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Laísa Dinelli Schiaveto Distúrbios Respiratórios no Recém-Nascido DESENVOLVIMENTO FETAL Os pulmões são formados no período intrauterino, a partir da terceira semana de gestação até a idade escolar, podendo chegar até os 25 anos; entretanto, geralmente essa formação se completa até os 8 anos de idade. Durante a gestação, os pulmões não funcionam, permanecendo imaturos e cheios de líquidos até o nascimento. Assim, quem realiza as trocas gasosas durante a vida intrauterina é a placenta e o cordão umbilical. CIRCULAÇÃO FETAL E NEONATAL DE TRANSIÇÃO à CIRCULAÇÃO FETAL: O sangue oxigenado chega da placenta por meio da veia umbilical. Ao se aproximar do fígado, uma parte passa para nutrir o fígado e outra parte passa para o ducto venoso, que corresponde a comunicação da veia umbilical com a veia cava inferior. Logo, o sangue percorre a veia cava e chega ao AD, passando pelo forame oval, e chegando ao AE. Uma parte do sangue do AD vai para o VD, se misturando com um sangue pobre em oxigênio. Esse sangue segue para o tronco pulmonar, que parte segue para nutrir os pulmões e parte para a aorta por meio do ducto arterial, protegendo os pulmões da sobrecarga e permitindo que o VD se fortaleça para atingir sua capacidade funcional total ao nascimento. No AE, o sangue oxigenado, vindo da veia cava, se mistura com o sangue pouco oxigenado, vindo das veias pulmonares, uma vez que os pulmões apenas consomem oxigênio e não fornecem. Em seguida, esse sangue atinge o VE e segue para a aorta, se misturando com o sangue vindo da artéria pulmonar (tronco pulmonar) e, assim, seguindo pela aorta descendente para nutrir o restante do corpo, sendo que uma parte sai pela artéria ilíaca interna para a artéria umbilical e outra parte segue para nutrir os membros inferiores. A parte que segue para os membros inferiores irá voltar para o coração por meio da veia cava inferior e, ainda, uma parte do sangue que está seguindo pela artéria ilíaca interna passa pela bexiga visando nutri-la. à CIRCULAÇÃO NEONATAL DE TRANSIÇÃO: Após o nascimento, o ducto arterial, o ducto venoso, o forame oval e os vasos umbilicais não são mais necessários e, por isso, há o fechamento do forame oval e a contração dos ductos arterial e venoso. O fechamento do forame oval ocorre pelo aumento da pressão no AE, que pressiona a sua válvula contra o septum secundum. Já, o fechamento do ducto arterial parece ser mediado pela bradicinina, uma substância liberada pelos pulmões durante a sua distensão inicial, quando a pressão de oxigênio for maior que 50 mmHg. E, por fim, o fechamento do ducto venoso ocorrer pela contração do esfíncter, que possibilita que o sangue que entra no fígado percorra os sinusóides hepáticos. Dessa forma, a porção intra-abdominal da veia umbilical se torna o ligamento redondo do fígado e o ducto venoso se torna o ligamento venoso. O forame oval se fecha ao nascimento, com fechamento anatômico ao 3º mês de vida, devido à adesão do septum primum na margem Laísa Dinelli Schiaveto esquerda do septum secundum. Assim, o septum primum forma o assoalho da fossa oval. FASES DO DESENVOLVIMENTO PULMONAR DO FETO: 1. PERÍODO EMBRIONÁRIO (3ª a 7ª semana): - Início do desenvolvimento pulmonar na quarta semana, com origem endodérmica (epitélio respiratório) e mesodérmica (vasos, cartilagens e pleuras). - Formação das vias aéreas proximais até bronquíolos subsegmentares. - Epitélio alto e o diafragma ainda não foi formado. 2. PERÍODO PSEUDOGLANDULAR (7ª a 16ª semana): - Desenvolvimento completo das vias aéreas condutoras até o bronquíolo terminal. - Diferenciação do epitélio respiratório. - Vascularização do interstício e formação da cartilagem e formação do diafragma. 3. PERÍODO CANALICULAR (17ª a 26ª semana): - Canalização das vias aéreas. - Formação dos ácinos. - Aumento da vascularização do interstício. - Diferenciação do epitélio respiratório (pneumócitos tipo I e pneumócitos tipo II). - Síntese de surfactante. - Formação do líquido pulmonar. - Possível a vida extrauterina. 4. PERÍODO SACULAR (27ª a 35ª semana): - Formação dos sacos aéreos terminais e septos secundários (início da alveolação na 30ª semana). - Secreção do surfactante pelo pneumócito tipo II. - Aumento da síntese de elastina. - Achatamento do epitélio. - Aumento importante da vascularização do interstício. 5. FASE ALVEOLAR (após 35ª semana): - Aumento importante da superfície e volume pulmonar. - Aumento da elastina. - Aumento significativo dos septos alveolares. - Presença de movimentos respiratórios fetais. - Pico de produção e amadurecimento do surfactante. - A alveolação continua após o nascimento até o 2º ano de vida, de maneira que, após o crescimento, o número de alvéolos estabiliza e começa o aumento do volume, o qual termina por volta dos 8 anos de idade. De maneira geral, o pulmão amadurece da seguinte maneira: • 3ª a 7ª SEMANA: formação das primeiras estruturas, a partir do tecido intestinal. • 8ª a 16ª SEMANA: os condutos aéreos, os cílios epiteliais e o tecido cartilaginoso da arvore brônquica são desenvolvidos. • 17ª a 26ª SEMANA: aumento da luz dos brônquios e dos bronquíolos terminais, formação dos bronquíolos respiratórios e dos ductos alveolares, desenvolvimento dos sacos terminais, vascularização do tecido pulmonar e início da produção de surfactante. - Ao final dessa etapa, os pneumócitos tipo I e tipo II já estão formados. - O pneumócito tipo I até uma parte da gestação secreta líquidos, o qual é regulado pela pressão oncótica com sódio e cloro, e, depois, passa a ter função de reabsorção, a qual se inicia a partir do nascimento, pela ação de catecolaminas e esteroides endógenos. Se não há estímulo devido ao nascimento prematuro, não há reabsorção e, Laísa Dinelli Schiaveto consequentemente, há congestão pulmonar. - O pneumócito tipo II produzem o surfactante. • 24ª SEMANA AO NASCIMENTO: formação de novos sacos terminais (alvéolos primitivos), grande expansão do espaço respiratório e aumento dos capilares que entram em contato com os pneumócitos. • 36ª SEMANA ATÉ A IDADE ESCOLAR: o número de alvéolos primitivos continua a crescer devido à capacidade dos alvéolos imaturos de formas alvéolos primitivos adicionais, que, posteriormente, aumentam o tamanho e amadurecem com a expansão dos pulmões. Existem três fatores que são essenciais para o desenvolvimento normal dos pulmões: • Espaço torácico adequado para o crescimento pulmonar; • Volume adequado de líquido amniótico; • Movimentos respiratórios fetais. Nesse sentido, durante o período gestacional, os bebês realizam movimentos respiratórios fetais, aspiram líquido amniótico pelos pulmões, sendo que este processo auxilia no desenvolvimento pulmonar e cria uma pressão entre os pulmões e o líquido amniótico. Estes movimentos se elevam em relação à proximidade do parto. SURFACTANTE O surfactante compreende uma mistura de quatro proteínas (SP-A, SP-B, SP-C e SP-D) e lipídeos, que está presente na superfície alveolar, sendo responsável por impedir o colabamento alveolar ao fim do processo respiratório, a partir da diminuição da tensão superficial, ao nível da interface ar-líquido alveolar, tendo como função estabilizar os alvéolos. Assim, este vai atuar na expiração, impedindo o colabamento e, como consequência, auxilia na inspiração, uma vez que impediu o colabamento na expiração. SP-A: é a proteína mais abundante e é hidrossolúvel, tendo papel essencial na defesa pulmonar e, por isso, quando há deficiência, facilita a ocorrência de infecções; além disso, participa no controle do fluxo de surfactante interior/exterior do pneumócito tipo II; sua produção começa a partir da 20ª semana, tendo pico na 35ª semana. SP-B e SP-C: são proteínas hidrofóbicas,que contribuem para intensificar a tensão intra- alveolar, sendo que a SP-B é essencial para a vida. SP-D: é uma proteína hidrossolúvel, semelhante à SP-A, mas ainda há dúvidas quanto à sua função. - SURFACTANTE EXÓGENO: não contém proteínas. - SURFACTANTE NATURAL: origem animal, contendo proteínas SP-B e SP-C. VISÃO GERAL: DESCONFORTO RESPIRATÓRIO NO RN As doenças respiratórias são as principais causas de morbimortalidade neonatal, constituindo a causa mais comum de internação nessa idade, sendo que afeta sobretudo os RN prematuros. Como já explicado, durante o período intrauterino, as trocas gasosas são mediadas pela placenta e pelo cordão umbilical. Quando o RN nasce, ocorre um processo de expansão pulmonar juntamente com outros fenômenos adaptativos, o que leva à rápida redução da resistência vascular pulmonar e, consequentemente, ao aumento do fluxo pulmonar e, assim, o RN consegue realizar as trocas com o meio externo. ABORDAGEM INICIAL DO RN: INSUFICIÊNCIA AGUDA RESPIRATÓRIA A insuficiência respiratória é a doença mais comum no período neonatal, sendo que as principais causas são: - Doenças pulmonares: taquipneia transitória do recém-nascido, síndrome do desconforto respiratório, síndrome de aspiração meconial, pneumonias, síndrome de extravasamento de ar, atelectasia, hipoplasia pulmonar, derrames, hemorragia Laísa Dinelli Schiaveto pulmonar e malformações (enfisema congênito e doença adenomatoide cística). - Doenças cardíacas; - Alterações metabólicas; - Doenças infecciosas; - Alterações neurológicas; - Obstrução das vias aéreas superiores. 1. HISTÓRIA OBSTÉTRICA E PERINATAL Além disso, é fundamental questionar sobre as condições e tipo de parto, bem como antecedentes maternos. • Febre materna, corioamnionite e perda de filho anterior com sofrimento respiratório: pensar em Streptococcus do grupo B e deficiência de SP-B. • Parto cesáreo em bebê prematuro limítrofe: pensar em taquipneia transitória do RN. • Uso de AINEs, que causa vasoconstrição e, consequentemente, menor chegada de fluxo para o bebê: pensar em hipertensão pulmonar. • Sofrimento fetal agudo: pensar em síndrome de aspiração meconial OBS.: Diabetes materna atrasa a maturação pulmonar e a hipertensão materna acelera a maturação pulmonar e, em alguns casos, ocorre eclampsia com redução do fluxo e hipoxia no bebê. 2. EXAME FÍSICO Deve-se procurar: • SINAIS DE ESFORÇO RESPIRATÓRIO; • CIANOSE; • CRISES DE APNEIA. Além disso, deve-se realizar uma avaliação clínica do desconforto respiratório: • BOLETIM DE SILVERMAN ANDERSEN: > 4 indica desconforto respiratório. • SINAIS CARDÍACOS: atentar para taquicardia e bradicardia, associadas ou não à hipotensão. • SINAIS GERAIS: hipoatividade, irritabilidade, pele impregnada por mecônio, entre outros. 3. EXAMES LABORATORIAIS • Gasometria; • Glicemia; • Hemograma; • PCR; • Contagem de plaquetas; • Exames específico de acordo com cada caso. 4. EXAMES RADIOLÓGICOS 5. CAUSAS Laísa Dinelli Schiaveto TAQUIPNEIA TRANSITÓRIA DO RN (TTRN) DEFINIÇÃO: distúrbio respiratório comum, benigno e autolimitado que ocorre nas primeiras horas de vida, consequente a alterações na reabsorção da secreção pulmonar, deficiência leve de surfactante e pequeno grau de imaturidade pulmonar, após o nascimento, com duração variável de 12 horas até 3-5 dias de vida. OBS.: Abaixo de 34 semanas é chamado de síndrome do pulmão úmido; já, acima de 34 semanas é chamada de taquicardia transitória do recém-nascido. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: • Sinais de insuficiência respiratória leve ou moderada: taquipneia, batimento de asas de nariz, retração esternal e diafragmática, gemência e cianose. DIAGNÓSTICO: • Quadro clínico; • Radiografia de tórax: hiperinsuflação de campos pulmonares, com horizontalização das costelas, presença de infiltrado difuso, geralmente do hilo para a periferia, com presença de linhas opacificadas nos campos pulmonares, leve a moderado aumento da área cardíaca, presença de líquidos nas fissuras interlobares (cisurite), marcas proeminentes da vasculatura pulmonar, inversão da cúpula diafragmática, herniação intercostal e derrame pleural. EXAMES LABORATORIAIS COMPLEMENTARES: • Gasometria; • Hemograma; • Hemocultura; • Dosagem de proteína C reativa. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS: • Doença da membrana hialina; • Edema pulmonar de origem cardíaca ou linfática; • Pneumonia bacteriana; • Pneumonia por aspiração. TRATAMENTO: • Manutenção da temperatura; • Monitorização da saturação de oxigênio; • Estabilização hemodinâmica; • Hidratação endovenosa; • Manutenção da glicemia. DOENÇA DE MEMBRANA HIALINA (DMH) OU SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO (SDR) DEFINIÇÃO: é uma doença resultante da imaturidade pulmonar pela deficiência primária de surfactante, desenvolvimento pulmonar incompleto e complacência exagerada da caixa torácica. - Apresenta incidência inversamente proporcional a idade gestacional. - Acomete 50% dos RN prematuros < 1500g. - Acomete 80% dos RN prematuros < 25 semanas. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: • Variável; depende da idade gestacional. • Gemido expiratório; • Cianose; • Taquipneia; • Batimentos de asas do nariz; • Tiragem intercostal e subcostal; • Diminuição global do MVF; • PROGRESSÃO: falência respiratória e óbito. EXAMES COMPLEMENTARES: • Gasometria: hipoxemia importante em ar ambiente; inicialmente, o CO2 pode estar normal ou diminuído devido à taquipneia compensatória, porém tende a aumentar; Laísa Dinelli Schiaveto além disso, há acidose respiratória que evolui para acidose mista. • Radiografia de tórax: infiltrado com aspecto reticulogranular difuso, distribuído de maneira uniforme (vidro fosco), broncograma aéreo periférico e aumento de líquido pulmonar. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS: • Pneumopatias congênitas; • Cardiopatias congênitas; • Malformações pulmonares. TRATAMENTO: • Manter oxigenação adequada (PaO2 ≥ 50 mmHg); • Manter ventilação adequada (PaCO2 < 50 mmHg); • Administração de surfactante exógeno. COMPLICAÇÕES: • Displasia broncopulmonar (DBP); • Pneumotórax, pneumomediastino e enfisema intersticial; • Retinopatia da prematuridade; • Persistência do canal arterial; • Hemorragia cerebral intraventricular. PREVENÇÃO: • CORTICOTERAPIA ANTENATAL: é utilizada, pois a função do corticoide é aumentar a produção e liberação de surfactante a partir da maturação dos pneumócitos tipo II, além de promover uma absorção acelerada do líquido pulmonar, evitando a congestão pulmonar. - Betametasona 12 mg, IM, duas doses com intervalo de 24 horas entre elas, nas gestações entre 26-34 semanas. - Deve ser feita, no mínimo, 24 horas antes do parto, com betametasona, visto que é o único que passa pela placenta. - Usada em gestantes em trabalho de parto prematuro, com a intenção de acelerar a maturação pulmonar. SÍNDROME DE ASPIRAÇÃO MECONIAL (SAM) DEFINIÇÃO: doença caracterizada por vários graus de insuficiência respiratória, que tem como principais fatores de risco: pós- maturidade, retardo do crescimento intrauterino, feto com apresentação pélvica e asfixia perinatal. A aspiração pode acontecer intra-útero ou durante os primeiros movimentos respiratórios, sendo que o mecônio pode provocar alterações obstrutivas e inflamatórias, bem como inativação de surfactante. Além disso, como o mecônio é capaz de alterar a função do surfactante, causa atelectasia, que acarreta na diminuição da complacência pulmonar. Nos casos de vias aéreas totalmente obstruídas, a evolução é com atelectasia, alterando a relação ventilação-perfusão e, assim, provocando hipoxia, hipercapnia e acidose. Já, nos casos de vias aéreas parcialmente obstruídas,o ar entra, mas não sai, o que geral uma hiperinsuflação pulmonar, facilitando o escape de ar. Laísa Dinelli Schiaveto MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: • Depressão respiratória e neurológica devido ao insulto hipóxico-isquêmico. • Fácies de sofrimento; • Olhar alerta; • Sinais de retardo de crescimento intrauterino; • Pele seca, enrugada e sem vérnix; • Impregnação de mecônio observada na pele, unhas e cordão umbilical, podendo estar ausente quando o mecônio for recente; • Hiperinsuflação do tórax com abaulamento no diâmetro transversal; • Cianose de extremidades; • Taquidispneia com retração subcostal e intercostal; • Gemidos; • Agitação. EXAMES COMPLEMENTARES: • Gasometria: hipoxemia e acidose respiratória ou mista. • Radiografia de tórax: infiltrados em placas, irregulares, irradiando-se do hilo para os campos pulmonares periféricos; áreas de atelectasia; áreas hiperinsufladas; retrações diafragmáticas; aumento do diâmetro anteroposterior. • Ecocardiograma: disfunção miocárdica e sinais de hipertensão pulmonar. - A realização deste é fundamental para avaliação da presença de shunt direito- esquerdo e auxílio no diagnóstico diferencial de cardiopatias congênitas. TRATAMENTO: • Assistência ao RN na sala de parto, aspirando quando necessário, e avaliando a vitalidade; • Manter oxigenação e ventilação adequada; • Manter sinais vitais adequados; • Correção de anemia; • Hidratação venosa; • Controle glicêmico; • Nos casos confirmados de SAM: o uso de antibióticos é indicada à penicilina + aminoglicosídeo. INFECÇÃO RESPIRATÓRIA AGUDA INTRODUÇÃO: os pulmões representam o sítio de estabelecimento mais comum da sepse neonatal e necessitam de diagnóstico precoce. PRINCIPAL PATOLOGIA: pneumonia. DEFINIÇÃO: doença infecciosas aguda com acometimento difuso ou com condensação alveolar, constatada por exame radiográfico. CAUSAS QUE AUMENTAM A SUSCETIBILIDADE PARA O RN SE INFECTAR: • FATORES MATERNOS: ruptura prematura e prolongada de membranas (> 24 horas), infecção materna periparto e parto séptico ou traumático. • FATORES AMBIENTAIS: contaminação cruzada dos RN pelas pessoas que cuidam deles e pelo uso de equipamentos hospitalares contaminados. • PREMATURIDADE. • RETARDO DE CRESCIMENTO INTRAUTERINO. • IMATURIDADE IMUNITÁRIA. • OUTROS FATORES: colonização materna pelo Streptococcus agalactiae (beta- hemolítico do grupo B), ausência de aleitamento materno e asfixia perinatal. CLASSIFICAÇÃO E ETIOLOGIA: • PNEUMONIAS CONGÊNITAS OU INTRAUTERINAS: Streptococcus agalactiae, E. coli, H. influenzae, S. pneumoniae, Listeria monocytogenes, Laísa Dinelli Schiaveto Clamydia trachomatis, Ureplasma urealycticum, Mycobacterium tuberculosis, Treponema pallidum, CVM, vírus herpes simples, vírus da rubéola, vírus da varicela zoster, vírus influenza, coronavírus. • ADQUIRIDAS AO NASCER: S. aureus, S. coagulase negativo, Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter baumannii, VSR, metapneumovírus, influenza e coronavírus. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: • PRECEDIDA: coriza, recusa alimentar e febre baixa. • INÍCIO: é gradual, com irritabilidade, congestão nasal, letargia, vômitos, febre ou hipotermia, tosse e, em alguns casos, otite média aguda; pode ocorrer apneia, bradicardia, choque e falência respiratória. • PRINCIPAIS: taquipneia, taquicardia, gemência, batimento de asas nasais, retrações das paredes torácicas, cianose e outros sinais de desconforto respiratório. DIAGNÓSTICO E EXAMES COMPLEMENTARES: • História clínica; • Exame físico; • Radiografia de tórax; • Hemograma (índice neutrofílico ≥ 0,2); • PCR; • Culturas de materiais pulmonares; • Hemocultura; • Urina; • LCR; • Pesquisa de vírus respiratórios: imunofluorescência indireta (IFI), isolamento viral em cultura de espécies específicas, reação de cadeia da polimerase via transcripitase reversa (RT-PCR); • Sorologia para Chlamydia trachomatis (após três semanas de vida). DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS: • Doença das membranas hialinas; • Pneumonias aspirativas; • Atelectasia; • Pneumotórax ou pneumomediastino; • Doença pulmonar cística; • Hipoplasia ou agenesia pulmonar; • Fibrose cística. TRATAMENTO: • Manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico; • Assistência respiratória e oxigenoterapia; • Suporte hemodinâmico; • Suporte nutricional; • Antibioticoterapia: baseia-se nos microrganismos prevalentes e resultado posterior das culturas: - S. agalactiae e E. coli: penicilina cristalina + aminoglicosídeo. - Listeria monocytogenes: ampicilina. - Casos tardios: oxacilina ou vancomicina + cefalosporina de terceira ou quarta geração. ALGORITMO PARA PREVENÇÃO DA INFECÇÃO NEONATAL PRECOCE PELO EGB: Laísa Dinelli Schiaveto HIPERTENSÃO PULMONAR PERSISTENTE (HPP) DEFINIÇÃO: decorre de uma desordem do processo de transição circulatória da vida fetal para a neonatal caracterizada pela manutenção da resistência vascular pulmonar elevada, em geral associada à resistência vascular sistêmica normal ou diminuída; assim, isso leva a um shunt extrapulmonar da direita para a esquerda, por meio do canal arterial e forame oval, causando hipoxemia; além disso, pode ser secundária às doenças do parênquima pulmonar, desenvolvimento alterado da vascularização pulmonar, hipoplasia pulmonar ou obstrução vascular por policitemia com hiperviscosidade. TIPOS DE HPP: • FUNCIONAL: aumento da resistência vascular pulmonar é decorrente da constrição arteriolar pulmonar. - FUNCIONAL IDIOPÁTICA: expressão de fatores constitucionais e genéticos que aumentam a sensibilidade das arteríolas aos estímulos vasoconstritores ou dificultam a ação vasodilatadora no óxido nítrico (NO) endógeno - FUNCIONAL SECUNDÁRIA: associada à asfixia e sepse, seja por ação vasoconstritora direta da hipoxia ou pela liberação de substâncias vasoativas. • ORGÂNICA: aumento da resistência vascular pulmonar é decorrente das alterações estruturais no leito vascular pulmonar; ou seja, há hipertrofia da parede arteriolar pulmonar idiopática ou secundária aos eventos patológicos na gestação; além disso, outra forma decorre do baixo grau de desenvolvimento do leito vascular, o que é típico da hipoplasia pulmonar associada à hérnia diafragmática congênita. FATORES DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE HPP: • RN nascidos de parto cesárea; • Corioamnionite; • Exposição intra-útero à aspirina; • Exposição aos AINEs. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: • Surgem nas primeiras horas de vida; • Alterações cardíacas secundarias à isquemia, com disfunção do músculo papilar, regurgitação da mitral e tricúspide e, até mesmo, choque cardiogênico. SUSPEITA DE HIPERTENSÃO PULMONAR A presença de uma diferença de PaO2 ou oximetria avaliada no pré-ductal (membro superior direito) e pós-ductal (membro inferior) é altamente sugestivo de hipertensão pulmonar. - Quando o gradiente é > 200 mmHg na PaO2 ou > 5-10% na oximetria, indica-se shunt direito-esquerdo, responsável pela hipóxia nas crianças com HPP. EXAMES COMPLEMENTARES: • Ecocardiografia com doppler: padrão-ouro, mostrando a direção do fluxo por meio do forame oval. TRATAMENTO: • Suporte nutricional adequado; • Redução de ruídos e luminosidade; • Correção de distúrbios metabólicos; • Manutenção da normotermia; • Mínimo uso de analgésicos e sedação; • Manter boa oxigenação e saturação; • Considerar o uso de óxido nítrico (NO) inalatório. • Se o RN não melhorar, devemos considerar o uso de inibidores da fosfodiesterase. OBS.: O uso de oxigênio em altas concentrações pode aumentar a resistência pulmonar pelo aumento do estresse oxidativo. OBS.: EVITAR a hiperinsuflação e a infusão de bicarbonato de sódio devido aos efeitos adversos na perfusão cerebral e risco aumentado de surdez sensorioneural. OBS.: O NO inalatóriopossui efeito direto e seletivo na vasculatura pulmonar, pois se liga à hemoglobina, formando a meta-hemoglobina, sendo, em seguida, inativado. Laísa Dinelli Schiaveto - Considerar o uso em RN > 34 semanas gestacionais e diagnóstico de HPP, que persiste com hipoxemia após medidas gerais, suporte hemodinâmico e ventilação adequada. AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA NO RN 1. Com o objetivo de diminuir a carga de radiação nos RN, somente deve ser realizada incidência frontal do tórax. 2. Fatores técnicos (qualidade do exame): observa-se os espaços intervertebrais através do mediastino, simetria das estruturas ósseas em relação a linha média, hemicúpula diafragmática D ao nível do oitavo arco costal posterior, inclinação caudal dos arcos costais anteriores e nitidez das estruturas intratorácicas.
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