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Clara Montelo T8 Origem dos vírus ● Por meio de mutações no genoma, alguns seres se tornaram mais complexos (com mais genes) e outras mais simples (perderam genes) e que precisaram do maquinário de bactérias para se reproduzir ● Vírus não são células, não se alimentam, não respiram, não tem metabolismo, não se locomovem e não se reproduzem (sozinhos), eles se replicam simplesmente, pois os que não se replicam deixam de existir ● Pequenos, 20- 300 nm ● A maioria só podem ser visto com auxílio de um microscópio eletrônico ● Genoma baseado em ácidos nucleicos (A-G-C-T(U)) ● Possuem variações genéticas e evoluem ● Não possuem ribossomos para sintetizar suas proteínas → parasita intracelular obrigatório ● Há muita variação Comum na maioria dos vírus: - Genoma de ácido nucléico RNA ou DNA - Capsídeo - Envelope (alguns apresentam outros não) Capsídeo/ cápsula proteica Formado por muitas moléculas de proteínas que são sempre codificadas pelo genoma do vírus, ou seja, as instruções para a sua produção está no genoma viral Alguns também apresentam uma membrana lipídica externa que envolve todo o capsídeo conhecida como envelope Organismo vivo NÃO organizado em estrutura celular devido: - Presença de RNA e/ou DNA - Capacidade de evolução Como funciona Virus só se multiplica quando parasitam uma célula, pois assim ele encontra enzimas e estruturas moleculares para sua replicação São específicos quanto a célula que hospeda (tropismo viral), não sendo capaz de entrar em uma célula diferente do seu organismo alvo Ciclo reprodutivo 1. Adsorção/ligação 2. Entrada 3. Replicação do genoma e expressão genética 4. Montagem (ciclo lítico) 5. Liberação Adsorção No capsídeo ou envelope se tem proteínas que possuem proteínas que reconhecem célula hospedeira específica e liga-se a ela através de receptores da membrana plasmática da célula (glicoproteínas) SARD e covid-19 se alojam no receptor angiotensina 2 (ACE2) que está presente nas células pulmonares, por isso a associação com problemas respiratórios → células sem esse receptor não podem ser infectadas Para o processo de infecção é necessário a interação entre a proteína Spike (S) presente no capsídeo e receptor ACE2 Entrada O vírus em eucariotos ou seu respectivo material genético em procariotos entra na célula. Vírus com envelope se fundem à membrana plasmática da célula. Vírus sem envelope induzem a célula a absorvê-los (endocitose) Clara Montelo T8 Replicação do genoma e expressão genética O genoma viral é replicado e seus genes são expressos para produzir proteínas virais. Varia de acordo com o tipo de material genético (DNA, RNA) Ciclo lisogênico: quando um vírus de DNA integra seu genoma ao do hospedeiro, se multiplicando junto com as divisões celulares normais da célula, sem causa-lhe maiores danos As doenças causadas por vírus que se reproduzem por este ciclo são caracterizadas por apresentarem mais dificuldades de cura - Herpes - Varicela-zoster / catapora - Papiloma vírus HPV - HIV - Hepatite B Ciclo lítico: iniciam de pronto sua replicação, causando morte da célula para a liberação dos vírus - Varíola - Adenovírus (vias respiratórias, doenças oculares e gastrointestinais) - Sarampo e rubéola - Rotavírus - Poliomielite - Raiva - Ebola e dengue - Hepatite A e E - SARS-CoV-2 *Todos têm o ciclo lítico, mas nem todos têm o ciclo lisogênico A capacidade de alternar entre os dois ciclos permite que o vírus se adapte às condições ambientais e maximize sua capacidade de infecção. Exemplo: herpes → se manifesta no ciclo lítico e fica oculta no ciclo lisogênico Montagem/ ciclo lítico As proteínas do capsídeo recém sintetizadas, juntam-se com o genoma viral replicado dando origem a novas partículas virais Clara Montelo T8 Liberação Partículas virais completas saem da célula e podem infectar outras células O SARS-CoV-2 não lisa a célula para sair, ele vence pela exaustão: a célula se dedica tanto para produzir as proteínas do corona que morre por não conseguir fabricar suas próprias proteínas → essa morte justifica os problemas clínicos da doença O genoma viral pode ser formado por RNA ou DNA e podem apresentar todas as combinações possíveis: DNA de cadeia dupla, DNA de cadeia única, RNA de cadeia única, RNA de cadeia dupla Informações genéticas codificadas a partir do genoma viral ● Proteínas do capsídeo, integrasse e transcriptase reversa ● Regulação do ciclo de replicação (lítico e lisogênico) ● Modulação de defesas do hospedeiro Informações genéticas não codificadas a partir do genoma viral ● Síntese completa de proteína (dependência do hospedeiro) ● Proteínas para a produção de energia ou membrana Sistema de Baltimore A classificação dos vírus é feita pelo sistema de baltimore e depende de: ● A molécula que o vírus possui como material genético (DNA/RNA) ● Se o material genético é de fita simples ou dupla ● Os mecanismos de que o vírus usa para fazer RNAm Importante para desenvolvimento de abordagens terapêuticas e preventivas contra infecções virais causadas por esses vírus 1. Vírus de DNA fita dupla (dsDNA) ● Ao inocular o DNA na célula hospedeira, a transcrição é direta (DNA viral para RNAm) ● Em seguida os ribossomos da célula são utilizados para tradução e o DNA é replicado no núcleo ● O adenovírus codifica sua própria DNA polimerase, já a herpes e herpes adenovírus HPV não Clara Montelo T8 2. Vírus de DNA fita simples (ssDNA) ● O DNA fita simples (circular) é convertido em dupla pela DNA polimerase do hospedeiro ● O DNA molde (-) que é transcrito (transcrição indireta), pois ele que contém a informação do DNA (+) ● Proteínas de regulação, interface com o sistema imune e capsídeo 3. Vírus DNA parcialmente dupla (dsDNA) ● Parte da replicação no núcleo, parte no citoplasma ● RNA polimerase viral (transcriptase reversa) transportada dentro do capsídeo 4. Vírus de RNA fita dupla (dsRNA) ● dsRNA é estruturalmente mais resiste ● Transcrição indireta, já carrega uma RNApoli junto ao capsídeo (RNA→ RNAm) ● Uso dos ribossomos da célula (RNAm→ proteína) ● Utiliza RNA polimerase viral (RNA+ → RNA-) 5. Vírus de RNA fita simples (ssRNA+) ● O RNA + é traduzida diretamente (sem RNApoli junto 6. Vírus de RNA fita simples (ssRNA-) ● 7. Vírus de RNA fita simples (ssRNA+) ● x Sistema de Baltimore 1. Vírus de DNA fita dupla (dsDNA) ● Evolução do vírus Exemplo HSV (herpes) Temos o HSV-1: herpes labial, forma branda que causam cachos de bolinhas nos lábios do infectado HSV-2: herpes genital, atinge uma em cada seis pessoas, e tem sintomas mais incômodos Clara Montelo T8 A chave para haver um processo evolutivo está na presença de variabilidade genética, ou seja, possuir diferenças genéticas em uma população. E ela vem de trÊs fontes principais: - Recombinação - Rearranjo - Mutação Recombinação ● Envolve troca de segmentos genéticos entre diferentes vírus, resultando em novos vírus recombinantes com genomas que combinam segmentos dos vírus parentais Rearranjo ● Envolva a mistura do genoma entre diferentes vírus. Neste caso, o novo vírus tem um genoma rearranjado que combina os segmentos dos vírus parentais ● Ele é comum entre vírus influenza (grupo 5), que possuem oito segmentos de ssRNA-. A estirpe recombinante irá compartilhar propriedades de ambas as suas linhagens parentais. O rearranjo foi responsável pelas estirpes da pandemia de gripe suína de 2009, que teve uma mistura incomum das sequências genéticas da gripe aviária, de suíno e humana Mutação ● Uma mutação é uma mudança permanente no material genético (DNA ou RNA) de um vírus, que só ocorre durante a cópia do seu material genético ● As variantes do coronavírus é de uma mutação com ganho evolutivo, ou seja, milhões de vírus mutados surgem e algumas dessas novas versões se tornam prevalentes na população viral ● A variante P1 foi uma mutação que fez o vírus ser mais transmissível, então essa versão polimórfica do vírus ficou estabelecida na população Clara Montelo T8 ● Vírus de RNA tendem a ter taxas de mutação mais altas do que vírus de DNA ● A principaldiferença reside na maquinaria de cópia. A maioria dos vírus de DNA copiam seu material genético usando enzimas da célula hospedeira (DNA polimerase), que revisam o DNA (reconhecem e consertam os danos enquanto realizam a cópia). Já o vírus de RNA usam enzimas próprias chamadas RNA polimerase RNA dependente, as quais não fazem correção e, portanto, comentem muito mais erros ● Vírus de RNA: influenza vírus, sarampo, raiva, ebola, coronavírus, febre amarela, dengue, hepatite C, rubéola, HIV ● Vírus de DNA: herpes, hepatite B Resistência do HIV a medicamentos ● HIV (vírus da imunodeficiência humana), causador da Síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), é um retrovírus de RNA fita simples (ssRNA+) ● Como vírus de RNA possuem uma alta taxa de mutação, há uma grande variação genética na população de vírus HIV no corpo de um paciente ● Parte dessas mutações são deletérias (vírus não se replica), mas de algumas mutações surgem linhagens resistentes aos medicamentos ● A nevirapina é uma droga antiviral importante, que atua na inibição da enzima transcriptase reversa evitando que o genoma do RNA do HIV seja transcrito para DNA ● A maioria dos vírus HIV são freados pela nevirapina. Contudo, uma pequena fração dos vírus terá uma mutação no gene da transcriptase reversa que os torna resistentes a essa medicação ● Ao não eliminar todos os vírus, depois de algum tempo, os vírus HIV normalmente recuperam-se e retornam para níveis elevados, mesmo que a droga ainda esteja presente → uma forma de vírus resistente a drogas emerge ● A estratégia é utilizar um coquetel antiviral, composto por drogas que atingem partes diferentes do ciclo de vida do HIV ● O coquetel funciona porque é relativamente improvável que qualquer vírus HIV em uma população viral tenha três mutações que lhe confira resistência a todas as tr6es drogas ao mesmo tempo ● Vírus evoluem muito rápido, devido a alta taxa de mutação, grande tamanho da população e o ciclo de vida rápido (52 horas) ● No caso covid-19, as altas taxas de infecção e mutação, aliado a presença global com rápida disseminação justificam o colorido ao longo da pandemia Evolução do vírus ● Há cerca de 12 mil anos, o Homo sapiens passou a praticar a agricultura e a pecuária. A produção de alimentos permitiu a formação de vilarejos, aglomerando animais e pessoas em um só lugar. ● De 1.415 patógenos conhecidos, 61% têm origem em outras espécies (zoonoses). O novo coronavírus foi mais uma dessas doenças. Uma das hipótese é que em um mercado com animais silvestres um vírus sofreu um rearranjo e foi capaz de infectar células humanas. ● Essas mudanças genéticas levam a pandemias quando as novas estirpes adquirem a capacidade de transmissão sustentada entre humanos. Combate os vírus ● Contra infecções bacterianas possuímos um grande número de medicações antibióticas, já para infecções virais não. Isso devido ao vírus ser desprovido de metabolismo, restando apenas algumas proteínas específicas como alvo Clara Montelo T8 de medicação. Exemplo: cefalexina atua na parede celular bacteriana, estrutura ausente em células eucariotas A alternativa mais eficaz é a elaboração de vacinas Butantan/Corona Vac ● O vírus primeiramente é cultivado para se multiplicar, utilizando ovos de galinha. Posteriormente o vírus é inativado, com uso de calor (desnaturação proteica) ou produtos químicos (perdendo a capacidade de infectar a célula). ● Os vírus inativados são reconhecidos pelo sistema imune, ativando os linfócitos que produzem anticorpos e se diferenciam em células de memória, que permanecem no corpo e permitem uma reação imune mais ágil se o vírus nos infectar novamente. ● Esse é o método mais tradicional em vacinas, sendo utilizado para a vacina do sarampo e a poliomielite. Por utilizar o vírus inteiro, tende a ter boa resposta imunológica em diferentes variantes virais. Fiocruz/Oxford-AstraZeneca ● Ao invés do vírus causador da doença, são utilizados vetores virais (ex: adenovírus). Esse vetor é modificado geneticamente, retirando parte da sua estrutura responsável pela multiplicação viral, se tornando um vírus não replicante no organismo. ● No vetor viral apenas a proteína chamada Spike, ou proteína S do coronavírus, que ● será transportada para organismo humano pelos vetores. Ao entrar nas células, ● o adenovírus faz com que elas passem a produzir essa proteína e a exiba em sua superfície, o que é detectado pelo sistema imune. Moderna e Pfizer/BioNTech ● Usando uma nova tecnologia, essa vacina não utiliza vírus. Pequenos fragmentos de DNA ou RNA são injetados nas células, que produzem proteínas virais (proteína S), desencadeando a resposta imune. Novavax ● As proteínas S do coronavírus são injetadas diretamente no corpo. Da mesma forma, fragmentos ou invólucros de proteínas que imitam a estrutura do vírus também podem ser usados. Esse tipo de vacina requer adjuvantes (substância com o objetivo de estimular o sistema imune), bem como múltiplas doses. Na investigação dos casos notificados de eventos adversos relacionados às vacinas contra covid-19, o Ministério da Saúde concluiu que as 510 milhões de doses aplicadas até março foram responsáveis por apenas 50 óbitos. Ou seja, uma morte a cada 10 milhões de doses — número considerado extremamente baixo e que confirma a segurança dos imunizantes. Para efeito de comparação, a doença no país causou 37,5 milhões de casos e 703 mil mortes — o que equivale a 190 mil mortes a cada 10 milhões de casos. “Como qualquer outro medicamento, não se pode descartar totalmente o risco de ocorrência de evento grave. É importante destacar, no entanto, que estes eventos são muito raros, ocorrendo em média um caso a cada 100 mil doses aplicadas, apresentando um risco significativamente inferior ao risco de complicações pela própria covid- 19”. (Boletim do Ministério da Saúde) O risco de miocardite/pericardite após a vacinação existe, mas é raro. A possibilidade de o quadro ser causado pela covid-19 é muito maior. Por isso, agências regulatórias de vários países continuam a recomendar a vacinação para todos os indivíduos a partir de 12 anos de idade — muitas para crianças a partir de 5 anos de idade.
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