Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Controle farmacológico do ciclo estral em bovinos Objetivo: aplicações de fármacos em períodos pré-determinados visando protocolos para induzir e sincronizar o cio e a ovulação das vacas. Benefícios: Concentrar estros – reduz mão de obra, possibilita sincronizar estações de parição dependendo do tipo de rebanho trabalhado, permite sincronizar a época de parto ou de inseminação em relação da disponibilidade de alimentos em quantidade e qualidade (manejos à pasto). Eliminação da necessidade de detecção de estro para realizar a IATF, que consiste na aplicação de hormônios e sem verificar se o animal manifestará cio ou não. Otimizar manejo Retirar do rebanho vacas em anestro (aqueles mais profundos, nem hormônio reverte a situação, como em animais de baixo ECC). Melhorar eficiência reprodutiva – reduzindo o período de serviço e intervalo entre partos, buscando sempre uma cria/vaca/ano. Fazendo a duração do ano menos a duração média da gestação, se obtém o período de serviço. Nesse período, o animal deve parir, ter involução uterina retomar sua ciclicidade e conceber novamente. Em bovinos, a primeira ovulação pós-parto é considerado um ciclo de curta duração. O animal ovula precedido ou não de estro (cio silencioso). Utilização de hormônios para controle da reprodução de bovinos Considerações a avaliar: Se os animais estão ciclando ou não (define que tipo de hormônio utilizar, e precisa saber a causa se houver anestro). Condição corporal Categoria (novilha, primípara, multípara, parida) Condição fisiológica (início ou meio de lactação) – animais em início de lactação estão em involução uterina e BEN, já animais que já passaram metade da lactação e no final estão vazios, não terão 1 parto/ano. Estado do útero (conteúdo, contratilidade, involução) – conteúdo pode sugerir estado infeccioso e baixa contratilidade sugere status endócrino (estrógeno e progesterona) prejudicado. Estado dos ovários (número e tamanho folicular) Se existe manejo de detecção de cio Protocolos hormonais São vários, mudam conforme o sistema (leite ou corte), variam em hormônio utilizado e em nº de aplicações, e requerem mão-de-obra capacitada para sua execução (em conhecimento e em disponibilidade, porque cada aplicação significa conduzir o animal ao tronco). Protocolos de sincronização terminam em -synch. Protocolos à base de GnRH foram criados porque em alguns países é proibida a utilização de hormônios esteroides em animais de produção, então associa hormônios proteicos e glicoproteicos. Características de um protocolo ideal: induz retorno ao estro com fertilidade normal, em qualquer tipo de animal, incluindo animais em anestro e com baixo ECC. O uso de hormônios de forma rotineira pode mascarar falhas humanas em uma rotina de manejo deficiente, mas também possui finalidades como: Induzir e sincronizar cios, seguidos de ovulações: para que isso ocorra, o ideal é que o animal esteja ciclando para sincronizar a ovulação, mas se o animal está em anestro profundo e com baixo ECC, não dá pra fazer isso. Portanto, só pode induzir e sincronizar estros de animais cíclicos e de animais próximos da retomada da atividade ovariana pós parto. Nesses casos ajudaria a agrupar animais para IA, concentrar inseminações e partos, etc. A IATF não dispensa a observação de cio do animal que não ficar gestante, então em média 21 dias após, é preciso ficar atento a esses animais. Finalidade dos tratamentos para IATF: 1. Sincronizar a ovulação para eliminar a detecção de estro 2. Induzir ciclicidade em vacas em anestro Azul = ondas foliculares Vermelho = progesterona Gráfico 1: logo após o parto há retomada das ondas foliculares, mas a vaca em anestro pós-parto tem baixa frequência e amplitude dos picos de LH, dependendo de isso aumentar para ovular. Como não tem ovulação, a progesterona se mantém muito baixa. À medida que transcorrem os dias pós parto verifica-se que a frequência de LH aumenta e os folículos ficam com diâmetros cada vez maiores, até que em determinado momento ele chega à ovulação espontânea. O processo pode ser longo dependendo do animal. Se o objetivo é manter um IEP de 12 meses, a vaca deve ovular em 70 a 80 dias pós parto, mas às vezes ele fica gestante depois dos 150-160 dias, então o IEP fica de 15 meses (eficiência reprodutiva muito baixa). Gráfico 2: protocolo que associa progesterona com estrógeno: dependendo do animal trabalhado, isso pode ser feito precocemente para induzir o animal à ovulação não espontânea (ovulação sincronizada) em um período pós- parto menor e diminuindo o IEP. Dessa forma, um perfil de frequência de LH que leve o animal à ovulação é induzido por meio dos hormônios. Se essa indução é feita precocemente, pode-se fazer com que o animal retome um perfil ovulatório com regularidade de oscilações de progesterona e estrógeno, induzindo a retomada da atividade ovariana do animal. 3. Acelerar involução uterina pós-parto: é questionável, porque essa é uma ação que os folículos, o cio precoce pós-parto e boa nutrição deveriam fazer sozinhos, sem necessidade de aplicar hormônio. Manipulação do ciclo estral para IATF Nesse exemplo de manipulação, pode-se induzir ovulação de 4 formas: ▪ Aplicar LH (hormônio indutor de ovulação) ▪ Aplicar um hormônio de ação semelhante ao LH, como o hCG (gonadotrofina coriônica humana) que na vaca age como LH; ▪ Aplicar estradiol, um hormônio que endogenamente quando se tem um pico pode levar a um pico de LH e à ovulação. ▪ Aplicar GnRH, que é um hormônio liberado pelo hipotálamo que age na hipófise gerando liberação de LH. Pode-se induzir nova onda folicular de três formas: ▪ Aplicar GnRH ▪ Associa progesterona e estrógeno ▪ Aspiração folicular (retirada do folículo dominante gera emergência de uma nova onda) ou destruição folicular (estrógeno e progesterona fazem feedback negativo às gonadotrofinas) Prostaglandina F2α: produzida pelo endométrio e drenada pela veia uterina, em bovinos e equinos existe um sistema de contracorrente em que a prostaglandina drenada chega à artéria ovariana ipsilateral e ao corpo lúteo, levando à luteólise Requer um corpo lúteo funcional para ter sucesso – animal deve estar ciclando Mecanismo de ação: luteólise por regressão farmacológica e funcional, com formação de corpo albicans seguida de estro e ovulação em animais cíclicos Não induz cio em animal em anestro (porque depende de corpo lúteo e não tem ação em animais de baixo ECC) Gera manifestação de estro em intervalos variáveis (2 – 6 dias) – os estros variáveis dificultam realizar IA pré-fixada porque a vaca pode manifestar cio em qualquer dia nesse período, necessitando observação. Método de Trimberg (animal manifesta cio de manhã, insemina de tarde). Detecção de cio e IA deve ser por 5 a 7 dias após aplicação Pode ser usada após o parto para acelerar involução uterina, mas é discutível (após o parto, ele tende a ser produzido e elevado naturalmente no ambiente uterino). Manejo de aplicações: sincronizar o cio de vacas ciclando, agrupar ou adiantar IA e concentrar partos. Antigamente era usado para induzir aborto em gestações indesejadas (cobrição por touro inferior, sexagem revelando sexo indesejável). É possível encurtar o intervalo entre estros em animais cíclicos. Além disso, em animais com infecção uterina, a exposição do animal às fases estrais dominadas pelo estrógeno (estimula miocontração uterina) aumenta fluidificação, produção de secreções, vasodilatação e fluxo de neutrófilos (seria possível realizar tratamento nos animais com algum tipo de infecção). OBSERVAÇÃO: a progesterona é um agente imunossupressor uterino. Tratamento quando há fetos mumificados: a morte fetal sem contaminação uterina gera uma manutenção do corpo lúteo presente, para expulsar esse feto mumificado, pode aplicar prostaglandinapara causar luteólise e expulsão do feto, fazendo o animal retornar ao estro para uma nova inseminação. OBS: casos de maceração e piometra são mais graves e o animal já está perdido para a reprodução. Gráfico de luteólise: Em rosa, o estro seguido de ovulações. Ao aplicar PGF2α em fêmeas não-gestantes com corpo lúteo, existem fases responsivas e não-responsivas a esse hormônio. Logo após a ovulação, por volta de 4 – 5 dias, ainda se tem um corpo hemorrágico cujas células luteais ainda não tem receptores para PGF2α, sendo uma fase não-responsiva. Ao final do ciclo a luteólise natural já ocorreu (não responde, porque não precisa). OBS: em animais com CL à palpação, mas que não se sabe o estágio, pode fazer protocolo de duas aplicações de PGF2α , a segunda sendo 11 – 14 dias após a primeira. Esse intervalo é quando se tem assessoria veterinária na fazenda em dias programados. Em um animal que tem corpo lúteo funcional com alta produção de progesterona, o dia 0 é considerado o dia de aplicação da PGF2-alfa. A partir disso vai gerar luteólise com redução da produção de progesterona. Os dias que faltam para a próxima ovulação dependem do diâmetro folicular na onda (quanto mais próximo do tamanho máximo do folículo no momento da aplicação, menor será a espera para que haja nova ovulação); porém, se no dia 0 houver apenas folículos menores (de menor diâmetro), mais tempo será necessário para desenvolver um folículo dominante até o diâmetro máximo para ovulação. OBS: outro manejo para a PGF2-alfa que foi bastante adotado é a aplicação de uma dose reduzida de cloprostenol sódico (análago de prostaglandina) na submucosa vulvar. Ao aplicar 1/3 da dose, a alta vascularização da genitália favorece o transporte da PGF2-alfa da vulva até o ovário, promovendo luteólise mesmo em doses menores. GnRH e associações: objetiva aumento da síntese de gonadotrofinas (FSH e LH) e um aumento da sua concentração sanguínea de forma rápida (2 a 4h). Função principal: promover pico de LH, causando ovulação ou luteinização de um folículo dominante) Ovulação: ruptura do folículo seguida de formação de um corpo hemorrágico e, posteriormente, de um corpo lúteo. Luteinização: quando a quantidade de LH liberada não foi suficiente para levar à ovulação, mas consegue diferenciar as células do folículo em um tecido com função luteal (produtor de progesterona), sem haver ruptura folicular. Com isso, ocorrendo uma ovulação ou luteinização, não existirá mais aquele folículo dominante e com isso haverá a emergência de uma nova onda folicular em 2 a 3 dias. Substâncias análogas ao GnRH são mais potentes, como o acetato de buserelina (100x mais). O final da onda de crescimento folicular (folículo de 9mm ou mais) é a fase do ciclo mais responsiva ao GnRH. Se aplicar GnRH em um dia aleatório do ciclo, os folículos com mais de 9mm com capacidade responsiva a esse hormônio vão ovular e uma nova onda surge em 2 – 3 dias. Isso ocorre porque se retira a dominância (folículo que produzia estrógeno, inibina e folistatina e bloqueava FSH), tendo efeito de liberação de um pico de FSH que recruta uma nova onda (tudo leva de 2 a 3 dias). Ovsynch: GnRH + PGF2-alfa + GnRH + IATF, induzindo a sincronização da ovulação, ou seja, coloca todos os animais em uma mesma fase ao aplicar o hormônio. A 1ª aplicação de GnRH em um dia aleatório visa a ovulação de um folículo dominante presente no ovário com diâmetro maior que 9 mm (responsivo). Dessa ovulação formará um corpo lúteo que amadurecerá ao longo dos dias. Após 2 a 3 dias da ovulação há a emergência de uma segunda onda folicular sincronizada e o folículo dominante cresce ao longo dos dias. Deve-se aguardar pelo menos 6 a 7 dias para aplicar a prostaglandina porque tem que ter um corpo lúteo funcional que vai responder a prostaglandina. Esse corpo lúteo vai entrar em luteólise e regredirá em corpo albicans. Após 24 a 48 horas da aplicação de prostaglandina o folículo da segunda onda continua crescendo. Logo, no dia 9 (2 dias após a aplicação de prostaglandina), uma nova aplicação de GnRH será feita para induzir a ovulação sincrônica em vários animais do folículo que foi estimulado e que cresceu após a luteólise. Para que haja a fecundação, realiza-se uma inseminação artificial fixa em média a 16 a 20 horas após o segundo GnRH. Outros protocolos com GnRH: Cosynch: GnRH + PGF2-alfa + GnRH junto com IATF. O que muda em relação ao Ovsynch é que a inseminação artificial é feita juntamente com a aplicação da segunda dose de GnRH. Heatsynch: GnRH + PGF2-alfa + estrógeno + IATF. Nesse protocolo há mudança de base hormonal de GnRH para estrógeno na 2ª aplicação, visto que o estrógeno pode levar à liberação de LH induzindo estro e ovulação, além de ser mais barato. Aplicação de GnRH para provocar ovulação do folículo dominante. Assim, se desenvolve um corpo lúteo e se inicia nova onda folicular. Após 7 dias, o corpo lúteo está funcional e deve-se aplicar a prostaglandina para regredir esse corpo lúteo. Nesse momento já existe um folículo dominante formado. Após cerca de 24 horas, já no 8º dia, pode-se aplicar fontes de estrógeno (benzoato de estradiol/cipionato de estradiol). Após dois dias (48 horas), no dia 10, os animais estarão em estro e serão inseminadas. Selectsynch: GnRH + PGF2-alfa + IATF. Aplicação de GnRH, 7 dias depois aplica PGF2-alfa para regredir o corpo lúteo. Depois se observa o cio dos animais, e os que apresentarem estro vão sendo inseminados 12 horas depois. Não há segunda dose de GnRH. Manejo necessário para detecção de cio, porque se tira uma dose de GnRH tem que observar durante 5 dias (da aplicação da PGF2-alfa ao cio há uma dispersão de 2 a 6 dias). Hybridsynch: GnRH + PGF2-alfa + observação de cio + IATF (nos que manifestarem cio) GnRH e IATF (nos que não manifestaram cio). Aplica-se a primeira dose de GnRH. Após 7 dias aplica-se a PGF2-alfa para regredir o corpo lúteo. Após 48 horas, deve-se inseminar os animais que forem manifestando cio (após 12 horas do cio). Se dentro de 48 horas os animais não manifestarem o cio, deve-se esperar mais 24 horas e fazer a aplicação de uma segunda dose de GnRH associado a inseminação artificial. OBS: GnRH para tratar cistos foliculares: a aplicação de GnRH causa luteinização na parede folicular formada de células de teca e granulosa. Com a transformação de cisto folicular em cisto luteal, possibilita a manipulação com PGF2-alfa e sua ação luteolítica. Isso objetiva retomar a atividade cíclica desse animal. Aplicação de GnRH e após 9 a 10 dias a aplicação de PGF2-alfa Ao se aplicar GnRH em uma vaca cística o cisto jamais ovulará, ocorrendo apenas a luteinização folicular Progestágenos associados ao estrógeno: associar protocolos de progesterona e estrógeno promove feedback negativo à hipófise reduzindo a liberação de FSH e LH. Como nenhum folículo consegue permanecer ativo na ausência de gonadotropinas, a associação de P4 e E2 gera regressão/atresia do folículo dominante, e o surgimento de uma nova onda que provocará ovulação. Progestágenos são fármacos com efeito similar a progesterona, utilizados para simular uma fase luteal. Seu uso possibilita controlar o desenvolvimento folicular, por meio da inibição do estro, inibição da ovulação (feedback negativo ao LH) e alteração da dinâmica folicular, regulando a liberação de GnRH. Hoje os protocolos têm preferencialmente de 7 a 9 dias (uso de implantes por longos períodos aumentava chance de folículo persistente, gerando gameta ruim de baixa fertilidade). Vias: oral, subcutâneo na orelha e intravaginais (mais utilizados) Dependendo do implante, dá pra usar 3 a 4 vezes Crestar: implante colocado no subcutâneo da orelha Intravaginal em Y ou T: deixa uma haste para fora na comissura vulvar Estrógeno: a diferença entre bases comerciais é a meia-vida. O benzoatode estradiol mimetiza muito o estrógeno endógeno. Éteres de estradiol: busca promover junto com a progesterona a regressão/atresia folicular e surgimento de uma nova onda pré-ovulatória. Estrógeno atua nos vasos sanguíneos, no desenvolvimento glandular e epitelial do endométrio (prepara a fêmea para a receptividade sexual). Manejo de aplicação: Animal bem contido em brete ou tronco, troca de agulhas a cada animal, olhar a temperatura de estocagem de hormônios (GnRH e eCG vai em geladeira). Em um dia pré-determinado, faz inserção intravaginal do implante de progesterona (1 a 2g). Nesse mesmo momento aplica-se pela via IM o estradiol (benzoato ou valerato) 1 a 2 mg. O implante intravaginal é mantido por 7 a 9 dias. Quando retirar, aplica 2ª dose de estradiol (cipionato). Vacas em anestro: implante intravaginal no dia 0 e aplicação IM de benzoato de estradiol. O implante ficou por 8 dias (considerando o dia 0 como dia 1º) e quando retira ele, aplica cipionato de estradiol. Existem variações no protocolo onde aplica-se outras bases na retirada, como: GnRH, eCG, hCG. Após a retirada do implante no dia 8 e aplicação IM de estrógeno, teoricamente, pode-se observar o estro para a IA ou programar a inseminação artificial em tempo fixo que normalmente acontece 48h (dia 10) após a retirada do implante. O implante de progesterona pode ser colocado em qualquer fase do ciclo, pois causará retirada da dominância. Todos os folículos dominantes (pequenos, médios ou grandes) sofrerão regressão e surgirá essa onda após 3 a 4 dias que irá crescer. Quando retira a progesterona 7 a 8 dias depois, retira o bloqueio de LH – já se tem um grande folículo da segunda onda, que vai ovular de forma sincronizada no rebanho. Animal com anestro mais profundo e folículos pequenos provavelmente não responderia ao protocolo. Vacas cíclicas: implante intravaginal no dia 0 e aplicação do estradiol IM. No 8º dia retira o implante. Se a vaca tinha um corpo lúteo produtor de progesterona no dia 0, a progesterona do implante soma com a progesterona endógena (luteal) e aumenta a concentração circulante desse hormônio. Depois de 7 a 8 dias, se a progesterona exógena for retirada, mas a função do corpo lúteo presente não for retirada pela aplicação de PGF2-alfa, o corpo lúteo será mantido e não haverá resposta ao protocolo. Por isso, em vacas cíclicas tem que associar no protocolo a aplicação de PGF2-alfa 24h antes da retirada do implante, com o objetivo de gerar a luteólise do corpo lúteo. Pode-se retirar o implante no dia 8 e observar o estro para inseminar ou, no caso de protocolos onde é realizada a IATF, 48 horas após a retirada do implante pode inseminar esse animal. Na retirada do implante pode também aplicar o cipionato de estrógeno, eCG, hCG ou GnRH. As variações dos protocolos permitem fazer outras aplicações para induzir o pico de LH e o animal ovular o folículo que cresceu durante a manutenção do implante. OBS: reutilização de implantes de P4 até 4 vezes, depois a P4 não alcança a concentração de um corpo lúteo normal e gera frequência de pulsos de LH mais frequentes, gerando persistência folicular. Esse folículo envelhece e decai em qualidade do gameta, permitindo que haja poliespermia, anormalidades cromossômicas e morte embrionária precoce. Portanto, para controlar efetivamente o LH, a progesterona precisa ser alta. Passo a passo do dia do implante até a retirada: Dia 0: coloca o implante de P4 e aplica benzoato de estradiol IM. - aumenta progesterona sanguínea → inibe comportamento estral e ovulação, reduz LH liberado - estradiol inibe liberação de FSH → regride folículo dominante e reduz o estrógeno que ele produzia e bloqueava FSH, que posteriormente gera um pico de FSH Dia 4: surge nova onda folicular sincronizada Dia 7: retirada do implante - se tiver corpo lúteo → aplicar PGF2-alfa - como existe nesse dia um folículo dominante da onda que foi sincronizada, a retirada do implante causa queda de progesterona circulante e isso provoca liberação de LH → induz a ovulação desse folículo Dia 9 ou 10: pode-se aplicar BE ou GnRH no mesmo dia da PGF2-alfa ou em dias subsequentes, para induzir o estro com o pico de LH, e esse folículo atingiria o tamanho pré ovulatório e seria ovulado. Fatores que podem interferir na resposta ao protocolo com progesterona e estrógeno 1. Condição corporal da vaca: em vacas muito magras, em anestro e com população folicular ovariana pequena, o ideal seria melhorar o ECC antes de tentar um protocolo para retirar do anestro profundo (maior taxa de sucesso) 2. Amamentação VS Reprodução: presença da cria e amamentação bloqueiam reprodução. Pode fazer pareações de protocolos associando os hormônios para melhorar a resposta do protocolo em termos de crescimento folicular e ovulação 3. Presença de fluidos uterinos: espera-se baixa fertilidade, então animais com fluidos uterinos, infecções e baixa população folicular deveriam ser excluídos Diâmetro folicular e resposta ao protocolo: quanto maior o diâmetro folicular, maior a resposta positiva em ovulação e gestação com protocolos de P4 e estrógeno Otimização do ambiente endócrino antes de IATF: protocolo que viabiliza o crescimento folicular maior antes da IATF resulta na ovulação de um folículo maior que tenha maior corpo lúteo e com mais progesterona depois que inseminar. Quando a P4 circulante aumenta, a concepção e a sobrevivência embrionária aumentam (importante na produção de histotrofo, uma substância uterina rica em fatores de crescimento e nutricionais importantes para a diferenciação do embrião e para seu crescimento). Estratégias para aumentar P4: Antes de inseminar: promover crescimento máximo do folículo dominante e gerar um corpo lúteo de maior diâmetro. Para isso, associa outros hormônios, como o eCG (fator que leva à um maior desenvolvimento do folículo dominante). Depois de inseminar: pode-se fazer durante alguns dias a aplicação de um agente ovulatório (indutor de ovulação) que é o GnRH ou hCG. Isso causa uma nova ovulação nos primeiros dias pós-ovulatórios e resulta na formação de um corpo lúteo acessório, tendo mais P4 (efeito semelhante ao de um implante exógeno). O eCG age tanto no receptor de FSH quanto no de LH, podendo ser usado no final de protocolos que visem sincronizar a ovulação. Na vaca o eCG tem ação de FSH, estimulando o desenvolvimento folicular (capaz de aumentar o diâmetro folicular, sendo importante em vacas em anestro com pior condição corporal). Atenção, é um hormônio caro! Protocolo com PGF2-alfa sendo o único hormônio aplicado: só animais cíclicos (corpo lúteo funcional). Protocolo com GnRH ou progesterona: animais cíclicas ou em anestro (sem corpo lúteo funcional) No dia 0 coloca o implante de P4 e aplica estrógeno. Na retirada do implante, aplica o eCG. Pode-se observar o estro e inseminar ou programar uma IATF. O hCG na vaca apresenta função predominante de LH. Ele ajuda induzindo ovulação do folículo dominante e aumentando progesterona circulante induzindo formação de corpo lúteo acessório. Tem ação semelhante ao GnRH, porém atua mais rápido porque age diretamente no receptor ovariano do folículo. HCG no tratamento de cistos foliculares: por ter ação semelhante ao LH, usa em vacas que não respondem ao tratamento com GnRH. A intenção é a mesma, transformação da parede do cisto em uma parede luteinizada. A diferença é que o GnRH age na hipófise liberando LH que cai na circulação e atinge o folículo, e o hCG age diretamente na parede do cisto. OBS: o problema de usar eCG e hCG é que são gonadotrofinas produzidas por outras espécies, podendo gerar reação imunológica contra elas no corpo da vaca (anticorpos anti-hCG e anti-eCG) Formação do corpo lúteo acessório Fêmeas receptoras de embrião precisam estar cíclicas e ovulando. Supondo uma ovulaçãoinicial (dia 0), naquele local haverá formação de um corpo lúteo que produzirá progesterona (linha preta). Após a ovulação, surge uma onda folicular normal. Nesse sentido, pensaram se seria viável suplementar progesterona nessa fase, pensando que a progesterona auxilia na criação de um bom ambiente uterino e na secreção de histotrofo, aumentando a fertilidade. Isso poderia acontecer, porém, teria consequências por causa da substituição continua do implante. No 5º dia pós surgimento da segunda onda, o folículo que está crescendo já é capaz de responder com ovulação e nesse período também a quantidade de progesterona ainda não é máxima a ponto de bloquear processos ovulatórios. Com isso, pode-se aplicar agentes indutores de ovulação (GnRH, hCG, LH) no 5º dia da onda, buscando provocar uma nova ovulação logo na primeira semana, levando à formação de um novo corpo lúteo e aumentando a progesterona - isso seria importante para o desenvolvimento desse blastocisto expandido no início do desenvolvimento da vida uterina. OBS: o corpo lúteo acessório aumenta a progesterona → progesterona tem ação no desenvolvimento do ambiente uterino e na produção de histotrofo → histotrofo contém fatores nutricionais e de crescimento (ex: IGF-1) importantes para que o embrião se desenvolva e sinalize à mãe sua presença no útero → a sinalização ocorre por uma molécula chamada interferon TAU produzida pelo trofoblasto → leva a mãe a bloquear a produção endometrial de PGF2-alfa → sem PGF2-alfa o corpo lúteo é mantido durante a gestação secretando progesterona que viabiliza a manutenção da gestação até a placenta assumir essa função. IATF Existe relação entre manifestação de cio e fertilidade, porque animais que manifestam cio têm maior taxa ovulatória IATF com uso de protocolo não dispensa um bom sistema de observação de cio no rebanho, porque as vacas que não ficarem gestantes precisam ser detectadas para entrarem em protocolo novamente – se isso não for observado, o animal perde de 2 a 3 cios Sempre considerar todos os custos: sêmen, mão de obra individual em cada vaca, honorários do médico veterinário Critérios: Superar falhas na detecção de cio Facilitar manejo: realiza pontualmente as inseminações em vários animais Animais em anestro – dependendo da profundidade, pode-se tirá-los do anestro Útil quando o período de serviço está ruim (intervalo parto – nova gestação) Considerar o tipo da propriedade (tamanho, tipo de rebanho conforme especialização, eficiência reprodutiva do rebanho, eficiência da observação de cio, escrituração e condições nutricionais e sanitárias) O momento para iniciar geralmente é após o período de espera voluntario da propriedade (60 dias pós- parto), entre o 5º a 12º dia do ciclo (folículos maiores e mais responsivos a hormônios para gerar ovulação) Manejos e condições limitantes: infraestrutura, identificação dos animais, custo dos insumos, capacitação de mão de obra. Loteamento dos animais de estado fisiológico parecido Vacas de primeira cria requerem manejo nutricional diferenciado (pastos de melhor qualidade) Selecionar os animais (categoria animal – novilha, primípara, multípara; condição corporal; condição sanitária; detecção de afecções reprodutivas; status ovariano) Erros: esquecer de aplicar os fármacos, aplicar em momentos diferentes do recomendado no protocolo, erros de dosagem hormonal, via de aplicação errada, erros de manipulação e conservação dos hormônios, identificação ineficiente dos animais, infraestrutura ruim, mão de obra desqualificada, número excessivo de animais nos lotes Cuidados: Não sincronizar animais com condição corporal ruim Manipular e aplicar hormônios corretamente Utilizar planilha de controle das aplicações Qualidade de sêmen boa e inseminadores capacitados Sempre avaliar os custos
Compartilhar