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ECOLOGIA 6

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ECOLOGIA 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Tiago Machado de Souza 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Quando olhamos para a natureza numa perspectiva mais ampla, 
observamos alguns padrões e processos ecológicos. Seguramente você já deve 
ter notado e, até mesmo, se questionado sobre a quantidade e variedade de 
organismos vivos e por que eles habitam determinados locais e não outros. 
Como isso ocorreu ao longo do tempo evolutivo das espécies na Terra, com base 
no que já conhecemos sobre rochas e fósseis? No entanto, sabemos que as 
condições ambientais atuais estão causando uma série de consequências 
diretas e indiretas na diversidade biológica. 
A biologia da conservação é uma ciência que surgiu dos estudos e 
esforços interdisciplinares para a manutenção da biodiversidade, em resposta à 
crise atual de perda de habitats, poluição, extinção etc. (Soulé, 1985). Tem-se 
que os objetivos da biologia da conservação são: entender os efeitos da 
atividade humana (nas espécies, nas populações, nas comunidades e nos 
ecossistemas) e desenvolver ferramentas para diminuir e prevenir extinções de 
espécies ameaçadas, aumentando a probabilidade de persistência dessas 
populações e comunidades (Townsend et al, 2009). Logo, nesta etapa, vamos 
discutir sobre a diversidade biológica no âmbito da ecologia de paisagem, além 
dos conceitos, metodologias e estratégias utilizadas para o estudo da ecologia 
no que tange à conservação e evolução das espécies. 
TEMA 1 – ASPECTOS GERAIS SOBRE A BIODIVERSIDADE 
 Nas últimas décadas, o termo biodiversidade é frequentemente veiculado 
na divulgação científica e na mídia em geral. Apesar disso, ainda há equívocos 
e confusões sobre essa palavra, já que a biodiversidade é cercada de conceitos 
e ferramentas um tanto complexas. De forma geral e sucinta, a biodiversidade 
ou diversidade biológica diz respeito à quantidade de formas biológicas 
diferentes em determinado local que podem ser tratadas em escala menor (como 
espécies) ou maior (comunidades, por exemplo). Discussões sobre conceitos 
mais aprofundados sobre diversidade de espécies são abordados em conteúdo 
anterior. Aqui, neste tópico, abordaremos a diversidade biológica num âmbito 
mais abrangente e multidisciplinar. 
 
 
 
3 
1.1 Conceitos importantes 
A biologia da conservação tem como premissas as ameaças pelas quais 
a biodiversidade passa. Tais ameaças provêm de atividades antrópicas diretas 
e indiretas, fenômenos naturais etc. É uma ciência multidisciplinar, que fornece 
às outras ciências correlatas uma abordagem mais teórica e geral para a 
proteção da biodiversidade (Primack; Rodrigues, 2001; Cain et al., 2018). Dentre 
essas abordagens, a biologia da conservação é capaz de fornecer o 
gerenciamento de recursos naturais, já que os fatores econômicos também são 
considerados nessa ciência. 
Segundo o Fundo Mundial para a Natureza, a biodiversidade é “a riqueza 
da vida na Terra, os milhões de plantas, animais e microrganismos, os genes 
que contêm e os intrincados ecossistemas que eles ajudam a construir no meio 
ambiente” (WWF, 1989; sigla em inglês). Seja em espécies, em comunidades ou 
em ecossistemas, todos os níveis de diversidade biológica são essenciais à 
conservação da natureza. 
Quanto ao habitat, este pode ser destruído, degradado ou perturbado 
(Townsend et al., 2009). Considera-se um habitat destruído totalmente ou 
parcialmente quando um ambiente é perdido, como no desmatamento. Um 
habitat degrado é aquele cuja alteração (ex. poluição) prejudica ou impede a 
ocorrência e o desenvolvimento das espécies. Por fim, a perturbação de habitat, 
embora não seja tão grave quanto os casos anteriores, danifica ou prejudica a 
dinâmica das comunidades do local. 
1.2 As ameaças à biodiversidade 
As principais ameaças à biodiversidade incluem perda e alteração de 
habitat, introdução de espécies exóticas invasoras, sobre-exploração, 
poluição, doenças, mudanças climáticas, caça, comércio ilegal, entre 
outras. Uma vez que as espécies dentro dos diferentes grupos taxonômicos 
respondem de forma diferente às mudanças ambientais, uma espécie pode ser 
classificada com diferentes graus de risco de extinção. Segundo a International 
Union for Conservation of Nature (IUCN), em 2023 são conhecidas mais de 42 
mil espécies de animais e plantas com algum grau de ameaça à extinção, 
portanto, cerca de 28% de todas as espécies viventes conhecidas. Mas na 
prática pode ser difícil determinar quando uma espécie está extinta, definitiva ou 
 
 
4 
localmente (Cain et al., 2018). Assim, baseadas na lista de espécies ameaçadas 
da IUCN, as classificações das ameaças são (Rodrigues et al., 2006) (Figura 1): 
1. Criticamente em perigo (CR): quando o risco de extinção for igual ou 
superior a 50% pelos próximos 10 anos ou nas três próximas gerações; 
2. Em perigo (EN): quando o risco de extinção for superior a 20% pelos 
próximos 20 anos ou nas cinco próximas gerações; 
3. Vulnerável (VU): quando o risco de extinção for superior a 10% pelos 
próximos 100 anos; 
4. Quase ameaçada (NT): se uma espécie está se aproximando de uma das 
categorias acima citadas; 
5. Pouco preocupante (LC): se uma espécie não é atribuída a nenhuma 
das categorias acima citadas; 
6. Dados deficientes (DD) ocorre quando há pouco ou quase nenhum 
conhecimento sobre a abundância, distribuição, biologia, entre outras 
informações de uma categoria taxonômica (espécie, gênero, família etc.). 
Figura 1 – Classificação das ameaças segundo a International Union for 
Conservation of Nature (IUCN) 
 
No Brasil, segundo a Portaria do Ministério do Meio Ambiente de 13 de 
dezembro de 2022 (Brasil, 2022), estão em ameaça de extinção 3209 espécies 
de plantas, 367 de invertebrados, 59 de anfíbios, 70 de répteis, 256 de aves, 101 
de mamíferos e 392 de peixes (Figura 2). 
 
 
5 
Figura 2 – Exemplos de espécies brasileiras com algum grau de ameaça de 
extinção, segundo dados da IUCN em 2023. Quase ameaçada: onça-pintada 
(Panthera onca). Criticamente ameaçada: muriqui-do-norte (Brachyteles 
hypoxanthus). Vulnerável: mero-preto (Epinephelus itararé) 
 
Créditos: Edwin Butter/Shutterstock; GTW/Shutterstock; Jane Rix/Shutterstock. 
TEMA 2 – ECOLOGIA DE PAISAGEM 
Se ecologia é a ciência que estuda as interações dos organismos com o 
ambiente ao seu redor (Odum, 1983), logo a ecologia de paisagem busca 
compreender os aspectos ecológicos além dos limites dos ecossistemas (Naveh; 
Lieberman, 1994). Portanto, neste tópico discutiremos principalmente sobre as 
ferramentas e os desafios da ecologia de paisagem. 
2.1 Objetivos e desafios da ecologia de paisagem 
O foco dessa ciência são os padrões e a heterogeneidade espacial, ou 
seja, como caracterizar os ambientes e como eles mudam com o tempo (Figura 
3). Os principais desafios da ecologia da paisagem são (Wiens, 1992; Naveh; 
Lieberman, 1994): 
1. Caracterização de padrões, já que envolve a detecção e a escala em que 
os padrões são expressos, como o uso de sistemas de informações 
geográficas (SIG); 
2. Papel dos agentes na formação de padrões, incluindo o componente 
abiótico e as respostas às atividades antrópicas; 
3. Elaboração de modelos que compreendam a dinâmica da paisagem; 
4. Propostas práticas que envolvam a heterogeneidade espacial das 
populações, comunidades e ecossistemas. 
 Assim, a paisagem pode ser estudada em diversos níveis, sendo o mais 
amplo a ecologia de ecossistemas. Ecologia da paisagem é uma ciência 
 
 
6 
relativamente recente e seus fundamentos teóricos e ferramentas ainda estão 
sendo desenvolvidos. 
Figura 3 – Paisagem brasileiras. Vista aérea da Floresta Amazônica e da Mata 
Atlântica 
 
Crédito: Gustavo Frazao/Shutterstock; vitormarigo/Shutterstock. 
TEMA 3 – AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 
Vários estudos científicos apontam que nestas primeiras décadas do 
século XXI temos nas mãos a tarefa de determinar quantas espécies 
sobreviverão em nossoplaneta. Veremos, neste tópico, que as unidades de 
conservação têm como objetivo principal a manutenção da biodiversidade sem 
que haja um total desmembramento entre sociedade e natureza. Isto é, em 
muitas áreas protegidas há desenvolvimento sustentável, educação ambiental e 
pesquisa científica, justamente para manter o importante tripé entre aspectos 
ecológicos, econômicos e sociais (Townsend et al., 2009). 
3.1 Legislação ambiental 
Há tempos que as comunidades biológicas vêm sofrendo ameaças. 
Assim, os esforços de ambientalistas ao longo da segunda metade do século XX 
trouxeram à tona diversas políticas e legislações ambientais que visavam à 
conservação dos habitats ao redor do mundo. 
Após discussões e eventos mundiais e nacionais de agenda ecológica, 
em 2000 foi criado o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da 
Natureza (SNUC), por meio da Lei n. 9.985 (Brasil, 2000). O objetivo principal é 
a salvaguarda de porções significativas e ecologicamente viáveis de populações, 
habitats e ecossistemas nacionais terrestres e aquáticos, preservando o 
 
 
7 
patrimônio biológico. Portanto, segundo a legislação, unidades de conservação 
(UCs) são: 
espaços territoriais e seus recursos ambientais, incluindo as águas 
jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente 
instituídos pelo poder público, com objetivos de conservação e limites 
definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam 
garantias adequadas de proteção da lei. 
 É notável que, além da manutenção da biodiversidade local, as UCs 
garantem o uso e desenvolvimento sustentáveis dos recursos naturais por 
populações locais, além de educação ambiental e pesquisa científica. Para 
gerenciar esses locais, as UCs de esfera nacional são administradas pelo 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), ao 
passo que as estaduais e municipais são gerenciadas pelos sistemas estaduais 
e municipais, respectivamente. 
3.2 As categorias das unidades de conservação 
De acordo com o objetivo de manejo e uso, o SNUC prevê dois tipos de 
grupos das unidades de conservação: proteção integral e uso sustentável. 
São, ao todo, 12 categorias complementares dessas áreas protegidas (ICMBio, 
2023). Dados de agências de pesquisa ambiental mensuram que temos mais de 
88 milhões de hectares de unidades de conservação em território nacional, 
compondo mais de 10% do território. Veremos mais sobre elas a seguir (Figura 
4). 
 
 
 
8 
Figura 4 – Mapa das unidades de conservação e demais áreas protegidas 
 
Fonte: Embrapa, s.d. 
As unidades de conservação de proteção integral visam preservar a 
natureza, portanto são permitidas apenas atividades que não envolvam 
consumo, coleta ou danos diretos aos recursos naturais. Assim, são permitidos 
turismo ecológico, pesquisa científica, educação ambiental, entre outros. 
Estação ecológica, reserva biológica, parque nacional, monumento natural e 
refúgio da vida silvestre são as categorias incluídas nesse grupo (Figura 5). 
Já as unidades de conservação de uso sustentável preveem o uso 
sustentável dos recursos de acordo com a presença humana, sendo permitida a 
coleta e o uso desses recursos, embora de forma sustentável. São elas: reserva 
particular do patrimônio natural, área de proteção ambiental, floresta nacional, 
reserva de desenvolvimento sustentável, reserva de fauna, reserva extrativista. 
 
 
 
9 
Figura 5 – Exemplos de unidades de conservação no país. Parque Nacional da 
Chapada dos Veadeiros, Goiás. Reserva particular do patrimônio natural do 
Salto Morato, Paraná 
 
Créditos: vitormarigo/Shutterstock; Fabio Baldini/Shutterstock. 
TEMA 4 – RELAÇÃO DOS PONTOS TEÓRICOS DA ECOLOGIA COM AS 
ATIVIDADES ANTRÓPICAS 
As comunidades biológicas e as paisagens naturais que conhecemos 
levaram milhões de anos para se desenvolver, no entanto estão atualmente 
sendo devastadas pela ação humana numa velocidade muito maior do que as 
espécies são capazes de se adaptar. Muitas são as mudanças ambientais 
geradas pelas atividades antrópicas, seja em fatores bióticos mais restritos – 
como a extinção local e/ou temporal de espécies –, seja em fatores abióticos 
mais amplos – como no aumento da temperatura global. Assim, neste tópico 
trataremos da relação entre os principais conceitos, processos e padrões 
ecológicos com as atividades antrópicas. 
4.1 A extinção das espécies 
Sabemos que a extinção das espécies é um processo natural. Inclusive 
já aconteceram eventos de extinções em massa que dizimaram mais de 90% 
das espécies viventes naquele período, cerca de 250 milhões de anos atrás. No 
entanto, devemos nos preocupar com a extinção prematura das espécies e a 
explicação para isso está na relação entre as taxas de extinção e especiação 
(surgimento de novas espécies). Muitos fatores são determinantes durante a 
especiação, mas o que podemos afirmar aqui é que ela é um processo lento e 
gradual. Assim, a biodiversidade aumenta se as taxas de extinção são menores 
que as taxas de surgimento de novas espécies, no entanto, a biodiversidade 
 
 
10 
diminui se a extinção for maior (Primack; Rodrigues, 2001). Hoje em dia, estamos 
passando por um período em que a taxa de extinção é maior que a de 
especiação, portanto estamos perdendo espécies e reduzindo a biodiversidade 
do nosso planeta. 
4.2 A extinção prematura das espécies por ação antrópica 
A influência das atividades humanas sobre o ambiente é o fator mais 
importante para a perda global da biodiversidade (Sax; Gaines, 2003). As 
alterações que os ecossistemas vêm sofrendo diante do desequilíbrio 
ecológico, causado principalmente pela poluição, perda de habitat e mudanças 
climáticas, podem conduzir ao colapso de diversas cadeias e teias alimentares 
naturais. Isso porque a extinção local e/ou temporal de determinada espécie de 
predador, por exemplo, é capaz de manter as taxas de indivíduos consumidores 
primários muito altas, inclusive em vias de superpopulação. Exemplo disso foi a 
nuvem de gafanhotos que acometeu o sul da América do Sul em 2020, com 
estimados 40 milhões de insetos herbívoros devorando cerca de 1 km² de 
plantas cultivadas em monoculturas. Dentre possíveis causas para esse 
fenômeno, sabemos que a reprodução desses insetos é estimada por maiores 
temperaturas e, além disso, as monoculturas fornecem ambiente de fácil 
deslocamento, com alimento em abundância e sem competidores e predadores 
naturais (Bradford, 2020; Gilliland, 2020). 
Os ciclos biogeoquímicos (da água, fósforo, carbono, nitrogênio etc.) 
estão sendo perturbados pela devastação das terras e pelo assoreamento dos 
recursos hídricos (Primack; Rodrigues, 2001). É o caso do cultivo agrícola 
bombardeando o solo de fertilizantes nitrogenados e da queima de combustíveis 
fósseis que liberam carbono na atmosfera e nitrogênio no solo (Vitousek, 1994). 
Espécies invasoras podem alterar o ciclo de nitrogênio, como ocorreu com a 
planta invasora kudzu (Pueraria montana) nos Estados Unidos (Hickman et al., 
2010). Já quanto ao nitrogênio e enxofre, as emissões causadas por fatores 
humanos vêm causando deposição ácida, alterando a química do solo e 
prejudicando os ecossistemas (Cain et al., 2018). 
A introdução acidental ou intencional de espécies exóticas pode causar 
desequilíbrio ecológico, como a competição interespecífica e até mesmo 
prejuízos econômicos e de saúde pública (Cain et al., 2018). Desse modo, as 
atividades humanas estão levando a tantas mudanças ambientais que essa 
 
 
11 
diminuição das populações tem sido drástica, principalmente por conta da 
velocidade em que os ambientes naturais estão sendo perdidos, do aumento da 
temperatura em ambientes terrestres e oceânicos, da poluição ambiental e de 
diversas outras causas que estão acarretando uma perda da biodiversidade 
atual sem precedentes (Primack; Rodrigues, 2001). 
TEMA 5 – IMPORTÂNCIA DA BIOLOGIA DA CONSERVAÇÃO PARA AMANUTENÇÃO DA DIVERSIDADE BIOLÓGICA 
São conhecidos ao menos cinco eventos geológicos de grandes extinções 
em massa, ou seja, momentos no passado em que tivemos uma drástica 
extinção das espécies que habitavam esse tempo geológico. Compreender as 
causas das perdas de biodiversidade é o primeiro passo para tentar reverter esse 
quadro (Cain et al., 2018). Vimos até aqui os principais conceitos sobre essa 
ciência tão multidisciplinar que é a biologia da conservação. Mas de fato qual é 
a importância da manutenção da biodiversidade do planeta e como fazemos 
essa manutenção? É essa discussão que veremos neste tópico. 
5.1 Por que precisamos nos preocupar com a manutenção da 
biodiversidade do planeta? 
A biodiversidade é mais importante para os humanos do que se pode 
imaginar. “Além de centenas de espécies domesticadas que nos sustentam, 
fazemos amplo uso de espécies selvagens para alimentação, combustível e 
fibras. Colhemos espécies selvagens para remédios, material de construção, 
temperos e itens decorativos” (Cain et al., 2018). Seja qual for sua causa, o 
declínio da possibilidade de sobrevivência de uma espécie nunca ocorre 
isoladamente, havendo consequências para predadores, presas, simbiontes, 
parceiros mutualísticos dessa dada espécie. 
Diversas culturas e crenças religiosas e filosóficas têm como um dos seus 
princípios a proteção da natureza (Callicott, 1990; 1994). Alguns ambientalistas 
são, até mesmo, adeptos da ideia de que a Terra pode ser considerada um 
“superorganismo”, no qual os componentes abióticos e bióticos interagem 
fortemente entre si (hipótese de Gaia) (Lovelock, 1988). 
Os habitats podem ser afetados pela ação humana quando uma 
proporção do habitat original é destruída pelas atividades humanas e quando o 
 
 
12 
ambiente está tão degradado que é incompatível com a vida de algumas 
espécies (Townsend et al., 2009). O desmatamento ainda é a causa mais comum 
de destruição de habitat, e no Brasil está fortemente ligado à expansão do 
agronegócio. 
Portanto, a biologia da conservação, assim como a maioria das outras 
ciências, não está dissociada dos valores humanos. Assim, é inevitável que 
ecólogos e ecólogas da conservação se vejam entrando em acordos e métodos 
que não são os melhores para o meio ambiente, mas são os possíveis e 
plausíveis dentro de um contexto socioeconômico maior. 
5.2 Definindo áreas prioritárias para conservação 
Uma vez que conhecemos sobre comportamento, reprodução, fisiologia, 
distribuição, abundância, área de vida, entre outras informações sobre as 
espécies, cada vez mais poderemos cunhar estratégias para a conservação 
biológica. De forma geral, é mais eficiente conservar as espécies estabelecendo 
áreas protegidas, como no caso das unidades de conservação. A elaboração de 
planos de sobrevivência para algumas espécies-alvo tem se mostrado uma 
ferramenta eficaz para a conservação dessas espécies. 
Mas sabemos que na maioria dos países os recursos financeiros 
destinados ao meio ambiente são escassos. Assim, é preciso estabelecer 
prioridades. Alguns lugares do planeta já foram definidos, com base em uma 
série de pesquisas científicas, como possuidores de uma grande riqueza de 
espécies, endemismo (quando uma espécie só ocorre em um determinado local) 
e espécies e/ou habitat ameaçados. A esses lugares chamamos de hotspots de 
diversidade (Townsend et al., 2009). 
5.3 Os corredores ecológicos 
Sabemos que inicialmente a perda de habitats causa um número pequeno 
de extinções. Mas, com o aumento da degradação, novos habitats no entorno 
também são perdidos, formando ambientes fragmentados e aumentando a taxa 
de extinção local (Pimm; Raven, 2000). Ambientes fragmentados são como 
manchas remanescentes de um habitat adequado, sendo que ao seu redor o 
ambiente é muito inadequado (Rocha et al., 2006). Visando manter ou 
estabelecer uma conectividade entre esses ambientes fragmentados na 
 
 
13 
paisagem, temos os corredores ecológicos. Logo, corredores ecológicos são 
faixas de vegetação ou habitat nativo que conectam dois ou mais fragmentos e 
visam a facilitar o movimento dos organismos, o fluxo gênico etc., aumentando 
a biodiversidade (Tewksbury et al., 2002). 
Quanto à efetividade e função, os corredores ecológicos podem agir como 
importantes ferramentas na conservação das espécies (Hobbs, 1992). São 
muitas vezes considerados como unidade de planejamento regional em áreas 
prioritárias para a conservação das espécies (Fonseca, 2000). 
Figura 6 – Corredor ecológico conectando fragmentos de mata ao redor do 
reservatório da Usina Hidroelétrica de Itaipu, Paraná 
 
Crédito: Xico Putini/Shutterstock. 
NA PRÁTICA 
Pesquise sobre uma espécie exótica de planta ou animal na região em 
que você reside. Avalie as possíveis consequências associadas à diminuição da 
biodiversidade local e global. Tente descobrir se a causa da introdução é 
conhecida e quais tipos de ambientes já estão sofrendo com essa espécie 
exótica, observando se esses ambientes são considerados urbanos, rurais ou 
áreas protegidas, como unidades de conservação. 
https://www.shutterstock.com/pt/g/xicocoputini
 
 
14 
Aproveite para conhecer mais sobre os órgãos ambientais de âmbito 
municipal, estadual e federal; além dos institutos de pesquisa, fundações, 
organizações, comissões etc. como a The International Union for Conservation 
of Nature (IUCN), Global Biodiversity Information Facility (GBIF) e World Wide 
Fund for Nature (WWF). 
FINALIZANDO 
Nesta etapa, conhecemos os conceitos e premissas principais da ciência 
multidisciplinar conhecida como biologia da conservação. Assim, discutimos 
sobre diversas questões que permeiam essa ciência, o gerenciamento de 
recursos naturais e as interações entre os seres vivos e destes com o seu meio. 
Portanto, conhecemos mais sobre a ecologia da conservação. 
Tratamos das ameaças à biodiversidade, sendo as causas principais e as 
categorias de classificação dessas ameaças. Em seguida discutimos sobre a 
ecologia de paisagem e as principais ferramentas promissoras a serem utilizadas 
no âmbito das paisagens. Conhecemos ainda um pouco sobre a legislação 
ambiental no que tange às unidades de conservação no país. 
Por fim, vimos também que, para serem efetivos, os argumentos sobre a 
conservação da biodiversidade devem permear conceitos e métodos científicos 
e sua devida divulgação científica bem como devem ser organizados pensando 
também em sustentabilidade e valoração social, econômica e ambiental; já que 
na prática essas ações têm consequências políticas e sociais. Logo, para que 
possamos mensurar, catalogar e preservar a biodiversidade é preciso estudos in 
loco, nas universidades, em museus, em institutos de pesquisa e outros. Isso 
exige de governos e da sociedade uma valorização maior da ciência e da 
natureza. Indubitavelmente fácil de notar é que aquilo que é ruim para a 
diversidade biológica é quase sempre ruim para os seres humanos. Que essa 
seja uma motivação importante para a discussão de políticas socioeconômicas 
e socioambientais. 
 
 
 
15 
REFERÊNCIAS 
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