
Em todos eles, � ca clara a necessidade de oferecer uma educação adequada a outras 
necessidades sociais. Historicamente, no Brasil, inúmeros movimentos sociopolíticos contribuíram 
para a construção de uma concepção ampla de educação. A � m de facilitar a compreensão em 
relação ao contexto histórico desses acontecimentos, discorreremos, a seguir, sobre alguns deles.
Em 1824, foi publicada a primeira Constituição brasileira; no texto, é reconhecido o 
direito de instrução primária gratuita, e esse período é marcado pelo método Lancaster (Ensino 
Mútuo), conforme o qual um aluno já treinado ensinava a um grupo de até dez alunos, sob a 
vigilância de um professor-inspetor. Na imagem a seguir, é possível observar a representação de 
uma sala de aula segundo o Ensino Mútuo.
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Figura 1 – Ensino Mútuo – Lancaster, 1810. Fonte: História da Educação (2019).
No texto da Constituição de 1891, percebemos a proposta de desenvolvimento econômico 
por meio da instrução escolar, por isso houve a criação da instituição de Ensino Secundário e 
Superior. O país passava por um período de transformações nas relações de trabalho que, com 
suas modi� cações históricas, passou a exigir valores como disciplina e responsabilidade fabril, 
bem como operações básicas de linguagem e raciocínio, características que di� cilmente poderiam 
ser transmitidas pelas famílias que viviam em comunidades na sociedade agrária. Era preciso, 
então, liberar os mais novos para estudar e aprender as habilidades necessárias para esse mercado 
e, com isso, ao retornar a ele, dedicar-se mais e melhor, tornando-se produtivos, disciplinados e 
maleáveis aos tipos de organização que se � zessem presentes no ambiente de trabalho.
Aproximadamente, no � nal da década de 1920, o movimento Escola Nova, de renovação 
do ensino, foi especialmente forte na Europa e, no Brasil, evidenciou-se após a publicação do 
Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, em 1932. O chamado Escolanovismo causou signi� cativo 
impacto nas políticas sociais, acusando o fato de que a organização da educação, até então, não 
estava sendo capaz de propiciar as mudanças de que o país precisava, pautando-se na educação 
como elemento e� caz para a construção de uma sociedade democrática, devendo considerar as 
diversidades e respeitar as individualidades do aluno como sujeito apto para re� etir e inserir-se 
em uma sociedade economicamente ativa, como um cidadão atuante e democrático. 
Numa época marcada por signi� cativo empenho para alfabetizar, a constituição de 1934 
buscou traçar diretrizes para a educação nacional de maneira a difundir a instrução pública em 
todos os graus. Para isso, até mesmo as empresas com mais de 50 funcionários, que tivessem, pelo 
menos, dez analfabetos, seriam obrigadas a lhes proporcionar ensino primário gratuito. É citada, 
pela primeira vez, a necessidade de uma Lei especí� ca para de� nir quais as diretrizes e bases da 
educação brasileira.
A constituição de 1937 buscou � xar as bases e determinar os quadros da educação 
nacional, traçando algumas diretrizes que deveriam abordar a formação física, intelectual e moral 
da infância e da juventude. A escola deveria subsidiar e facilitar a educação dada pela família. 
Nesse período, a aprendizagem pro� ssional é bastante discutida, sendo dever das indústrias e dos 
sindicatos econômicos criar, na esfera da sua especialidade, escolas de aprendizes, destinadas aos 
� lhos de seus operários ou de seus associados. Na época, o então Ministro da Educação, Gustavo 
Capanema, propôs estruturar a Educação Pro� ssional no Brasil, sob o argumento de preparar a 
população para a nova era da industrialização. 
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Citada na constituição de 1937, na constituição de 1946, é reforçada a importância da 
família na educação de seus � lhos. Também se observa, mais uma vez, o compromisso das 
empresas para com a aprendizagem de seus funcionários, devendo prover meios de capacitação 
para os mais novos, e as indústrias com mais de cem funcionários eram obrigadas a manter o 
ensino primário gratuito para os trabalhadores e seus � lhos. 
Em 1961, depois de anos de debates, no dia 20 de dezembro, foi publicada a Lei de Diretrizes 
e Bases da Educação. O texto deixa clara a diminuição da centralização do poder da União e do 
Ministério da Educação (MEC), propiciando maior autonomia aos estados, regulamentando os 
Conselhos Estaduais e o Conselho Nacional de Educação.
A educação, durante o período de ditadura no Brasil, é marcada pela parceria entre 
MEC e United States International for Development (USAID), com diversos acordos que foram 
responsáveis por reformas na organização do ensino no Brasil. Tais acordos instalaram a educação 
tecnicista, que visava à neutralidade cientí� ca, inspirada nos princípios de racionalidade, 
e� ciência e produtividade. Na época, o sistema de gestão no Brasil ainda estava em adaptação e 
tendia para uma mentalidade empresarial tecnocrata.
Figura 2 – Curso pro� ssionalizante no laboratório de uma escola estadual em Curitiba, década de 1970. Fonte:
Beltrão (2017).
Em 1971, outro texto da Lei das Diretrizes e Bases da Educação é publicado, prevendoa inclusão da educação moral e cívica, educação física e artística, programas de saúde e ensino 
religioso. Os recursos públicos não mais se limitavam a atender as instituições públicas de ensino, 
mas há uma progressiva substituição do ensino de 2º grau gratuito por sistemas de bolsas em 
instituições privadas. 
Na atual constituição, publicada em 1988, a educação como direito passa a ser dever, 
primeiramente, do Estado, seguido da família. Visa à igualdade de condições para o acesso e a 
permanência na escola, o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, bem como a coexistência 
de instituições públicas e privadas de ensino. O termo “gestão democrática” é citado pela primeira 
vez em Lei.
As reformas no âmbito educacional ganharam força a partir da crise do Estado de 
Bem‐estar, na década de 1990, quando, em todo o mundo, ocorreu um reordenamento das 
políticas sociais, calcadas no contexto de descentralização do Estado. Foi uma época marcada 
por importantes reformas políticas, educacionais e governamentais, materializadas por meio de 
legislações, � nanciamento de programas e uma série de ações não governamentais que, seguindo 
orientações de organismos internacionais, visavam ao sistema produtivo. 
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Mediante o desenvolvimento de competências e habilidades especí� cas aos alunos, como a 
versatilidade, capacidade de inovação, comunicação, � exibilidade, o intuito era a promoção de 
um sistema produtivo capaz de enfrentar o desa� o da construção de uma sociedade capitalista 
moderna, pautada na competitividade.
Em 1996, é publicada a Lei 9394/96, mais uma versão da Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional, que cita novamente a Gestão Democrática como base para a organização do 
ensino público e a progressiva autonomia pedagógica e administrativa dos recursos � nanceiros 
nas unidades escolares. Tal Lei também prevê um núcleo comum para o currículo do ensino 
fundamental e médio e uma parte diversi� cada em função das peculiaridades locais. E, em seu 
artigo 87, conta com a criação de um Plano Nacional de Educação.
Em 2014, é sancionada a Lei 13.005, aprovando o Plano Nacional de Educação com 
vigência até 2024 que, tal como resume Saviani (2014), visa à:
• erradicação do analfabetismo;
• universalização do atendimento escolar;
• superação das desigualdades educacionais;
• melhoria da qualidade da educação;
• formação para o trabalho e para a cidadania;
• gestão democrática da educação pública; 
• promoção humanística, cientí� ca, cultural e tecnológica do país;
• aplicação de recursos públicos em educação tendo como referência o percentual do 
Produto Interno Bruto (PIB);
• valorização dos pro� ssionais da educação;
• promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à 
sustentabilidade socioambiental. 
Todos esses acontecimentos na história do Brasil representaram signi� cativas mudanças 
no modo de organização do ensino e, ao analisarmos, podemos explicar nossa atual organização 
educacional. 
É possível perceber que a gestão do ensino no país perpassa, primeiramente, a 
responsabilidade das famílias. Quanto ao professor, cabia a responsabilidade de organizar e 
� scalizar as ações dos alunos. Mesmo quando o Estado toma para si a incumbência de promover 
a educação, ainda busca apoio na família e em outras instituições sociais.
Minto (2012, p. 195) a� rma que “[...] a elaboração das leis que regulam a gestão/ 
administração educacional está ligada a um contexto histórico de alteração nos rumos do 
capitalismo mundial e brasileiro”.
Seguindo modelos de organização internacional, o Brasil busca descentralizar o 
compromisso da Federação para com diversos setores e dá autonomia � nanceira e organizacional 
aos Estados e Municípios, que passam, também, a propiciar maior autonomia para os gestores e 
professores.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Por muito tempo, a escola foi considerada como uma instituição à parte da sociedade e de 
seus problemas. Frequentar a escola era como frequentar um mundo paralelo para se preparar e, 
então, retornar ao mundo real. Com as mudanças ocorridas na perspectiva educacional no Brasil, 
forti� ca-se a ideia da escola como integrante da comunidade, devendo interagir com ela e abrir 
espaço para redes de cooperação.
3. CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO E A ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Nesta onda de mudanças e disputas na concepção de qual seria a maneira mais adequada 
para organizar o ensino no Brasil, é preciso conhecer o conceito de administração e administração 
no contexto escolar para então compreendermos alguns dos motivos pelos quais tais termos foram 
tão discutidos em diversas publicações, textos e em eventos de educação no país, até chegarmos 
hoje à chamada Gestão Democrática.
Paro (1999) cita a necessidade da atividade administrativa para a vida humana, já que 
administrar é, em qualquer circunstância ou local, obedecer a princípios de planejamento, 
análise e solução de problemas, organização de recursos (humanos ou � nanceiros), negociações, 
tomadas de decisões, controle e avaliação.
Porém, Oliveira, Morais e Dourado (2008) apontam para a importância em diferenciar a 
noção geral de administração e a administração na escola, considerando o fato de que esta é uma 
instituição social, que visa ao desenvolvimento das relações de ensino e aprendizagem, isto é, a 
socialização do conhecimento, diferenciando-se de uma empresa, que visa ao lucro e à produção 
de algo – geralmente – palpável.
Assim, � xados à ideia de que o conhecimento não pode ser comparado a um produto, 
os autores a� rmam que os procedimentos adotados na escola não poderiam ser idênticos aos 
adotados numa empresa, pois administrar uma instituição de ensino não se resume à aplicação 
de métodos e técnicas.
O texto de Nicholas Davies apresenta um resumo sobre a educação 
nas Constituições Federais e está disponível em: <https://seer.
ufrgs.br/fi neduca/article/view/83538/50570>.
Sobre o movimento da Escola Nova e o Manifesto dos Pioneiros 
de 1932, é possível obter maiores informações assistindo ao vídeo 
Manifesto dos Pioneiros da Educação, disponível no YouTube, pelo 
link: <https://www.youtube.com/watch?v=zAV1T1H1WCw>.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A seguir, apresentamos um quadro para de� nir algumas especi� cidades da organização 
de uma escola em comparação a uma empresa.
Organização escolar Organização empresarial
Visa à produção de bens não materiais, à 
medida que o produto não se separa do 
processo de sua produção.
Tem como principal objetivo a produção 
de bens materiais e capital.
Aluno é sujeito e objeto no processo de 
produção e socialização do conhecimento 
historicamente produzido.
Os fi ns da atividade humana são a produ-
ção de mercadorias, visando à obtenção de 
lucro.
A formação humana é o principal objetivo 
da construção da identidade escolar.
Os fi ns da atividade humana são a produ-
ção de mercadorias.
Devido à sua função social (atender a to-
dos) e ao fato de seu objeto de trabalho 
ser o próprio homem, não pode escolher 
a matéria-prima com a qual vai trabalhar.
Escolhe a matéria-prima de acordo com o 
item que deseja produzir.
Quadro 1 – Comparação entre organização escolar e empresarial. Fonte: A autora.
Pautando-se na análise do quadro apresentado, podemos resumir que a principal 
diferença entre a organização escolar e a empresarial diz respeito ao capital humano. Oliveira, 
Morais e Dourado (2008, p. 2) sintetizam tal ideia ao a� rmarem que
[...] a natureza do processo pedagógico da escola impossibilitaa generalização 
do modo de produção autenticamente capitalista, uma vez que o estudante é, 
ao mesmo tempo, objeto (bene� ciário, estando presente no ato da produção) e 
sujeito do ato educativo, já que participa ativamente da atividade pedagógica.
Considerando, portanto, o trabalho escolar numa esfera não material, voltado para a 
formação de sujeitos históricos, tem como objetivos: 
• a formação do sujeito crítico e autônomo;
• a formação do homem enquanto ser social;
• a organização de meios adequados para a produção e a socialização do conhecimento;
• a sistematização do saber historicamente produzido pelos homens nas relações sociais.
Considerando o fato de que a administração educacional traz, em si, especi� cidades 
que a diferenciam da administração capitalista, devido, sobretudo, “[...] à natureza do trabalho 
pedagógico da instituição escolar e, ainda, dos objetivos que esta pretende alcançar” (OLIVEIRA; 
MORAIS; DOURADO, 2008, p. 3), podemos a� rmar, então, que os objetivos do trabalho escolar 
não são os mesmos que os de uma empresa. A forma de organizar sua atividade pedagógica precisa, 
também, ter um caráter diferenciado, devendo romper com a lógica organizativa predominante 
na gestão empresarial. Sobre isso, os autores também a� rmam que 
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[...] essa concepção de administração escolar, voltada para a transformação 
social, contrapõe-se à manutenção da centralização do poder na instituição 
escolar e nas demais organizações, primando, portanto, pela participação dos 
seus usuários, na gestão da escola e na luta pela superação da forma como a 
sociedade está organizada (OLIVEIRA; MORAIS; DOURADO, 2008, p. 4).
Portanto, os objetivos da organização escolar e os da organização empresarial, mais do 
que apenas diferentes, podem ser classi� cados, sobretudo, como antagônicos, à medida que, 
enquanto a escola objetiva o cumprimento de sua função de socialização do conhecimento 
historicamente produzido e acumulado pela humanidade, a empresa visa à expropriação desse 
saber na produção, reprodução e ampliação do capital.
4. GESTÃO DE SISTEMA EDUCACIONAL E GESTÃO DA ESCOLA PÚBLICA
O desenvolvimento histórico da educação no Brasil corresponde ao processo em que o 
ensino passa de individual, ministrado em casa sob a responsabilidade das famílias, para coletivo, 
ministrado em espaços públicos. Outro ponto importante diz respeito ao deslocamento do 
processo produtivo do campo para a cidade, isto é, da agricultura para a indústria, que provocou, 
também, o deslocamento do saber espontâneo para o saber metódico, sistemático e cientí� co.
Com tais mudanças, além da disputa de concepções em relação à administração escolar, 
se faz necessário compreender os princípios organizacionais do Sistema Educacional brasileiro 
que, de acordo com Saviani (2014), só pode ser público, já que as instituições privadas não têm 
o poder de instituir seus próprios sistemas educacionais, mas estão subordinadas ao conjunto de 
normas gerais e devem estar em harmonia com as políticas públicas.
Os frequentes debates sobre o con� ito entre escolas públicas e privadas vêm provocando 
uma série de reformas educacionais no Brasil, a maioria pautando a instrução pública e seus 
possíveis métodos mais e� cazes. Com a aprovação da Constituição Federal de 1988, ocorre um 
grande movimento em defesa de novas diretrizes e bases para a educação, destacando-se o Fórum 
Nacional de Defesa da Escola Pública, o Sistema Nacional de Educação (SNE) e o Plano Nacional 
de Educação (PNE). 
Discussões sobre a implantação de um SNE são relevantes e necessárias na medida em que 
desvelam concepções distintas na organização e na gestão da educação, secundadas por processos 
complexos de interpenetração entre as esferas pública e privada na disputa pelo fundo público. 
Um SNE, de acordo com Dourado (2016), trata de um conjunto uni� cado que articula todos 
os aspectos da educação no país, com normas comuns válidas para todo o território nacional, 
visando a assegurar um padrão de educação para toda a população, organizado e gerido, em 
regime de colaboração, por todos os entes federativos sob a coordenação da União, por meio da 
ampliação da cobertura do � nanciamento público para a educação básica. As principais questões 
em relação à institucionalização do SNE, de acordo com o autor, envolvem o PNE como epicentro 
das políticas de Estado, o � nanciamento e a de� nição do Custo Aluno Qualidade (CAQ).
Por isso, neste terceiro item da unidade, apresentaremos os elementos fundamentais 
para a composição de um sistema educacional e discorreremos sobre as condições para seu 
funcionamento.
Um sistema refere-se, tal como o próprio sentido da palavra, à sistematização de algo, de 
maneira a garantir a unidade numa multiplicidade. “Com efeito, se o sistema nasce da tomada de 
consciência da problematicidade de uma situação dada, ele surge como forma de superação dos 
problemas que o engendram” (SAVIANI, 2014, p. 4).
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Um sistema de ensino, segundo Oliveira, Morais e Dourado (2008), pressupõe um 
conjunto de elementos materiais e ideais, como as instituições de ensino e as leis e normas que 
regem essas instituições. Saviani (2008) aponta três condições básicas para que haja um sistema 
de ensino:
• conhecimento dos problemas educacionais de uma dada situação histórico-geográ� ca;
• conhecimento das estruturas da realidade social, política, cultural e religiosa;
• uma teoria da educação para dar signi� cado humano à tarefa de integrar os problemas e o 
conhecimento, indicando os objetivos e os meios para uma atividade coletiva intencional.
De acordo com a LDB de 1996, a educação nacional está organizada em três sistemas de 
ensino e cada um deles é responsável pela organização e manutenção das instituições de ensino 
de seu sistema, bem como pela elaboração e execução de políticas e planos educacionais. São eles:
Sistema Federal
Compreende as instituições de ensino mantidas pela União, as instituições de educação 
superior, criadas e mantidas pela iniciativa privada, e os órgãos federais de educação. São 
exemplos as universidades federais; as instituições isoladas de Ensino Superior; os centros Federais 
de Educação Tecnológica; e os estabelecimentos de educação básica (Colégios de Aplicação).
Sistema Estadual
Visa a organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições o� ciais dos seus sistemas 
de ensino, elaborando e executando políticas e planos educacionais, em consonância com as 
diretrizes e o Plano Nacional de Educação, integrando e coordenando suas ações e as dos seus 
municípios. Compreende, por exemplo, as instituições de ensino mantidas pelo poder público 
estadual e pelo Distrito Federal; as instituições de ensino fundamental e médio, criadas e mantidas 
pela iniciativa privada; e os órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal.
Sistema Municipal
A Constituição Federal de 1988 reconheceu o município como uma instância 
administrativa e prescreveu que ele deveria atuar, sobretudo, no Ensino Fundamental, tanto na 
zona urbana quanto na zona rural, priorizando o atendimento às crianças de até 5 anos de idade 
na educação infantil.
• A legislação para a regulação do ensino nas esferas federal, estadual e municipal inclui:
• a Constituição Federal;
• a Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional;
• os pareceres e resoluções do Conselho Nacional de Educação;
• resoluções, portarias e pareceres do Conselho Estadual de Educação;
• a legislação estadual de Diretrizes e Bases do Sistema Educativo;
• decretos e atos administrativos do Poder Executivo.
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Paralelamente à organização desses sistemas, há a de� nição dos níveis de educação 
que devem ser respeitados, segundo a LDB de 1996. No geral, a educação escolar no Brasil está 
organizada em dois níveis:
• Educação básica: que compõe a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio;
• Educação Superior: que compõe os cursos de graduação e especialização no nível de 
pós-graduação e programas de Mestrado e Doutorado.
Além disso, há a organização da educação escolar sob modalidades de ensino, como a 
Educação de Jovens e Adultos (EJA); Educação Pro� ssional; Educação a distância; Educação 
especial; Educação do campo e indígena.
Dessa maneira, os sistemas federal, estadual e municipal devem trabalhar em conjunto, 
mesmo que cada qual tenha estabelecidas e de� nidas suas próprias obrigações, em prol do 
desenvolvimento de todas as instâncias educativas.
Para que essa organização sistematizada da educação brasileira cumpra, integralmente, 
seu papel, é preciso que o conteúdo curricular trabalhado em uma escola no Sul do país seja o 
mesmo no Norte ou Nordeste. Ainda que respeitando suas particularidades culturais, é preciso 
articular um conjunto coerente de conteúdos básicos e fundamentais para todos. 
Com a função de estabelecer um referencial comum para a formação escolar no Brasil, 
os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) indicam os conteúdos que devem ser garantidos, 
porém com uma proposta � exível que prevê adaptações curriculares para o atendimento das 
peculiaridades regionais, com sugestões de blocos temáticos que visam a uma formação integral 
por meio do desenvolvimento das capacidades dos alunos. 
Sobre isso, visando ao aprofundamento das discussões em relação à disposição curricular 
da educação brasileira, em 2008, na Conferência Nacional da Educação Básica, programou-se 
um amplo processo de preparação consubstanciado em uma Conferência Nacional da Educação 
(CONAE), precedida por Conferências Estaduais e Municipais. Tais conferências são espaços 
democráticos instituídos pelo Poder Público em articulação com a sociedade para que toda 
a comunidade possa participar do desenvolvimento da educação nacional, com o objetivo de 
subsidiar a elaboração do Plano Nacional de Educação (PNE). A instância normativa e deliberativa 
dessas conferências é exercida por um órgão determinado, que corresponde, atualmente, ao 
Conselho Nacional de Educação. 
Os conselhos de educação são órgãos de administração existentes na estrutura educacional. 
Exercem funções, além de normativas e deliberativas, � scalizadoras e de planejamento. Os 
conselhos de educação, segundo a dependência político-administrativa, estão subdivididos em:
Conselho Nacional de Educação
Órgão de colaboração do Ministério da Educação (MEC), que desempenha o papel de 
articulador dos Sistemas de Ensino (federal, estadual e municipal), assegurando a participação da 
sociedade civil nos destinos da educação brasileira.
Conselho Estadual
Caracteriza-se como órgão normativo e deliberativo do Sistema de Ensino Estadual.
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Conselho Municipal
Conta com a participação da sociedade por meio da representação das várias instituições 
e entidades municipais ligadas à área educacional. Sua � nalidade é a de estimular, fortalecer 
e institucionalizar a participação da sociedade civil no processo de de� nição das políticas 
educacionais do município.
Porém, mesmo com todos esses detalhes que perpassam a organização de um Sistema de 
Educação, há autores que a� rmam que, no Brasil, podemos contar com uma estrutura educacional 
composta por Leis, procedimentos e programas, mas não com um sistema. Isso porque, seguindo 
tal pensamento, há ainda alto índice de desigualdade no ensino que nem sempre é causada pela 
estrutura organizacional, já que as Leis e diretrizes estão disponíveis para todos, mas sim pela 
descontinuidade política que marca a di� culdade na execução das ações.
O panorama excludente pode ser facilmente compreendido na estrutura de � nanciamento, 
já que o repasse de verbas para a educação no Brasil, segundo Cury (2010), nunca foi efetivamente 
concebido a partir das necessidades reais da comunidade escolar, mas priorizando alguns setores 
em detrimento de outros. Para o autor, o país não vem cumprindo integralmente o seu dever, 
porque, se de um lado temos órgãos legislativos e normativos, por outro, não constituímos, 
ainda, uma forma de organização que viabilize o alcance dos � ns da educação em um regime de 
colaboração entre os Sistemas de Ensino Federal, Estadual e Municipal.
A ausência de um efetivo sistema nacional de educação con� gura a forma fragmentada 
e desarticulada do projeto educacional. Assim, a criação de um Sistema de Educação deve 
estar regulamentada sob um regime de colaboração, explicitando a participação da União na 
responsabilidade para com os recursos � nanceiros, a � m de prover meios de superação das 
desigualdades regionais por meio da construção de uma política de � nanciamento.
O regime de colaboração também deve estimular a aproximação dos setores educativo 
e produtivo, na perspectiva do desenvolvimento sustentável local, regional e nacional, com base 
nas seguintes ações:
• ampliar o atendimento dos programas de renda mínima associados à educação a � m de 
garantir a permanência na escola;
• estabelecer uma política nacional de gestão e avaliação;
• assegurar a elaboração e implementação de Planos Estaduais e Municipais de educação;
• articular a construção de Projetos Político-Pedagógicos sintonizados com a realidade e as 
necessidades locais;
• apoiar a criação e a consolidação de conselhos estaduais e municipais;
• estabelecer mecanismos democráticos de gestão;
• estabelecer uma base comum nacional, visando à valorização e quali� cação da educação.
Sobre este último tópico, tão importante quanto a utilização dos recursos � nanceiros 
destinados à educação e à erradicação do analfabetismo, as últimas conferências municipais 
e estaduais de educação voltaram a atenção para a qualidade do ensino na organização dos 
conteúdos, discutindo a possibilidade de uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A 
primeira versão da BNCC foi redigida em 2014; em 2015, foi aberta para consulta e contribuição 
da sociedade e, nos anos seguintes, foi debatida em diversos eventos e seminários de educação 
pelo país.
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Resumindo todos os conteúdos abordados neste item, podemos considerar a Constituição 
Federal de 1988 como um marco nas deliberações posteriores até nossa atual sistematização 
educacional, seguida da Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, que tornou 
possível a operacionalização de outros diversos documentos organizacionais, como a BNCC, por 
exemplo, que, por sua vez, conduz a disposição de projetos que visam à execução das bases legais 
para a educação no Brasil.
Figura 3 – Representação estrutural da educação brasileira. Fonte: A autora.
Mesmo diante das importantes funções desses órgãos, vale lembrar que eles não 
secundarizam as ações do Ministério da Educação (MEC), que formula as políticas nacionais 
com base nas normas estabelecidas pelos órgãos mencionados, garantindo também a articulação 
necessária entre o Plano Nacional de Educação (PNE) e os demais planos, culminando na 
efetivação do Projeto Político-Pedagógico e do Plano de Desenvolvimento Institucional.
Se quiser fi car por dentro das discussões sobre o Sistema de Educação e sobre 
a Base Nacional Comum Curricular, procure se informar sobre as Conferências 
Municipais de Educação na sua cidade.
Se quiser saber maissobre o Plano Nacional de Educação, é possível 
ler o documento na íntegra pelo site: <http://pne.mec.gov.br/>.
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5. GESTÃO DA EDUCAÇÃO: TENDÊNCIAS ATUAIS
Tal como vimos anteriormente, existe em nossa sociedade um pensamento que concede 
à educação um papel importante na constituição de relações de paz, solidariedade e liberdade. 
Tal perspectiva passou a ser constituída a partir de transformações econômicas, políticas e sociais 
que passaram a ver, na educação, a chave para “melhorar o mundo”.
Outro fator importante a ser considerado, ao discutirmos sobre as perspectivas em 
relação à educação, diz respeito às facilidades em manter relações com o mundo por meio dos 
processos de globalização, pois estes exigem uma aprendizagem constante, na qual as pessoas 
precisam estar preparadas para aprender ao longo da vida, podendo intervir, adaptar-se e criar 
novos cenários.
A proximidade com o mundo, com pessoas, costumes, culturas, etnias e religiões 
diferentes, decorrentes da globalização, traz a necessidade de se estabelecer noções de “boa 
vizinhança”, já que a intolerância é capaz de gerar guerras e con� itos no mundo todo. 
Em nossas atuais relações sociais, percebe-se um forte apelo à aceitação das diversidades 
culturais, o que, muitas vezes, vem sendo demonstrado em reportagens, � lmes, redes sociais, 
discursos de respeito e debate sobre gênero, raça, religião. E isso não é decorrente, apenas, de 
reivindicações sociais que acabaram por direcionar a atenção das pessoas a tais assuntos; o que 
acontece, segundo Carvalho e Faustino (2015), é uma forte in� uência de organismos internacionais, 
como a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e a 
Organização Mundial do Comércio (OMC) por meio de textos, relatórios e declarações que 
visam ao reconhecimento e respeito à diversidade cultural, cooperação e solidariedade, com o 
intuito de garantir a paz e segurança internacional.
Nos diversos documentos emitidos por tais organismos, é possível observar a esperança 
na instituição de uma sociedade mais civilizada e um meio para isso seria a promoção de uma 
educação pautada na ética e moral com vistas a uma convivência pací� ca entre todos.
Quando Cury (2010) aponta o fato de o Brasil, mesmo com tantas propostas “no 
papel”, não conseguir se organizar para os fi ns necessários à educação, podemos 
discorrer e refl etir sobre as medidas tomadas em relação a uma das metas do 
PDE: eliminação do analfabetismo e universalização do ensino fundamental. Para 
enfrentar esse problema, fi cou acordado, na Constituição de 1988, a destinação 
de determinada porcentagem de todo o orçamento educacional da União, dos 
Estados e dos Municípios, o que resultou na criação do Fundo de Manutenção e 
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF), 
estabelecendo o prazo de dez anos para o cumprimento dessa ação. Com o prazo 
esgotado e sem ter alcançado a fi nalidade estabelecida, o FUNDEF foi substituído, 
em 2006, pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e 
de Valorização dos Profi ssionais da Educação (FUNDEB), com prazo de mais 14 
anos para essa destinação de recursos fi nanceiros em prol do desenvolvimento 
da educação no Brasil. 
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Segundo algumas recomendações internacionais sobre educação, espera-se que a escola 
seja capaz de proporcionar ao aluno a capacidade de resolver seus próprios problemas ao se 
adaptar às necessidades emergentes na sociedade. Educar os homens é o princípio fundamental 
para a promoção de mudanças em larga escala.
A esse respeito, na década de 1990, muitos documentos pautados nas mudanças e no 
estabelecimento de políticas educacionais foram redigidos no Brasil, seguindo as orientações 
internacionais, o que acabou por provocar um redirecionamento da educação, levantando debates 
e re� exões sobre seus objetivos, argumentando o fato de que a instituição escolar, até então, 
buscava a padronização de seus alunos, não abrindo espaço para a diversidade e provocando a 
exclusão das minorias.
De acordo com a Declaração sobre a Diversidade Cultural de 2002, em seu artigo 5º, “[...] 
toda pessoa tem direito a uma educação e uma formação de qualidade que respeite plenamente 
sua identidade cultural”. A escola, tal como levantada a crítica, não poderia in� igir tal direito, 
mas sim estabelecer um espaço para que fosse possível o desenvolvimento da criatividade e de 
aspectos culturais de seus alunos e, com a ajuda do Estado, incentivar a produção e a difusão 
de bens de serviços culturais diversi� cados, reforçando, ainda, a cooperação e a solidariedade 
internacional a partir de tal difusão em escala mundial.
O relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre Educação para o século 
XXI, coordenado por Jacques Delors, por exemplo, cita que a educação deve estar pautada em 
quatro pilares essenciais para a promoção de uma aprendizagem colaborativa, de acordo com as 
necessidades sociais atuais:
• Aprender a conhecer;
• Aprender a fazer;
• Aprender a convier;
• Aprender a ser.
Esses passos são importantes para a promoção de uma sociedade do conhecimento, onde 
seja possível conviver em harmonia e se comunicar com pessoas de diversos contextos culturais.
Aprender a conhecer
Aprender a conhecer signi� ca que o professor deve levar o aluno a treinar suas habilidades 
e inteligências, levando em consideração sua memória e sua atenção.
Aprender a fazer
Aprender a fazer é deixar que o aluno aprenda a atuar na sociedade da qual faz parte por 
meio de ações úteis e re� exões críticas.
Aprender a conviver
Aprender a conviver visa a fazer com que o aluno consiga conviver em harmonia com 
outras pessoas, trocar saberes e estabelecer o respeito às diferenças culturais, sociais e raciais.
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Aprender a ser
Aprender a ser signi� ca fazer com que o aluno se reconheça como principal integrante 
para a promoção das relações de aprendizagem, para que desenvolva o sentimento de pertença.
Os quatro pilares apresentados devem ser seguidos a partir de metodologias pautadas 
na centralidade do aluno, isto é, em sua realidade, para que assim seja possível promover 
uma aprendizagem signi� cativa. Alunos e professores devem buscar interligar os conteúdos 
apresentados em sala de aula, trabalhando da maneira menos fragmentada possível. Assim, 
o aluno deve conhecer diferentes áreas para poder obter sucesso, não apenas no mercado de 
trabalho, mas em suas relações sociais.
Para isso, o aluno não pode simplesmente ser apresentado ao conteúdo, é preciso que 
ele seja incentivado a buscar cada vez mais conhecimento por meio de pesquisas e projetos 
individuais e coletivos. Um importante recurso para isso é a utilização dos meios tecnológicos e 
aparelhos de multimídia para fazer o uso de � lmes, pesquisas na internet, uso de imagens e troca 
de informações.
A partir da leitura do relatório de Delors, identi� ca-se que é papel do professor repensar a 
prática pedagógica a ser aplicada, com conhecimento su� ciente para tal exercício, porém, levando 
em consideração que o simples repasse de informações não gera, de fato, conhecimento. Em um 
mundo com tantas informações de fácil alcance, não será o professor o dominante de todas elas, 
tampouco a única fonte de saberes, devendo o gestor e toda a comunidade escolar pautar-se não 
apenas no resultado, mas nos processos de aprender e como aprender.
Nessa visão, o aluno ganha maior enfoque, devendo, por sua vez,ultrapassar seu papel 
construído culturalmente como ser passivo e passar a atuar, em parceria com o professor, na 
busca pelo conhecimento. Portanto, os objetivos da educação se pautam, também, na formação 
de um conceito de homem re� exivo, questionador e capaz de solucionar problemas, um homem 
apto a modi� car a natureza, a sociedade; logo, a trabalhar não por simples execução de tarefas, 
mas para a transformação e o desenvolvimento do mundo.
Para refl etir sobre a adaptação de metodologias em prol das 
necessidades atuais de capacidades e habilidades para o mundo 
globalizado, assista ao vídeo Refl exões sobre Escolas Inovadoras
do Canal Futura, disponível em 
< h t t p s : // w w w . y o u t u b e . c o m / w a t c h ? v = G 0 o 7 y 0 x _
cVI&list=PLNM2T4DNzmq5hxMqb1TpvSm0Qu6QgqbE_&index=13>.
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A escola sempre precisou se adequar às necessidades presentes na sociedade 
na qual está inserida. Atualmente precisamos, sim, de homens capazes de 
levantar críticas bem fundamentadas e de fazer boas refl exões, porém, ao passo 
que a instituição escolar e todos os seus agentes focam demasiadamente em 
comportamentos sociais, preparação para o mercado de trabalho e adaptação ao 
mundo globalizado, é possível que a aprendizagem sistematicamente organizada 
e a disseminação do conhecimento já produzido acabem defasados?
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Discorremos nesta unidade sobre cinco eixos principais que propuseram a discussão sobre 
outros assuntos relacionados à organização e estrutura da educação. À luz de todo o conteúdo 
que se pretende estudar neste material, a Unidade 1 buscou apresentar as noções gerais de 
Administração, Gestão e Sistema de Educação. Para isso, se fez necessário trazer conhecimentos 
da Psicologia da Educação, que de� ne os processos de hominização e humanização em Leontiev 
para discutir sobre a função social da escola, principalmente no que se refere à transmissão dos 
conhecimentos socialmente produzidos.
Pensar a função social da escola deve nos fazer re� etir sobre sua importância na economia, 
na cultura, na ascensão social do indivíduo e, principalmente, no desenvolvimento de toda a 
comunidade.
Em tempos de frequentes contenções de gastos públicos, conhecer a história da gestão 
da educação no país nos dá condições de re� etir sobre os possíveis rumos da educação brasileira 
de acordo com as medidas tomadas, já que a escola costuma ser o principal alvo dos governos 
em época de eleições. “Melhorar a educação” é o slogan de muitos partidos. Frequentemente, 
percebemos mudanças na maneira de organizar o ensino de acordo com convicções partidárias. 
E talvez seja esse o motivo pelo qual ainda há autores que a� rmam a ine� ciência do país em 
constituir um Sistema de Educação bem planejado, articulado e organizado. 
Por isso, antes de darmos continuidade ao conteúdo deste material, que trará diversos 
termos técnicos e práticos para a gestão da educação no país e, diretamente, nas escolas, será 
preciso pensar e repensar sobre o papel da educação num sentido mais amplo, para que a educação 
atenda às reais necessidades do país, em consonância com as possibilidades de universalização.
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UNIDADE
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SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................22
1. A REFORMA DO ESTADO E A EDUCAÇÃO NO BRASIL .......................................................................................23
2. A GESTÃO ESCOLAR NO CONTEXTO DA REFORMA DE ESTADO: CONCEPÇÕES EM DISPUTA ..................26
3. A CONSTRUÇÃO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E NA LEI DE DIRETRIZES E 
BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL ...........................................................................................................................28
4. POLÍTICAS EDUCACIONAIS: ESTRUTURA, COMPETÊNCIAS E RESPONSABILIDADES ............................... 30
5. A CONSTRUÇÃO DA DEMOCRATIZAÇÃO DA ESCOLA PÚBLICA .......................................................................34
CONSIDERAÇÕES FINAIS .........................................................................................................................................36
A REFORMA DE ESTADO BRASILEIRO: 
A GESTÃO DA EDUCAÇÃO E DA ESCOLA
PROF.A MA. BIANCA CRISTINA DOS SANTOS
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
GESTÃO ESCOLAR: ADMINISTRAÇÃO, COORDENAÇÃO E 
SUPERVISÃO NA EDUCAÇÃO BÁSICA
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INTRODUÇÃO
Na unidade anterior, apresentamos alguns acontecimentos que desencadearam mudanças 
na concepção de educação e instituição escolar, nas de� nições da gestão com base na administração, 
coordenação e supervisão, bem como os movimentos sociopolíticos que contribuíram para a 
construção de uma noção mais ampla de escola. Ao � nal, falamos sobre a necessidade de uma 
educação que atenda aos reais e principais problemas sociais enfrentados no país, para além de 
rápidas resoluções governamentais, mas estruturas políticas, de fato brasileiras, não partidárias.
E, dando continuidade aos estudos, nesta unidade, abordaremos o contexto histórico da 
Reforma Administrativa do Estado brasileiro na década de 1990 e suas concepções de gestão 
escolar com base nas reformulações políticas; também discorreremos sobre a construção 
democrática da Constituição Federal de 1988 e da atual Lei que rege a educação no país; ao � nal, 
elencaremos a estrutura e democratização da escola e das políticas públicas educacionais. Os 
estudos nesta unidade pautam-se, aproximadamente, na década de 1990 quando, para integrar-
se às ações e resultados dos países desenvolvidos, o Brasil passa a adotar políticas neoliberais, de 
descentralização do poder do Estado e maior responsabilidade do indivíduo por seu bem-estar.
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1. A REFORMA DO ESTADO E A EDUCAÇÃO NO BRASIL
Administração é uma ciência social voltada às práticas organizacionais, gerenciamento 
de recursos � nanceiros e humanos para atingir determinados objetivos, parte dos princípios 
de dirigir, planejar e controlar. Por isso, a maneira como as instituições ou órgãos públicos são 
administrados faz referência aos objetivos pretendidos, à visão de mundo e de sociedade.
A� rma Sander (2009) que, por mais que a administração seja uma prática milenar 
de organização social, seu estudo sistemático é um fenômeno recente, imposto pela explosão 
organizacional resultante da Revolução Industrial, por isso os primeiros esforços para compreender 
e explicar a administração remontam ao século XIX e se consolidam no início do século XX, com 
as chamadas teorias clássicas de administração enunciadas por Taylor, Fayol, Weber e Gulick e 
Urwick, que lançaram as bases da administração pública e da gestão empresarial capitalista na 
Europa e nos Estados Unidos.
Ao discorrermos sobre o contexto histórico da Reforma Administrativa do Estado no 
Brasil, se faz necessário, antes, de� nir o que é Estado e o que é governo. O Estado é, segundo 
Hö� ing (2001), um conjunto de instituições permanentes que possibilitam as ações do governo, 
tais como órgãos legislativos, tribunais, exército. Já o governo é estabelecido por um conjunto de 
programas e projetos que con� guram a orientação política ao assumir e desempenhar as funções 
do Estado por um determinado período de tempo.
Para lidar e tentar resolver problemas econômicos e sociais, os governos devem 
compreender três funções básicas do Estado:
• Alocativa, isto é, deve prover determinadosbens e serviços à população, a � m de corrigir 
possíveis falhas de mercado;
• Distributiva, que visa à diminuição da desigualdade social por meio da distribuição de 
renda;
• Estabilizadora, que intenta a estabilidade das taxas de emprego e preços, objetivando um 
adequado crescimento econômico. 
Podemos resumir, então, que as funções do governo são: prover determinados bens e 
serviços à população, a � m de corrigir possíveis falhas de mercado, visando à diminuição da 
desigualdade social por meio da distribuição de renda e intentando a estabilidade das taxas de 
emprego e preços, objetivando um adequado crescimento econômico. 
Sobre as funções e a manutenção do poder sobre o Estado, se faz necessário citar três 
momentos históricos importantes ligados à sua atual de� nição. São eles:
• Liberalismo clássico;
• Estado de Bem-estar social;
• Capitalismo.
No Liberalismo Clássico, todo o poder político aplicar-se-ia por meio de acordos de 
convivência entre os homens e o Estado; neste sentido, o objetivo de governar deveria estar 
voltado à preservação da cidadania e do pacto social.
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No denominado Estado de Bem-estar social, podemos compreendê-lo a partir das crises 
econômicas no início do século XX, que levaram à interpretação de que a economia livre do 
controle estatal era capaz de gerar profundas desigualdades sociais, por isso a necessidade de 
regulação por parte do Estado. Prezava-se pela providência e promoção social por meio da 
organização política, econômica e sociocultural, proporcionando benefícios às classes menos 
favorecidas, por meio de políticas públicas.
Neste sentido, o Estado como regulador, ao operacionalizar o alargamento de políticas 
públicas, participa ativamente da reprodução do capital e passa a intervir ainda mais na economia, 
já que a ampliação dos serviços assistenciais abarca áreas relacionadas à renda, previdência social 
e habitação, por exemplo. No Brasil, esse modelo � cou conhecido na Era Vargas pelo chamado 
Estado de Compromisso.
No capitalismo, o Estado inaugura novos paradigmas políticos, ora alargando, ora 
estreitando direitos sociais, de acordo com determinados interesses. Assim, as reformas do � nal 
do século XX, na intenção de “[...] tornar o Estado competente, e� caz, capaz de dar rumo à 
sociedade” (SANFELICE, 2003, p. 1396), privilegia a administração pública para a universalização 
do capitalismo.
Sobre a administração pública, o Brasil hoje é resultado de diversas políticas adotadas 
desde a chegada dos portugueses. No decorrer da história, o país passou por reformas nos 
diferentes modos de gerenciar as decisões tomadas, que resultou na atual organização do Estado: 
• Reforma patrimonialista;
• Reforma burocrática;
• Reforma gerencialista.
Na República Velha, por volta de 1880, predominava o chamado patrimonialismo, 
período marcado pela concentração de poder econômico nas elites agrárias, forte presença do 
coronelismo e confusão entre bens públicos e privados. Sobre isso, Sander (2009) pontua que as 
considerações políticas, as necessidades humanas e os valores éticos eram relegados a segundo 
plano, pois a administração estava focada no centralismo.
Mas, a partir da década de 1930, o Brasil começa a receber indústrias internacionais de 
grande porte, que passaram a exigir uma regulamentação mais lógica por parte do Estado, com 
maior participação política e gestão de recursos, a � m de garantir e � scalizar os investimentos, 
extirpando as antigas práticas patrimonialistas, com vistas a uma gestão mais pro� ssional. 
Em 1936, o Brasil passa por uma reforma administrativa promovida por Maurício 
Nabuco e Luís Simões Lopes. Contra a pessoalidade na administração pública, a reforma 
prezava pela adoção de concursos públicos. Porém, foi em 1938, com a criação do Departamento 
Administrativo do Serviço Público (DASP), que � cou historicamente marcada a Reforma 
Burocrática, para elaborar e � scalizar anualmente propostas orçamentárias.
Zanardini (2007) aponta que, no conjunto de críticas ao modelo burocrático de 
administração, o Estado, que se pretendia arquitetar conforme os ditames internacionais, não 
poderia conviver com uma perspectiva de administração arcaica. Diversos eventos, então, 
marcaram a história legislativa do país, como a Constituição de 1988, por exemplo, caracterizando 
a ruptura do período burocrático e ditatorial.
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Na década de 1990, o Brasil passou pela Reforma Gerencialista, marcada por uma 
signi� cativa reorganização do Estado e a regulamentação das políticas sociais no Brasil, 
partindo do princípio da di� culdade em pensar a administração pública tal como uma empresa, 
reconhecendo que há políticas necessárias à população nem sempre lucrativas ao Estado. De 
acordo com Zanardini (2007), por meio da administração pública gerencial, a gestão do Estado 
deveria oportunizar a redução de custos, maior articulação com a sociedade e cobrança de 
resultados.
Em 1995, com a proposta de que o Estado deixasse de ser o responsável direto pelo 
desenvolvimento econômico e passasse a trabalhar como regulador, a perspectiva implementada 
pelo Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, durante o governo de Fernando Henrique 
Cardoso, segundo Zanardini (2007), visava à transformação produtiva e crescimento econômico 
sem perder de vista a busca pela equidade. Valorizou-se o setor público não estatal para execução 
de serviços que não envolvessem o exercício do papel do Estado, mas que por ele fossem 
subsidiados, como a implementação das organizações sociais não governamentais, capazes 
de incentivar a produção não lucrativa pela sociedade de bens e serviços públicos voltados às 
políticas de saúde, educação e cultura.
Partindo de uma análise da articulação entre a Reforma da Educação Básica implementada 
na década de 1990 e a Reforma do Estado brasileiro, Zanardini (2007) aponta o quanto, sob a 
ideologia do liberalismo e da pós-modernidade, é efetuado o argumento de que, para rever os 
fatores de ine� ciência que estariam impedindo a reprodução e� caz dos modos capitalistas de 
produção, era preciso rever também os princípios da gestão e administração política e social.
Ainda segundo a autora, dentre as formas de regulação no Plano Diretor da Reforma do 
Estado, podemos considerar que o objetivo maior se pautava na garantia e de� nição de novas 
instituições, como agências reguladoras e organizações sociais, as quais são orientadas por 
estratégias de gestão
[...] através da instituição da propriedade pública não estatal e das agências 
autônomas (reguladoras), que residem no âmbito das atividades exclusivas e que 
requerem contratos de gestão, se dá a chamada desregulamentação, signi� cando 
a ampliação da relação parceira entre Estado e mercado no controle das políticas 
públicas (ZANARDINI, 2007, p. 251).
Não obstante, na mesma época, a� rmando as políticas públicas voltadas às necessidades 
sociais básicas, foram criadas as Leis Orgânicas de Saúde nº 8.080/90 e nº 8.142/90, que 
estabeleceram o Sistema Único de Saúde (SUS) e a Lei Orgânica da Assistência Social (Lei nº 
8.742/93).
No que se refere à educação, as reformas administrativas travadas nos países desenvolvidos 
propagavam a ideia de que uma nação só se fortalece economicamente quando, para além de 
políticas econômicas, atenta para investimentos na área educacional. Mello (1991, p. 8) cita que 
Os países industrializados mais adiantados deslocam, assim, as prioridades de 
investimento em infraestrutura e equipamentos, para a formação de habilidades 
cognitivas e competências sociais da população. Esse descolamento faz com que 
a educação escolar adquira centralidade naspautas governamentais e na agenda 
dos debates que buscam caminhos para uma reestruturação competitiva da 
economia, com equidade social.
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Por isso, no Brasil, as proposições relativas à educação são apresentadas com base 
nas discussões decorrentes da Conferência Mundial de Educação para Todos de 1990, em 
Jomtien na Tailândia, que, segundo Zanardini (2007), se materializa na reforma do Estado e, 
consequentemente, na reforma da Educação Básica. Isso porque, em um cenário de frequentes 
mudanças e recon� gurações no papel do Estado, as reformas educacionais são respostas às 
transformações econômicas e sociais, avançando cada vez mais para uma educação democrática, 
tal como a� rma Sanfelice (2003).
2. A GESTÃO ESCOLAR NO CONTEXTO DA REFORMA DE ESTADO: 
CONCEPÇÕES EM DISPUTA 
Bourdieu apresenta o campo da educação tal como uma arena de lutas e disputas 
simbólicas, em que seus atores tentam impor suas opções políticas e arbitrários culturais. Sobre 
isso, o autor a� rma que
[...] os agentes constroem a realidade social [...], entram em lutas e relações 
visando a impor sua visão, mas eles fazem sempre com pontos de vista, interesses 
e referenciais determinados pela posição que ocupam no mesmo mundo que 
pretendem transformar ou conservar (BOURDIEU, 1998, p. 8).
Logo, as concepções de gestão da educação e suas contradições re� etem distintas � loso� as 
sociais elaboradas a partir de perspectivas políticas e culturais diversas. Sobre essa disputa e, 
consequentemente, dualidade, Sander (2009) a� rma que as duas grandes tradições � losó� cas 
que dominaram os estudos e práticas sociais e educacionais são de� nidas a partir dos termos 
de tradição do consenso, com raízes nas teorias positivistas e evolucionistas, e de tradição do 
con� ito, enraizada nas teorias críticas.
As teorias positivistas e críticas se opõem tanto na história de suas origens quanto em 
seus objetivos e visão de homem e mundo. O positivismo é uma doutrina social, � losó� ca e 
política com bases no desenvolvimento sociológico do Iluminismo, no � m da Idade Média e no 
nascimento da sociedade industrial, defendendo a ideia de que o conhecimento cientí� co é a 
única forma de conhecimento verdadeiro. Já a teoria crítica parte da crítica ao caráter cienti� cista 
e à fragmentação da ciência, por isso busca entender a sociedade por meio de uma investigação 
analítica, a � m de contextualizar os fenômenos sociais.
Neste tópico, apresentamos algumas reformas na gestão do Estado e, 
principalmente, discorremos sobre a Reforma do Plano Diretor do Estado na 
década de 1990, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Outros 
governos, na concorrência para assumir as responsabilidades do Estado, sugerem 
planejamentos e novas propostas administrativas. Fique por dentro dos planos de 
governo dos últimos candidatos à presidência do Brasil, acessando os Boletins 
publicados pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação 
(Anped).
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É então, nesse grande debate � losó� co e sociológico, que se insere o estudo sistemático 
da origem e da trajetória da administração pública em consonância com a gestão da educação. 
Ao propor a reforma administrativa do Estado, propõe-se também à reforma das instituições 
que estão a ele articuladas, a� nal, tal como aponta Zanardini (2007, p. 554), “[...] se o Estado 
está em crise, estão em crise seus componentes e as ações que por ele são implantadas”. 
Consequentemente, na medida em que atinge o Estado, a reforma atinge também o conjunto 
das organizações sociais, tal como a escola, que, segundo Sander (2009), foi alvo de crescentes 
pressões conjunturais, provenientes dos processos de abertura democrática, das lutas sindicais e 
dos movimentos sociais.
As perspectivas iniciais de gestão escolar deram origem a modelos dedutivos e práticas 
normativas, revelando uma preocupação prioritária com a reprodução cultural e estrutural do 
ensino: ordem, disciplina, controle, centralização e uniformização. Nessa concepção, o ambiente 
escolar deveria promover a capacitação para as atividades laborais de maneira mais utilitária, a 
� m de preparar os cidadãos para a vida produtiva, tendo em vista a perspectiva da educação no 
mundo capitalista: gerar força de trabalho competente para produzir.
Porém, tentando deixar de lado as bases de uma administração burocrática que 
objetivava a e� ciência, para alcançar o desenvolvimento de habilidades emocionais, criativas 
e paci� cadoras, a Reforma da Educação Básica parte dessa efervescência política evidenciada 
pela intervenção crescente da sociedade nos movimentos sociais, visando a superar a histórica 
tradição funcionalista por uma orientação crítica, de natureza sócio-histórica. Materializa-se na 
ampliação da e� ciência por meio da implementação de Referenciais, Parâmetros e Diretrizes 
Curriculares para a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Além disso,
[...] trata da necessidade de continuidade nas políticas educacionais e levanta 
duas linhas de ação: atuação sobre a demanda e atuação sobre a oferta, tendo 
em vista o estabelecimento de padrões básicos para a rede pública, � xação dos 
conteúdos mínimos determinados pela Constituição Federal de 1988, valorização 
do magistério, desenvolvimento de novos padrões para a gestão educacional, 
estímulo às inovações, eliminação das desigualdades educacionais, melhoria do 
acesso e da permanência escolar, e sistematização da educação continuada de 
jovens e adultos (ZANARDINI, 2007, p. 264).
Com forte incentivo internacional nas diretrizes de educação brasileira, a autora apresenta 
alguns signi� cativos documentos que podemos considerar fundamentais para a Reforma da 
Educação Básica no Brasil:
• a Declaração mundial sobre educação para todos;
• o Plano de ação para satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem;
• a Conferência Mundial de Educação para Todos;
• o Plano decenal de educação;
• Educação e conhecimento: eixo da transformação produtiva com equidade;
• o Relatório Jacques Delors.
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Com base na leitura dos textos citados, pode-se dizer que a Reforma da Educação Básica 
na década de 1990 buscou superar as limitações políticas de uma gestão burocrática, valorizando 
o desenvolvimento das potencialidades humanas para a criatividade e � exibilidade, a � m de 
tentar solucionar a tão apontada ine� ciência do Estado e da escola. Enfatizando os princípios da 
descentralização e privatização para a produtividade, racionalização e avaliações de desempenho, 
visava à garantia de elevados níveis de capital humano, qualidade e, claro, e� ciência econômica.
Partindo das ideias expostas, podemos resumir, então, que no cenário histórico das 
reformas administrativas que se � zeram presentes no Brasil, as disputas em relação aos princípios 
administrativos que deveriam gerir a educação no país pautaram-se nas concepções entre a 
simples transmissão dos conteúdos elementares para a reprodução do capital propriamente dito e 
a valorização do capital humano, para uma formação pautada no pluralismo, tolerância e solução 
de con� itos. Essas disputas, tal como observa Sander (2009), tanto nos processos de formulação 
política como nas práticas de intervenção no cotidiano da gestão educacional, re� etem posições 
políticas diferenciadas sobre a condição econômica e social.
3. A CONSTRUÇÃO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA NA CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL E NA LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL
Durante o período ditatorial,movimentos sociais, dentre eles, o movimento estudantil, 
reclamavam por uma participação mais igualitária em todos os setores da sociedade, reivindicando, 
principalmente, a democratização das relações entre universidades e escolas.
Os movimentos de rebeldia, sobretudo de jovens, no mundo atual, que 
necessariamente revelam peculiaridades dos espaços onde se dão, manifestam, 
em sua profundidade, esta preocupação em torno do homem e dos homens, 
como seres no mundo e com o mundo. Em torno do que e do como estão sendo. 
Ao questionarem a ‘civilização do consumo’, ao denunciarem as ‘burocracias’ de 
todos os matizes; ao exigirem a transformação das Universidades, de que resulte, 
de um lado - o desaparecimento da rigidez nas relações professor-aluno; de outro 
- a inserção delas na realidade; ao proporem a transformação da realidade mesma 
para que as Universidades possam renovar-se; ao rechaçarem velhas ordens e 
instituições estabelecidas, buscando a a� rmação dos homens como sujeitos de 
decisão, todos estes movimentos re� etem o sentido mais antropológico do que 
antropocêntrico de nossa época (FREIRE, 1981, p. 29-30).
Depois de anos de ditadura, de repressões à liberdade política e pessoal, em 1984, 
milhares de pessoas saíram às ruas reivindicando direitos. O movimento Diretas Já representava 
a retomada do poder da cidadania, marcando a história da democracia brasileira.
De acordo com Ricci (2002), o conceito de democracia chegou ao Brasil por meio 
da promulgação da Constituição Federal de 1988, que introduziu elementos e diretrizes de 
participação política na população, incorporando a comunidade na formulação, execução e 
� scalização de políticas públicas diversas, nos espaços sociais e, principalmente, na escolha de 
seus representantes.
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Figura 1 – Comício pelas eleições diretas em São Paulo. Fonte: Rizutti (1984).
Evidenciada pela intervenção crescente da sociedade nos movimentos de reforma 
administrativa e educacional, a luta por direitos básicos, a defesa da escola pública de qualidade, 
a valorização do magistério e a gestão democrática do ensino culminaram na promulgação da 
Constituição Federal de 1988 e, alguns anos depois, na nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional de 1996.
Propagando a ideia de recomeçar o país, no governo de Ulisses Guimarães, o texto 
da Constituição Federal foi escrito e concluído depois de mais de 600 dias de trabalho: era o 
“documento da democracia”, tal como rotulado pelo então presidente da República.
Com a premissa de que todo o poder emana do povo, a nação brasileira enquadra-
se na categoria de Estado Democrático de Direito. As principais características previstas na 
Constituição Federal de 1988 que nos permitem chamá-la de constituição cidadã são:
• soberania popular;
• democracia representativa e participativa;
• Estado Constitucional;
• sistema de garantia dos direitos humanos.
Atrelado ao movimento democrático, de reorganização e reformulação do Brasil, o Plano 
Decenal elaborado em 1993 rea� rma a proposição de educação para todos e o seu caráter central 
atribuído pelas reformas estruturais empreendidas. Convoca uma ação integrada dos três poderes 
públicos: Judiciário, Legislativo e Executivo, como forma de reunir as condições necessárias para 
assegurar conteúdos mínimos de aprendizagem que atendessem às necessidades elementares 
da vida contemporânea, a � m de que o país pudesse retomar seu desenvolvimento econômico, 
rea� rmando a importante contribuição da educação para isso.
Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional é reconhecida como a grande 
Lei que disciplina a educação escolar e prevê a garantia de educação básica gratuita a partir dos 4 
anos de idade, com carga horária mínima e um currículo comum para o Ensino Fundamental e 
Médio, bem como uma parte diversi� cada em funções das particularidades locais de cada estado 
e região do país.
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O documento também prevê, com base na gestão democrática do ensino público, uma 
progressiva autonomia pedagógica, administrativa e � nanceira das unidades escolares. Ficando 
sob a responsabilidade da União o repasse de 18% e Estados e Municípios o repasse de 25% de 
sua receita à educação, cria, como apresentamos na Unidade 1, um fundo para investimentos 
e valorização educacional, chamado Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino 
Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF) e, em seguida, o Fundo de Manutenção 
e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Pro� ssionais da Educação (FUNDEB).
Os fatos que compõem os movimentos de renovação política no país comprovam que 
a gestão democrática, tal qual prevista hoje nos documentos educacionais, não é apenas uma 
concessão governamental, mas uma conquista histórica, resultante de con� itos administrativos, 
� losó� cos e políticos, protagonizada por mobilizações sociais em favor da democratização em 
várias instâncias.
Objetivamente foram ampliados os campos de representação política, con� gurado 
na participação sindical e partidária, no direito de voto, na participação em 
movimentos sociais e em novas formas de associação voluntária. Tais mudanças 
produziram uma nova concepção das sociedades sobre o Estado (GIOVANNI, 
2009, p. 14).
Para muitos segmentos da sociedade, o Estado democrático passa a ser compreendido 
para além dos mecanismos clássicos de representação, mas, também, passa a revelar uma forte 
capacidade de resposta às demandas sociais.
4. POLÍTICAS EDUCACIONAIS: ESTRUTURA, COMPETÊNCIAS E 
RESPONSABILIDADES
Ao � m da Segunda Guerra Mundial, estudiosos perceberam que um mercado não 
regulado, isto é, sem interferências do Estado, acarretaria um crescimento econômico lento, 
com riscos de alta no desemprego e, consequentemente, descrédito na tão esperada economia 
capitalista. Junto à constatação de que o livre jogo das forças de mercado não havia levado à 
prosperidade e ao bem-estar tal como esperado e, norteado pelo objetivo de fornecer subsídios 
às ações governamentais, os estudos sobre políticas públicas começam a ganhar força nos 
Estados Unidos, tanto nos aspectos econômicos, como na produção de bens e serviços, quanto 
nos aspectos sociais da vida coletiva, como, por exemplo, a institucionalização de sistemas de 
proteção social.
Para saber mais sobre o contexto histórico que se formou em 
torno da promulgação da Constituição Federal de 1988, conhecida 
como a Constituição cidadã, assista ao vídeo 1985 – 30 anos 
de democracia, que faz um apanhado histórico-crítico desde o 
movimento das Diretas Já em 1984, a morte do presidente Tancredo 
Neves e o governo de José Sarney para explicar a formação da 
Assembleia Constituinte. O vídeo está disponível em <https://www.youtube.com/
watch?v=fIZ5uUBQyOc>.
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Nas palavras de Sousa e Sousa (2013, p. 4),
O Estado deveria ser regulado, sob uma economia mista onde Estado e mercado 
se articulavam para estabelecer políticas sociais e econômicas que garantissem 
o pleno emprego e um conjunto de benefícios e direitos que assegurasse padrão 
mínimo para a sobrevivência, quais sejam: seguro social obrigatório, leis de 
proteção ao trabalho, salários mínimos, serviços públicos de saúde, educação, 
habitação subsidiada.
Podemos, então, de� nir políticas públicas como um conjunto de ações voltadas à solução 
de problemas sociais, por meio de planos e metas instituídas pelo governo a � m de atingir o 
objetivo de cuidar do bem-estar da população.
Para explicar a necessidade

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