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apostila saude coletiva

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A1
2
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4
2 SAÚDE COLETIVA ..................................................................................... 5
2.1 Conceito de doença.............................................................................. 6
2.2 Conceito de Prevenção ........................................................................ 6
2.3 Processo saúde-doença ....................................................................... 7
2.4 Vigilância em Saúde Coletiva ............................................................... 7
2.5 Quadro sanitário brasileiro e condições de vida ................................... 9
3 ASPECTOS HISTÓRICOS DA PROMOÇÃO DA SAÚDE ........................ 10
3.1 Conferências Internacionais sobre Promoção da Saúde.................... 13
4 ESTRATÉGIAS DE ORGANIZAÇÃO DAS AÇÕES DO SISTEMA DE
SAÚDE E IMPLANTAÇÃO DE PROGRAMAS DE SAÚDE NOS MUNICÍPIOS........ 20
4.1 SUS .................................................................................................... 24
4.2 Princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) .................................... 25
4.3 Vigilância em Saúde ........................................................................... 25
4.4 Vigilância epidemiológica ................................................................... 28
5 MEDIDAS DE CONTROLE E PREVENÇÃO EM VIGILÂNCIA
EPIDEMIOLÓGICA ................................................................................................... 29
5.1 Investigação epidemiológica .............................................................. 30
5.2 As medidas de precaução em relação à transmissão de doenças ..... 31
6 PRINCIPAIS INDICADORES DE SAÚDE COLETIVA .............................. 31
6.1 Morbidade .......................................................................................... 32
6.2 Mortalidade ......................................................................................... 33
6.3 Letalidade ........................................................................................... 33
7 DOENÇAS PREVENÍVEIS MEDIANTE VACINAÇÃO .............................. 34
7.1 Influenza (gripe) ................................................................................. 34
7.2 Covid-19 ............................................................................................. 35
3
7.3 Doenças pneumocócica ..................................................................... 38
7.4 Hepatites ............................................................................................ 39
7.5 Poliomielite ......................................................................................... 40
7.6 Tétano ................................................................................................ 40
7.7 Tétano neonatal ................................................................................. 41
7.8 Coqueluche ........................................................................................ 41
7.9 Difteria ................................................................................................ 43
7.10 Doença Meningocócica ................................................................... 44
7.11 Doenças causadas por Hemófilo B (HIB) ........................................ 45
7.12 Febre amarela ................................................................................. 46
7.13 Rubéola ........................................................................................... 47
7.14 Sarampo.......................................................................................... 48
7.15 Caxumba ......................................................................................... 49
7.16 Varicela ........................................................................................... 50
7.17 Raiva humana ................................................................................. 51
7.18 Tuberculose .................................................................................... 52
7.19 Rotavirose ....................................................................................... 53
7.20 Cólera ............................................................................................. 54
7.21 Febre Tifóide ................................................................................... 54
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA ............................................................ 56
4
1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI esclarece que o material virtual é semelhante ao
da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro, quase improvável, um aluno
se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta,
para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse
aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No
espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser
direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.
Bons estudos!
5
2 SAÚDE COLETIVA
Fonte: cursosextensao.br
 Conceito de Saúde
Para SIQUEIRA e MORAES (2009, p. 2.116), a saúde define-se “no contexto
histórico da sociedade e em seu processo de desenvolvimento, englobando as
condições de alimentação, habitação, educação, renda, ambiente, trabalho, emprego,
lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde”. E para
LOPES (2005, p. 1.595), saúde é “o conjunto de condições integrais e coletivas de
existência, influenciado pelo contexto político, socioeconômico, cultural e ambiental”
A definição de saúde de CANGUILHEM (2012), citado por DE SOUZA E SILVA
(2019), busca entender como a vida vem sendo vivida, fazendo uma articulação do
cotidiano com as regras da sociedade.
 Conceito de Saúde Coletiva
De acordo com PAIM (2000), citado por OSMO (2015), a Saúde Coletiva é
caracterizada como “campo de conhecimento e âmbito próprio de práticas”, e esse
campo de conhecimento é de natureza interdisciplinar, cujas disciplinas básicas são
a epidemiologia, o planejamento e administração de saúde e as ciências sociais em
saúde. Sempre em construção e muito podendo caminhar na produção e em termos
de reflexão sobre a própria identidade, a Saúde Coletiva, como outros, constitui um
“campo vivo”.
6
A Saúde Coletiva teve início no final da década de 1970, no período em que o
Brasil passava pela ditadura militar e veio vinculada à luta pela democracia e também
ao movimento da Reforma Sanitária. A medicina social e o preventivismo também
influenciaram para sua constituição (OSMO, 2015).
2.1 Conceito de doença
A doença não pode ser compreendida apenas por meio das medições
fisiopatológicas, pois quem estabelece o estado da doença é o sofrimento, a dor, o
prazer, enfim os valores e sentimentos expressos pelo corpo subjetivo que adoece
(BRÊTAS, 2006, apud VIANNA, 2015).
“Para EVANS & STODDART (2003), citado por VIANNA (2015), a doença
não é mais que um constructo que guarda relação com o sofrimento, com o
mal, mas não lhe corresponde integralmente. Quadros clínicos semelhantes,
ou seja, com os mesmos parâmetros biológicos, prognóstico e implicações
para o tratamento, podem afetar pessoas diferentes de forma distinta,
resultando em diferentes manifestações de sintomas e desconforto, com
comprometimento diferenciado de suas habilidades de atuar em sociedade.
O conhecimento clínico pretende balizar a aplicação apropriada do
conhecimento e da tecnologia, o que implica que seja formulado nesses
termos. No entanto, do ponto de vista do bem-estar individual edo
desempenho social, a percepção individual sobre a saúde é que conta.
2.2 Conceito de Prevenção
Segundo VIANNA (2015), o conceito de prevenção é definido como “ação
antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável o
progresso posterior da doença”. A prevenção apresenta-se em três fases. A
prevenção primária é a realizada no período de pré-patogênese. O conceito de
promoção da saúde aparece como um dos níveis da prevenção primária, definido
como “medidas destinadas a desenvolver uma saúde ótima”. Um segundo nível da
prevenção primária seria a proteção específica “contra agentes patológicos ou pelo
estabelecimento de barreiras contra os agentes do meio ambiente”. A fase da
prevenção secundária também se apresenta em dois níveis: o primeiro, diagnóstico e
tratamento precoce e o segundo, limitação da invalidez. Por fim, a prevenção terciária
que diz respeito a ações de reabilitação.
 PREVENÇÃO PRIMÁRIA: Promoção da Saúde- Proteção Específica;
7
 PREVENÇÃO SECUNDÁRIA: Diagnóstico e Tratamento Precoce-
Limitação da Invalidez;
 PREVENÇÃO TERCIÁRIA: Reabilitação (ALBUQUERQUE, 2002, apud
VIANNA, 2015).
2.3 Processo saúde-doença
De acordo com VIANNA (2015), o processo saúde-doença busca a promoção
da saúde, sendo um dos pontos centrais para os profissionais da saúde. Vários
modelos surgiram sobre a compreensão da saúde com o intuito de se compreender o
processo saúde - doença como o modelo epidemiológico. São três os tipos de
componentes: O agente, hospedeiro e o meio.
Explicações sobre a mortalidade e a morbidade obedecem a um gradiente que
atravessa as classes socioeconômicas, sendo as classes com menor renda, sujeitas
a piores condições a saúde. O ambiente é o local onde a pessoa se encontra com as
coisas ao seu redor exercendo influências, sendo o mesmo afetado de várias formas.
“Dessa maneira,
 o processo saúde-doença está diretamente atrelado à forma como o
ser humano, no decorrer de sua existência, foi se apropriando da natureza para
transformá-la, buscando o atendimento às suas necessidades. ” (GUALDA, 2004,
apud BRASIL, 2012).
2.4 Vigilância em Saúde Coletiva
O Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil, ao garantir os direitos
fundamentais do cidadão previstos na Constituição Federal de 1988, estabeleceu uma
conquista sem precedentes para o País. Desde sua criação, muitas mudanças têm-
se verificado no campo das políticas públicas de saúde com resultados importantes,
como, por exemplo, a redução da taxa de mortalidade infantil, o controle de doenças
infecciosas, a implementação de programas considerados exitosos, tais como o de
imunização e o de Doenças Sexualmente Transmissíveis/Acquired Immunological
Deficiency Syndrome (DST/Aids) - este último, reconhecido internacionalmente - e da
Estratégia Saúde da Família (ESF), como indução para a reorientação do modelo de
atenção à saúde (MENICUCCI, 2009, apud DE OLIVEIRA, 2015).
8
Se por um lado a implementação dessas estratégias, agregada ao complexo
movimento de reforma política e administrativa no SUS, representou um avanço na
tentativa de produzir intervenções mais efetivas, por outro, reforçou ainda mais o
processo de fragmentação das ações de saúde, na medida em que muitas tiveram um
cunho de centralização política, e intensificou, no campo da promoção e da proteção
à saúde, um desperdício do seu extraordinário potencial de atuação (GONDIM, 2008,
apud DE OLIVEIRA, 2015).
Segundo DE OLIVEIRA (2015), a complexidade do cenário epidemiológico
atual, caracterizado pela tripla carga de doenças na população - permanência de
doenças agudas, aumento do peso relativo às condições crônicas e às causas
externas -, é decorrente, também, dessa forma de gestão das práticas sanitárias, a
qual necessita de maior organicidade para desencadear ações oportunas que auxiliem
na redução ou eliminação dos riscos à saúde e ampliem a capacidade de resposta do
sistema.
Uma das propostas surgiu no campo da vigilância - conceito central para a
teoria e a prática da saúde pública. Nessa perspectiva, o modelo baseado na
Vigilância em Saúde, cuja tônica é a busca de respostas mais efetivas para as
demandas e os problemas de saúde, propõe-se a trabalhar a lógica de um conjunto
articulado e integrado de ações, que assumem configurações específicas de acordo
com a situação de saúde da população em cada território transcendendo os espaços
institucionalizados do sistema de serviços de saúde. Segundo a concepção
sistematizada por Paim, buscou-se, com essa noção, uma interlocução maior entre
“controle de causas”, “controle de riscos” e “controle de danos” por meio da redefinição
do objeto, dos meios de trabalho, das atividades e das relações técnicas e sociais
(ARREAZA, 2010, apud DE OLIVEIRA, 2015).
A construção dessa proposta trouxe para o cenário a ênfase sobre a
organização das diferentes especialidades de Vigilância em Saúde existentes no
Brasil, em consonância com um sistema único e coordenado, capaz de enfrentar a
complexidade do quadro sanitário brasileiro de forma mais resolutiva, segundo DE
OLIVEIRA (2015). Esse enfoque pressupõe uma abordagem mais articulada entre as
vigilâncias epidemiológica, ambiental e sanitária e pode ser considerada uma tentativa
de desvincular a atuação por agravos e por programas, de modo a enfrentar a
superposição de ações direcionadas para o controle do hospedeiro, do agente
9
etiológico, do meio ambiente ou da produção e comercialização de fármacos e
alimentos.
A adoção do conceito de Vigilância em Saúde procura simbolizar um enfoque
ampliado, pautado na indução de uma organização de práticas que pretendem se
configurar de forma mais sistêmica por meio da incorporação de contribuições da
epidemiologia, da geografia, do planejamento urbano, da epidemiologia e das ciências
sociais em saúde, produzindo e utilizando de forma compartilhada a informação e a
comunicação, a fim de melhor instrumentalizar a intervenção (SILVA, 2008, apud DE
OLIVEIRA, 2015).
2.5 Quadro sanitário brasileiro e condições de vida
A vigilância sanitária, ao longo dos anos, teve um escopo de atuação baseado
em ações normativas, cujo objeto de ação é constituído pelos ambientes que direta
ou indiretamente interferem no processo saúde-doença; no entanto, existem
controvérsias em relação ao seu campo de atuação na saúde pública. Alguns autores
julgam que essa prática não apresenta as características essenciais da concepção
moderna de vigilância sanitária por ter as atividades de regulação, de controle e de
fiscalização sanitária como núcleo central. Contudo, não se pode esquecer que as
atividades da vigilância sanitária surgiram da necessidade de proteção da população
em decorrência da propagação de doenças transmissíveis nos agrupamentos urbanos
com o objetivo de eliminar situações de risco à saúde. Portanto, seus métodos de
intervenção não se restringem às ações meramente técnicas, porém têm como eixos
propulsores as ações dirigidas ao fortalecimento da sociedade e da cidadania com o
propósito da promoção da saúde e da prevenção de danos ou agravos (SILVA JR,
2004).
Segundo LUCHEESE (2001) citado DE OLIVEIRA (2015), conceitualmente, a
vigilância sanitária é reconhecida:
[...] como um conjunto de estratégias institucionais, administrativas,
programáticas e sociais, integradas e orientadas por políticas públicas que se
destinam a eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde, com base em
serviços e em ações integrais e essenciais à defesa e à promoção da vida
em seu ambiente.
10
A atuação da vigilância sanitária é abrangente, sendo responsável pelo controle
de todos os processos - desde a produção ao consumo - dos bens que se relacionam
direta ou indiretamente com a saúde. Essa amplitude de atuação coloca como tônica
para a vigilância sanitária que ações gerenciais e sanitárias sejam desenvolvidas por
meio de um exercício democrático, participativo e de forma articulada, de modo a
garantir a qualidade dos produtos, dos serviços e dos ambientes, aspectos que são
fundamentais para a saúde da população (DE SETA, 2007).
A implantação de ações voltadaspara vigilância sanitária surgiu no Brasil com
a chegada da Corte Portuguesa, em 1808, e tinham a finalidade de efetuar o controle
sanitário dos produtos a serem comercializados e consumidos, além dos
estabelecimentos comerciais; de combater a propagação de doenças, principalmente
as epidêmicas; de resolver questões de saneamento; e de fiscalizar o exercício
profissional na área da saúde (DE SETA, 2007).
No ano de 1832, a sua atuação ganhou contornos mais definidos com o código
de posturas do Rio de Janeiro, no qual se instituíram normas para o exercício da
medicina e da farmácia, bem como para o controle de medicamentos e de alimentos.
Cerca de sessenta anos depois, mais precisamente em 1889, regularizou-se o serviço
de polícia sanitária nas administrações regionais. Cabe destacar que foi somente a
partir da década de 1970 que a vigilância sanitária começou a se apresentar de
maneira mais visível ao setor de saúde com a criação da Secretaria Nacional de
Vigilância Sanitária (SNVS/MS) durante o processo de reformulação do Ministério da
Saúde. Foi também nesse período que ocorreu a modificação da terminologia
'fiscalização' para 'vigilância', em que a vigilância sanitária ampliou o seu campo de
ação, antes destinado principalmente ao controle e punição (COSTA, 2008, apud DE
OLIVEIRA, 2015).
3 ASPECTOS HISTÓRICOS DA PROMOÇÃO DA SAÚDE
De acordo com os estudos de BUSS et al. (2020), a Promoção da saúde, como
vem sendo entendida nos últimos 30-35 anos, representa uma estratégia promissora
para enfrentar os problemas de saúde que afetam as populações humanas. Partindo
de uma concepção ampla do processo saúde-doença e de seus determinantes, essa
estratégia propõe a articulação de saberes técnicos e populares, e a mobilização de
11
recursos institucionais e comunitários, públicos e privados a favor da qualidade de
vida.
Fonte: culturaesaude.med.br
Decorridos pouco mais de trinta anos da divulgação da Carta de Ottawa, um
dos documentos fundadores do conceito contemporâneo de promoção da saúde, esse
termo ficou associado a um conjunto de valores: qualidade de vida, solidariedade,
equidade, democracia, cidadania, desenvolvimento, participação e parceria, entre
outros. Refere-se também a uma combinação de estratégias: do Estado (políticas
públicas saudáveis), da comunidade (reforço da ação comunitária), dos indivíduos
(desenvolvimento de habilidades pessoais), do sistema de saúde (reorientação das
estratégias) e de parcerias intersetoriais. Promoção da saúde trabalha com a ideia de
responsabilidade múltipla pelos problemas e pelas soluções (BRASIL, 1996, apud
BUSS et al., 2020).
A promoção da saúde reage à acentuada medicalização da vida social e é uma
resposta setorial articuladora de diversos recursos técnicos e posições ideológicas.
Embora o termo tenha sido usado a princípio para caracterizar um nível de atenção
da medicina preventiva, seu significado foi mudando e passou a representar também
um enfoque político e técnico em torno do processo saúde-doença-cuidado (BRASIL,
1996, apud BUSS et al., 2020).
O conceito moderno de promoção da saúde se desenvolveu, de forma mais
vigorosa nos últimos trinta anos, nos países desenvolvidos, particularmente no
Canadá, Estados Unidos e países da Europa Ocidental. Nove Conferências
Internacionais sobre o tema, realizadas nos últimos 34 anos (em Ottawa, Adelaide,
Sundsvall, Jacarta, México, Bangkok, Nairóbi, Helsinki e Xangai) aprofundaram suas
bases conceituais e políticas. Na América Latina, em 1992, realizou-se a Conferência
12
Internacional de Promoção da Saúde, trazendo formalmente o tema para o contexto
sub-regional (OPAS, 1993).
SIGERIST (1956) apud ROSEN (1979), citados por BUSS (2020), foi um dos
primeiros
 autores a usar o termo, quando definiu as quatro tarefas essenciais da
medicina: promoção da saúde, prevenção de doenças, recuperação dos enfermos e
sua reabilitação. O autor afirmou que a saúde se promove proporcionando condições
de vida decentes, boas condições de trabalho, educação, cultura física e formas de
lazer e descanso, para o que pediu o esforço coordenado de políticos, setores
sindicais e empresariais, educadores e médicos.
LEAVELL & CLARK (1976), citados por BUSS (2020), utilizaram o conceito de
promoção da saúde ao desenvolverem o modelo da história natural da doença,
propondo três níveis e cinco etapas nas quais se poderiam aplicar medidas
preventivas. Prevenção primária, com medidas destinadas a desenvolver a saúde
como proteção específica do ser humano contra agentes patológicos ou por meio de
barreiras ambientais. A educação em saúde é elemento importante para esse objetivo,
assim como: bom padrão de nutrição; desenvolvimento adequado da personalidade;
educação dos pais; educação sexual e aconselhamento pré-nupcial; moradia
adequada; recreação; condições favoráveis no lar e no trabalho; exames de saúde
periódicos e aconselhamento e contato dos médicos com seus pacientes.
Promoção da saúde, nos moldes citados revelou-se insuficiente para o
enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis. Com a segunda revolução
epidemiológica HARTZ (2017) relata que as estratégias de cuidado passaram a
associar-se a medidas preventivas sobre o ambiente físico e sobre os estilos de vida,
e não exclusivamente à situação dos indivíduos e das famílias. As diversas
conceituações de promoção da saúde podem ser reunidas em dois grandes grupos.
O primeiro diz respeito a atividades dirigidas à transformação dos comportamentos
individuais, localizando-os no seio das famílias e nos ambientes comunitários. Nesse
caso, os programas tendem a concentrar-se em componentes educativos
relacionados a riscos comportamentais passíveis de mudanças e sob controle das
pessoas, como o hábito de fumar, a dieta gordurosa, o sedentarismo e a direção
perigosa.
O segundo grupo enfatiza o papel protagonista dos determinantes gerais sobre
as condições de saúde e se sustenta no entendimento de um amplo espectro de
13
fatores como alimentação, habitação e saneamento; condições de trabalho;
oportunidades de educação ao longo da vida; ambiente físico; apoio social para
famílias e indivíduos; estilo de vida responsável; e cuidados de saúde. As estratégias
são consideradas fruto de políticas e de condições favoráveis ao desenvolvimento da
saúde por meio de escolhas saudáveis e reforço na capacidade de ação dos
indivíduos e das comunidades. Ele surgiu formalmente no Canadá, em maio de 1974,
com a divulgação do documento A New Perspective on the Health of Canadians,
também conhecido como Informe LALONDE (1996) (BUSS et al., 2020).
LALONDE (1996) era então ministro da Saúde daquele país. A motivação
central do documento parece ter sido política, técnica e econômica, pois visava a
enfrentar os custos crescentes da assistência médica, ao mesmo tempo em que se
apoiava no questionamento da abordagem exclusivamente médica para as doenças
crônicas, com poucos resultados significativos (BUSS et al., 2020).
3.1 Conferências Internacionais sobre Promoção da Saúde
Conferência de Ottawa: Com a participação de cerca de 38 países,
principalmente do mundo industrializado, a I Conferência Internacional sobre
Promoção da Saúde teve como principal produto a chamada Carta de Ottawa, que se
tornou um termo de referência para as ideias de promoção da saúde em todo o mundo.
Por esse motivo a ela será dado um espaço maior do que à descrição das outras
(WHO, 2020).
A Carta de Ottawa define promoção da saúde como o processo de capacitação
da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo
participação no controle deste processo. O documento ressalta que saúde é o maior
recurso para o desenvolvimento social, econômico e pessoal de um povo, assim como
importante dimensão de sua qualidade de vida, transcendendo à ideia de formas
sadias de vida. Afirma também que as condições e os requisitos para a saúde são:
paz, educação, habitação, alimentação, renda, ecossistema estável, recursos
sustentáveis, justiça social e equidade. Defesa da saúde, capacitação e mediação
são, segundo a Carta, astrês estratégias fundamentais da promoção da saúde
(BRASIL, 2002, apud HEIDMANN, 2006).
14
O documento afirma que a finalidade da promoção da saúde é assegurar
igualdade de oportunidades e meios para que todas as pessoas realizem seu
potencial humano: ambientes favoráveis, acesso à informação, habilidades para viver
melhor e possibilidade de fazer escolhas saudáveis. Os profissionais da área social e
de saúde têm responsabilidade de contribuir que tal finalidade seja atingida.
A Carta de Ottawa propõe cinco campos de ação:
[...] elaboração e implementação de políticas públicas saudáveis; (2) criação
de ambientes favoráveis à saúde; reforço da ação comunitária; (4)
desenvolvimento de habilidades pessoais; reorientação do sistema de saúde
(CZERESNIA, 2003, apud HEIDMANN, 2006).
Segundo MOYSÉS (2004), a implementação de políticas públicas saudáveis
implica na construção da saúde como prioridade de políticos e dirigentes de todos os
setores; materializa-se em legislação, medidas fiscais, taxações e mudanças
organizacionais e realiza-se por meio de ações intersetoriais que levem a equidade
em saúde, a distribuição equitativa de renda e as políticas sociais inclusivas.
Segundo BUSS (2020), para reorientação dos serviços de saúde, a Carta
propõe a superação do modelo biomédico, centrado na doença e na assistência
médica curativa. Os resultados esperados seriam transformações na organização e
financiamento dos sistemas e serviços, dando ênfase à promoção da saúde e à
formação dos profissionais já com outra mentalidade.
Conferência de Adelaide (1988): XAVIER (2017), aborda com centralidade as
políticas públicas saudáveis, sendo a intersetorialidade a estratégia fundamental para
sua construção. Essas políticas são trabalhadas através de quatro áreas imediatas:
apoio à saúde da mulher, alimentação e nutrição, tabaco e álcool e a criação de
ambientes favoráveis. Apesar de não fazer referências diretas aos DSS, afirma que
“as iniquidades no campo da saúde têm raízes nas desigualdades existentes na
sociedade”, enfatizando a responsabilidade pública pela saúde. Declara que o acesso
a produtos e serviços de saúde, à educação em saúde e a criação de ambientes
favoráveis poderiam fechar a lacuna de tais desigualdades sociais. Destaca um grupo
prioritário para as políticas de acesso à saúde: os desfavorecidos e vulneráveis.
Conferência de Sundsvall: Essa III Conferência, realizada na Suécia em
1991, foi a primeira a focar diretamente a interdependência entre saúde e ambiente.
Ela ocorreu na efervescência prévia à primeira das grandes iniciativas das Nações
Unidas previstas para preparar o mundo para o século XXI: a Conferência das Nações
15
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92. Ampliava-se, aos poucos,
a consciência dos indivíduos, movimentos sociais e governos sobre os riscos de um
colapso do planeta diante das inúmeras e profundas agressões ambientais
decorrentes do modo de produção e consumo das sociedades contemporâneas. O
evento trouxe o tema do ambiente não restrito à dimensão física ou natural, mas
também social, econômica, política e cultural. Referiu-se claramente aos espaços
onde as pessoas vivem: a comunidade, suas casas, seu trabalho, seus espaços de
lazer e as estruturas econômicas e políticas que determinam o acesso aos recursos
para viver e tomar decisões (WHO, 2020, apud BUSS, 2020).
Sublinhou quatro aspectos:
 A dimensão social, na qual se incluem normas, costumes e processos
sociais que afetam a saúde e alertou para as quebras nas relações
tradicionais pelo crescente isolamento social e perda de valores;
 A dimensão política que requer dos governos a garantia de participação
democrática nos processos de decisão e descentralização de recursos
e de responsabilidades;
 A dimensão econômica, que sublinha a necessidade de escalonar
recursos para setores sociais, de saúde e desenvolvimento sustentável;
 A utilização da capacidade e conhecimento das mulheres, inclusive nos
setores político e econômico.
O documento fez menção:
[...]a experiências locais oriundas de todo o mundo, formando cenários para
ação na denominada pirâmide dos ambientes favoráveis de Sundsvall:
educação, alimentação e nutrição, moradia e vizinhanças, apoio e atenção
social, trabalho e transporte. Tais experiências foram reunidas e revisadas
num informe da OMS (HANGLUND, 1996, apud BUSS, 2020).
Conferência de Jacarta: Esta foi a primeira Conferência a se realizar num país
em desenvolvimento. Desde seu subtítulo “Novos atores para uma nova era”, nela se
reforçou a ação comunitária como uma dimensão fundamental da promoção da saúde.
A conferência reforçou as cinco estratégias descritas na Carta de Ottawa, mostrando
que as ações são mais eficazes quando centradas simultaneamente em todas. Foram
definidas cinco prioridades para os anos subsequentes:
Promover a responsabilidade social com a saúde, por meio de políticas
públicas saudáveis e comprometimento do setor privado; Investimentos no
setor saúde de forma articulada com as áreas de educação, habitação e
16
sociais; Consolidar e expandir parcerias em todos os níveis de governo e da
sociedade; Aumentar a capacidade da comunidade e fortalecer os indivíduos
por meio da educação, capacitação de lideranças e acesso a recursos; Definir
cenários preferenciais para atuação (escolas, ambientes de trabalho e outros)
(HANGLUND, 1996, apud BUSS, 2020).
Declaração de Bogotá: Assim é conhecido o documento que lançou a
proposta de promoção da saúde na América Latina. Nele afirma que a Região deve
criar condições que garantam o bem-estar geral
 como propósito fundamental do
desenvolvimento. Parte da análise de que, assolada pelas desigualdades agravadas
pela prolongada crise econômica e pelas políticas de ajuste macroeconômico a
América Latina enfrenta a deterioração das condições de vida da maioria da
população, aumento dos riscos para a saúde e redução de recursos para enfrentá-los.
O desafio da promoção da saúde inclui transformar as relações excludentes,
conciliando interesses econômicos, propósitos sociais, solidariedade e equidade
social.
OPAS (1993), citado por BUSS (2020), declara que o documento estabelece
cinco princípios ou premissas:
 Alternativas orientadas a superar, simultaneamente, as enfermidades
causadas pelo atraso e a pobreza e as derivadas da urbanização e da
industrialização.
 Reafirmação da democracia nas relações políticas e sociais.
 Conquista da equidade, pela identificação dos fatores que favorecem a
iniquidade e propostas de ação para aliviar seus efeitos;
 Desenvolvimento integral dos seres humanos e das sociedades.
Segundo XAVIER (2017), esse documento apontou três estratégias para a
promoção da saúde na Região:
 Impulsionar a cultura da saúde, modificando valores, crenças, atitudes e
relações;
 Dar relevo às estratégias de promoção da saúde;
 Convocar, animar e mobilizar um grande compromisso social para
assumir a política de saúde como prioridade.
OPAS (1993), citado por BUSS (2020) definiu ainda onze compromissos
indispensáveis para alcançar os objetivos propostos:
17
 Impulsionar o conceito de saúde condicionado por fatores políticos,
econômicos, sociais, culturais, ambientais, comportamentais e
biológicos, tendo a promoção da saúde como estratégia;
 Convocar as forças sociais para aplicar a estratégia de promoção da
saúde;
 Incentivar políticas públicas de equidade e de ambientes e opções
saudáveis;
 Estabelecer mecanismos de concertação entre os setores sociais e
institucionais;
 Reduzir gastos improdutivos e a profusão de burocracias
centralizadoras, fontes de ineficiência e desperdício;
 Fortalecer a capacidade da população para participar nas decisões que
afetam sua vida e para optar por estilos de vida saudáveis;
 Eliminar os efeitos das desigualdades sobre a mulher;
 Estimular o diálogo dos diversos saberes.
 Fortalecer a capacidade de convocação do setor para mobilizar a
produção social de saúde e mostrar as responsabilidades dos diferentes
atores na sua construção;
 Reconhecer como trabalhadores e agentes de saúde aspessoas
comprometidas com os processos de promoção da saúde;
Estimular investigações em promoção da saúde, gerar ciência e tecnologia
apropriada e disseminar conhecimentos.
Conferência do México: Segundo WHO (2020) citado por BUSS (2020) a V
Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde foi realizada na Cidade do
México, no ano 2000 e teve como objetivos:
 Avaliar o impacto da promoção da saúde na saúde e qualidade de vida,
especialmente, para as pessoas que vivem em circunstâncias adversas;
 Elevar a saúde a um lugar de destaque no programa de desenvolvimento
das organizações internacionais, nacionais e locais; e
 Incentivar a formação de alianças para a saúde entre os diferentes
setores e em todos os níveis da sociedade.
18
Na Declaração intitulada “Das Ideias às Ações”, destacam-se: colocar a
promoção da saúde como prioridade nas políticas e programas locais,
regionais, nacionais e internacionais; assegurar a participação ativa de todos
os setores e da sociedade civil no desenvolvimento das ações de promoção;
apoiar a preparação de planos de ação nacionais para promoção da saúde;
e, estabelecer e fortalecer redes nacionais e internacionais que promovam a
saúde (WHO, 2020, apud BUSS, 2020).
Conferência de Bangkok (2005): afirma que as políticas e alianças destinadas
a empoderar as comunidades e melhorar a saúde e a equidade em saúde devem ter
lugar central na agenda do desenvolvimento mundial. A Carta de Bangkok continua
valorizando o protagonismo da sociedade civil e do setor privado. Relaciona a PS aos
direitos humanos, atribuindo ao indivíduo a responsabilidade pela saúde. Os DSS são
apontados como “fatores de risco” sobre o controle dos indivíduos. Coloca que a
mesma globalização que aprofunda as desigualdades e a exclusão social de milhões
de pessoas, traz consigo novas “oportunidades de colaboração para melhorar a
saúde”, tais como os avanços das tecnologias da informação e as comunicações e;
os melhores mecanismos disponíveis para a governança mundial e a troca de
experiências (XAVIER, 2017).
Conferência de Nairobi: De acordo com XAVIER (2017), a sétima Conferência
Internacional sobre PS ocorreu em Nairóbi, no Kenya, e o Documento resultante foi
intitulado de Nairobi chamada à ação (OMS, 2009). O mesmo reforça como
responsabilidades prioritárias daqueles comprometidos com a PS: fortalecer a
liderança em PS e os sistemas de saúde; empoderar as comunidades e indivíduos;
colocar a PS como estratégia central na agenda do desenvolvimento; fortalecer
processos participativos e; construir e aplicar conhecimentos acerca da PS. O
Documento elege algumas estratégias de ação para o alcance dessas
responsabilidades, a exemplo da garantia do financiamento adequado e do acesso
universal e da melhoria das abordagens dos sistemas de saúde e do gerenciamento
de seu desempenho.
Conferência de Helsinque: Essa VIII Conferência lançou o desafio de
construir estratégias com foco em “Saúde em Todas as Políticas”. Ela aprofundou as
implicações das decisões de todas as áreas sobre a saúde e a busca de sinergias
entre elas, a favor da equidade. A declaração do evento chamou a atenção das
19
autoridades políticas sobre as consequências de suas decisões para o bem-estar e a
saúde das populações (WHO, 2020, apud BUSS, 2020).
De acordo com WHO (2020), citado por BUSS (2020), foram propostas as
seguintes ações:
 Adotar o enfoque da Saúde em Todas as Políticas;
 Assegurar estruturas e processos sustentáveis que efetivem o referido
enfoque;
 Fortalecer a capacidade dos Ministérios da Saúde para envolver outros
setores do governo, por meio de liderança, parceria, advocacia e
mediação, para alcançar resultados de saúde;
 Desenvolver recursos humanos, capacidade institucional e habilidades
técnicas que facilitem o objetivo de Saúde em Todas as Políticas;
 Adotar auditoria transparente e mecanismos de responsabilização que
construam a confiança entre governos e cidadãos;
 Estabelecer salvaguardas contra os conflitos de interesse que
prejudiquem a saúde nos investimentos comerciais;
 Fomentar o engajamento público e da sociedade civil no
desenvolvimento, implementação e monitoramento da Saúde em Todas
as Políticas
Conferência em Shangai: Esta IX Conferência foi realizada em 2016. Seu foco
foi promover a saúde mediante a adoção de medidas condizentes e com o alcance
dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Da Declaração do evento
constam quatro grandes temas e uma série de compromissos, segundo HANGLUND
(1996), citado BUSS (2020):
 Adoção de decisões políticas em favor dos direitos das mulheres, das
populações deslocadas e do crescente número de pessoas afetadas por
crises humanitárias e ambientais.
 Utilização de estratégias de governança para promover o bem-estar.
 Reconhecimento das cidades e comunidades como ambientes
essenciais à saúde.
20
 Reconhecimento do saber em saúde como elemento fundamental para
a promoção da equidade em saúde. A Declaração termina com um
“chamado à ação” para que os compromissos assumidos acelerem a
implementação dos ODS por meio do compromisso político e do
investimento financeiro na promoção da saúde.
Da organização das atividades de Vigilância Epidemiológica, controle de
endemias, Vigilância Sanitária, Vigilância Ambiental e Saúde do Trabalhador
no SUS, descrevendo que suas atividades são públicas e exercidas em
articulação e integração com outros setores, dentre os quais os de
saneamento básico, energia, planejamento urbano, obras públicas e meio
ambiente (BRASIL, 2008, apud, CARVALHO, 2011).
4 ESTRATÉGIAS DE ORGANIZAÇÃO DAS AÇÕES DO SISTEMA DE SAÚDE E
IMPLANTAÇÃO DE PROGRAMAS DE SAÚDE NOS MUNICÍPIOS
Fonte:susfacil.gov.br
No debate sobre promoção da saúde, especial destaque deve ser dado às
políticas públicas saudáveis, à governabilidade, à gestão social integrada, à
intersetorialidade, às estratégias dos municípios saudáveis e ao desenvolvimento
local. Como já dito, não é novo o reconhecimento da contribuição das políticas
públicas para a saúde das populações. Remonta aos primórdios do Estado moderno,
por volta do século XVII, embora o advento da era microbiológica, em meados do
século XIX, tenha restringido o escopo da ação sanitária, despojando-a de seu caráter
de intervenção social e enfatizando seu caráter técnico e setorial (BUSS, 2020).
21
Entretanto, de forma curiosa e até paradoxal, a relação entre políticas públicas
e saúde volta a ganhar relevo nos últimos anos, não tanto por seus benefícios, mas
pelos malefícios gerados. São notórios, e por vezes dramáticos, os efeitos das
políticas que impulsionaram a economia urbano-industrial ao longo do século XX:
desigualdades sociais, danos ambientais irreparáveis em alguns casos, ambientes
sociais mórbidos de sociopatias e psicopatias, por exemplo (BUSS, 2020).
A ideia contemporânea de políticas públicas saudáveis envolve um duplo
compromisso: o de situar a saúde no topo da agenda pública, promovendo-a de setor
da administração a critério de governo, e o compromisso técnico de enfatizar, como
foco de intervenção, os fatores determinantes do processo saúde-doença-cuidado.
Sua perspectiva ultrapassa em abrangência as ações ambientais da saúde pública
tradicional e, mesmo, as políticas urbanas de expansão de serviços e bens de
consumo coletivo. Implica numa (re) formulação inovadora, tanto do conceito de
saúde, quanto do de Estado (e, portanto, de política pública) e de seu papel perante
a sociedade
 (TERRIS, 1996, apud BUSS, 2020).
A nova concepção de Estado, subjacente à proposta das políticas públicas
saudáveis, é aquela que (re) estabelece a centralidade de seu caráter público e de
sua responsabilidade social, isto é, seu compromisso com o interesse e o bem comum.
Numa perspectiva de reforma do Estado, isso implica um esforço (desenho
institucional) de superar déficits de eficiência/efetividade (capacidade de fazer o que
deve ser feito) e de representatividade/sensibilidade (capacidade de definir o que
precisa ser feito, segundo o interesse e as necessidades da sociedade) (BUSS, 2020).
Um ponto importante nomarco da promoção da saúde é a superação da ideia
de políticas públicas como iniciativas exclusivas ou monopolistas do aparelho estatal.
Em fóruns participativos, expressivos da diversidade de interesses e necessidades
sociais, as políticas públicas tendem a ser comprometidas com a saúde na linha de
“saúde em todas as políticas” (BUSS, 2020).
Outro aspecto fundamental é o empoderamento da população organizada,
através da difusão ampla das evidências sobre as relações entre saúde e seus pré-
requisitos, assim como da construção de mecanismos de atuação eficientes. Numa
nova distribuição de deveres e direitos entre o Estado e a sociedade, entre indivíduos
e coletivos, entre público e privado, a questão da participação é pré-requisito
institucional e político para a definição da “saúde que queremos” (BUSS, 2020).
22
Um cuidado importante é evitar que a defesa de políticas públicas saudáveis
implique na subordinação de outros setores governamentais, gerando resistências e
suscitando isolamentos. Tendo na interdisciplinaridade o seu fundamento cognitivo e
na intersetorialidade a sua ferramenta operacional, as políticas saudáveis, para não
se limitarem a uma normatividade burocrática socialmente natimorta, devem suscitar
ou partir de pactos horizontais com parceiros de outros setores governamentais e de
outras comunidades epistêmicas, como urbanistas, educadores e ambientalistas. A
intersetorialidade tão desejada pode ser definida como o processo no qual objetivos,
estratégias, atividades e recursos de cada setor são considerados segundo suas
repercussões e efeitos nos objetivos, estratégias, atividades e recursos dos demais
setores (OPAS, 1993, apud BUSS, 2020).
Forjar um Estado que opere na lógica da ação pública intersetorial supõe
desenvolver uma nova institucionalidade social, entendida como o conjunto de
organismos estatais encarregados do desenho, coordenação, execução e
financiamento das políticas sociais, inclusive a de saúde. Essa nova institucionalidade
depende da configuração de uma autoridade social, ou o conjunto dos responsáveis
pelas políticas sociais, que coordene as políticas intersetoriais e outros arranjos
voltados ao desenvolvimento. Tal autoridade social deveria ter posição de mesmo
nível na estrutura de poder que as autoridades econômicas, com funções de
planejamento e execução claramente definidas, além de recursos financeiros
garantidos na repartição orçamentária (CEPAL, 1998, apud BUSS, 2020).
Diversos países no Continente têm procurado desenhos institucionais que
articulem instâncias governamentais intra e intersetorialmente com a sociedade civil.
No caso de países de estrutura federativa, como o Brasil, torna-se necessária também
a coordenação entre os diversos níveis administrativos e os subsetores sociais. Um
enfoque deste tipo requer necessariamente a criação de redes interinstitucionais e
uma nova cultura organizacional que requer melhorar a qualidade dos recursos
humanos envolvidos e gerar novas formas de relações e comunicação entre os
distintos âmbitos do aparelho estatal (CEPAL, 1998, apud BUSS, 2020).
Nas últimas três décadas, no Brasil, uma série de experiências de gestão
pública e mobilização social suscitou a implementação organizada de uma perspectiva
de ação intersetorial, sob o rótulo do desenvolvimento local integrado e sustentável.
Recentemente, impulsionadas pela Agenda 2030 e a definição dos Objetivos de
23
Desenvolvimento Sustentável, iniciativas têm sido criadas com vistas ao alcance das
metas propostas. A saúde pública latino-americana realmente tem condições de
contribuir efetivamente para a construção teórica e prática de tais propostas,
principalmente por meio da estratégia dos “Municípios Saudáveis”, um modelo que
contém os requisitos da formulação e implementação de políticas em prol da saúde
por meio de ações intersetoriais (BUSS, 2020).
O movimento das cidades saudáveis surgiu na Europa, no mesmo ano (1986)
em que se realizou a já mencionada Conferência de Ottawa. Segundo ASHTON
(1993), citado por BUSS, 2020), o projeto visa ao desenvolvimento de planos de ação
locais para a promoção da saúde, baseados nos princípios de saúde para todos da
OMS. A iniciativa hoje envolve muitas localidades, em várias redes nos cinco
continentes. A constituição do programa num município inclui, em geral, quatro fases:
início com determinação de prioridades; preparação de um plano de ação; unificação
dos comitês organizadores e a execução de atividades e criação de sistemas de
informação para o monitoramento e avaliação das iniciativas.
Referendado na Declaração de Santa Fé de Bogotá, pela maioria dos países
latino-americanos, o movimento dos municípios saudáveis chegou à América Latina
no início da década de 1990. O movimento propõe uma reestruturação do sistema de
saúde e de sua articulação com outros sistemas, na conformação de políticas e
programas integrados para o desenvolvimento humano e o bem-estar. Segundo a
OPAS (1996), citado por BUSS (2020), esse enfoque se centra na ação e na
participação, assim como na educação sanitária e na comunicação para a saúde,
visando a ampliar a capacidade da comunidade de melhorar suas condições físicas e
psicossociais nos espaços onde as pessoas vivem, estudam, trabalham e se divertem.
Esse movimento avançou rapidamente na região das Américas na década de 1990,
alcançando mais de 500 municípios em praticamente todos os países do Continente.
Já foram realizados dois “Encontros Latino-Americanos de Secretarias Municipais de
Saúde”, um em Cuba (1994) e outro no Brasil (1996) para consolidar a iniciativa e
trocar experiências.
Segundo HARTZ (2017), citado por BUSS (2020), a configuração dos
municípios saudáveis varia em cada local, compreendendo desde programas setoriais
e dirigidos à promoção de comportamentos individuais saudáveis até propostas
bastante abrangentes que alcançam diversas dimensões e setores. Muitos países
24
estabeleceram redes nacionais para o intercâmbio de experiências e para a busca de
vantagens e incentivos nas negociações com os demais níveis do poder público. Um
enorme desafio que ainda permanece é a identificação das melhores formas de
institucionalidade social para uma gestão municipal integrada e participativa (BUSS,
2020).
Por fim, um alerta: inovações tecnológicas (ferramentas, serviços e plataformas
digitais) têm grande potencial para contribuir com a promoção da saúde e prevenção
de doenças. Soluções, como aplicativos, fóruns on-line, blogs, redes sociais, dentre
outras novidades, podem ampliar as possibilidades de as pessoas se comunicarem a
favor de uma vida saudável. Porém, assim como os meios digitais podem ampliar os
benefícios, Relatório da União Europeia, publicado em 2019, alerta que a falta de
acesso, com segurança, aos recursos digitais e o desconhecimento para utilizar as
ferramentas disponíveis pode exacerbar as iniquidades em saúde (EU, 2019, apud
BUSS, 2020).
4.1 SUS
De acordo com a Declaração de Alma-Ata em 1978, a Atenção Primária à
Saúde (APS) apresenta os cuidados essenciais à saúde ofertados nos serviços mais
próximos aos indivíduos, constituindo o primeiro local de contato com o Sistema Único
de Saúde (SUS). Nesse contexto, a APS foi instituída em “ações individuais e coletivas
situadas no primeiro nível, voltadas à promoção da saúde, prevenção de agravos,
tratamento e reabilitação” (GOMES, 2011, apud LEITE, 2018).
No Brasil, o SUS foi estabelecido como política pública de saúde na
Constituição de 1988, com o objetivo de assegurar assistência a todos os cidadãos.12
Para sua efetiva implantação, foram elaboradas e aprovadas as “Leis Orgânicas de
Saúde” (Lei n° 8.080 e 8.142); a mais antiga, em seu capítulo II, discorre sobre os
princípios e diretrizes do SUS, prevendo a descentralização dos serviços para os
municípios, a regionalização e a hierarquização como princípios organizativos,
garantindo o direito fundamental à vida; e como princípios doutrinários a
universalidade, equidade e integralidade (SHIMIZU, 2013, apud LEITE, 2018).
25
4.2 Princípios do Sistema Único de Saúde (SUS)Com a promulgação da Constituição Federal de 1988 (CF/88), o direito à saúde
foi sagrado direito fundamental, sendo responsabilidade comum da União, dos
Estados, dos Municípios e do Distrito Federal (art. 6º). A Constituição e a Lei nº
8.080/90 delimitaram os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS),
sendo eles:
 A integralidade,
 A equidade,
 A descentralização,
 A participação social,
 A regionalização e
 A universalidade (BRASIL, 1988, apud AGUIAR, 2016).
4.3 Vigilância em Saúde
A Vigilância em Saúde é responsável por todas as ações de vigilância,
prevenção e controle de agravos, prioritariamente com ações de promoção à saúde,
com o monitoramento epidemiológico das doenças transmissíveis e não
transmissíveis, de atividades sanitárias programáticas, de vigilância em saúde
ambiental e saúde do trabalhador, elaboração e análise de perfis demográficos
epidemiológicos, proposição de medidas de controle entre outros. A Vigilância
encontra-se distribuída em patamares hierárquicos técnico-administrativos, nas
esferas federal, estadual, municipal e regional, sendo que a base de todas as
informações é a região, mais precisamente a microárea (MALAGUTTI, 2011, apud
BOCCATTO, 2011).
Segundo BOCCATTO
 (2011), a Vigilância em Saúde tem um fluxograma de
informações e apresenta várias interfaces entre diferentes sistemas: Vigilância;
Atendimento (Primário, Secundário e Terciário); laboratórios; centros de pesquisa;
centros universitários; outras secretarias entre outras. A Vigilância em Saúde está
incluída no campo de ação do SUS e desenvolve programas relevantes de prevenção
e controle, devendo ser utilizada para o estabelecimento de prioridades, alocação de
recursos e orientação programática, em várias áreas:
26
Epidemiológica: Realiza um conjunto de ações que proporcionam o
conhecimento, a detecção ou a prevenção de qualquer mudança nos fatores
determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de
recomendar e adotar medidas de prevenção e controle de doenças ou agravos.
Trabalha com doenças sexualmente transmissíveis agudas e crônicas; doenças
transmissíveis agudas; doenças transmissíveis crônicas; doenças imunopreveníveis;
investigações e respostas a casos e surtos e epidemias; doenças emergentes;
agravos inusitados; inclui o também o Programa Nacional de Imunização (PNI),
descentralizado aos municípios;
Ambiental: Desencadeia um conjunto de atividades relativas às zoonoses e
questões sanitárias ligadas ao meio ambiente e riscos à saúde (água, ar e solo), com
ações integradas com as subprefeituras e outras secretarias, devendo participar na
formulação da política e na execução de ações de saneamento básico;
Saúde do trabalhador: Desencadeia um conjunto de atividades que, por meio
das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, se destinam à promoção
e à proteção à saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e à
reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos
das condições de trabalho;
Fonte: afolhatorres.com.br
Imunização: É o conjunto de todas as atividades relacionadas com os
imunobiológicos e sua adequada utilização. O Programa Nacional de Imunização
(PNI) é reconhecidamente um dos melhores do mundo, estando vigente desde 1973,
continuamente propiciando expressivos benefícios na prevenção de doenças,
obtendo reiterados sucessos, nunca tendo sido interrompido. Podem ocorrer surtos
ou acontecimentos inesperados mesmo com imunobiológicos eficazes, cabendo
27
providências complementares organizadas, seguindo diretrizes da Vigilância em
Saúde, com respaldo científico e rigoroso sistema avaliador de qualidade, também
com controle de procedimentos inadequados e eventos adversos de imunobiológicos,
acompanhando também de maneira rigorosa o armazenamento, a conservação e o
transporte de vacinas até sua utilização;
Sanitária: Realiza um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou
prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio
ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse
da saúde;
Infraestrutura: Infraestrutura laboratorial e de apoio diagnóstico, do sistema
de informações de doenças de notificação compulsória, entre outros.
A Vigilância deve trabalhar de forma integrada e harmônica com todas as
Unidades de Atendimento à Saúde (também intersetorialmente e
intersecretarialmente). Na Saúde da Família e da Comunidade, a Estratégia Saúde da
Família (ESF) desencadeou todo um processo de regionalização também na
Vigilância. A ESF tem como diretriz a existência da territorialização e a determinação
de área geográfica com o delineamento das áreas de abrangência de cada uma das
Unidades Básicas de Saúde. Nas áreas cobertas pela ESF se trabalha com
microáreas e área de abrangência, que são de responsabilidade sanitária das
equipes. Na ESF, a Vigilância tem como parceiros as organizações sociais e os
parceiros contratados pelas secretarias municipais de saúde. As entidades privadas
qualificadas pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios como
organizações sociais, são declaradas de interesse social e utilidade pública, desde
que haja reciprocidade e a legislação local não contrarie os mandamentos dessa lei e
a legislação federal específica (MONKEN, 2005, apud BOCCATTO, 2011.
28
4.4 Vigilância epidemiológica
Fonte: repocursos.unasus.ufma.br
O Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE) do Brasil foi criado
em 1975, limitando-se a uma pequena lista de doenças de notificação compulsória.
Até então, as intervenções de Saúde Pública voltadas para o controle de doenças
transmissíveis eram da responsabilidade de órgãos subordinados ao Governo Federal
(Departamento Nacional de Endemias Rurais/DNERU, Campanha Contra Varíola,
Campanha Contra Tuberculose, Campanha contra Lepra, dentre outras) que
desenvolviam suas atividades sob a forma de campanhas sanitárias. Com a
implementação do SNVE, parte das atribuições e responsabilidades da vigilância e
controle destas doenças foram sendo repassadas para as Secretarias Estaduais de
Saúde (SES), estruturadas sob a forma de Programas Especiais ao exemplo do
Programa Nacional de Imunizações (PNI), que estabeleceu um modelo piramidal que
mantinha o nível local sem recursos e sem protagonismo no processo de resolução
de seus problemas de saúde. Entretanto, as denominadas endemias
(esquistossomose, doença de Chagas, malária, tracoma, entre outras) ficaram sob a
responsabilidade da Superintendência de Campanhas (SUCAM), órgão da
administração direta do Ministério da Saúde. Deste modo, a formulação, a
coordenação e a execução das atividades de prevenção e controle de doenças
transmissíveis eram realizadas segundo a lógica de programas verticais (TEIXEIRA,
1998, apud TEIXEIRA, 2018).
A “Vigilância Epidemiológica em Âmbito Hospitalar” foi criada em 2004, com a
criação dos Núcleos Hospitalares de Epidemiologia cujo objetivo é detectar, notificar
e investigar de maneira precoce e oportuna, para adoção adequada de medidas de
29
prevenção e controle das mesmas doenças de interesse para saúde pública, cuja
porta de entrada no sistema, muitas vezes, são os hospitais, mesmo que estes não
sejam de referência em doenças infecciosas (BRASIL, 2004 apud TEIXEIRA, 2018).
A doença não pode ser compreendida apenas por meio das medições
fisiopatológicas, pois quem estabelece o estado da doença é o sofrimento, a
dor, o prazer, enfim, os valores e sentimentos expressos pelo corpo subjetivo
que adoece (CANGUILHEM, 1995, apud, BRASIL, 2012)
5 MEDIDAS DE CONTROLE E PREVENÇÃO EM VIGILÂNCIA
EPIDEMIOLÓGICA
Fonte: oimpacto.com.br
As ações de vigilância epidemiológica são hierarquizadas, ou seja, cada nível
assume responsabilidades para com o planejamento e execução das medidas e ações
a serem empreendidas a nível central, regional e local:
Nível central (Governo Federal/Ministério da Saúde): é o grande
responsável pela determinação e regulamentação nacional das ações de vigilância
epidemiológica. Nele, as ações são discutidaspara, somente após, serem
recomendadas a todos os estados da Federação. Detém as bases de dados dos
sistemas de informação da vigilância epidemiológica - que reúnem todas as
informações referentes à saúde e às doenças no Brasil.
Nível regional: correspondente aos estados da Federação (Secretarias de
Estado de Saúde): cabe coordenar as ações de vigilância desenvolvidas pelos
municípios, procurando estabelecer prioridades de acordo com as informações
obtidas, prestando consultoria.
30
As centrais estaduais de regulação de transplante de órgãos são exemplo de
ação de vigilância diretamente desenvolvida pelo nível de gestão regional.
Por seu intermédio as secretarias estaduais de Saúde controlam o número
de doadores, os pacientes para os quais o transplante é prioritário, a
localização dos possíveis doadores e que hospitais dispõem de estrutura para
realizar a intervenção cirúrgica necessária. Assim, é possível conhecer as
necessidades relacionadas a um problema de saúde específico e intervir
diretamente sobre ele, estabelecendo uma rede de comunicação entre as
unidades locais coordenadas pelas centrais.
Nível local: traduzido na figura do município (Secretarias Municipais de
Saúde) e sua região administrativa (Distritos Sanitários): cabe executar as
práticas de vigilância, desenvolvendo as ações mais diretamente relacionadas aos
indivíduos, por meio dos serviços assistenciais oferecidos. Neste nível,
principalmente, faz-se necessário que os serviços de saúde estejam informados da
ocorrência das doenças de notificação compulsória para que possam, assim, planejar
e implementar as medidas de promoção, prevenção e controle adequadas às
necessidades da população local – o que chamamos “informação para a ação”
ROUQUAYROL, 1999, apud NEGRI, 2002).
5.1 Investigação epidemiológica
A investigação epidemiológica deve ocorrer sempre que for notificado um caso
suspeito de alguma doença. Significa que mesmo que o diagnóstico não esteja
confirmado deve-se realizar a investigação e executar as medidas de controle e
prevenção da transmissão, recomendadas pelos serviços de epidemiologia e
padronizadas pelo nível central (Ministério da Saúde):
 A busca de casos e visita domiciliar – quando os serviços locais de
epidemiologia, ao receberem notificações de doenças de clientes
atendidos, procuram localizá-los por meio de aerograma, telefonema ou
visita ao domicílio para realizar a investigação epidemiológica;
 O apoio a procedimentos diagnósticos – quando da definição de suspeita
ou confirmação de uma doença, a coleta de material biológico,
realização de testes específicos e interpretação de seus resultados são
procedimentos frequentemente desenvolvidos pelo auxiliar de
enfermagem (WALDMAN,1998, apud NEGRI, 2002).
31
5.2 As medidas de precaução em relação à transmissão de doenças
As medidas de precaução em relação à transmissão de doenças podem incluir:
Vacinação de bloqueio: é a intensificação da administração de uma vacina,
visando a impedir a transmissão de uma doença de um indivíduo doente para aqueles
que com ele convivem em espaço restrito,
 como no trabalho, escola, creche ou
quartéis. Essa medida é usualmente utilizada quando há o acometimento por uma
doença de transmissão fácil e contra a qual se dispõe de vacina, como a coqueluche
ou sarampo A febre amarela, por exemplo, teve vacinação de bloqueio para evitar que
novos casos atingissem outras regiões do país;
Intensificação de vacina: é uma estratégia utilizada para aumentar o número
de pessoas protegidas contra uma doença. Para tanto, podem ser modificados os
critérios normalmente utilizados para a aplicação da vacina, aumentando-se o número
de doses ou a faixa etária da população-alvo;
Indicação de restrição de circulação: o objetivo não é isolar o cliente, mas
sim garantir que outras pessoas de seu convívio não corram o risco de contrair a
doença por ainda não estarem protegidas;
Quimioprofilaxia: algumas vezes, o uso de vacinas para prevenir a
transmissão de determinada doença não está disponível ou recomendado - casos em
que são utilizados medicamentos para diminuir o risco de transmissão. A adoção
desta conduta é chamada quimioprofilaxia, geralmente adotada para os comunicantes
de casos suspeitos ou confirmados de meningite meningocócica ou causada por
hemófilos, tuberculose ou leptospirose, e ainda frente à exposição acidental
envolvendo objetos perfurocortantes potencialmente contaminados com material
biológico (WESTPHAL, 1998, apud NEGRI, 2002).
6 PRINCIPAIS INDICADORES DE SAÚDE COLETIVA
Para o planejamento de ações de prevenção e controle de doenças e agravos,
é importante conhecer o perfil dos problemas de saúde da população assistida e das
doenças apresentadas quais mais acometem a população, que mais matam e quantas
pessoas morrem. Para o conhecimento de aspectos de saúde não diretamente
observáveis foram criados os indicadores de saúde, que representam e tentam “medir”
32
os aspectos normalmente não percebidos. Dentre outros importantes componentes
da estrutura de assistência à população, esses indicadores orientarão o processo de
planejamento em saúde, a organização dos serviços de atenção e a determinação do
número de leitos hospitalares necessários para determinada região. Como destaques,
ressaltamos a morbidade, a mortalidade e a letalidade.
Apesar dessas limitações, acredita-se que a informação gerada a partir de
dados de mortalidade, muito utilizada no passado, reterá, por algum tempo
ainda, o seu lugar central na avaliação dos progressos em saúde e nas
comparações internacionais, devido principalmente à dificuldade de
operacionalização de outros tipos de indicadores (HANSLUWKA, 1987, apud,
SOARES, 2003).
6.1 Morbidade
Segundo NEGRI (2002), a morbidade refere-se ao comportamento das
doenças numa população exposta ao adoecimento. Seus índices permitem conhecer
que doenças existem habitualmente na área, no período e na população estudada
(prevalência), e quais os novos casos das doenças na mesma área, período e
população (incidência). A quantidade de casos de uma doença também permite
estimar sua importância para aquela população. Estão relacionados à morbidade os
termos: surto, endemia, epidemia e pandemia.
Surto: Surto é um aumento repentino do número de casos, dentro de limites
muito restritos, como uma série de casos de rubéola em uma creche, vários indivíduos
com conjuntivite em um quartel ou vários bebês com infecção respiratória em um
berçário de hospital. Também pode ser assim considerado o aumento do número de
casos de uma doença em uma área específica, considerada livre da mesma. Por
exemplo, um único caso de poliomielite no Brasil seria suficiente para configurar um
surto;
Endemia: Endemia é a ocorrência de certo número de casos controlados em
determinada região;
Epidemia: Epidemia é o aumento do número de casos de determinada doença,
muito acima do esperado e não delimitado a uma região;
Pandemia: Pandemia, por sua vez, compreende um número de casos de
doença acima do esperado, sem respeitar limites entre países ou continentes. Os
exemplos mais atuais são a Aids, tuberculose e Covid-19.
33
6.2 Mortalidade
A mortalidade é definida como a relação entre o número de óbitos e o número
de pessoas expostas ao risco de morrer. Dados esses que podem ser agrupados por
características como sexo, idade, estado civil, causa, lugar, condição, dentre outras.
Os óbitos ocorridos podem estar classificados segundo a associação de duas ou mais
dessas características (ROCHA,1999, apud NEGRI, 2002).
A causa básica de morte é definida pela Organização Mundial da Saúde como
“ (a) a doença ou lesão que iniciou a sucessão de eventos patológicos que levou
diretamente à morte, ou (b) as circunstâncias do acidente ou violência que produziu a
lesão fatal”. Causas associadas são todas as descritas na declaração de óbito
diferentes da causa básica, ou seja, condições que contribuíram no processo de
falecimento (contribuintes) ou que foram complicações da causa básica
(consequenciais). Constituem causas múltiplas todas aquelas descritas na declaração
de óbito,ou seja, as causas básicas e as associadas (OMS, 1997 apud LAURENTI,
2015).
6.3 Letalidade
Segundo NERI (2002), a letalidade permite conhecer a gravidade de uma
doença, considerando-se seu maior ou menor poder para causar a morte. A
determinação da letalidade de certas doenças permite avaliar a eficácia de estratégias
e terapias implementadas. Por exemplo, espera-se que a vacina anti sarampo reduza
o número de complicações e óbitos decorrentes da doença. Se há muitos óbitos
causados pelo sarampo, isto significa que as crianças não estão tendo acesso à
estratégia de vacinação ou que a vacina não está desempenhando adequadamente
seu papel na proteção à saúde.
Para que se possa avaliar o significado dos indicadores e compará-los frente a
populações diferentes sem que haja distorção das informações, esses indicadores são
calculados por meio de taxas, índices e coeficientes, e expressos em porcentagens.
Traduzem, muitas vezes, as condições socioeconômicas e sanitárias locais, pois
estão intimamente relacionados com as condições de vida e saúde da população.
Dessa forma, as ações de vigilância epidemiológica e os resultados obtidos com a sua
implementação e divulgados através de suas bases de dados constituem um elemento
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precursor da elaboração e implementação de programas de saúde coletiva, ao
permitirem a identificação de fatores de risco para a determinação dos processos de
morbidade que atingem os grupos populacionais que recebem atenção específica dos
serviços de saúde (ROCHA,1999, apud NEGRI, 2002).
7 DOENÇAS PREVENÍVEIS MEDIANTE VACINAÇÃO
Doenças preveníveis por imunização: Covid-19, Tuberculose, Hepatite B,
Difteria, Tétano, Coqueluche, Doenças causadas por Hemofilo B, Poliomielite,
Rotavirose, Doença Pneumocócica, Doença Meningocócica, Sarampo, Caxumba,
Rubéola, Varicela, Hepatite A, Febre Amarela, Influenza (Gripe), Raiva Humana,
HPV, Cólera e Diarréia dos Viajantes, Febre Tifóide.
Fonte: portaldafolha.com.br
7.1 Influenza (gripe)
A gripe é uma doença viral causada pelos vírus influenza dos tipos A, B e C.
Os vírus do tipo A e B apresentam importância clínica, representando 75% das
infecções comparadas com as cepas B; sofrem mutações, e causam epidemias
sazonais. Podem causar complicações respiratórias em pacientes que são doentes
crônicos como: cardiopatas, pneumopatas, imunodeprimidos; e em grupos
vulneráveis como: crianças e idosos. Sua transmissão é através do contato com
secreções respiratórias, e objetos contaminados. É de alta transmissibilidade, sua
manifestação clínica é: febre (38º a 40°C), cefaleia, mialgia, dor na garganta, tosse,
prostração. Podendo evoluir para formas graves como: Síndrome Respiratória Aguda
35
Grave (SRAG) e pneumonia, aumentando o número de hospitalização (BRASIL- M.S/
INFORME TÉCNICO, 2018, apud DE MELO, 2019).
Prevenção: A melhor forma de prevenir a doença é através da vacinação que
deve ser realizada anualmente. A vacina é composta de vírus inativados,
fragmentados, diferentes tipos de cepas do vírus Myxovirus influenzae. São definidos
os tipos de antígenos de acordo com a orientação epidemiológica dos vírus circulantes
(BRASIL- M.S/ INFORME TÉCNICO, 2018, apud DE MELO, 2019).
A vacina contra influenza pode ser realizada a partir dos seis meses de idade,
é indicada para a população indígena e deve ser administrada por via IM ou SC (em
pacientes que possuem alteração sanguínea ou que estejam em tratamento com
anticoagulantes orais). Existe diferenciação para o esquema de doses conforme a
idade; em crianças com 6 meses a 2 anos de idade deve ser realizada duas doses
fracionadas de 0,25 ml, por via IM, com intervalo de 30 dias entre as doses, e para
crianças de 3 anos até 8 anos serão administrados duas doses de 0,5 ml com intervalo
de 30 dias entre as doses, após essa idade e em adultos a dose será de 0,5 ml, por
via IM. A vacina é contraindicada para aqueles que possuem alergia ao ovo, devendo
ter a orientação médica se for preciso realizá-la, devendo ser administrada no hospital.
Para casos em que ocorreram a Síndrome de Guillain-Barré (SGB) pós-vacinação,
num intervalo de seis semanas da dose recebida anteriormente, será necessário
avaliação médica para analisar a necessidade de realizar a vacinação frente o risco
(BRASIL, 2014, apud DE MELO, 2019).
7.2 Covid-19
Segundo FREIRE (2021), a Pandemia provocada pelo vírus SARS-CoV21,
que causa a doença conhecida como Covid-19, afetou o planeta de incontáveis
maneiras, tanto na área da saúde quanto na economia, nas relações sociais e,
principalmente, no fluxo informacional. A necessidade de nos mantermos distantes
uns dos outros trouxe a clareza de como é importante a vida em sociedade, na qual
cada pessoa e instituição tem seu papel. Além disso, foi em meio ao caos mundial
que as tecnologias digitais, especialmente as tecnologias de informação e
comunicação, tiveram oportunidade de suprir demandas comuns da nossa vida e
nos manter conectados. Um fator importante
 relacionado à pandemia de Covid-19 foi
36
a necessidade de validação científica rápida para quaisquer nvacinas e tratamentos
médicos.
O processo de produção vacinal segue as fases de um estudo clínico, com
etapas pré-clínicas, realizadas em laboratórios, em geral, em modelos animais,
objetivando avaliação de dose e toxicidade nesta população. Os ensaios clínicos, em
humanos, são divididos em três etapas. Os estudos de fase 1 visam avaliar a
segurança do produto, enquanto os de fase 2 avaliam segurança, dose e frequência
de administração, bem como sua imunogenicidade. Os de fase 3 têm como desfecho
principal a avaliação de eficácia do produto, através de ensaios clínicos controlados,
randomizados, envolvendo milhares de voluntários. Após a publicação científica
desses dados, a vacina candidata é submetida à avaliação pelas agências
reguladoras, para posterior produção e distribuição. Por fim, os estudos de fase 4, ou
de pós-licenciamento, estimam os efeitos e eventos adversos após a utilização da
vacina em larga escala na população alvo. Cada etapa deste processo dura em média
vários meses a anos (FREIRE, 2021).
Várias tecnologias de produção estão sendo avaliadas, incluindo ácidos
nucleicos (DNA e RNA), uso de vetores virais (replicantes e não replicantes), vacinas
virais (atenuadas ou inativadas) e as vacinas proteicas (recombinantes ou de VLP -
partículas semelhantes ao vírus - tecnologia utilizada na vacina HPV). Algumas
dessas plataformas nunca foram utilizadas em vacinas atualmente licenciadas, mas
existem experiência em áreas como a oncologia e, assim, surgem novas
oportunidades de produção de vacinas, com maior velocidade de
fabricação. Entretanto, este processo, como tudo o que é novo e não testado, requer
cautela, para não oferecer falsas esperanças em um momento tão difícil para a
humanidade (MUKHERJEE, 2020, apud LIMA, 2021).
KRAMMER (2021) citado por LIMA (2021), relata que a maioria das vacinas
estudadas para a COVID-19 visa induzir anticorpos neutralizantes contra as
subunidades virais, a maior parte delas tendo como alvo a região RBD (do inglês
domínio de ligação do receptor) da proteína mais conservada do vírus, a Spike (S),
impedindo assim, a captação do vírus pelo receptor ACE2 (enzima conversora da
angiotensina 2) humano. Não está claro como as variantes da proteína S utilizadas
em diferentes candidatas à vacina se relacionam entre si ou com a epidemiologia
genômica da doença.
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Vacinas com vetores virais: Adenovírus não replicantes têm sido os principais
vetores virais utilizados nas plataformas de desenvolvimento para as vacinas COVID.
Podem ser humanos (Ad5 e Ad26) ou de símios (Chipanzés ChAd). Segundo
FOLEGATTI (2020), citado por LIMA (2021), a vacina ChAdOx1 nCoV-19, baseada
em vetores virais, desenvolvida na Universidade de Oxford, na Inglaterra, em parceria
com o laboratório AstraZeneca, induz robusta resposta imune, incluindo resposta
celular, após a aplicação de duas doses. Utiliza, como vetor, um adenovírus de
chimpanzé não replicante que expressa a proteína S do SARS-CoV-2. Os estudos de
fase 1 e 2, envolvendo grupocontrole com vacina conjugada meningocócica em
adultos saudáveis, mostraram resposta específica de células T no 14° dia após
aplicação, com anticorpos neutralizantes detectados entre 91 e 100% dos pacientes,
apresentando perfil de segurança aceitável.
Atualmente, encontra-se em estudos de fase 3 envolvendo profissionais de
saúde e grupos de alta exposição do Reino Unido e mais quatro países, incluindo o
Brasil. O surgimento de um evento adverso grave e inesperado em um voluntário que
apresentou um quadro de mielite transversa fez com que o laboratório suspendesse
provisoriamente o estudo de fase 3 em todos os centros para melhor análise do caso.
Após avaliação do Comitê externo de monitoramento, foi afastada relação causal da
vacina com o evento adverso e o estudo prossegue em todo o mundo (FOLEGATTI,
2020, apud LIMA, 2021).
Outras vacinas baseadas em vetores virais já estão liberadas para uso restrito
em determinados grupos populacionais na China e na Rússia. O laboratório chinês
CanSino divulgou estudos de fase 1, demonstrando resultados promissores com uma
vacina que utiliza o Ad5 como vetor,mas não houve publicação de estudos de fase 3
e atualmente a vacina encontra-se aprovada naquele país para uso exclusivo em
militares chineses (ZHU, 2020, apud LIMA, 2021)
Também com a tecnologia do uso do adenovírus, foi iniciada vacinação de
profissionais de saúde e professores com vacina produzida pelo Instituto Gamaleya,
em Moscou. Estudo de fases 1/2, publicado recentemente, testou 02 formulações de
vacinas baseadas em 02 subtipos do adenovírus e todos os participantes produziram
anticorpos contra a glico-proteína do SARS-CoV-2, com uma taxa de sorocon-versão
de 100% após 42 dias da aplicação. Também foi avaliada a resposta celular no 28°
dia, com detecção de proliferação de CD4 e CD8 em todos os estudados. A vacina
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russa utiliza como vetor viral o Ad26 na primeira e o Ad5 na segunda dose. Há
proposta de ampliar a vacinação para todos os cidadãos russos em outubro e o
governo do estado do Paraná está negociando acesso à chamada vacina Sputnik V
(LOGUNOV, 2020, apud LIMA, 2021).
Vacinas genéticas: As vacinas de RNA mensageiro têm demonstrado, em
geral, um excelente perfil de segurança e com boas respostas imunes celular e
humoral. Tem a vantagem de serem produzidas em maior escala, por se tratar de
produtos sintéticos, e a desvantagem de serem produtos que requerem conservação
em congelamento. O RNA vacinal é envolto em uma camada lipídica, evitando assim,
sua degradação. Até o momento, nenhuma vacina de DNA alcançou a fase 3 em
ensaios clínicos;
Vacinas virais: tecnologias tradicionais de produção de vacinas como as de
vírus vivos atenuados e inativados vêm sendo utilizadas em diversos ensaios clínicos.
Preocupações com a biossegurança de vacinas atenuadas têm dificultado os estudos
com essa plataforma, e algumas vacinas inativadas já estão em fase 3 de testes;
Vacinas virais: tecnologias tradicionais de produção de vacinas como as de
vírus vivos atenuados e inativados vêm sendo utilizadas em diversos ensaios clínicos.
Preocupações com a biossegurança de vacinas atenuadas têm dificultado os estudos
com essa plataforma, e algumas vacinas inativadas já estão em fase 3 de testes
(KRAMMER, 2021, apud LIMA, 2021).
7.3 Doenças pneumocócica
A doença pneumocócica é causada pela bactéria Streptococcus pneumoniae
ou pneumococo, possuidora de cápsula, possui 90 sorotipos, conhecidos
mundialmente, sendo grandes causadores de doenças invasivas e não invasivas. A
doença pneumocócica pode causar infecções graves como pneumonia, meningite, e
provocar bacteremia. As formas não invasivas são: sinusite, otite média aguda,
conjuntivite, bronquite. A forma de transmissão é através de gotículas respiratórias
como tosse, espirro da pessoa contaminada, podendo ocorrer situação em que a
pessoa apenas é portadora da bactéria, não desenvolvendo a doença; as crianças
menores costumam serem as portadoras do pneumococo (FIOCRUZ, 2014, apud DE
MELO, 2019).
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O local de colonização do pneumococo pode influenciar a expressão dos
fatores de virulência: enzimas como superóxido dismutase e NADHoxidase
podem atuar na patogênese da infecção ao participar da detoxicação dos
radicais de oxigênio e gerar a competência das células, tornando-as aptas ao
processo de transformação, que é o principal envolvido na recombinação
genética do pneumococo (KAPLAN, 2001 apud FREIRE, 2002)
Prevenção: A vacina pneumocócica é composta por “polissacarídeos
capsulares bacterianos purificados do Streptococcus pneumoniae (pneumococo),
com 10 sorotipos de pneumococo (1, 4, 5, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19F e 23F). ” (M.S.,
2014). O esquema é composto por 2 doses, devendo ser realizado aos 2 e 4 meses,
e um reforço aos 12 meses de idade, podendo receber a dose até os 4 anos (BRASIL-
M.S., 2016, apud DE MELO, 2019).
7.4 Hepatites
Hepatite A: As hepatites virais são infecções sistêmicas causadas por vírus
que possuem tropismo primário para o fígado, cuja fisiopatologia baseia-se na
resposta inflamatória hepática ao vírus. Apesar de apresentarem sintomas similares,
as hepatites virais são doenças distintas, cada qual com sua característica
epidemiológica, clínica, laboratorial e agentes etiológicos específicos. Os principais
agentes etiológicos das hepatites virais humanas são os vírus das hepatites A (HAV),
B (HBV), C (HCV), D (HDV) e E (HEV) (NUNES, 2016, apud SANTOS, 2019).
Hepatite B e C: As hepatites B e C apresentam grande magnitude no mundo,
com estimativas de cerca de 257 milhões de pessoas cronicamente infectadas pelo
vírus da primeira (VHB) e 71 milhões pelo vírus da segunda (VHC)1. No Brasil, um
inquérito populacional realizado nas capitais e no Distrito Federal na década de 2010,
com pessoas de 10 a 69 anos, apresentou prevalência de 0,37% e 7,40% para o
antígeno de superfície do vírus B (HBsAg) e contra o núcleo (Anti-HBc),
respectivamente, e de 1,38% para o anticorpo contra o vírus C (Anti-HCV). Isso
resultou em uma estimativa para população residente nessas áreas de 430.658
pessoas Anti-HCV reagentes, sendo 36,70% virêmicas.
Em 2016, o Ministério da Saúde estimou prevalência de 0,70% no país todo e
de 657.000 pessoas com o vírus ativo da hepatite C, visando estabelecer uma linha
de base para calcular os casos a diagnosticar e tratar anualmente, a fim de cumprir
metas e eliminar as hepatites virais até 2030. Em publicação mais recente essas
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estimativas foram atualizadas para 0,53% e 632.000, respectivamente. Essas
informações mostram a importância dessas infecções no Brasil e o desafio para os
serviços de saúde em detectar e tratar os portadores (WHO, 2020, apud SATO, 2020).
7.5 Poliomielite
A poliomielite paralítica é uma doença aguda causada pelo poliovírus, com
relatos históricos na humanidade há milhares de anos. Em meados
 do século XX, com
a implantação de um programa de vacinação eficaz, o número de novos casos reduziu
consideravelmente. Dessa forma, o poliovírus selvagem foi eliminado do hemisfério
ocidental, e o número de novos casos continua a cair no resto do mundo. No Brasil,
os primeiros dados epidemiológicos sobre a poliomielite datam de 1910, e em 1994,
a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o Brasil como livre de pólio
(QUADROS, 2012, apud SOARES, 2019).
Mesmo nesse contexto, após um longo período de estabilidade após uma
infecção pelo vírus da poliomielite, pacientes com ou sem sequelas da doença podem
desenvolver novas incapacidades com diversos sintomas, consistente com a
síndrome pós-poliomielite (SPP) (VIANA, 2013, apud SOARES, 2019).
Ao contrário de doenças infectocontagiosas que assolavam a sociedade
brasileira entre o final do século XIX e meados do século XX, a poliomielite
desafiava todos os conceitos higienistas da época, os quais relacionavam o
adoecimento às condições de higiene e pobreza (CAMPOS, 2003 apud,
LOPES, 2012).
7.6 Tétano
O tétano é uma infecção bacteriana grave, não contagiosa, causada pela toxina
do bacilo tetânico gram positivo Clostridium tetani. Ferimentos externos, entre eles o
perfurante causado

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