Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Escolha um tipo de indústria e faça uma análise crítica das características desta no cenário industrial nacional. Indústria da cerveja No Brasil, a cerveja foi trazida pela família real portuguesa em 1808 e já tinha as principais características atuais que caracterizam uma cerveja: ser uma bebida de baixo teor alcóolico por fermentação; composto principalmente por água, lúpulo e malte. Segundo o Anuário da Cerveja de 2019, publicado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, há 1.209 cervejarias registradas no Brasil, presentes em quase todos os estados, exceto o Acre. A taxa de crescimento neste segmento industrial nos últimos vinte anos, representa 19,6% e nos últimos cinco anos, representa 36%. Isso significa que além do setor cervejeiro ter crescido acentuadamente nos últimos anos, também não houve decréscimo, um indício de ser um setor rentável a longo prazo. A distribuição está concentrada na região Sul e Sudeste, mas o Nordeste tem apresentado crescimento significativo. São Paulo e Rio Grande de Sul são os estados com mais cervejarias no Brasil, com 241 e 236 cervejarias respectivamente, muitas unidades em comparação ao Mato Grosso que possui apenas 14. Na escala municipal, as cervejarias estão distribuídas em 580 cidades, a capital Porto Alegre tem a maior quantidade, com 39 unidades na cidade. Quanto ao registro de novos produtos, a cerveja é o que mais se destaca dentre os alimentos. Em 2019, foram 9.950 registros, o mais registrado no MAPA, e muito a frente que o segundo colocado, a polpa de fruta com 2.535 registros. Totalizou-se 27.329 registros de cerveja no Brasil, com média de 20 registros por cervejaria. Em Mato Grosso, foi registrado 125 produtos, sendo 23 nesse ano. Como se pode observar, o estado de Mato Grosso ainda não se destaca no setor cervejeiro, mas pelo mesmo motivo, possui enorme potencial de crescimento e pode-se projetar a manutenção do crescimento dessa indústria, uma vez que não houve decréscimos no cenário regional. Também se espera que o poder aquisitivo da população melhore, haja a valorização do consumo da cerveja nacional e local, sofisticação do marketing e publicidade do produto, entre outros. A indústria impacta vários outros setores, como o agronegócio, energia, transporte, entre outros. O produto está em todas as cidades do país e mobiliza outras cadeias, como das embalagens, logística, maquinários, envolvendo também vários profissionais de diferentes áreas, empregando milhões de pessoas ao longo da cadeia produtiva. A abundância da água faz com que as fábricas possam ser descentralizadas, gerando empregos também em regiões periféricas, fato relevante para um país como o Brasil de dimensão continental. É importante ressaltar que o Brasil foi o terceiro país que mais produziu cerveja entre 2017 e 2018 (BARTH- HAAS GROUP, 2019), ficando atrás apenas da China e os Estados Unidos, e o padrão de consumo de cerveja dos brasileiros aumentou significativamente desde 1985, ultrapassando o consumo de outras bebidas alcóolicas, como o vinhos e destilados. Se tratando da distribuição territorial, o Brasil possui em média uma cervejaria a cada 7.043 km2, enquanto os Estados Unidos possuem uma cervejaria a cada 1.320 km2. A maioria dos consumidores de cerveja no Brasil são jovens, de classe C e D e do sexo masculino. O Brasil ocupa 17° lugar no ranking dos consumidores de cerveja per capita (BATH-HAAS GROUP, 2011) de 62 litros por ano, e como esse público possui baixo poder aquisitivo, justifica o baixo consumo em comparação a outros países, o que permite ser considerado um espaço importante de ampliação do consumo da bebida. Devido as condições climáticas do país, a maior parte do lúpulo é importado, pois a plantação desse insumo não é favorável no Brasil. Uma alternativa seria modificar geneticamente as espécies de lúpulo para que se adequem às condições climáticas do país ou encontrar plantas nativas semelhantes, assim como a EMBRAPA vem desenvolvendo pesquisas de variedades que se adaptam à região do cerrado (AMABILE, 2014). Apenas um terço da demanda do malte é suprida internamente, criando uma dependência de outros países fornecedores (CERVIERI, 2017). Ademais, o clima tropical de temperaturas quentes na maior parte do ano e na maioria das regiões brasileiras, favorece um ambiente ideal para o consumo de bebidas geladas. Segundo a CervBrasil (2016), o setor cervejeiro representou 1,6% do PIB nacional. O consumo de cerveja no território é suprido pelas indústrias nacionais, com importações e exportações insignificativas. Vale ressaltar que é importante o investimento em tecnologias para a melhoria do processo como um todo, principalmente na redução de desperdícios de matérias primas e energia e diminuição de poluentes no meio ambiente. Em termos de eficiência térmica, destaca-se o reaproveitamento do biogás gerado no tratamento de efluentes e capturamento de gases quentes emitidos pelas chaminés e caldeiras. Apesar do potencial de crescimento desse ramo, há uma pequena probabilidade de que o produto sofra restrições por estar associado a problemas de saúde pública e correlacionado aos acidentes de carro, dependência química e violência ao uso do álcool (CEVIERI, 2017). Nesse contexto, cabe aos órgãos governamentais regulamentarem as propagandas e educar a população sobre o consumo consciente e responsável do álcool. MARCUSSO, Eduardo Fernandes; MÜLLER, Carlos Vitor. Anuário da cerveja. Recuperado de https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/noticias/total-de-cervejarias-registradas-no- mapa-cresceu-36-em-2019-e-chegou-a-1.209/anuariocervejaWEB.pdf/view, 2020. Barth-Haas Group. The Barth Report - Hops 2018/2019. In https://www.barthhaas.com/fileadmin/user_upload/news/2019-07- 23/barthreport20182019en.pdf, acessado em 16/10/2020. MEGA, Jéssica Francieli; NEVES, Etney; ANDRADE, Cristiano José de. A produção de cerveja no Brasil. Revista Citino, v. 1, n. 1, p. 34-42, 2011. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDUSTRIA DA CERVEJA – CERVBRASIL. Mercado Cervejeiro. São Paulo, 2016. Disponível em: http://www.cervbrasil.org.br/novo_site/mercado- cervejeiro/ . Acesso em: 17/10/2020. CERVIERI JÚNIOR, Osmar. Panoramas setoriais 2030: bebidas. 2017. AMABILE, R. F. et al. Cevada irrigada em áreas de Cerrado no Brasil Central. Embrapa Cerrados- Circular Técnica (INFOTECA-E), 2004.
Compartilhar