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Ovulação, formação e regressão do corpo lúteo Aumento da pulsatilidade do LH em um curto período de tempo em frequência e amplitude, que precisa ocorrer em uma janela especifica de tempo (10 – 30 h) para que ocorram as modificações capazes de induzir a ovulação. Para ocorrer ovulação é preciso haver uma alta quantidade de estrógeno secretado pelo folículo dominante na ausência de progesterona (na presença de progesterona existem apenas pulsos tônicos de LH). Os pulsos tônicos de LH acontecem ao longo do ciclo estral, porque sempre existe uma secreção basal tônica de GnRH, que estimula uma secreção sempre tônica/basal de LH (como uma “torneira gotejando”). Por isso, mesmo na presença de progesterona existe LH secretado em baixa pulsatilidade e baixa amplitude, por isso temos seleção e dominância folicular. O centro tônico de liberação de GnRH é como uma torneira constantemente “gotejando” GnRH no sistema porta H-H, gerando secreção tônica/basal de LH (2 – 4 picogramas/mL de LH sendo secretado). Já o centro cíclico ocorre quando há uma liberação de GnRH em uma pulsatilidade de alta frequência e amplitude, que é quando ocorrem os picos de LH (período de 10h) – tem de 5 a 6 grandes secreções numa amplitude bem maior. Enquanto houver progesterona alta apenas o centro tônico funciona, mas para ativar o centro cíclico precisa da situação fundamental para ocorrência de ovulação – grande quantidade de estrógeno com ausência de progesterona. Para ter essa grande quantidade de estrógeno necessária, é preciso um folículo dominante grande o suficiente. PROVA: saber sobre a ativação do centro cíclico a cada 21 dias. OBS.: o macho não é cíclico, não libera espermatozoides a cada período de tempo, no macho é tônico (espermatogênese constante). Ovulação Quando se tem grande quantidade de estrógeno secretado pela granulosa, na ausência de progesterona, ocorre ativação do centro cíclico de liberação de LH. Experimento: aprox. 16 a 18h após a injeção de estradiol tem um aumento de LH circulante – isso ocorreu porque ativou o centro cíclico de liberação de LH. Modificações que ocorrem diante do pico de LH: O pico de LH estimula a liberação de PGE, uma prostaglandina que aumenta vascularização, nesse caso, na região do folículo. Com isso há um aumento do antro folicular, associado ao aumento de histamina local, gerando aumento de permeabilidade vascular e aumento da pressão intrafolicular. Aumento de secreção de prostaglandina F2alfa local no momento da ovulação, para estimular a contratilidade de células mioepiteliais. Para enfraquecer a parede folicular, ocorre liberação de secreção de enzimas lisossomais pela granulosa, que auxiliam na digestão de folículos. Células da teca secretam também colagenase. Com isso, há ação de enzimas proteolíticas que fragilizam a túnica albugínea da parede ovariana. Modificações que ocorrem no gameta diante do pico de LH: No momento do pico de LH é que ocorre maturação do oócito. Nesse momento do pico, todos os folículo estão na prófase I da meiose, tendo o dobro de cromossomos após a divisão mitótica. No período fetal a meiose se inicia, ocorre organização dos oócitos dentro do folículo e os oócitos ficam estacionados em prófase 1 da primeira meiose (2n). A meiose só é retomada no momento do pico de LH – ocorre maturação nuclear (perda de cromossomos do oócito). (4n) iniciais precisa se tornar (n) no final. Na fêmea não há divisão na meiose, há liberação do excesso de cromossomos, e o oócito fica com um (n) com o citoplasma remanescente todo pra ele. O citoplasma do oócito é responsável por garantir as divisões iniciais do embrião nas primeiras 72h. OBS.: O oócito quando dentro do folículo está em prófase I da primeira meiose, mas o oócito quando ovulado se chama oócito secundário, porque já entrou na segunda meiose. A maturação nuclear é o oócito saindo do estágio de prófase I da meiose, passando por metáfase I, anáfase I e telófase I, libera o primeiro corpúsculo polar (excesso de cromossomos), entra na segunda meiose (segunda divisão reducional para passar de 2n para n) e passa por prófase II. Só que o oócito ovulado fica estacionado em metáfase II na segunda meiose. Esse período estacionário ocorre porque falta cálcio intracelular. Portanto, o oócito não ovula já em (n) completamente, ele ovula ainda na metáfase II. A 2ª meiose só se finaliza no momento da fecundação, quando o espermatozoide penetra o oócito promovendo um influxo de cálcio junto com a penetração. Células do cumulus: células da granulosa em contato íntimo com o gameta. Forma um complexo cumulus- oócito (COC). Nesse período de crescimento folicular antes da ovulação, o oócito em prófase I é nutrido pelas células da granulosa, enchendo o citoplasma dele de fatores de crescimento e proteínas (quanto mais nutrido o citoplasma, maior a garantia de um desenvolvimento embrionário inicial saudável). O oócito manda substâncias reguladoras para as células do cumulus, que participa ativamente no crescimento, maturação nuclear e citoplasmática do oócito (é uma comunicação de duas vias, bidirecional e necessária). OBS.: em vaca leiteira de alta produção, o citoplasma do oócito não é bem nutrido (excesso de fatores tóxicos – BHBA, menos esteroides circulantes que causam secreção inadequada de LH). Esse é um dos vários fatores de menor fertilidade da vaca leiteira. Além das células da granulosa (o cumulus) nutrirem o citoplasma do oócito, elas liberam proteínas em contato íntimo com o oócito, como a proteína inibidora de maturação oocitária (OMI), que inibe a maturação oocitária e promovem o estacionamento do oócito em prófase I, portanto, enquanto o cumulus estiver em contato íntimo com oócito, a maturação segue parada. Quando acontecem todas a modificações devido ao pico de LH (edema celular, aumento de permeabilidade vascular, aumento de contratilidade de células mioepiteliais, enfraquecimento da membrana albugínea e membrana basal), há também secreção de ácido hialurônico pela granulosa, promovendo uma “gelatinificação” das células do cumulus (mucificação de células do cumulus). A mucificação faz com que haja perda das junções gap entre as células da granulosa e elas se expandam (expansão de células do cumulus). Isso faz com que as substâncias que chegavam ao oócito de forma passiva não chegam mais, então o oócito deixa de receber os fatores que o deixavam estacionado em prófase I. Isso sinaliza um aumento para síntese intraoocitária do fator promotor de metáfase, e o oócito reinicia sua meiose que estava estacionada. Ele vai até metáfase II, quando falta cálcio e ele só retoma a meiose quando é fecundado. Oócito com núcleo bem central em prófase I, já na fase de metáfase o núcleo do oócito fica na periferia dele (porque ele precisa liberar o excesso de cromossomos antes de liberar o primeiro corpúsculo polar). Isso significa que ele já sofreu maturação nuclear e o primeiro corpúsculo polar já foi liberado. Maturação citoplasmática Além da maturação nuclear (oócito indo de prófase I para metáfase II), existem alterações citoplasmáticas no oócito (grânulos corticais migrando para a periferia). No oócito antes do pico de LH há muitas enzimas proteolíticas e lipídicas espalhadas pelo citoplasma. No pico de LH há migração dessas enzimas para a periferia do oócito (migração dos grânulos corticais), e é quando sei que já houve maturação citoplasmática. Quando o espermatozoide fecunda o oócito, o primeiro bloqueio da poliespermia é a despolarização da membrana, o segundo é a liberação desses grânulos corticais para digerir receptores para espermatozoides na zona pelúcida, para que outros espermatozoides não consigam reconhecer o receptor e penetrar. Todos os eventos citados até aqui precisam ser orquestrados para ocorrer nas horas que ocorrem o pico deLH (10 a 15 horas). Deseja-se que o folículo dominante cresça com progesterona alta e LH baixo, porém nas vacas leiteiras de alta produção, devido ao metabolismo hepático de esteroides acentuado, pode haver baixas de progesterona e liberações maiores de LH (não é pico) – pode acontecer uma retomada da meiose precoce. Os grânulos corticais podem começar a migrar antes da hora, de modo que quando ovula, o oócito já está envelhecido (organelas tem qualidade inferior). OBS.: Quando faz aspiração folicular para FIV, a maturação ocorre in vitro. Para coletar o oócito, o ideal é aspirar outros folículos além do dominante (assim que aspira o oócito as junções gap começam a se perder e a meiose já retoma). Quando aspira, todos iniciam maturação, mas o dominante vai mais rápido e fica assincrônico em relação aos demais. Aspirar então os folículos para serem recrutados + o dominante (descarta ele). Formação do corpo lúteo Depois da ovulação, há formação do corpo lúteo. A estrutura que antes era folículo sofre luteinização, e as células de teca e granulosa se misturam, passando a ser células luteais – teca origina células luteais pequenas e granulosa origina as grandes. As alterações em decorrência do pico de LH geram uma implosão de sangue dentro do folículo, na própria liberação do folículo tem liberação de sangue. 1 – 2 dias depois forma um coágulo, o corpo hemorrágico. Se o folículo tinha muito liquido no interior, pode ocorrer formação de corpo lúteo cavitário (é comum e fisiológico, mas literaturas antigas podem chamar de cisto luteal) OBS.: O aumento de PGE no momento do pico de LH tem fatores angiogênicos, então aumenta muito a vascularização, e o corpo lúteo acaba sendo uma das estruturas do corpo mais vascularizados proporcionalmente. Por volta do dia 16 – 17, caso não haja embrião, há liberação de prostaglandina F2alfa pelo útero que atua de duas formas para luteólise: causando degeneração dos vasos e vasoconstrição, gerando isquemia e hipoxia das células (regressão estrutural – morte celular), e atuando nos seus receptores, impedindo a esteroidogênese (inativa enzimas que possibilitam as células amarelas internalizar o colesterol e transformar em progesterona)(regressão funcional – perdem capacidade de sintetizar P4) Assim que o corpo lúteo se forma, em qualquer momento do ciclo estral, se aplicar prostaglandina provoca luteólise (de forma iatrogênica e com pouco conhecimento do ciclo estral). Porém, nos primeiros 5 dias após formação do corpo lúteo, ele não responde a prostaglandina. É como se ainda não houvessem receptores, mas é falta de sensibilidade. Células luteais grandes são mais eficientes na conversão de colesterol em progesterona. Na membrana plasmática das células luteais têm receptores com afinidade pelo colesterol. Quando o LH se liga aos seus receptores de membrana, ativa uma cascata de sinalização internalizar o colesterol, passar pela mitocôndria e sofre ação enzimática, produzindo progesterona. NÃO PRECISA DECORAR A CASCATA, SÓ ENTENDER O CONCEITO Aspectos fisiológicos O que sinaliza a síntese de prostaglandina pelo útero? Caso não haja embrião no útero, ele precisa produzir prostaglandina, para lisar o corpo lúteo e dar outra chance de a fêmea ficar gestante. Na ausência de gestação, a prostaglandina é sintetizada por volta do 17-18º dia na vaca. Com a prostaglandina acontece vasoconstrição, perda de capacidade esteroidogênicas do corpo lúteo, perda de capilares – em 48h o corpo lúteo regride completamente. 17 – 18º dia: aumenta prostaglandina; 19 – 20º corpo lúteo regride completamente, progesterona baixíssima; no 21º dia ela entra em cio de novo. O que define que o ciclo tem 21 dias é a liberação de prostaglandina, porque se ela for liberada no 12º dia, no 14 e 15º dia regride o CL, e 16- 17º dia ela ovula. É o que ocorre na ovelha, que tem o ciclo mais curto porque a prostaglandina é sintetizada um pouco antes. A cadela tem duração de CL de 60 dias e a gestação também, então na cadela não tem sinalização do feto, porque ele não precisa impedir a produção de prostaglandina, porque ela só é liberada fisiologicamente após 60 dias, que combina com o período fisiológico do parto. A prostaglandina secretada pelo útero cai diretamente no ovário por uma vascularização de contracorrente (enovelamento vascular entre veia uterina e artéria ovariana) – para atuar no ovário, a prostaglandina não precisa passar por toda a circulação sistêmica e voltar para o ovário, parte dela cai direto lá por difusão passiva. Esse mecanismo não existe na égua, mas é uma espécie bem sensível a prostaglandina (tem muitos receptores) – mesmo depois do seu metabolismo sistêmico, pequenas quantidades são suficientes para causar luteólise. O que faz que a PGF2alfa seja sintetizada no 17º dia na vaca? É um mecanismo chatinho. Para o útero receber sinalização para síntese de prostaglandina, é preciso haver aumento de receptores de ocitocina no útero. A ocitocina é liberada ao longo do dia e todos os dias do ciclo estral. Não é sobre ocitocina circulante, mas a presença de receptores de ocitocina no útero. Então quando a ocitocina achar receptores para ela no útero, a prostaglandina vai ser secretada. Se a prostaglandina só é liberada no dia 17º, imagina-se que nessa época tenha receptores de ocitocina no útero. Por que não aparecem antes? Porque para aparecer receptor para ocitocina precisa haver expressão de receptores de estrógeno no útero. É como se o estrógeno quando se liga aos seus receptores, sinaliza também para produzir receptores de ocitocina. Estrógeno tem desde o dia 2 pós- ovulação, mas receptores de estrógeno no útero mesmo só aparecem por volta do 10-12º dia. Cronologia mais ou menos: 10 – 12º dia = receptores de estrógeno; estrógeno liga no receptor; 12 -13 – 14º dia = aparece receptor de ocitocina; 14 – 16º receptor de ocitocina bem alta, ocitocina se liga neles; 17 – 18º dia produz prostaglandina. Tem progesterona no 10 – 12º dia da ovulação? Sim. Ela se liga nos receptores dela, e impede a expressão de receptores de estrógeno. Por isso mesmo tendo estrógeno logo no 2º dia, a progesterona impede a expressão dos receptores de estrógeno. Porém, por volta de 10 – 12º dia a progesterona perde temporariamente afinidade pelos seus próprios receptores, e é quando começa a aparecer os receptores de estrógeno. A sinalização para secretar prostaglandina é ocitocina. PROVA: O feto quando impede a expressão de receptores de ocitocina ou de receptores de estrógeno, promove a sinalização da gestação e não há síntese de prostaglandina. Mecanismo: Receptores de hormônios proteicos ficam na membrana plasmática e receptores de hormônios esteroides estão no núcleo, porque esteroides são lipofílicos e passam na membrana. Por volta do 10 – 12º dia por algum motivo a progesterona não se liga mais ao receptor e há expressão de receptor de estrógeno no núcleo. O estrógeno se liga ao seu receptor e estimula a expressão de receptor de ocitocina (membrana) no útero. A ocitocina da neurohipófise quando encontra seus receptores no útero, promove secreção de prostaglandina que atinge o ovário por mecanismo de contracorrente. A ocitocina inicial que deflagra os primeiros pulsos de prostaglandina vem da neurohipófise, mas o próprio corpo lúteo tem capacidade de sintetizar prostaglandina. Quando o CL recebe prostaglandina ele entra em luteólise e libera também mais ocitocina (feedback positivo entre prostaglandina e ocitocina do CL – feedback positivo – autoregulação “suicida”). Em um período de 24 horas há pelos menos cinco pulsos intensos de prostaglandina, o que desencadeia a luteólise. A luteólise é funcional (células luteais grandes e pequenas perdem capacidade de produzir progesterona) e estrutural (isquemia e morte celular). Luteólise funcional Ocorre por duas ações da prostaglandina:uma delas é quando a PGF liga aos receptores mensageiros e causa abertura dos canais de cálcio e aumenta cálcio intracelular (tóxico), e a inativação das enzimas ligadas a síntese de progesterona (colesterol não é mais internalizado na mitocôndria). Por isso há diminuição de progesterona antes de haver regresso estrutural do órgão. Demora 24h para acontecer Luteólise estrutural Degeneração dos capilares que nutriam o CL, com redução do fluxo sanguíneo e isquemia, hipoxia e morte celular. Com morte celular há liberação de mediadores que atraem macrófagos, fibroblastos e linfócitos, com fagocitose e substituição por tecido conjuntivo, formando o corpo albicans. Demora 48h para acontecer O diagnóstico gestacional pode ser feito com ultrassom aos 28 dias (já vê a vesícula embrionária do feto e já tem batimento cardíaco). Com ultrassom doppler já é possível diagnosticar com 20 – 21 dias. Ele não se baseia nas características uterinas para diagnosticar gestação, ele se baseia nas características do corpo lúteo. Se passar ultrassom numa vaca com 21 dias pós inseminação e ver muita vascularização no CL (tecnologia que o doppler tem), indica que não houve luteólise (isquemia).
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