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OBJETIVOS :
● Definir o que é babebiose equina; 
● Abordar etiologia e explicar como ocorre a transmissão da doença; 
● Demonstrar o ciclo de vida do agente causador e do carrapato; 
● Abordar sobre epidemiologia da doença; 
● Relatar sinais clínicos e como a doença se manifesta; 
● Relatar como é feito o diagnóstico e tratamento; 
● Abordar sobre profilaxia e prevenção.
· INTRODUÇÃO:
 A babesiose equina, também conhecida como piroplasmose, febre biliar ou nutaliose é uma patogenia parasitária, transmitida por carrapatos da família Ixodidae. São ectoparasitas hematófagos responsáveis pela transmissão de inúmeras doenças que acometem equinos, asininos e muares, sendo uma enfermidade considerada endêmica em vários países, inclusive no Brasil. É uma patogenia que gera diversos prejuízos e grandes perdas econômicas na equideocultura, além de ser um dos maiores empecilhos no trâmite internacional de equinos, uma vez que é uma doença de notificação obrigatória à Organização Mundial da Saúde Animal (OIE).
 Esta afecção pode ser causada por dois protozoários intra-eritrocitários sanguíneos distintos: a Babesia caballi e a Theileria equi, sendo que os equídeos podem ser parasitados por uma ou ambas as espécies de babesia simultaneamente (LAVERAN, 1901; NUTTALL; STRICKLAND, 1912, PHIPPS; OTTER, 2004). 
Ambos protozoários, (Babesia caballi e a Theileria equi) causam a destruição dos eritrócitos, as células vermelhas do sangue. O animal parasitado apresenta sintomas como febre, anemia, perda de desempenho, abortamentos, cólicas, epífora, anorexia, ataxia, icterícia, secreção nasal mucosa e edema. Sintomatologia comum, que pode facilmente ser confundida com outras patologias, pois se trata de um quadro agudo, tendo uma evolução rápida caso não tratada. O diagnóstico correto associado ao tratamento é de suma importância para garantir a sobrevida do animal.
· O que é babebiosa equina?
 Babebiose equina, conhecida também por piroplasmose ou nutaliose, é a principal doença parasitária que afeta a criação devido aos seus danos diretos, sendo uma patologia transmitida por carrapatos pertencentes à família Ixodidae, capaz de causar anemia hemolítica intensa. Os agentes causais são dois hemoprotozoários do filo Apicomplexa, ordem Piroplasmida das famílias Babesiidae e Theileriidae, Babesia caballi e Theileria equi, respectivamente (MEHLHORN, SCHEIN, 1998;UILENBERG, 2006; ROTHSCHILD, 2013; WISE et al., 2013; HABIBI et al., 2016; ZANETTI et al., 2017), as quais são transmitidas naturalmente pelos carrapatos Dermacentor nitens, Boophilus microplus, o Anocentor nitens (carrapato de orelha) e o Amblyomma sculptum (anteriormente denominado A. cajennense (NAVA, et al., 2014; SOUTO et al., 2014; FLORES, 2017; SOUZA et al., 2017; SCHUEROFF et al., 2018). Os animais infectados por Theileria equi permanecem infectados por anos, enquanto as infecções causadas por Babesia Caballi não são persistentes e são pouco estáveis no organismo do hospedeiro (ALMEIDA, 2001).
 A Babesia é o gênero mais importante do grupo babesídeo, pertencente ao filo Protozoa, subfilo Sporozoa e classe Piroplasmida (FORTES 1987; URQUHART, 1998). São seres unicelulares, formadores de esporos, parasitas intracelulares obrigatórios.
 A Babebiose é muito conhecida por também acometer outros animais já mencionados, e também canídeos. No entanto, apesar de ter o mesmo agente transmissor, o carrapato, as patologias diferem entre si, não apenas diferindo as espécies de animais que a manifestam (SOUTO et al., 2014; FLORES, 2017; SOUZA et al., 2017; SCHUEROFF et al., 2018)
É visto que os criadores de equinos devem fazer um controle muito minucioso para evitar e tratar a babebiose por ser transmissível a outros animais, e também por ser uma patologia que pode gerar muitos prejuízos e muito incômodo ao animal. 
A babebiose se torna uma patologia preocupante, ja que provoca diversas consequências negativas e prejuízos ao animal, podendo, inclusive, levá-lo a óbito (SOUTO et al., 2014; FLORES, 2017; SOUZA et al., 2017; SCHUEROFF et al., 2018). Como dito anteriormente, a babesia é transmitida aos equinos através da picada de carrapatos infectados. Desta forma, é importante realizar o controle dos carrapatos no ambiente e nos animais, para tanto deve-se conhecer as espécies que estão envolvidas diretamente no ciclo da doença.
· Dermacentor nitens (Acari, Ixodidae):
Conhecido popularmente como “carrapato de orelha de cavalo", esta espécie é amplamente distribuída por todo o território brasileiro e possui os equídeos como seus hospedeiros principais, além de ser o principal vetor da B. Caballi. Apesar da sua aproximação com equídeos, os D. nitens podem parasitar outros animais. Já foram relatados em uma ampla gama de mamíferos, desde bovinos, cervídeos, ovinos, alguns carnívoros como Cerdocyon thous (lobinho) e onças (Puma onça e P. concolor), entre outros (Martins et al., 2015; Nava et al., 2017). Segundo Rodrigues (2017), ao avaliar, sob condições experimentais, outras espécies como possíveis hospedeiros para D. nitens, constatou-se que os bovinos, ovinos, cobaias, cães e aves (galinhas domésticas) não foram hospedeiros competentes para essa espécie de carrapato. Apenas em coelhos foi possível completar a fase parasitária, permitindo a recuperação de teleóginas. No entanto, os pesos médios das fêmeas ingurgitadas foram inferiores aos obtidos das teleóginas provenientes dos equinos. Esse resultado reforça, assim, a notória preferência dos carrapatos D. nitens por equídeos. O sítio de infestação principal é a cavidade auricular, mas pode se fixar no divertículo nasal, região perineal, crina e entre pernas (BORGES; LEITE, 1993; BORGES et al., 2000; LABRUNA et al., 2002). Além da transmissão de B. caballi, as lesões na cartilagem auricular são permanentes e podem desencadear miíases e/ou infecções secundárias (LABRUNA; AMAKU, 2006) e as altas infestações podem, ainda, promover uma redução dos valores hematológicos dos animais tornando-os mais susceptíveis a infecções (LABRUNA et al., 2002).
Seu ciclo de vida depende apenas de um único hospedeiro (ciclo monoxeno) podendo ser dividido em duas fases: parasitária e não parasitária. A fase parasitária se inicia com a fixação da larva em um animal e termina com o desprendimento da teleógina. Essa fase tem duração média de 25 a 27 dias (LABRUNA; AMAKU, 2006). Cada um dos estágios de desenvolvimento do carrapato tem um período médio de alimentação, sendo que as larvas, ninfas e fêmeas levam em média oito, nove e oito dias, respectivamente, para completarem seu repasto sanguíneo (RODRIGUES et al., 2017). Finalmente, quando a teleógina completa sua alimentação ela se desprende do animal caindo no solo e dando início à fase não parasitária. Assim como outros Ixodídeos, ao se desprender do hospedeiro, a teleógina busca um local adequado sob a vegetação para iniciar o processo de ovipostura. Esse processo leva alguns dias, e após a oviposição a fêmea morre. Os ovos permanecem incubados e após esse período as larvas eclodem e estarão aptas para a busca pelo hospedeiro reiniciando o ciclo de vida.
· Rhipicephalus (Boophilus) microplus (Acari, Ixodidae):
Conhecido popularmente como carrapato do boi, é um importante ectoparasita de bovinos e é amplamente distribuído pelo território brasileiro. É um carrapato monoxeno, e apesar do seu principal hospedeiro ser o bovino, ele é encontrado parasitando outros animais, como equinos, ovinos e cervídeos.
Estudos realizados no Brasil afirmam que o Boophilus microplus é de suma importância na transmissão da Theileria equi, e vem sendo considerado como o principal vetor com capacidade de transmissão mesmo sendo um parasita de um único hospedeiro e não haver transmissão transovariana entre as gerações, o que dificulta a transmissão de um animal a outro como ocasional (CORRÊA et al., 2004).
O ciclo biológico do B. microplus, se inicia com uma fase de vinte e um dias passando pelos estágios de larva, ninfa e adulto no mesmo hospedeiro. A fase não parasitária se inicia com a queda das fêmeasingurgitadas e termina quando as larvas eclodidas encontram o hospedeiro. Nesta mesma fase, a fêmea apresenta um período de pré- postura de três dias, morrendo após a postura. As larvas procuram por pontos vegetais, onde possam localizar o hospedeiro pelo odor e vibrações. Assim que encontram o hospedeiro, as larvas se fixam em regiões perineal, perivulvar, posterior da coxa, base da cauda e depois de sete dias se tornam ninfas e estas realizam muda para adulto. As fêmeas após o acasalamento começam a alimentação, depois de ingurgitadas caem no solo e os machos permanecem no hospedeiro à procura de novas fêmeas (MASUDA et al., 2004).
· Amblyomma sculptum (Acari, Ixodidae):
A região Neotropical apresenta maior diversidade de espécies do gênero Amblyomma. Beati e colaboradores (2013) demonstraram que a espécie Amblyomma cajennense (Fabricius, 1787) é na verdade um complexo de unidades taxonômicas constituído por seis espécies distintas. Amblyomma cajennense s.s está restrita a Amazônia e norte do Brasil, enquanto Amblyomma sculptum (antes sinonímia de A. cajennense) (NAVA, et al., 2014) ocorre em todas as outras regiões brasileiras incluindo a região sudeste.
Conhecido popularmente como carrapato estrela, vermelhinho ou micuim, oA.sculptum é um carrapato trioxeno, necessita de três hospedeiros de espécies iguais ou diferentes para completar seu ciclo de vida. Fêmeas fecundadas e ingurgitadas desprendem-se do hospedeiro e caem sobre a vegetação. Após doze dias inicia a oviposição e ao final desta a fêmea morre. Após a incubação ocorre a eclosão dos ovos e as larvas sobem e descem na vegetação de acordo com as variações climáticas até encontrarem o primeiro hospedeiro, onde realizam o repasto de linfa, sangue e/ou tecidos; e em seguida desprendem-se do hospedeiro e vão para o solo em busca de abrigo, cerca de 24 dias após se tornam ninfas. As ninfas se fixam em um novo hospedeiro e durante cinco a sete dias se alimentam de sangue e repetem o mesmo ciclo das larvas tornando-se adultos entre vinte e três a vinte e cinco dias. Estudos realizados por Kerber et al. (1999) demonstraram que há forte correlação entre a presença deste carrapato e animais soropositivos para Theileria equi.
· Etiologia e transmissão: 
Etiologia se refere a forma como que a doença ocorre e suas causas, como é transmitida e originada. Como supracitado, a babebiose é causada por dois hematozoários diferentes: Theileria equi e Babesia caballi.
 Os carrapatos normalmente infectam-se ao ingerir eritrócitos contendo piroplas de um hospedeiro mamífero, que se desenvolvem em gametas masculinos e femininos no intestino médio (UILENBERG, 2006). Os zigotos então se multiplicam e invadem vários órgãos do carrapato, incluindo ovários, o que resulta na passagem transovariana para algumas espécies. Quando os carrapatos se alimentam em um novo hospedeiro, os esporozoítos amadurecem e os hematozoários são transmitidos com a saliva do carrapato e infectam os glóbulos vermelhos (UILENBERG, 2006). 
A B. caballi faz a transmissão por via transovariana podendo-se manter por até quatro gerações. Já na infecção por T. equi só ocorre transmissão transestadial, ou seja, de larva para ninfa e de ninfa para adulta (HOLBROOK, 1968). 
A transmissão da babesiose por sangue contaminado pode ocorrer de forma acidental ou iatrogenicamente. Existe a indicação de que a infecção de Babesia e Theileria ocorra por agulhas contaminadas com sangue de animais portadores, transfusões sanguíneas e por via transplacentária. A transmissão por esse meio tem pouca importância epidemiológica, segundo Roncati (2006).
· Babesia Caballi: 
A Babesia caballi é um protozoário pertencente ao filo Apicomplexa, classe Aconoidasida e da família Babesiidae, assemelha-se à B. bigemina, que atinge bovinos (NAVARRETE & SERRANO, 1999; ZAUGG, 2002). É uma babesia que invade somente os glóbulos vermelhos (eritrócitos), onde os esporozoítos inoculados transformam-se em trofozoítos que crescem e dividem-se em dois merozoítos em forma de pêra e unidos pela parte posterior; podem destruir a célula parasitada para invadirem outras novas células. Após a ingestão das babesias pelos carrapatos fêmeas ocorre a invasão e multiplicação no intestino médio. Logo após esta fase elas chegam à hemocele, havendo invasão e multiplicação nas células dos túbulos de Malpighi, nos ovários e nos oócitos, na sequência infectam as glândulas salivares, multiplicando-se nos ácinos glandulares, sendo então transmitidas ao hospedeiros vertebrado durante o período de hematofagia (FORTES, 1987; KEBER, 2004). Quando comparada com a espécie B. begenina, a B. caballi possui menor patogenicidade e diferente sensibilidade a quimioterápicos, apresentando-se sensível a produtos para tratamento da babesiose(NAVARRETE; SERRANO, 1999; Office International des Epizooties [OIE], 2004)
· Theileria equi :
A Theileria equi, pertence ao filo Apicomplexa, classe Aconoidasida e da família Theileriidae. O ciclo se inicia com a inoculação de esporozoítos junto com a saliva do carrapato. Os esporozoítos inicialmente invadem os linfócitos, e desenvolvem macro e micro esquizontes que originam merozoítos, os quais invadem os eritrócitos (SCHEIN et al., 1981; FRIEDHOFF, 1990). É esse estágio que causa algumas das manifestações mais graves das infecções por T. equi, como linfadenopatia, pirexia, trombocitopenia e panleucopenia (HOMER et al., 2000). Dentro dos eritrócitos os parasitas vão se dividindo incessantemente por fissão binária que originam organismos piriformes que são conhecidos como “Cruz de Malta”, típica da T. equi e que facilita a sua observação microscópica em esfregaços sanguíneos (NAVARRETE; SERRANO, 1999; ZAUGG, 2002; DE WAAL & VAN HEERDEN, 2004). No hospedeiro invertebrado, este agente é transmitido transestadialmente (NAVARRETE; SERRANO, 1999). Quando ocorre esse tipo de transmissão, ao iniciar a hematofagia, os esporontes (formas jovens) são encontradas nas glândulas salivares, desenvolvem-se e transformam-se em formas infectantes, esporozoítos (URQUHART et al., 1996).
· Epidemiologia:
 A epidemiologia estuda a distribuição das patologias em relação aos territórios, a questão geográfica. Observa-se que os carrapatos encontram-se mundialmente distribuídos em regiões tropicais, subtropicais e temperadas, sendo a prevalência da infecção diretamente relacionada com a ocorrência dos agentes vetores (FRIEDHOFF; SOULE, 1996). As babesias localizam especialmente na América do Sul e América Central, com exceção do sul da Argentina e Chile (FLORES, 2017; SOUZA et al., 2017; SCHUEROFF et al., 2018; ROYER et al., 2020). De acordo com Ruegg et al. (2007) provavelmente as babesias são endêmicas em toda a Ásia Central, tendo como única exceção o Japão. 
 É estimado que 90% da população mundial de equinos esteja exposta a infecção, ainda que em alguns países a doença não ocorra de forma endêmica (FRIEDHOFF et al., 1990). No Brasil, estudos epidemiológicos para a detecção de anticorpos contra os agentes têm registrado prevalências variáveis, caracterizando áreas de instabilidade e de estabilidade enzoótica (HEUCHERT et al., 1999; CUNHA et al., 1996; RIBEIRO et al., 1999; TENTER; FRIEDHOFF, 1986; PFEIFER et al., 1995). Por outro lado, se tem notado que as prevalências são, também, variáveis de acordo com a raça e os sistemas de criação e manejo dos animais (BOTTEON et al., 2002; NIZOLI et al., 2008).
· Patogenia e sintomatologia (sinais clínicos e manifestação):
A babebiose leva em torno de 8 a 10 dias, após a incubação do agente causador, e a parasitemia pode chegar a 1% de hemácias parasitadas no caso da B. caballi e dificilmente o animal virá a óbito por anemia. Se tratando de T. equi, a parasitemia é maior podendo alcançar níveis muito mais elevados, bem como a intensidade dos sinais apresentados de acordo com o estado de saúde imunológica do animal, sendo um fator de risco para animais com sistema imunológico deficiente (FLORES, 2017; SOUZA et al., 2017; SCHUEROFF et al., 2018; ROYER et al., 2020).
Segundo Souza et al. (2017): O período deincubação nesta espécie é entre oito a 10 dias. Em casos agudos é observada a imobilidade repentina e relutância ao movimento. A anorexia é total, com febre de 40ºC, sendo ela intermitente. Em geral não é observado hemoglobinúria. Suas mucosas se mostram pálidas e ictéricas. 
Em equinos jovens os sinais são mais evidentes, e estes animais podem entrar em óbito dentro de 24-48 horas apósinício dos primeiros sinais clínicos. 
Os casos crônicos podem perdurar por meses, e os animais portadores podem permanecer neste estado até seus quatro anos de idade (SOUZA, et al., 2017, p 8-9).
Nas infecções por Babesia caballi, os glóbulos vermelhos dificilmente contêm mais do que dois parasitas no seu interior, e a parasitemia é invariavelmente baixa; menos de 0,1 % dos eritrócitos encontram-se infectados, inclusive em cavalos esplenectomizados (HOMER et al., 2000; OIE, 2004; COSTA, 2005). Tanto a B. caballi como a T. equi, após sua passagem pelos linfócitos, multiplicam-se e desenvolvemse dentro dos eritrócitos do hospedeiro. Eritrócitos já parasitados podem se romper ocasionando uma intensa hemólise intravascular ou ainda podem ser removidos da circulação pelo sistema mononuclear fagocitário (NEYMAR, 2006).
 Acredita-se que potros nascidos em áreas endêmicas possam apresentar infecção assintomática e à medida que perdem anticorpos maternos passivos ingeridos através do colostro poderiam desenvolver forte imunidade ativa, que depende da presença constante dos protozoários. Fatores estressantes como, treinamento, transporte, condições climáticas adversas ou qualquer doença concomitante pode induzir a manifestações clínicas e oportunistas em equinos portadores dos microorganismos (REED; BAYLY, 1998).
A doença caracteriza-se por febre, anemia, depressão, ataxia, anorexia, fraqueza, epífora, secreção nasal mucóide, edema, icterícia e hemoglobinúria, ocorrendo tipicamente uma ou duas semanas depois que os carrapatos parasitam e contaminam o hospedeiro (KNOWLES,1980; REDD; BAYLY, 1998; ZAUGG, 1900). Pode ocorrer morte em 48 horas ou a doença se transformar em crônica (febre e anemia) que pode persistir por meses. Equinos criados em áreas endêmicas costumam ser portadores de Babesia sem demonstrar sinais clínicos (REDD; BAYLY, 1998). A gravidade dos sinais clínicos está ligada ao número de células destruídas e o grau de ativação das cascatas inflamatórias e do sistema complemento, além de estar relacionada com a virulência e a cepa do agente etiológico envolvido, sua carga parasitária, e condições relacionadas à susceptibilidade do hospedeiro vertebrado. 
No geral, a afecção pode ocorrer de forma aguda, subaguda ou crônica nos membros da família Equidae, sendo a sintomatologia um tanto inespecífica e variável, podendo ser confundida com outras doenças. Os casos agudos e subagudos são caracterizados por uma febre alta inconstante, hiporexia, anorexia, apatia, letargia, anemia hemolítica, taquipneia e taquicardia secundárias à hipoxemia anêmica (REGO, 2008). A maioria dos animais desenvolve a forma crônica da doença, que pode apresentar agudizações decorrentes de qualquer evento que leve à imunossupressão. Além dos sinais inespecíficos e inaparentes, representado principalmente pela queda de desempenho dos animais, perda de peso, inapetência moderada, e da predisposição para outros processos patológicos secundários. Casos crônicos também apresentam uma anemia branda ou grave, associado ou não, à presença de mecanismos compensatórios da hipoxemia generalizada e da hemólise, além de febre intermitente e também a outros processos sistêmicos concomitantes (REGO, 2008).
· Resposta imunológica:
 Os protozoários estimulam tanto a imunidade inata quanto a adquirida, portanto, os animais infectados desenvolvem imunidade que normalmente confere proteção contra a doença clínica quando há exposição ao parasita novamente (CUNHA et al., 2006). Esta proteção tem sido atribuída à contínua estimulação do sistema imune por parasitos que persistem no organismo durante a fase crônica da enfermidade (SCHEIN, 1988). Equinos infectados desenvolvem altos títulos de anticorpos contra proteínas de superfície de merozoítos, o que provavelmente está envolvido na multiplicação e eliminação do parasito.
· Diagnóstico:
O diagnóstico da babebiose é pautado, primeiramente, na avaliação clínica mediante percepção da sintomatologia (anamnese). Depois, para confirmação de diagnóstico, são realizados exames laboratoriais, de sangue, com o intuito de verificar se há a presença do protozoário, além de realizar a medição de níveis do sangue para avaliar a intensidade da doença – neste momento, avalia-se, por exemplo, a existência ou não de anemia (FONSECA et al., 2011; FONSECA; GODOY, 2012; DE CARVALHO; 2014; SCHUEROFF et al., 2018). O diagnóstico definitivo de babesiose baseia-se na demonstração de eritrócitos parasitados e esfregaços sanguíneos ou na sorologia positiva. Como a parasitemia é de curta duração e em geral não há hemólise, é mais comum estabelecer-se o diagnóstico pela sorologia, uma vez que mesmo doentes muitos animais demonstram esfregaço sanguíneo negativo. Os anticorpos contra a B. caballi são detectáveis após 14 dias de infecção por um teste de fixação do complemento e imunofluorescência indireta (KNOWLES, 1980; ZAUGG, 1990). Se a parasitemia é baixa dificilmente o agente é observado e pode ser confundido com artefatos da técnica. Durante o ciclo reprodutivo intraeritrocitário da T. equi, formam uma tétrade conhecida como “Cruz de Malta”, uma importante característica para o diagnóstico deste agente (JAIN, 1993; KERBER, 1999).
 Para uma melhor compreensão dos propósitos de diagnóstico laboratorial a ser solicitado pelo médico veterinário é imprescindível o entendimento das provas de diagnóstico direto e indireto. Método direto se dá pela visualização dos protozoários em esfregaços sanguíneos ou pela investigação do DNA, por diferentes técnicas de PCR (Polymerase Chain reaction). Já o método indireto, são técnicas realizadas por meio de mensurações das respostas imunológicas, anticorpos; através de exames sorológicos, como o Teste de Fixação de Complemento (TFC), o Teste de Imunofluorescência de anticorpos (TIF) e o teste de ELISA (Enzime linked immunosorbent assay) (DE WALL et al., 1987; KUTTLER et al., 1988; MERKLE, 1983; POSNETT et al., 1991).
Desde de setembro de 2005 o método oficial para que se obtenha aceitação de transporte internacional de equinos para países isentos da doença, segundo a OIE, é o teste de ELISA (ELISA competitivo), se sobrepondo ao antigo teste de Fixação de complemento, ambos para detecção de anticorpos contra Babesia caballi e Theileria equi. 
Os principais exames laboratoriais utilizados para diagnosticar Babebiose equina são: Esfregaço sanguíneo, Reação em cadeia de Polimerase- PCR, Teste de Fixação de Complemento (TFC), Imunofluorescência Indireta (IFI), Ensaio Imunoenzimático (ELISA) (FONSECA et al., 2011; FONSECA; GODOY, 2012; DE CARVALHO; 2014; SCHUEROFF et al., 2018).
· Esfregaço sanguíneo:
Este exame consiste na visualização do parasito através de microscopia óptica, onde se estende uma pequena gota de sangue do animal sob uma lâmina, formando uma película fina que deve ser corada e examinada ao microscópio. Para realização do exame, diversas técnicas de colheita de sangue são descritas. Segundo Piotto (2006), deve-se preferencialmente proceder a colheita do sangue periférico após o exercício, já que a contração esplênica auxilia na expulsão de hemácias parasitadas para a circulação. Os corantes mais utilizados para a coloração são o Giemsa e o corante de Wright. O método para corar a lâmina preparada consiste em cobrir a mesma com o corante de escolha por 3 a 5 minutos, cobrir o corante com água destilada por 10 minutos e posteriormente lavar a lâmina com água abundante (BATTSETSEG et al., 2002; NAVARRO; PACHALY, 1994).
· Reação em cadeia de polimerase (PCR):
 A PCR é um método rápido e versátil para a amplificação de segmentos de DNA, possibilitando ser implementado a partir de uma molécula. Usualmenteo método é realizado de forma que permite a amplificação seletiva de uma sequência alvo-específica dentro de uma coleção heterogênea de DNA. A técnica de PCR é uma reação em cadeia já que o DNA sintetizado em ciclo inicial passa a ser o molde para a síntese posterior de DNA nos ciclos subsequentes. A reação envolve ciclos sequenciais completos compreendendo: a desnaturação e a dissociação das ligações da fita dupla de DNA, o realinhamento e a síntese de uma nova sequência complementar de DNA (OLIVEIRA; HENKES, 2002). 
A PCR é extremamente eficiente para o diagnóstico de Theileria equi já que se trata de um exame específico, entretanto, em animais que não apresentam sintomas da doença, que possuem níveis baixos de infecção, os resultados obtidos podem ser falso-negativos, sendo necessário para estes animais outros exames, como o esfregaço sanguíneo ou mesmo o Teste de Fixação de Complemento (BASHIRUDDIN et al., 1999; RAMPERSAD et al., 2003).
· Teste de fixação de complemento (TFC):
O TFC é um teste qualitativo, podendo também ser interpretado quantitativamente, e está entre os testes sorológicos atualmente utilizados para o diagnóstico da Babesiose, sendo este mais aceito na maioria dos países. Mesmo sendo uma técnica minuciosa, é de fácil padronização e tem boa sensibilidade, sendo o teste mais utilizado para o diagnóstico no trânsito internacional de equinos desde 1994 (KERBER, 2004). Qualitativamente baseia-se na titulação do complemento residual que não foi consumida pela reação antígenos anticorpo com o sistema preparado para indicar a reação. Já o método quantitativo possui muitas variações técnicas que permitem revelar as quantidades mínimas de complemento fixado (FERREIRA, 1996). O TFC pesquisa sorologicamente o nível de anticorpos circulantes, o que não implica na presença da doença, tanto pelos achados de anticorpos anti Theileria equi e Babesia caballi (CORRÊA et al., 2004). 
Como desvantagem, essa técnica resulta em grande número de falsonegativos, já que sua sensibilidade é limitada quando o título de anticorpos é baixo ou quando anticorpos com atividade anti-complemento estão presentes no soro (KNOWLES, 1992).
· Imunofluorescência indireta (IFI):
Descrito pela primeira vez por Callou et al., (1979); este método é sensível e específico na detecção de anticorpos anti Theileria equi (CUNHA 1998). Tem sido amplamente utilizada em estudos epidemiológicos e em casos onde outros testes são inconclusivos. No entanto, a necessidade de reprodução de altas parasitemias em cavalos esplenectomizados para a preparação de antígenos e a leitura subjetiva e demorada dos resultados limita sua padronização e uso em larga escala (SHKAP 1998). Salienta-se que o teste de imunofluorescência indireta é usado como método diagnóstico para diferenciar as infecções de T. equi e B. caballi (REGO, 2008; SANTOS et al., 2008).
· Ensaio imunoenzimático (ELISA):
 O princípio básico deste teste desenvolvido como alternativo aoradioimunoensaio para detecção de antígenos e anticorpos é a imobilização de um dos reagentes em uma fase sólida, enquanto outro reagente pode se ligar a uma enzima, com preservação tanto da atividade enzimática como da imunológica, neste caso do anticorpo. Um dos fatores importantes na realização do teste é o grau de pureza do antígeno ou do anticorpo na fase sólida, pois quaisquer alterações no material heterólogo podem resultar em falsos positivos ou negativos (FERREIRA, 1996).
 A realização de diagnóstico de infecção por babesia em várias espécies, através da técnica do ensaio imunoenzimático, tem sido descrita como, por exemplo, em bovinos para Babesia bovis, Babesia divergens e Babesia major, assim como em cães para Babesia canis e Babesia gibsoni (BARRY et al., 1982; KRATZER, 1979; PURNELL et al., 1976; WEILAND; KRATZER, 1979; YOUNG; PURNELL, 1980).
· Tratamento:
O tratamento adequado da babesiose equina se fundamenta inicialmente na resolução da sintomatologia clínica, seguida da erradicação dos parasitas presentes na circulação sanguínea do animal infectado com a administração de antiparasitários. O principal obstáculo terapêutico se apresenta quando o animal se recupera clinicamente, porém, permanece portador da enfermidade durante toda a vida devido à difícil eliminação dos parasitas no sangue (REGO, 2008)
 Deve ser feito administrando drogas que atuem no combate e eliminação dos protozoários (Dipropionato de Imidocarb; Sulfato de Atropina e Flunixin Meglumine), mas, também, devem ser administrados suplementos que ajudem o animal a lutar contra a doença e melhorar o organismo num geral, como por exemplo, vitamina B12, para aumentar a produção de hemácias. Observa-se que quanto mais cedo o diagnóstico for feito, mais chances do animal se recuperar totalmente, inclusive ficando sem resquícios do protozoário no organismo, deve-se observar que o animal pode permanecer infectado, porém de forma assintomática (FONSECA et al., 2011; FONSECA; GODOY, 2012; DE CARVALHO; 2014; FLORES, 2017; SCHUEROFF et al., 2018). Devido à dificuldade de eliminação dos parasitos, a má administração de antiparasitários pode levar a toxicidade nervosa, hepática e renal, bem como, manifestação de efeitos colaterais como síndrome cólica, agitação e sudorese (REGO, 2008).
 Segundo Thomassian Armen (2005), como protocolo de eleição para a eliminação dos sinais clínicos em um equino adulto preconiza-se a dose de 2 mg/kg de Dipropionato de Imidocarb administradas em duas aplicações por via intramuscular em um intervalo de 24 horas cada. Entretanto, é inespecífica e haverá diferença quanto ao estágio da doença, ao peso do animal e à idade.
· Profilaxia e prevenção:
 Quando falamos de profilaxia e prevenção no controle da Babesiose, devemos considerar duas situações distintas. Na primeira situação temos a criação de cavalos de esporte, os quais são submetidos a condições estressantes e poderão participar de competições internacionais ou serem exportados. E para estes animais o ideal é que não sejam portadores crônicos da doença, pois já sabemos que a infecção crônica pode acarretar numa diminuição da performance e impossibilita o animal de viajar pelo risco potencial de transmissão da babesia para outros animais susceptíveis. Na segunda situação, está a criação de animais para trabalho ou lazer, submetidos a exercícios leves ou somente temporadas de reprodução, permanecendo no campo. É recomendado que os animais estivessem em estabilidade endêmica com o ambiente, ou seja, que eles possuam anticorpos contra a infecção, evitando assim o aparecimento da forma aguda da doença. Nestes casos, apesar de serem portadores crônicos, a condição de infecção não oferece impacto sanitário capaz de produzir grandes prejuízos, a não ser na eventualidade de uma infecção intrauterina (RONCATI, 2006; ALLSOPP et al., 2007). 
Na primeira situação, devemos evitar que o animal se infecte, devido ao fatode poderem se tornarem portadores crônicos e a terapêutica possui algumas restrições de eficiência, com efeitos anormais e restritos no caso de T. equi. Uma das razões pelas quais as autoridades dos países livres de babesiose equina se preocupam com a introdução da doença no seu território está ligada ao fato da maioria dos animais nunca terem sido expostos aos parasitas. Assim sendo, o método mais efetivo no controle continua sendo a prevenção da entrada de animais infectados, assegurando que os equinos provenientes de países endêmicos sejam sujeitos a uma verificação cuidadosa e que se encontrem livres da doença (REGO, 2008; SILVA et al., 2011).
 No Brasil, são adotadas medidas de controle mais racionais, que são aquelas relacionadas ao controle ambiental da transmissão, que serão descritas a seguir.
· Controle químico de vetores:
 Levando em consideração inúmeras pesquisas epidemiológicas, a maior parte do ônus de transmissão refere-se aos vetores artrópodes. Como uma medida profilática para o controle do piroplasma é proposto um intenso trabalho de combate aos carrapatos e insetos por toda a propriedade, principalmente aquelas frequentadaspelos equinos. Se faz necessário a identificação das espécies dos ectoparasitas pertinentes ao parasitismo nos animais. Nessa perspectiva, muitas propriedades têm alcançado resultados favoráveis; que são aferidos por provas sorológicas que confirmam a ausência de casos novos de infecção (NIZOLI, 2005). 
O sucesso desse controle concerne ao planejamento de aplicação de pulverizações com acaricidas e inseticidas à base de organofosforados e piretróides sintéticos, diretamente sobre os animais em intervalos estratégicos, mantendo as instalações como as baias e galpões livres do ataque de artrópodes. Em grandes criações extensivas, quando detectado o problema, o ideal é fazer uso de carrapaticida nos animais infestados e instalações, cumprindo o rodízio de pastagens e mantendo o pasto baixo. É indispensável a análise das características de sensibilidade e resistência das estirpes de carrapatos da propriedade às moléculas disponíveis por estudos de biocarrapaticidograma.
· Controle biológico com corredores forrageiros:
 Associada à rotação de pastagens, o uso de corredores forrageiros junto às cercas de delimitação da propriedade, ajudam a prevenir a entrada de carrapatos nos piquetes. Existem forrageiras que contribuem para o controle de carrapatos, por 35 possuírem uma ação de antibiose (provocando morte) ou antixenose (repelindo) às larvas de carrapatos, como exemplo, pode ser citado a gramínea Melinis minutiflora (capim gordura), Stylosanthes sp. e Cymbopogon nardus (citronela) (FARIAS et al. 1986; BARROS; EVANS, 1989; SANTOS et al., 1990; OLIVO et al., 2008).
· Segregação de espécies de animais:
A infestação de equinos por Rhipicephalus (Boophilus) microplus está associada ao uso simultâneo de pastagens por equinos e bovinos.Nos últimos anos, vários estudos vêm apontando o Rhipicephalus (Boophilus) microplus como o principal causador da doença nos equinos, já que em muitas regiões é mantido o pastoreio conjunto de equinos e bovinos (NIZOLI, 2005). É necessário a segregação dos animais para evitar que os equinos se infectem e desenvolvam a doença.
· Bioproteção de animais silvestres:
 Um ponto muito discutido e difundido pela comunidade científica é o papel de animais silvestres, como por exemplo a capivara (Hydrochaeris hydrochaeris), na propagação de diferentes espécies de carrapatos, potencialmente transmissores de hematozoários e/ou outros patógenos. No Brasil, tem sido relatada a ocorrência de várias espécies de animais silvestres infestadas por carrapatos e convivendo com animais domésticos (SINKOC et al., 1997; EVANS et al.,2000; MARTINS et al., 2015). 
O aniquilamento dos vetores é muito difícil, pois as larvas dos ectoparasitas são muito resistentes e podem permanecer por longos períodos com condições ambientais favoráveis. Sendo assim, a fauna silvestre representa um risco considerável.
· Quimioterapia e quimioprofilaxia:
 A quimioprofilaxia, consiste na administração de dipropionato de imidocarbem equinos infectados (quimioprofilaxia secundária), ou não (quimioprofilaxia primária), na dosagem de 1,2 mg/kg/dia, está recomendada nas seguintes ocasiões. 
A quimioprofilaxia pode ser realizada com dois objetivos: em primeiro, para impedir reagudizações da infecção em animais portadores crônicos que serão submetidos a situações estressantes, como por exemplo, treinamento, transporte prolongado, tratamentos com corticosteróides, etc (NOGUEIRA et al. 2005). Em segundo, para impedir a primeira infecção em animais submetidos a fatores de risco, como viagens para temporadas de reprodução, participação em exposições ou eventos equestres, onde eles estarão sujeitos à exposição de carrapatos.
· Controle de fômites:
Uma fonte de transmissão que deve ser monitorada é o uso de agulhas e seringas descartáveis. É necessário educação sanitária por parte de tratadores/treinadores dos animais, no qual muitas vezes o foco de disseminação da doença ocorre a partir de animais portadores. Animais convalescentes que necessitam transfusões sanguíneas devem receber sangue de animais doadores sorologicamente negativos para piroplasmose. 
Outra importante fonte de infecção é a utilização de plasma no tratamento de afecções no potro neonato. Nesses casos, os riscos de transmissão são aumentados pela própria iatrogenia, de responsabilidade da intervenção de veterinários ou tratadores (NIZOLLI, 2009).
· Vacinas:
 O desenvolvimento de vacinas representa um campo de grande interesse na pesquisa envolvendo hemoparasitos de importância veterinária. Os principais obstáculos na área são o desconhecimento a respeito da imunidade protetora desenvolvida pelo hospedeiro e a grande variedade de mecanismos de evasão do sistema imune utilizados pelos parasitos (JENKINS, 2001). Vários estudos têm sido realizados buscando elucidar esses aspectos e um modelo de como o hospedeiro mantém hemoparasitos sob o controle e evita surtos clínicos em subsequentes exposições ao agente (BROWN, 2001). 
Desenvolvimentos no campo da biologia molecular tornaram possível clonar genes de antígenos de diferentes patógenos em sistemas heterólogos. A produção de proteínas recombinantes possibilita determinar os antígenos que representam os principais alvos da resposta imune dos hospedeiros vertebrados. A partir da identificação desses antígenos é possível testar por imunização ativa, o potencial imunoprotetor de cada uma destas proteínas. Os estudos indicam que os antígenos protetores e ou seus epítopos mais importantes podem representar candidatos a serem utilizados como constituintes de vacinas recombinantes contra o respectivo patógeno (NIZOLI, 2009).
· CONCLUSÃO: 
É visto que a babebiose é uma doença comum em países e em locais tropicais e subtropicais, sendo bastante comum no Brasil. Esta infecção é preocupante por parte dos criadores, uma vez que pode ser fatal ou debilitar muito o animal. Nesse sentido, é extremamente recomendável que seja feita a profilaxia e prevenção, dos animais e do ambiente. 
A babebiose é uma patologia que tem manifestações clínicas debilitantes para o animal, a exemplo de anemia e fadiga intensa. É importante, então, estar sempre atento à sintomatologia típica da babebiose, que pode ser confundida facilmente com outras patologias de caráter mais simples e menos danosas. Recomenda-se fazer periodicamente exames laboratoriais, mesmo que não haja suspeita, a fim de fazer um controle mais minucioso da saúde dos animais.
· REFERÊNCIAS:
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