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3° período Eduardo Zanella Tx 1 APG 13 – BRONCOASPIRAÇÃO 01. Relembrar a morfologia do sistema respiratório inferior 02. Compreender a broncoaspiração em crianças e adultos (fatores de risco, manifestações clinicas, critérios para diagnóstico, fisiopatologia, complicações, tratamento, prevenção) Relembrar a morfologia do sistema respiratório inferior Anatomia: O sistema respiratório é dividido em dois compartimentos: via aérea superior e via aérea inferior VIAS AÉREAS SUPERIORES (VAS): 01. Nariz externo; 02. Narinas; 03. Cavidade Nasal: Sua entrada é chamada de vestíbulo nasal, que é recoberto por pele e por pelos chamados vibrissas. 04. Cornetos ou Conchas Nasais; 05. Septo Nasal; 06. Nasofaringe: Onde se encontra a tonsila faríngea ou adenoide; 07. Orofaringe: Onde se encontra a tonsila palatina ou amigdalas; 08. Laringofaringe; 09. Laringe: Presença da epiglote e de outras cartilagens, como a tireóidea, que se projeta (“Pomo de Adão”); Presença também de cordas vocais. VIAS AÉREAS INFERIORES (VAI): 01. Traqueia; 02. Bifurcação da traqueia (Carina); 03. Brônquios; 04. Bronquíolos; 05. Alvéolos pulmonares. Todos os órgãos das VAS e das VAI, exceto os alvéolos, fazem parte da Porção de Condução. O pulmão (incluídos os alvéolos) faz parte da Porção de Respiração. Histologia: Todas as porções exclusivas da via aérea possuem o epitélio respiratório, sendo ele epitélio pseudoestratificado cilíndrico ciliado em células caliciformes (com exceção dos brônquios) o As células caliciformes são células produtoras de muco, o muco tem função de umidificar, aquecer e filtrar o ar que chega, para mandar aos bronquíolos o mais puro possível. o As vias aéreas tem a função de conduzir, filtrar, umidificar e aquecer o ar o CONDUÇÃO DO AR: Função exercida pela porção de condução, formada por: cavidade nasal → faringe → laringe → traqueia → brônquios → bronquíolos. Todos esses órgãos possuem histologia adaptada para limpeza, aquecimento e umedecimento. o FILTRAÇÃO DO AR: Começa já na entrada da cavidade nasal (vestíbulo nasal), que contém as vibrissas; 3° período Eduardo Zanella Tx 2 Função também realizada pelo muco secretado pelas glândulas seromucosas, que além de filtrar também “limpa” o ar; Também é possível pelos cílios, que orientam seus batimentos em direção à faringe, impedindo a entrada de partículas estranhas no pulmão. o UMIDIFICAÇÃO DO AR: Função exercida pelas glândulas serosas. o AQUECIMENTO DO AR: Garantido pela rica vascularização do aparelho respiratório, que além de aquecer o ar, também garante a produção de muco. Via aérea Inferior Traqueia: É um tubo cartilaginoso formado por vários anéis cartilaginosos, em sua região anterior ela é revestida por tecido cartilaginoso, enquanto na parte posterior é revestida por tecido fibroso Os anéis cartilaginosos que formam a traqueia não são redondos e sim em meia lua, pois a cartilagem fica apenas na frente da traqueia; Estende-se da laringe até o tórax; Termina inferiormente dividindo-se em brônquios principais direito e esquerdo na ramificação carina; É um tubo fibrocartilaginoso, sustentado por anéis cartilaginosos traqueais incompletos; Esses anéis são deficientes na parte posterior, onde a traqueia é adjacente ao esôfago; A abertura posterior dos anéis traqueais é ocupada pelo músculo traqueal: músculo liso, involuntário, que une as extremidades dos anéis. Lateralmente à traqueia estão as artérias carótidas comuns e os lobos da glândula tireoide. Posteriormente à traqueia encontra-se o músculo traqueal, que impede, por exemplo, que haja uma excessiva movimentação da traqueia durante a deglutição. A função da traqueia é de condução, filtração e umidificação do ar Pleuras: Reveste o pulmão A pleura é dividia em pleura visceral que está em contato com o pulmão e pleura parietal mais externamente Entre as pleuras existe a cavidade pleural que é preenchida por uma fina camada de liquido pleural seroso, que tem como função evitar atrito entre as pleuras e órgão adjacentes na hora que as pleuras estão em expansibilidade 3° período Eduardo Zanella Tx 3 Pulmões: Órgãos vitais da respiração; Sua principal função é oxigenar o sangue colocando o ar inspirado bem próximo do sangue venoso nos capilares pulmonares; São normalmente leves, macios e esponjosos; Ocupam totalmente as cavidades pulmonares; Separam-se um do outro pelo mediastino; O pulmão possui ápice e base, 2 ou 3 lobos delimitados por 1 ou 2 fissuras e três faces: costal, diafragmal e mediastinal; PULMÃO DIREITO: o 2 fissuras: oblíqua direta e horizontal; o 3 lobos: superior, médio e inferior; o Maior que o esquerdo. PULMÃO ESQUERDO: o 1 única fissura: oblíqua esquerda; o 2 lobos: superior e inferior; o Incisura cardíaca: impressão deixada pelo desvio do ápice do coração para o lado esquerdo. Arvore traqueobrônquica: Formada pelas vias respiratórias sublaríngeas; A traqueia é o tronco da árvore; A traqueia se bifurca no nível do ângulo do esterno (carina) em brônquios principais direito e esquerdo, que entram no hilo dos pulmões. Brônquio principal direito: mais largo, mais curto e mais vertical, porque entra diretamente no hilo; o Esse é um dos motivos pelo qual a pneumonia aspirativa é mais comum no pulmão direito. Brônquio principal esquerdo: segue inferolateralmente para chegar ao hilo. Já dentro dos pulmões, os brônquios principais ramificam-se em brônquios segmentares e em bronquíolos, até chegar aos alvéolos, formando a árvore traqueobronquial Brônquios principais → Brônquios segmentares → Bronquíolos terminais → Bronquíolos Respiratórios A parede dos bronquíolos não possui cartilagem; ÁLVEOLO PULMONAR: fica localizado na ponta dos bronquíolos respiratórios e eles são a unidade estrutural básica de troca gasosa no pulmão; Fisiologia: VOLUMES PULMONARES ESPIROMETRIA +VOLUMES PULMONARES: É o método que mede os volumes estáticos dos pulmões; A pessoa fica sentada → Respira para dentro e para fora do espirômetro → Desloca a cúpula → Volume é registrado; 3° período Eduardo Zanella Tx 4 Volume corrente: é o volume de quando estamos respirando normal sem fazer força, geralmente o volume corrente é de 500ml Volume inspiratório de reserva: é quando existe uma inspiração forte, aumentando a respiração Volume expiratório de reserva: é quando temos uma respiração forçada Volume residual: é o ar que sobra no pulmão mesmo após uma inspiração forçada, esse ar que fica é importante para evitar que o pulmão colabe; Os volumes podem ser agrupados em capacidades: Capacidade inspiratória: volume corrente + volume de reserva Capacidade residual funcional: Vol. Expiratório de reserva Capacidade pulmonar total: todas as capacidades juntas, representa tudo o que o pulmão consegue armazenar de ar. MECÂNICA RESPIRATÓRIA MÚSCULOS DA INSPIRAÇÃO: O músculo mais importante é o diafragma: quando ele se contrai, o abdome é empurrado para baixo e as costelas para fora; Aumento do volume intratorácico → diminui s pressão → aumenta o fluxo de ar para os pulmões; No exercício físico, os músculos intercostais externos e músculos auxiliares também participam da inspiração; MÚSCULOSDA EXPIRAÇÃO: Em condições fisiológicas, é um processo passivo (a “força motriz” é o gradiente de pressão); Exercício ou em patologias: o Músculos abdominais; o Músculos intercostais internos. 3° período Eduardo Zanella Tx 5 Compreender a broncoaspiração em crianças e adultos (fatores de risco, manifestações clinicas, critérios para diagnóstico, fisiopatologia, complicações, tratamento, prevenção). Introdução: Broncoaspiração = Pode ser chamada também de aspiração de corpo estranho A broncoaspiração ou aspiração broncopulmonar é a entrada de conteúdo, endógeno ou exógeno, colonizados por bactérias residentes, ou não, do tubo digestivo para o trato respiratório inferior (traqueia, brônquios e pulmões), ocasionando alterações inflamatórias e crescimento bacteriano. Também diz respeito à aspiração de corpos estranhos; A maioria das vítimas são lactentes e crianças nos primeiros anos de vida; Quando estamos falando em quadro de inspiração de corpo estranho é sempre um quadro agudo, existe também casos de broncoaspiração crônica quando o quadro não se apresenta tão grave, não havendo uma obstrução total A broncospiração pode ser: o IRRITATIVA: pneumonites químicas por ácido, hidrocarbonetos, óleo vegetal, mecônio, álcool e gordura animal. o INFECCIOSA: saliva e secreções contaminadas; o OBSTRUTIVA: afogamento e aspiração de corpos estranhos. Etiologia: A aspiração de corpo estranho é a inalação não intencional de um corpo estranho (objetos ou alimentos), conteúdo gástrico ou secreções da orofaringe para dentro das vias aéreas, geralmente resultando em obstrução respiratória parcial ou completa. Em circunstâncias normais, as vias respiratórias são protegidas pelo mecanismo normal da deglutição, pelo reflexo da tosse e pela anatomia das vias respiratórias supraglóticas. Qualquer distúrbio nesses mecanismos de proteção pode resultar em lesão por aspiração nos pulmões. Um nível alterado de consciência pode prejudicar a deglutição normal e suprimir o reflexo de tosse. Mesmo em pacientes lúcidos, a lesão neurológica pode resultar em disfagia e aspiração concomitante, como em pacientes que apresentam déficits neurológicos bulbares em associação com AVE isquêmico. Pacientes com alterações anatômicas nas vias respiratórias ou orofaríngeas, como pacientes submetidos a cirurgia ou radioterapia para neoplasias malignas da cabeça e do pescoço, também são muito suscetíveis à aspiração de secreções orais. Fisiopatologia: Falha no fechamento da epiglote → aferência nervosa → tosse! Objetos maiores tendem a impactar-se na via aérea proximal (obstrução completa e parada respiratória), e os menores em vias mais distais; Ocasiona aumento da permeabilidade capilar pulmonar e diminuição da complacência; Aspiração → tosse e apneia variáveis. A maioria dos corpos estranhos é expelida espontaneamente por meio de reflexos protetores, como tosse e cuspir. No entanto, quando os mecanismos de defesa não funcionam a patologia acontece. A aspiração de corpo estranho pode incluir várias fases clínicas: 01. Estágio inicial ou fase de impactação: ocorre quando um corpo estranho obstrui parcial ou totalmente as vias aéreas, muitas vezes resultando em asfixia reflexa, engasgos e paroxismos de tosse para aliviar a obstrução; 3° período Eduardo Zanella Tx 6 02. Segundo estágio ou fase assintomática: pode ocorrer nas horas a semanas após o evento de aspiração, quando os reflexos musculares fadigam e o corpo estranho fica alojado nas vias aéreas; 03. Terceiro estágio ou estágio de complicações: pode ocorrer se a impactação de corpo estranho causar obstrução, erosão e/ou infecção. Cabe destacar que a natureza do que foi aspirado impacta diretamente nas complicações que vão se desenvolver. Por exemplo, A natureza do material aspirado também é importante para determinar se haverá lesão. É muito mais provável que material com pH inferior a 2,5, como conteúdo gástrico ácido, provoque pneumonite química significativa. Materiais particulados também aumentam a probabilidade de desenvolvimento de inflamação clinicamente significativa. É mais provável que a aspiração de grande volume com distribuição por todos os campos pulmonares provoque pneumonite aguda e grave. Quando o material é aspirado para os pulmões, a lesão que ocorre é semelhante a uma queimadura química. O ácido lesa rapidamente as células epiteliais e alveolares das vias respiratórias; dentro de horas, as células tornam-se disfuncionais e ocorre vazamento capilar, resultando em edema pulmonar não cardiogênico profundo. Em casos graves, pode ocorrer dano alveolar difuso. Material orgânico pode causar reação inflamatória grave da mucosa e desenvolvimento de tecido de granulação horas após a aspiração. 80%-90% dos corpos estranhos nas vias aéreas estão localizados no brônquio. A maioria dos corpos estranhos aspirados no brônquio são impactados nos brônquios principais, principalmente o direito por sua posição anatômica (mais vertical). Fatores de risco: Distúrbios de deglutição; Doença do Refluxo Gastroesofágico; Lesão mecânica na glote ou no esfíncter esofágico inferior devido à traqueostomia, intubação endotraqueal, broncoscopia, endoscopia digestiva alta ou alimentação por sonda nasogástrica; Ausência de jejum adequado no processo de anestesia geral; Doença Neurológica: Distrofia muscular, tumor de sistema nervoso central, polineuropatia, acidente vascular encefálico, traumatismos cranianos, doença de Parkinson; Alteração do nível de consciência; Intubação Orotraqueal: Permaneceu em IOT (intubação orotraqueal) mais de 48 horas e foi extubado; Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica descompensada: em uso de antibioticoterapia, corticoterapia sistêmica e inalatória, broncodilatador e imunomodulados; Disfagia mecânica: por doença de cabeça e pescoço, buco maxilo facial e traumas de face; Outros: Gestantes; obesos; íleo adinâmico. Quadro clinico É muito variado, depende do conteúdo que está sendo aspirado 3 fases após a aspiração: aguda; assintomático; complicações, respectivamente Tosse ou engasgo; Regurgitação; Dor ou impossibilidade de engolir; Problemas para falar; Excesso de saliva; 3° período Eduardo Zanella Tx 7 Engasgo; pigarro; Desconforto respiratório durante ou após a alimentação; Presença de resto alimentar orotraqueal; Cianose durante ou após alimentação; Apneia; Em lactentes: presença de leite na boca ou narinas nos intervalos das mamadas; Vômitos. tosse paroxística → pode seguir por um período oligo ou mesmo assintomático, podendo variar de horas a dias a semanas; Se obstrui na laringe: roncos, rouquidão, afonia, odinofagia, hemoptise e dispnéia Complicações: PNEUMONITE: Aspiração de substancia toxicas; Pode evoluir para atelectasias e broncoespasmos; Pode ser causada pela aspiração de conteúdo gástrico (ácido); Relacionada à SARA; Atelectasia, hemorragia peribrônquica, edema pulmonar, e a degeneração das células epiteliais brônquicas; Pulmão edemaciado, com focos hemorrágicos e consolidação alveolares; Início abrupto dos sintomas. PNEUMONIA ASPIRATIVA: Vai se desenvolver em 20-30% dos pacientes com broncoaspiração; Tosse, febre, expectoração purulenta e dispnéia; Evolução mais lenta (dias a semanas); Causada por bactérias presentes na flora do TGI → menos virulentas; Associada com a doença periodontal; ATELECTASIA: Perda de volume/ ausência de ar no pulmão; Dor torácica,tosse e dispneia; Etiologia + grave é ACE. Diagnóstico: Diagnóstico geralmente presumido com base em engasgo ou tosse em crianças saudáveis e história recente de comer ou brincar com objetos pequenos; Imagem pode confirmar suspeita de aspiração de corpo estranho; O diagnóstico também pode ser feito após a remoção bem-sucedida do corpo estranho pela manobra de Heimlich ou pela endoscopia. A tríade clássica de sibilância, diminuição dos sons respiratórios unilaterais e história de evento agudo pode ter alta especificidade para diagnosticar aspirado de corpo estranho, mas baixa sensibilidade em crianças < 18 anos. Testes: Obter radiografias de tórax posteroanterior e perfil em casos suspeitos de aspiração de corpo estranho; 3° período Eduardo Zanella Tx 8 Raramente, a tomografia computadorizada (TC) do tórax e a ressonância magnética (RM) também podem ser usadas para detectar uma aspiração de corpo estranho; A broncoscopia pode ser usada tanto para diagnóstico quanto para tratamento de aspiração de corpo estranho. Raio-x: O raio-x pode não detectar corpos estranhos radiolúcidos ou qualquer corpo estranho dentro de 24 horas após o episódio de aspiração. Achados de raios-x podem incluir: o Atelectasia o aprisionamento de ar o infiltrados pulmonares o desvio do mediastino o presença de imagem de contorno duplo que pode sugerir corpo estranho de bateria de botão (baterias requerem remoção urgente). Broncoscopia: o Método mais definitivo para o diagnóstico de aspiração de corpo estranho; o Broncoscopia rígida sob anestesia geral é método recomendado para remoção de corpos estranhos em crianças; o Broncoscopia flexível e de fibra óptica é mais usada em adultos, e vários tamanhos estão disponíveis para diferentes faixas etárias. Diagnóstico diferencial o Traqueobronquite: processo inflamatório que acomete a traqueia e os brônquios; o Asma; o Pneumonia recorrente; o Tuberculose. Prevenção Evitar e aconselhar crianças a não inserirem pequenos objetos na boca; Grupos de risco devem manter sempre elevada, especialmente durante a alimentação; Não ingerir líquidos ou medicamentos enquanto estiver deitado; Comer em ritmo lento; Em caso de prótese dentária, se certificar de que a mesma está firme e adaptada; Evitar distrações na hora de se alimentar; Identificação precoce do risco; Cabeceira elevada; Mudança na consistência alimentar; Uso de via alternativa de alimentação; Acompanhamento fonoaudiológico;
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