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Razoes do Recurso de Apelacao

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EXELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA xxx VARA CRIMINAL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE /MG
Autos do Processo n º: xxx
 Yuri e Úrsula, já devidamente qualificados nos autos em epigrafe, por meio de seu advogado, esta quem subscreve (procuração anexa), vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência, inconformado com a decisão de sentença de fls.xxx, interpor RECURSO DE APELAÇÃO, com fulcro no art. 593, inciso I do Código de Processo Penal.
 I – DA TEMPESTIVIDADE
 O presente recurso é tempestivo, uma vez que apresentado/interposto no prazo legal de 5 (cinco) dias, na forma do art. 593, inciso I do CPP. 
 Portanto resta comprovada a tempestividade do presente recurso. 
 Em acréscimo requer o recebimento e processamento do presente recurso, que seguem com as inclusas razões ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, caso Vossa Excelência não exerça o juízo de retratação conforme art. 589, parágrafo único do CPP. 
 Por fim, o presente recurso subirá acompanhado dos autos do processo, nos termos do art. 583 do CPP. 
 Termos em que pede deferimento
Belo Horizonte, data xxx, mês xxx, 2021
Advogado: XXX
OAB nº: XXX
Razões do Recurso de Apelação
Apelante :Yuri e Úrsula
Apelado: Justiça Pública 
Autos do Processo nº:xxx
Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais
Colenda Câmara Criminal 
Ínclitos Julgadores
Douta Procuradoria de Justiça
 Em que pese a respeitosa decisão de sentença do MM. Juiz de fls..., seus argumentos não merecem prosperar, pelas razões de fatos e direitos a seguir expostos. 
 I – DO FATOS
 Extrai-se dos autos que na data do dia 01 de janeiro de 2021, Yuri e sua namorada Úrsula estavam nas proximidades do Shopping Estação e que por volta das 23:00hs, teriam agredido Fábia. 
 Consta na denúncia que a motivação da agressão seria pelo fato de Fabiana ser inimiga de Úrsula prejudicando-a na empresa em que trabalhavam juntas, agindo a acusada por vingança. 
 Ainda narra os autos que, enquanto Úrsula segurava a vítima, seu namorado Yuri desferia socos na vítima Fabiana. 
 A pedido da acusação, o Juiz proferiu sentença condenando Úrsula e Yuri nos incursos dos arts. 129, caput c/c art. 61, inciso II, alínea “a”, ambos do Código Penal 
 II – DO MÉRITO
 Verifica-se os autos que houve vício perante a intimação do advogado sobre a carta precatório para a oitiva da testemunha de acusação na comarca de Betim/MG. 
 Destaca-se que os réus constituíram advogado para sua defesa técnica, no entanto como consta nos autos, o advogado não foi cientificado da carta precatória expedida para a Comarca de Betim/MG para a oitiva da testemunha de acusação, como dispõe ao art. 222, § 3 º, do CPP que descreve: 
Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo razoável, intimadas as partes.
§ 3 º Na hipótese prevista no caput deste artigo, a oitiva de testemunha poderá ser realizada por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, permitida a presença do defensor e podendo ser realizada, inclusive, durante a realização da audiência de instrução e julgamento. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009)
 Entretanto, a defesa não foi intimada da carta precatória sobre a oitiva da testemunha, não observando o dispositivo do art. 370, § 4 º, do CPP. 
Art. 370. Nas intimações dos acusados, das testemunhas e demais pessoas que devam tomar conhecimento de qualquer ato, será observado, no que for aplicável, o disposto no Capítulo anterior. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)
§ 4 º A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado será pessoal. (Incluído pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)
 A despeito disso, a Súmula 155 do Supremo Tribunal de Federal descreve que o processo será NULO por falta de intimação da carta precatória. 
SÚLUMA 155  É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da expedição de precatória para inquirição de testemunha. 
 
 Outrossim, ressalta-se que houve defensor “ad hon” para acompanhar a oitiva da testemunha de acusação, mas o defensor constituído não havia tido contato anterior do caso, não sendo apto para constitui a defesa dos acusados. É imprescindível uma defesa técnica preparada para o caso.
 A defesa técnica preparada formulará perguntas importantes e pertinentes ao caso, sendo essas perguntas importantes para que haja o devido processo legal, como a ampla defesa e contraditório, postuladas no Art. 5º, inciso LV da Constituição Federal. 
 O despreparo da defesa gera NULIDADE PROCESSUAL como apontam o art. 564, inciso III, alínea “c” do CPP, como também na Súmula 523 da Supremo Tribunal Federal. 
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não tiver, ou ao ausente, e de curador ao menor de 21 anos;
Súmula 523 STF. No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.
 Portando os atos praticados sem a devida intimação e sem a devida defesa técnica gera Nulidades absolutas e relativas ao presente processo. 
 III – DO DIREITO 
 Do mesmo modo, atente-se que as demais testemunhas inquiridas no processo alegaram que não presenciaram as agressões, sendo assim, não podem ser consideradas como prova hábil o depoimento de testemunhas que não presenciaram os fatos, conhecendo-o apenas através da narrativa daquele que sustenta o pleito, ou seja, a acusação sustentou a condenação dos réus apenas no testemunho em “ouvi dizer”. 
 O dispositivo do art. 209, § 2o do CPP descreva acerca do testemunho de pessoas que não presenciaram o fato. 
art. 209. Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as testemunhas se referirem. 
§ 2o Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber que interesse à decisão da causa.
 
 Deveria, o magistrado ao analisar o processo rejeitar a ação penal, conforme art. 395, inciso III do CPP, que menciona sobre a falta de justa causa para o exercício da ação penal.
 Contudo, o juiz não pode condenar o réu na incerteza e embasado em testemunho indireto não sendo apto para comprovar a ocorrência de nenhum elemento do crime, sendo elementos frágeis e insuficientes. 
 Dessa maneira vem entendendo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais no seguinte julgado:
 
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - LESÃO CORPORAL GRAVE - CONDUTA, EM TESE, TIPIFICADA NO ART. 129, § 1º, I, DO CPB - RECURSO MINISTERIAL - PLEITO DE CONDENAÇÃO DO ACUSADO - IMPOSSIBILIDADE - PROVAS FRÁGEIS E INSUFICIENTES PARA SUSTENTAR UM ÉDITO CONDENATÓRIO - SENTENÇA MANTIDA. RECURSO NÃO PROVIDO. O julgador somente pode repousar no estado de certeza. A dúvida equivale à ausência de prova. Consoante dispõe o art. 386, VII do Código de Processo Penal, não existindo prova suficiente para a condenação, mas sim, e tão somente conjecturas, deverá o juiz absolver o réu. Verifica-se no presente caso alta dose de incerteza e para proferir um decreto condenatório, submetendo-se o acusado a penalidade, mister se faz prova robusta e indiscutível, e não mero juízo de probabilidade. Conforme cediço, para que haja uma condenação, meros indícios da prática de um delito não são suficientes e, tendo em vista a fragilidade das provas produzidas na fase judicial, torna-se imperativa a manutenção da absolvição do acusado, em observância ao princípio "in dubio pro reo".  (TJMG -  Apelação Criminal  1.0472.14.001260-1/001, Relator(a): Des.(a) Walter Luiz , 1ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 30/06/2015, publicação da súmula em 10/07/2015)
 Desse modo é prescindível que o juiz formule sua condenação no juízo da certeza, conforme art. 155 do CPP, o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial,não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
 IV – DA AUSÊNCIA DO EXAME DE CORPO DE DELITO
 Analisando os autos, observa-se ainda, a ausência do exame de corpo de delito, laudo pericial essencial e fundamental para ter a certeza da materialidade do crime. 
É cediço que, para a comprovação da materialidade delitiva no crime de lesão corporal, faz-se necessária a realização de exame de corpo de delito, direto ou indireto, conforme dispõe o art. 158 do Código de Processo Penal, por se tratar de infração que deixa vestígios.
Não bastasse isso, extrai-se do CPP, ainda, que "Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.".
 Contudo, a deficiência probatória constante destes autos impede a utilização de qualquer outro elemento para suprir a ausência do exame de corpo de delito, uma vez que ouve a oitiva da testemunha por precatória com a deficiência de defesa e as demais testemunhas que somente “ouviu dizer” e não presenciaram o fato.
 O Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais vem tendo o mesmo entendimento acerca em um recurso que ficou mantido favorável a defesa, vejamos:
EMENTA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - LESÃO CORPORAL NO ÂMBITO DOMÉSTICO - AUSÊNCIA DE EXAME DE CORPO DE DELITO DIRETO OU INDIRETO - INEXISTÊNCIA DE QUAISQUER OUTRAS PROVAS IDÔNEAS PARA SUPRIR O LAUDO - FALTA DE JUSTA CAUSA PARA A PERSECUÇÃO PENAL - REJEIÇÃO DA DENÚNCIA QUE SE IMPÕE- RECURSO MINISTERIAL DESPROVIDO. 1. Tratando-se o crime de lesão corporal um delito material e que deixa vestígios, necessário que, com fulcro no art. 158 do CPP e no art. 12 § 3º da Lei nº 11.340/06, a materialidade seja comprovada através de laudo de exame de corpo de delito direto ou indireto, ou, ainda, prontuários médicos ou ambulatoriais. 2. Ademais, nos termos do art. 167 do CPP, não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. 3. Contudo, constatando-se que a vítima prestou depoimento na delegacia de polícia no mesmo dia em que sofreu as agressões, sendo dispensado o exame de corpo de delito pelo desaparecimento dos vestígios, e inexistindo qualquer outro prontuário médico ou testemunha que possa atestar a presença de hematomas, forçoso reconhecer que não há provas materiais do delito de lesão corporal, tornando-se adequada a rejeição da exordial acusatória.  (TJMG -  Rec em Sentido Estrito  1.0000.23.000376-6/001, Relator(a): Des.(a) Eduardo Machado , 9ª Câmara Criminal Especializa, julgamento em 08/03/2023, publicação da súmula em 08/03/2023)
Portanto, sendo ausente um dos pressupostos da condenação, fazer-se necessária a absolvição dos acusados, com fulcro no art. 386, inciso VII do Código de Processo Penal, com base no princípio “in dubio pro reo”.
 V – DOS PEDIDOS
 Diante exposto requer a Vossa Excelência:
a) Absolvição dos acusados pela ausência da materialidade delitiva com a ausência do exame de corpo de delito, conforme art. 386, inciso VII do CPP;
b) Nulidade pela falta de intimação do defensor como dispõe o art.370, 4º do CPP e Súmula 155 do STF;
c) Nulidade perante o despreparo da defesa, conforme art. 564, inciso III, alínea “c” do CPP e a Súmula 523 do STF; 
Termos em que se pede deferimento.
Belo Horizonte, data XXX, mês XXX, 2021
Advogado: XXX
OAB nº: XXX

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