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Caso clínico 1 Mickelly Ribeiro - estagiária de nutrição G.E.O, sexo feminino, 8 anos e 6 meses. Encaminhada para atendimento nutricional com queixa principal de ganho peso excessivo e constipação, HAS. Ao exame, foi possível observar na pele a presença de estrias e acantose nigricans. Refere não praticar atividades físicas na escola e a mãe relata uso excessivo de telas (televisão e tablet), sonolência diurna, episódios de agressividade e déficit de atenção. Dorme cerca de 5 horas/noite com várias interrupções e apresenta sudorese e ronco habitual. Não faz uso de medicamentos. Histórico familiar: Mãe com obesidade grau II e pai hipertenso + obesidade grau I. Dados Antropométricos: Peso atual: 39 kg Estatura: 127 cm IMC: 22,7 kg/m² PCT: 21,5 mm CA: 63 cm Últimos exames: Glicemia de jejum (mg/dL) 121 mg/dl; TGO 35 U/L; TGP 50U/L; CT 157mg/dL; HDL-c 37 mg/dL; LDL-c 126 mg/dL; TG 132 mg/dL - Classificação do estado nutricional, incluindo curvas de crescimento. - Resumo sobre as patologias - Diagnóstico Nutricional - Necessidades Nutricionais (Energéticas e Protéicas) - Ingestão hídrica - Prescrição Dietética - Orientação Nutricional Oral - Analisando os dados referidos e os exames laboratoriais, a criança apresenta risco de se tornar diabética? Há evidências para um quadro de resistência insulínica? Como diagnosticar a DM? Relate sobre. - Proponha modificações dos hábitos alimentares e no estilo de vida para a criança e para a família. Respostas 1- Altura para idade: adequado (percentil 50) IMC para idade: muito acima (percentil > 97) Peso para idade: muito acima (percentil > 97) 2- Constipação: a constipação intestinal é uma condição multifatorial, sendo na maioria das vezes decorrente da ingesta inadequada de fibras e água. Subdivide-se em primária e secundária, tendo esta última causa bem definida, como doenças endócrinas e neurológicas ou uso inadvertido de substâncias obstipantes. Em termos fisiopatológicos, divide-se em três categorias: 1. constipação de trânsito normal; 2. constipação de trânsito lento; e 3. doenças do ato evacuatório. Excesso de peso: A obesidade é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença crônica, caracterizada, principalmente, pelo acúmulo excessivo de gordura corporal no organismo, com implicações na saúde. Para fins de classificação, a OMS (1998) considera que o Índice de Massa Corporal (IMC) superior a 25 kg/m² é indicativo de excesso de peso. Por apresentar etiologia multifatorial, a sua compreensão requer a consideração de questões biológicas, históricas, psicológicas, ecológicas, econômicas, sociais, culturais e políticas. Acantose nigricans: Esta é uma condição da pele que é presentes em diferentes partes do corpo sendo o pescoço, axilas e virilha as áreas mais comuns. É caracterizado por um espessamento e escurecimento da pele que em seus estágios iniciais pode ser venha a confundir com sujeira por falta de higiene pessoal. HAS: Por se tratar de uma doença “silenciosa” a HAS danifica os vasos sanguíneos renais, cardíacos e cerebrais e pode resultar em um aumento na incidência de insuficiência renal e cardíaca, coronariopatias e acidente vascular cerebral . 3- Diagnóstico: criança com excesso de peso, hipertensa, pré-diabética com resistência insulínica acarretando aparecimento de acantose nigricans, constipação, TGO e TGP se encontram dentro do valor de referência sem nenhuma alteração, dislipidemia isolada caracterizada pelo triglicerídeo alto, LDL e HDL também estão dentro do valor de referência para uma criança, a aparição de ronco habitual pode ser causada pelo do excesso de peso. 4- Possivelmente a paciente se apodera de uma dieta com alimentos de alta carga glicêmica e com nutrientes vazios, sendo a ingestão inversa de proteínas. Para cálculo das necessidades energéticas da paciente, sexo feminino, utilizamos a fórmula de bolso: NE = GET + energia armazenada NE = 135,3 – 30,8 x idade (a) + atividade física x (10,0 x peso [kg] + 934 x altura [m]) + 20 (kcal para crescimento) Para estimativa da necessidade proteica em pediatria: 1 a 10 anos: 1-1,2 g/kg/dia 5- Fórmula prática para cálculo da necessidade hídrica em pediatria: 1500 kcal + 20 kcal/kg para cada kg acima de 20 kg para uma criança acima de 20 kg. 6- Prescrição dietética: Café da manhã Ovo de galinha cozido Pão de forma integral Ricota Almoço Arroz integral cozido Feijão ou grão de bico Filé de frango grelhado Salada à vontade (pelo menos 50% do prato) Lanche da manhã/tarde Banana Aveia Jantar Inhame Filé de tilápia grelhado Abacaxi Ceia Iogurte natural Semente de linhaça Morango 7- Orientação nutricional: ● Realize pelo menos 3 refeições principais (café da manhã + almoço + jantar) e 2 refeições complementares (lanche da manhã + lanche da tarde). ● Consuma diariamente alimentos dos grupos dos cereais (arroz, milho, trigo, pães, massas) e dos tubérculos (batata, batata-doce, aipim/mandioca, cará, inhame). Sempre que possível, prefira as versões integrais dos cereais. ● Consuma leite e derivados (iogurte natural, queijos magros, leite fermentado), eles são as principais fontes de cálcio da nossa alimentação. ● Metade do prato: verduras e legumes crus e cozidos. Na outra metade: cereais ou tubérculos (ex: arroz, batata, mandioca) + feijões (feijão carioca, lentilha, ervilha, grão de bico, soja) + carnes ou ovo (peixe, frango, boi, porco). Fruta de sobremesa. Não beber líquido junto com a comida. ● Evite comer enquanto assiste televisão, mexe no celular ou faz outra atividade. Coma com atenção e saboreie os alimentos. ● Ler os rótulos dos alimentos é uma boa forma de descobrir se aquele produto realmente oferece benefícios à alimentação. Alimentos com lista de ingredientes muito longa e com nomes desconhecidos podem ser prejudiciais à saúde. ● Modere o uso de sal. Uma forma simples de evitar o uso excessivo é não levar o saleiro à mesa. O sal em excesso pode contribuir para o pior prognóstico da pressão arterial nas crianças e adultos. 8- A criança já pode ser considerada uma pré - diabética pela glicemia de jejum (=121 mg/dl), para isso precisamos do encaminhamento para o médico para confirmação do quadro, como citado anteriormente, existe sim quadro de resistência insulínica confirmado pela acantose nigricans. O diagnóstico para DM se dá através de alguns parâmetros: a glicemia plasmática de jejum maior ou igual a 126 mg/dl, a glicemia duas horas após uma sobrecarga de 75 g de glicose igual ou superior a 200 mg/dl ou a HbA1c maior ou igual a 6,5%. É necessário que dois exames estejam alterados. Se somente um exame estiver alterado, este deverá ser repetido para confirmação. Fonte: Diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes - EDIÇÃO 2023 9- Congele comidas saudáveis - É muito comum que as pessoas saiam da dieta quando estão sem tempo para cozinhar. Esse é o momento propício para abrir a geladeira e pegar aquele prato pronto, cheio de sódio e gordura, que veio direto do supermercado. Sabemos que muitas vezes o dia foi corrido e a preguiça bate à porta mesmo. Por isso, a dica é separar um dia no mês ou a cada quinze dias para cozinhar refeições saudáveis e congelar em pequenas porções. Essa é uma prática simples, que substitui alimentos processados por uma comida saudável e caseira, utilizando temperos, sal e açúcar na medida certa. Torne as refeições um momento especial - Procure reunir a família durante as refeições, e faça com que todos sintam que aquele é um momento especial. Quando todos realizam a refeição juntos, fica mais fácil selecionar alimentos mais saudáveis. Experimente desligar a TV, conversar, curtir a companhia de quem está à mesa. Você irá prestar mais atenção ao que está no prato, e aproveitar mais este momento em família. Essa prática faz com que todos considerem a alimentação um momento importante do dia, quando cada um oferece ao organismo os alimentos que ele realmente precisa, e que vão fazer a diferença no seu bem-estar. Prepare as refeições em conjunto - Cozinhar em família é mais um hábito simples que pode ser trabalhadopara tornar a alimentação mais saudável. Quando se prepara o próprio alimento, diversos produtos industrializados são deixados de lado. Temperos em tabletes e sachês podem ser trocados por ervas e condimentos naturais, assim como os molhos prontos podem ser substituídos pelas versões caseiras. Além disso, cozinhar a própria comida com a família, pode ser estimulante para mudar o cardápio, pois um motiva o outro nos novos hábitos. Converse sobre alimentação com sua família - Caso tenha filhos pequenos ou pessoas da família que não entendam o porquê de mudar a rotina, procure explicar como a alimentação influencia na saúde e na qualidade de vida. É importante que as pessoas aprendam que determinados alimentos podem ser muito prejudiciais à saúde, e estão relacionados a doenças crônicas como osteoporose, diabetes, problemas cardíacos e hipertensão. As crianças também devem participar da conversa. Mesmo que elas não entendam tudo agora, é importante que já cresçam familiarizadas com o assunto. Quem mantém uma dieta equilibrada e oferece ao corpo todos os nutrientes necessários, têm menos chances de ter problemas de saúde. Eleja o “dia do novo” - O “dia do novo” pode ser uma boa ideia para que a família prove os alimentos que nunca entraram na mesa. Para ficar mais divertido, pode haver um rodízio: cada semana um membro diferente da família escolhe um alimento a ser provado por todos. É importante que seja uma refeição equilibrada, para que novos alimentos benéficos à saúde sejam adicionados à rotina familiar. https://amigaosaude.com.br/blog/osteoporose-veja-o-que-voce-precisa-saber/?utm_source=blog&utm_campaign=rc_blogpost https://amigaosaude.com.br/blog/conheca-as-causas-tratamentos-e-sintomas-da-hipertensao/?utm_source=blog&utm_campaign=rc_blogpost https://amigaosaude.com.br/blog/7-erros-comuns-na-hora-de-escolher-um-plano-de-saude-familiar/?utm_source=blog&utm_campaign=rc_blogpost Referências GALVÃO-ALVES, José. Constipação intestinal. J. bras. med.[Internet], v. 101, n. 2, 2013. DA SILVA, Nathália Gomes; DA SILVA, Josevânia. Aspectos psicossociais relacionados à imagem corporal de pessoas com excesso de peso. Revista Subjetividades, v. 19, n. 1, p. 8030, 2019. URIBE, César Arturo Peña; ARROYO, Ana Gabriela Campos; PÉREZ, Xóchitl Leticia Ruiz. Acantosis nigricans: testigo silencioso de la resistencia a la insulina. 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