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Aulas - Direito Empresarial

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Direito Empresarial
Prof. Me. Caio Lima
Histórico do Direito Empresarial
As normas jurídicas de controle da propriedade, dos empreendimentos e dos negócios são tão antigas quanto o Direito, o que a Arqueologia deixa claro. As legislações mais antigas já traziam normas que proíbem o cultivo em terras de propriedade alheia, limitam juros e tabelam preços.
Na Idade Média, a atenção social voltou-se para o campo, onde a divisão da propriedade rural em grandes estruturas políticas caracterizou o Feudalismo. As cidades, contudo, continuaram a existir e o comércio também. 
Corporações de Ofícios: para a mútua proteção, artesão e comerciantes organizaram-se em corporações de ofício e essas, por seu turno, tomaram para si a função de regulamentar a atividade mercantil, o que fizeram por meio de consolidações de costumes, também chamadas de consuetudos. Essas consolidações marcam o início do Direito Mercantil, na medida em que são as primeiras normas integralmente dedicadas ao comércio.
Teoria Comercial
A base do Direito Empresarial atual são essas normas criadas por organizações de comerciantes durante a Idade Média. 
Com a superação do feudalismo e o Estado Nacional ganhando renovada importância, essas normas foram utilizadas como referência para a constituição dos chamados Códigos Comerciais. 
O mais influente deles foi o Código Comercial Francês, de 1808, que influenciou a muitas legislações a partir do estabelecimento da Teoria do Ato de Comércio. 
Essa teoria está na raiz da distinção entre o ato civil e o ato de comércio. Assim, qualquer pessoa que praticasse um ato de comércio estaria submetida ao Direito Comercial e não ao Direito Civil. 
Essa teoria foi repetida no Brasil, com a edição do Código Comercial, em 1850, quando era Imperador D. Pedro II; cuida-se de uma das normas mais duradouras da história brasileira: sua primeira parte, dedicada ao comércio em geral, esteve em vigor até 11 de janeiro de 2003, quando passou a viger o Código Civil (Lei 10.406/02).
Definição de Atos Comerciais
Assim, os atos de comércio ou mercancia pressupunham habitualidade, atuação contínua no exercício da atividade comercial: compra e venda ou troca com o fim de revender por atacado ou a granel na mesma espécie ou manufaturados, ou com o objetivo de alugar; operações bancárias, de corretagem e de câmbio; empresas de fábrica, comissão, depósito, expedição, consignação, transporte de mercadorias e de espetáculos públicos; seguros, fretamentos e demais contratos do comércio marítimo; armação e expedição de navios.
Mudança de Paradigma...
Desde cedo surgiram juristas defendendo a reunificação do Direito Privado brasileiro; já em 1859, o professor Teixeira de Freitas, a quem se pediu a elaboração de um projeto de Código Civil, afirmava que a distinção entre as duas disciplinas não se sustentava, pois o ato civil e o ato comercial mantinham a mesma submissão à Parte Geral do Código Civil, ao Direito das Obrigações e dos Contratos. 
A distinção estava limitada aos costumes do comércio, que orientavam as práticas mercantis, mas não os demais atos civis. Não havia uma especialidade que justificasse a coexistência de duas disciplinas jurídicas, vez que o respeito aos costumes de cada área social é elemento comum de todas as disciplinas, orientando a atuação individual nos espaços em que não se tenha norma expressa. Muitas dessas práticas e dos institutos delas decorrentes, ademais, foram sendo assimiladas por não comerciantes, a exemplo da emissão de títulos de crédito.
Com a edição da Lei 10.406/02, em 2002, a unificação foi enfim concretizada. Reconheceu-se a existência de uma unidade no Direito Privado, superando a distinção entre civil e comercial. Noutras palavras, percebeu-se que os atos jurídicos civis e comerciais têm a mesma natureza jurídica, estando submetidos à Parte Geral do Código Civil, bem como às regras sobre as Obrigações e os Contratos. Isso implicou a necessidade de se substituir a antiga teoria do ato de comércio por uma nova referência para as relações negociais. A opção escolhida foi a teoria da empresa. Não focar no ato de comerciar, mas na atividade organizada para empreender, vale dizer, a empresa.
Mudança de paradigma...
No regime do Código Comercial de 1850, a marca distintiva do Direito Comercial era o exercício efetivo do comércio (artigo 9º), isto é, fazer da mercancia profissão habitual (artigo 4º, parte final). 
A conceituação logo causou dúvidas, razão pela qual, naquele mesmo ano, editou-se uma norma, o Regulamento 737, que embora cuidasse do processo comercial, trouxe no art. 19 uma relação de atos que reputava comerciais: 
“a compra e venda ou troca de efeitos móveis ou semoventes, para os vender por grosso ou a retalho, na mesma espécie ou manufaturados, ou para alugar o seu uso; as operações de câmbio, banco e corretagem; as empresas de fábricas, de comissões, de depósito, de expedição, consignação e transporte de mercadorias, de espetáculos públicos; os seguros, fretamentos, riscos, e quaisquer contratos relativos ao comércio marítimo; e a armação e expedição de navios”. 
Assim, quem montasse uma pequena birosca à beira-mar para vender latinhas de cerveja e lucrar poucas centenas de reais por mês era comerciante e estava submetido ao Direito Comercial: compra e venda de efeitos móveis. Em contraste, uma grande imobiliária, que faturasse milhões por mês, não era considerada comerciante, pois sua atuação não estava incluída na relação acima.
Teoria da Empresa 
Maior amplitude, que alcança qualquer atividade econômica organizada para a produção ou para a circulação de bens ou serviços (excetos atividades intelectuais) e não apenas os atos de comércio.
Teoria da Empresa e os Perfis, de Alberto Asquini
Ainda que o conceito de empresa não seja unitário, a observação do fenômeno empresa é possível, destacando-se, por base, a Teoria dos Perfis, de Alberto Asquini, que lista quatro perfis principais para definir um conceito.
Perfil subjetivo: exercício profissional de atividade econômica organizada com o fim de produção e/ou troca de bens ou serviços;
Perfil objetivo ou patrimonial: empresa considerada como um conjunto de bens destinado ao exercício de uma atividade empresarial, distinto do restante do patrimônio da empresa, ou seja, um patrimônio afetado a uma finalidade;
Perfil funcional: deve-se identificar a empresa com a atividade empresarial, sendo a empresa aquela força em movimento dirigida à produção;
Perfil corporativo: empresa como a organização de pessoas (empresário, colaboradores e prestadores de serviços) cuja função é a perseguição de um fim econômico comum.(cortado no brasil, matéria do direito do trabalho)
Nota-se que nos perfis estabelecidos, é possível a observação de aspectos essenciais à atividade econômica: o empresário, o estabelecimento e a a empresa, 
Conceito de Direito Empresarial
O direito empresarial tem por objeto a regulação das relações entre empresários e dispor sobre regras das sociedades empresariais, disciplinando ainda a circulação de bens e serviços entre aqueles que produzem e que consomem.
Empresário
Sócio x Empresário 
É preciso redobrado cuidado com a palavra empresário, colocada no artigo 966 do Código Civil, pois se aplica tanto àquele que, individualmente, se registra na junta comercial para o exercício de uma empresa, quanto à sociedade empresária, isto é, à pessoa jurídica que foi constituída para o exercício da empresa. 
No primeiro caso, é comum falar-se em empresário individual, expressão redundante que, todavia, afasta as dúvidas de que resultam do uso coloquial da palavra empresário, erroneamente identificado com a figura do sócio quotista ou acionista de uma sociedade. 
O sócio, no entanto, não é, juridicamente, um empresário; é apenas o titular de um direito pessoal com expressão patrimonial econômica: uma ou mais frações ideais do patrimônio social, frações essas que são chamadas de quotas, nas sociedades contratuais e na sociedade cooperativa, e de ações, nas sociedades anônimas e nas sociedadesem comandita por ações.
Atividade Empresarial
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.
Três tipos de empresários (titular):
a) Empresário individual
b) Eirele
c) Sociedades empresarias (não o sócio)
Empresário individual
Definição: pessoa física que exerce atividade empresarial (único requisito)
Obrigações:
- Registrar-se nas Junta Comerciai (Registro Público de Empresas Mercantis) – Natureza do ato é declaratória. O registro serve para formalizar mas não marca a data de início da atividade necessariamente.
-personalidade jurídica? 
- Responsabilidade Ilimitada: SEM DISTINÇÃO ENTRE PATRIMÔNIO PESSOAL E EMPRESARIAL
- CNPJ - Obrigação acessória imposta pela Receita
OBS: Atividade rural – registro é faculdade (ato constitutivo) – art. 971, Código Civil
	Empresário Individual REGULAR
	Registro na JC
	Não tem PJ, mas tem CNPJ
	Pode falir
	Pode pedir Recuperação de Empresas
Pode pedir falência do devedor
	Empresário Individual Irregular
	Não tem registro da JC
	Não tem PJ, Não tem CNPJ
	Pode Falir
	Não pode pedir Recuperação Judicial
Não pode pedir a falência do devedor
Eirele
Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (art. 980-A, CC)
Titular pessoa natural – podendo ser titular de apenas UMA Eirele
Registro na Junta comercial (ato constitutivo). Marco legal, constituída a partir do registro.
Personalidade Jurídica? (art. 44 CC) Separação do patrimônio
Capital social mínimo – 100 salários mínimos (requisito)
Constituição por transformação – sócio remanescente concentra todas as cotas da sociedade – pode requerer a transformação do registro da sociedade para Eirele
Capacidade para empresariar
Para registrar-se como empresário, a pessoa deverá:
estar no pleno gozo da capacidade civil - noutras palavras, ter mais de 18 anos e não estar interditado. 
Atenção: é possível que menores de 18 anos, desde que estejam emancipados, registrem-se na Junta Comercial como empresários. 
A emancipação do maior de 16 anos pode ser: 
(1) concedida por seus pais; 
(2) deferida pelo Judiciário, quando o menor tenha um tutor; 
(3) pelo exercício de emprego público efetivo;
(4) pela colação de grau em curso superior; e 
(5) pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria. Como o menor não está autorizado a registrar-se, o estabelecimento comercial com economia própria apurar-se-á de fato, e não de direito; estabelecimento, portanto, havido na chamada economia informal. Com a emancipação, o menor poderá registrar-se e passar a compor a economia formal. Também haverá emancipação pelo casamento, mas aqui a partir dos 14 anos de idade, desde que haja deferimento judicial de suprimento de idade para se casar.
E se...
Se o empresário, já inscrito, é interditado, ou se um incapaz recebe a empresa por herança ou doação, o artigo 974 do Código Civil permite-lhe continuar a empresa antes exercida1 desde que
(I) por representante, se absolutamente incapaz3; ou 
(II) devidamente assistido, se relativamente incapaz3. 
Essa posição reflete o princípio da preservação da empresa, fundado na constatação de sua função social, ou seja, do benefício econômico de mantê-la. 
Para tanto, exige-se prévia autorização do Judiciário2, ouvido o Ministério Público, devendo ser examinadas as circunstâncias e os riscos da empresa, bem como a conveniência em continuá-la.
Em se tratando de sucessão, será o incapaz inscrito como empresário; se há interdição, será ela anotada; 
Em ambos os casos, serão também registrados o representante, a quem caberá o uso da firma, ou assistente, que convalidará os atos do empresário. Para evitar prejuízos aos interesses do menor, o artigo 974, § 2º, do Código Civil, cria um limite de responsabilidade entre o estabelecimento e o patrimônio de seu titular, estabelecendo não ficarem sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo da empresa. 
Tais fatos deverão constar do alvará que conceder a autorização para prosseguir com a empresa. A qualquer tempo, o Judiciário poderá revogar a autorização, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito; essa revogação, todavia, não prejudicará os direitos que tenham sido regularmente adquiridos por terceiros que mantiveram negócios com a empresa.
Impedimentos
Nem todos os civilmente capacitados podem empresariar; 
Não pode ser empresário quem está impedido pela legislação, sendo que o impedido, quando exerce atividade própria de empresário, responderá pelas obrigações que contrair. 
O próprio Código Civil, em seu artigo 1.011, § 1º, lista algumas situações que impedem a inscrição como empresário ou, no âmbito das sociedades empresárias, impedem que a pessoa seja escolhida como administradora da empresa. Em primeiro lugar, colocam-se diversas situações específicas de condenação em processo penal, são elas: 
(1) crimes cuja pena vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; 
(2) condenados por crime falimentar; 
(3) condenados por crime de prevaricação: agentes públicos que, indevidamente, não praticaram, ou demoraram a praticar, ato cuja iniciativa lhes competia, bem como os agentes que praticaram atos contra lei expressa, para satisfazer interesse pessoal, ou apenas para satisfazer sentimento próprio, como paixão, ódio, vingança etc.; 
Impedimentos
(4) condenados por crime de suborno, vale dizer, por corrupção ativa: oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício; 
(5) condenados por crime de concussão: o agente público que exige vantagem indevida, para si ou para outra pessoa, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela; 
(6) condenados por peculato: crime praticado pelo funcionário público que se apropria de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio; 
(7) condenados por crime contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação. (...)
Impedimentos
Para além desses casos, outros há, dispostos em legislações específicas, sendo relevante citar os seguintes: 
(1) magistrados; 
(2) membros do Ministério Público; 
(3) servidores públicos; 
(4) militares da ativa; 
(5) o falido, se não forem declaradas extintas suas obrigações; 
(6) estrangeiros com visto temporário.
Empresário(a) casado(a)
Marido e esposa, comumentemente, quando não estão casados pelo regime de separação total de bens, não podem praticar alguns atos, sem ter a autorização do outro, segundo o artigo 1.647 do Código Civil: 
(1) alienar (vender, doar, trocar) ou gravar de ônus real (hipotecar ou dar em anticrese) os bens imóveis; 
(2) pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; 
(3) prestar fiança ou aval; 
(4) fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação.
 
Tal regra, todavia, não se aplica ao empresário ou empresária casado, já que o artigo 978 do Código Civil permite-lhe alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real, sem necessidade de autorização conjugal. Essa exceção tem por finalidade óbvia permitir a prática das atividades empresariais, mas está restrita às relações mantidas com o patrimônio especificado, que é a empresa, surgido a partir do capital investido e devidamente historiado na respectivaescrituração contábil.
Justamente em função dos prováveis efeitos das relações empresárias sobre o patrimônio pessoal do titular da empresa, demanda-se o arquivamento e a averbação, no Registro Mercantil, dos atos e declarações antenupciais do empresário, o título de doação, herança, ou legado, de bens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade. 
Da mesma forma, deverão ser levados ao Registro Público de Empresas Mercantis a sentença que decretar ou homologar a separação judicial do empresário e o ato de reconciliação. Sem que haja registro, diz o artigo 980 do Código Civil, tais situações não podem ser opostas a terceiros. 
Tal regra deve ser interpretada restritivamente, evitando-se permitir que o cônjuge ou o ex-cônjuge, quando de boa-fé, sejam chamados a responder pela inércia do empresário.
Elementos da Empresa
O legislador brasileiro não se ocupou minuciosamente disso, resumindo-se a afirmar que empresários e sociedades empresárias são aqueles que exercem profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Do dispositivo, todavia, extraem-se os elementos que permitem a compreensão jurídica da empresa:
 Estrutura organizada: não se atenta mais para o ato (ato de comércio), mas para a estruturação de bens materiais e imateriais, organizados para a realização, com sucesso, do objeto de atuação. Esses bens se constituem a partir de um capital que se investe na empresa.
 Atividade profissional: não um ou alguns atos, mas atividade, isto é, sucessão contínua de ações para realizar o objeto professado (sua profissão, o motivo para o qual se constituiu a empresa).
 Patrimônio especificado: os bens materiais e imateriais organizados para a realização do objeto, e a atividade com eles realizada (conjunto de atos jurídicos), são específicos da empresa: faculdades e obrigações empresariais, que deverão experimentar escrituração (contabilidade) própria. (...)
Elementos da Empresa
Finalidade lucrativa: a atividade realizada com a estrutura organizada de bens e procedimentos visa à produção de riquezas apropriáveis, mais especificamente, de lucro, ou seja, de uma remuneração para o capital.
 Identidade social: quando o legislador usa a expressão considera-se empresário, remete a um aspecto comunitário da empresa, que tem uma existência socialmente reconhecida. Fala-se, por exemplo, que o Bradesco fez isso ou aquilo, deixando perceber que a comunidade compreende a empresa como um ente existente em seu meio.
Empresa
A empresa se apresenta como um instrumento voltado para a produção de riquezas; atua de forma organizada e profissional desenvolvendo atividades econômicas voltadas a produção ou a circulação de bens e serviços. 
Profissão de cunho intelectual, de natureza científica, literária ou artística
Note-se, todavia, que o legislador, no parágrafo único do artigo 966 do Código Civil, excluiu dessa definição de empresa aqueles que exercem profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores; essa exclusão dá-se como regra geral, comportando exceção inscrita na própria norma: se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.
Existem diversas formas pela qual o ser humano pode atuar economicamente, realizando, com sucesso, as suas metas. Pode trabalhar, sozinho ou em grupo, em atividades autônomas; é o que comumente fazem os profissionais liberais e os artesãos, como exemplo, sendo remunerados por cada serviço que prestam ou cada bem que vendem. Também é possível trabalhar para alguém, estabelecendo uma relação de emprego e sendo remunerado por meio de salário. Por fim, pode-se estruturar uma empresa para otimizar as relações com o mercado, potencializando a concretização de vantagens econômicas; é este último o plano específico do Direito Empresarial.
Empresa x Estabelecimento 
No plano das pessoas, temos duas possibilidades: empresário individual (pessoa natural, física) ou sociedade (pessoa jurídica). Para conseguir atuar, ele organizará bens e formará um complexo organizado chamado de estabelecimento, conforme o art. 1.142 do CC. 
Se for uma escola ou faculdade, prédio, carteiras, livros, quadros, computadores, programas etc. E a empresa, o que é? É tudo em funcionamento e vida. 
Exemplo: quem vê o restaurante fechado, vazio, de noite, vê o estabelecimento; quem o vê de dia, funcionando, gente trabalhando, gente pedindo, comendo, pagando, vê a empresa. (...)
Estabelecimento
No estabelecimento há apenas o aspecto estático da empresa. Há uma dimensão dinâmica, e ela faz toda a diferença para o Direito Empresarial. Como assim? Imaginem-se dois estabelecimentos absolutamente iguais, ainda assim, você poderá ter duas empresas diferentes, uma fazendo um sucesso danado, outra mergulhada em crise.
E isso tem importância? Imagine que esses dois estabelecimentos iguais sejam duas livrarias. Uma faturando quase nada, outra faturando uma fortuna. Se alguém vai comprar uma, pagará o mesmo pela outra? 
O Direito evoluiu para não focar apenas no complexo organizado de bens, mas para ir além e compreender que a empresa, ela própria, é um bem diverso, maior, passível de proteção jurídica específica.
Aviamento (goodwill of trade)
Justamente por isso, desenvolveu-se o conceito de aviamento, ou seja, a forma como os bens e as atividades são organizados na empresa. 
Um excelente aviamento cria uma empresa mais eficaz, mais lucrativa e, assim, seu valor poderá ser superior ao somatório de seus bens. 
É a vantagem que se pode apurar na forma como se estruturou certa empresa e atividade empresarial. É comum verificar casos em que o valor de mercado de uma empresa é superior ao seu valor patrimonial (valor somado de seus bens). 
Exemplo: quando a sociedade empresária estadunidense Nike Incorporation adquiriu a sociedade empresária britânica Umbro PLC, o valor do negócio foi muito superior ao valor patrimonial da empresa adquirida. Estima-se que 61% a mais. Motivo? A Nike esperava lucrar ainda mais aproveitando-se do mercado detido pela Umbro, sua estrutura e seu aviamento (goodwill of trade). O valor de mercado está menos ligado ao valor patrimonial e muito mais à capacidade de gerar resultados positivos: lucro.
Clientela
Conjunto de pessoas que mantém uma relação de fidelidade com o estabelecimento comercial.
Diferente de freguesia que o freguês só tem relação com o estabelecimento comercial em razão da sua localidade. 
 “É NO CAMINHO DE CASA”
Aula 02
NOME EMPRESARIAL
É o nome com o qual o empresário, seja pessoa natural, seja pessoa jurídica, se apresenta no mercado, identificando o sujeito que exerce a atividade empresarial. O nome empresarial é também um dos elementos incorpóreos do estabelecimento empresarial, não se confundindo com outros elementos de identificação da empresa, como a marca dos produtos vendidos ou o título do estabelecimento (Identifica a empresa, geralmente formado por um elemento fantasia, utilizado na fachada da sede ou filial da empresa).
O nome empresarial torna possível a participação do empresário individual e coletivo no mundo dos negócios, tornando-o sujeito de direitos e obrigações e dando-lhe, ainda, legitimidade processual ativa e passiva. 
Finalidades
Nome empresarial tem a função de identificar o empresário (empresa individual ou sociedade empresaria)
Revelar o tipo societário optado pelos sócios
Demonstra como é a responsabilidade dos sócios: limitada ou ilimitada
Objeto social da empresa
Fundamento legal CAPÍTULO II – DO NOME EMPRESARIAL (art. 1.155 a1168 do Código Cívil)
A proteção jurídica do nome empresarial ocorre pela inscrição do empresário individual ou pelo arquivamento de contrato social (para sociedade empresária) no registro próprio. (Junta comercial)
Em princípio a proteção ocorre dentro do Estado em que o registro foi realizado, sendo possível o registro suplementar 
O nome empresário é um gênero, com duas espécies: firma e denominação
Texto Legal
Art. 1.155. Considera-se nome empresariala firma ou a denominação adotada, de conformidade com este Capítulo, para o exercício de empresa.
Parágrafo único. Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da proteção da lei, a denominação das sociedades simples, associações e fundações.
Distinção entre nome empresarial e título do estabelecimento
Nome
Identifica a PESSOA, se natural, vai o exemplo de Alessandro Rodrigo Urbano Sanchez, Felipe Lima, Cristiano Rodrigues, Fabiano Melo, Luiz Flávio Gomes, Sumariva. Não há proteção especial comparada ao registro do nome empresarial, título do estabelecimento ou marca, sendo possíveis os homônimos. O Código Civil o protege, conferindo ao seu titular um direito personalíssimo.
Nome empresarial
Identifica o EMPRESÁRIO que pode ser uma PESSOA NATURAL no exemplo do empresário individual, como Alessandro Rodrigo Urbano Sanchez Lanchonete – ME ou uma PESSOA JURÍDICA como KIKO LANCHONETE SOCIEDADE LIMITADA. Outro exemplo, CIA BRASILEIRA DE DISTRIBUIÇÃO, demonstrando que algumas espécies de sociedades empresárias, como as sociedades limitadas, podem se utilizar tanto de nomes civis de seus sócios como também de elementos considerados “fantasia”. 
Nome empresarial
Possuem proteção a partir do registro da atividade empresária na Junta Estadual e proteção em todo o território nacional pelo princípio da ANTERIORIDADE, ressaltando que a sua utilização em outra atividade empresária é permitida pelo princípio da ESPECIALIDADE. Logo, é possível a utilização do mesmo nome em atividades distintas, desde que a NOTORIEDADE de uma das marcas não confunda o consumidor.
Título do estabelecimento
Identifica a empresa, geralmente formado por um elemento fantasia, utilizado na fachada da sede ou filial da empresa, 
Também protegido pelas regras do NOME EMPRESARIAL, a partir do registro da atividade empresária na junta estadual.
FIRMA
Só pode ter por base o nome civil do empresário individual ou dos sócios da sociedade empresária quando o núcleo do nome empresarial corresponde a um ou mais nomes civis do empresário, que corresponde também a sua assinatura, conforme art. 1.155 do Código Civil.
Quando determinada sociedade utiliza-se de firma, estamos diante de uma FIRMA SOCIAL. A firma social identifica algumas espécies de sociedades em que obrigatoriamente o nome dos sócios deve figurar no nome empresarial. Em regra, a firma social identifica as sociedades em que há sócios de responsabilidade ilimitada (art. 1.157 do Código Civil), como, por exemplo, a sociedade em nome coletivo e a sociedade em comandita simples.
Admite-se constar da firma apenas o nome de um ou alguns dos sócios, acompanhado do termo “CIA” ao final, por extenso ou abreviadamente.
A firma social deve atender ao disposto no art. 1.165 do Código Civil, que determina: toda vez que um sócio vier a falecer, for excluído ou se retirar, o seu nome não pode ser conservado na firma. Não se permite a manutenção do nome nem mediante cláusula contratual.
DENOMINAÇÃO
Pode ter por base um nome civil ou qualquer outra expressão linguística que a doutrina costuma designar “elemento fantasia”.
Somente duas espécies societárias podem escolher entre firma e denominação: a limitada e a comandita por ações.
A sociedade anônima só adota denominação. No entanto, o art. 1.160, parágrafo único do Código Civil, permite que, na denominação, possa constar o nome do fundador, acionista ou pessoa que tenha contribuído para o êxito da sociedade. Isso não transforma a denominação em firma.
Firma x Denominação – Nome empresarial
A firma tem por base necessariamente o nome civil, seja do empresário individual ou do sócio da sociedade empresária (pode ser nome completo ou uma parte)
Na firma é possível adicionar designação precisa sobre a pessoa ou ramo de atividade
Já a denominação pode adotar o nome civil ou qualquer outra expressão
Proteção do nome empresarial
O nome empresarial é um direito personalíssimo conforme o Código Civil, lembrando que o art. 1.164 não permite a sua alienação, sendo inerente a tal direito a irrenunciabilidade, a intransmissibilidade, inalienabilidade e impenhorabilidade. Entende-se que o valor econômico não desnatura tal direito de personalidade. 
O nome empresarial deve obedecer aos princípios da veracidade e da novidade. A Junta Estadual confere proteção no âmbito da Unidade da Federação onde foi registrado. A proteção nos demais estados depende de registro naquela Unidade específica. 
Cessando o exercício da atividade ou liquidando a sociedade que registrou o nome, este deve ser cancelado.
ATENÇÃO!
O nome empresarial identifica o empresário na forma individual, EIRELI ou sociedade
O título do estabelecimento identifica a empresa.
 Tais institutos são espécies dos signos empresariais que existem para melhor identificar tudo que permeia a vida empresarial nos seus diferentes aspectos. O nome empresarial e o título do estabelecimento possuem proteção a partir do Código Civil, enquanto as marcas são protegidas por disposições contidas na Lei de Propriedade Industrial 9.279/1996.

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