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Disturbios Respiratorios no Recem-Nascido

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Laísa Dinelli Schiaveto 
 
Distúrbios Respiratórios no Recém-Nascido 
DESENVOLVIMENTO FETAL 
Os pulmões são formados no período 
intrauterino, a partir da terceira semana de 
gestação até a idade escolar, podendo chegar 
até os 25 anos; entretanto, geralmente essa 
formação se completa até os 8 anos de idade. 
Durante a gestação, os pulmões não 
funcionam, permanecendo imaturos e cheios 
de líquidos até o nascimento. Assim, quem 
realiza as trocas gasosas durante a vida 
intrauterina é a placenta e o cordão umbilical. 
CIRCULAÇÃO FETAL E NEONATAL 
DE TRANSIÇÃO 
à CIRCULAÇÃO FETAL: 
O sangue oxigenado chega da placenta por 
meio da veia umbilical. 
Ao se aproximar do fígado, uma parte passa 
para nutrir o fígado e outra parte passa para o 
ducto venoso, que corresponde a comunicação 
da veia umbilical com a veia cava inferior. 
Logo, o sangue percorre a veia cava e chega 
ao AD, passando pelo forame oval, e chegando 
ao AE. 
Uma parte do sangue do AD vai para o VD, se 
misturando com um sangue pobre em oxigênio. 
Esse sangue segue para o tronco pulmonar, 
que parte segue para nutrir os pulmões e parte 
para a aorta por meio do ducto arterial, 
protegendo os pulmões da sobrecarga e 
permitindo que o VD se fortaleça para atingir 
sua capacidade funcional total ao nascimento. 
No AE, o sangue oxigenado, vindo da veia 
cava, se mistura com o sangue pouco 
oxigenado, vindo das veias pulmonares, uma 
vez que os pulmões apenas consomem 
oxigênio e não fornecem. Em seguida, esse 
sangue atinge o VE e segue para a aorta, se 
misturando com o sangue vindo da artéria 
pulmonar (tronco pulmonar) e, assim, seguindo 
pela aorta descendente para nutrir o restante do 
corpo, sendo que uma parte sai pela artéria 
ilíaca interna para a artéria umbilical e outra 
parte segue para nutrir os membros inferiores. 
A parte que segue para os membros inferiores 
irá voltar para o coração por meio da veia cava 
inferior e, ainda, uma parte do sangue que está 
seguindo pela artéria ilíaca interna passa pela 
bexiga visando nutri-la. 
 
à CIRCULAÇÃO NEONATAL DE 
TRANSIÇÃO: 
Após o nascimento, o ducto arterial, o ducto 
venoso, o forame oval e os vasos umbilicais 
não são mais necessários e, por isso, há o 
fechamento do forame oval e a contração dos 
ductos arterial e venoso. 
O fechamento do forame oval ocorre pelo 
aumento da pressão no AE, que pressiona a 
sua válvula contra o septum secundum. Já, o 
fechamento do ducto arterial parece ser 
mediado pela bradicinina, uma substância 
liberada pelos pulmões durante a sua distensão 
inicial, quando a pressão de oxigênio for maior 
que 50 mmHg. E, por fim, o fechamento do 
ducto venoso ocorrer pela contração do 
esfíncter, que possibilita que o sangue que 
entra no fígado percorra os sinusóides 
hepáticos. 
Dessa forma, a porção intra-abdominal da veia 
umbilical se torna o ligamento redondo do 
fígado e o ducto venoso se torna o ligamento 
venoso. 
O forame oval se fecha ao nascimento, com 
fechamento anatômico ao 3º mês de vida, 
devido à adesão do septum primum na margem 
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esquerda do septum secundum. Assim, o 
septum primum forma o assoalho da fossa oval. 
 
 
FASES DO DESENVOLVIMENTO 
PULMONAR DO FETO: 
1. PERÍODO EMBRIONÁRIO (3ª a 7ª semana): 
- Início do desenvolvimento pulmonar na 
quarta semana, com origem endodérmica 
(epitélio respiratório) e mesodérmica (vasos, 
cartilagens e pleuras). 
- Formação das vias aéreas proximais até 
bronquíolos subsegmentares. 
- Epitélio alto e o diafragma ainda não foi 
formado. 
2. PERÍODO PSEUDOGLANDULAR (7ª a 16ª 
semana): 
- Desenvolvimento completo das vias aéreas 
condutoras até o bronquíolo terminal. 
- Diferenciação do epitélio respiratório. 
- Vascularização do interstício e formação da 
cartilagem e formação do diafragma. 
3. PERÍODO CANALICULAR (17ª a 26ª 
semana): 
- Canalização das vias aéreas. 
- Formação dos ácinos. 
- Aumento da vascularização do interstício. 
- Diferenciação do epitélio respiratório 
(pneumócitos tipo I e pneumócitos tipo II). 
- Síntese de surfactante. 
- Formação do líquido pulmonar. 
- Possível a vida extrauterina. 
4. PERÍODO SACULAR (27ª a 35ª semana): 
- Formação dos sacos aéreos terminais e 
septos secundários (início da alveolação na 
30ª semana). 
- Secreção do surfactante pelo pneumócito 
tipo II. 
- Aumento da síntese de elastina. 
- Achatamento do epitélio. 
- Aumento importante da vascularização do 
interstício. 
5. FASE ALVEOLAR (após 35ª semana): 
- Aumento importante da superfície e volume 
pulmonar. 
- Aumento da elastina. 
- Aumento significativo dos septos alveolares. 
- Presença de movimentos respiratórios 
fetais. 
- Pico de produção e amadurecimento do 
surfactante. 
- A alveolação continua após o nascimento 
até o 2º ano de vida, de maneira que, após 
o crescimento, o número de alvéolos 
estabiliza e começa o aumento do volume, o 
qual termina por volta dos 8 anos de idade. 
De maneira geral, o pulmão amadurece da 
seguinte maneira: 
• 3ª a 7ª SEMANA: formação das primeiras 
estruturas, a partir do tecido intestinal. 
• 8ª a 16ª SEMANA: os condutos aéreos, os 
cílios epiteliais e o tecido cartilaginoso da 
arvore brônquica são desenvolvidos. 
• 17ª a 26ª SEMANA: aumento da luz dos 
brônquios e dos bronquíolos terminais, 
formação dos bronquíolos respiratórios e 
dos ductos alveolares, desenvolvimento dos 
sacos terminais, vascularização do tecido 
pulmonar e início da produção de 
surfactante. 
- Ao final dessa etapa, os pneumócitos 
tipo I e tipo II já estão formados. 
- O pneumócito tipo I até uma parte da 
gestação secreta líquidos, o qual é 
regulado pela pressão oncótica com 
sódio e cloro, e, depois, passa a ter 
função de reabsorção, a qual se inicia a 
partir do nascimento, pela ação de 
catecolaminas e esteroides endógenos. 
Se não há estímulo devido ao nascimento 
prematuro, não há reabsorção e, 
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consequentemente, há congestão 
pulmonar. 
- O pneumócito tipo II produzem o 
surfactante. 
• 24ª SEMANA AO NASCIMENTO: formação 
de novos sacos terminais (alvéolos 
primitivos), grande expansão do espaço 
respiratório e aumento dos capilares que 
entram em contato com os pneumócitos. 
• 36ª SEMANA ATÉ A IDADE ESCOLAR: 
o número de alvéolos primitivos continua a 
crescer devido à capacidade dos alvéolos 
imaturos de formas alvéolos primitivos 
adicionais, que, posteriormente, aumentam 
o tamanho e amadurecem com a expansão 
dos pulmões. 
Existem três fatores que são essenciais para o 
desenvolvimento normal dos pulmões: 
• Espaço torácico adequado para o 
crescimento pulmonar; 
• Volume adequado de líquido amniótico; 
• Movimentos respiratórios fetais. 
Nesse sentido, durante o período gestacional, 
os bebês realizam movimentos respiratórios 
fetais, aspiram líquido amniótico pelos 
pulmões, sendo que este processo auxilia no 
desenvolvimento pulmonar e cria uma pressão 
entre os pulmões e o líquido amniótico. Estes 
movimentos se elevam em relação à 
proximidade do parto. 
SURFACTANTE 
O surfactante compreende uma mistura de 
quatro proteínas (SP-A, SP-B, SP-C e SP-D) e 
lipídeos, que está presente na superfície 
alveolar, sendo responsável por impedir o 
colabamento alveolar ao fim do processo 
respiratório, a partir da diminuição da tensão 
superficial, ao nível da interface ar-líquido 
alveolar, tendo como função estabilizar os 
alvéolos. Assim, este vai atuar na expiração, 
impedindo o colabamento e, como 
consequência, auxilia na inspiração, uma vez 
que impediu o colabamento na expiração. 
SP-A: é a proteína mais abundante e é 
hidrossolúvel, tendo papel essencial na defesa 
pulmonar e, por isso, quando há deficiência, 
facilita a ocorrência de infecções; além disso, 
participa no controle do fluxo de surfactante 
interior/exterior do pneumócito tipo II; sua 
produção começa a partir da 20ª semana, tendo 
pico na 35ª semana. 
SP-B e SP-C: são proteínas hidrofóbicas,que 
contribuem para intensificar a tensão intra-
alveolar, sendo que a SP-B é essencial para a 
vida. 
SP-D: é uma proteína hidrossolúvel, 
semelhante à SP-A, mas ainda há dúvidas 
quanto à sua função. 
- SURFACTANTE EXÓGENO: não contém 
proteínas. 
- SURFACTANTE NATURAL: origem animal, 
contendo proteínas SP-B e SP-C. 
VISÃO GERAL: 
DESCONFORTO RESPIRATÓRIO NO RN 
As doenças respiratórias são as principais 
causas de morbimortalidade neonatal, 
constituindo a causa mais comum de 
internação nessa idade, sendo que afeta 
sobretudo os RN prematuros. 
Como já explicado, durante o período 
intrauterino, as trocas gasosas são mediadas 
pela placenta e pelo cordão umbilical. Quando 
o RN nasce, ocorre um processo de expansão 
pulmonar juntamente com outros fenômenos 
adaptativos, o que leva à rápida redução da 
resistência vascular pulmonar e, 
consequentemente, ao aumento do fluxo 
pulmonar e, assim, o RN consegue realizar as 
trocas com o meio externo. 
ABORDAGEM INICIAL DO RN: 
INSUFICIÊNCIA AGUDA RESPIRATÓRIA 
A insuficiência respiratória é a doença mais 
comum no período neonatal, sendo que as 
principais causas são: 
- Doenças pulmonares: taquipneia transitória 
do recém-nascido, síndrome do desconforto 
respiratório, síndrome de aspiração 
meconial, pneumonias, síndrome de 
extravasamento de ar, atelectasia, 
hipoplasia pulmonar, derrames, hemorragia 
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pulmonar e malformações (enfisema 
congênito e doença adenomatoide cística). 
- Doenças cardíacas; 
- Alterações metabólicas; 
- Doenças infecciosas; 
- Alterações neurológicas; 
- Obstrução das vias aéreas superiores. 
1. HISTÓRIA OBSTÉTRICA E PERINATAL 
 
Além disso, é fundamental questionar sobre as 
condições e tipo de parto, bem como 
antecedentes maternos. 
• Febre materna, corioamnionite e perda de 
filho anterior com sofrimento respiratório: 
pensar em Streptococcus do grupo B e 
deficiência de SP-B. 
• Parto cesáreo em bebê prematuro limítrofe: 
pensar em taquipneia transitória do RN. 
• Uso de AINEs, que causa vasoconstrição e, 
consequentemente, menor chegada de fluxo 
para o bebê: pensar em hipertensão 
pulmonar. 
• Sofrimento fetal agudo: pensar em síndrome 
de aspiração meconial 
OBS.: Diabetes materna atrasa a maturação 
pulmonar e a hipertensão materna acelera a 
maturação pulmonar e, em alguns casos, 
ocorre eclampsia com redução do fluxo e 
hipoxia no bebê. 
2. EXAME FÍSICO 
Deve-se procurar: 
• SINAIS DE ESFORÇO RESPIRATÓRIO; 
• CIANOSE; 
• CRISES DE APNEIA. 
Além disso, deve-se realizar uma avaliação 
clínica do desconforto respiratório: 
• BOLETIM DE SILVERMAN ANDERSEN: 
> 4 indica desconforto respiratório. 
 
 
• SINAIS CARDÍACOS: atentar para 
taquicardia e bradicardia, associadas ou não 
à hipotensão. 
• SINAIS GERAIS: hipoatividade, 
irritabilidade, pele impregnada por mecônio, 
entre outros. 
3. EXAMES LABORATORIAIS 
• Gasometria; 
• Glicemia; 
• Hemograma; 
• PCR; 
• Contagem de plaquetas; 
• Exames específico de acordo com cada 
caso. 
4. EXAMES RADIOLÓGICOS 
 
5. CAUSAS 
 
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TAQUIPNEIA TRANSITÓRIA DO RN (TTRN) 
DEFINIÇÃO: distúrbio respiratório comum, 
benigno e autolimitado que ocorre nas 
primeiras horas de vida, consequente a 
alterações na reabsorção da secreção 
pulmonar, deficiência leve de surfactante e 
pequeno grau de imaturidade pulmonar, após o 
nascimento, com duração variável de 12 horas 
até 3-5 dias de vida. 
OBS.: Abaixo de 34 semanas é chamado de 
síndrome do pulmão úmido; já, acima de 34 
semanas é chamada de taquicardia transitória 
do recém-nascido. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: 
• Sinais de insuficiência respiratória leve ou 
moderada: taquipneia, batimento de asas de 
nariz, retração esternal e diafragmática, 
gemência e cianose. 
DIAGNÓSTICO: 
• Quadro clínico; 
• Radiografia de tórax: hiperinsuflação de 
campos pulmonares, com horizontalização 
das costelas, presença de infiltrado difuso, 
geralmente do hilo para a periferia, com 
presença de linhas opacificadas nos campos 
pulmonares, leve a moderado aumento da 
área cardíaca, presença de líquidos nas 
fissuras interlobares (cisurite), marcas 
proeminentes da vasculatura pulmonar, 
inversão da cúpula diafragmática, herniação 
intercostal e derrame pleural. 
 
EXAMES LABORATORIAIS 
COMPLEMENTARES: 
• Gasometria; 
• Hemograma; 
• Hemocultura; 
• Dosagem de proteína C reativa. 
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS: 
• Doença da membrana hialina; 
• Edema pulmonar de origem cardíaca ou 
linfática; 
• Pneumonia bacteriana; 
• Pneumonia por aspiração. 
TRATAMENTO: 
• Manutenção da temperatura; 
• Monitorização da saturação de oxigênio; 
• Estabilização hemodinâmica; 
• Hidratação endovenosa; 
• Manutenção da glicemia. 
DOENÇA DE MEMBRANA HIALINA (DMH) 
OU SÍNDROME DO DESCONFORTO 
RESPIRATÓRIO (SDR) 
DEFINIÇÃO: é uma doença resultante da 
imaturidade pulmonar pela deficiência primária 
de surfactante, desenvolvimento pulmonar 
incompleto e complacência exagerada da caixa 
torácica. 
- Apresenta incidência inversamente 
proporcional a idade gestacional. 
- Acomete 50% dos RN prematuros < 1500g. 
- Acomete 80% dos RN prematuros < 25 
semanas. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: 
• Variável; depende da idade gestacional. 
• Gemido expiratório; 
• Cianose; 
• Taquipneia; 
• Batimentos de asas do nariz; 
• Tiragem intercostal e subcostal; 
• Diminuição global do MVF; 
• PROGRESSÃO: falência respiratória e 
óbito. 
EXAMES COMPLEMENTARES: 
• Gasometria: hipoxemia importante em ar 
ambiente; inicialmente, o CO2 pode estar 
normal ou diminuído devido à taquipneia 
compensatória, porém tende a aumentar; 
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além disso, há acidose respiratória que 
evolui para acidose mista. 
• Radiografia de tórax: infiltrado com aspecto 
reticulogranular difuso, distribuído de 
maneira uniforme (vidro fosco), 
broncograma aéreo periférico e aumento de 
líquido pulmonar. 
 
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS: 
• Pneumopatias congênitas; 
• Cardiopatias congênitas; 
• Malformações pulmonares. 
TRATAMENTO: 
• Manter oxigenação adequada (PaO2 ≥ 50 
mmHg); 
• Manter ventilação adequada (PaCO2 < 50 
mmHg); 
• Administração de surfactante exógeno. 
COMPLICAÇÕES: 
• Displasia broncopulmonar (DBP); 
• Pneumotórax, pneumomediastino e 
enfisema intersticial; 
• Retinopatia da prematuridade; 
• Persistência do canal arterial; 
• Hemorragia cerebral intraventricular. 
PREVENÇÃO: 
• CORTICOTERAPIA ANTENATAL: é 
utilizada, pois a função do corticoide é 
aumentar a produção e liberação de 
surfactante a partir da maturação dos 
pneumócitos tipo II, além de promover uma 
absorção acelerada do líquido pulmonar, 
evitando a congestão pulmonar. 
- Betametasona 12 mg, IM, duas doses 
com intervalo de 24 horas entre elas, nas 
gestações entre 26-34 semanas. 
- Deve ser feita, no mínimo, 24 horas antes 
do parto, com betametasona, visto que é 
o único que passa pela placenta. 
- Usada em gestantes em trabalho de parto 
prematuro, com a intenção de acelerar a 
maturação pulmonar. 
SÍNDROME DE ASPIRAÇÃO MECONIAL 
(SAM) 
DEFINIÇÃO: doença caracterizada por vários 
graus de insuficiência respiratória, que tem 
como principais fatores de risco: pós-
maturidade, retardo do crescimento 
intrauterino, feto com apresentação pélvica e 
asfixia perinatal. 
A aspiração pode acontecer intra-útero ou 
durante os primeiros movimentos respiratórios, 
sendo que o mecônio pode provocar alterações 
obstrutivas e inflamatórias, bem como 
inativação de surfactante. 
Além disso, como o mecônio é capaz de alterar 
a função do surfactante, causa atelectasia, que 
acarreta na diminuição da complacência 
pulmonar. 
Nos casos de vias aéreas totalmente 
obstruídas, a evolução é com atelectasia, 
alterando a relação ventilação-perfusão e, 
assim, provocando hipoxia, hipercapnia e 
acidose. 
Já, nos casos de vias aéreas parcialmente 
obstruídas,o ar entra, mas não sai, o que geral 
uma hiperinsuflação pulmonar, facilitando o 
escape de ar. 
 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: 
• Depressão respiratória e neurológica devido 
ao insulto hipóxico-isquêmico. 
• Fácies de sofrimento; 
• Olhar alerta; 
• Sinais de retardo de crescimento 
intrauterino; 
• Pele seca, enrugada e sem vérnix; 
• Impregnação de mecônio observada na 
pele, unhas e cordão umbilical, podendo 
estar ausente quando o mecônio for recente; 
• Hiperinsuflação do tórax com abaulamento 
no diâmetro transversal; 
• Cianose de extremidades; 
• Taquidispneia com retração subcostal e 
intercostal; 
• Gemidos; 
• Agitação. 
EXAMES COMPLEMENTARES: 
• Gasometria: hipoxemia e acidose 
respiratória ou mista. 
• Radiografia de tórax: infiltrados em placas, 
irregulares, irradiando-se do hilo para os 
campos pulmonares periféricos; áreas de 
atelectasia; áreas hiperinsufladas; retrações 
diafragmáticas; aumento do diâmetro 
anteroposterior. 
• Ecocardiograma: disfunção miocárdica e 
sinais de hipertensão pulmonar. 
- A realização deste é fundamental para 
avaliação da presença de shunt direito-
esquerdo e auxílio no diagnóstico 
diferencial de cardiopatias congênitas. 
 
 
 
TRATAMENTO: 
• Assistência ao RN na sala de parto, 
aspirando quando necessário, e avaliando a 
vitalidade; 
• Manter oxigenação e ventilação adequada; 
• Manter sinais vitais adequados; 
• Correção de anemia; 
• Hidratação venosa; 
• Controle glicêmico; 
• Nos casos confirmados de SAM: o uso de 
antibióticos é indicada à penicilina + 
aminoglicosídeo. 
INFECÇÃO RESPIRATÓRIA AGUDA 
INTRODUÇÃO: os pulmões representam o 
sítio de estabelecimento mais comum da sepse 
neonatal e necessitam de diagnóstico precoce. 
PRINCIPAL PATOLOGIA: pneumonia. 
DEFINIÇÃO: doença infecciosas aguda com 
acometimento difuso ou com condensação 
alveolar, constatada por exame radiográfico. 
CAUSAS QUE AUMENTAM A 
SUSCETIBILIDADE PARA O RN SE 
INFECTAR: 
• FATORES MATERNOS: ruptura prematura 
e prolongada de membranas (> 24 horas), 
infecção materna periparto e parto séptico 
ou traumático. 
• FATORES AMBIENTAIS: contaminação 
cruzada dos RN pelas pessoas que cuidam 
deles e pelo uso de equipamentos 
hospitalares contaminados. 
• PREMATURIDADE. 
• RETARDO DE CRESCIMENTO 
INTRAUTERINO. 
• IMATURIDADE IMUNITÁRIA. 
• OUTROS FATORES: colonização materna 
pelo Streptococcus agalactiae (beta-
hemolítico do grupo B), ausência de 
aleitamento materno e asfixia perinatal. 
CLASSIFICAÇÃO E ETIOLOGIA: 
• PNEUMONIAS CONGÊNITAS OU 
INTRAUTERINAS: Streptococcus 
agalactiae, E. coli, H. influenzae, 
S. pneumoniae, Listeria monocytogenes, 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
Clamydia trachomatis, Ureplasma 
urealycticum, Mycobacterium tuberculosis, 
Treponema pallidum, CVM, vírus herpes 
simples, vírus da rubéola, vírus da varicela 
zoster, vírus influenza, coronavírus. 
• ADQUIRIDAS AO NASCER: S. aureus, S. 
coagulase negativo, Pseudomonas 
aeruginosa, Acinetobacter baumannii, VSR, 
metapneumovírus, influenza e coronavírus. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: 
• PRECEDIDA: coriza, recusa alimentar e 
febre baixa. 
• INÍCIO: é gradual, com irritabilidade, 
congestão nasal, letargia, vômitos, febre ou 
hipotermia, tosse e, em alguns casos, otite 
média aguda; pode ocorrer apneia, 
bradicardia, choque e falência respiratória. 
• PRINCIPAIS: taquipneia, taquicardia, 
gemência, batimento de asas nasais, 
retrações das paredes torácicas, cianose e 
outros sinais de desconforto respiratório. 
DIAGNÓSTICO E EXAMES 
COMPLEMENTARES: 
• História clínica; 
• Exame físico; 
• Radiografia de tórax; 
 
• Hemograma (índice neutrofílico ≥ 0,2); 
• PCR; 
• Culturas de materiais pulmonares; 
• Hemocultura; 
• Urina; 
• LCR; 
• Pesquisa de vírus respiratórios: 
imunofluorescência indireta (IFI), isolamento 
viral em cultura de espécies específicas, 
reação de cadeia da polimerase via 
transcripitase reversa (RT-PCR); 
• Sorologia para Chlamydia trachomatis (após 
três semanas de vida). 
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS: 
• Doença das membranas hialinas; 
• Pneumonias aspirativas; 
• Atelectasia; 
• Pneumotórax ou pneumomediastino; 
• Doença pulmonar cística; 
• Hipoplasia ou agenesia pulmonar; 
• Fibrose cística. 
TRATAMENTO: 
• Manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico; 
• Assistência respiratória e oxigenoterapia; 
• Suporte hemodinâmico; 
• Suporte nutricional; 
• Antibioticoterapia: baseia-se nos 
microrganismos prevalentes e resultado 
posterior das culturas: 
- S. agalactiae e E. coli: penicilina cristalina + 
aminoglicosídeo. 
- Listeria monocytogenes: ampicilina. 
- Casos tardios: oxacilina ou vancomicina + 
cefalosporina de terceira ou quarta geração. 
ALGORITMO PARA PREVENÇÃO DA 
INFECÇÃO NEONATAL PRECOCE PELO 
EGB: 
 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
HIPERTENSÃO PULMONAR PERSISTENTE 
(HPP) 
DEFINIÇÃO: decorre de uma desordem do 
processo de transição circulatória da vida fetal 
para a neonatal caracterizada pela manutenção 
da resistência vascular pulmonar elevada, em 
geral associada à resistência vascular 
sistêmica normal ou diminuída; assim, isso leva 
a um shunt extrapulmonar da direita para a 
esquerda, por meio do canal arterial e forame 
oval, causando hipoxemia; além disso, pode 
ser secundária às doenças do parênquima 
pulmonar, desenvolvimento alterado da 
vascularização pulmonar, hipoplasia pulmonar 
ou obstrução vascular por policitemia com 
hiperviscosidade. 
TIPOS DE HPP: 
• FUNCIONAL: aumento da resistência 
vascular pulmonar é decorrente da 
constrição arteriolar pulmonar. 
- FUNCIONAL IDIOPÁTICA: expressão de 
fatores constitucionais e genéticos que 
aumentam a sensibilidade das arteríolas 
aos estímulos vasoconstritores ou 
dificultam a ação vasodilatadora no óxido 
nítrico (NO) endógeno 
- FUNCIONAL SECUNDÁRIA: associada à 
asfixia e sepse, seja por ação 
vasoconstritora direta da hipoxia ou pela 
liberação de substâncias vasoativas. 
• ORGÂNICA: aumento da resistência 
vascular pulmonar é decorrente das 
alterações estruturais no leito vascular 
pulmonar; ou seja, há hipertrofia da parede 
arteriolar pulmonar idiopática ou secundária 
aos eventos patológicos na gestação; além 
disso, outra forma decorre do baixo grau de 
desenvolvimento do leito vascular, o que é 
típico da hipoplasia pulmonar associada à 
hérnia diafragmática congênita. 
FATORES DE RISCO PARA O 
DESENVOLVIMENTO DE HPP: 
• RN nascidos de parto cesárea; 
• Corioamnionite; 
• Exposição intra-útero à aspirina; 
• Exposição aos AINEs. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: 
• Surgem nas primeiras horas de vida; 
• Alterações cardíacas secundarias à 
isquemia, com disfunção do músculo papilar, 
regurgitação da mitral e tricúspide e, até 
mesmo, choque cardiogênico. 
SUSPEITA DE HIPERTENSÃO PULMONAR 
A presença de uma diferença de PaO2 ou 
oximetria avaliada no pré-ductal (membro 
superior direito) e pós-ductal (membro inferior) 
é altamente sugestivo de hipertensão 
pulmonar. 
- Quando o gradiente é > 200 mmHg na PaO2 
ou > 5-10% na oximetria, indica-se shunt 
direito-esquerdo, responsável pela hipóxia 
nas crianças com HPP. 
EXAMES COMPLEMENTARES: 
• Ecocardiografia com doppler: padrão-ouro, 
mostrando a direção do fluxo por meio do 
forame oval. 
TRATAMENTO: 
• Suporte nutricional adequado; 
• Redução de ruídos e luminosidade; 
• Correção de distúrbios metabólicos; 
• Manutenção da normotermia; 
• Mínimo uso de analgésicos e sedação; 
• Manter boa oxigenação e saturação; 
• Considerar o uso de óxido nítrico (NO) 
inalatório. 
• Se o RN não melhorar, devemos considerar 
o uso de inibidores da fosfodiesterase. 
OBS.: O uso de oxigênio em altas 
concentrações pode aumentar a resistência 
pulmonar pelo aumento do estresse oxidativo. 
 
OBS.: EVITAR a hiperinsuflação e a infusão de 
bicarbonato de sódio devido aos efeitos 
adversos na perfusão cerebral e risco 
aumentado de surdez sensorioneural. 
OBS.: O NO inalatóriopossui efeito direto e 
seletivo na vasculatura pulmonar, pois se liga à 
hemoglobina, formando a meta-hemoglobina, 
sendo, em seguida, inativado. 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
- Considerar o uso em RN > 34 semanas 
gestacionais e diagnóstico de HPP, que 
persiste com hipoxemia após medidas 
gerais, suporte hemodinâmico e ventilação 
adequada. 
AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA NO RN 
 
1. Com o objetivo de diminuir a carga de 
radiação nos RN, somente deve ser realizada 
incidência frontal do tórax. 
2. Fatores técnicos (qualidade do exame): 
observa-se os espaços intervertebrais através 
do mediastino, simetria das estruturas ósseas 
em relação a linha média, hemicúpula 
diafragmática D ao nível do oitavo arco costal 
posterior, inclinação caudal dos arcos costais 
anteriores e nitidez das estruturas 
intratorácicas.

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