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Medicina Felina Apostila

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APOSTILA - PARTE 1
MEDICINA FELINA: 
7 vidas de cuidados
Veterinarius E.J.
Apostila - "Medicina Felina: 7 vidas de cuidados"
Autor: Veterinarius Empresa Júnior, vinculada à Universidade Federal de Viçosa
Junho de 2021
Colaboradores:
Alana Souza Câmara
Ana Maria Barros Marques 
Daiene Gaione Costa
Inara Vitória Cunha de Cássio
Isabella Cristina Rocha Fernandes 
Isabella Velasco Barbosa Garcia 
Júlia Pandolfi Rocha 
Lauren Cardinelli Gerheim de Vasconcellos
Mariana Lourdes Tibério Pereira 
Mariana Santos Leite Quaresma 
Maria Paula dos Santos Ribeiro
Pedro Vieira Monteiro 
Vitória Régia Melo Silva
Revisão: 
Alana Souza Câmara 
Gabriela Castro Lopes Evangelista
Lorraine Rossi Signorelli Machado Dornelas
Luís Felipe de Moura Pedrosa
Mariana Silva Leite
Edição e arte: Lauren Cardinelli Gerheim de Vasconcellos
Orientação: Professor Doutor Artur Kanadani Campos
Introdução à domesticação do gato ....................................................................... pág. 3
Dicas gerais de como conquistar a confiança do gato ....................................... pág. 3
Aspectos importantes na convivência com os felinos......................................... pág. 5
Comparação entre gato doméstico e gato selvagem ......................................... pág. 10
Hábitos alimentares dos felinos: animais carnívoros .......................................... pág. 11
Comportamento natural da espécie ....................................................................... pág. 12
Necessidades de cada fase de vida ......................................................................... pág. 22
Comportamentos esperados dos gatos ................................................................ pág. 29
Manejo amigável do felino .......................................................................................... pág. 39
Abordagem do felino na rotina clínica ..................................................................... pág. 40
Orientações ao tutor sobre preparação dos pacientes ...................................... pág. 44
Introdução ...................................................................................................................... pág. 47
Importantes doenças prevenidas pela vacinação ................................................ pág. 48
As três classes de vacinas ........................................................................................... pág. 52
Classificações da vacina felina ................................................................................... pág. 53
Vacinas disponíveis ....................................................................................................... pág. 57
Importância e orientações ao médico veterinário ................................................ pág. 61
Local de aplicação ......................................................................................................... pág. 63
Sarcoma de aplicação .................................................................................................. pág. 67
Efeitos colaterais da vacina ......................................................................................... pág. 71
Módulo 1 - Processo de domesticação e aspectos comportamentais
Módulo 2 - Abordagem do paciente felino
Módulo 3 - Vacinação 
.
SUMÁRIO
Alimentação úmida vs. seca....................................................................................... pág. 74
Perigos da ração a granel .......................................................................................... pág. 76
Aspectos essenciais das rações para gatos .......................................................... pág. 77
Obesidade ..................................................................................................................... pág. 79 
Ingestão de água ......................................................................................................... pág. 83
Gratificação, comedouros alternativos e enriquecimento alimentar ............. pág. 85
Enriquecimento ambiental e bem-estar animal .................................................. pág. 88
Estresse de coleta ........................................................................................................ pág. 95
Tipo de material e técnica de coleta ........................................................................ pág. 96
Erros pré-analíticos ...................................................................................................... pág.106
Doenças infecciosas .................................................................................................... pág. 109
Doenças dermatológicas ............................................................................................ pág. 124
Endocrinopatias ............................................................................................................ pág. 129
Doenças cardiovasculares ......................................................................................... pág. 139
Doenças gastrointestinais .......................................................................................... pág. 144
Doenças respiratórias ................................................................................................. pág. 148
Doenças do trato urinário .......................................................................................... pág. 151
Distúrbios musculoesqueléticos ............................................................................... pág. 160
Módulo 4 - Manejo nutricional
Módulo 5 - Análise laboratorial
Módulo 6 - Doenças 
Referências ................................................................................. pág. 164
SUMÁRIO
Módulo 1 - Processo de Domesticação e
Aspectos Comportamentais
 
3
Introdução à domesticação do gato 
 Os gatos possuem uma fama errônea de serem imprevisíveis, pois já se
compreende que são verdadeiros apreciadores da rotina, apesar de
manifestarem ocasionalmente comportamentos um tanto peculiares.
Sabe-se também que esses animais possuem características próprias bem
marcantes e talvez sejam essas particularidades que tornam a convivência
com um gato uma experiência tão interessante, curiosa e encantadora.
Dessa forma, vamos apresentar algumas dicas de como conviver com
esses animais, aprendendo a respeitar a individualidade de cada um e
tornando a relação entre tutor e pet cada vez melhor.
Dicas gerais de como conquistar a confiança do gato
 1. Respeite o espaço dele
 Com uma convivência harmoniosa, tem-se o respeito às características
individuais de cada felino. Uns gostam mais de carinho, outros são mais
solitários. É preciso estar atento à personalidade e aos anseios de cada
felino e só se consegue isso através de tempo, respeito e muita calma
durante o convívio. Se você não entende quem é seu gatinho e do que ele
gosta, pode piorar essa relação, mesmo que tenha a intenção genuína de
agradar.
 Não há problema em pegar o gato no colo, se ele gostar disso. A dica é:
atenção às reações após um contato. O gato demonstra satisfação e gosta
do que está sendo feito? Então pode ser feito. O gato demonstra medo,
ansiedade, agressividade? Então não deve ser feito nunca mais. O melhor
que você pode fazer é ficar no mesmo espaço que ele e deixar que ele se
aproxime, uma vez que isso dá sensação de controle para ele.
 Para isso, é interessante sentar no mesmo cômodo, de preferência de
costas ou de lado para parecer menos agressivo. Deve-se evitar olhar
diretamente para os olhos deles (isso soa ameaçador para um gato) e é
fundamental manter a calma e realizar atividades habituais e tranquilas 
 
4
durante a interação. É imprescindível que o gato se sinta à vontade para
iniciar o contato com o humano. Enquanto aguarda, uma boa alternativa é
ouvir uma música tranquila, ter no ambiente um análogo sintético de
feromônio felino, uma caminha confortável e brinquedos.
 Pode ser necessário vários dias até que o gato comece a se habituare a
criar confiança, demonstrando estar pronto para iniciar o contato. Não é
aconselhável acelerar ou perder a paciência, uma vez que essa fase é
crucial para os próximos passos. Uma dica é deixar algo com o seu cheiro
no mesmo cômodo que o gatinho, como uma blusa. Assim, ele pode se
acostumar com o cheiro aos poucos.
 2. Torne o ambiente seguro
 Para que um animal confie em você, ele precisa confiar no ambiente em
que se encontra para, assim, se sentir seguro. Um gato amedrontado tende
a se esconder e a evitar contatos, podendo ficar encurralado em móveis.
Para incentivá-lo a sair, você precisa oferecer alternativas que ele considere
seguras, como tocas, caixas de papelão, túneis e prateleiras.
 
 Posicione os esconderijos em locais estratégicos, como perto de uma
janela, num cantinho que bata sol, perto de onde você vai ficar. Priorize
tocas que tenham duas saídas e evite colocar em cantos nos quais o gato
poderia se sentir encurralado, ou seja, é importante que ele saiba que tem
uma rota de fuga.
 3. Use comida
 Petiscos, sachês e até a própria ração, podem ser boas opções, desde que
usadas com moderação. Comer é um hábito agradável para o gato e pode
ser associado a você. Faça um caminho de petiscos pelo chão ou deixe um
pratinho de sachê atrás de você quando estiver no cômodo. Lembra aquela
blusa com o seu cheiro do item 1? É uma ótima ideia colocar uma comida
perto dela!
 Quando o gato finalmente se aproximar, dê-lhe alguma recompensa, por
exemplo carinhos físicos e verbais, petiscos e brinquedos. Assim, ele irá 
5
perceber que chegar perto de você é algo positivo.
4. Brinque
 Quando se trata de gatos, pode-se dizer que brincar é uma ótima opção.
Um gato realmente traumatizado dificilmente terá coragem de sair para
perseguir um brinquedo, mas, assim que ele começar a ganhar confiança,
mantenha-o ativo.
 Tenha bons brinquedos, principalmente os de vara, penas e fitilhos, que
são de grande atração para os felinos e tente incentivá-lo a sair do
esconderijo para perseguir a presa. Certifique-se de que ele consiga pegar
o brinquedo algumas vezes e deixe-o curtir por um tempo antes de guardá-
lo.
Aspectos importantes na convivência com os felinos
QUAIS OS TIPOS DE RAÇÕES EXISTENTES?
 Temos dois tipos básicos de refeição para eles, as secas e as úmidas, e
devemos utilizá-las de forma que isso traga interesse pelo felino em comer
essa ração. Porém, deve-se atentar ao fato de que não são todos os gatos
que gostam de variedade na comida. Geralmente os que gostam foram
apresentados a diversas texturas e sabores durante a fase de
neuroplasticidade, que vai da segunda à oitava semana de vida do gato.
 A ração seca:
 Sua principal vantagem é por ser um alimento completo e balanceado.
Existem diversas apresentações no mercado, de diversos sabores e preços,
para cada necessidade que o felino possa ter. Outra vantagem é a
durabilidade, durando muito mais tempo do que as rações úmidas, que
uma vez abertas e não consumidas por um curto período de tempo, devem
ser descartadas.
 A ração úmida:
 A vantagem é que ela possui muita água em sua composição, além de ser
mais palatável; sendo assim, “mais saborosa”. No entanto, como
desvantagem, apresenta maior predisposição ao desenvolvimento de
acúmulo de placas bacterianas nos dentes, o que pode resultar em tártaro.
 Por fim, ao pensar nos alimentos dos gatos, o que você deve ter em
mente é a idade do felino, seu estilo de vida e se há alguma patologia.
Consulte o seu médico veterinário de confiança sobre isso e selecione a
opção ideal para você e seu bichano.
AS UNHAS DO GATO DEVEM SER CORTADAS?
 Os felinos que vivem na natureza e até mesmo os que têm contato com
as ruas conseguem desgastar e/ou afiar suas unhas naturalmente. Por esse
motivo, gatos que vivem indoor devem ter arranhadores de diferentes
tamanhos e em diferentes sentidos (horizontal e vertical). No geral, não há
necessidade de cortar as unhas se o felino consegue realizar esse hábito. Já
os que vivem somente dentro de casa e não conseguem desgastá-las o
suficiente, é indicado o corte, principalmente nos gatos mais idosos que
têm dificuldade em realizar seus cuidados próprios devido às doenças
articulares. 
 Quando estiver pronto(a) para cortar as unhas dele, separe as
ferramentas necessárias: cortador de unhas para gatos e uma toalha
grossa. Comece brincando com as patas de seu gato para que ele se
acostume a ter pessoas tocando em seus dedos. Aperte com gentileza a
parte acolchoada para expor as unhas, trate-o bem, falando de forma
suave enquanto trabalha, sente-se no chão ou em uma cadeira e segure
seu gato com o dorso dele apoiado em seu colo, para que consiga segurar
uma pata com uma das mãos e o cortador com a outra. Se seu gato lutar
demasiadamente nessa posição ou tentar lhe arranhar, envolva-o na toalha
grossa, expondo a cabeça e a pata, segurando firme. Posicione seu polegar
6
no topo da pata e seus outros
dedos debaixo dela e pressione
um pouco para expor as garras.
Corte a ponta de cada garra,
incluindo a do dedo do lado.
Não corte a parte branca, e
tenha cuidado para evitar a veia
que há em cada garra.
Imagem 1: unha de gato com descrição dos
elementos; área sensível, unha e linha de corte. 
7
DAR BANHO NO GATO É NECESSÁRIO?
 Gatos são extremamente conscientes da higiene pessoal, gostam de exibir
uma pelagem limpa e bem cuidada, por isso se limpam por meio de
lambidas durante todo o dia. Mas sabe-se que algumas experiências que os
gatos resolvam experimentar podem ser um tanto caóticas, como o contato
com uma substância oleosa ou grudenta, o que pode demandar uma
intervenção humana. Apesar disso, a maioria dos gatos não precisa ser
banhada. Uma boa escovação (diariamente, para felinos peludos, e menos
regularmente para gatos de pelagem curta) ajuda a manter saudáveis a pele
e o pelo. 
 Se o animal estiver com forte odor, tente usar xampu ou mousse a seco
ou lenços sem perfume e sem álcool, em vez de submetê-lo a um banho
completo. Se você perceber que o gato realmente precisa tomar um banho,
comece enchendo a pia ou a banheira com água na temperatura ambiente,
apenas o suficiente para molhar as patas. Use um copo para jogar água no
dorso (a torneira pode ser assustadora), faça uma massagem gentil, seque
com a toalha e deixe-o ir embora. Acostume-o a sessões curtas sem xampu,
então adicione, gradualmente, uma rápida massagem com a espuma do
xampu e lave tudo.
A IMPORTÂNCIA DE BRINCAR COM O GATO:
 Assim como peixes têm o corpo adaptado para nadar e pássaros para
voar, os gatos têm o corpo adaptado para caçar. Boa parte do físico de um
gato tem relação com a caça: dentes e garras de predador, patas com
almofadas silenciosas, nariz 40 vezes mais potente que o humano, olhos
que enxergam no escuro, orelhas rotativas que captam o ultrassom emitido
pela presa, bigodes que detectam movimento apenas pela vibração do ar,
dentre outros. Porém, no ambiente domiciliar ocorre uma redução dessas
características naturais, que precisam ser constantemente estimuladas.
Uma boa alternativa é realizar brincadeiras interativas.
 Um gato sem caçar ou brincar é como um peixe que não pode nadar ou
um passarinho impedido de voar. As consequências físicas e psicológicas
disso são inúmeras, desde depressão, apatia, medo, ansiedade, compulsões, 
 
Mas atenção: é muito importante que o gato consiga pegar a presa
algumas vezes. Ela pode até escapar de novo, mas ele precisa sentir que
realizou a tarefa. Por este motivo, brincar com um laser é interessante se
ao final você recompensá-lo com sachês de comida, por exemplo.
COMO DAR REMÉDIO PARA O GATO?
O ideal é dar comprimido ao gato com
auxílio de mais uma pessoa, para que
uma possa segurar o animal, enquanto a
outra administra o medicamento. Se isso
não for possível, outra opção é sentar-se
e segurá-lo entre as pernas.
8
até mesmo obesidade e problemas de comportamento, mesmo que
nenhum desses sintomas seja percebido pelo proprietário. 
 Por isso a brincadeira interativa
é fundamental,tanto quanto
água, ração e proteção. Enquanto
os últimos contribuem para a
saúde física, as brincadeiras
atuam na saúde mental, o que,
por consequência, sempre acaba
refletindo no corpo também.
Imagem 2: mulher brincando com uma vareta, interagindo
com um gato
Com a mão esquerda, segure
firmemente a mandíbula do gato,
passando sua mão por trás da cabeça,
segurando na região da nuca do felino.
 Erga a cabeça do gato em aproximadamente
45º e com os dedos ou um aplicador,
coloque o comprimido dentro da boca do
animal, o mais próximo da base da língua
possível. Após a administração, segure a
boca do gato fechada e espere que ele
realize a deglutição.
 
Imagens 3 a 7: desenhos de gatos demonstrando a melhor forma de administração de remédios para felinos
domésticos.
 
COMO IDENTIFICAR PATOLOGIAS NO GATO?
 Os gatos frequentemente escondem sinais de dor, fraqueza e/ou
machucados e por isso é necessário ficar atento(a) para alguns pontos que
podem indicar problemas de saúde no felino e, para isso, o tutor deve estar
sintonizado a quaisquer indicações sutis. Aqui estão algumas pistas para
buscar e relatar ao veterinário.
 
9
 Para ter certeza de que o comprimido foi
ingerido, observe se o gato lambe o nariz
depois desse processo. Em grande parte
dos casos ele vai lamber o nariz depois
de engolir, pois faz parte do reflexo
natural de deglutição natural.
 
 Depois da administração do comprimido,
o ideal é dar um reforço positivo para o
gato, como um petisco, para que ele
associe o comprimido a algo bom e não
tente fugir na próxima tentativa.
 
Excreção em locais não
habituais.
Mudanças nos hábitos
alimentares.
Começar a ingerir lixo
repentinamente. 
Perda de peso considerável.
Mau hálito. 
Mudanças no nível normal
de atividade.
Mudanças nos hábitos de
sono.
Mudanças nas interações
sociais.
Mudanças nos hábitos de
limpeza.
Esconder-se e recusar
atenção constantemente.
 
10
Comparação entre gato doméstico e selvagem
Imagem 8: comparação de medidas básicas entre um gato
doméstico e um gato selvagem africano.
 Inicialmente, deve-se entender
a diferença entre um animal
selvagem e um doméstico:
 Selvagem é o animal que não
foi domesticado pelo homem e
vive em estado selvagem na
natureza, habitando seu
ecossistema de origem e
constituindo populações que
estão sujeitas à seleção natural.
 Doméstico é o animal cuja espécie descende de um ancestral selvagem
(como os cães dos lobos) mas que passou por uma seleção artificial para
conviver conosco. Esses animais apresentam diferenças significativas em
seu comportamento, anatomia e genética em relação aos ancestrais
selvagens. Por isso, muitos tornam-se dependentes das pessoas e têm
dificuldade em sobreviver sozinhos.
 Os gatos são considerados animais “semidomésticos”, já que optaram por
viver perto das pessoas mas não passaram por uma seleção artificial como
a dos cães. Isso quer dizer que eles, em sua maioria, gostam de conviver
conosco e adoram uma cama quentinha, mas também mantêm seus
instintos selvagens. O DNA deles, inclusive, é muito semelhante ao DNA de
seus ancestrais selvagens, o gato selvagem africano.
11
Hábitos alimentares dos felinos
GOSTO NÃO É TUDO
 Gatos têm a reputação de serem comedores meticulosos e há uma
explicação científica para isso. Eles têm apenas 473 papilas gustativas em
comparação as mais de 9 mil que os seres humanos têm. Assim, pelo fato
de as papilas gustativas dos felinos serem menores em número e
pobremente desenvolvidas, os gatos dependem mais do olfato que do
paladar. Eles não adotam o lema canino de “comer primeiro, perguntar
depois” quando se trata de comida.
O PODER DA PROTEÍNA
 Você pode se perguntar se há problema em alimentar seu gato com
comida para cachorro. A resposta é: com certeza. Cães e gatos têm
diferentes necessidades alimentares. A ração canina não possui alguns
nutrientes que os gatos precisam, como a taurina. Esse aminoácido é
necessário para a saúde dos olhos dos gatos, pois digere gorduras e
mantém os músculos cardíacos saudáveis. Gatos são carnívoros e cães são
onívoros. Isso significa que gatos precisam de maior quantidade de
proteína animal que cães. Algumas mordidas no prato do cachorro não fará
mal, mas garanta que a principal refeição de seu gato seja ração para
felinos, não comida para cães.
DEIXAR A COMIDA À VONTADE OU PROGRAMAR HORÁRIOS
ESPECÍFICOS PARA ALIMENTAÇÃO?
 Muitos gatos, não importa se vivem sozinhos ou com outros, parecem se
dar bem com a comida à vontade. Comem a quantidade de que precisam e
param, ficando mais confortáveis em mordiscar dez a vinte vezes ao dia.
Alguns gatos, no entanto, enxergam a comida à vontade como um bufê
ininterrupto e se enchem até extrapolar o limite. Por isso, é fundamental
observar o comportamento do felino e, a partir de seus hábitos, definir o
que é mais apropriado para o oferecimento da comida.
LEITE
 Embora muitas pessoas acreditem que gatos e leite combinam, assim
como os ratos e o queijo, médicos veterinários são contra o ato de fornecer
ao gato um grande pires de leite. Gatos adultos não produzem lactase
suficiente para digerirem de maneira adequada a lactose encontrada no
leite. Mesmo em pouca quantidade, o leite pode provocar alterações no
trato gastrointestinal, como diarreia e vômito.
Comportamento natural da espécie
 Segundo uma pesquisa feita pela Faculdade de Medicina Veterinária da
Universidade de São Paulo (USP), quase 20% dos domicílios brasileiros
possuem pelo menos um gato de estimação e, destes, 45% consideram o
animal como um “filho”. 
12
 Essa relação entre humanos e felinos
começou a se desenvolver há milhares
de anos. Segundo registros
antropológicos, a domesticação dos
gatos se iniciou há mais de nove mil
anos, na revolução neolítica, quando o
homem deixou seus hábitos nômades e
caçadores para algo mais sedentário e
agrícola. Nessa fase, a espécie
precursora Felis lybica já despertava
interesse pelo seu comportamento
único, carismático, independente e
superior; perpetuando-se como um dos
animais mais presentes em nosso
cotidiano.
Imagem: gato-selvagem-africano, Felis silvestris
lybica.
 Contudo, o termo “domesticação” é algo muito discutível entre autores
até os dias de hoje. Segundo alguns, os felinos passaram por um processo
de “autodomesticação”, já que os humanos influenciaram pouco ou nada
nessas mudanças. Outros autores afirmam que o mais correto é dizer que
os felinos ainda estão em um longo processo de domesticação, visto que as 
 
suas características comportamentais e adaptativas estão ainda muito
relacionadas às características dos seus ascendentes.
 O comportamento dos felinos também está relacionado a outros fatores
além da evolução, como eventos embrionários e fetais, questões
hereditárias, sociais, ambientais e sobre a habilidade materna.
ORIGEM E DOMESTICAÇÃO DOS FELINOS
 Segundo a "Teoria da Evolução" de Charles Darwin, os gatos descendem
da família Felidae, mais especificamente do gênero Felis. A espécie Felis
lybica foi classificada como subespécie da atual Felis catus após análise
filogenética, devido a padrões genéticos semelhantes e ao maior potencial
de domesticação em comparação com outros felídeos africanos. Esse
possível precursor do gato doméstico moderno costumava viver em regiões
como o Oriente Médio e África.
13
Imagem: as subespécies dos felinos e suas áreas de origem
 Dessa forma, diferente
do que muitos pensam, a
relação entre felinos e
humanos começou a ser
concretizada na Ásia e
norte da África bem antes
do Império Egípcio existir.
Segundo estudos, a
escolha por uma local fixo
de moradia pelo homem
ainda na Era Neolítica
levou a um aumento
significativo de roedores,
criando um atrativo para 
 
a instalação dos felinos nesses locais.
 Com o tempo, a proximidade entre as duas espécies foi aumentando e
ambas foram beneficiadas. Os gatos passaram a ter maior chance de
sobrevivência e melhor desempenho produtivo, e o homem tinha seu
estoque de alimento preservado dos ratos. Essa aproximação foi registrada
em inúmeros artefatoshistóricos egípcios, como amuletos e referências
que demonstram o animal em momentos de caça, em cerca de 2300 a.C.
14
Imagem: múmias de gatos encontradas no Egito.
 Lá, o animal era adorado
como um deus, considerado
como animal sagrado e até
mumificado por famílias
ricas. Essa herança seguiu
presente na cultura grega e
romana e, a partir daí, o
animal conquistou outras
sociedades.
Fatores pré-natais: 
 Na Idade Média, entretanto, os gatos começaram a ser associados à
bruxaria, principalmente os de coloração preta que, segundo declaração do
papa Gregório IX, seriam relacionados ao “demônio”. Na Europa, o animal
também começou a ser associado à peste negra, devido à transmissão
ainda não conhecida pela pulga do rato.
 Este período de baixa popularidade da espécie felina teve fim apenas na
metade do século XVIII, quando voltaram a conviver com os humanos pelo
fácil tratamento e pela beleza. A partir daí, consolidaram-se como animais
de companhia para os seres humanos, tal qual vemos em nossa sociedade
atual.
FATORES DO DESENVOLVIMENTO COMPORTAMENTAL DOS GATOS
 O desenvolvimento comportamental dos gatos se dá por uma complexa
relação entre fatores hereditários e ambientais:
 Ainda no útero, a nutrição e o ambiente em que a mãe vive podem refletir
no comportamento futuro do filhote. Segundo estudos (Gallo, 1980), gatas
que possuem restrição nutricional durante a gestação e lactação irão gerar
gatos mais emotivos e inquietos, menos interativos com a mãe e com o
ambiente. Além disso, a agressividade da mãe nesses casos resulta em
maiores problemas nos filhotes quanto ao desenvolvimento do Sistema
Nervoso Central e quanto ao desenvolvimento neonatal, como a sucção ao
mamar, abertura de olhos, crescimento, locomoção e interação.
 A presença da mãe também é de suma importância, já que o animal
nasce dependente dela para se alimentar, limpar, regular sua temperatura
e outras atividades básicas. Outros estudos (Seitz, 1959) afirmam que
filhotes separados das mães antes de duas semanas de vida demoram
mais para se recuperar de estímulos intensos e apresentam dificuldades de
aprendizado.
Desenvolvimento após o nascimento:
 
 Os gatos possuem períodos de desenvolvimento pós-nascimento mais
curtos que o dos cães. Esses se dividem em etapa neonatal (0-7 dias),
transição (7-14 dias), socialização (14 dias a 7 semanas), juvenil (7 semanas
a 19 ou 23 semanas – maturidade sexual) e adulta (após a maturidade
sexual).
 Nas primeiras fases, o vínculo do gatinho com a mãe é a principal forma
de aprendizado comportamental pela observação. A partir da etapa de
socialização, o animal passa a ter maior independência em relação à mãe, e
avança para sequências comportamentais mais complexas ao desenvolver 
15
 Já os fatores genéticos
paternos influenciam no
temperamento do filhote.
Segundo estudos (McCune,
1995), machos mais sociáveis
geram filhos com menos
problemas comportamentais,
mais exploradores e
sociáveis. Imagem: a nutrição e o ambiente em que a mãe vive podem refletir
no comportamento do filhote. 
relações pessoais com outros
animais. Por fim, com o
amadurecimento sexual, o animal
se torna adulto e busca pela
reprodução e defesa territorial. A
maturidade social ocorre com
cerca de 36 a 48 semanas de
idade.
Imagem: nas primeiras fases, o vínculo do gatinho com a
mãe é a principal forma de aprendizado comportamental
pela observação.
COMPORTAMENTO E ORGANIZAÇÃO SOCIAL DOS FELINOS
 Como explicado anteriormente, o processo de domesticação dos gatos se
relaciona com o desenvolvimento da agricultura pelo homem e com uma
alta concentração de recursos alimentares. Dessa forma, como a densidade
populacional de uma colônia de gatos é ligada principalmente à quantidade
de alimentos disponíveis, os felinos criaram grupos populacionais
complexos logo em suas primeiras organizações.
 Gatos são naturalmente sociáveis, mas podem viver de forma
independente conforme as características do ambiente em que vivem
(como quantidade de alimento, dominância, sexo dos outros animais, por
exemplo.). Por isso, eles são considerados “caçadores solitários”, devido a
suas altas necessidades energéticas. Viver em grupo apresenta, porém,
maiores benefícios do que viver em isolamento, o que faz com que os gatos
desenvolvam fases gregárias que são responsáveis pelas interações no
ambiente em que os animais vivem.
 As relações dos gatos em uma colônia formam combinações e interações
únicas, que se tornam responsáveis pela formação da personalidade
individual de cada um de seus membros. Alguns hábitos reforçam a
identidade criada ali, como lamber uns aos outros, deitar-se juntos e
esfregar-se sobre diferentes superfícies de forma a disseminar o odor
característico dos membros daquele grupo.
16
Imagem: colônia de Gatos.
COMPORTAMENTO ALIMENTAR DOS GATOS
 O gato doméstico mantém muitos hábitos alimentares de seus
antepassados. Como o precursor Felis lybica vivia em regiões de clima árido,
a ingestão de nutrientes e água dependia da caça de pequenos animais
como camundongos, satisfazendo suas necessidades hídricas, nutricionais
e energéticas.
 
17
 Dessa forma, o gato é
classificado como carnívoro
estrito ou obrigatório, e
portanto, possui adaptações
anatômicas, nutricionais e
fisiológicas para se abastecer
com essa dieta de alto valor
proteico, baixo conteúdo de
carboidratos, níveis
moderados de gordura e alta
umidade.
Imagem: a ingestão de nutrientes e água dependia da caça
de pequenos animais como camundongos.
Características instintivas:
 Os padrões específicos do comportamento alimentar felino vem de
comportamentos instintivos e adquiridos:
Os felinos apresentam alta
atividade noturna devido à
grande vulnerabilidade das
presas durante a noite. Além
disso, seus sentidos são
altamente especializados,
sua anatomia é específica e o
seu comportamento
predatório é intenso.
Imagem: apresentam anatomia específica ao comportamento noturno.
 Por seu alto requerimento diário, os gatos devem caçar inúmeras vezes
ao dia. O gasto energético com essas atividades predatórias (6-8 horas 
 
Características adquiridas:
diárias) é muito grande, e por isso esses animais desenvolveram o hábito
de cochilar várias vezes ao dia, podendo chegar a 16 horas totais.
 Também seguindo seu comportamento natural, os gatos tendem a se
alimentar de 6 a 20 vezes ao dia em pequenas refeições, mesmo para
aqueles animais com dieta ofertada. Isso reforça a necessidade de uma
alimentação controlada, e não ad libitum (à vontade), buscando evitar
problemas em dois extremos: obesidade e anorexia.
 Segundo estudos (Faraco et al., 2013), as preferências gustativas dos
gatos filhotes estão ligadas à composição do líquido amniótico durante a
gravidez e, consequentemente, com as substâncias absorvidas pela mãe
durante a fase de gestação e lactação. Essas preferências seguem se
formando no período de desmame (1º ao 6º mês de vida), quando há maior
aceitabilidade a novos sabores que serão introduzidos pela mãe. Dessa
forma, os filhotes acabam reproduzindo os hábitos alimentares maternos.
 Quando não há presença da mãe nesse processo, estudos
(Zernicki&Stasiak, 2000) afirmam que felinos domésticos têm menor 
18
Imagem: as preferências gustativas dos filhotes estão ligadas à
composição do líquido amniótico e com as substâncias absorvidas
pela mãe durante a fase de gestação e lactação.
capacidade de percepção do
gosto do alimento. Além
disso, há fatores genéticos
que também influenciam nas
predileções individuais,
motivo pelo qual alguns
gatos que recebem dietas
idênticas durante o período
receptivo de palatividade
podem apresentar
preferências alimentares
distintas.
 
COMPORTAMENTO HIGIÊNICO DOS FELINOS
 Os gatos passam grande parte do seu tempo de vigília realizando
autolimpeza com a língua, dentes e membros. Esse comportamento é uma 
de suas principais atividades, e ocorre antes do repouso, após refeições,
em período de sono, momentos de estresse e como forma de evitar brigas. 
 
 Na primeira semanade vida,
os gatinhos são lambidos por
suas mães com o objetivo de
manter sua saúde, removendo
sujidades, pelos soltos e
ectoparasitos, estimulando
micção e defecação. Ao
aprender esse ritual, o gatinho
passa a iniciar essas práticas
por conta própria quando
chega a duas semanas de vida. 
 Por fim, quando adulto, o animal passa a gastar de 30 a 50% do seu
tempo com essa prática.
COMPORTAMENTO ELIMINATÓRIO
 Os comportamentos eliminatórios dos gatos consistem na eliminação de
urina e fezes e estão ligados a cerca de 60% dos possíveis transtornos
comportamentais relatados na rotina clínica de felinos; ou também
relacionados a patologias. O ato de “borrifar” a urina (spraying) e urinar ou
defecar fora da caixinha de areia pode ocorrer como forma de demarcação
territorial, comunicação social e sexual e por preferência do animal. O local
de eliminação deve estar sempre adequado ao nível de limpeza, tipo de
bandeja e material utilizado como substrato.
 
Imagem: as mães lambem os filhotes para remover as sujidades
e manter sua saúde. 
19
Imagem: Gato Selvagem Africano, Felis lybica, em habitat natural
– Deserto de Kalahari, África do Sul.
 Esses hábitos também foram
herdados de seu precursor, o
gato doméstico Felis lybica.
Como este vivia originalmente
em regiões desérticas, a baixa
ingestão de água a que estava
habituado fez com que sua
anatomia e fisiologia se
adaptassem. 
 Os gatos apresentam urina concentrada que é eliminada em baixo
volume (20-40 mL/kg/dia) e frequência (três vezes ao dia em média). Além
disso, a alta atividade noturna dos felinos leva a uma maior ocorrência de
micção no período da manhã.
 Outro reflexo do comportamento primitivo é a lambedura da região
perineal pela gata mãe (reflexo anogenital), com objetivo de estimular a
eliminação de excretas. Nesse momento, a mãe acaba ingerindo-as e,
segundo alguns autores, essa é uma maneira de evitar odores atrativos
para os predadores e perpetuar a espécie.
 
20
 O ato de enterrar excretas na
fase adulta também segue esta
mesma lógica. É uma atividade de
grande gasto energético e de
tempo. Fêmeas são mais
meticulosas nesse processo, pois
têm o intuito de ocultar
completamente os odores de
outros felinos e animais de outras
espécies.
Imagem: o ato de enterrar as próprias fezes tem o intuito de
evitar odores atrativos para predadores.
 Já o spraying, além de ser uma forma de eliminação fisiológica da urina,
serve também como meio de comunicação. O animal adota postura
diferente da usual, em pé, com cauda erguida e direcionando a urina em
superfícies verticais, de forma que a urina seja projetada sob uma maior
área e que os odores fiquem na altura da cabeça dos felinos que passam
pelo local. A marcação de território pela borrifação apresenta menores
volumes em comparação com o ato fisiológico, não há enterramento da
excreta e ocorre com maior frequência.
 Na urina, serão encontradas grandes
quantidades de felinina, um aminoácido
exclusivo do gato doméstico e de linces, e
que é precursor de feromônios. O odor irá
indicar o status social ou sexual do animal.
 Os outros felinos irão responder por meio
do flehmen ou gape (semi abertura da boca,
indicando ação do órgão vomeronasal),
captando os feromônios e interpretando-os. Imagem: reflexo de Flehmen.
COMPORTAMENTO SEXUAL DOS FELINOS
 O ciclo reprodutivo dos felinos tem influência da duração das horas de
luz do dia. Em períodos de dias mais longos (primavera e verão), inicia-se a
temporada reprodutiva, marcada por inúmeras repetições de cio e
elementos comportamentais. O ciclo estral da fêmea dura de 14 a 20 dias.
 As gatas domésticas tendem a atingir a puberdade entre 5 e 9 semanas
de vida, sendo essa data influenciada pela raça, peso corporal, presença de
machos na colônia e fotoperíodo. Já os machos, atingem a maturidade
sexual completa entre o 9º e 10º mês de vida, podendo apresentar
comportamentos sexuais a partir do 4º mês devido a ação da testosterona
no Sistema Nervoso Central.
 No estro, as fêmeas demonstram a maior parte de seus padrões
comportamentais voltados à reprodução: vocalizam com mais frequência e
21
por mais tempo, ficam mais agitadas,
seu apetite diminui, ronronam,
friccionam-se em objetos, apresentam
micção mais frequente e postura de
cio (lordose, agachamento, cauda
lateralizada, membros torácicos
pressionados no chão e membros
pélvicos alternando em extensão).
Imagem: postura de cio.
 Já os machos são atraídos pelos
feromônios eliminados pela fêmea
e iniciam seu comportamento de
corte: demarcação de território,
comportamentos de dominância e
intimidação (como luta, por
exemplo) e vocalização em altas
frequências sonoras.
Imagem: acasalamento felino.
22
Necessidades de cada fase de vida
 O comportamento e as necessidades felinas muitas vezes são
desconhecidos pelos tutores de gatos. Isso pode comprometer não apenas
a qualidade de vida do animal, como também pode estar relacionado à
saúde do gato, o que pode favorecer o desenvolvimento de doenças.
Geralmente, esses tutores apenas levam seus gatos ao médico veterinário
quando já se encontram em situações extremas, decorrentes de alterações
comportamentais significativas, designadas agressivas ou inapropriadas
pelo tutor. Esses comportamentos podem resultar em abandono e
eutanásia, o que é extremamente injusto com os felinos.
 Além disso, sabe-se que a espécie felina é estoica, ou seja, são seres
acostumados a “esconder a dor”, porque na natureza são presas fáceis.
Agindo assim demonstram menos suscetibilidade aos predadores e se
protegem.
 Desse modo, é nossa função, como médicos veterinários, orientar os
tutores a respeito das necessidades da espécie que, quando não
respeitadas, podem comprometer não somente o relacionamento tutor-
animal, mas também a saúde do felino. Portanto, precisa-se ter
conhecimento das necessidades ambientais do animal para que se forneça
uma vida saudável e de qualidade. 
 Felinos são animais que, devido ao comportamento ancestral selvagem,
sobrevivem de caças solitárias, evitando e escapando de possíveis ameaças
por meio de caças em territórios familiares, garantindo, assim, sua
segurança. Dessa maneira, quando ameaçados, agem de acordo com a
premissa “luta ou fuga”, sendo o primeiro método de defesa que deve ser
evitado (que acontece quando se leva o animal em lugares desconhecidos,
como a clínica veterinária, ou mesmo quando se coloca um novo gato em
seu ambiente familiar, por exemplo). Também, como mecanismo de defesa,
os animais não costumam demonstrar sinais clínicos, como dor,
dificultando, assim, a detecção de doenças. Por isso a importância da
orientação aos tutores quanto à medicina preventiva desses animais e aos
exames de rotina, a fim de detectar precocemente possíveis enfermidades. 
23
 Socialmente, os felinos conseguem sobreviver em conjunto com outros
gatos (em colônias), quando os recursos estão bem disponíveis, e, quando
solitários, sobrevivem em busca dos recursos em maiores territórios.
Quando os felinos convivem com outros animais, a preferência deve ser
por animais da mesma espécie, podendo conviver em harmonia,
geralmente dormindo e brincando juntos. No entanto, caso as
necessidades ambientais não sejam atendidas, a convivência com outros
gatos pode se mostrar conflituosa e, às vezes, até mesmo agressiva.
 Não raro, há confusão por parte dos tutores quanto à convivência entre
os gatos residentes de uma casa. Por exemplo, se os gatos se alimentam
juntos, isso não quer dizer necessariamente que eles são grandes amigos.
Eles podem comer juntos porque não há outros recursos disponíveis para
eles em outros locais. Porém, isso não deve ser levado como regra. É
preciso observar e entender cada caso. Dessa forma, observa-se que o
gato pode separar horários distintos para a realização de suas atividades
em relação aos outros gatos na residência, a fim de garantir seu senso de
controle.
 Por isso, é importante ter múltiplos locais com os recursos necessários
de alimentação, ingestão hídrica, caixas de areiae locais de descanso, a fim
de que os gatos possam realizar suas atividades ao mesmo tempo, porém
em áreas distintas, reduzindo assim, competições por recursos, estresse e
mesmo o bullying entre os animais. 
 A introdução de novos gatos deve ser gradual, permitindo que o primeiro
morador felino sinta-se no controle (com recursos em múltiplos locais),
evitando comportamentos agressivos e estresse dele em relação aos gatos
introduzidos.
DICA: 
 Quando for adotar mais um gatinho, opte pela adoção de um animal
mais jovem. Os gatos adultos têm maior tolerância e aceitam melhor
filhotes em sua colônia do que gatos mais velhos. 
 Existem cinco pilares essenciais que devem ser estudados e levados em
conta no que se diz respeito a um ambiente saudável para seu felino,
sendo eles:
 LOCAL SEGURO
 Os gatos precisam de locais seguros, como locais elevados e com recursos
que lhes dê a sensação de possibilidade de reclusão e isolamento para que
garanta seu sentimento de segurança.
DICA: 
24
 Um local seguro pode ser
construído ou mesmo adquirido.
Pode ser feito com uma caixa de
papelão com uma abertura, e um
telhado, permitindo acesso fácil e
visualização pelo animal, garantindo
sua sensação de segurança. Também,
há a opção de comprar os poleiros,
que permitem que o felino se
alongue, ou instalar prateleiras, em
diferentes alturas, o que dará a
sensação de conforto, segurança,
controle e ainda funciona como
ótimo exercício físico. Ademais, a
caixa transportadora (como gaiolas
de arame abertas), utilizada
principalmente para levar o animal à
clínica, precisar ter o cheiro do
animal, e deve ser colocada como se
fosse uma mobília, deixando-a
disponível no ambiente para que o
gato entre e saia quando quiser e
possa até mesmo tirar umas sonecas
dentro dela. 
Imagem: ambiente (que pode ser criado em
casa com papelão) como local seguro à
espécie felina, por permitir que o animal se
esconda e tenha acesso ao local pelo
telhado construído.
Imagem: casinhas, caixas e camas são
importantes para acomodação, permitindo
conforto, segurança e controle pelos
felinos.
 RECURSOS AMBIENTAIS 
 Os felinos necessitam de recursos mínimos, como comida, água, caixas
sanitárias, brinquedos, locais para se alongar e dormir. Porém, esses
recursos não podem e não devem ser únicos, principalmente em
ambientes com mais de um gato. Assim, é interessante ter múltiplos locais
com esses recursos, permitindo que o animal se sinta seguro e evite brigas
e competições por recursos. Também é importante que os recursos não
sejam muito próximos uns dos outros (por exemplo, comida e água juntos),
sendo necessário que sejam separados e permitam que o animal procure
por eles e possa usufruir de forma individual. 
DICA: 
 Deixe os recursos em diversos locais do ambiente, inclusive em
ambientes externos (exceto alimentos a que outros animais consigam ter
acesso), para que os felinos possam alcançá-los, porém sem intimidações
por outro felino, evitando estresse e mesmo doenças. Por exemplo, caso
tenha dois gatos em casa, é importante ter 3 caixas de areia em locais
distintos da casa (o valor mínimo da quantidade de recursos é calculada
pela equação n+1). 
 BRINCADEIRAS E COMPORTAMENTO PREDADOR
Apesar dos felinos poderem conviver em colônias, eles são caçadores
solitários. Esse comportamento precisa ser respeitado, permitindo que o
animal tenha oportunidades, por meio de brincadeiras e interação com o
tutor, de realizar atividades pseudopredatórias a fim de conquistar seus
recursos de sobrevivência. O comportamento predador dos felinos
consiste em localizar, capturar, matar e preparar sua presa, sendo
atividades que consomem grande energia de seu dia, tanto física quanto
mental. 
DICAS: 
25
 Também são importantes
brincadeiras que possam
imitar esse comportamento
nos felinos, por meio de
varinhas com pelos, simulando
presas voando ou movendo-se
rapidamente, porém, sem
esquecer de permitir que o
animal pegue o brinquedo no
final, representando o
momento da captura ou
recompensando o animal com
petiscos. Esconder os
brinquedos em diversos locais
permite que o animal os
procure, e utilizar aqueles que
possam ser manipulados,
pelas patas e boca, estimula a
captura e manipulação da
“presa”. 
 
26
 Pode-se utilizar a comida para
despertar esse comportamento
predatório, escondendo-a em
diversos locais do ambiente
(incentivando a localização do
recurso pelo gato) ou mesmo
comedouros interativos, que
dificultem a fácil alimentação
(estimulando refeições pequenas
e frequentes).
Imagem: brinquedos interativos que podem ser
feitos em casa ou comprados, que incentivam o
comportamento normal predatório dos felinos.
Imagem: comedouros interativos que podem ser feitos em
casa ou comprados, a fim de estimular a cognição e os
instintos naturais do felino
Imagem: felino brincando com varinha, simulando presa no
comportamento de caça da espécie.
 INTERAÇÃO SOCIAL 
 Apesar do que muitos pensam, os gatos são sim animais que gostam de
interação social! Eles se beneficiam de interações sociais regulares e
amigáveis com os humanos e outros animais que tenham sido
devidamente socializados e adaptados. Principalmente com gatos jovens, o
manejo adequado de socialização leva a melhores interações sociais,
reduzindo o medo e estresse desses animais para com os humanos. No
entanto, esse contato varia de acordo com o gato, sendo algo individual
(cada animal determina seus gostos quanto às interações com os tutores,
por exemplo, quanto a acariciar, brincar ou ser pego), mas que, em alta
frequência e baixa intensidade com humanos, dá ao gato a sensação de
controle, em que ele pode iniciar, modular e até mesmo encerrar as
interações com seus tutores quando desejar.
DICA: 
 É primordial que não se force as interações com os felinos, possibilitando-
os que iniciem essa atividade, para que eles mantenham o controle da
situação. Inicie com contatos suaves, evitando olhar fixamente ao animal, e
permita que o animal cheire suas mãos para que se familiarize. Caso o
animal se apresente relaxado, pode-se fazer carinhos suaves na cabeça e
pescoço, evitando as regiões abdominais. Caso tenha mais de um gato em
casa, busque dar atenção individualmente a cada um, sem intervenções de
outros gatos. 
 Filhotes devem ser socializados aos humanos quando num período de 2-
8 semanas de vida, com interações suaves, frequentes e mais longas (ideal
que seja feito por menor número de pessoas possível), gerando melhores
resultados de interações sociais, tornando-os animais mais adaptados e
menos estressados. Porém, experiências negativas nesse momento podem
resultar em animais mais estressados e medrosos no futuro.
 
Felinos mais velhos podem alterar um pouco suas interações com
humanos, sendo algo normal, porém todas as alterações comportamentais
também podem estar relacionadas a enfermidades, sendo indicado a
consulta com médico veterinário para melhores avaliações. 
 
27
 RESPEITO DO OLFATO FELINO 
 O olfato é o principal sentido do felino, o que assegura segurança e
compreensão no seu dia a dia. Esse sentido auxilia na detecção de
feromônios, que estabelecem limites de segurança, além de fornecer
informações sobre o estado físico e emocional do felino que realizou essa
marcação como feromônio. 
DICA: 
 Evite interferir nesse sentido dos gatos, por meio da redução do uso de
substâncias que possam perturbar a percepção sensorial dos felinos ou
alterar seus próprios cheiros e do ambiente em que vivem. Quando for
necessário expor o animal a diferentes cheiros, pode-se esfregar um pano
com o respectivo cheiro que se deseja introduzir em suas glândulas
odoríferas (como nas regiões interdigital, perioral, temporal, nas bochechas
e cauda) ou então utilizar sprays com feromônio sintético junto ao novo
cheiro. O uso de feromônios sintéticos pode auxiliar na redução da
ansiedade e melhorar a alimentação e uso da caixa de areia. 
28
 Além disso, é importante que existam locais adequadospara que o
animal possa fazer suas marcações de segurança, como arranhadores.
Animais que estiveram fora do ambiente familiar por certo tempo (como
idas em clínicas e hospitais veterinários) ficam mais vulneráveis, o que pode
predispor a interações negativas com outros animais, sendo necessário
mantê-los em ambientes separados para que se acostumem novamente ao
“novo cheiro”. Outra opção é utilizar feromônios sintéticos para facilitar
esse processo de reintegração do animal. 
Imagem: localização das Glândulas Odoríferas nos felinos. Imagem: felino realizando marcações territoriais,
esfregando-se no local para liberação de
secreção da glândula odorífera
29
Comportamento esperado dos gatos
COMPORTAMENTO NATURAL 
 O comportamento natural dos felinos é uma combinação de sua
predisposição genética, do aprendizado sob experiências anteriores e do
meio em que está inserido, sendo alguns comuns a todos os indivíduos da
espécie, enquanto outros são específicos de cada indivíduo. 
 O entendimento dos padrões do comportamento felino auxiliam a
identificação de comportamentos normais e anormais como também
comportamentos de adaptação e má adaptação. Para melhor
compreensão, é necessário avaliar as características físicas do animal, visto
que estes fatores estão associados e permitem determinar as necessidades
comportamentais do felino.
OLHOS
 Os olhos dos felinos possuem características que os permitem enxergar
e caçar sob a luz tênue. A córnea é abaulada, o que garante maior
penetração de luz (5 vezes maior que a do ser humano) e a retina
apresenta 25 bastonetes para cada cone sensível à cor, o que garante que
os gatos enxerguem em baixas quantidades de luz, formando, no entanto,
uma imagem difusa e sem grande distinção de cores. Isto porque devido à
pouca variedade de cores das presas e ao fato de tratar-se de um animal
de caça noturna, não há necessidade de enxergar variadas cores. Além
disso, sob a retina desses animais há um tapete lúcido que reflete a luz
garantindo que uma maior quantidade chegue aos bastonetes, fator que é
responsável pela coloração verde/amarelada dos olhos felinos diante da
luz.
 A dificuldade em pegar alimentos da mão do tutor pode ser explicada
pelo cristalino, que por ter uma capacidade limitada de acomodação, faz
com que a visão seja melhor acerca de 2 a 6 metros a partir do objeto
visualizado. Já a sua capacidade de julgar distâncias para pular e pegar
presas se dá pela sobreposição binocular, que é de cerca de 98°.
 As pálpebras dos felinos se abrem entre os 11º e 21º dias de vida, por
isso, seus olhos não são funcionais ao nascimento e a visão se desenvolve
com a experiência. Caso os filhotes sejam abrigados em ambientes que não
mostrem linhas horizontais, a visão não é desenvolvida adequadamente,
apesar de ainda assim apresentarem olhos estrutural e funcionalmente
normais.
OUVIDOS
30
 Os animais são capazes de
captar o som circundante, uma
vez que cada orelha é capaz de
se movimentar de forma
independente e girar quase
180°. Para localizar o som e
orientar sua cabeça, os felinos
relacionam as diferenças de
tempo para que o som alcance 
Imagem: olhos em fenda e orelhas móveis característicos dos
felinos
cada orelha, as diferenças de
nível entre as aurículas e os
efeitos da amplificação
direcional das orelhas.
OLFATO
 Os filhotes usam o olfato e o tato para encontrar as mamas da mãe. Isso
ocorre devido à mielinização dos nervos olfatórios (diferente dos outros
neurônios ao nascimento), na qual o impulso é passado rapidamente ao
cérebro, garantindo um olfato bem desenvolvido. Os odores são utilizados
para identificar a presa e os rastros deixados por outros gatos, sendo isso
importante para sua organização social e reprodução.
 O ato de abrir a boca ou Flehmen é observado após o gato encontrar
algum odor, seja por inspiração ou por lambedura, como, por exemplo, a
reação de abrir a boca quando gatos machos encontram a urina de outro
macho. Essa reação decorre do órgão vomeronasal, pois ao abrir a boca e
inspirar, o animal bombeia saliva e odor para o órgão.
TATO
 Para os felinos, o tato é um sentido de grande importância em suas
relações dentro dos grupos sociais, o que pode ser comprovado pela
importância do contato físico para eles. No entanto, a preferência do
contato é individual entre os animais, de forma que alguns optam por
contatos mais leves enquanto outros preferem contatos mais intensos. Os
gatos não reagem à temperatura no corpo até esta alcançar 51 a 54°C, já
as mucosas nasais são altamente sensíveis às mudanças de temperatura e
são utilizadas para localização de presas. 
 Além disso, os gatos possuem vibrissas táteis na face e nos membros
torácicos. Na face, as vibrissas são conhecidas como os famosos “bigodes”
e estão dispostas em fileiras nos lábios superiores; já as fileiras dos lábios
inferiores possuem movimentação independente das outras. Os bigodes
são importantes durante a localização da presa, da água e dos alimentos,
visto que os felinos não conseguem enxergar objetos próximos à face,
como citado anteriormente. Há ainda outras vibrissas, como as localizadas
na face posterior de ambos os carpos, dorsais ao coxim acessório; o tufo
superciliar localizado acima de cada olho e os tufos genais localizados entre
as orelhas e a mandíbula. Essas vibrissas e esses tufos auxiliam na
conscientização do espaço e no momento da caça.
Imagem: vibrissas dos gatos domésticos.
31
32
PALADAR
 Os gatos possuem papilas em formas de cogumelo na parte frontal e nas
laterais da língua, e papilas em forma de taça na parte de trás da língua,
que permitem que sintam o gosto salgado, amargo e ácido. Diferentemente
dos outros mamíferos, não possuem a habilidade de sentir o gosto doce,
pois o receptor para doces é constituído por duas proteínas codificadas
pelos genes Tas1r2 e Tas1r3, e nos gatos o gene Tas1r2 não codifica a
proteína normal dos mamíferos.
LINGUAGEM CORPORAL
 Os gatos são muito expressivos e se comunicam utilizando a linguagem
corporal: modificam sua postura, a posição dos membros e das orelhas, o
tamanho das pupilas e o eriçar de pêlos, numa tentativa de parecerem
maiores do que são. 
 Quando confiantes, os gatos ficam de pé sobre as quatro patas, com a
cauda para cima e as orelhas voltadas para frente. Quando estão
preparados para lutar, ficam de pé, eriçam os pelos e a cauda e arqueiam
as costas. No entanto, quando estão com medo, seu corpo fica próximo ao
chão e mantém os membros pélvicos prontos para a luta.
 Quando interessados, curiosos e alertas, as orelhas dos gatos ficam
viradas para frente; quando assustados, ansiosos, medrosos e até
agressivos, as orelhas tendem a estarem planas, podendo até mesmo se
localizarem viradas para trás.
 Eles mantêm os olhos fixos e intensos em outros gatos ou pessoas como
sinal de agressividade ou para controle da situação. Já em casos de contato
tranquilo e amistoso, o contato visual é frequente e os gatos piscam
diversas vezes, olhando profundamente nos olhos um do outro. Quando
pouco confiantes, os gatos evitam o contato com a pessoa ou animal,
desviando o olhar ou ainda realizando algum comportamento deslocado,
como a autolimpeza intensa em momento não usual para a atividade,
demonstrando ansiedade e evitação.
33
A cauda permanece vertical
em casos de cumprimentos,
durante brincadeiras e
abordagens sexuais das
fêmeas, e acredita-se que a
cauda elevada seja um
reconhecimento do status
social mais elevado de outro
gato, como os filhotes fazem
com a mãe. A cauda baixa é
vista em casos de agressão,
assim como a cauda em 
 posição côncava (vertical na base e curvada com as extremidades para o
chão), que também pode ser entendida como brincadeira. Quando entre as
pernas, indica que o gato deseja evitar qualquer embate.
VOCALIZAÇÕES
 Alguns sons são observados em circunstâncias específicas, como o som
feito pela mãe para os filhotes. Porém, em suma, os sons produzidos
podem ser subdivididos em três categorias principais.
 Boca inicialmentefechada e posteriormente aberta
 Ronronar: é um som monótono observado em diferentes situações, mas
principalmente durante o contato felino-felino e felino-humano. Também
pode ser detectado em casos de dor extrema, como uma tentativa do
animal em se acalmar.
 Miado trinado/ estridulação/ cumprimento: ocorre durante o contato
felino-felino ou ainda diante do contato com uma pessoa conhecida de que
se gosta.
 Boca inicialmente aberta e posteriormente fechada
 Miado: som de comunicação geral com diferentes significados devido às
diferenças individuais entre gatos e às interações com o ser humano, no
caso de miados direcionados para pessoas.
Imagem: gato com pêlos eriçados e costas arqueadas na tentativa
de parecer maior.
 Miado longo: versão de alta intensidade do miado comum. Não possui
um significado claro durante a interação felino-felino, porém no caso de
interação felino-humano pode ser indicativo de que o animal está
desejando algo, como comida.
 Nesta classificação há também o chamado da fêmea e o chamado do
miar - alto estridentemente.
 Sons com a boca aberta/ Sons de agressão
 Rugido, uivo e rosnado: são utilizados quando o animal está atacando ou
ameaçando ativamente.
 Sibilo e som de cuspir: ocorrem em casos de agressividade defensiva,
quando o gato está sendo ameaçado ou atacado.
SINAIS DE ODOR
 Devido às glândulas localizadas ao longo da cauda, cantos da boca e
laterais da testa, cada animal apresenta um cheiro particular, o que permite
aos gatos reconhecer os membros de seu grupo social ou com o qual
tenha conflito. Eles podem ainda cheirar ao redor do ânus como forma de
cumprimento.
 Para disseminar seu odor, os gatos esfregam a cabeça contra objetos,
pessoas e outros animais, identificando os membros de seu grupo social
particular. Esta prática é tão importante que animais que se afastam do
grupo são rejeitados até que possuam o mesmo cheiro novamente.
 A urina pode ser considerada um sinal de odor prolongado quando
borrifada em superfícies verticais a fim de informar o sexo e a condição
sexual aos outros gatos. O odor característico da urina se dá por meio de
substâncias químicas voláteis que possuem a felinina, um aminoácido
exclusivo de algumas espécies da família Felidae. Essa substância é
encontrada em maiores concentrações nos machos íntegros, seguidos
pelos machos castrados e fêmeas, e apesar de sua função biológica não
estar definida, acredita-se que seja um precursor do feromônio.
 
34
35
APRENDIZADO
 Os padrões de comportamento para alimentação, caça, autolimpeza,
marcação de território e reprodução são instintivos e refinados por meio
do aprendizado e experiências adquiridas a partir do método de tentativa e
erro. Portanto, animais inexperientes sabem caçar instintivamente e sua
técnica é aprimorada com a experiência. 
 Por isso, ao explorar algum objeto repetidas vezes, os gatos podem
desejar uma compensação, que age como reforço positivo. Algo aversivo
pode acontecer, atuando então como um reforço negativo. Ainda, pode
simplesmente não ocorrer estímulo algum, passando a ideia de que não é
necessário interagir com o objeto em questão.
 Além disso, é possível que os filhotes aprendam por meio da observação
da mãe que demonstra comportamentos de caçar e de matar, como
também os gatos são capazes de aprender ao observar outros gatos
adquirirem uma nova habilidade.
CAÇA E ALIMENTAÇÃO 
 Os gatos são animais carnívoros obrigatórios, evoluídos para a caça de
pequenos animais. Geralmente quando lhes é dado um alimento palatável,
o primeiro comportamento é cheirar o alimento e lamber os lábios para
posteriormente consumi-lo. Quando o alimento não é palatável, após
cheirá-lo o gato lambe o focinho, podendo iniciar a autolimpeza de todo
corpo.
AUTOLIMPEZA
 O ato de se lamber é de grande importância na higienização e é visto
como comportamento natural da espécie, mas também pode ser
observado em casos de ansiedade, o que pode favorecer a perda de pelos
e a formação de lesões cutâneas. Essa ação também pode ser realizada em
outro gato ajudando a criar ou reforçar uma ligação social, sendo nestes
casos denominado de alocuidados de higiene, observado entre membros
de um mesmo grupo social.
 
 A autolimpeza também pode ser caracterizada como um sinal de
desligamento, com o objetivo de evitar encontros agressivos com outro
gato. Cerca de 8% do tempo em que os gatos permanecem acordados são
utilizados para a autolimpeza, atividade favorável ao animal, visto que a
lambedura auxilia na remoção de pelos soltos e parasitos da pele. 
ORGANIZAÇÃO E DENSIDADE SOCIAL
 O modo de vida e organização social dos gatos é variável: eles podem
viver como animais solitários e/ou intolerantes a outros felinos, podem ser
membros de grandes comunidades ou podem, ainda, variar entre esses
extremos. Como dito anteriormente, suas presas são pequenos animais,
mais facilmente caçados individualmente, o que faz com que os gatos
sejam caçadores solitários.
 Apesar disso, geralmente, esses animais são uma espécie social
formadora de grupos sociais complexos, que têm sua composição
influenciada pela distribuição e a abundância de alimentos, como também,
pelo sexo dos gatos. Em áreas de alimento abundante, os gatos se unem
formando grupos estruturados.
 Em uma colônia, ou seja, em uma população de gatos, há relações de
agregação e de antagonismo. Nas relações de agregação, os animais se
cumprimentam, esfregam cabeça e corpo, podem balançar a cauda e
lamber uns ao outros, a fim de criar um odor de identificação dos membros
do grupo. 
 
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 Já as relações de antagonismo
tendem a ser raras em colônias
selvagens. Isso porque os gatos
que não possuem uma boa
convivência usualmente se
evitam e fazem rodízios de
acesso às áreas compartilhadas. Imagem: gatos juntos compartilhando espaços de sono
 Além disso, frequentemente as mães formam grupos com seus filhotes e
podem criá-los isoladamente ou em grupo com outras mães. Nesse caso,
os filhotes deixam o ninho de forma mais precoce (até 10 dias antes)
quando comparado aos animais criados em ninhada única.
 Os machos podem associar-se a grupos por períodos breves, o que
aumenta a probabilidade de acasalamento em cios futuros com as fêmeas
do grupo em questão, sem, no entanto, reduzir o tempo disponível com
outras fêmeas. 
 Os gatos são formadores de territórios delimitados a partir de sinais
visuais e olfativos, por meio de arranhões em superfícies verticais e
depósito de urina e/ou fezes. Ao redor do território está a amplitude do lar
que pode ser compartilhada com outros gatos. Além disso, sua extensão
territorial está diretamente associada à densidade de fontes de alimentos.
Em regiões de alimento abundante as amplitudes do lar podem possuir
apenas 0,08 hectares para fêmeas e 0,85 hectares para machos, enquanto
que em regiões escassas as áreas possuem cerca de 270 hectares para
fêmeas e 420 hectares para machos. 
ROTINA E HÁBITOS FELINOS
 Os gatos são considerados animais crepusculares, isto é, são mais ativos
durante o amanhecer e anoitecer, passando a maior parte do dia
descansando. Em dias quentes, os animais passam a maior parte do tempo
deitados/estirados, enquanto que em dias frios ficam deitados e/ou
enrolados. Ademais, cerca de 50% do tempo dos gatos é gasto em
atividades de autolimpeza e autocuidados de sobrevivência, tais como caça
e alimentação. 
 No entanto, esses animais também são passíveis de distúrbios
comportamentais. Dentre eles podemos citar: estresse, ansiedade,
Síndrome de Pandora, medos e fobias.
 
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ANOTAÇÕES
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Módulo 2: Abordagem do
Paciente Felino
 No atendimento de felinos, é necessário que a equipe veterinária esteja
apta para realizar o manejo adequado do animal, uma vez que isso
interfere diretamente na qualidade e na eficiência do atendimento.
 Para isso, a equipe veterinária precisa ser prévia e adequadamente
preparada para lidar com os pacientes felinos. Além disso, é muito
importante que os tutores sejam orientadoscom muito cuidado para que
tenham capacidade de lidar com seus gatos. O objetivo de um manejo
amigável ao felino é a diminuição do medo, da agressividade e do estresse
do paciente, já que isso pode resultar em alterações nos exames físicos e
laboratoriais, e, então, ocasionar equívocos na interpretação desses
exames e do diagnóstico, assim como nos tratamentos e nas medicações
prescritas.
 Fortalecer o vínculo veterinário-tutor-felino também é o intuito desse
manejo e, para isso, deve-se entender as particularidades de cada paciente
e de cada espécie, realizando um atendimento específico para cada caso,
conforme as normas exigidas pelo The International Society of Feline Medicine
(ISFM) e American Association of Feline Practitioners (AAFP). Dessa forma, o
tutor sentirá maior segurança e conforto ao observar o bem-estar do felino
durante a ida à clínica veterinária, propiciando o acompanhamento correto
da saúde do animal por meio de consultas periódicas e de terapia
preventiva. Logo, haverá aumento da expectativa de vida desses animais, o
que evidencia a necessidade do manejo adequado para melhorar a
qualidade do atendimento a esses pacientes.
Manejo amigável do felino
 
 Para implementar o manejo amigável do gato, é importante que a equipe
veterinária utilize técnicas adequadas durante o atendimento ao animal
para promover seu bem-estar. Nesse processo, é necessário conhecimento
e respeito ao comportamento natural do felino.
 
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 O manejo amigável para felinos, conhecido como catfriendly, é um
conjunto de ações que visa o conforto do paciente, a segurança da equipe
veterinária e a confiança do tutor. Os objetivos dessa técnica são: 
 
 A recepção da clínica veterinária também deve ser treinada para o
manejo amigável dos felinos e para as orientações que devem ser passadas
ao tutor, sejam elas por telefone ou presencialmente. Essas medidas
resultam em um ambiente confortável e seguro para o felino e para o tutor.
Abordagem do felino na rotina clínica
RECEPÇÃO DO TUTOR E DO GATO: 
 
 Na recepção, é necessário que o ambiente disponha de uma área de
espera e de uma recepção exclusiva para felinos com o objetivo de diminuir
os estímulos estressantes resultantes da presença de outros animais.
Como resultado de uma recepção exclusiva, garante-se um ambiente de
espera tranquilo e silencioso para o animal bem como um lugar com um
número menor de pessoas e trânsito de pets. 
 A recepção deve ser dividida de forma que os felinos não interajam uns
com os outros a fim de diminuir o contato visual entre eles e a
possibilidade de conflito. Além da estrutura da área de recepção, é
necessário ter cuidado com os odores presentes no ambiente, que podem
facilitar o aparecimento precoce de estresse, anteriormente à consulta
médica. Assim, o ambiente deve ser ventilado e evitar estímulos odoríferos. 
 
Diminuição do medo e da dor do paciente.
Aprovação e confiança do cliente.
Detecção precoce de alterações clínicas relevantes para a
saúde do paciente.
Redução de lesões ao tutor e aos veterinários causadas
pelo felino.
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Uma alternativa é usar odores positivos ao felino, como o Feliway spray.
 Para otimizar a consulta e prover um atendimento eficaz e confortável, a
sugestão é trabalhar com horários agendados. Assim, reduz-se o tempo de
espera e a ansiedade resultante disso, tanto para o felino quanto para o
tutor. 
CUIDADOS NO CONSULTÓRIO:
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Ao entrar no consultório, a
caixa transportadora deve
ser aberta para que seja
oferecida ao paciente a
escolha de permanecer ou
não na caixa e ele sairá
apenas quando sentir-se
seguro. Enquanto o
veterinário conversa com o
tutor para realização da 
anamnese e entendimento do quadro clínico, ele deve estar atento à
postura e às expressões faciais e corporais do paciente, as quais
demonstram seu estado emocional.
 Durante a consulta, é esperado que o gato explore o consultório por
conta própria, demonstrando segurança. Caso isso não ocorra, o médico
veterinário deve lentamente aproximar a sua mão do felino para que ele
possa cheirá-la, numa tentativa de tornar a interação positiva para ele. Se o
gato continuar relutante, uma opção é remover a parte superior da caixa
transportadora para que o gato possa permanecer na metade inferior
durante parte do exame físico. Se não houver a opção de remover a parte
superior da caixa e o gato permanecer relutante, pode-se apoiar o
abdômen do paciente e tracioná-lo para fora da caixa gentilmente. É
contraindicado sacudir a caixa de transporte em sentido angulado para que
o gato saia por gravidade.
Imagem: felino na caixa de transporte. 
 Quando o felino sair da caixa transportadora, rapidamente guarde-a,
evitando que ele retorne para dentro. A presença de um cobertor do
animal que já possui seu cheiro pode agir positivamente para que se sinta
mais confortável no consultório.
 A contenção do paciente é individual: alguns se sentem bem apenas com
um carinho na cabeça e no queixo, outros ficam mais seguros quando o
veterinário usa o próprio corpo para a contenção, enquanto outros
necessitam de contenção com toalha ou até mesmo de contenção química.
Ainda há pacientes que se sentem bem com distrações, como brinquedos e
petiscos. É preciso conhecer o paciente e suas particularidades.
 Para a realização do exame
físico, o recomendado é iniciar
por áreas que apresentem
menor desconforto para o
animal até chegar às regiões de
dores e/ou ferimentos. Antes
mesmo de começar a consulta,
é importante que o clínico
tenha os materiais e
equipamentos necessários para 
o atendimento do paciente, 
 com o objetivo de reduzir o tempo de manuseio, o trânsito de pessoas e
barulhos para o felino. Assim que finalizar o exame físico, deve-se
apresentar a caixa de transporte para que ele entre, caso queira. Se não
quiser, temos uma boa notícia: ele amou a consulta e se sente muito
confortável nesse ambiente.
Imagem: contenção de um paciente felino para a realização
do exame físico. 
 É importante desenvolver um
atendimento personalizado e
adequado para cada paciente e
documentá-lo, explicitando quais
técnicas de manejo funcionaram, e
guardá-lo juntamente ao histórico
do animal, o que contribui para
agilizar e melhorar futuras visitas
ao veterinário.
Imagem: exame físico e ausculta de gato durante o
atendimento médico veterinário.
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DURANTE A REALIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS:
 
 Para a realização de procedimentos na rotina clínica, deve-se considerar a
menor manipulação do felino e mantê-lo na posição mais confortável para
ele, sempre que possível. O uso de toalhas e objetos do próprio paciente
ou do tutor são muito bem-vindos para o manuseio e para a coleta de
amostras biológicas.
RETORNO PARA CASA:
 Ao retornar para casa depois de uma visita ao estabelecimento veterinário
ou de uma hospitalização, é normal que o gato apresente alterações
comportamentais causadas pelo estranhamento do ambiente. Nessas
situações, o recomendado é que o tutor retorne à rotina do animal,
observe as atitudes dele e tenha cuidado para não reforçar
comportamentos indesejados.
 Se o tutor tiver mais de um gato e apenas um deles for para a consulta
com o veterinário, algumas medidas podem ser tomadas para que brigas e
rejeição por parte dos felinos que ficaram em casa sejam evitadas. Se já é
esperado que esse comportamento ocorra quando um deles precisa ir ao
veterinário, é preciso atenção. Isso porque, em caso de residências com
mais de um gato, é possível que os outros felinos não aceitem
imediatamente o seu retorno. Devido aos diferentes odores que o paciente
pode trazer do ambiente em que estava, os demais animais da casa podem
estranhar os cheiros e ficarem estressados com o gato que está sendo
reintroduzido. 
 Como solução, ao chegar da clínica veterinária, o animal pode permanecer
na caixa transportadora até que os outros felinos se familiarizem com os
odores novos. Se a interação for positiva, ele está pronto para voltar ao
convívio com os outros. Em caso de não aceitação, nem sob essas
condições,uma alternativa seria separar o gato que voltou do veterinário
em um ambiente exclusivo para ele e com todos os recursos necessários.
Dessa forma, é preciso observar o comportamento de todos os felinos e
aumentar o contato gradativamente, respeitando o tempo de cada gato.
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44
 Além disso, pode-se envolver
o paciente que está sendo
reintroduzido com uma toalha
ou cobertor que possua o
cheiro dos demais animais da
casa, na tentativa de transferir o
aroma familiar para o animal
que está com o odor diferente.
Quem dita os próximos passos
e o tempo em que eles ocorrem
são os próprios felinos, por isso, 
Imagem: interação olfativa entre felinos no mesmo ambiente.
é importante estar atento aos sinais.
Orientações ao tutor 
 A maioria dos gatos não se sente confortável em ser transportado em um
automóvel, em andar numa caixa de transporte ou em ir a uma clínica
veterinária. Dessa forma, mesmo que o tutor não faça nada fora do comum
para levar o gato ao veterinário, eles sentem sua ansiedade e linguagem
corporal, devido ao enrijecimento do seus músculos, e podem associar à
ida à clínica. Portanto, deve-se ensaiar as visitas ao veterinário, assim como
os exames clínicos. 
 Nesse contexto, a caixa de transporte do pet deve ser confortável, ser
espaçosa o suficiente para que ele se movimente e apresentar uma boa
ventilação. A parte superior da caixa deve ser removível para que seja mais
fácil colocar o gato lá dentro. É indicado o uso de Feliway spray, catnip,
brinquedos e patê para que a entrada na caixa seja mais atrativa e
espontânea.
 É imprescindível habituar o gato a ser tocado, uma vez que os gatos
podem não ser muito acostumados ao toque humano, especialmente por
aquele feito pelo veterinário, e podem ficar estressados com a nova
sensação. Para reduzir a ansiedade, é indicado que a manipulação comece
gradativamente.
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 Visitas ao veterinário podem ser
estressantes tanto para o tutor
quanto para o gato. Ao permanecer
calmo e positivo durante a consulta, o
tutor faz com que seu gato se sinta
mais seguro e confortável com a
situação. 
 Uma dica é transformar a caixa de
transporte em algo familiar: ao invés
de deixá-la sempre guardada e
utilizá-la somente quando for a hora
de levar o animal ao veterinário, essa
caixa pode ficar aberta num cantinho
da casa, com uma coberta bem macia
e com um brinquedo que ele goste.
Assim, o felino vai entrar todos os
dias na caixa e não irá associá-la a
algo negativo. Ademais, outra dica, é
não levar o animal à clínica ou ao
hospital sem o auxílio de uma caixa
de transporte, uma vez que ele
precisa ser transportado de uma
forma segura e confortável. Por fim, é
necessário dirigir com tranquilidade,
evitando fazer curvas bruscas ou
passar por ruas muito esburacadas e
evitar sacudir a caixa em geral
durante o manuseio.
 É indicado que o tutor procure um local mais calmo para se sentar ao
chegar na clínica e coloque a caixa de transporte em uma altura de média a
alta: pode ser na cadeira ao lado ou em um local propício para isso, se a
clínica possuir. O ideal é deixar a parte da frente voltada para si e não para
outros animais. Se o gato for ansioso, medroso ou reativo, mesmo em uma
clínica específica para felinos ou mista, é imprescindível levar uma toalha
para cobrir a caixa enquanto estiver na recepção, assim, ele não fica
exposto aos diferentes sons e odores do local.
 
Imagem: acostumando o felino ao toque
Imagem: a caixa de transporte pode ser utilizada com
um cobertor macio para que o gato se familiarize.
Imagem: a caixa de transporte é uma forma de
transporte segura e confortável para seu gato.
ANOTAÇÕES
46
 Introdução
47
Módulo 3 - Vacinação
Imagem: vacinas para gatos são muito importantes
para a proteção do animal
 O sistema imunológico dos felinos engloba tecidos e órgãos distribuídos
pelo organismo, acrescidos de uma rede celular especializada em defesa,
na qual destacam-se, no combate a infecções, os glóbulos brancos -
leucócitos, presentes na corrente sanguínea e no sistema linfático - cuja
atividade concentra-se no reconhecimento e na destruição de potenciais
invasores antes que se multipliquem. Toda a estrutura imunológica dos
gatos visa a abnegar infestações virais, bacterianas ou agentes diversos, em
prol da integridade física (e psicológica) do animal. Vale lembrar, todavia,
que o sistema está passível a respostas inadequadas e. portanto, podem
ocorrer reações de hipersensibilidade (alérgicas) e doenças autoimunes. 
 Para auxiliar a dinâmica infecciosa, a vacinação ordena a síntese de
anticorpos para variados microrganismos, como o Herpesvírus felino 1
(FHV-1) e o Calicivírus felino (FCV), sendo específico a cada animal o
protocolo dirigido por um médico veterinário. Diferentes hábitos refletem
distintas abordagens, a exemplo: vacinação para animais ambientados em
abrigo difere dos felídeos residentes em domicílio, assim como daqueles
com acesso irrestrito às ruas (semidomiciliados, regime que não é
recomendado).
 O ambiente no qual o gato
está inserido, seus hábitos e as
circunstâncias de contato com
outros animais, interferem
profundamente em sua condição
de saúde, fatores de risco e, por
via de regra, em seu protocolo
vacinal.
 
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 Existem ainda duas doenças (prevenidas por imunização ativa) que
merecem destaque neste conteúdo: Raiva e FeLV. Ambas de natureza viral,
a primeira tem caráter zoonótico (pode acometer indivíduos humanos),
enquanto a última está entre as principais causas da imunossupressão em
gatos. Tais doenças podem evoluir para quadros clínicos extremamente
graves, elevando as chances de o felino ir a óbito. 
A RESPEITO DA RAIVA
 Doença infecciosa viral aguda causada pelo vírus do gênero Lyssavirus, da
família Rabhdoviridae, que acomete diferentes espécies de mamíferos,
dentre os quais incluem-se felinos e seres humanos. De extrema relevância
à saúde pública, a letalidade da raiva atinge aproximadamente 100% dos
pacientes. A veiculação facilitada em ambiente urbano (passível de ser
transmitida por cães e gatos) pode ser eliminada a partir das eficazes
medidas preventivas atuantes no mercado, tais como a prática de
bloqueios de foco, vacinação humana e animal e a oferta de soro
antirrábico humano. Vale reforçar o papel do médico veterinário de
impulsionar a conscientização perante esses fatores, assim como de
promover a compreensão dos riscos da doença e da essencialidade da
vacinação. A transmissão ocorre, sobretudo, a partir do contato com a
saliva de animais infectados, com destaque para a mordedura, podendo
também ser disseminada através de arranhadura e/ou lambedura. 
Importantes doenças prevenidas pela vacinação
 Vale ressaltar cuidados comuns à população, tratando-se de uma doença
de caráter zoonótico. Orienta-se evitar contato com felinos de vida livre,
visando à prevenção contra possíveis mordidas ou arranhaduras. Além
disso, métodos de controle populacional de animais nesta situação
também é um tópico discutido por parte dos médicos veterinários. Nesse
sentido, dentre as possibilidades, encontram-se sistemas de captura para
castração e devolução ao local de origem ou captura e adoção por parte da
comunidade. Independentemente dos sistemas aderidos, é papel do
médico veterinário estimular a castração de animais semidomiciliados
(regime não recomendado) ou não, bem como a permanência desses no 
interior de suas casas (felinos domiciliados), para prevenção dessa e de
outras zoonoses, como a DAG (Doença da Arranhadura do Gato ou
bartonelose) e a esporotricose.
 A doença se manifesta de duas formas: “furiosa" ou "silenciosa":
 Forma “furiosa” da raiva: quadro clínico mais comumente
associado, tem como sintomas: tremores; desorientação; contração
muscular; mandíbula caída; salivação; mudanças de apetite; convulsões;
estrabismo; menores reflexos palpebrais, de córneas e pupilas;
abocanhamento e mordedura repentina; respostas emocionais
exorbitantes (irritabilidade e/ou medo excessivos); fotofobia; ataxia e
paralisia. O quadro progride

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