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Assistência de enfermagem ao cliente com problemas hepáticos e biliares Profa. Me. Ariadne Gomes P. Sampaio Distúrbios hepáticos A função hepática é complexa → disfunção afeta todos os sistemas. Enfermeiro: Compreender o funcionamento do fígado; Habilidades na avaliação e tratamento Fígado - anatomia Maior glândula do corpo; Peso 1500g Localização: abaixo do diafragma (> parte à direita do corpo); Células especializadas: Hepatócitos Células fagocíticas (Kupffer) Fígado –fisiologia Produção e secreção da bile e sais biliares. Fagocitose de bactérias e material estranho Metabolismo dos carboidratos,lipídeos e proteínas. Conversão da amônia em uréia Processamento de drogas e hormônios. Formação de bile / Excreção de bilirrubina. Armazenamento de vitaminas e minerais. Ativação da vitamina D. Bioquímica - Provas de funções hepáticas Aminotransferases séricas (antigamente denominada transaminases) são indicadores sensíveis de lesão das células hepáticas e mostram-se úteis na detecção de doença hepática ALT AST GGT Alanina aminotransferase Aspartato aminotransferase Gama glutariltransferase Usadas para monitorar a hepatite ou cirrose Enocntrada nos tecidos de alta atividade metabólica. Lesao ou morte de órgãos como o coração, fígado, musculo esquelético, rins Associado a colestase e doença hepática alcoólica. Histórico de enfermagem O que perguntar? Histórico de enfermagem Exposição prévia a substâncias hepatotóxicas ou agentes infecciosos; História ocupacional + lazer + viagem; Consumo de álcool e uso de drogas, incluindo IV; Intoxicação medicamentosa; Transfusão sanguínea; História familiar para problemas hepáticos; Sintomas que sugerem doença hepática, mas não específicos para tal: Icterícia Mal estar Fraqueza Melena Fadiga Prurido Dor abdominal Equimose Febre Anorexia Ganho de peso Alteração mental Edema ↑ Circunferência abdominal Hematêmese Exame físico Esclerótica: icterícia Pele e mucosas: Icterícia, prurido; Abdome: sensibilidade, ascite, hepatomegalia; Vascular periférico: edema e anasarca; Neurológico: nível de consciência; Disfunção Hepática comprometimento das células parenquimatosas do fígado Pode ser: aguda e CRÔNICA doenças hepáticas primárias obstrução do fluxo biliar distúrbios da circulação hepática CAUSAS - Disfunção Hepática Agentes infecciosos Anóxia Distúrbios metabólicos Toxinas Medicamento s Deficiências nutricionais Estados de hipersensibilida des Manifestações - Disfunção Hepática Mais comuns e significativas Icterícia Hipertensão portal Ascite + varizes Deficiências nutricionais Encefalopatia hepática ou coma Icterícia A concentração de Bilirrubina no sangue está anormalmente elevada. Todos os tecidos do corpo tornam-se amarelados. Torna-se evidente = > 2,5 mg/dl Compromete: Captação hepática; Conjugação da bilirrubina; ou Excreção de bilirrubina no sistema biliar Tipos: Hemolítica Hepatocelular Obstrutiva Mais comuns Icterícia Destruição aumentada dos eritrócitos Inunda o plasma com bilirrubina tão rápida que o fígado, embora esteja funcionando de modo normal, não consegue excretar a bilirrubina na mesma velocidade em que ela é formada. Comum em: Pacientes com reações transfusionais hemolíticas ou outros distúrbios hemolíticos, Hemolítica Icterícia Hemolítica Não apresenta sintomas nem complicações (em geral, a não ser que a bilirrubina esteja extremamente ↑ ; Quando prolongada, predispõe à: Formação de cálculos pigmentados na vesícula biliar Icterícia grave (20 a 25 mg/dl) – risco de lesão de tronco encefálico Icterícia Hemolítica Icterícia Incapacidade das células hepáticas lesionadas de remover quantidades normais de bilirrubina da corrente sanguínea Causa da lesão celular: Hepatocelular Vírus (ex.: hepatite, febre amarela) Medicamentos ou toxinas Álcool (Ex.: cirrose) Icterícia Podem estar discreta ou gravemente doentes com: Falta de apetite; Náuseas; Mal-estar; Fadiga; Fraqueza; Possível perda de peso. Dependendo da etiologia e extensão da lesão dos hepatócitos = pode ser totalmente reversível Hepatocelular Icterícia Obstrução dos ductos biliares (extra hepática) por: Obstrutiva O b st ru ç ã o Cálculo processo inflamatório tumor pressão exercida por um órgão aumentado Icterícia Bile não flui para o intestino Reflui para o fígado Reabsorvida no sangue Transportad a para todo o corpo Tinge pele, mucosas e escleras (prurido) Excretada na urina (alaranjada) Fezes claras (cor de argila) Dispepsia e intolerância a gordura Obstrutiva Hipertensão portal ↑ Pressão em todo o sistema porta venoso → obstrução do fluxo sanguíneo pelo fígado lesionado Associada a cirrose hepática ou por doenças hepáticas não cirrótica. Consequências: ascite e varizes Ascite Hipertensão portal Vasodilatação arterial esplânctica ↓ Do volume sanguíneo arterial circulante Incapacidade de metabolizar aldosterona Retenção de sódio e de água pelos rins Ascite e edema Ascite – manifestações clínicas ↑ Circunferência abdominal; Rápido ganho de peso; Falta de ar; Desconforto; Estrias; Veias distendidas visíveis; Hérnias umbilicais; Distúrbios hidroeletrolíticos Ascite – exame Inspeção Ascite – exame Piparote Ascite – exame Macicez de decúbito Ascite - tratamento Alimentação: Evitar: Consumo de sal de cozinha; Manteiga; Enlatados; congelados Melhorar o sabor = limão, orégano e tomilho Diuréticos: Melhora em 90%; Espironolactona (aldoctone); Pode usar associado a outro Possíveis Complicações: Distúrbios hidroeletrolíticos (hipovolemia, hipopotassemia, hiponatremia) e encefalopatia Ascite - tratamento Repouso no leito: Importante! Obs.: a postura ereta está associada à ativação do sistema renina- angiotensina-aldosterona (↓ filtração glomerular renal e da excreção de sódio). Parencentese: Remoção de liquido da cavidade peritoneal por punção ou de uma pequena incisão cirúrgica na parede abdominal, em condições estéreis. Ascite - tratamento Parencentese - procedimento médico! Cuidados de enfermagem: Preparar material e auxiliar o procedimento; Posicionar o paciente sentado ou em fowler; Atentar para que o pcte esteja de bexiga vazia; Realizar curativo compressivo no local da punção; Observar sinais de sangramento; Monitorar SSVV; Registrar aspecto de líquido e volume. Distúrbios biliares Colecistite Inflamação aguda da vesícula biliar Provoca: Dor; Hipersensibilidade; Riridez no QSD – pode irradiar-se para ombro direito Náuseas; Vômitos. Sem cálculos: Após grandes cirurgias Traumas graves Queimaduras Com cálculos: 90% dos casos; Bile inicia uma reação química - autólise e edema - perfuração Colelitíase Mais em mulheres do que homens; 40 anos, multípara e obesas; Uso de contraceptivo oral Aumenta com a idade: Secreção hepática ↑ de colesterol; Síntese ↓ de ácidos biliares Formados por pigmentos • precipitação da bile; • Removidos por cirurgia Formados por colesterol • age como irritante • 75% casos Colelitíase – manifestações clínicas Angústia epigástrica, plenitude e distensão abdominal e dor no QSD; Febre, massa abdominal palpável, cólica no QSD que se irradia para as costas ou o ombro direito; Náuseas, vômitos, dificuldade de encontrar posição confortável; Dificuldade respiratória, icterícia; Urina escura, fezes cinzentas, diminuição da absorção de vitaminas hidrossolúveis A,D, E e K Consequências: abcesso, necrose e peritonite. Colelitíase – avaliação diagnóstica Rx abdominal(só 15% dos cálculos estão calcificados); USG (detecta 95%); Colelitíase - Tratamento Não-Cirúrgico: Apoio Dietético: repouso, líquido intravenoso, sucção gástrica, analgesia e antibiótico, dieta pobre em gorduras, rica em PTNs e carboidratos (frutas cozidas, arroz, carnes magras, purê de batatas, vegetais não formadores de gases; Farmacoterapia: quenodiol – dissolve 60% dos cálculos vesiculares formados por colesterol, inibe a síntese e a secreção do colesterol pelo fígado; Litotripsia: ondas de choque, ultra-som, raio laser – laparoscopia. Colelitíase - Tratamento Cirúrgico: Controle Pré-Operatório: Estudos radiográficos, ECG, provas de função hepática, VIT.K, terapia intravenosa e reposição nutricional, orientações (cirurgia, mudança de decúbito para evitar atelectasia e pneumonia). Colelitíase - Tratamento Cirúrgico: Intervenção Cirúrgica e Sistemas de Drenagem: Colecistectomia: vesícula biliar removida – dreno de Penrose (drenagem de sangue, bile); Minicolecistectomia: mini incisão – 4cm e um dreno; Colecistectomia Laparoscópica: na parede abdominal e no umbigo; Colecistectomia com Laser; Coledocostomia: incisão no colédoco para remoção de cálculos. Colelitíase - Avaliação de Enfermagem Obter anamnese e identificar fatores de risco Avaliar a dor do paciente quanto localização e intensidade Avaliar sinais de desidratação Examinar a pele e esclera a procura de icterícia Colelitíase – Diagnósticos de Enfermagem Dor aguda relacionada a cólica biliar; Déficit de volume hídrico relacionado a vômitos; Risco de infecção relacionado a incisão cirúrgica; Nutrição desequilibrada menor que as necessidades corporais relacionadas a intervenção cirúrgica Déficit de conhecimento; Colelitíase – Assistência de Enfermagem PRÉ-OPERATÓRIO Realizar exames; Administrar vitamina K, terapia de hemoderivados s/n, antibióticos, líquido EV; Orientar quanto o procedimento; Cuidados prévios de uma cirurgia; Dieta zero; Orientar urinar antes da cirurgia; Colelitíase – Assistência de Enfermagem Pós-operatório: Avaliar SSVV e nível de consciência Aliviar a dor Cuidados com a FO Reeducação alimentar Estimular deambulação precoce Avaliar complicações: infecção incisional, hemorragia, febre, icterícia Hepatites Hepatite viral É uma infecção viral sistêmica, na qual a necrose e a inflamação das células hepáticas produzem um agrupamento característico de alterações clinicas, bioquímicas e celulares. Cinco tipos definitivos de hepatite viral: A, B, C, D e E. A doença é importante porque é fácil transmitir, apresenta alta morbidade e causa o absenteísmo prolongado na escola e no emprego. Hepatite A – infecciosa É causada pelo vírus RNA da família Enterovirus. Via de transmissão: fecal-oral, relação sexual (oral-anal). Raramente ou nunca ela é transmitida por transfusões sanguíneas, Hepatite A – infecciosa O período de incubação é estimado entre 2 e 6 semanas Pode se prolongar de 4 a 8 semanas. É mais grave em pessoas acima de 40 anos. Raramente evolui para a necrose hepática aguda ou hepatite fulminante. A hepatite A confere auto imunidade. Não existe estado de portador, e nenhuma hepatite crônica esta associada a hepatite A. O vírus está presente apenas por curto tempo no soro. Hepatite A - Manifestações Clínicas Muitos pacientes são anictéricos e assintomáticos. Indigestão, náuseas, vômitos, pirose e flatulência Fase pré – ictérica: Cefaleia Indisposição Fadiga Anorexia Febre. Fase Ictérica: Urina escura Icterícia da esclera e pele Fígado doloroso Hepatite A - Manifestações Clínicas Hepatite A - Achados diagnósticos Antígeno da hepatite A, pode ser detectado nas fezes em 1 semana a 10 dias antes da doença e por 2 a 3 semanas depois que surgiram os sintomas. Hepatite A - Assistência de Enfermagem Repouso / Nutrição Orientar higiene adequada. Notificar nos casos de surtos da doença. Vacinação (custo elevado) Duas doses com intervalo de 6 meses – IM - A partir de 12 meses de idade. - Orientar não ingerir álcool. Medidas preventivas: Lavagem das mãos Água tratada Controle de esgoto Vacina imunoglobuli na quando fornecida até 2 semanas da exposição, para adquirir imunidade passiva ( 6 a 8 semanas) Hepatite B Causa: Vírus da hepatite B VIA DE TRANSMISSÃO Sangue – via percutânea e permucosa Sangue, saliva, sêmen, secreções vaginais ou outro fluido infectado com o vírus Hepatite B Período de incubação: 28 – 160 dias Imunidade (média): 70 – 80 dias Muitas pessoas(>90%) que contraem infecções por HBV desenvolverão anticorpos e irão recuperar-se espontaneamente em 6 meses. Hepatite B - Manifestações Clínicas Assintomático / pode ser grave; Dispepsia, dor abdominal, indisposição, fraqueza. Hepatomegalia + ou – 12 a 14 cm/ esplenomegalia Pode ocorrer artralgia, Rash Risco aumentado de hepatite crônica, cirrose e câncer hepático. Hepatite B – Achados diagnósticos Anti-HBc • anticorpo para antígeno central no HBV; • persiste durante a fase aguda da doença, pode indicar a continuação do HBV no fígado. Anti-HBs • anticorpo para os determinantes de superfície no HBV; • detectado durante a fase tardia da convalescença; • geralmente indica a recuperação e o desenvolvimento da imunidade Hepatite B – Achados diagnósticos Anti HBe • anticorpo para o antígeno e da hepatite B; geralmente significa infectividade reduzida. Anti HBxAg • anticorpo para o antígeno x da hepatite B; pode indicar a replicação continuada do HBV Hepatite B - Assistência de Enfermagem Repouso e alimentação Notificar o caso Controle efetivo de bancos de sangue através da triagem sorológica. Vacinação contra hepatite B Uso de EPI pelos profissionais de saúde. Não compartilhamento de seringas e agulhas para uso de drogas. Orientar uso de preservativos. Hepatite C Trata-se de um vírus de RNA. Período de incubação: 15 a 160 DIAS Sangue ou hemoderivados (pós –transfusional é a forma mais comum). Usuários de drogas endovenosas. Relação sexual. Instrumentos contaminados. Pacientes - diálise renal. Hepatite C - Manifestações clínicas Surgem sintomas de 6 a 7 semanas, após uma transfusão A hepatite C aguda é assintomática em 84% dos casos. Cerca de 50% dos pacientes desenvolvem doença hepática crônica, e pelo menos 20% evoluem para cirrose. Hepatite C - Manifestações clínicas Semelhante hepatite B Uma semana a dois meses de sintomas prodrômicos: • fadiga, anorexia, febre transitória, desconforto abdominal, náuseas e vômitos, cefaléia. Extra- hepáticas •mialgia, fotofobia, artrite, angioedema, urticária, erupções maculopapulares, exantemas cutâneos, vasculite. Intervenções de Enfermagem Hepatites Virais Manter uma nutrição adequada. Manter a ingesta hídrica adequada. Manter o repouso e a atividade adequadas. Assegurar a prevenção da transmissão da doença. Prevenir e controlando o sangramento. Monitorizar os processos mentais. Intervenções de Enfermagem Hepatites Virais Enfrentamento da incapacidade temporária e fadiga. Orientar a família e o paciente sobre o a doença e tratamento. Orientar dieta, repouso, exames sanguíneos de acompanhamento . Evitar álcool - fumo Higiene pessoal e medidas sanitárias. Hepatite tóxica Assemelha-se a hepatite viral Exposição a substancias químicas, medicamentos, agentes botânicos SINTOMAS: Anorexia / Náuseas / Vômitos / Icterícia / Esplenomegalia Recuperação rápida se a hepatotoxina for identificada precocemente. Se não = prostração, hematêmese, hemorragia, convulsão, insuficiência hepática Sentimento de hoje