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CONSTRUÇÃO DE INDICADORES AULA 4 Prof.ª Dayse Mendes 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula, você poderá compreender a importância dos indicadores, assim como formas de analisá-los para que possam ser realmente úteis às organizações. Para tanto, você conhecerá o papel dos indicadores, ou seja, para que fim eles são criados. Perceberá que a importância dos indicadores está no auxilio que eles proporcionam ao gestor na tomada de decisão. Esse auxílio virá por meio da tradução de uma determinada realidade organizacional em números, os quais podem ser analisados para verificar se a organização está tendo o desempenho desejado, se os objetivos estão sendo alcançados. Assim, os gestores podem orientar ou reorientar inciativas e ações realizadas na organização. Você também verá que há outros motivos para que uma organização providencie um conjunto de indicadores, dentre suas ações de rotina. Dentre esses motivos, estão a possibilidade de acompanhar os resultados de projetos, atividades, processos e, no caso de organizações públicas, Plano Plurianual (PPA) e políticas públicas. Você conhecerá a importância dos atributos, um conceito que complementa a ideia de indicadores. Saberá que um atributo é aquilo que o indicador ajuda a medir. Conhecerá também o conceito de requisito, que é um atributo especificado e assumido como um compromisso pela organização. Saberá que há necessidade de analisar os indicadores, de forma que eles cumpram seu papel. E descobrirá que, em algumas situações, os indicadores podem conduzir a problemas e que eles causam trade-offs aos gestores, que devem buscar ferramentas que os auxiliem na análise desses trade-offs. Finalmente, você perceberá que a formulação e análise dos indicadores passam por um ciclo de constante avaliação e melhoria, para que o conjunto de indicadores utilizados pela empresa possa sempre cumprir com seu papel da melhor forma possível. TEMA 1 – O PAPEL DOS INDICADORES Os gestores têm necessidade de compreender os efeitos das ações realizadas na e pela organização. Somente com essa compreensão eles poderão tomar decisões mais acuradas, que propiciem melhorias para os processos organizacionais. Para tanto, faz-se necessário medir esses efeitos, medir desempenho, medir resultados. Nesse sentido, é papel dos indicadores 3 identificar, medir e descrever aspectos relacionados ao que ocorre nas organizações. Ao elaborar e utilizar indicadores adequados, será possível obter um acompanhamento sistêmico dos mais variados desempenhos, desde o das pessoas até dos resultados financeiros, bem como a eficácia das estratégias da empresa. Pode-se dizer que a finalidade de um indicador é “traduzir, de forma mensurável (quantitativamente) ou descritível (qualitativamente), um ou mais aspectos da realidade dada ou construída, de maneira a tornar operacional o seu acompanhamento” (Brasil, 2018, p. 12). Os indicadores têm a possibilidade de trazer informações comparativas e para análise, além de proporcionarem aprendizado organizacional. Por outro lado, se não houver um conjunto adequado de indicadores, há risco de desperdício de recursos organizacionais, pois não existirão instrumentos adequados para a análise do desempenho e do alcance dos objetivos. Silva (2013) esclarece que, a partir do momento em que um gestor decide que precisa melhorar as operações da organização, ele deve priorizar a identificação do atual desempenho dos processos organizacionais, já que as medições de desempenho indicam os “sinais vitais” da organização. A medição desse desempenho, segundo o autor, justifica-se por uma série de questões, como: estabelecer padrões de medidas para comparação; facilitar o entendimento de um bom desempenho; estabelecer padrões a fim de obter comparações; indicar onde devem ser feitas melhorias; induzir ações por parte dos funcionários da organização; demonstrar aos clientes e fornecedores as ações acertadas da empresa; mostrar o grau de utilização dos recursos produtivos; indicar tendências para que se possa fazer previsões. (Silva, 2013, p. 23) A partir do momento em que se tem um panorama da situação atual, é possível decidir quais as ações a serem realizadas no futuro, desde o curto até o longo prazo. As medidas de desempenho servem, então, “para dar um diagnóstico preciso da verdadeira situação da empresa diante de seus pontos fortes e fracos” (Silva, 2013, p. 24). 4 Figura 1 – Medição de desempenho Créditos: Jiw Ingka/Shutterstock. Uchoa (2013) aponta que um sistema de medição de desempenho, além de estabelecer o que está acontecendo no momento, confirmando a adequação de estratégias, também pode demonstrar, por meio de indicadores, o que fazer quando os objetivos não estão sendo alcançados. Segundo o autor, uma “organização que mede sistematicamente seu desempenho pode realizar rapidamente intervenções, à medida que ocorrem flutuações de processo”. E as informações geradas com esse procedimento auxiliam na avaliação de desempenho de “equipes, atividades, processos e gestão, para tomar decisões e executar ações que irão melhorar o desempenho da organização” (Uchoa, 2013, p. 8). Dessa forma, fica claro o papel dos indicadores. Eles devem servir aos gestores em sua tomada de decisão, para orientar ou reorientar inciativas e ações que conduzam ao alcance dos objetivos organizacionais. Além disso, os indicadores possibilitam a identificação de bom desempenho em unidades, departamentos, setores, além da organização como um todo. Essa noção faz 5 com que seja possível adequar os recursos organizacionais, investindo-os onde são necessários. Também é possível ao gestor, com um conjunto correto de indicadores, comunicar de forma mais adequada suas expectativas, pois quem tiver acesso aos indicadores perceberá quais são os aspectos críticos a serem trabalhados. A FNQ (2012) traz um resumo do papel dos indicadores, por meio de um sistema de medição de desempenho, salientando que os mesmos servem para: analisar problemas estratégicos de forma proativa, antes que desvios ocorram; apoiar a busca de novos caminhos estratégicos para a organização; apoiar a tomada de decisão; apoiar o aprendizado da organização; reconhecer a dedicação coletiva; comunicar as estratégias e as prioridades da alta direção e dos gestores. Nutini (2015, p.29), ao comentar sobre a importância dos indicadores, diz que, para que a tomada de decisões nas organizações aconteça de forma isenta, é necessário ter duas competências: “envolver pessoas com capacidade crítica e medir as consequências das potenciais linhas de ação”. Decisões isentas, segundo o autor, seriam difíceis de se conseguir porque, embora decisões sejam tomadas o tempo todo nas empresas, elas podem estar baseadas, em um extremo, em experiência e empirismo ou, no outro extremo, por um algoritmo matemático complexo e com pouca possibilidade prática de uso no dia a dia. Para Nutini (2015), as competências necessárias para trazer um equilíbrio a essas duas situações “seriam promovidas pelo uso constante, sistemático e inteligente de indicadores”. TEMA 2 – OUTROS PAPÉIS DOS INDICADORES Embora o papel fundamental dos indicadores seja auxiliar na tomada de decisão organizacional, os indicadores também são utilizados nas avaliações de projetos, atividades e processos, em todos os tipos de organização. Nas organizações públicas, eles, além disso, auxiliam no acompanhamento de programas do PPA (Plano Plurianual), bem como das políticas públicas. Projetos e atividades, de acordo com Uchoa (2013), precisam ser avaliados durante e após sua execução. Um projeto é um conjunto de atividades, que são realizadas durante um período determinado, usando recursos delimitados, para criar um produto (bem ou serviço) exclusivo. Sendo assim, é necessário acompanharcada uma das etapas e das atividades realizadas, de 6 forma a verificar se o produto atenderá às necessidades especificadas no início do projeto. Enquanto dura a execução do projeto, “é muito comum o uso de indicadores de progresso, como o porcentual do projeto executado”. Após a execução, deve-se verificar a eficácia das atividades que compõem o projeto, com indicadores tais como: “porcentagem de funcionalidades plenamente atendidas, porcentagem de ações implementadas conforme previsto, ou porcentagem de recursos empenhados”. (Uchoa, 2013, p.9). Além dos indicadores, os projetos costumam ser avaliados também por meio de informações quantitativas que façam sentido para aquele projeto. Uchoa (2013) exemplifica essa situação comentando sobre projetos que possuam vários módulos de desenvolvimento para que sejam concluídos. Nesse caso, a quantidade de módulos concluídos em relação ao total de módulos é um tipo de taxa frequentemente escolhido como indicador dessa situação. Figura 2 – Acompanhamento de projeto Créditos: NicoElNino/Shutterstock. A avaliação de processos, por sua vez, adota habitualmente requisitos para execução. Assim, uma importante forma de acompanhá-los é verificar o atendimento desses requisitos (avaliação de eficácia). Como os processos são uma transformação de insumos em produtos, por meio da execução de 7 atividades encadeadas, é comum que se meça sua eficiência bem como sua adaptabilidade, isto é, “sua capacidade de adaptação a requisitos dinâmicos”. (Uchoa, 2013, p. 10) No caso das organizações públicas, as avaliações de desempenho mais relevantes são as relacionadas aos programas do Plano Plurianual (PPA) e às políticas públicas. Uchoa (2013, p. 10) explica que os indicadores que são formulados para a avaliação de desempenho de políticas públicas precisam ter, além dos atributos tradicionais, uma característica adicional: “a desagregabilidade, ou seja, a capacidade de representação regionalizada de grupos sociodemográficos, considerando que a dimensão territorial se apresenta como um componente essencial na implementação de políticas públicas”. Além disso, indicadores de políticas públicas têm por função avaliar resultados (benefícios ao público-alvo decorrentes das ações empreendidas) ou seu impacto na sociedade (efeitos das estratégias governamentais a médio e longo prazos). É possível observar que os indicadores, além de seu papel fundamental no acompanhamento do desempenho da organização como um todo, também auxiliam na avaliação de desempenho em vários níveis organizacionais, desde o estratégico até o operacional, bem como desde o curto até o longo prazo. TEMA 3 – A IMPORTÂNCIA DOS ATRIBUTOS Sabemos da relevância dos indicadores para a medição do desempenho e para a tomada de decisões. No entanto, é importante ter em mente que um indicador, ou mesmo vários indicadores isolados, não são suficientes para cumprir esse papel. A organização precisa de um sistema de indicadores com atributos bem definidos. A ideia de atributo surge com os estudos de Noriaki Kano acerca do que levava um produto a ser considerado um sucesso. O Modelo Kano apresenta três categorias principais de necessidades que qualquer produto deve atender para sobreviver em um mercado competitivo. Essas categorias teriam a capacidade de influenciar a satisfação do cliente de maneiras diferentes, entre o que o cliente precisa, o que o cliente quer e o que encanta o cliente. Essas categorias podem ser entendidas como atributos do produto. Figura 3 – Modelo Kano 8 Créditos: VectorMine/Shutterstock. Nutini (2015) nos explica a relação entre atributos e indicadores. O autor diz que, nas empresas, utiliza-se a palavra “indicador” com dois significados distintos: como o próprio indicador, mas também como o atributo. E o atributo seria algo, uma categoria, que o indicador ajuda a avaliar. Por exemplo, um atributo seria o desempenho de uma rede. Seus indicadores seriam a velocidade da rede, a quantidade de transações simultâneas suportadas pela rede, a latência, entre outras possíveis medições. Nesse sentido, o atributo seria algo estável, inevitável e de âmbito gerencial. Já o indicador seria temporário, maleável e de âmbito técnico. Se tomarmos como uma metáfora, ou uma imagem mental, podemos imaginar o desempenho organizacional como um prisma. Nesse modelo, cada atributo é uma face do prisma. E o conjunto de atributos poderia ser imaginado como uma árvore (ou cadeia, ou hierarquia), em que cada ramificação 9 representa uma entrega de valor distinta. Assim, o sistema de medição de desempenho da organização é “a resultante tangível e mensurável dessa rede de questões e atributos que modelamos mentalmente quando tomamos as decisões” (Nutini, 2015, p. 45). O conjunto de atributos a serem medidos deve incluir todos os atributos que qualquer observador ou parte interessada acredita que componham o desempenho da organização que é objeto de medição para que se tenha uma visão real, não distorcida, do desempenho organizacional. Essa exigência pode ser cumprida desde que o sistema de medição de desempenho da organização seja: Abrangente: todas as unidades precisam ser direta ou indiretamente representadas por um ou mais indicadores (o que não significa dizer que estamos avaliando o trabalho das unidades, ou que cada unidade deva ter seu próprio indicador). Balanceado: a organização deve ser integralmente representada pelo sistema de medição, de forma equilibrada. (Uchoa, 2013, p. 11) Figura 4 – Árvore de atributos Créditos: VAlex/Shutterstock. Mas, como nem todo atributo pode ser medido, ou seja, pode ser analisado por meio de indicadores, é importante pensar em como observar atributos qualitativos. “Quando ignoramos um atributo que não é mesurável, a https://www.shutterstock.com/pt/g/valex 10 qualidade da avaliação fica deteriorada, porque o modelo de causa e efeito fica incompleto”. (Nutini, 2015, p. 44) Mais um conceito relevante quanto aos atributos diz respeito aos requisitos. Nutini (2015) diz que é possível especificar os atributos por meio de requisitos, que seriam os atributos especificados, registrados e visíveis tanto para a organização quanto para as partes interessadas, aqueles que entrarem em contato com o requisito. Assim, o autor faz um resumo desses conceitos, relatando que: ATRIBUTO é o que deve ser avaliado (qualitativa ou quantitativamente). REQUISITO é um atributo especificado e assumido como um compromisso pela organização. INDICADOR é como o atributo é medido (se for avaliado quantitativamente). (Nutini, 2015, p. 46) TEMA 4 – ANÁLISE DE INDICADORES A análise de indicadores pode ser pensada sob dois aspectos: a avaliação da adequação na seleção e formulação dos indicadores, na etapa inicial de construção do sistema de indicadores; e, numa etapa posterior do processo, a análise efetiva do desempenho organizacional, utilizando os indicadores disponíveis. Vamos nos ater aqui à primeira etapa. A possibilidade de formulação de indicadores que meçam o desempenho de uma organização é infinita. Perante essa imensa quantidade de instrumentos de medição disponíveis, qualquer processo de construção ou seleção de indicadores deve buscar o maior grau possível de aderência a algumas propriedades que os caracterizem como adequados ao que se pretende mensurar. Nesse sentido, deve-se buscar indicadores que possam informar com clareza se os objetivos e os atributos desejados estão sendo alcançados. Deve-se estar atento ao fato de que um indicador pontual dificilmente trará as informações necessárias aos processos decisórios. Além disso, é preciso se preocupar também com possíveis trade-offs entre os indicadores, pois eles devem interagir sem que um indicador influencie de forma negativa o resultado dos demais indicadores organizacionais.Um trade-off é uma escolha de uma determinada opção em detrimento de outra. No caso dos indicadores, ao se ter um trade-off, “ganha-se com a escolha de um indicador candidato, mas perde- se com a não escolha de outro”. (Brasil, 2010). 11 Figura 5 – Trade-offs Créditos: Mix Tape/- Shutterstock. Pode-se analisar uma situação de trade-off dividindo essa análise em duas partes distintas: uma quantitativa seguida de outra qualitativa. A quantitativa deve ser baseada em critérios objetivos. Em Brasil (2010), sugere- se o uso de uma Matriz de Priorização de Indicadores, em que se usam dois critérios. O primeiro é eliminatório, ou seja, verifica-se se o indicador atende ou não atende ao que se pretende medir. Os indicadores que sobram dessa primeira etapa são submetidos a um segundo critério, classificatório. Nessa segunda etapa da primeira parte da análise, é estabelecido o grau de atendimento em relação ao grau de importância do indicador por meio da atribuição de pesos. A segunda parte da análise para escolha dentre os indicadores candidatos é a qualitativa. Utilizando como ponto de partida o ranking estabelecido pela matriz de priorização, o gestor pode escolher dentre as opções melhor pontuadas aqueles indicadores que melhor representarão o desempenho organizacional. Para avaliar a relevância dos indicadores, é preciso ter parâmetros. Dentre esses parâmetros, pode-se destacar: a observação do indicador ao longo do tempo; os estratos de interesse revelados pelo indicador; a comparação periódica com as metas pré-estabelecidas; a confrontação com especificações; a comparação com referências (benchmark) que sejam de interesse da 12 organização (Sesi, 2010). O acompanhamento dos indicadores deve ser feito regularmente, uma vez que são desenvolvidos para gerir o acompanhamento do desempenho organizacional. TEMA 5 – CICLO DE AVALIAÇÃO E MELHORIA A inserção dos indicadores na rotina organizacional está relacionada com a implementação e uso consistente do conjunto de indicadores elaborado pela empresa. Para que a medição e a comparação proporcionadas pelos indicadores se tornem parte da rotina da gestão da organização, é necessário incorporar o sistema de medição de desempenho nas práticas organizacionais. Ao se tornar mais um processo na empresa, o processo de formulação e utilização de um conjunto de indicadores para análise de desempenho organizacional deve seguir as etapas de gerenciamento comuns a outros processos. Isso inclui sua revisão e melhoria, a serem realizadas de tempos em tempos. Assim, garante-se que a empresa não incorrerá nos riscos de um mau uso desse conjunto de indicadores. Para tanto, é possível utilizar de ferramentas e métodos clássicos da gestão da qualidade, próprias para esse tipo de investigação. Figura 6 – Melhoria contínua dos indicadores Créditos: Elnur/ Shutterstock. 13 A filosofia da melhoria contínua ou, em japonês, Kaizen tem suas raízes na gestão da qualidade. Tal filosofia tem por lógica que é preciso melhorar sempre e quem deve buscar essas melhorias são as pessoas envolvidas no processo. A ideia é que as melhorias constantes reduzam os possíveis problemas e riscos ocorridos nos processos organizacionais e, em nosso caso, que possam surgir no sistema de indicadores da empresa. Um método possível de se utilizar para esse fim é o ciclo PDCA. O ciclo PDCA é utilizado para a promoção da melhoria contínua e reflete a base da filosofia Kaizen. A sigla é formada pelas palavras em inglês Plan (Planejar), Do (Fazer), Check (Checar) e Act (Agir). O Plan determina o início do ciclo, em que se analisa o processo que se pretende melhorar. É a partir do planejamento que se pode iniciar a elaboração de procedimentos que garantirão a execução de processos eficazes. O Do é a segunda etapa do ciclo, na qual se executam os procedimentos elaborados na primeira etapa. A terceira etapa, o Check, diz respeito ao controle. Nesse momento, verifica-se se os procedimentos estão ocorrendo conforme o planejado e se estão trazendo os resultados desejados. Esta é uma verificação que deve ser feita de forma continuada. Finalmente, o Act encerra o ciclo, em uma ação corretiva, que deve ser realizada caso alguma situação inconsistente tenha sido observada na etapa anterior. Assim, fecha-se um ciclo e se pode iniciar o próximo, em uma ação denominada “girar o PDCA”. 14 Figura 7 – PDCA Créditos: VectorOz/Shutterstock. Silva et al. (2015, p. 11) explicam que o processo de girar o ciclo PDCA significa obter previsibilidade nos processos e aumento da competitividade organizacional. A previsibilidade acontece pela obediência aos padrões, pois quando a melhoria é bem sucedida, adota-se o método planejado, padronizando-o; caso contrário, volta-se ao padrão anterior e recomeça-se a girar o PDCA. Atualmente, busca-se trabalhar com essa ferramenta alterando a última ação. Nesse caso, o PDCA passa a ser PDCL, em que o L (learning) é uma ação de aprendizado. A ideia é que não basta apenas agir, de acordo com o observado durante a ação de controle, no intuito de ajustar o que não está consistente com o desejado. É necessário aprender com o processo, para que, num próximo ciclo, este aprendizado esteja incorporado ao processo. Assim, acontecerá efetivamente uma melhoria contínua. Por exemplo, verifica-se que um indicador vem demonstrando um resultado inconsistente em relação ao demais indicadores. Não basta apenas agir e retirá-lo do sistema de medição de desempenho da empresa. É necessário investigar o porquê desse resultado inconsistente para poder formular outro indicador que possa trazer uma medição mais acurada. 15 Finalizando essa necessidade de uma etapa de avaliação e melhoria do sistema de indicadores, Takashina e Flores (1996, p. 68) apontam algumas ações a serem realizadas para cada ciclo: Avaliar a abrangência dos indicadores com relação aos propósitos da organização, e sua aplicação nas tomadas de decisão e no planejamento Aprimorar o sistema de indicadores: o enfoque deve ser primeiro na melhoria e depois na medição, de forma que a medição esteja vinculada ao progresso Reconhecer os esforços das pessoas que contribuíram na melhoria. Usando o PDCA ou o PDCL e colocando em prática as ações propostas por Takashina e Flores (1996), o sistema de indicadores da empresa estaria em consonância com as necessidades da organização e cumpriria com seu papel de auxiliar na tomada de decisão e no alcance dos objetivos organizacionais. FINALIZANDO Esta aula auxiliou você a perceber a necessidade de se formular e usar indicadores. Você pode compreender a importância dos indicadores ao verificar qual papel eles exercem dentro das organizações. Os indicadores são criados para proporcionar ao gestor informações que o auxiliem em sua tomada de decisão. Além disso, você pode perceber que o uso dos indicadores propicia verificar se a organização está tendo o desempenho desejado, se os objetivos estão sendo alcançados. Assim, os gestores podem orientar ou reorientar inciativas e ações realizadas na organização. Você pode aprender também que há outros motivos para que uma organização providencie um conjunto de indicadores, em especial a possibilidade de acompanhar os resultados de projetos, atividades, processos e, no caso de organizações públicas, Plano Plurianual (PPA) e políticas públicas. Além da importância dos indicadores, você aprendeu que os atributos também são fundamentais para o acompanhamento dos resultados organizacionais, já que complementam a ideia de indicadores, na medida em que são aquilo que o indicador ajuda a medir. Você compreendeu a necessidade de analisar os indicadores, de forma que eles cumpram com seu papel, em vários aspectos. E, finalmente, você observou que a formulação e análise dos indicadores passampor um ciclo de constante avaliação e melhoria, para que o papel dos indicadores seja cumprido com eficácia. 16 REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos - SPI. Indicadores de programas: Guia Metodológico. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos - Brasília: MP, 2010. _____. Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. Secretaria de Planejamento e Assuntos Econômicos. Indicadores – orientações básicas aplicadas à gestão pública. Coordenação de documentação e informação. Brasília: MP, 2018 FNQ. Indicadores de Desempenho: estruturação do sistema de indicadores organizacionais. 3. ed. São Paulo: Fundação Nacional da Qualidade, 2012. NUTINI, M. A. Transformando o Sistema de Indicadores. São Paulo: FNQ, 2015. SESI. Serviço Social da Indústria. Departamento Regional do Estado do Paraná. Observatório Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade. Construção e Análise de Indicadores. Curitiba: [s.n.], 2010. SILVA, A.; FARIAS, D.i; SILVA, V. Análise das melhorias no processo: uma abordagem em uma empresa de fibra de vidro. 2015. Disponível em: <https://www.inovarse.org/artigos-por-edicoes/XI-CNEG-2015/T_15_119.pdf>. Acesso em: 12 set. 2021 SILVA, A. F. da. Indicadores de desempenho: estudo de caso na empresa NET Serviços. João Pessoa: UFPB, 2013. Disponível em: <https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/1419/1/AFS111016.pdf>. Acesso em: 12 set. 2021 TAKASHINA, N. T.; FLORES, M. C. X. Indicadores da qualidade e do alto desempenho: como estabelecer metas e medir resultados. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1996. UCHOA, C. E. Elaboração de indicadores de desempenho institucional. Brasília: ENAP/DDG, 2013.
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