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Aulas-01-a-08_Organização-do-Trabalho-Pedagógico

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Prévia do material em texto

1 
 
ANDRÉIA ALVES CORREA 
 
 
 
ORGANIZAÇÃO DO 
TRABALHO PEDAGÓGICO 
 
 
FACULDADE SÃO BRAZ 
CURITIBA/PR 
2018 
 
 
2 
 
 
Sumário 
 
Introdução ........................................................................................ 03 
Iconografia ....................................................................................... 
Aula 1 – Função social da escola ..................................................... 
04 
05 
Aula 2 – Organização do trabalho pedagógico na educação básica 
e profissional..................................................................................... 
 15 
Aula 3 – Os sujeitos da escola e as dimensões coletivas do trabalho 
escolar ............................................................................................. 
27 
Aula 4 – Projeto Político Pedagógico ............................................... 40 
Aula 5 – Currículo escolar ............................................................... 51 
Aula 6 – Planejamento escolar ........................................................ 63 
Aula 7 – Avaliação escolar............................................................... 74 
Aula 8 – Relação escola-família ...................................................... 83 
Referências ...................................................................................... 93 
Currículo da professora-autora ........................................................ 96 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
Introdução 
Olá estudante! 
 
Esta é uma boa oportunidade de escrever para você e contribuir para a 
sua formação como professor e pedagogo. Este material foi elaborado com o 
propósito de abordar um pouco a teoria já produzida por outros autores em 
relação à realidade vivenciada hoje na escola. 
O conteúdo desse material vai lhe dar a oportunidade de conhecer a 
realidade da escola e o compromisso que você terá pela frente, assim que 
concluir seu curso de Pedagogia. 
É importante você dedicar seu tempo à leitura de todo o material que 
preparei para você, criar uma rotina diária para realizar as interações no 
ambiente virtual de aprendizagem (AVA) que a Faculdade São Braz oportuniza, 
bem como participar das várias mídias que o curso disponibiliza, pois elas 
contribuirão para a sua formação profissional. 
 
Aproveite e bom estudo! 
 
 
 
Profa. Andréia Alves Correa 
 
 
4 
 
ICONOGRAFIA 
 
Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de 
linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual. 
 
 
VOCABULÁRIO 
Indica a utilização de um termo, palavra ou expressão 
no texto. 
 
 
IMPORTANTE 
Indica pontos de maior relevância no texto. 
 
 
 
REFLITA 
Questionamentos e reflexões sugeridas pelo autor, mas 
não é necessário respondê-los. 
 
 
SAIBA MAIS 
Oferece novas informações que enriquecem o assunto: 
textos, artigos, reportagens, vídeos, etc. 
 
 
CURIOSIDADES 
Indica alguma curiosidade a respeito do tema de estudo, 
mas que não está contemplado na ementa. 
 
 
 
LINK 
Vídeos e textos para aprofundar o assunto. 
Dica: Pressione e segure a tecla Control e, ao mesmo 
tempo, clique com o botão direito do mouse para seguir o link. 
 
 
5 
 
Aula 1 – Função social da escola 
 
Olá! Seja bem-vindo à primeira aula da disciplina de Organização do 
Trabalho Pedagógico. Nela, você conhecerá definições sobre o que é a 
educação, a importância dela na vida do homem e o papel que a escola 
desempenha na realidade em que está inserida. 
 
Compreender a importância que a educação exerce na formação da 
sociedade é um conhecimento que o futuro professor precisa adquirir para 
entender a importância do seu papel, como educador, no contexto da sala de 
aula e na formação do indivíduo. 
A seguir, veremos definições importantes sobre a função social da escola 
e a importância da educação. 
 
 
Natureza e especificidade da educação 
Para falarmos sobre a natureza e a especificidade da educação, é 
necessário buscar como ponto de partida as ideias apresentadas por Saviani 
(1992), por entendermos que tais ideias trazem significativas contribuições para 
a reflexão sobre a natureza do processo educativo. 
Saviani (1992, p.19) mostra que “a educação é um fenômeno próprio dos 
seres humanos”, ou seja, entre todos os outros seres vivos e animais, somente 
o homem faz uso e necessita da educação para sobreviver, além de passar 
grande parte da sua vida, conforme Delval (2001), dedicando seu tempo a 
aprender de maneira sistemática. 
Assim, ao contrário dos animais que se adaptam à natureza, o homem 
precisa garantir a sua existência fazendo com que a natureza se adapte às suas 
necessidades e, nessa adaptação, realiza processos de transformação da 
natureza, mediante o seu trabalho, e isto, segundo Saviani (1992), é o que 
diferencia o homem dos demais seres. 
 
 
6 
 
Enquanto os animais utilizam os meios disponíveis para garantir a sua 
subsistência, e se adaptam às situações que estão à sua volta, o homem precisa 
transformar a natureza para atender às suas necessidades, bem como criar 
meios que possam facilitar e colaborar na sua subsistência. 
Para garantir essa subsistência, o homem utilizará a sua força de trabalho 
de maneira intencional e racional, o que exigirá um planejamento que permita 
antecipar, mentalmente, as ações que serão posteriormente colocadas em 
prática. 
Nesse processo de criação, a educação assume um papel fundamental, 
demonstrado por Saviani (1992) ao afirmar que “a educação é um fenômeno 
próprio dos seres humanos, [..] é uma exigência do e para o processo de 
trabalho, bem como é, ela própria, um processo de trabalho”. 
Desse modo, a subsistência do homem dependerá da sua força de 
trabalho que, por sua vez, está associada à educação. Neste sentido, Delval 
(2001, p. 15) refere que a maior invenção do homem foi a educação, pois é por 
meio dela que a evolução da humanidade tem sido possível, uma vez que “os 
homens recebem o conhecimento acumulado pelas gerações anteriores e não 
têm que partir do zero”, ou seja, os conhecimentos acumulados historicamente 
servem de base para a produção de novos conhecimentos. 
 
 A educação sempre esteve e sempre estará presente na vida dos seres 
humanos, pois é a garantia da sua existência. 
 
A natureza da educação está associada à necessidade da produção 
material do homem, no sentido de que ele precisará antecipar suas ações 
mediante planejamento, conhecimentos específicos de outras áreas e conceitos 
importantes que precisa aplicar para atingir seus objetivos. 
Daí a necessidade da educação na vida do homem, pois sem ela as 
situações de aprendizagem e de concretização das ações práticas da vida não 
teriam o caráter que hoje têm. Até poderíamos criar hipóteses sobre a ausência 
 
 
7 
 
da educação na vida dos homens, mas, neste caso, o mundo e a vida seriam 
diferentes do que são atualmente, e apresentariam características que nem se 
imagina. 
Mas conhecer somente a natureza da educação não basta, é importante 
também que saibamos qual é a sua especificidade, a que se destina e de que 
maneira ela pode ser adquirida pelo homem para satisfazer as suas 
necessidades. 
Saviani (1992) entende que tudo o que não é garantido e produzido pela 
natureza é produzido pelo homem e, para que essa produção ocorra, será 
necessário que o homem utilize conhecimentos já produzidos anteriormente. 
Dessa forma, o objetivo da educação deve consistir em transmitir os 
conhecimentos produzidos historicamente, que precisam ser assimilados pelos 
homens para que estes possam vir a produzir novos conhecimentos. 
Mas, em que momento da vida o homem vai aprender? Quais são os 
espaços destinados à aprendizagem? A aprendizagem ocorre somente dentro 
da escola, ou é possível aprender em outros espaços? 
A aquisição de conhecimentos pode ser feita tanto de maneira 
espontâneaquanto de maneira sistematizada. Vamos entender como ocorre 
essa organização? 
A aprendizagem espontânea pode ocorrer em diferentes lugares e 
situações. Pelo fato de ser espontânea, não há um rigor metodológico, nem um 
tempo ou período determinado, sendo assim, a aprendizagem espontânea 
ocorre em situações que não são controladas, nem previstas pelo homem. 
Quando uma mãe ou pai ensina os filhos a fazer uma atividade nova do 
dia a dia da rotina da casa ou a manejar um objeto, novos conhecimentos estão 
sendo transmitidos e que podem ser muito úteis a essas crianças em outras 
situações. 
Assim sendo, no momento em que uma criança está brincando com outra 
e aprende uma nova regra do jogo, esta regra também pode ser caracterizada 
como uma aprendizagem espontânea, uma vez que surgiu de uma maneira 
natural, não programada. 
 
 
8 
 
Já a aprendizagem sistematizada pode ocorrer nos seguintes espaços e 
situações: espaços de educação não formal (fora do ambiente escolar) e 
espaços de educação formal (dentro da escola). 
 
a) Espaços de educação não formal: a educação que pode ocorrer em 
espaços de convivência e interação social, tais como: empresas, igrejas, 
clubes, sindicatos, enfim, em lugares onde as pessoas trocam experiências 
e têm interesses em comum. Di Palma (2008, p. 27) mostra que “quando a 
ação educativa ocorre fora dos ambientes escolares, mas de maneira 
estruturada, objetiva e regular, é chamada de educação não formal”. São 
espaços que reúnem pessoas com interesses comuns e objetivos 
específicos e que se organizam para um processo de ensino específico. 
 
 Educação não formal são ações e processos educativos intencionais, 
estruturados, objetivos e regulares que acontecem em diferentes espaços fora 
do ambiente escolar. (Di Palma, 2008). 
 
b) Espaço de educação formal: a educação que ocorre dentro da escola, com 
planejamento, com conteúdos e objetivos específicos e pré-determinados. 
Para Saviani (1992, p. 23), a escola deve “propiciar a aquisição dos 
instrumentos que possibilitam o acesso ao saber elaborado [...] bem como o 
próprio acesso aos rudimentos desse saber”. A escola tem como uma das 
suas principais funções transmitir os conhecimentos que foram 
historicamente produzidos pelos homens e deixados à humanidade. 
 
Educação formal é o conjunto de ações e processos educativos 
intencionais, estruturados, objetivos e regulares que acontecem na instituição 
escolar. (Di Palma, 2008). 
 
 
9 
 
 
Figura 1.1: Crianças em ambiente de educação formal 
Fonte: © Freepik (2018) 
 
Ter acesso ao saber sistematizado exige pré-requisitos, que são 
elementos importantes para a conquista do saber acumulado, ou seja, para que 
o homem possa ter acesso a esse tipo de conhecimento ele precisa 
necessariamente aprender a ler e a escrever. 
A leitura e a escrita são elementos básicos e essenciais para a aquisição 
dos conhecimentos sistematizados ensinados pela escola, que só podem ser 
aprendidos com todas as suas especificidades dentro do ambiente escolar. 
A partir desse contexto, faz-se necessário conhecer a função da escola 
como ambiente responsável pela aprendizagem formal e sistematizada. 
 
Funções da escola 
Se perguntarmos a qualquer pessoa qual a função da escola, certamente, 
a pessoa não terá dificuldades para responder, a resposta será rápida e fácil: 
 
 
10 
 
“ensinar”. E, na verdade, é isso que todos esperam que a escola execute, bem 
como os profissionais que atuam nas instituições de ensino também esperam e 
buscam realizar todos os dias. 
A escola está presente na vida das pessoas e, há muito tempo e ao longo 
da história recente da humanidade, vem desempenhando as funções que lhe 
são atribuídas de acordo com as determinações da sociedade dominante. 
Assim, buscando compreender ao longo da história da educação qual a 
função que a escola desempenhou, e ainda desempenha na sociedade, é 
possível perceber que a sua história está atrelada à história da humanidade. 
Delval (2001) aponta que, inicialmente, a escola era destinada a uma 
pequena parte da população mais privilegiada e a função a ela atribuída era 
proporcionar uma formação técnica, complexa, uma educação com base na 
instrução e na transmissão de conhecimentos científicos. Basicamente, as 
escolas ensinavam a ler, escrever e realizar cálculos, conhecimentos estes 
necessários às pessoas que tinham a oportunidade de aprender. 
A partir do século XVIII, movimentos realizados por defensores dos direitos 
iguais para todos buscavam uma educação que fosse destinada a todas as 
pessoas. 
Durante o século XIX essa ideia foi sendo colocada em prática, e o ensino 
tornou-se obrigatório após muitas lutas e divergências. Essa conquista, no 
entanto, encontrou muitas resistências por parte de muitos que se sentiram 
prejudicados e ameaçados em relação ao saber à disposição de todos, pois, 
como mostra Delval (2001, p. 82), 
 
alguns alegavam que a educação para os indivíduos de classe baixa, 
os quais por seu nascimento estavam destinados a realizar tarefas 
mecânicas e mais penosas, podia ser contraproducente, porque 
poderia levá-los a querer abandonar as tarefas que lhes correspondiam 
e aspirar a outra posição social diferente. 
 
 
 
Contraproducente: prejudicial; nocivo; danoso. 
 
 
 
 
11 
 
Mas, apesar da resistência de alguns, a educação passou a ser um 
direito de todos e um dos principais mecanismos para a socialização. Tal fato 
contribuiu não apenas para mudanças quantitativas (aumento do número de 
escolas), mas também para mudanças qualitativas (aumento de conteúdos) no 
processo de escolarização. 
 Inicialmente, as pessoas que frequentavam a escola buscavam uma 
formação técnica que não conseguiam fora dela e adquirir técnicas para 
aprender a ler e a escrever. 
Com o aumento do número de escolas para atender a todos, aumentaram 
também os conteúdos escolares, e Delval (2000, p. 84) relata que, nesse período 
de mudança, “a escola centrou-se cada vez mais no conhecimento teórico, 
científico, um conhecimento distanciado da vida, de caráter abstrato, cuja 
aplicação não se vê imediatamente”. Foi assim que a escola se organizou e tem 
se organizado ao longo da história. 
A escolarização destinada a todas as pessoas é a oportunidade de 
adquirir novos conhecimentos que são desenvolvidos somente dentro do 
ambiente escolar. 
Saviani (1992) aponta que o papel da escola básica é socializar o saber 
sistematizado, é dar oportunidade às pessoas de terem acesso ao conhecimento 
elaborado e à cultura erudita. 
Ainda conforme Saviani (1992, p. 23), “a escola existe para propiciar a 
aquisição dos instrumentos que possibilitam o acesso ao saber elaborado, bem 
como o próprio acesso aos rudimentos desse saber”. Então, para que possa 
cumprir com essa tarefa de maneira eficaz, a escola precisa organizar seu 
espaço e seu currículo de maneira a proporcionar a todos o acesso ao 
conhecimento que foi produzido anteriormente. 
A ideia apresentada por Saviani (1991), de que a escola deve se organizar 
para que o conhecimento sistematizado seja desenvolvido de maneira prioritária, 
permitir ao professor desenvolver e trabalhar com os conhecimentos 
historicamente produzidos, e que outras atividades desenvolvidas pela escola 
tenham um caráter secundário, é a proposta considerada a mais “correta”, por 
 
 
12 
 
muitos professores, e o objetivo que os profissionais da educação buscam 
alcançar no momento da elaboração de aulas. 
No entanto, a escola que temos nos dias atuais nem sempre consegue 
desempenhar essa função de maneira integral. Muitas crianças começam a 
frequentar os Centros de Educação Infantil a partir dos 4 ou 6 meses de idade, 
devido a uma necessidade familiar, e passam a estar, em carácter obrigatório, 
dentro da instituição escolar a partir dos 4 anos de idade. 
Com essa situação, a escola acaba desempenhando outras funções que 
vãoalém da transmissão dos conteúdos sistematizados, pois é preciso formar a 
“pessoa”, olhar e contribuir para a formação do indivíduo como um todo. 
Segundo Delval (2001), essa função atribuída hoje à escola ocorre devido 
às mudanças realizadas nas formas de vida das pessoas, em que a presença da 
mulher no mercado de trabalho se torna essencial para garantir a subsistência 
da família, sendo que a escola não pode fechar os olhos diante dessa situação. 
 
 A obrigatoriedade do ensino a partir dos 4 anos, fixada pela Lei n. 12.796, 
de 4 de abril de 2013, é abordada no artigo intitulado Lei obriga pais a matricular 
crianças a partir dos 4 anos na pré-escola torna obrigatório o ensino a partir dos 
4 anos. Saiba mais aqui. 
 
Outra função atribuída à escola, não menos importante, é a de 
socialização. Quando a criança chega ao ambiente escolar, passa a conviver 
com pessoas diferentes do seu convívio familiar e a ter contato com realidades, 
costumes e formas diferentes de encarar as situações. 
A escola, dessa maneira, torna-se um espaço onde a criança além de 
adquirir o conhecimento sistematizado, também vai participar de muitos 
momentos de interação que contribuirão, de forma efetiva, para o seu 
desenvolvimento. 
Delval (200, p. 87) refere que “a interação é muito importante para o 
desenvolvimento infantil, pois promove a cooperação, a possibilidade de colocar-
https://educacao.uol.com.br/noticias/2013/04/05/lei-regulamenta-obrigatoriedade-de-matricula-na-rede-escolar-a-partir-dos-4-anos.htm
 
 
13 
 
se no ponto de vista do outro, a reciprocidade”, ou seja, estar em contato com o 
outro dará à criança a oportunidade de aprender e conviver socialmente. 
 
 Para complementar as informações acerca da organização do espaço 
escolar e da importância da interação entre as crianças, assista ao vídeo. 
 
Porém, além de transmitir o conhecimento sistematizado e contribuir para 
a socialização, a escola também tem a função de preparar os indivíduos para 
atuarem no mercado de trabalho. 
Libâneo (2007) mostra que as constantes transformações ocorridas no 
contexto mundial, provenientes do processo de intensa globalização, afetam 
diretamente o contexto escolar. Nesse sentido, é preciso: 
a) Rever as práticas desenvolvidas por professores. 
b) Traçar novos objetivos. 
c) Implantar reformas políticas para o contexto educacional. 
O mundo do trabalho exige um profissional polivalente, capaz de se 
adaptar a diferentes situações, com conhecimentos na área da tecnologia e da 
informação para atender às demandas do mercado. 
Para que a escola consiga, de fato, desempenhar seu papel de preparar 
o indivíduo para a sociedade, ela precisa atualizar constantemente suas práticas, 
rever seus objetivos, proporcionar formação continuada aos seus professores, e 
não lutar contra as inovações porque não terá sucesso nesta ação, já que, 
conforme Libâneo (2007), a escola precisa “articular-se e integrar-se [...], a fim 
de formar cidadãos mais preparados e qualificados para um novo tempo”. 
 
 A função da escola é tratada pelo pedagogo José Carlos Libâneo 
aqui. 
https://www.youtube.com/watch?v=FZm6blu1Bic
https://www.youtube.com/watch?v=6kk__FXVwC0
https://www.youtube.com/watch?v=6kk__FXVwC0
 
 
14 
 
As funções atribuídas à escola são muitas, e a responsabilidade pelo 
educar está não apenas nas mãos da família, mas também nas da instituição 
escolar, ou seja, ela tem a grande responsabilidade de contribuir para a formação 
do homem que vai atuar na sociedade. 
Assim sendo, ser professor é uma profissão que vai além dos conteúdos 
passados no quadro-negro, consiste em contribuir para a formação do educando 
de maneira integral. 
 
Síntese 
Como vimos nesta aula, a educação está presente permanentemente na 
vida do homem e este precisa dela para tornar-se homem e viver em sociedade. 
A necessidade de adquirir os conhecimentos produzidos pela humanidade 
justifica a existência da escola, que tem como função não apenas transmitir 
conhecimentos, mas sobretudo preparar o indivíduo para a vida. 
 
 
Atividade de Aprendizagem 
O sistema educacional brasileiro, por meio da Lei n. 12.796, de 4 de abril 
de 2013, garante a educação básica, de forma gratuita e obrigatória, a crianças 
a partir dos 4 anos de idade. Pesquise sobre o desenvolvimento infantil 
associado a essa faixa etária, e de que maneira a escola pode organizar suas 
atividades para atender crianças nessa faixa etária. 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
Aula 2 – Organização do trabalho pedagógico na educação 
básica e profissional 
Olá! Seja bem-vindo à segunda aula da disciplina Organização do 
Trabalho Pedagógico. Nela, você conhecerá a maneira como a organização do 
trabalho desenvolvido dentro das escolas se estruturou ao longo dos tempos, e 
como está organizado nos dias atuais. 
 
Compreender a trajetória da organização do trabalho pedagógico dentro 
das escolas, e a maneira como ele está organizado, é um conhecimento que 
todo futuro professor precisa adquirir, de modo a conhecer a evolução que 
ocorreu ao longo dos tempos, e a forma como o trabalho pedagógico deve ser 
organizado nos dias atuais. 
Sobre a trajetória da organização do trabalho pedagógico, veremos a 
seguir considerações importantes sobre o tema. 
 
A trajetória da organização do trabalho pedagógico 
Organizar um trabalho pedagógico nada mais é que organizar os espaços 
escolares no seu dia a dia, de forma a atender às demandas da sociedade em 
relação à formação do indivíduo. 
A escola tem objetivos e metas a cumprir que buscam contemplar a 
formação integral do indivíduo e, para que esse objetivo seja alcançado, a escola 
deve constantemente avaliar suas práticas, adequar-se à legislação vigente, 
reorganizar suas ações e buscar sempre a melhoria da qualidade de ensino. 
Contudo, na realidade, qual o trabalho que deve ser desenvolvido na 
escola? Em que consiste esse trabalho? Qual é o objetivo do trabalho que os 
profissionais da educação realizam todos os dias? 
Para encontrar as respostas mais adequadas a tais questionamentos, 
inicialmente, precisamos compreender em que consiste o trabalho desenvolvido 
pela escola. 
 
 
16 
 
Saviani (1992) refere que o trabalho desenvolvido pela escola é o ato de 
produzir de maneira intencional a “humanidade que é produzida histórica e 
coletivamente pelo conjunto dos homens”. (SAVIANI, 1992, p. 13). Pensando 
dessa forma, com base nas ideias do autor, a responsabilidade da escola é 
transmitir aos alunos o conhecimento que foi anteriormente produzido pela 
humanidade. 
Quando, inicialmente, pensamos na função da escola, logo concordamos 
com Saviani (1992) quando define o trabalho que deve ser desenvolvido pela 
escola. Porém, quando pensamos em todas as outras situações que estão 
atreladas à ação de ensinar, nas relações sociais e afetivas que ocorrem dentro 
de uma sala de aula, concluímos que talvez o ambiente escolar não deva estar 
organizado somente para transmitir os conteúdos sistematizados, mas também 
estar preparado para a formação do indivíduo como um todo. 
Além de transmitir os conteúdos sistematizados, a escola deve saber 
identificar quais elementos culturais devem ser assimilados pelos indivíduos para 
que eles, de fato, se tornem humanos e possam conviver em sociedade. 
Assim, as exigências para a formação do homem há 50 anos não são as 
mesmas dos dias atuais, pois ocorreram muitas mudanças no contexto social. 
Hoje, há assuntos que são discutidos em sala de aula que, tempos atrás, não 
faziam parte das rodas de conversa como, por exemplo, questões relacionadas 
ao meio ambiente. 
Soares (2011) reitera esse pensamento, pois acredita que uma das 
tarefas importantes que a escola deve desempenhar é: 
escolher os elementos culturais que serão priorizados para cada uma 
das etapas do trabalho desenvolvido no ambiente escolar e, 
consequentemente, a melhor formade fazê-lo.” (SOARES, 2011, p. 
26), 
 
Assim, para Soares (2011), a escola deve não apenas pensar em se 
organizar para ensinar, mas também deve procurar a melhor maneira de 
executar essa tarefa, e essa é sempre a grande dúvida que se tem: O que é, de 
fato, o melhor? 
A identificação dos elementos culturais necessários à formação do 
indivíduo é hoje, e sempre foi, uma tarefa realizada pela escola. No entanto, se 
 
 
17 
 
conhecermos um pouco o percurso da organização do trabalho pedagógico, 
desenvolvido ao longo dos tempos, perceberemos que ele se modificou e 
adaptou às necessidades da sociedade. 
Di Palma (2008) mostra que uma mesma sociedade passou por diferentes 
formas de educar e de entender a educação ao longo da sua história e que, 
nesse processo de modificações e adaptações, precisou organizar seu trabalho 
de maneira a atender ao que era necessário para o momento. 
Nas sociedades mais primitivas, os homens aprendiam uns com os 
outros, e o objetivo era garantir a sobrevivência. Para que isso fosse possível, o 
homem percebeu que a vida em grupo poderia ser útil e, com isso, a 
comunicação e o desenvolvimento de técnicas de trabalho e pesca foram criados 
e ensinados. 
A aprendizagem, nesse período, ocorria de maneira natural e involuntária 
e, como menciona Di Palma (2008), tinha o objetivo de garantir a vida. 
 
 
Fonte: © Freepik (2018) 
 
 
Mais tarde, como nos mostra a história da humanidade, quando o homem 
deixou de ser nômade, passou a produzir seu próprio alimento e a criar suas 
 
 
18 
 
próprias ferramentas para o trabalho, o processo educativo também precisou ser 
modificado. 
 
 Nômade: é a pessoa que está sempre se mudando de um local para 
outro. 
 
Então, a aprendizagem natural e sem pretensão deu lugar a uma 
aprendizagem com objetivos específicos e conhecimentos que foram sendo 
acumulados ao longo dos tempos e precisavam ser transmitidos. 
Di Palma (2008, p. 31) menciona que, nesse período, “o acúmulo de 
conhecimentos gerou a necessidade de uma instituição que se 
responsabilizasse pela transmissão do saber e garantisse a preservação da 
cultura nas gerações futuras”. Com isso, inicia-se o processo de criação da 
escola. 
Na Idade Antiga e Idade Média, a escola passou por transformações no 
que diz respeito à sua organização e aos seus objetivos, pois o processo de 
criação das escolas distanciou-se dos grupos de trabalho, o que contribuiu para 
a formação das classes sociais. 
A elite, que ia assumir cargos importantes na sociedade necessitava 
aprender conhecimentos que pudessem ser úteis para suas funções futuras, ou 
seja, era necessário aprender a ler e a escrever, pois para exercer cargos na 
aristocracia, tal conhecimento seria fundamental. 
Aos menos favorecidos o que importava era a formação para o trabalho, 
o que nem sempre era obtida dentro das escolas. A escola como instituição era 
para poucos privilegiados e, como refere Di Palma (2008), não há registros nesse 
período de uma sequência de conteúdos ou ações nem para um grupo, nem 
para outro, pois não havia uma padronização para o ensino. 
Di Palma (2008) mostra também que ao longo da Idade Média, a Igreja 
Católica exerceu uma grande influência na organização do trabalho pedagógico, 
pois se utilizava da educação para garantir a manutenção da estrutura social, e 
 
 
19 
 
as relações sociais estabelecidas tinham um formato já idealizado e previsto pela 
Igreja. 
Assim, a organização do trabalho pedagógico desenvolvido pela igreja 
tinha um rigor metodológico e sofria um controle pois só era transmitido aquilo 
que era interessante para manter a ordem e o domínio da igreja católica. 
 Mesmo sendo um período de domínio e controle da igreja católica, 
reformas na sociedade ocorreram principalmente a Reforma Protestante, e 
avanços significativos na organização do trabalho a ser desenvolvido nas 
escolas foram sendo estabelecidos. A escola passou enfim ser destinada a 
todos. 
 
 Você sabia que a Reforma Protestante foi a grande transformação 
religiosa da época moderna e aconteceu no início do século XVI? Martinho 
Lutero foi seu grande precursor, e a reforma ocorreu devido aos abusos 
cometidos pela Igreja Católica. 
 
Então, o fato de a educação não ser mais privilégio de apenas uma parte 
da sociedade, mas sim ser destinada a um número maior de pessoas, impactou 
a organização do trabalho pedagógico que antes era pensado para, apenas, um 
grupo de pessoas e agora deveria atender a outros interesses. 
Em relação à organização do processo pedagógico, após as reformas, Di 
Palma (2008, p. 33) mostra que tais elementos “serviram de fundamentos para 
a instituição da escola pública, universal, igualitária e laica na Europa” e que, 
mais tarde, também serviu de base para a organização do trabalho pedagógico 
desenvolvido no Brasil. 
Chegamos ao momento de conhecer a maneira como o trabalho 
pedagógico se organizou no Brasil. O início de todo processo ocorreu com o 
trabalho desenvolvido pela Companhia de Jesus na figura dos jesuítas, que 
organizavam o trabalho pedagógico a partir das orientações que recebiam da 
coroa portuguesa. 
 
 
20 
 
O trabalho dos jesuítas consistia em “garantir a fé católica nas colônias 
dos países alinhados com a Igreja de Roma” (DI PALMA, 2008, p. 33). No 
entanto, quando eles deixaram de ter essa responsabilidade educacional e 
saíram do país, a organização do sistema educacional ficou sem um 
direcionamento por um longo tempo. 
 
 Você sabia que os jesuítas faziam parte de uma ordem religiosa católica, 
chamada Companhia de Jesus, que tinha como objetivo disseminar a fé católica 
pelo mundo? No Brasil, chegaram em 1549 e deixaram o país em 1750. 
 
Durante o século XX, a educação brasileira passou por diversas 
transformações, tendo sido obtidos alguns avanços e também ocorrido alguns 
retrocessos, mas vale lembrar também que a educação sempre esteve atrelada 
às políticas nacionais do poder dominante e a sua organização sempre 
dependeu dos interesses políticos. 
Um exemplo claro disso, que pode elucidar essa situação, foram as 
mudanças ocorridas após o processo de Proclamação da República, em 1889, 
quando houve a necessidade da retomada da organização do sistema 
educacional. 
Nesse momento, havia necessidade de se dar condições às pessoas para 
que pudessem participar dos processos eletivos que fazem parte de uma 
república. Dessa forma, iniciou-se a organização dos espaços escolares, a fim 
de que as pessoas pudessem ser alfabetizadas e adquirissem os conhecimentos 
necessários para poderem participar da sociedade. 
Avançando um pouco na história, o período que corresponde aos anos de 
1930 a 1945 foi considerado por Libâneo (2007) um período centralizador da 
política nacional e também da organização do sistema educacional. 
Nesse período, ocorreu um aumento significativo do número de escolas 
primárias e secundárias e foram elaboradas as primeiras diretrizes educacionais 
para o sistema educacional brasileiro, porém, sempre com o objetivo de atender 
aos interesses políticos e econômicos da época. 
 
 
21 
 
Com o fim da ditadura militar, inicia-se o processo de retomada da 
democracia, em que a sociedade civil passou a se fortalecer e a participar das 
decisões mais importantes do país, inclusive das relacionadas à educação. 
A busca pela qualidade de ensino, formação adequada dos professores, 
ampliação de vagas nas escolas, obrigatoriedade do ensino para todos e pelo 
prolongamento da escolaridade obrigatória, ainda fazem com que as discussões 
sobre educação estejam sempre presentes no contexto atual. 
Após conhecermos, um pouco, a história da organização do trabalho 
pedagógico ao longo dos tempos, é possível compreender que ele sempre 
esteve atrelado ao poder dominante e a sua forma de organização depende da 
política educacional vigente. 
A escola passou por diversas transformações,vem se adequando e se 
reorganizando ao longo da história com o objetivo de formar o cidadão, no 
entanto, tal adequação e tal reorganização dependem dos objetivos que se 
pretende alcançar com a formação do cidadão. 
Diante disso, ao ler essa trajetória de organização do sistema de ensino 
e dos objetivos da educação, o professor pode se questionar: “Mas, então, qual 
a relação da política educacional com o trabalho que eu tenho que desenvolver 
em sala?”. 
Ora, essa relação é total, o Plano Nacional de Educação, a Lei de 
Diretrizes e Bases, as Diretrizes Curriculares Nacionais que orientam a 
elaboração dos currículos escolares, são documentos importantes, elaborados 
a partir de legislação própria, que indicam não apenas o que ensinar, mas 
também como ensinar. 
 
 
A organização do trabalho pedagógico no contexto atual 
A promulgação da Constituição Federal de 1988 caracterizou a abertura 
política no contexto brasileiro, e uma reformulação das relações na sociedade 
se fazia necessário então. 
 
 
22 
 
A partir desse novo contexto de organização, que dava às pessoas mais 
oportunidades de participação, houve também a necessidade de reformulação 
da legislação educacional. 
Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação foi discutida e 
aprovada e, desde então, vem sofrendo reformulações e acréscimo de artigos 
que se fazem necessários para a garantia da qualidade da educação e 
atendimento às necessidades da sociedade. 
Tanto a Constituição Federal de 1988, quanto a Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação n. 9.394/96 trouxeram, para o contexto escolar, a gestão 
democrática, ou seja, o direito da comunidade escolar de participar na 
organização do seu contexto, contudo, como um direito garantido. 
As decisões autoritárias, tomadas por uma pessoa apenas, não podem 
mais fazer parte do contexto escolar, as decisões devem ser tomadas em grupo, 
discutidas em reuniões de representação de segmentos, e encaminhadas 
coletivamente. Agora, a gestão tem não apenas um caráter democrático, mas 
também um caráter participativo. 
 
 Você sabia que a gestão democrática do ensino público está prevista 
no artigo 2006, inciso VI, da Constituição Federal de 1988 e também no artigo 
14 e 15 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n. 9.394/96)? 
 
Organizar o sistema educacional, para que ele pudesse cumprir com os 
novos preceitos de democracia, previstos em lei, não foi, e ainda não é, uma 
tarefa fácil, na medida em que o espírito democrático ainda precisa ser 
construído nas pessoas, ou seja, é preciso fazer aquilo que o coletivo decidiu e 
nem sempre o que ele decide atende aos interesses de todos. Paro (2003) 
mostra que a administração do contexto escolar deve ser baseada na: 
 
cooperação recíproca entre os homens e deve ter como meta a 
constituição(...) de um novo trabalho coletivo que (...) seja uma 
decorrência do trabalho cooperativo de todos os envolvidos no 
processo escolar. (PARO, 2003, p. 160). 
 
 
 
23 
 
 
 
A responsabilidade pelo direcionamento das ações educativas de uma 
escola não pode mais estar sob a responsabilidade de uma pessoa apenas, 
todos os envolvidos devem contribuir para superar os modelos estáticos, 
burocratizados e hierarquizados. 
Com isso, as escolas passaram a ter a responsabilidade de organizar o 
seu projeto de trabalho, ou seja, o Projeto Político Pedagógico (PPP), que é a 
oportunidade de todos os envolvidos no processo educacional da instituição 
contribuir para que a escola possa não apenas cumprir com seu trabalho 
educacional, mas também atender às necessidades dos indivíduos, de maneira 
mais direta. 
 
 As atribuições e responsabilidades de cada parte da comunidade 
escolar devem ser normatizadas pelo PPP e pelo regimento interno. 
(GROCHOSKA, 2011). 
 
Dessa forma, para a escola atender à legislação educacional vigente e às 
suas necessidades educacionais, ela precisa, conforme Libâneo (2004), de uma 
organização educacional com a seguinte composição: 
a) Conselho Escolar. 
b) Direção. 
c) Setor Técnico-Administrativo. 
d) Setor Pedagógico. 
e) Corpo Docente. 
f) Corpo Discente. 
g) Serviços Gerais. 
h) Merendeira. 
 
 
24 
 
Na sequência, serão apresentadas definições dos seguimentos 
apresentados por Libâneo (2004), como essenciais e necessários para a 
organização do espaço escolar. São eles: 
 
a) Conselho Escolar: órgão de representação da comunidade escolar com 
a responsabilidade consultiva, deliberativa e de fiscalização. Deve ser 
composto por representantes dos pais, alunos, professores, direção, 
pedagogos, serviços gerais e administrativos escolhidos por meio de 
eleição direta, em Assembleia realizada com a comunidade escolar. O 
Conselho Escolar deve se organizar para discutir assuntos pertinentes à 
realidade escolar e tomar decisões para a solução dos problemas. 
b) Direção: responsável pela execução, coordenação, direcionamento e 
implantação das decisões tomadas pelo Conselho Escolar. Deve 
gerenciar a instituição, tendo em vista aspectos pedagógicos, financeiros 
e administrativos. O representante da Direção deve ser escolhido pela 
comunidade, por voto direto, mediante legislação própria do Sistema de 
Ensino (estadual ou municipal). 
c) Setor Técnico-Administrativo: responsável por toda documentação 
escolar e pela circulação de informações na escola. Geralmente, o 
técnico-administrativo é contrato por meio de concurso público ou por 
sistema de contratação da instituição mantenedora. 
d) Setor Pedagógico: é responsável pela coordenação pedagógica e 
orientação educacional de todas as ações desenvolvidas na escola. O 
pedagogo é contratado por meio de concurso público ou por sistema de 
contratação da instituição mantenedora. 
 
e) Corpo Docente: são os professores responsáveis pela mediação dos 
conteúdos em sala de aula, que devem ter formação específica na área 
docente. São contratados por meio de concurso público ou por sistema 
de contratação da instituição mantenedora. 
 
 
25 
 
f) Corpo Discente: são os alunos que se devem matricular nas escolas 
mais próximas da sua residência, para facilitar o acesso e permanência 
na escola. 
g) Serviços Gerais: pessoas responsáveis pela organização e limpeza dos 
ambientes escolares. São contratados por meio de concurso público ou 
por sistema de contratação da instituição mantenedora. 
h) Merendeira: pessoa responsável pela elaboração e/ou distribuição da 
merenda escolar. É contratada por meio de concurso público ou por 
sistema de contratação da instituição mantenedora. 
 
 A importância de uma gestão escolar democrática é abordada pela 
professora e pedagoga Josemary Marastoni neste vídeo. 
 
Com o processo da gestão democrática, hoje implantado nas instituições 
de ensino, os seguimentos acima mencionados podem e devem contribuir de 
maneira efetiva para que o trabalho desenvolvido na escola se realize de forma 
atender aos interesses reais da comunidade escolar. 
Essa ação é possível quando a gestão da instituição de ensino organiza 
seu trabalho com base em princípios democráticos, ou seja, possibilita 
momentos de encontro e reuniões do colegiado para discussão de problemas da 
escola, com a efetivação das ações previstas no Projeto Político Pedagógico da 
instituição e, principalmente, trabalhando com o senso de corresponsabilidade 
dessas ações. 
A organização do trabalho pedagógico, desenvolvido na escola, está 
intrinsecamente relacionada com a sua forma de gestão, isto é, se essa gestão 
está baseada em princípios democráticos e participativos, o encaminhamento 
das ações desenvolvidas dentro da sala de aula também seguirá esse caminho. 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=H6NtSgULmB8
 
 
26 
 
Síntese 
Como vimos ao longo desta aula, não é mais possível pensar em uma 
organização do trabalho pedagógico de maneira individual, mas sim que o 
coletivo da escola deve participar das decisões maisimportantes e contribuir 
para o encaminhamento das ações desenvolvidas na escola, ou seja, a equipe 
escolar deve se sentir coparticipante do processo educacional. 
 
 
 Atividade de Aprendizagem 
Aprofunde o tema abordado nesta aula, lendo o texto “A gestão da 
educação ante as exigências de qualidade e produtividade da escola pública”, 
de Vitor Henrique Paro, clique aqui . 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/sem_pedagogica/fev_2010/a_gestao_da_educacao_vitor_Paro.pdf
 
 
27 
 
Aula 3 – Os sujeitos da escola e as dimensões coletivas do 
trabalho escolar 
Olá! Seja bem-vindo à terceira aula da disciplina Organização do Trabalho 
Pedagógico. Nela, você conhecerá quem são os sujeitos da escola e qual a 
função deles dentro do espaço educativo. 
 
Conhecer quem são os sujeitos que participam do espaço escolar, e se 
identificar como parte integrante desse processo, é uma das missões que o 
futuro pedagogo tem pela frente, bem como as funções que esses sujeitos 
desempenham, são temas que veremos a seguir. 
 
Os sujeitos do espaço educativo 
 Compreender a maneira como o espaço escolar se organiza é um 
conhecimento necessário a todo futuro profissional da educação. Mas, além da 
compreensão a respeito dessa organização e do cumprimento da missão 
atribuída à instituição escolar, é necessário também compreender as relações 
que se estabelecem nesses espaços. 
 Fazem parte do espaço escolar, as pessoas que estão direta ou 
indiretamente envolvidas com a educação e se relacionam a todo o momento, 
pois, para a instituição escolar cumprir a sua missão educativa, ela necessita 
que seus sujeitos executem suas tarefas e organizem o trabalho pedagógico. 
 Mas quem são, de fato, as pessoas que fazem parte do contexto escolar? 
Se pensarmos na resposta a essa pergunta, logo nos vem à mente a figura do 
aluno, do professor, do diretor, do pedagogo, dos funcionários, dos estagiários, 
enfim, de todas as pessoas que se fazem presentes dentro do ambiente escolar. 
Assim, o objetivo desta aula é identificar os sujeitos que atuam nesse 
espaço e qual é a dimensão do seu trabalho. 
 
 
 
 
28 
 
 
Figura 3.1: Comunidade escolar 
Fonte: © Wikimedia Commons (2018) 
 
Quem são os alunos? 
 Nossos educandos são sujeitos importantes no processo educativo, pois 
eles justificam a existência da escola, como uma instituição de ensino formal e, 
hoje, chegam a ela já com muitos conhecimentos acumulados, a partir das suas 
experiências anteriores. 
Isso significa que já conhecem muito sobre a vida e se relacionaram com 
outras pessoas e, dependendo da etapa do ensino em que passarem a 
frequentar a escola, já saberão falar muitas palavras e compreender muitas 
situações, ou seja, já viveram muitas situações informais e, agora, passarão a 
ter contato com o ensino formal. 
 
 
29 
 
Atualmente, os educandos podem se manifestar em sala de aula e 
mostrar o que aprendem e como aprendem, e a escola precisa atender às suas 
necessidades como estudantes e pessoas participantes da sociedade. 
 
Isso parece muito claro nos dias de hoje, não há quem duvide que os 
estudantes não possam participar do contexto escolar, não possam manifestar 
seus desejos. No entanto, essa situação nem sempre foi vivenciada dessa 
maneira. 
No entanto, houve um tempo em que o aluno deveria apenas repetir o que 
lhe era transmitido, deveria aprender a partir das repetições e era punido quando 
não conseguia realizar uma atividade e a única pessoa que sabia em sala de 
aula era o professor. Tudo o que o educando trazia consigo de experiências, não 
tinha valor algum dentro do contexto escolar. 
 
 Para conhecer uma visão crítica em relação ao sistema tradicional de 
ensino, clique neste vídeo. 
 
 Ainda nesse tempo, o educando não era visto como sujeito participante 
do processo, na verdade, a escola era para ele, mas ele, a figura central do 
processo, não era ouvido, nem respeitado. 
Grochoska (201, p. 25) mostra que “houve um tempo em que para cumprir 
as obrigações pedagógicas da escola, bastava o professor propor ao aluno 
atividades de memorização”. Com estas atividades, o pensamento não era 
privilegiado apenas a repetição e a memorização, pois se entendia que a única 
maneira para o educando aprender alguma coisa, seria por meio da repetição. 
A escola não tinha valor algum para o indivíduo, por isso, evasão, 
retenção, distorção série/idade eram problemas que caracterizavam o fracasso 
escolar da época. 
No entanto, os avanços da sociedade proporcionaram não apenas 
avanços na tecnologia da informação e da comunicação, mas também na 
https://www.youtube.com/watch?v=5QjBljGM7ug
 
 
30 
 
maneira como vemos a criança, pois o acesso facilitado à informação, como 
afirma Grochoska (2011, p. 24), “inseriu a criança no mundo como cidadã crítica 
e reflexiva, indicando que concepções e formas de produção de conhecimento 
precisam ser revistas”. 
Desse modo, não é mais possível perceber o educando como um ser que 
não tem conhecimento ou imaginar que ele precisa apenas da escola para 
aprender. Na verdade, há conhecimentos que são adquiridos somente dentro do 
espaço escolar, mas esses não são os únicos conhecimentos que ele pode 
adquirir. 
Assim sendo, não podemos mais pensar no educando como um sujeito 
incapaz, mas sim devemos trabalhar para organizar o espaço pedagógico, de 
forma a proporcionar-lhe o melhor ensino e a permitir que ele manifeste seus 
interesses, devendo a escola privilegiar também os conhecimentos anteriores 
das crianças. 
 
 A importância da organização dos espaços da escola no processo de 
aprendizagem e na formação do educando é abordada aqui neste vídeo 
 
Quem são os professores? 
Não há aprendizagem sem educando, nem ensino sem o trabalho do 
professor. Essas são afirmativas que estão presentes no contexto escolar. A 
escola não consegue trabalhar sem educando e sem professor. 
O professor é o responsável pela mediação do conhecimento, por levar o 
educando até o saber sistematizado, historicamente produzido, sendo o 
responsável pela ampliação do conhecimento dele, já que ele traz a sua 
experiência vivida para a sala de aula. Neste caso, o trabalho do professor 
consistirá em ampliar e produzir novos conhecimentos. 
https://www.youtube.com/watch?v=FZm6blu1Bic
 
 
31 
 
Dada sua importância no contexto escolar, o professor é um dos grandes 
responsáveis pela aprendizagem dos educandos e pela transformação do 
conhecimento científico em conhecimento escolar. 
No entanto, o caminho do educador é difícil e de muita responsabilidade 
porque não basta apenas transmitir os conhecimentos, mas também ele deve 
levar o educando a refletir sobre a realidade e a produzir novos conhecimentos. 
 
 Para conhecer mais sobre o papel do professor, clique aqui. 
 
Para desempenhar essa função, o professor necessita de uma formação 
sólida e contínua, que lhe possibilite refletir a respeito de sua metodologia e dos 
processos de aprendizagem, bem como lhe dê condições de alterar a sua 
prática, sempre que necessário. 
 
 A partir do momento que decide por essa profissão, o professor tem pela 
frente um grande desafio. A busca incessante pelo conhecimento é essencial 
para que se torne um sujeito crítico e reflexivo. (GROCHOSKA, 2011). 
 
Grochoska (2011) aponta para a necessidade do estabelecimento de 
políticas públicas voltadas tanto para formação dos professores, quanto para a 
sua valorização profissional, pois entende que tais políticas podem proporcionar 
meios para que a formação do professor venha a contribuir para a melhoria da 
qualidade de ensino. 
Ainda de acordo com Grochoska (2011, p. 27), para que o professor tenha 
um bom desempenho profissional, ele precisa ter “formação inicial e 
constantemente esteja vinculado a iniciativas de formação continuada, que 
receba remuneraçãoque lhe permita ascensão, em especial a intelectual, que 
tenha boas condições de trabalho”. 
https://www.youtube.com/watch?v=4fc6ctNIswk
 
 
32 
 
Contudo, não é apenas isso, além de todo processo de valorização da 
carreira e da formação continuada, o professor precisa ser incentivado também 
a ser um pesquisador na sua área porque as investigações, realizadas a partir 
de uma realidade vivida, produzem novos conhecimentos, que podem ser 
compartilhados com outros professores. 
 
Para saber mais a respeito da importância da formação continuada dos 
profissionais que atuam na escola, clique aqui. 
 
 
No contexto atual da educação, o professor tem como uma das suas 
missões trabalhar para que seu educando se torne um sujeito crítico e 
participativo na realidade em que está inserido. 
Essa tarefa, no entanto, é apontada por Grochoska (2011) como 
necessária, porém difícil de ocorrer quando o professor não tem tais qualidades, 
ou seja, não é crítico e não reflete a respeito da aplicação de sua prática, 
limitando-se apenas a reproduzir o que está proposto em livros didáticos, sites e 
blogs, os quais contêm atividades prontas para serem aplicadas, sem ao menos 
entender o contexto da atividade que escolheu. 
Produzir um educando crítico e participativo é uma tarefa que está nas 
mãos dos professores, os quais precisam organizar sua prática pedagógica de 
forma que o educando tenha oportunidade de construir o seu conhecimento, 
expressar as suas opiniões e demonstrar aquilo que aprendeu. 
Em outras palavras, o professor precisa, efetivamente, ser um observador 
da realidade que o cerca, bem como um grande leitor e pesquisador para que, 
assim, possa ter elementos necessários para avaliar a sua prática e transformá-
la. 
 
https://www.youtube.com/watch?v=ZXKfLYCJNmc
 
 
33 
 
 Para saber mais acerca da importância do professor ser um 
pesquisador, clique aqui. 
 
Quem é o diretor escolar? 
O diretor de uma instituição de ensino é um profissional da educação, que 
pode ser professor ou pedagogo, que tem como missão gerir o espaço educativo 
nas dimensões pedagógica, administrativa e financeira. 
O diretor é o responsável por organizar o espaço escolar; direcionar as 
ações a serem executadas; conduzir e implementar o processo democrático; e 
colocar em prática as decisões do colegiado da escola e da sua mantenedora. 
 
 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei n. 9394/96, prevê que a 
gestão da instituição de ensino seja democrática, ou seja, os dirigentes das 
escolas devem ser escolhidos pela comunidade escolar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3.2: Reunião de colegiado escolar 
Fonte: © Flickr (2018) 
http://www.editorarealize.com.br/revistas/conedu/trabalhos/TRABALHO_EV056_MD4_SA4_ID4198_14082016195123.pdf
 
 
34 
 
Hoje, os diretores escolares das instituições públicas de ensino são 
escolhidos pela comunidade escolar, mediante eleição direta, conforme a 
legislação de cada estado ou município. 
Um exemplo disso vem do Município de São José dos Pinhais, cuja Lei 
Municipal n. 640, de 21 de dezembro de 2004, prevê eleição direta para diretores 
e diretores auxiliares das Escolas de Ensino Fundamental I (1º ao 5º ano) e dos 
Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI), no período de três em três 
anos, podendo o diretor exercer somente dois mandatos consecutivos na mesma 
instituição. 
Essa garantia da escolha dos dirigentes, de maneira democrática, está 
prevista na legislação da educação, e esse fato contribuiu para que o cargo de 
diretor deixasse de ser ocupado por pessoas que exerciam o poder por longos 
períodos de tempo, tornando o poder em algo eterno. 
O diretor de uma instituição de ensino, ao se deparar com a 
responsabilidade que lhe é atribuída, precisa desenvolver algumas habilidades 
para que o direcionamento da escola possa ser feito de maneira correta. 
A esse respeito, Libâneo (2004) mostra que o papel do gestor escolar 
depende de alguns fatores determinantes, são eles: 
 
a) Autoridade: é recebida de seus superiores para poder dirigir a escola e 
responder por ela oficialmente. 
b) Responsabilidade: está relacionada à autoridade e à execução de tarefas 
que foram decididas de maneira coletiva pelos órgãos colegiados. 
c) Decisão: é a aptidão para decidir pelo melhor caminho a seguir e tomar a 
melhor decisão em relação a uma determinada situação. 
d) Disciplina: ter uma postura voltada para o cumprimento das 
determinações superiores e da própria escola. 
e) Iniciativa: propor ações de mudança para situações que precisam ser 
alteradas. 
 
Ao diretor cabem várias atribuições desde as mais simples, até as mais 
complexas, tais como: 
 
 
35 
 
 
 Responsabilizar-se pela divulgação de informações na escola. 
 Estabelecer relações de cordialidade e respeito com toda a sua 
comunidade escolar. 
 Incentivar o trabalho tanto de professores, quanto de outros funcionários. 
 Coordenar a organização do espaço escolar em relação a horários e ao 
uso dos espaços. 
 Atender às necessidades tanto dos alunos e dos pais, quanto dos 
professores e funcionários em geral da escola. 
 
Não apenas o diretor deve responsabilizar-se por todo o trabalho 
desenvolvido dentro da escola, mas também por toda documentação emitida 
pela escola; deve estar sempre à frente de todas as situações relacionadas com 
o espaço escolar e responsabilizar-se pelo patrimônio da escola, além de 
representar a escola em todas as situações em que o nome da escola estiver 
envolvido. 
Em resumo, o diretor é o principal responsável pela escola e tem como 
missão principal articular todos os setores da escola (administrativo, pedagógico, 
financeiro), em prol de um bem comum: a educação das crianças e a busca 
constante pela melhoria da qualidade de ensino. 
 
 
Quem é o pedagogo escolar? 
É um profissional habilitado com o curso de formação inicial em 
Pedagogia e com a grande responsabilidade de conduzir o trabalho pedagógico 
desenvolvido na escola. 
Soares (2011) mostra que o pedagogo tem como função a organização e 
a coordenação de todo trabalho pedagógico desenvolvido na escola, o que 
significa que tudo o que se refere a questões pedagógicas será sempre da 
responsabilidade dele. 
 
 
36 
 
Para que o pedagogo consiga executar suas tarefas, precisa ter sempre 
em mãos o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola, pois, conforme 
Grochoska (2011), ele será o grande responsável pela articulação das ideias 
previstas nesse documento e a concretização delas na prática cotidiana. 
O Projeto Político Pedagógico da instituição se tornará um documento 
vivo nas mãos do pedagogo, uma vez que ele será um dos responsáveis por 
propor ações e encaminhamentos que visem à efetivação das propostas 
apresentadas. 
Soares (2011, p. 113) menciona que é a partir das ideias previstas no PPP 
que “os profissionais que trabalham na escola conseguem analisar, refletir e 
avaliar todos os processos pedagógicos da organização escolar, com o objetivo 
explícito de oferecer educação de qualidade à população”. 
Com base nisso, o pedagogo deve responsabilizar-se pelas atividades 
didáticas desenvolvidas pelos professores, bem como fazer o acompanhamento, 
orientação e avaliação do trabalho desenvolvido por eles e, ainda, apontar 
caminhos que os docentes possam seguir. 
Além disso, também tem como missão subsidiar os professores na 
elaboração dos planos de aula, na busca por estratégias de ensino, no 
preenchimento de relatórios e fichas para encaminhamento de educandos com 
dificuldades para serviços especializados e ainda, coordenar as reuniões com 
pais e professores. 
 
Quem são os pais dos alunos? 
 
Os pais dos alunos são as pessoas que fazem parte da comunidade que 
está localizada, muitas vezes, próximo a escola. Os pais, cada vez mais, ganham 
espaço de participação dentro das instituições de ensino, pois, as decisões de 
uma escolajá não estão mais somente nas mãos de uma pessoa, pois, a gestão 
de ensino hoje privilegia a participação de todos. 
As instituições de ensino, hoje, precisam ter seus órgãos de participação 
coletiva organizados, para contribuir com o processo de gestão da instituição, e 
 
 
37 
 
a participação dos pais é fundamental e essencial nesse processo. Os pais 
podem participar dos Conselhos Escolares, das Associações de Pais e Mestres 
e de outras formas de organização participativa. 
Assim sendo, dividir as responsabilidades da gestão escolar com a 
comunidade é um dos conceitos que devem ser almejados em um processo de 
gestão. 
No momento em que os pais começam a participar da realidade da escola 
de maneira mais efetiva, a escola acaba conquistando grandes aliados que, 
percebendo o trabalho que deve ser realizado, vão trabalhar para que a 
qualidade de ensino seja alcançada. 
Em cada comunidade há uma realidade, uma situação social e econômica 
muito própria de cada região. Muitas vezes, trazer os pais para dentro da escola 
não é uma tarefa fácil, e isso pode ser atribuído a diversos fatores: falta de tempo 
para eles participarem da rotina escolar; falta de conhecimento sobre a maneira 
como se pode participar; desconhecimento do valor e da importância que a 
escola tem para a comunidade, bem como do próprio trabalho de conquista da 
escola; e a forma de participação dos pais que é permitida pela escola. 
Experiências realizadas demonstram que quando os pais estão presentes 
ou contribuem para a gestão da escola, esta alcança muitas conquistas e é 
valorizada por parte da comunidade. 
Grochoska (2011, p. 38) mostra que a participação dos pais na rotina 
escolar ainda é algo que a escola deve buscar realizar e tem sido vista como um 
dos grandes desafios da escola: “promover de forma consciente, reflexiva e 
decisória a participação da comunidade nos processos de organização escolar”. 
Não se pode dizer que os pais não participam da vida escolar dos filhos, 
na medida em que muitos pais, apesar da carga horária de trabalho, dedicam 
algum tempo a acompanhar a vida escolar do seu filho, outros dedicam pouco 
tempo e outros, ainda, não dedicam tempo algum. 
A falta de participação, muitas vezes, pode gerar problemas 
desnecessários, no entanto, aconselha-se que a escola converse sempre com 
os familiares, procurando manter uma aproximação com eles. Contudo, tal 
 
 
38 
 
aproximação nem sempre é a mais adequada e esperada pela escola, porém é 
a que se pode conseguir. 
Grochoska (2011) apresenta alguns motivos apontados pelos pais para 
não participarem da rotina escolar: 
 
 Sobrecarga de trabalho. 
 Dificuldade para compreenderem a linguagem da escola. 
 Vivências de crises emocionais, financeiras e sociais por parte das 
famílias. 
 Eventos/ações promovidos pela escola no horário de expediente do 
comércio, o que dificulta a participação das famílias. 
 
Para garantir a efetiva participação dos pais, é necessário que a escola 
trabalhe em parceria com os órgãos colegiados, definindo conjuntamente 
maneiras de ampliar a participação das famílias. Decisões tomadas em grupo 
podem ser mais eficientes, quando comparadas a decisões tomadas 
individualmente. 
 
 Conheça mais a respeito do papel desempenhado pelos colegiados 
na gestão da escola, clicando aqui. 
 
Síntese 
Todos os sujeitos que compõem o espaço escolar têm a sua característica 
e responsabilidade na cultura da escola. Ela não se faz “escola”, se não puder 
contar com a presença de seus sujeitos, como sejam: alunos, pais, diretores, 
pedagogos e professores que sempre fizeram, e sempre farão, parte do contexto 
escolar. 
https://www.youtube.com/watch?v=aCyNfW-RlOs
 
 
39 
 
Esses sujeitos que agem no espaço escolar são importantes e contribuem 
para que a escola de fato realize o seu trabalho educacional. 
 
Atividade de Aprendizagem 
Assista ao filme Gênio indomável, dirigido por Gus Van Sant e produzido 
por Miramax Films. Ele retrata a vida de um garoto muito inteligente que se 
envolve em situações de conflito, e, com a ajuda de um professor, descobre que 
é um gênio da matemática. 
Após assistir a esse filme, elabore um comentário destacando os aspectos 
mais importantes apresentados por ele e que estão relacionados ao conteúdo 
abordado nesta aula. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
Aula 4 – Projeto Político Pedagógico 
Olá! Seja bem-vindo à quarta aula da disciplina Organização do Trabalho 
Pedagógico. Nela, você conhecerá alguns aspectos gerais da cultura 
organizacional da escola em relação ao Projeto Político Pedagógico (PPP) da 
escola. 
 
Compreender as características gerais de um Projeto Político Pedagógico 
é um conhecimento que todo futuro professor precisa adquirir, para poder 
contribuir com o seu trabalho para a organização desse espaço. 
A seguir, veremos a trajetória da organização do trabalho pedagógico e 
teceremos considerações importantes sobre os seguintes temas: 
 
 
Projeto Político Pedagógico: conceitos gerais 
A busca pela melhoria da qualidade de ensino e a ideia de as instituições 
de ensino terem um documento próprio, que expressasse sua evolução teórica 
e histórica, está diretamente relacionada com a ideia de construção de um 
projeto pedagógico. 
Tal discussão começou a surgir durante o século XX, mesmo antes de a 
legislação educacional apresentar a necessidade de elaboração de um 
documento próprio para cada instituição. 
A Constituição Federal de 1988 trouxe mudanças significativas em toda a 
sociedade brasileira, principalmente em relação à garantia dos princípios 
democráticos até então inexistentes na sociedade. 
No que se refere à educação, o artigo 206, inciso IV, da Constituição 
Federal prevê modificações quanto à gestão das instituições de ensino, ao trazer 
princípios democráticos para o contexto escolar, antes também inexistentes. 
Para regulamentar esse artigo, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, 
n. 9.394/96, em seu artigo 12, inciso I, estabelece a responsabilidade de as 
escolas elaborarem a sua proposta pedagógica, ou seja, de organizarem seu 
 
 
41 
 
espaço e criarem a identidade da instituição, tarefa esta que se tornou obrigatória 
para todas as instituições de ensino. Desse modo, não bastava apenas a escolar 
afirmar que iria ensinar, mas, sobretudo, devia mostrar o que e como iria ensinar. 
 
 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação prevê, no seu artigo 12, que 
os estabelecimentos de ensino terão a incumbência de elaborar e executar sua 
proposta pedagógica. 
 
 Com isso, as escolas ficaram responsáveis por elaborar o documento 
intitulado Projeto Político Pedagógico, ou simplesmente PPP, como muitos 
profissionais da educação se referem. 
O projeto político pedagógico da escola reflete a identidade da instituição 
escolar e torna-se um dispositivo para a construção contínua da inovação (Veiga, 
2007), ou seja, o PPP deve mostrar qual a intenção da escola e o que ela espera 
alcançar com a efetivação das suas ações pedagógicas. Então, o que é um 
Projeto Político Pedagógico? 
Ao se buscar, na literatura, definições e a caracterização desse 
instrumento, encontramos nos estudos de Veiga (1995, p. 13) a caracterização 
de projeto político pedagógico como “um processo permanente de reflexão e 
discussão dos problemas da escola, na busca de alternativas viáveis à 
efetivação de sua intencionalidade”. Esse autor mostra a necessidade desse 
projeto não apenas apresentar discussões teóricas, mas também apontar 
caminhos e formas que possibilitem a melhoria da qualidade de ensino. 
O referido tema também foi pesquisado por Maia e Costa (2011, p. 19) 
que caracterizam o projeto político pedagógico como sendo “um processo 
democrático e permanente de reflexão e de discussão dos problemas escolares”. 
Sendo assim, a responsabilidade não está nas mãos apenas de umapessoa, mas de todo o coletivo da escola, o que significa que, agora, decidir é 
uma atividade coletiva. 
 
 
42 
 
Para entendermos o significado da expressão “Projeto Político 
Pedagógico”, convém realizarmos uma análise termo a termo, como fizeram 
anteriormente pesquisadores (MAIA, 2011; VEIGA, 1995), para elucidar esses 
termos. 
O termo “projeto”, conforme Veiga (1995), significa lançar algo para 
diante. Assim, ao elaborarmos um projeto, estamos pensando em algo que ainda 
não aconteceu e pode ser antecipado, ou seja, estamos prevendo algo que pode 
ocorrer no futuro de forma diferente do que presenciamos no presente e no 
passado. 
Veiga (1995, p. 13) considera que um projeto deve ser “construído e 
vivenciado em todos os momentos, por todos os envolvidos com o processo 
educativo”. Em outras palavras, o projeto deve ser pensado por todos os 
envolvidos na escola e deve prever ações que possam modificar o contexto por 
ela vivenciado. 
O termo “político”, conforme Veiga (1995), refere-se a algo que está 
articulado com o compromisso sociopolítico, com os interesses de todos os que 
vivenciam uma determinada situação. 
O projeto desenvolvido pela escola tem um caráter político porque 
assume um compromisso com a formação do cidadão. Maia e Costa (2011) 
mostram que o termo “político” está relacionado com os interesses de todas as 
pessoas que fazem parte da comunidade escolar. 
O termo “pedagógico” refere-se à definição de ações educativas que 
possam ser concretizadas e aos interesses políticos das pessoas envolvidas que 
possam ser atendidos. 
Veiga (1995) afirma que a dimensão pedagógica do projeto está na 
possibilidade de efetivação das ações pensadas pelo coletivo para a instituição, 
ações essas que podem modificar a realidade vivenciada pelo coletivo escolar e 
contribuir para a formação do cidadão participativo. 
Após definirmos, em separado, os três termos, agora podemos reuni-los 
e chegar a uma única definição: projeto político pedagógico é a concretização 
das ideias de uma comunidade escolar que tem como objetivo a melhoria da 
qualidade de ensino. 
 
 
43 
 
Maia e Costa (2011, p. 21) apresentam o Projeto Político Pedagógico com 
a finalidade de: 
promover uma reflexão, coletiva e a explicitação da compreensão e 
das intenções políticas do trabalho da instituição escolar, dos objetivos 
educacionais e da organização do conjunto das ações, das relações e 
práticas pedagógicas para a melhoria da qualidade de ensino. 
 
 
O projeto político pedagógico é o retrato da escola, sendo, hoje, um dos 
documentos mais importantes que a escola tem, pois retrata as suas concepções 
de homem, de mundo, de ensino, de metodologia e, também, revela a maneira 
como a escola se organiza, bem como as características da instituição. 
É importante que o professor, ao chegar a uma escola para iniciar seus 
trabalhos, realize uma leitura do Projeto Político Pedagógico dela, a fim de 
conhecer a instituição em si, identificar suas práticas e combinados, descritos e 
explicados, com as intencionalidades nele previstas. 
Conforme Veiga (2007), um projeto político pedagógico deve ser 
organizado de maneira que deixe claro quais são as intenções pedagógicas e 
organizacionais da escola e, ainda, deve prever ações que visem a 
concretização das intenções pensadas anteriormente e os resultados que 
pretende atingir. 
Dessa forma, um projeto político pedagógico é um documento escolar que 
precisa ser revisado, pelo menos a cada dois anos, de forma a avaliar se: 
 
a) as ações implantadas atingiram seus objetivos; 
b) essas ações precisam ser revistas ou ampliadas; 
c) é necessário pensar em novas ações a serem implantadas. 
 
Assim sendo, o PPP indica os caminhos que a escola precisa percorrer para 
atingir seus objetivos. 
 
 Assista à Roda de Conversa em torno do tema “O Projeto Político 
Pedagógico”. Veja aqui. 
https://www.youtube.com/watch?v=fntnXK-LroY
 
 
44 
 
Veiga (1995) refere que um projeto político pedagógico deve ser um 
processo participativo de decisões, a ser elaborado pelo coletivo da escola, com 
a participação de representantes de todos os segmentos (direção, 
administrativo, serviços-gerais, docentes, discentes, pais de alunos). 
O PPP deve preocupar-se com a organização do trabalho pedagógico, de 
tudo o que precisa ser organizado, prevendo situações e dividindo 
responsabilidades entre todos os envolvidos, além de mostrar de que maneira a 
escola vai enfrentar seus problemas e o compromisso com a formação do 
cidadão crítico. 
Nesse contexto, o projeto político pedagógico torna-se um documento 
exclusivo de cada escola, que não pode ser copiado de uma instituição para 
outra, pois cada escola tem as suas particularidades. 
Um exemplo que ilustra a questão da exclusividade e particularidades de 
um projeto político pedagógico, é quando a escola registra o modo como 
organiza o seu recreio. 
Nesse caso, o coletivo da escola definirá a melhor forma de organizá-lo, 
mediante a distribuição de horários e as atribuições dadas aos professores e 
funcionários para realizar essa função. 
Portanto, cada escola tem sua maneira de organizar esse momento, 
resultante de uma ação conjunta com o seu coletivo que vai analisar o que dará 
e o que não dará certo naquela situação, o que já foi realizado e o que ainda 
pode ser implantado. Logo, o projeto político pedagógico é único em cada 
instituição. 
O PPP não pode ser visto como um documento burocrático, mas sim 
como um instrumento que vai auxiliar a gestão de todo o processo da instituição 
no seu dia a dia. Ele deve refletir a realidade da escola e, para isso, a sua 
elaboração deve atender a determinados princípios que orientarão a tomada de 
decisões. 
 De acordo com Veiga (1994), um projeto político pedagógico deve ser 
elaborado com base nos seguintes princípios: 
 
a) igualdade; 
 
 
45 
 
b) qualidade; 
c) gestão democrática; 
d) liberdade; 
e) valorização do Magistério. 
 
A seguir, serão apresentadas considerações a respeito dos princípios que 
devem nortear a elaboração do projeto político pedagógico, com base nas ideias 
de Veiga (1994): 
a) Igualdade: deve-se buscar a igualdade de oportunidades para todos 
dentro da escola, em todas as ações que forem pensadas, o privilégio 
para uns e outros não deve existir e ações com esse fim devem ser 
rejeitadas. 
b) Qualidade: o projeto deve ser elaborado visando a busca constante pela 
qualidade de ensino; evasão, retenção e baixo rendimento escolar são 
situações que devem ser combatidas na escola, para que não ocorram. 
c) Gestão democrática: é um repensar na forma de conduzir o trabalho da 
escola, que não deve estar nas mãos e sob a responsabilidade de uma 
única pessoa. O poder precisa ser socializado, e a participação do coletivo 
deve ser crítica e construtiva. 
d) Liberdade: está associada à autonomia, ou seja, a escola deve organizar 
o seu projeto com ações que são próprias da sua realidade e, para isso, 
precisa de liberdade para definir metas e executar ações. 
e) Valorização do Magistério: a busca pela melhoria da qualidade de 
ensino está relacionada com a valorização do profissional, no sentido da 
sua formação inicial e continuada, e com condições de trabalho 
adequadas. 
 
A dimensão coletiva, quando bem entendida e presente na elaboração do 
projeto político pedagógico, tende a fazer com que esse documento importante 
não fique esquecido dentro de uma gaveta, ou não seja elaborado como uma 
exigência burocrática, pois, quando bem entendido e elaborado, possibilita a 
melhoria da realidade escolar em prol da qualidade de ensino. 
 
 
46 
 
 Para você conhecer os elementos presentes na elaboração de um 
projeto político pedagógico, consulte o PPP do Colégio Estadual do Paraná, 
clicando aqui. 
 
 
A comunidade escolar, quando envolvida na elaboração do projeto, 
entenderá a sua importância e atuarápara que todas as ações previstas possam 
ser cumpridas e, se o forem, vão propiciar uma renovação de ideias. 
Grochoska (2011, p. 64) refere que a “elaboração do projeto é apenas o 
início de um direcionamento democrático das ações desenvolvidas na escola”. 
 
Organização e estrutura do Projeto Político Pedagógico 
Elaborar um projeto para ficar esquecido em uma gaveta, ou no fundo de 
um armário, é tudo o que um projeto político pedagógico não pode pretender. A 
legitimidade dele só é alcançada, quando a comunidade escolar participa 
ativamente da sua elaboração e da sua continuidade. Grochoska (2011) mostra 
que quanto mais a comunidade escolar participar da elaboração e efetivação do 
projeto, mais eficácia ele terá. 
Para que aquela legitimidade possa ser alcançada e, de fato, o projeto 
desempenhe as suas funções, é necessário que a instituição de ensino, em sua 
gestão, tenha concepções democráticas e participativas, no que se refere ao 
gerenciamento do processo educacional. 
Quando a gestão da instituição se organiza de forma a criar momentos e 
espaços que permitam, de fato, que o PPP cumpra o seu papel, facilmente se 
conseguem avanços na qualidade de ensino e as responsabilidades são 
divididas entre todos. Pelo contrário, quando essa gestão entende o projeto 
pedagógico como um simples documento burocrático, ele terá unicamente esse 
valor na escola e os avanços poderão ficar ao sabor do acaso. 
http://www.cep.pr.gov.br/pagina-247.html
 
 
47 
 
A efetivação do projeto político pedagógico depende de todos, não apenas no 
seu processo de elaboração, mas também no seu processo de implantação. 
É um trabalho que precisa ser construído, mediado pelo diálogo, estudado 
e refletir de fato a realidade da escola. É um documento que a escola precisa 
sempre consultar para verificar como deve proceder em relação a determinados 
encaminhamentos. 
 
 A legitimidade de um PPP está ligada ao grau e ao tipo de 
participação de todos os envolvidos no processo educativo da escola, o que 
requer continuidade de ações (VEIGA, 1994, 14). 
 
Veiga (2003) considera que a elaboração de um projeto político 
pedagógico deve levar em consideração os seguintes elementos: 
 
a) Participação: a elaboração de um PPP deve privilegiar a participação de 
todos os envolvidos, isto é, de todas as pessoas que compõem a comunidade 
escolar (professores, pais, alunos, direção, pedagogos e servidores da 
escola em geral). 
b) Realidade: o documento do projeto deve mostrar a realidade da escola, ou 
seja, o que ela tem de bom e o que precisa modificar, e isso só é possível se 
a realidade da escola for vivida. 
c) Responsabilidades: toda comunidade escolar deve ser instigada a participar 
na elaboração do PPP, e a divisão de responsabilidades entre as pessoas 
que dela fazem parte deve ser feita não apenas na fase de sua elaboração, 
mas também quando da sua efetivação. 
d) Caminhos possíveis: o projeto precisa apresentar alternativas para solucionar 
os problemas que precisam ser resolvidos, as quais devem estar ao alcance 
de todos e ser possíveis, tendo em mente os recursos disponíveis, tanto 
financeiros quanto humanos. 
 
 
 
48 
 
Assim, todos esses elementos devem estar articulados e presentes no 
processo de elaboração do projeto político pedagógico, de forma a representar, 
efetivamente, a realidade da escola. 
Nesse sentido, muitos devem pensar: Por onde devemos começar ao 
elaborar o PPP da nossa escola? 
De acordo com Vasconcellos (2003), um projeto político pedagógico é 
composto de três partes, que precisam estar articuladas entre si: o marco 
referencial, o diagnóstico e a programação. 
O marco referencial deve explicitar o que a escola quer alcançar, qual a 
sua concepção de homem, de sociedade, de escola, de ensino, de realidade e 
de gestão, ou seja, o projeto deve representar o que o coletivo entende por 
sociedade e realidade escolar, com base em fundamentos teóricos produzidos 
pela literatura e a legislação vigente. 
A elaboração do marco referencial nem sempre é uma tarefa fácil de 
realizar, pois exige pesquisa sobre o tema e interpretação da realidade que será 
apresentada no documento em forma de texto. 
Já o diagnóstico de um PPP é um elemento fundamental para o início de 
um projeto, pois ele dará informações importantes a respeito da comunidade 
onde a escola está inserida. 
Tal diagnóstico pode ser realizado com o uso de instrumentos de 
investigação, que apresentem dados não apenas quantitativos, mas também 
qualitativos. 
Um exemplo de instrumento de investigação que pode ser utilizado na 
realização do diagnóstico é o questionário, composto de perguntas abertas e 
fechadas que revelem não apenas a condição social e econômica da 
comunidade escolar, mas também os seus anseios em relação à escola. Os 
resultados finais obtidos com o diagnóstico vão guiar as ações futuras a serem 
estabelecidas. 
Um exemplo de ação que pode ser modificada para atender à 
necessidade da comunidade, por meio da realização do diagnóstico, foi o de uma 
escola que, durante o processo de revisão do seu projeto político pedagógico, 
 
 
49 
 
realizou uma investigação por meio da aplicação de um questionário à 
comunidade, em que uma das suas questões se referia à religião. 
Após a tabulação dos dados, verificou-se que a grande maioria dos pais 
dos educandos pertencia a uma determinada religião, o que fez com que a 
escola avaliasse os encaminhamentos que foram dados em diversas ações 
desenvolvidas no contexto escolar. 
Por fim, a programação de um PPP consiste na proposta de ação para a 
solução dos problemas encontrados no diagnóstico realizado. A programação 
deve apresentar ações práticas que precisam ser aplicadas na escola, a fim de 
que os problemas apresentados possam ser solucionados com a participação e 
a sugestão de todos. 
 
 A elaboração de um projeto político pedagógico exige muito tempo de 
pesquisa e dedicação de todos os envolvidos. Dessa forma, o tempo de 
elaboração e preparo deve ser considerado nesse documento. 
 
 No entanto, não basta apenas elaborar um projeto político pedagógico, é 
necessário que ele seja colocado em prática todos os dias e submetido a 
revisões periódicas, pelo menos de dois em dois anos, como já foi mencionado 
anteriormente, ou quando houver necessidade, pois, as relações humanas são 
dinâmicas, se alteram no dia a dia e precisam ser registradas. 
 
Síntese 
Como vimos ao longo desta aula, um projeto político pedagógico é um 
documento que garante a identidade e a autonomia da escola, bem como retrata 
a sua realidade, resultante das discussões realizadas pelo colegiado. 
Desde o início de sua elaboração, o PPP deve basear-se em princípios 
democráticos de participação e representar não apenas a realidade da escola, 
mas também a intenção dos profissionais da educação no que se refere ao 
 
 
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modelo de escola que querem construir e ao perfil de cidadão que pretendem 
formar. 
 
Atividade de Aprendizagem 
Visite uma escola de Ensino Fundamental ou Ensino Médio e apresente-
se como estudante do curso de Pedagogia. Pergunte à direção ou ao pedagogo 
da escola se você pode ter acesso ao Projeto Político Pedagógico dessa 
instituição. Caso o acesso seja autorizado, leia esse documento e tente conhecer 
a escola com base nele. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Aula 5 – Currículo escolar 
Olá! Seja bem-vindo à quinta aula da disciplina Organização do Trabalho 
Pedagógico. Nela, você conhecerá alguns aspectos gerais da cultura 
organizacional da escola em relação ao currículo escolar. 
 
Nesta aula, serão abordadas algumas concepções de currículo, a relação 
entre currículo e cultura, bem como a importância do currículo no processo de 
aprendizagem. 
Além disso, também serão apresentadas as principais determinações 
legais que fundamentam a elaboração do currículo, lembrando

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