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- -1 PESQUISA E PRÁTICA EM EDUCAÇÃO - PROJETO O DELINEAMENTO METODOLÓGICO - -2 Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 1. Analisar a evolução da pesquisa em educação e conhecer as características da pesquisa de levantamento, pesquisa experimental e ex-post-facto; 2. elaborar e redigir a metodologia da pesquisa de seu projeto de pesquisa, indicando os procedimentos metodológicos e técnicas que serão adotados, bem como as fontes empíricas e documentais a serem utilizadas. 1 O delineamento metodológico Maria Regina Bortolini Como visto nesse curso, a Pedagogia está situada entre as ciências humanas e sociais e, portanto, sofre influência do desenvolvimento dessas ciências. Assim, de alguma forma a pesquisa em educação procurou seguir os modelos hegemônicos nessas ciências. Por muito tempo isso significou assumir a perspectiva de que os fenômenos educacionais poderiam ser decompostos "em suas variáveis básicas, cujo estudo analítico, e se possível quantitativo, levaria ao conhecimento total desses fenômenos", nos moldes dos estudos experimentais /ex-post-facto e de levantamento. Esses estudos permitiram construir uma visão geral, da educação no país, assim como testar teorias sobre os processos de ensino-aprendizagem. Esse tipo de estudo tem e terá sempre validade para certos tipos de problemas. Por exemplo, se queremos estudar o problema da evasão e repetência no 1° grau a nível estadual, não há melhor meio de se conseguir uma visão geral do problema do que efetuando um levantamento junto aos estabelecimentos da rede escolar. Porém, se quisermos saber o que se passa dentro da sala de aula, que acaba contribuindo para aumentar a evasão e a repetência, não é exatamente o levantamento que irá nos ajudar, mas um outro tipo de estudo, que permita compreender a trama intrincada do que ocorre numa situação microssocial. (LUDKE; ANDRÉ, 1986) Assim, a partir das décadas de 70 e 80, a crítica a esses modelos cresceu e novos designers de pesquisa começaram a ser desenvolvidos, numa tentativa de superar os limites percebidos pelos modelos quantitativos aplicados até então. Tendo em vista aproximar a pesquisa educacional ao microcosmo da escola, na sua cotidianidade, e mais ainda aos problemas específicos vividos na realidade brasileira, se promoveram os estudos de caso, a pesquisa documental, os estudos etnográficos, a pesquisa ação e participante. Embora possamos trilhar a evolução da pesquisa no campo educacional, identificando os modelos e paradigmas de cada momento histórico e nesse sentido sermos levados a crer que alguns modelos estão ultrapassados e outros é que são os válidos, a verdade é que em pesquisa nada está tão obsoleto que possa ser descartado, como nada é tão desenvolvido que se preste a qualquer pesquisa. Cada pesquisa é única posto que cada situação de - -3 pesquisa envolve elementos que se articulam de modo próprio. Os interesses e competências do pesquisador, o objeto e universo de estudo delimitados, as condições e instrumentos disponíveis, os contextos onde se insere. Todos esses fatores são relevantes na elaboração do design da pesquisa. Assim, a definição dos procedimentos metodológicos a serem adotados na investigação, embora esteja orientada pelo problema da pesquisa, se insere numa situação onde todos esses elementos tem seu peso e seu valor. Nessa e na próxima aula vamos apresentar alguns modelos. São várias as formas de organizar os tipos de pesquisa, vamos usar a classificação feita por Antonio Carlos Gil. Assim, cada pesquisador tem que encontrar e desenvolver um modo de realizar o seu estudo. No entanto, ao longo do tempo, como vimos, certos modos de fazer pesquisa acabaram por se tornar referências para os pesquisadores. Assim, é importante que o pesquisador iniciante possa conhecer esses modelos de pesquisa de modo a "não ter que inventar a roda, já que hoje já andamos de carro", não é? PESQUISA DE LEVANTAMENTO Os estudos de levantamento são estudos em extensão, voltados para a definição do perfil de uma população ou mapeamento de um fenômeno em uma determinada região. São estudos típicos das análises censitárias, epidemiológicas, geofísicas, pesquisas de mercado. Eles envolvem um grande volume de dados porque trabalham com um amplo universo de sujeitos ou fatos. Em alguns estudos são levantados dados junto a toda a população investigada; em outros casos realiza-se o estudo com uma pequena parcela dos elementos que compõe o universo pesquisado (amostra) a partir de um sistema de amostragem. Amostragem é uma técnica na qual um critério preestabelecido é utilizado para selecionar uma parcela representativa do universo pesquisado. O rigor na seleção da amostra permite que os resultados obtidos com o pequeno grupo tendam a ser muito próximos daqueles que seriam obtidos se a pesquisa fosse realizada com a população total. Embora os sistemas de amostragem envolvam procedimentos estatísticos relativamente complexos, vamos apresentar uma simplificação apenas para permitir a compreensão de sua logica interna. A amostragem pode ser: aleatória, estratificada, por aglomerados e/ou por cotas. • Aleatória Na amostragem aleatória os sujeitos/elementos são selecionados de forma causal, por um sorteio, desprezando quaisquer características específicas deles. • Estratificada • • - -4 Na amostragem estratificada a amostra é selecionada por alguma característica específica, de modo proporcional ou não em relação a população em geral. Por exemplo: sexo, idade ou classe social. Muitas vezes trabalha-se com a combinação dessas propriedades. Por exemplo: sexo e idade (mulheres com mais de 18 anos). Trabalha-se com amostra por conglomerados e sempre é difícil fazer a contagem da população a ser pesquisada. • Conglomerados São considerados conglomerados os quarteirões, edifícios, famílias, etc. Nesse tipo de amostragem, a partir de um mapa, define-se um percurso e um sistema de seleção das unidades de amostra. Por exemplo: os pesquisadores percorrem os quarteirões de uma cidade, numa determinada direção, e vão aplicar os questionários a cada 10 apartamentos. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD, que investiga anualmente características gerais da população em relação à educação, trabalho, rendimento, habitação e outras variáveis, faz uso desse sistema de amostragem. • Cotas A amostragem por cotas também trabalha com estratos distintos da população geral, só que nesse caso um número restrito de entrevistados (cota) de acordo com uma proporção definida na pesquisa. Esse é um tipo de amostragem muito utilizado nas pesquisas eleitorais e de mercado. As pesquisas de levantamento envolvem a operacionalização de variáveis. Muitas vezes, o que se pretende medir é um objeto muito complexo, cuja aferição só poderá se realizar a partir da combinação de variáveis. Algumas variáveis relacionadas compõem um indicador. Por exemplo: para verificar o "nível socioeconômico" é necessário considerar a relação entre variáveis como escolaridade, renda e poder aquisitivo. Nesses casos, a aferição dos resultados se dá pela combinação dos valores obtidos pelo indivíduo em um determinado indicador (índice). Os instrumentos de coleta de dados mais usados nos estudos de levantamento são o formulário e o questionário. Pesquisa experimental Os estudos experimentais são aqueles onde o pesquisador quer identificar se há diferenças significativas no comportamento de variáveis depois da introdução de um estímulo a grupo (s) previamente caracterizado (5). Neles são testadas hipóteses relativas a partir de uma situação construída artificialmente. Por exemplo: tomando-se a hipótese de que as crianças ficam mais agitadas e violentas depois que jogam videogame, o • • - -5 pesquisador vai observar um grupo de crianças antes da introdução do jogo e depois para verificar se houve mudança no seu comportamento e se a mudança se deveu aos estímulos do jogo, confirmando ou não a hipótese preliminar. A pesquisa experimentalexige precisão no planejamento e na determinação/ caracterização dos sujeitos e rigor no controle do ambiente da pesquisa, para que se possam identificar os determinantes da mudança de comportamento. Por isso, geralmente nas pesquisas experimentais faz-se uso de um grupo controle. Ou seja, um grupo que não está submetido ao experimento e que serve de parâmetro para a avaliação do desempenho /comportamento do grupo submetido ao experimento. Muitas vezes, de acordo com o que se pretende investigar, os estudos experimentais envolvem procedimentos técnicos sofisticados para a coleta e análise de dados, o que implica em limitações na sua aplicação. EX-POST-FACTO Em certo sentido, a pesquisa ex-pos-facto se assemelha muito à pesquisa experimental. É que nela também se busca verificar a mudança de comportamento de variáveis. A diferença substancial é que, se na pesquisa experimental a testagem das hipóteses se dá num ambiente artificial rigorosamente controlado, os estudos ex- post- facto se debruçam sobre situações/eventos que se desenvolveram naturalmente. Bem, você começou a conhecer algumas modalidades de pesquisa. Nessas modalidades há grande ênfase nos mecanismos de controle das variáveis consideradas no estudo. Embora elas tenham dado e ainda ofereçam significativas contribuições ao desenvolvimento da pesquisa no campo educacional, há uma gama enorme de problemas em educação que não podem ser devidamente compreendidos a partir desses modelos. Para esses problemas outros modelos de pesquisa têm sido aplicados. Mas isso... isso é conversa para a próxima aula. Até lá! O que vem na próxima aula •características da pesquisa documental, dos estudos de caso, da etnografia e da pesquisa-ação/participante. CONCLUSÃO Nesta aula, você: • analisou a evolução da pesquisa em educação e conheceu as características da pesquisa de levantamento, pesquisa experimental e ex-post-facto. • 1 O delineamento metodológico Aleatória Estratificada Conglomerados Cotas O que vem na próxima aula CONCLUSÃO
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