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ANTROPOLOGIA E CULTURA BRASILEIRA Atividade - 1 PARA QUE SERVEM OS ANTROPÓLOGOS E A ANTROPOLOGIA? Engenharia de Controle e Automação - Faculdade Anhembi Morumbi Aluno: Guilherme Cristiano Cabral de Abreu RA: 2022106046 - “A miscigenação brasileira vem basicamente de três raças?” : índios, negros e brancos. No contato entre os três, por razões diversas, os brancos (portugueses) ocupavam posição de destaque. A partir dessa configuração, e com a chegada de europeus de outros países, além de japoneses, a identidade brasileira foi sendo construída. Alimentação, religião, dança, música, hábitos comportamentais e valores que temos ainda hoje têm origem nessa época. Nossa história e nossa cultura são ricas. Desde sua descoberta, até os dias de hoje! Identifique os principais elementos de nossa cultura e de que etnia eles são originários. Identifique também os conflitos e convergências entre eles e sua presença no nosso cotidiano. Em sua resposta, exercite a escrita transcrevendo a pesquisa com suas palavras. Além disso, não esqueça de informar referências ou citações seguindo o modelo disponível e de acordo com a ABNT. ________________________________________________________________________________________ Resposta: Primeiramente, o uso do termo "raça" para categorizar grupos étnicos, como os indígenas, é considerado problemático e inadequado, uma vez que não há fundamentação científica para a existência de raças humanas. A ideia de raças humanas baseada em características físicas específicas foi amplamente refutada pela comunidade científica. Uma referência que aborda essa questão é o livro "O Mito da Raça: A Persistência da Ideologia Racial no Brasil" de Lilia Moritz Schwarcz. Nessa obra, a autora discute a construção social e histórica do conceito de raça e como ele influenciou o pensamento e as relações sociais no Brasil. Além disso, diversos estudos acadêmicos e pesquisas têm abordado a questão do uso inadequado do termo "raça" ao se referir a grupos étnicos, ressaltando a importância de se utilizar o termo "etnia" ou "grupo étnico" para reconhecer a diversidade cultural e romper com ideias preconceituosas. Dito isso, a formação da cultura brasileira foi resultado de uma complexa miscigenação entre diferentes grupos étnicos ao longo da história. Os nativos indígenas (ou mais corretamente dito, povos originários), colonizadores europeus, africanos escravizados e outros povos que migraram para o Brasil contribuíram para essa rica diversidade cultural. Além dos povos originários, africanos e europeus, a identidade brasileira também incorpora elementos de outras origens étnicas, como italianos, japoneses, poloneses, árabes e muitos outros. Essa miscigenação é evidente em diversos aspectos da cultura brasileira. Por exemplo, a religião cristã europeia e a umbanda africana coexistem e influenciam as práticas religiosas no país. A culinária brasileira é diversificada, com influências de diferentes regiões e países, como África, Portugal, Japão, França e Itália. Além disso, a língua portuguesa, trazida pelos colonizadores portugueses, sofreu modificações e incorporou palavras da família linguística tupi-guarani, como caju, acerola, mandioca, açaí e guaraná. Ao longo da história do Brasil, a convivência entre os diferentes grupos étnicos muitas vezes foi marcada por conflitos e tensões. Durante o período colonial, os colonizadores portugueses exploraram os indígenas e os africanos escravizados para atender aos interesses econômicos da metrópole. Essa exploração gerou desigualdades sociais, raciais e econômicas, deixando marcas profundas na estrutura social do país. Os conflitos também se manifestaram nas relações culturais, religiosas e linguísticas, com a imposição de valores e crenças europeias sobre as culturas indígenas e africanas. Essas tensões e desigualdades persistem até os dias de hoje, refletindo-se no racismo, na discriminação e na exclusão social presentes na sociedade brasileira. As desigualdades socioeconômicas e as disparidades de acesso a recursos básicos, como educação, saúde e moradia, muitas vezes têm uma dimensão racial. A população negra e indígena, em particular, enfrenta maiores desafios em termos de oportunidades, representatividade e igualdade de direitos. No entanto, é importante ressaltar que a resistência e a luta por igualdade têm sido fundamentais para promover mudanças e avançar em direção a uma sociedade mais inclusiva e justa. O reconhecimento da diversidade étnica e cultural como um valor fundamental do Brasil atual é essencial para construir uma sociedade mais igualitária e valorizar as contribuições de todos os grupos étnicos na formação e no desenvolvimento do país. A promoção de políticas públicas que visem combater o racismo, a discriminação e a exclusão social, bem como a valorização da cultura e dos saberes tradicionais dos povos indígenas e afrodescendentes, são medidas importantes para enfrentar as desigualdades e construir um futuro mais justo e inclusivo para todos os brasileiros. Referências: Livros: ● Schwarcz, Lilia Moritz. O Mito da Raça: A Persistência da Ideologia Racial no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. ● Prado Júnior, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo: Colônia. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. ● Freyre, Gilberto. Casa-Grande & Senzala: Formação da Família Brasileira sob o Regime da Economia Patriarcal. 51ª ed. São Paulo: Global, 2018. ● Cascudo, Luís da Câmara. História da Alimentação no Brasil. 3ª ed. São Paulo: Global, 2013. Artigos: ● Maio, Marcos Chor. "A questão racial no Brasil: perspectivas históricas e contemporâneas." Estudos Avançados, vol. 23, no. 66, 2009, pp. 7-24. ● Sansone, Livio. "Racializing discourses, black identities and Afro-Brazilian politics." Latin American Perspectives, vol. 33, no. 6, 2006, pp. 40-59. ● Fry, Peter. "O ideal de harmonia racial no Brasil: mito ou realidade?" Revista de Antropologia, vol. 47, no. 1, 2004, pp. 199-228. ● Santos, Joel Rufino dos. "Quando a cor é problema: a discriminação racial no Brasil." Novos Estudos, vol. 79, 2007, pp. 121-138.
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