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Neonatologia: Semiologia e Avaliação

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Taciano Fontes Filho
 2022.1
Neonatologia
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SOBRE O MATERIAL
Resumos feitos com muita dedicação por um interno de
medicina, ligante da Liga de Reumatologia (LAR), 
ex-ligante da Liga de Farmacologia (LAFAM) 
e ex-Monitor de Semiologia II.
 O seguinte material foi produzido utilizando informações
colhidas das principais referências utilizadas pelos
professores de cada disciplina do respectivo período,
foram acrescidos também ensinamentos transmitidos em
sala de aula. 
 Espero que esses resumos possam lhe ajudar tanto
quanto me ajudaram. Caso encontre alguma informação
errada ou desatualizada, peço que repasse ao colega e
perdão pelo erro. 
Taciano Fontes Filho, aluno da MED XII UNIFIP
Obrigado pela confiança, bons estudos e
Deus te abençoe!
Semiologia do Recém Nascido
Reanimação Neonatal
Triagem Neonatal
Alojamento Conjunto
Principais Distúrbios Respiratórios do RN
Distúrbios Genéticos
Prematuridade
Principais Distúrbios da Prematuridade
Icterícia Neonatal
TORCHs
Transmissão Vertical do HIV
Cardiopatias Congênitas
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SUMÁRIO
REFERÊNCIAS
MEDGRUPO, Medcurso 2020.
SBP. Tratado de Pediatria. Editora Manole, 4ª edição, 2017; 
Informações extras de artigos, aulas e materiais avulsos
Taciano Fontes Filho 
 
TACIANO FONTES FILHO NEONATOLOGIA – 2022.1 
 
 
 
 Para a assistência ao recém-nascido na sala de 
parto, é importante obter informações acerca do 
período antenatal e intraparto. 
 
 
 
Classificação do RN 
 A primeira avaliação do RN ocorre imediatamente 
após o seu nascimento, ao lhe ser atribuído o 
escore de Apgar, que vai de 0 a 10. O escore é 
atribuído no 1° e no 5° minutos após o nascimento. 
 O escore menor do que 7 no 5° minuto deve 
ser repetido a cada 5 minutos até completar 
20 minutos, e pode indicar hipóxia ou anoxia. 
 
 Além do Apgar, após o nascimento é importante 
verificar a ausência de má-formação, além de 
avaliar e classificar do RN quanto ao peso e à idade 
gestacional. 
 Pré-termo: x 42 semanas. 
 O método Capurro estima a idade gestacional por 
meio de parâmetros somáticos e neurológicos, 
sendo aplicável para RN com 29 semanas ou mais, 
calculada pela total de pontos + 204. 
 
 A avaliação do RN prematuro foi proposto o escore 
New Ballard, a soma de todos os 12 critérios 
representa a maturação neuromuscular e física do 
feto. 
 
Semiologia do Recém-Nascido 
Anamnese 
Exame Físico 
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Taciano Fontes Filho 
 
Medidas Antropométricas 
 Peso: a maioria dos RN no termo possui peso entre 
2,7kg e 4kg, com a média girando em torno de 
3,4kg. Normalmente o RN pode eliminar até 10% 
do seu peso nos primeiros 5 dias devido à perda de 
líquido extracelular, mecônio e adequação ao 
padrão alimentar extraútero. 
 Peso bom: > 2500g; Baixo Peso: 1501-2500g; 
Muito Baixo Peso: 1001-1500g; Extremo Baixo 
Peso: 90%). 
 Estatura: o comprimento médio do recém-nascido 
está entre 48 e 53cm. 
 Perímetro Cefálico e do Tórax: o PT, em RN no 
termo, mede entre 30 e 33cm e é 
aproximadamente 2cm menor do que PC, o qual, 
em RN a termo saudável, mede entre 32 e 37cm. 
Cabeça 
 Inicialmente observa o formato da cabeça, deve-se 
medir as fontanelas. 
 Fontanela posterior: mede cerca de 0,5cm, 
fechando-se pouco tempo depois; 
 Fontanela anterior: tem de 1 a 5cm, 
normalmente não se fecha antes de 18 meses 
de idade. 
 Em parto cesáreo geralmente a cabeça é 
arredondada, enquanto que por via vaginal pode 
alterar devido ao cavalgamento. 
 O caput succedaneum é uma alteração benigna 
que se resolve em poucos dias, decorrente da 
pressão do cérvix materno sobre o crânio. 
 O cefaloematoma é um sangramento 
subperiósteo. 
Face e pescoço 
 Deve-se avaliar a simetria facial, edema palpebral 
e traços familiares. 
 O pescoço do RN é relativamente curto e pode ser 
palpado, observando sua simetria e 
movimentação. 
 Além disso, deve-se palpar as clavículas, devendo 
estar intactas e sem crepitações ou edema. 
Nariz 
 Deve considerar localização, forma, simetria, 
patência, lesões e sinais de trauma. Também pode 
avaliar a permeabilidade da respiração. 
 O batimento de aletas nasais pode sinalizar a 
presença de dificuldade respiratória. 
Boca 
 Deve-se inspecionar o tamanho da língua, seu 
formato, cor, presença de massas e frênulos 
linguais, dentição congênita, sendo avaliado tanto 
em repouso quanto no choro. 
 A velocidade de resposta e a intensidade do refluxo 
de sucção e a secreção bucal também devem ser 
avaliadas. 
Tórax 
 É avaliado quanto ao tamanho, à simetria, ao 
formato, à estrutura óssea, ao número e 
localização dos mamilos e ao padrão respiratório. 
Aparelho Respiratório 
 Ao se auscultar os pulmões, normalmente os sons 
respiratórios são audíveis e claros e a entrada de ar 
é simétrica. O padrão respiratório periódico é 
irregular e pode apresentar pausas que duram de 
5 a 15s. 
 Sons respiratórios assimétricos pode indicar 
presença de pneumotórax, hérnia diafragmática 
ou outra patologia pulmonar. 
 Roncos e estridores ocorrem mediante algum grau 
de obstrução das vias aéreas. 
 Gemidos expiatórios é produzido pela tentativa de 
passagem do ar dentro dos pulmões na expiração 
e evitar um colapso alveolar. Indica alteração 
respiratória. 
 Leves retrações subcostais podem ser observados 
em RN saudáveis devido à reduzida complacência 
das costelas. 
Aparelho Cardiovascular 
 Deve-se avaliar os sons cardíacos quanto à 
regularidade, frequência, localização do ponto de 
maior intensidade e presença de murmúrio ou 
sopro. 
 A FC normal do recém-nascido no termo é de 120-
160bpm. Durante o sono profundo a FC de um RN 
no termo pode ficar entre 80-90bpm. 
Abdome 
 Deve-se inspecionar contorno, tamanho, simetria, 
peristaltismo e localização e anatomia do cordão 
umbilical. 
 Com a palpação observa-se as massas, localização 
e tamanho das vísceras (fígado, baço e rins) e tônus 
da parede abdominal. 
 Sons intestinais podem ser identificados. 
 No cordão umbilical deve-se investigar a existência 
de duas artérias e uma veia umbilical. 
 O seu alargamento decorrente da presença de 
parte do tecido intestinal, indicando onfalocele. 
Importante não confundir com a gastrosquise 
que acontece na porção paraumbilical. 
Região Anogenital 
 Busca caracterizá-la como masculina ou feminina e 
o períneo deve ser liso e não possuir fístula. Deve-
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Taciano Fontes Filho 
 
se considerar que a IG interfere na aparência da 
genitália externa. 
 A inspeção visual do ânus é suficiente, bem como a 
eliminação de mecônio. Pode ser feita a introdução 
de uma sonda para investigar fístulas. 
 Genitália masculina: o tamanho do pênis de um RN 
no termo é de 2,5-3,5 cm. Deve-se examinar a 
glande, buscando identificar edema e a localização 
do meato uretral. Fimose fisiológica é comum. O 
saco escrotal abriga 2 testículos de 1-1,5cm cada, 
podendo ser maiores se acompanhados de 
hidrocele. 
 Genitália feminina: deve ser avaliada quanto à sua 
estrutura externa, localização do meato uretral e o 
clitóris. Um corrimento vaginal esbranquiçado ou 
sangramento, pode estar presente nos primeiros 
dias, como resultado dos hormônios maternos. 
Extremidades 
 Avalia-se a atitude ou postura de repouso, bem 
como a avaliação dos reflexos. Deve observar 
também a presença de tremores, maturidade 
neuromuscular e simetria. Os testes de Barlow e 
Ortolani são realizados para avaliar a integralidade 
do quadril (investiga a displasia/luxação de quadril) 
 Em uma criança em alerta deve ser avaliado o 
tônus. Braços e pernas também devem ser 
avaliados quanto à simetria, força, amplitude do 
movimentos e digitais. 
Dorso e coluna vertebral 
 A inspeção é feita com o RN em decúbito ventral. 
Espera-se que não
o que depende da região do Brasil 
(Nordeste – de fevereiro a julho). 
 
 
 Visa a uma mudança no paradigma da atenção ao 
RN de baixo peso, da sua mãe e da sua família, 
trazendo para o cerne dessa proposta uma 
abordagem interdisciplinar, humanizada, 
caracterizada por forte conhecimento das 
questões psicoafetivas e biológicas que envolvem 
a gestação, o nascimento e o cuidado pós-natal de 
um bebê de baixo peso. 
 Posição canguru: consiste em manter o recém-
nascido de baixo peso em contato pele a pele, na 
posição vertical, junto ao peito dos pais ou de 
outros familiares. Seus benefícios são: 
 
1ª Etapa 
 Tem início no pré-natal da gestação, que necessita 
de cuidados especializados durante o 
parto/nascimento, seguido da internação do RN na 
UTI neonatal ou na Unidade de Cuidado 
Intermediário Neonatal Convencional (UCINCo). 
 A 1ª etapa termina quando o RN se encontra 
estável e pode contar com o acompanhamento 
contínuo da mãe na 2ª etapa. 
 Critérios para ingresso na unidade canguru: 
 Relativos ao bebê: estabilidade clínica; nutrição 
enteral plena; peso mínimo de 1250g. 
 Relativos à mãe: desejo de participar, 
disponibilidade de tempo e de redes de apoio; 
capacidade de reconhecer sinais de estresse e 
situações de risco do RN; e conhecimento e 
habilidade para manejar o bebê em posição 
canguru. 
2ª Etapa 
 É realizada na Unidade de Cuidados Intermediários 
Canguru (UNINCa), garantindo todos os processos 
de cuidado já iniciados na 1ª etapa, com especial 
atenção ao aleitamento materno. 
 FM 85: é um suplemento alimentar à base de 
proteinashipoalergênicas, maltose-dextrina e 
minerais, de modo a atender os requerimentos 
nutricionais específicos de bebês prematuros. 
 Deve ser adicionado 5g de FM 85 em 100 ml de 
leite humano. 
 A alta da 2ª etapa representa a alta hospitalar, mas 
não do método canguru, o qual deverá ter 
continuidade em casa, com acompanhamento 
ambulatorial. 
 Critérios para alta hospitalar: 
 Mãe segura, psicologicamente motivada, bem 
orientada, e familiares conscientes quanto ao 
cuidado domiciliar do bebê. 
 Antes era recomendado o peso mínimo de 
1600g, com ganho de peso adequado nos 3 dias 
que antecederam a alta. Atualmente, o peso 
não é mais critério, sendo preconizado a 
estabilidade hemodinâmica, controle térmico, 
amamentação eficaz e exame físico normal. 
3ª Etapa 
 Inicia com a alta hospitalar. 
 Implica na utilização da posição canguru e no 
acompanhamento do bebê pela equipe que o 
assistiu durante a internação até que alcance o 
peso de 2.500 g. 
 Deve-se orientar o primeiro retorno até 48h após a 
alta e os demais no mínimo 1 vez por semana. Essa 
frequência pode ser adaptada às condições clínicas 
do bebê e ao grau de integração e suporte 
oferecidos pelas ESF. 
 Ao atingirem o peso de 2.500 g, os RNs serão 
avaliados e, de acordo com a mesma, respeitando 
os critérios de elegibilidade para 
acompanhamento especializado, serão 
encaminhados para ambulatórios de seguimento 
ou de reabilitação, havendo sempre a garantia de 
todos os cuidados propostos pela Atenção Básica. 
 
 
 Critérios de Alta: 
 Demonstrar estabilidade fisiológica; 
 Conhecimento e habilidade dos pais e/ou 
cuidadores para alimenta-lo, prestar cuidados 
básicos do dia a dia de prevenção, administrar 
medicações e detectar sinais e sintomas de 
doenças. 
 Estiver concluído o plano de alta e tomadas as 
providências para que as necessidades relativas 
ao cuidado domiciliar e médico sejam 
devidamente atendidas. 
 Tiver garantido o acesso a seguimento 
ambulatorial para monitorização de 
Método Canguru 
Alta e Seguimento 
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Taciano Fontes Filho 
 
crescimento, do desenvolvimento e intervenção 
preventiva terapêutica. 
 As 3 competências fisiológicas consideradas 
essenciais para a alta do prematuro: 
 Capacidade para alimentar-se exclusivamente 
por via oral, sem apresentar engasgo, cianose ou 
dispneia, em quantidade suficiente para garantir 
um crescimento adequado (mínimo de 20 
gramas por dia), por pelo menos 3 dias 
consecutivos. 
 Capacidade de manter temperatura corporal 
normal, estando vestido e em berço comum, a 
uma temperatura ambiente de 20-25°C. 
 Função cardiorrespiratória estável e 
fisiologicamente madura, sem apneia ou 
bradicardia por um período de 8 dias. 
 Seguimento em follow up: 
 Primeira consulta: 7 a 10 dias após a alta; 
 Revisões mensais: até 6 meses de idade 
corrigida. 
 Revisões bimestrais ou trimestrais: 6 aos 12 
meses de idade corrigida. 
 Revisões trimestrais: 13-24 meses; 
 Revisões semestrais: 2 a 4 anos de idade 
cronológica; 
 Revisões anuais: dos 4 anos até a puberdade. 
 
 
 
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TACIANO FONTES FILHO NEONATOLOGIA – 2022.1 
 
 
 
Retardo de absorção de líquido alveolar 
 Nas situações em que esse líquido não é absorvido, 
leva à dificuldade respiratória no período neonatal. 
 Muito frequente em partos operatórios eletivos na 
ausência de trabalho de parto e em quadros de 
asfixia perinatal, o retardo de absorção do líquido 
alveolar pode acontecer também em pré-termo, 
principalmente nos tardios. 
Síndrome do Desconforto Respiratório 
 A sua fisiopatologia está relacionada à deficiência 
de surfactante intra-alveolar, o que leva ao 
colabamento dessas estruturas, alterando a 
relação ventilação-perfusão e provocando 
hipoxemia. 
 Os sinais de desconforto respiratório surgem logo 
após o nascimento e intensificam-se se medidas 
adequadas não forem prontamente tomadas. 
 A administração à gestante com risco de parto 
prematuro de corticoide antenatal é a principal 
medida preventiva para diminuir a prevalência 
desses casos. 
 Após o nascimento, a utilização de surfactante 
exógeno por via endotraqueal e o estabelecimento 
de suporte respiratório com pressão positiva 
contínua nas vias aéreas, por pronga nasal ou por 
entubação traqueal, são medidas fundamentais no 
tratamento. 
 Ver resumo “Distúrbios Respiratórios no RN”. 
Doença Pulmonar Crônica (displasia 
broncopulmonar) 
 Vários fatores, além da imaturidade pulmonar, 
estão envolvidos na gênese: fatores inflamatórios, 
fatores infecciosos, uso do oxigênio e de ventilação 
mecânica. 
 O tratamento com surfactante pulmonar exógeno 
na SDR aumentou o número de sobreviventes sem 
doença pulmonar crônica. 
Apnéia da prematuridade 
 Pode ser definida como uma interrupção do fluxo 
de ar por um período de 15 a 20 segundos. É 
classificada de forma central ou obstutriva. 
 Tratamento: Tanto a aminofilina quanto a cafeína 
(ataque: 6mg/kg/dose; manutenção: 
1,5mg/kg/dose 12/12h, até o último episódio) são 
utilizadas, assim como o uso de CPAP. 
 
 É uma doença metabólica que leva a alterações no 
processo de mineralização óssea, cursando com 
fragilidade do suporte estrutural do esqueleto, e 
nos casos mais graves, ocasionando aparecimento 
de fraturas espontâneas. 
 Fatores de risco: peso
um shunt de sangue 
arterializado para a árvore pulmonar através da 
artéria pulmonar. Como a pressão da aorta é muito 
maior que na artéria pulmonar, tanto na sístole, 
quanto na diástole, sempre ocorre passagem de 
sangue da aorta para a artéria pulmonar, 
provocando hiperfluxo pulmonar e ICC. 
 Incidência de PCA: 
Principais Distúrbios da Prematuridade 
Distúrbios do Sistema Respiratório Osteopenia da Prematuridade 
Persistência do Canal Arterial (PCA) 
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Taciano Fontes Filho 
 
 
Quadro Clínico 
 Pulsos amplos, precórdio ativo, aumento de 
pressão de pulso, diferença entre PS e PD maior 
que 25-30 mmHg, ICC, taquicardia/taquipneia, 
hepatomegalia e sopro contínuo. 
Diagnóstico 
 O padrão ouro é o ecocardiograma. 
 O raio X de tórax pode apresentar alterações, 
evidenciando aumento da trama vascular, 
aumento das câmaras cardíacas esquerdas. 
Tratamento 
 Deve-se manter o RN em restrição hídrica e utilizar 
respirador com pressão positiva no final da 
expiração (PEEP). 
 Tratamento Farmacológico: 
 Indometacina EV ou por sonda gástrica por 3 
dias. Não recomendada para
(UGT). 
 A BD são pigmentos hidrossolúveis e 
suficientemente polares para serem excretados 
pela bile ou filtrados pelos rins. 
 Com a bile, a BD chega ao intestino delgado onde, 
no adulto e na criança maior, será reduzida a 
estercobilina pela presença de bactérias da flora 
local e uma pequena quantidade será 
desconjugada pela enzima betaglicuronidase. 
Neste caso, forma-se novamente BI, que pode ser 
reabsorvida pela circulação êntero-hepática. 
Zonas de Kramer 
 Faz uma correlação entre a progressão 
craniocaudal com os valores de BI. 
 Zona I: 4-8 mg/dl; Zona II: 5-12 mg/dl; Zona III: 
8-16 mg/dl; Zona IV: 11-18 mg/dl; Zona V: > 15 
mg/dl. 
 
 
 
Introdução 
 É um quadro comum, benigno e autolimitado, 
causado pelo aumento da bilirrubina indireta (BI) 
devido: 
 Sobrecarga de bilirrubina ao hepatócito: ocorre 
pela maior quantidade proporcional de 
hemoglobina encontrada no RN e pela menor 
meia-vida das hemácias (a meia-vida é de 70-90 
dias, enquanto no adulto é de 100-120 dias). 
Além disso, a reabsorção entérica da BI também 
está aumentada. 
 Diminuição da captação e conjugação 
hepáticas, por imaturidade dos sistemas 
enzimáticos. 
 Reflete uma adaptação neonatal ao metabolismo 
da bilirrubina. 
Quadro Clínico 
 No quadro de icterícia fisiológica em um RN a 
termo, a icterícia costuma ser visível entre o 2º e o 
3º dia de vida, com um pico nos níveis de BI entre 
o 2º e o 4º dia de vida (5 mg/dL). Geralmente a 
melhora acontece em torno do 7º dia. 
 A presença de algumas alterações torna necessária 
a avaliação de alguma causa subjacente: 
 Icterícia que surge nas primeiras 24-36 horas de 
vida; 
 Níveis séricos de bilirrubina que aumentam 
numa taxa maior do que 5 mg/kg/dia; 
 Níveis séricos de bilirrubina maiores do que 12 
mg/dl em um RN a termo ou 14 mg/dl em um RN 
pré-termo; 
 Icterícia que persiste por mais do que 10-14 dias; 
 Aumento nos níveis de BD. 
 
 
Fatores de Risco 
 Maiores: 
 Bilirrubina total sérica ou transcutânea na zona 
de alto risco antes da alta hospitalar; 
 Icterícia observada nas primeiras 24 horas; 
 Incompatibilidade sanguínea ou outras doenças 
hemolíticas conhecidas; 
 Idade gestacional entre 35 e 36 semanas; 
Icterícia Neonatal 
Introdução Icterícia Fisiológica 
Quadros Não Fisiológicos 
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Taciano Fontes Filho 
 
 Irmão com icterícia neonatal tratado com 
fototerapia; 
 Céfalo-hematoma ou equimoses; 
 Aleitamento materno exclusivo, especialmente 
se há problemas com a amamentação e a perda 
ponderal for excessiva (> 7% do peso); 
 Etnia asiática. 
 Menores: 
 Bilirrubina total sérica ou transcutânea na zona 
de risco intermediário-alto antes da alta 
hospitalar; 
 Idade gestacional entre 37 e 38 semanas; 
 Icterícia observada antes da alta hospitalar; 
 Irmão com icterícia neonatal; 
 Macrossomia ou mãe diabética; 
 Idade materna maior ou igual a 25 anos; 
 Sexo masculino. 
Diagnóstico 
 A investigação diagnóstica poderá ser norteada 
pela fração da bilirrubina que se encontra 
aumentada, em
indicar vesícula 
não identificada ou de pequenas dimensões e 
visualização do sinal do "cordão triangular", uma 
massa fibrótica de aspecto triangular que 
representa uma vesícula contraída e presença do 
ducto biliar comum fibroso. 
 Cintilografia hepatobiliar: na atresia, a captação 
de tecnécio pelo fígado é normal, mas a excreção 
dentro do intestino é ausente. 
 Biópsia hepática: se constitui na ferramenta 
diagnóstica principal para diferenciação entre a 
atresia e a hepatite. 
 Os pacientes com suspeita de atresia de vias 
biliares devem ser submetidos a uma laparotomia 
exploradora para realização de colangiografia 
intraoperatória com o objetivo de determinar a 
presença e o ponto de obstrução. 
 Aqueles que não possuem uma lesão obstrutiva 
passível de correção cirúrgica deverão mesmo 
assim realizar o procedimento de Kasai 
(portoenterostomia), que consiste na anastomose 
de uma alça intestinal em Y de Roux na árvore 
biliar. O objetivo desta cirurgia é permitir uma 
drenagem mínima de bile e descompressão da 
árvore biliar, ainda que seja residual. 
 
 
Visão Geral 
 Quando o nível sérico de bilirrubina se eleva de 
maneira significativa (hemólise maciça, 
eritroblastose), sua capacidade de ligação à 
albumina e a outras proteínas plasmáticas fica 
excedida, resultando em uma maior fração livre 
lipossolúvel. Esta tem a capacidade de se difundir 
e impregnar as células nervosas do encéfalo. 
 Algumas condições como asfixia neonatal, acidose 
neonatal, instabilidade térmica, sepse e estados de 
hiperosmolaridade, por lesarem a barreira 
hematoencefálica, podem favorecer o 
aparecimento da síndrome com um nível menor do 
pigmento no plasma. 
Quadro Clínico 
 A fase aguda, caracterizada pelas fases descritas 
abaixo, surge em torno do segundo ao quinto dia 
nos RNs a termo e pode aparecer até o sétimo dia 
em pré-termos. 
 Fase 1: hipotonia, letargia, má sucção, choro 
agudo durante algumas horas. 
 Fase 2: em que se instala hipertonia da 
musculatura extensora (opistótono), convulsões 
e febre. 
 Fase 3: de aparente melhora, em que a 
hipertonia diminui ou cede e que se instala após 
a primeira semana. 
 A forma crônica é caracterizada por: 
 Primeiro ano: hipotonia, hiper-reflexia 
profunda, persistência do reflexo tônico-cervical 
assimétrico e atraso motor; 
 Após o primeiro ano: síndrome extrapiramidal 
(tremores, coreoatetose, balismo), surdez 
neurossensorial. 
 O kernicterus corresponde ao achado 
anatomopatológico da fase crônica 
daencefalopatia bilirrubínica. 
Diagnóstico 
 É feito pela dosagem de: 
 Bilirrubina total e frações; 
 Hemoglobina e hematócrito; 
 Reticulócitos; 
Encefalopatia Bilirrubínica 
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Taciano Fontes Filho 
 
 Tipagem Sanguínea mãe e do recém-nascido. 
 
 
Fototerapia 
 Consiste na aplicação de luz de alta intensidade e 
com espectro visível na cor azul na superfície 
corpórea do RN em decúbito dorsal. 
 O comprimento de onda da luz é de 400-550 nm 
na lâmpada fluorescente e 420-540 nm na LED. 
 Ela tem como função converter a bilirrubina tóxica 
(4Z,15Z bilirrubina), através da fotoisomerização, 
em um isômero facilmente excretado pela bile e 
pela urina. 
 O seu efeito encontra-se em íntima relação com a 
energia da luz emitida, com a distância entre a 
lâmpada e o RN (no máximo 30 cm), com a área de 
pele exposta e com o espectro da luz. 
 Indicação: depende do nível total de bilirrubina 
sérica e o tempo de vida (horas) em que foi colhida. 
(VER ADIANTE); 
 Indicação da Fototerapia de alta intensidade em 
RN ≥ 35 semanas re-internados, de acordo com a 
BT: 
 BT 17-19 mg/dl: fototerapia imediata e coleta de 
BT em 4-6h; 
 BT 20-25 mg/dl: fototerapia imediata e coleta de 
BT em 3-4h; 
 BT > 25 mg/dl: fototerapia imediata e coleta de 
BT em 2-3h, enquanto prepara o material para 
EST. 
 Suspensão da fototerapia com BT 1g/dl é marcador de doença 
neurológica grave. 
 Lesões Oculares: As lesões são localizadas na 
retina e na coroide, podendo complicar com 
iridociclite, catarata, glaucoma, estrabismo, 
nistagmo e descolamento de retina. A 
coriorretinite (retinocoroidite) é o 
comprometimento clássico mais frequente, sendo 
uni ou bilateral. 
 A doença ocular é recorrente e progressiva, 
podendo curar com ou sem tratamento. 
 Outras Alterações: Podemos encontrar 
hepatoesplenomegalia, linfadenopatia, icterícia, 
trombocitopenia, anemia, pneumonite, 
miocardite, síndrome nefrótica e alterações 
ósseas. 
Exames de Imagem 
 Radiografia simples de crânio: avalia a presença de 
calcificações. 
 TC de crânio e USG transfontanela: Evidenciam 
melhor a atrofia cortical e as dilatações 
ventriculares, além de revelarem calcificações.
 USG fetal: pode revelar hidrocefalia, calcificações 
cerebrais e hepáticas, hepatoesplenomegalia, 
ascite, cardiomegalia e anormalidades 
placentárias. 
Exames Laboratoriais 
 No feto: PCR em líquido amniótico, através da 
amniocentese, que deve ser realizada entre a 17ª e 
21ª semana. 
 No RN: ELISA (IgM, IgG). 
Outros Exames 
 Avaliação oftalmológica (fundoscopia ocular); 
 Avaliação auditiva; 
 Hemograma: linfocitose com eosinofilia. Pode 
haver anemia e trombocitopenia. 
 Análise do liquor: quando alterado, o liquor terá 
aspecto xantocrômico, com elevados valores de 
proteínas e baixos níveis de glicose. 
 Avaliação de função hepática. 
 
Comprovação 
do 
Diagnóstico 
(MS) 
 Persistência do IgG positivo após 12 
meses de vida, independente da 
presença de sintomas ou sinais; 
 Sinais e/ou sintomas sugestivos, filhos 
de mãe com IgG positivo; 
 Crianças cujas mães apresentaram PCR 
positivo no líquido amniótico. 
Tratamento 
 Todos os RNs e lactentes devem ser tratados desde 
o nascimento até o final do primeiro ano de vida. 
 O tratamento é feito com pirimetamina, 
sulfadiazina e ácido folínico. 
 Devemos associar prednisona ou prednisolona 
quando houver retinocoroidite em atividade e/ou 
proteinorraquia > 1 g/dl. 
Acompanhamento 
 Devem realizar avaliações oftalmológicas 
semestrais até a idade escolar, mantendo-se 
exames anuais a seguir. 
 Nas crianças assintomáticas, nascidas de mulheres 
com diagnóstico possível ou inconclusivo, 
deveremos realizar o acompanhamento sorológico 
a cada dois meses. 
 Caso seja observado o aumento nos títulos de 
IgG, o tratamento será iniciado. 
 
TORCHs 
Toxoplasmose Congênita 
36
Taciano Fontes Filho 
 
Prevenção 
 As mulheres diagnosticadas durante a gestação, 
devem fazer o uso de espiramicina até a 18ª 
semana, sendo substituída pela associação de 
pirimetamina + sulfadiazina + ácido folínico até o 
parto. 
 
 
Introdução 
 O risco de defeitos congênitos é maior quando a 
grávida adquire infecção primária durante o 
primeiro trimestre, chegando a ser de 90% quando 
a infecção ocorre ainda nas primeiras 11 semanas. 
 A infecção adquirida após o quarto mês de 
gestação, em geral, não se encontra associada a 
malformações fetais, nem à persistência do vírus. 
Manifestações Clínicas 
 Deficiência auditiva; 
 Restrição ao crescimento uterino; 
 Malformações cardíacas: persistência de canal 
arterial e estenose de artéria pulmonar; 
 Malformações oculares: catarata bilateral, 
glaucoma, retinopatia e microftalmia. 
 Alterações neurológicas: microcefalia, 
meningoencefalite, tetraplegia espástica, retardo 
do desenvolvimento psicomotor. 
 Outras: endocrinopatias, hepatomegalia e 
icterícia, esplenomegalia, púrpura 
trombocitopênica, pneumonite intersticial e lesões 
ósseas (franjeamento da metáfise: lesão em talo 
de aipo). A ocorrência de eritropoiese dérmica 
pode levar ao surgimento de lesões vermelho-
azuladas (aspecto de muffin de blueberry). 
 
Alterações laboratoriais 
 Avaliação Sorológica: é feita logo após o 
nascimento, confirmando com a presença do IgM. 
 Detecção viral: PCR; 
 Outros exames: hemograma, testes de função 
hepática, radiografia de ossos longos, fundoscopia, 
audiometria, exames de neuroimagem 
(ultrassonografia de crânio, tomografia 
computadorizada de crânio), estudo do liquor e 
ecocardiograma. 
Tratamento 
 Não existe tratamento medicamentoso para a 
síndrome da rubéola congênita. 
 A catarata e a cardiopatia são as manifestações 
clínicas passíveis de correção cirúrgica. 
 A vacina não pode ser aplicada na gestação, 
devendo ser feita a prevenção anteriormente. 
 
 
Introdução 
 O Citomegalovírus (CMV) pertence à família 
Herpesviridae. 
 Da mesma forma que ocorre com outros membros 
desta família, após a infecção primária, há o 
estabelecimento de um período de latência, sendo 
possível a reativação do vírus endógeno latente ou 
reinfecção por exposição a diferentes cepas. 
 As crianças podem ser contaminadas 
precocemente de três modos: durante a vida 
intrauterina (infecção congênita); pela exposição 
às secreções genitais durante o parto (intraparto); 
ou no período pós-natal precoce, pelo leite 
materno. 
Quadro Clínico 
 Entre os RNs afetados, somente 10% nascem com 
infecção sintomática; 90% desses apresentam 
sequelas e aproximadamente 10% evoluem para 
óbito. 
 As manifestações clínicas mais comuns incluem 
petéquias, icterícia colestática e 
hepatoesplenomegalia. Estas alterações podem ou 
não estarem acompanhadas de manifestações 
neurológicas. 
 Outras manifestações incluem: microcefalia, perda 
auditiva neurossensorial e restrição ao 
crescimento intrauterino. A surdez é uma sequela 
bastante comum. 
Diagnóstico 
 Exames de NeuroImagem: As lesões incluem 
lisencefalia com afilamento do córtex cerebral, 
hipoplasia cerebelar, ventriculomegalia, 
calcificações periventriculares, atraso na 
Rubéola Congênita 
Citomegalovírus Congênita 
37
Taciano Fontes Filho 
 
mielinização, alterações de substância branca, 
distúrbios de migração neuronal, cistos 
periventriculares e hipoplasia cerebelar. 
 Avaliação sorológica: tem papel limitado, mesmo 
quando é feita a detecção de IgM deve ser feita a 
confirmação pela identificação viral. 
 Identificação Viral: identificação do vírus na urina 
e/ou na saliva do RN nas primeiras três semanas de 
vida é o marcador definitivo da infecção congênita 
por este vírus. 
 Outros exames: É comum o achado de 
trombocitopenia, aumento das aminotransferases 
séricas e da BD. A análise do liquor está indicada 
em todas as crianças infectadas, ainda que 
assintomáticas. A avaliação auditiva deve ser feita 
por meio do teste potencial evocado de tronco 
cerebral ainda no período neonatal e será repetida 
várias vezes nos primeiros anos de vida. 
Tratamento 
 Os principais critérios de inclusão citados pelo 
Ministério da Saúde para tratamento são: 
 RNs sintomáticos com evidências de 
envolvimento do sistema nervoso central; 
 RN com quadro de síndrome sepsis-like viral, 
pneumonite intersticial por CMV, excluídas 
outras etiologias; 
 Idade
e falta de ganho ponderal 
no RN são outras manifestações clínicas da 
doença. 
 
 Sífilis Congênita Tardia: estão tipicamente 
associadas com o processo de cicatrização das 
lesões encontradas na sífilis precoce e com reações 
a um processo inflamatório persistente ainda em 
curso. 
 Principais alterações: fronte olímpica, tíbia em 
sabre, nariz em sela, rágades, articulação de 
Clutton; ceratite intersticial, tríade de 
Hutchinson (ceratite, alterações dentárias e 
surdez), deficiência intelectual, hidrocefalia. 
 
Sífilis Congênita 
38
Taciano Fontes Filho 
 
 
Alterações Laboratoriais 
 Testes Treponêmicos (ELISA, FTA-Abs, Testes 
Rápidos): detectam anticorpos específicos contra 
o treponema. No período neonatal são limitados, 
devido a presença de anticorpos maternos, sendo 
indicados após 18 meses de vida, quando ocorre a 
sororreversão. 
 Testes Não Treponêmicos (VDRL): Detectam 
anticorpos não específicos anticardiolipina, 
material lipídico liberado pelas células danificadas 
durante a infecção. 
 Estes testes devem ter seus resultados expressos 
em frações (1:2; 1:4; 1:8; 1:16...) e o 
acompanhamento destes títulos indicam a 
evolução terapêutica. 
 Um resultado reagente em crianças 25 células/mm 3, proteína > 150 mg/dl e VDRL 
reagente. 
Tratamento 
 O tratamento materno adequado é caracterizado 
pelos seguintes aspectos: 
 Administração de penicilina benzatina; 
 Início do tratamento até 30 dias antes do parto; 
 Documentação de queda dos títulos do teste não 
treponêmico em duas diluições (ex.: de 1:64 
para 1:16) em três meses após a conclusão do 
tratamento ou quatro diluições em seis meses 
após a conclusão do tratamento. 
 Avaliação quanto ao risco de reinfecção e tratar 
parceiro; 
 Notificar a sífilis. 
 Na criança com neurossífilis, faz o uso da penicilina 
cristalina, por 10 dias. 
 Na criança com sífilis sem neurossífilis, deve-se 
tratar com penicilina cristalina ou procaína, por 10 
dias. 
 Na criança filha de mãe tratada de forma 
inadequada, mas sem alterações laboratoriais e 
clínica, teste não treponêmico não reagente, deve-
se aplicar penicilina G benzatina, dose única, IM. 
Acompanhamento 
 Neste acompanhamento, uma série de medidas 
serão adotadas: 
 Avaliações mensais até o sexto mês e bimestrais 
do sexto ao 18° mês. 
 Realizar teste não treponêmico com 1, 3, 6, 12 e 
18 meses, interrompendo quando se observar 
resultados negativos em dois exames 
consecutivos. 
 Nas crianças que foram adequadamente 
tratadas no período neonatal, deve-se monitorar 
diminuição na titulação do teste não 
treponêmico aos três meses e negativação aos 
seis meses de idade. 
 Diante das elevações de títulos sorológicos, da 
sua não negativação até os 18 meses, ou da sua 
persistência em títulos baixos, a criança deve ser 
reavaliada e deve considerar retratamento ou 
nova investigação. 
 Recomenda-se o acompanhamento 
oftalmológico e audiológico semestral por dois 
anos. 
 Nos casos onde o liquor esteve alterado, deve-se 
proceder à reavaliação liquórica a cada seis 
meses, até a normalização do mesmo. Caso as 
alterações persistam, indica-se reavaliação 
clínica a laboratorial e retratamento. 
 Nos casos de crianças tratadas 
inadequadamente, deve-se convocar a criança 
para reavaliação clínica e laboratorial. Havendo 
alterações, recomenda-se reiniciar o 
tratamento. 
39
Taciano Fontes Filho 
 
TACIANO FONTES FILHO NEONATOLOGIA – 2022.1 
 
 
 
Pré-Natal 
 É feita a triagem em 3 momentos: no 1º e no 3º 
trimestre, e no momento do parto. 
 Importante investigar também outras ISTs e 
infecções oportunistas (p. ex. tuberculose). 
 A notificação deve ser feita. 
Pós-Natal 
 Crianças 18 meses: 
 Serão consideradas “não infectadas” quando 
houver uma amostra não reagente ao se utilizar 
uma das metodologias da etapa I (triagem), que 
detecta anticorpos anti-HIV-1, incluindo o tipo 0, e 
anticorpos anti-HIV-2. Persistindo a suspeita de 
infecção, uma nova amostra deve ser coletada 
após 30 dias. 
 Caso o resultado da etapa I seja reagente ou 
indeterminado, será realizado um teste 
confirmatório (etapa II), com as possibilidades de 
resultados conforme o fluxograma abaixo. 
 
 
TARV no Pré-natal 
 A gestante deve fazer uso da lamivudina + 
tenofovir, podendo associar com dolutegravir, 
darunavir + ritonavir, dependendo de: 
 
Via de Parto e Quimioprofilaxia materna 
 Carga Viral > 1000 cópias/ml ou desconhecida ou 
falha na adesão: 
 Realize parto cesariana; 
 Administrar AZT injetável, pelo menos 3 horas 
antes do parto até o clampeamento do cordão 
umbilical. 
 Carga viral
em crianças maiores de 
12 meses é determinada pela situação clínica, 
imunológica ou virológica: 
 
 O esquema de terapia inicial é o seguinte: 
 
 Considera-se sucesso terapêutico quando há 
controle sustentado da replicação viral, isto é, 
carga viral indetectável mantida ao longo do 
tempo, associado à restauração e à preservação da 
função imunológica e à ausência ou resolução de 
sinais ou sintomas relacionados à infecção pelo 
HIV. 
 A falha do tratamento pode ocorrer em relação ao 
controle virológico (falha virológica), ao sistema 
imune (falha imunológica) ou às manifestações 
clínicas (falha clínica). 
 
 
 Seguimento Clínico: nos primeiros 6 meses é 
mensal, se tornando bimestral após. 
 No 1º mês deve ter cuidado com os efeitos 
adversos do AZT: anemia, neutropenia, aumento 
lactato sérico e de transaminases; 
 Vacinação: evitar as vacinas de vírus atenuados. A 
BCG deve ser usado o quanto antes, pois a 
imunossupressão não é imediata. 
 
 
Quadro Clínico 
TARV no RN 
Acompanhamento 
41
Taciano Fontes Filho 
 
TACIANO FONTES FILHO NEONATOLOGIA – 2022.1 
 
 
 
Definição 
 É definida como uma alteração estrutural do 
coração ou dos grandes vasos da base, que 
apresenta significância funcional real ou potencial. 
Características Gerais 
 A manifestação clínica da cardiopatia congênita 
ocorre principalmente nos primeiros meses de 
idade; no entanto, o reconhecimento da doença 
pode ser feito em qualquer fase da vida, inclusive 
no período fetal. 
 Os sintomas são bastantes variáveis. Podem existir 
crianças assintomáticas ou sintomas graves que 
necessitem de processo cirúrgico de urgência. 
 Nem sempre a cardiopatia congênita vai gerar 
alterações funcionais importantes, pode estar 
presente e o organismo se adapta, mesmo com 
potencial de causar sintomas. 
Os neonatos e os lactentes são encaminhados, 
geralmente, por: cianose, insuficiência cardíaca, 
sopro e arritmia. Em crianças maiores e 
adolescentes, outros sintomas podem estar 
associados às anomalias congênitas, como dor 
precordial, tontura e síncope. 
Anatomia do Coração 
 
 No coração normal observa-se comunicações 
átrio-ventriculares concordantes: 
 Átrio Direito → Ventrículo Direito → Artéria 
Pulmonar 
 Átrio Esquerdo → Ventrículo Esquerdo → Aorta 
Classificação 
 Cardiopatias Cianóticas 
 Pode acontecer pelo motivo do sangue 
oxigenado nos pulmões não conseguirem chegar 
aos tecidos, na perfusão tecidual ruim. 
 Pode ser por uma dificuldade do sangue chegar 
ao pulmão para ser oxigenado por motivo 
cardíaco; 
 Mas, nem toda cianose é de origem cardíaca, 
pode ser também por uma grande pneumonia 
que impede a boa troca gasosa nos pulmões. 
 A Lesão Obstrutiva Direita, acontece por atresia 
da válvula tricúspide ou pela estenose de artéria 
pulmonar, causando dificuldade do sangue 
chegar aos pulmões. 
 A conexão ventrículo arterial discordante 
acontece quando tem a transposição das 
grandes artérias (VD → Aorta; VE → Artéria 
Pulmonar), levando a duas circulações em 
paralelo. Assim, por mais que o sangue seja 
oxigenado, acaba não sendo distribuído 
adequadamente. 
 Sangue sai do VD vai para os tecidos e volta 
para o AD pela cava; 
 Sangue sai do VE vai para os pulmões e volta 
para o AE pelas artérias pulmonares. 
 Cardiopatias do Fluxo Pulmonar 
 Hipofluxo: Quando o sangue tem dificuldade de 
chegar no pulmão. Por exemplo: estenose 
pulmonar. 
 Normofluxo; 
 Hipérfluxo: Quando o sangue chega em excesso 
para o pulmão. 
 
 
 O canal arterial está patente na vida fetal, como 
um curto e largo vaso conectando a artéria 
pulmonar à aorta descendente, logo abaixo do 
istmo aórtico. 
 É uma estrutura fundamental na circulação fetal e, 
após o nascimento, seu fechamento funcional 
comumente ocorre entre 12 e 15 horas de vida, e 
o anatômico é completado entre o 5º e o 7º dia de 
vida, prolongando-se, em alguns casos, até o 21º 
dia. 
Fisiopatologia 
 Se houver a PCA, o shunt passa a se direcionar da 
esquerda para a direita, levando a um desequilíbrio 
Cardiopatias Congênitas 
Introdução 
Persistência do Canal Arterial (PCA) 
42
Taciano Fontes Filho 
 
hemodinâmico, com aumento do fluxo na 
circulação pulmonar e nas cavidades esquerdas. 
Isso leva ao aumento das pressões diastólicas e, 
consequentemente, da pressão capilar. 
 A repercussão hemodinâmica dependerá, 
portanto, do diâmetro do canal arterial e da 
resistência vascular pulmonar (a qual é muito baixa 
em prematuros). 
Manifestações Clínicas 
 Como existe o aumento do fluxo pulmonar, a 
criança apresenta taquicardia, taquipneia, edema 
de pulmão, que costumas causar pneumonia de 
repetição, e dificuldade de ganhar peso. 
 No exame físico, o sopro típico é contínuo, com 2ª 
bulha hiperfonética. Os pulsos periféricos são 
amplos. 
Diagnóstico 
 Ecocardiografia com Doppler: além de visualização 
do canal, é possível medir o seu diâmetro, observar 
a direção do shunt, quantificar a repercussão 
hemodinâmica pelas dimensões das câmaras 
cardíacas e estimar a pressão na artéria pulmonar. 
 É o padrão ouro. 
 ECG: geralmente normal, mas pode ter alteração 
se tiver descompensação. 
 Raio-X: No canal arterial pequeno é normal. 
Quando há repercussão hemodinâmica, observa-
se aumento da trama vascular e da área cardíaca, 
devido ao aumento das câmaras esquerdas. 
Tratamento 
 Em prematuros, tanto a indometacina como o 
ibuprofeno têm-se mostrado úteis nesses 
pacientes. 
 A cirurgia está indicada quando houver falência 
no fechamento medicamentoso ou em 
condições em que o prematuro não possa 
receber a droga. 
 Em crianças não prematuras, o fechamento está 
indicado em qualquer idade para IC congestiva. O 
tratamento eletivo (cirúrgico ou percutâneo) pode 
ser feito em torno dos 12 meses de vida. 
 
 
 São classificados em CIV perimembranosa, 
justatricuspídea, justa-arterial duplamente 
relacionada e muscular. 
 
Fisiopatologia 
 Após o nascimento, com o fechamento dos shunts 
fisiológicos (placenta, FO e canal arterial), ocorre 
queda da pressão pulmonar (associada à 
diminuição da resistência vascular pulmonar) e 
aumento da pressão sistêmica, com passagem de 
sangue da esquerda para a direita. 
 O aumento do fluxo no VD causa um hiperfluxo 
pulmonar por serem comunicantes 
concordantes. 
Quadro Clínico 
 CIV Pequena: 
 Shunt pequeno; 
 Sem repercussão hemodinâmica; 
 Paciente assintomático; 
 Exame Físico: sopro sistólico. 
 CIV Moderada: 
 Shunt Moderado; 
 Aumento do fluxo pulmonar e das cavidades 
esquerdas; 
 Dispneia aos esforços, sudorese, pneumonia de 
repetição, Hipodesenvolvimento pôndero-
estatural; 
 Exame Físico: sopro sistólico e B2 hiperfonético. 
 CIV Grande: 
 Shunt grande e não restritivo; 
 Aumento do fluxo pulmonar e das cavidades 
esquerdas de forma mais proeminente; 
 Dispnéia aos esforços, sudorese, pneumonia de 
repetição hipodesenvolvimento pôndero-
estatural; 
 Exame físico: aumento do diâmetro 
anteroposterior do tórax, sopro sistólico, B2 
muito hiperfonéticas 
Diagnóstico 
 Ecocardiograma: É o padrão ouro. Deve ser 
indicado assim que houver suspeita clínica da 
lesão; pode definir também a localização, o 
tamanho, a repercussão hemodinâmica e a relação 
do defeito com outras estruturas cardíacas. 
 Raio-X: pode identificar área cardíaca extensa, 
pelo aumento das câmaras esquerdas, e congestão 
pulmonar. 
 ECG: normal em CIV pequena. Mas na sobrecarga 
ventricular pode ser identificado. 
Tratamento 
 A terapêutica medicamentosa (diuréticos, como 
furosemida) está indicada para pacientes que 
apresentam sinais de IC. 
 A correção cirúrgica total está indicada em 
qualquer idade para pacientes que apresentam IC 
refratária ao tratamento clínico, retardo do 
Comunicação Interventricular (CIV) 
43
Taciano Fontes Filho 
 
desenvolvimento ponderoestatural e
desenvolvimento de hipertensão pulmonar. 
 
 
Fisiopatologia 
 Na CIA, ocorre desvio do sangue do átrio esquerdo 
para o átrio direito em virtude da maior capacidade 
de distensão das paredes do átrio direito, da 
menor resistência vascular pulmonar e da maior 
complacência do ventrículo direito. 
 Com isso, há hiperfluxo pulmonar e retorno de 
sangue aumentado para o átrio esquerdo. 
 
Quadro Clínico 
 A maioria dos pacientes é assintomática. 
 Algumas vezes, podem apresentar fadiga, 
infecções respiratórias de repetição e palpitações. 
 Nas CIA OP, os sintomas normalmente são mais 
graves e precoces na infância, com sinais de IC, 
atraso no desenvolvimento ponderoestatural e 
sopro de insuficiência mitra 
 O desdobramento fixo da 2ª bulha é típico dessa 
anomalia e ocorre pelo retardo no esvaziamento 
do ventrículo direito, o qual apresenta volume 
sanguíneo aumentado. 
 O sopro sistólico de ejeção em borda esternal 
esquerda na valva pulmonar ocorre por causa da 
estenose relativa da valva. 
 Pelo mesmo motivo, ausculta-se um sopro 
diastólico precoce ou mesodiastólico na borda 
esternal esquerda inferior, na valva tricúspide – 
somente quando a CIA é ampla. 
Diagnóstico 
 Ecocardiograma: É padrão ouro. A repercussão 
pode ser medida pelo aumento das cavidades 
direitas e pelo fluxo pulmonar. 
 Raio-X: nota-se cardiomegalia à custa do átrio e do 
ventrículo direitos e da artéria pulmonar. A 
circulação pulmonar está aumentada sem sinais de 
congestão pulmonar. 
 ECG: Vai haver alteração se estiver uma sobrecarga 
atrial direita. 
Tratamento 
 Seguimento clínico, se não tiver muitos sintomas. 
Em caso de repercussões hemodinâmicas, pode ser 
feito o uso de diurético (furosemida). 
 A correção cirúrgica tem de ser realizada 
eletivamente por volta de 2 anos de idade, para 
evitar aumento crônico do átrio e do ventrículo 
direitos, que são causa de arritmia e de IC no 
adulto, levando à morte prematura 
 
 
Fisiopatologia 
 A conexão atrioventricular é concordante (o átrio 
direito conecta-se com o ventrículo direito; o átrio 
esquerdo, com o ventrículo esquerdo), e a conexão 
ventrículo-arterial é discordante. 
 A aorta nasce do ventrículo direito, em posição 
anterior, e a artéria pulmonar nasce do 
ventrículo esquerdo, em posição posterior. 
 Na grande maioria dos pacientes, encontra-se 
associado apenas a um forame oval (FO) patente 
e/ou a um canal arterial persistente, o que é 
denominado transposição simples das grandes 
artérias. 
 Diferentemente da circulação normal, em que o 
circuito é em série, na TGA, a circulação pulmonar 
e a circulação sistêmica estão em paralelo. O 
sangue venoso sistêmico que chega ao átrio direito 
passa para o ventrículo direito e dele para a aorta, 
levando sangue insaturado para a circulação 
sistêmica. Paralelamente, no lado esquerdo, o 
sangue oxigenado que chega ao átrio esquerdo 
passa para o ventrículo esquerdo e retorna para a 
circulação pulmonar. 
 Essa situação é incompatível com a vida, a 
menos que exista uma comunicação entre os 
dois circuitos (FO, CIV ou canal arterial) capaz de 
promover uma mistura adequada entre o 
sangue saturado e o não saturado. 
 
Comunicação Interatrial (CIA) 
Transposição de Grandes Artérias (TGA) 
44
Taciano Fontes Filho 
 
Quadro Clínico 
 Se ao nascimento, essa cardiopatia estiver 
associada com outros defeitos, como a 
Comunicação interatrial ou interventricular ou 
persistência do canal arterial ou forame oval, o RN 
pode parecer bem. 
 Mas se não tiver associado à outro defeito, vai 
ocorrer: 
 Hipóxia acentuada; 
 Cianose generalizada; 
 Disfunção miocárdica; 
 Sinais de insuficiência cardíaca. 
 No exame físico há sinais de aumento da área 
cardíaca com impulsões sistólicas na borda 
esternal esquerda, a 2ª bulha é hiperfonética e, na 
maioria dos casos, não se ausculta sopro. 
Diagnóstico 
 Ecocardiograma: capaz de demonstrar todos os 
detalhes anatômicos da doença. 
 Raio-x: apresenta-se normal ou com discreta 
cardiomegalia. O fluxo pulmonar normal ou 
discretamente aumentado. 
 Teste do coraçãozinho pode estar alterado. 
Tratamento 
 Prostaglandina: infusão contínua assim que nascer; 
 Para impedir o fechamento do canal arterial e 
manter uma ligação entre as duas circulações. 
 Fica em tratamento até a cirurgia. 
 Cirurgia: a correção ideal é a cirurgia de Jatene, que 
deve ser feita em até 45 dias de vida. 
 
 
Fisiopatologia 
 Consiste no conjunto de quatro alterações 
cardíacas: CIV, EP, dextroposição da aorta e 
hipertrofia ventricular direita. O defeito anatômico 
fundamental é o desvio anterossuperior do septo 
infundibular. 
 Fisiologicamente, a CIV e a estenose subpulmonar 
são os defeitos mais importantes. A CIV serve, na 
realidade, como via de saída sistêmica para o 
ventrículo direito e o ventrículo esquerdo, 
portanto, é responsável pela equivalência de 
pressões entre as duas cavidades. 
 
Quadro Clínico 
 No caso de EP leve, o paciente pode ser acianótico, 
com sopro cardíaco alto. 
 À medida que a EP progride, aparece a cianose e o 
sopro vai diminuindo. A cianose é do tipo central, 
generalizada, atingindo pele e mucosas. 
Diagnóstico 
 Ecocardiograma: Padrão-ouro. Avalia tamanho e 
localização da CIV; confluência e tamanho das 
artérias pulmonares; lateralidade do arco aórtico; 
suprimento sanguíneo pulmonar; anomalias 
associadas; e origem e trajeto das artérias 
coronárias. 
 Raio-X: a ponta do coração é desviada 
superiormente com o bordo esquerdo côncavo. A 
circulação pulmonar, em geral, é diminuída, mas 
pode estar normal ou aumentada nos casos com EP 
leve. 
 ECG: desvio do eixo do QRS para a direita e 
hipertrofia ventricular direita. 
Tratamento 
 Clínico: deve-se manter um controle rigoroso da 
hemoglobina, a fim de evitar anemia e policitemia. 
Pacientes com crises de cianose em espera para 
cirurgia podem beneficiar-se com uso de 
propranolol (1 a 3 mg/kg/dia), para promover 
relaxamento da musculatura infundibular e, assim, 
evitar as crises de hipóxia. 
 Cirúrgico: a correção total definitiva dos defeitos 
vem sendo realizada, a partir dos 6 meses de vida, 
embora alguns serviços já a indiquem aos 3 meses. 
 OBS: Crise de Hipóxia: 
 Posição joelho-tórax; 
 Oxigenoterapia; 
 Sulfato de morfina (0,2 mg/kg); 
 Betabloqueadores; 
Tetralogia de Fallot 
45
Taciano Fontes Filho 
 
 Bicarbonato de sódio (1 mEq/kg), endovenoso; 
 Vasoconstritores: epinefrina (0,01 mg/kg); 
 Cirurgia paliativa de derivação sistêmico-
pulmonar é indicada quando não houver 
melhora satisfatória com as medidas clínicas 
adotadas. 
 
 
 Tem o objetivo de fazer a triagem das cardiopatias 
críticas. 
 Teste com sensibilidade de 75% e especificidade de 
99%. 
 Fluxograma: 
 
Teste do Coraçãozinho 
46
Taciano Fontes Filho
 2022.1
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existam curvaturas, aberturas, 
massas e regiões amolecidas na linha da coluna 
vertebral. Também deve-se examinar as áreas 
lombares baixas e sacrais, à pesquisa de fístulas, 
cistos pilonidais e pequenas tumefações que 
possam indicar meningocele ou outra anomalia. 
Pele 
 É lisa, macia e rosada, com presença de gordura 
subcutânea em RN a termo. 
 Na pele pode ser encontrado o vernix caseoso, que 
trata-se de um lubrificante de cor 
branca/amarelada. O lanugo é composto de finos 
cabelos que aparecem primeiro no feto em torno 
de 19-20 semanas. 
 
 
Avaliação dos reflexos 
 Os reflexos primitivos oferece informações sobre o 
seu estado neurológico, variando de acordo com o 
período de desenvolvimento no qual se iniciam e 
desaparecem. 
 
 
5
Taciano Fontes Filho 
 
TACIANO FONTES FILHO NEONATOLOGIA – 2022.1 
 
 
 
Anamnese 
Fatores Antenatais Fatores Relacionados ao 
Parto 
 Idade 35 
anos; 
 Diabetes, Síndromes 
hipertensivas, 
doenças e infecções 
maternas; 
 Uso de medicações e 
drogas ilícitas; 
 Óbito fetal ou 
neonatal anterior; 
 Ausência de cuidado 
pré-natal; 
 Gestação múltipla; 
 Rotura prematura das 
membranas; 
 Polidrâmnio ou 
oligoâmnio; 
 Diminuição da 
atividade fetal; 
 Sangramento no 2° ou 
no 3° trimestre; 
 Aloimunização ou 
anemia fetal; 
 Hidropsia fetal; 
 Malformação fetal; 
 Discrepância entre IG 
e peso; 
 Parto cesário, trabalho de 
parto prematuro e parto 
taquitócico; 
 Uso de fórcipe ou extração 
a vácuo; 
 Apresentação não 
cefálica; 
 Corioamnionite; 
 Rotura de membranas > 
18h; 
 Trabalho de parto > 24h; 
 Segundo estágio de parto 
> 2h; 
 Padrão anormal de FC 
fetal; 
 Anestesia geral; 
 Hipertonia uterina; 
 Liquído Amniótico 
meconial; 
 Prolapso ou rotura de 
cordão; 
 Nó verdadeiro de cordão; 
 Uso de opioides 4h antes 
do parto; 
 Descolamento prematuro 
de placenta; 
 Placenta Prévia; 
 Sangramento intraparto 
significante; 
Equipe e Equipamentos 
 Os equipamentos necessários são: 
Materiais Utilizados 
 Fonte de calor 
radiante; 
 Campos cirúrgicos; 
saco de polietileno; 
 Touca de lã; 
 Aspirador a vácuo; 
 Estetoscópio; 
 Oxímetro de pulso; 
 Monitor cardíaco; 
 Sondas traqueais (n° 
6, 8 e 10); 
 Seringas (20, 10, 5 e 1 
ml); 
 Balão auto-inflável 
(240, 500 e 750 ml); 
 Máscara redonda com 
coxim (n° 00, 0 e 1); 
 Laringoscópio infantil 
com lâmina reta (n° 
00, 0 e 1); 
 Cânulas traqueais 
sem balonete (n° 
2,5; 3; 3,5; 4); 
 Adrenalina; 
 Soro fisiológico; 
 Cateter umbilical; 
 Pinça tipo kelly reta 
14cm; 
 Cabo de bisturi para 
lâmina n° 21; 
 Porta agulha de 
11cm; 
 Fio mononylon 4.0; 
 Relógio de parede; 
 Para a realização da reanimação é interessante que 
tenha pelo menos um pediatra, bem como uma 
equipe profissional (2-3 pessoas) treinada e 
capacitada. Caso seja uma gestação gemelar, deve 
haver uma equipe para cada bebê. 
 A temperatura da sala de parto deve estar entre 
23-26° C. 
 
 
Avaliação da Vitalidade 
 A sequência de atendimento ao RN será 
determinada pela avaliação de três parâmetros: a 
idade gestacional, a respiração/choro e o tônus 
muscular. 
 Quando, após a extração da cavidade uterina, o RN 
a termo começou a respirar ou chorar e tem tônus 
muscular em flexão, deve ser indicado o 
clampeamento tardio do cordão (1-3 minutos). 
Para garantia da manutenção da temperatura 
corporal, devemos secar o corpo e o segmento 
cefálico com compressas aquecidas e mantê-lo em 
contato pele a pele com a mãe, coberto com tecido 
de algodão seco e aquecido. Além disso, as vias 
aéreas devem ser mantidas pérvias e a Frequência 
Cardíaca (FC) avaliada. 
 Quando é feita a avaliação dos parâmetros iniciais 
e identificamos que o RN não é a termo, não iniciou 
movimentos respiratórios regulares ou tem tônus 
muscular flácido, devemos conduzi-lo à mesa de 
reanimação. 
 Se o RN não for a termo, mas apresentar-se com 
boas condições de vitalidade, não é necessário 
que o clampeamento do cordão seja imediato. 
Estabilização: Passos iniciais 
 Os passos iniciais da estabilização devem ser 
realizados em, no máximo, 30 segundos e 
consistem em: prover calor, posicionar a cabeça 
em leve extensão, aspirar boca e narinas (se 
necessário) e secar. 
 Após a realização destes passos, deve ser feita a 
avaliação da respiração e da FC. 
 A respiração deve ser avaliada pela observação 
da expansão torácica ou pela presença de 
choro. 
 A FC, neste momento inicial, deve ser feita pela 
ausculta do precórdio ou do cordão umbilical. 
Reanimação Neonatal 
Preparo Para a Assistência 
Atendimento ao RN ≥ 34 Semanas 
6
Taciano Fontes Filho 
 
De forma padronizada, recomenda-se auscultar 
por seis segundos e multiplicar o valor por dez, 
resultando no número de batimentos por 
minuto. 
Ventilação com Pressão Positiva: Após os passos 
iniciais 
 Quando os passos iniciais da estabilização são 
realizados e a avaliação mostra respiração ausente 
ou irregular ou FC 2kg). 
 Cada tentativa de intubação deve durar no máximo
30 segundos e a confirmação do posicionamento 
da cânula é obrigatória. 
 Após a intubação, a VPP segue com a mesma 
frequência (40-60 movimentos/minuto). 
 Quando não ocorre melhora após 30 segundos de 
ventilação pela cânula, observa-se FC 100 bpm, mas que 
mostram sinais de desconforto respiratório e/ou 
SatO2 abaixo da esperada, devem ser colocados 
em CPAP logo após o nascimento. 
OBS: Hérnia Diafragmática Congênita 
 A hérnia diafragmática é definida por uma 
comunicação patológica entre o tórax e o abdome 
por um defeito de formação do diafragma, 
podendo ou não haver passagem de alças 
intestinais para dentro do tórax. 
 A suspeita de hérnia diafragmática congênita é 
feita pela presença de sinais como dificuldade 
respiratória e abdome escavado. A alteração pode 
ser identificada antes do nascimento pela 
ultrassonografia pré-natal. 
 Nestes casos, a ventilação não pode ser feita pela 
máscara facial, sendo obrigatória a intubação 
traqueal para início da VPP. 
 
9
Taciano Fontes Filho 
 
TACIANO FONTES FILHO NEONATOLOGIA – 2022.1 
 
 
 
Teste do Pezinho 
 Permite a identificação precoce de indivíduos com 
doenças metabólicas, genéticas, enzimáticas e 
endocrinológicas, a exemplo de hipotireoidismo 
congênito, fenilcetonúria, fibrose cística, 
hiperplasia adrenal congênita, deficiência de 
biotinidase e doença falciforme e outras 
hemoglobinopatias (SUS). 
 O momento ideal para a coleta do teste do pezinho 
é entre o 3º e o 5º dia de vida, até no máximo 7 
dias. Caso não seja possível nesse período, tentar 
realizar até o 30º dia após o nascimento. 
 Uma pequena punção na lateral do calcanhar do 
bebê é feita utilizando agulhas e luvas 
descartáveis. O sangue é adsorvido em papel-filtro, 
que deverá permanecer em temperatura ambiente 
até a completa secagem, e depois deve ser 
encaminhado ao laboratório. 
Teste do Coraçãozinho 
 O teste da oximetria objetiva a detecção precoce 
de cardiopatias congênitas críticas, isto é, aquelas 
cujo fluxo pulmonar ou sistêmico é dependente de 
canal arterial. 
 Cardiopatias críticas com fluxo pulmonar 
dependente de canal: atresia da artéria 
pulmonar. 
 Cardiopatias críticas com fluxo sistêmico 
dependente de canal: hipoplasia de coração 
esquerdo e coarctação grave de aorta. 
 Cardiopatias com circulação em paralelo: 
transposição de grandes vasos. 
 O teste consiste na aferição da oximetria de pulso 
e está indicado para todo RN > 34 semanas antes 
da alta, da seguinte forma: 
 Resultado normal: saturação ≥ 95% em ambos 
os locais e diferença 3%. 
 A aferição é feita entre 24-48 horas pós-natal na 
extremidade do membro superior direito e em um 
dos membros inferiores. 
 Diante de um resultado anormal, nova aferição 
deverá ser feita após uma hora. Se o resultado 
anormal se mantiver, a criança deverá realizar um 
ecocardiograma dentro das próximas 24 horas. 
Teste do Olhinho 
 Consiste na pesquisa do reflexo vermelho (teste de 
Bruckner), mediante uso de um oftalmoscópio com 
40-50cm de distância. 
 É uma forma de rastreamento para anormalidades 
oculares, desde a córnea até o segmento posterior 
e permite a detecção das opacidades dos meios 
transparentes do globo ocular. 
 Dentre as condições que podem ser rastreadas, 
incluem-se: catarata congênita; retinopatia da 
prematuridade; retinoblastoma; glaucoma 
congênito;
descolamento de retina; hemorragia 
vítrea. 
 A presença de pontos pretos, assimetria ou a 
presença de reflexo branco (leucocoria) indicam a 
necessidade de avaliação pelo oftalmologista. 
Teste da Orelhinha 
 Existem dois métodos de triagem: 
 Emissões Otoacústicas (EOA): trata-se de uma 
avaliação simples, realizada habitualmente 
durante o sono da criança, antes da sua alta. O 
exame tem o objetivo de captar a energia 
acústica produzida na orelha interna pelas 
células ciliadas externas. 
 Potencial Evocado Auditivo de Tronco 
Encefálico (PEATE): é um exame mais 
complexo, requer pessoal treinado e sedação. 
Fones de emissão sonora são colocados nos 
ouvidos do bebê; os eletrodos são posicionados 
na cabeça e têm por função captar as ondas 
eletrofisiológicas geradas pelos estímulos 
sonoros deflagrados pela fonte. 
 Geralmente é indicado para pacientes com 
fatores de risco presentes ou com alterações 
encontradas no EOA. Sendo feito em até 30 
dias de vida. 
 O deficit auditivo, quando não corrigido, acarreta 
grande prejuízo na aquisição da linguagem, 
comunicação e desenvolvimento cognitivo das 
crianças. 
Teste da Linguinha 
 É realizado pelo exame físico, sendo capaz de 
detectar alterações no frênulo lingual que causam 
a anquiloglossia ("língua presa"). 
Triagem Neonatal 
Testes de Triagem Neonatal 
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Taciano Fontes Filho 
 
TACIANO FONTES FILHO NEONATOLOGIA – 2022.1 
 
 
 
 É o local destinado a mulheres clinicamente 
estáveis e sem contraindicações para a 
permanência junto ao recém-nascido, logo após o 
nascimento, 24 horas por dia, em um mesmo 
ambiente até a alta. 
Recomendações 
 1 obstetra para 20 mães; 
 1 pediatra para 20 neonatos; 
 1 enfermeiro para 30 díades; 
 1 técnico de enfermagem para 8 díades; 
 1 técnico diarista pediatra; 
 A díade deve ficar em uma área de pelo menos 
5m2. 
Papel da Equipe Multiprofissional 
 Médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, 
fisioterapeutas, fonoaudiólogos e nutricionistas 
devem: 
 Observação do binômio mãe-bebê 
 Conferir atenção ao vínculo estabelecido entre 
a mãe e o bebê; 
 Escuta qualificada para apoio e retirada de 
dúvidas. 
 
 
 É realizado as medidas antropométricas (peso, 
comprimento e perímetro cefálico) e o cálculo da 
IG pelo método de Capurro ou New Ballard (Olhar 
resumo “Semiologia do RN”). 
Prescrição médica inicial 
 Alojamento conjunto. 
 Aleitamento materno sob livre demanda. 
 Vitamina K profilática: 1mg, IM, independente do 
peso, aplicada no vasto lateral da coxa. Evita a 
doença hemorrágica do neonato. 
 Profilaxia da conjuntivite neonatal (oftalmia 
gonocócica): 
 Povidona 2,5%, uma gota em cada olho 
 Outros: nitrato de prata 1% (método Credé-
credeização), colírio eritromicina 0,5% ou 
colírio tetraciclina 1%. 
 Na menina, o nitrato de prata 1% também deve 
ser aplicado na vulva. Porém, caso a mãe tenha 
feito cultura negativa para estreptococos do 
grupo B, durante o pré-natal, não é necessário. 
Clampeamento 
 Para saber se faz de forma precoce (
B (no vasto 
contralateral), preferencialmente no primórdio 
da vida (12 primeiras horas). 
 No total são 4 doses, 1 ao nascer, 2ª dose 
compõe a Penta no 2º mês, 3º dose no 4º mês 
e a 4ª dose no 6º mês de vida. 
 
 OBS: Lembrar que no AC deve dar início aos Testes 
de Triagem Neonatal -> Olhar resumo “Triagem 
Neonatal”. 
 
 
Critérios 
 Permanência mínima de 48 horas. 
 Elaboração de um projeto terapêutico singular 
para o binômio mãe-bebê. 
 Considerar as necessidades individuais. 
 RN a termo com peso adequado para a idade 
gestacional sem comorbidades e com exame físico 
normal. 
 RN com sucção ao seio com pega e posicionamento 
adequados, com boa coordenação 
sucção/deglutição. 
Rotina 
Alta hospitalar 
12
Taciano Fontes Filho 
 
 RN com diurese e eliminação de mecônio 
espontâneo e controle térmico adequado. 
 OBS: pode acontecer da urina sair alaranjada, 
considerado normal. Enquanto que amarelada 
pode ser sinal de desidratação. 
 RN em uso de forma adequada de substituto do 
leite humano (fórmula láctea) para situações em 
que a amamentação é contraindicada. 
 Ausência de icterícia nas primeiras 24 horas de 
vida. 
 OBS: pode acontecer do bebê (masculino ou 
feminino) ter telarca neonatal transitória. Orientar 
que não é preciso fazer expressão mamária, pois é 
normal, acontece devido a influência dos 
hormônios femininos, assim como em casos em 
que a criança pode menstruar. 
Caderneta da Criança 
 Entregue antes da alta hospitalar do RN 
devidamente preenchida. 
 Possui informações sobre o parto, informações 
clínicas (Apgar), dados antropométricos, vacinas e 
intercorrências no AC. 
Orientações para a família 
 Retorno para a primeira consulta de puericultura 
entre o 3º e o 5º dia de vida, sendo pelo menos 7 
consultas até o 1º ano de vida. 
 2ª consulta: primeiro mês; 3ª consulta: segundo 
mês; 4ª consulta: quarto mês; 5ª consulta: sexto 
mês; 6ª consulta: nono mês; 7ª consulta: 
próximo ao primeiro aniversário. 
 Orientações sobre a importância do aleitamento 
materno exclusivo até 6 meses. 
 Cuidados de higiene e com coto umbilical. 
 Lavagem das roupas com sabão neutro. 
 Evitar perfumes e produtos com conservantes. 
 Não deixar o RN e decúbito ventral. 
 Orientar manobras de desengasgo. 
 Evitar ambientes com aglomerações. 
 Transporte seguro do recém-nascido. 
 Evitar contato com fumaças e exposição da criança 
ao fumo. 
 Orientar sinais de alarme: retornar imediatamente 
para a maternidade onde nasceu até 28 dias de 
vida, já os prematuros devem ser tratados em 
unidades neonatais até 2.500g 
 
 
 Informações que o professor Almir citou na aula, 
mas não fazem parte do conteúdo em si. 
 Eliminação de fezes brancas reflete suspeita de 
atresia biliar, enquanto que fezes verdes pode ser 
ausência de gordura na alimentação da criança, 
sendo recomendado acrescentar óleo vegetal na 
dieta. 
 Posologias 
 Vitamina D: 400 UI no 1º ano e 600 UI no 2º ano, 
a partir do 7º dia de vida. 
 Dipirona gotas: 1 gota para cada 2kg, de 4/4h. A 
partir do 3º mês de vida. 
 Dipirona xarope (50mg/ml): peso x 0,3 
 Dipirona injetável: peso x 0,03. 
 Simeticona (75mg/ml): 1 gota/kg 
 Paracetamol: 200 mg/mL, 10 mg/kg/dose, 1 
gota por kg, até 4 vezes ao dia. 
 Ibuprofeno (gotas): 100 mg/mL, 1 gota/kg 
(10mg/kg), até 4x ao dia A dose máxima por 
dose em crianças com mais de 30Kg é de 20 
gotas (200mg) e a dose máxima permitida por 
dia é de 80 gotas (800mg). Usado a partir de 6 
meses. 
 Ganho de proteínas ao dia: 
 1º trimestre: 25-30g; 
 2º trimestre: 20g; 
 3º trimestre: 12-15g; 
 4º trimestre: 8g 
 Peso: um criança saudável duplica seu peso com 4 
meses, triplica com 1 ano e quadruplica com 2 anos 
de idade. 
 No princípio da vida, há uma perda de peso em 
torno de 7-10%, pois o bebê nasce “inchado” e 
posteriormente há eliminação do excesso de 
água corporal, do mecônio, além da adaptação 
ao aleitamento e uso de suas próprias reservas 
energéticas. 
 Avaliação do peso ponderal da criança 
(exemplo): criança com 30 dias de vida, com 
peso ao nascer de 3000g e peso atual de 4000g: 
 4000 – 3000 x 0,9/ 30 = 43,33 (ganho 
ponderal da criança) 
 Crescimento: 
 1º trimestre: 3,5cm/mês 
 2º trimestre: 2cm/mês 
 3º trimestre: 1,5 cm/mês 
 4º trimestre: 1,2cm/mês 
 OBS: é na vida intrauterina que ocorre o maior 
crescimento em estatura do ser humano. 
 Perímetro cefálico: 
 1º trimestre: 2cm/mês 
 2º trimestre: 1cm/mês 
 3º trimestre: 0,5 cm/mês 
 4º trimestre: 0,25 cm/mês 
 
 
Observações Extras 
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Taciano Fontes Filho 
 
 Marcos do desenvolvimento: 
 
 
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Taciano Fontes Filho 
 
TACIANO FONTES FILHO NEONATOLOGIA – 2022.1 
 
 
 
 A maioria das doenças respiratórias apresenta 
manifestações clínicas desde as primeiras horas de 
vida e há uma grande sobreposição de sinais e 
sintomas em doenças diferentes. 
Desenvolvimento do Sistema Pulmonar 
 Inicia no final da 4ª semana de gestação. 
 O crescimento do tecido pulmonar depende de 
fatores físicos. 
 Entre a 22ª e 24ª semana de gestação: há a 
formação dos sacos alveolares; início da 
diferenciação das células pneumócitos tipo 1 e 2. 
 Entre a 25ª e 30ª semana, é possível detectar o 
surfactante, produzido pelos pneumócitos tipo 2. 
 A estabilidade pulmonar é alcançada por volta da 
32ª semana de gestação. 
Quadro Clínico 
 Taquipneia: é definida pela presença de FR maior 
ou igual a 60 irpm, em repouso ou durante o sono. 
 Sinais de desconforto respiratório: 
 Batimento de asas nasais (BAN): a respiração do 
RN é praticamente nasal, e postula-se que a 
abertura das narinas reduza a resistência à 
passagem do ar pelas vias aéreas superiores e, 
assim, diminua o trabalho respiratório. 
 Gemido expiratório: resulta do fechamento 
parcial da glote durante a expiração a fim de 
manter um volume residual de ar e, assim, evitar 
o colabamento alveolar ao final da expiração. 
 "Head bobbing": representa a movimentação da 
cabeça para cima e para baixo a cada ciclo 
respiratório, em função da utilização dos 
músculos acessórios do pescoço. 
 Retrações torácicas: as retrações torácicas 
(intercostais, subcostais, supraesternais e 
esternais) surgem em doenças que levam a uma 
diminuição da complacência pulmonar ou a uma 
obstrução de vias aéreas superiores. Com a 
progressão da doença, o RN aumenta a força 
contrátil do diafragma e músculos acessórios, 
levando à protrusão do abdome e retração do 
esterno e tórax – padrão conhecido como 
respiração paradoxal 
 Apneia: pausa respiratória superior a 20 segundos 
ou superior a 10-15 segundos acompanhada de 
bradicardia, cianose ou queda da saturação de 
oxigênio. 
 Cianose: acrocianose ou cianose periférica é um 
sinal muito comum e de caráter benigno no RN, 
decorrente da exposição ao frio, geralmente. A 
cianose central, observada em nariz, língua, lábios, 
é decorrente de hipoxemia grave e uma 
concentração de hemoglobina reduzida superior a 
5 g/dl. 
Boletim de Silverman-Andersen 
 
 A presença de notas acima de 4 indicam 
dificuldade respiratória de moderada a grave. 
Oxigenoterapia no RN 
 Capacete ou Capuz Oxigênio: Este capuz é ligado a 
um Blender, no qual é possível ajustar a mistura de 
O2 e ar comprimido. A mistura resultante cria um 
ambiente ao redor da cabeça do recém-nascido 
com um ar mais rico em O2 do que o ar do 
ambiente externo. 
 Continuous Positive Airway Pressure (CPAP): Esta 
é uma máquina que vai ofertar uma mistura de ar 
umidificado e aquecido ao RN por meio de uma 
máscara ou pronga nasal, exercendo uma pressão 
constante, no entanto leve. Diferente do 
ventilador pulmonar mecânico (VPM) que 
apresenta pressão variável de acordo com ciclo 
respiratório. 
Positive End Expiratory Pressure (PEEP) 
 A PEEP é um parâmetro de configuração que 
condiz a uma leve pressão de resistência à saída
de 
ar exercida pelo aparelho no momento em que o 
paciente está terminando a expiração. 
 No CPAP, a pressão é constante, sendo aquela 
mesma pressão configurada para ser ofertada 
durante todo o ciclo respiratório. 
 A pressão fisiológica do corpo humano é 5cmH2O. 
Principais Distúrbios Respiratórios 
Visão Geral 
15
Taciano Fontes Filho 
 
 No ventilador pulmonar mecânico (VPM), a 
pressão é variável. 
 
 
 
Fisiopatologia 
 Também conhecida como Síndrome do 
Desconforto Respiratório (SDR), é causada pela 
deficiência qualitativa e/ou quantitativa de 
surfactante pulmonar. 
 Acomete cerca de 60-80% dos RNs com menos de 
28 semanas e em 15-30% dos nascidos entre 32 e 
36 semanas. 
 Os principais fatores de risco associados à doença 
da membrana hialina são: 
 Prematuridade – principal fator; 
 Asfixia; 
 Mãe diabética; 
 Sexo masculino e etnia branca; 
 Partos múltiplos e parto cesáreo; 
 Gestações múltiplas 
Quadro Clínico 
 A doença evolui com colabamento alveolar 
progressivo que se caracteriza, inicialmente, pela 
taquipneia e sinais de desconforto respiratório. 
 Tais manifestações surgem logo após o nascimento 
e vão apresentando piora ao longo do primeiro dia 
de vida, atingindo um pico com 48 horas. 
 A melhora gradativa começa a ocorrer após 72 
horas de vida, sendo que nos casos de má evolução 
há crises de apneia e intensa deterioração. 
Diagnóstico 
 Exame de imagem: o aspecto radiológico de 
infiltrado reticulogranular fino (“vidro moído”), 
associado aos broncogramas aéreos, são sinais 
bem característicos. 
 
 Alterações laboratoriais: a gasometria arterial 
mostra hipoxemia inicial, que progressivamente 
será associada ao aumento da pCO2, com acidose 
respiratória e/ou mista, conforme a gravidade do 
caso. 
Tratamento 
 Cuidados Iniciais: estabilização inicial, controle 
térmico, hidratação venosa e suporte nutricional. 
 Suporte Respiratório: O objetivo é manter uma 
PaO2 entre 50-70 mmHg, podendo ser necessário o 
incremento gradual da FiO2 ofertada. 
 A utilização do CPAP nasal (Continuous Positive 
Airway Pressure) vem sendo recomendada cada 
vez mais precoce, desde a sala de parto, para 
prevenção do colapso alveolar e redução na 
necessidade de ventilação mecânica invasiva na 
evolução da doença. 
 A ventilação mecânica pode ser recomendado se 
estiver de acordo com os seguintes critérios: pH 
 18 horas; 
 Trabalho de parto prematuro sem causa 
aparente; 
 Colonização materna por estreptococo do 
grupo B. 
 TORCHS; 
 Febre materna; 
 ITU. 
Quadro Clínico 
 Poderá ter, além das manifestações respiratórias 
(desconforto respiratório, apneias, má perfusão 
capilar, choro fraco), sinais clínicos de sepse, tais 
como: intolerância alimentar, letargia, hipotonia, 
hipo ou hipertermia e distensão abdominal. 
Diagnóstico 
 Alterações Laboratoriais: 
 Hemograma: Leucocitose, leucopenia, 
plaquetopenia, índice Rodwell > ou igual a 3, 
granulações tóxicas. 
 Gasometria: acidose metabólica persistente. 
 Exames de imagem: mostra desde áreas de 
opacificação uni ou bilateral, até um padrão 
reticulogranular difuso com broncogramas aéreos, 
muito semelhante ao encontrado no quadro de 
DMH. 
 
Tratamento 
 É feito com ampicilina associada com gentamicina. 
 Em caso de resistência, substitui gentamicina 
por Amicacina. 
 
 
Fisiopatologia 
 É uma condição benigna, resultado da redução de 
reabsorção do líquido pulmonar após o 
nascimento. 
 O quadro tipicamente acomete os RNs pré-termo 
tardios e os RNs a termo. 
 Os fatores de risco incluem: 
 Cesariana eletiva sem trabalho de parto; 
 Asfixia perinatal; 
 Diabetes e asma brônquica materna; 
 Policitemia. 
Quadro Clínico 
 Inicia com um desconforto respiratório nas 
primeiras horas de vida e evolui quase que 
exclusivamente com taquipneia e, muito 
raramente, gemência e retrações. 
Diagnóstico 
 Alterações Laboratoriais: reduzem-se à 
gasometria alterada, com discreta queda do 
oxigênio e pouca repercussão sobre o pH. 
 Exames de imagem: São encontradas as seguintes 
alterações: 
 Diminuição da transparência pulmonar; 
 Estrias radiopacas em direção ao hilo (trama 
vascular pulmonar proeminente); 
 Cissuras espessadas (derrame cisural); 
 Hiperaeração, com diafragma achatado; 
 Eventualmente, discreta cardiomegalia e/ou 
derrame pleural. 
 
Tratamento 
 Alguns RNs melhoram com a oferta de oxigênio 
(FiO2 60 irpm, recomenda-
se alimentação através de sonda orogástrica, para 
evitar a broncoaspiração de leite por decorrência 
da incoordenação da respiração e deglutição. 
 
 
Fisiopatologia 
 Decorre da aspiração de líquido amniótico 
meconial, levando a alterações inflamatórias e 
obstrutivas. 
 A presença desta substância estranha dentro dos 
pulmões pode ter repercussões graves, produzindo 
uma pneumonite química, além de obstruir as vias 
aéreas, provocando aprisionamento do ar por 
Taquipnéia Transitória do Recém Nascido 
Síndrome de Aspiração Meconial (SAM) 
17
Taciano Fontes Filho 
 
mecanismo valvular, atelectasias e áreas de shunt 
intrapulmonar, com consequente hipoxemia. 
 Pode haver deslocamento e inativação do 
surfactante com instabilidade e colapso alveolar. 
 O ar aprisionado produz hiperinsuflação. Este 
mecanismo favorece a ocorrência de enfisema 
intersticial, muitas vezes produzindo pneumotórax 
e/ou pneumomediastino. 
 Fatores de Risco: RNs com IG ≥ 40 semanas os RNs 
que sofreram asfixia perinatal. 
Quadro Clínico 
 Impregnação meconial em cordão umbilical, pele 
seca, enrugada e sem vérnix. 
 A ausculta respiratória, pouco específica, pode 
revelar estertores em ambos os campos 
pulmonares, além de expiração prolongada. 
 O RN apresenta sinais de insuficiência respiratória 
nas primeiras horas de vida. 
 A hiperdistensão do tórax pode ser proeminente. 
Diagnóstico 
 O aspecto clássico é de infiltrado grosseiro e difuso, 
alternando com áreas de hipotransparência e 
hiperinsuflação (aumento do diâmetro 
anteroposterior do tórax e achatamento do 
diafragma). 
 Devemos tentar localizar precocemente áreas de 
extravasamento de ar, enfisema intersticial e 
pneumotórax. 
 
Tratamento 
 Prevenção: acompanhamento pré-natal cuidadoso 
das gestantes de risco e prevenção da pós-
maturidade; assistência adequada na sala de parto. 
 Cuidados Gerais: incluem cuidados como a 
manutenção da temperatura na zona termoneutra 
e correção de anemia, alterações
da glicemia e 
suporte hídrico. 
 Suporte ventilatório: 
 Capacete ou Capuz de Oxigênio: alguns RNs 
podem ter boa resposta, desde que necessitem 
de menores FiO2. 
 CPAP; 
 Ventilação mecânica: indicada nos casos de 
insuficiência respiratória mais grave. 
 Antibioticoterapia: é aceito em SAM que evoluem 
com distúrbios respiratórios e radiografias muito 
alteradas. 
 Surfactante: o mecônio inativa o surfactante 
endógeno e a utilização do surfactante exógeno 
nas crianças com SAM vem sendo bastante 
estudada. 
 Tratamento da hipertensão pulmonar persistente 
neonatal: pode ser complicação dos quadros de 
SAM e deve ser conduzida apropriadamente. 
 
 
 Pneumotoráx não hipertensivo e hipertensivo à 
direita: 
 
 Pneumomediastino: 
 
 Pneumopericárdio: 
 
 
Escape de Ar 
18
Taciano Fontes Filho 
 
TACIANO FONTES FILHO NEONATOLOGIA – 2022.1 
 
 
 
Definição 
 Alteração na sequência de bases na molécula de 
DNA constituinte do gene - modificações nas 
proteínas fabricadas, muitas das quais são 
enzimas, com papel fundamental no metabolismo. 
Albinismo 
 Causado por mutação na enzima tirosinase, 
levando ao defeito na produção da melanina. 
 Tem como consequência: modificações da 
estrutura e do funcionamento ocular; 
envelhecimento precoce, danos actínicos e câncer 
de pele. 
Síndrome de Treacher-Collins (STC) 
 Também conhecida como disostose 
mandibulofacial, é um distúrbio do 
desenvolvimento craniofacial ocasionado por 
mutações no gene TCOF1 (cerca de 90% dos casos), 
de herança autossômica dominante. 
 Ao nascimento: devem ser examinadas pelo 
otorrinolaringologista e pelo fonoaudiólogo para 
identificar a extensão da perda auditiva e o grau de 
comprometimento das vias aéreas. 
 A obstrução das vias aéreas superiores por 
fatores estruturais pode frequentemente gerar 
apnéia obstrutiva em portadores de STC. 
 Achados clínicos: achatamento dos ossos malares 
da face (hipoplasia malar); queixo pequeno 
(micrognatia); orelhas pequenas, mal-formadas ou 
ausentes; surdez total ou parcial; coloboma, 
fendas palpebrais inclinadas para baixo; palato 
estreito ou fissurado; cardiopatia congênita, 
criptorquidia, retardo do desenvolvimento 
neuropsicomotor. 
 
 
 
Definição 
 Corresponde a alterações no número ou no arranjo 
dos genes no cromossomo, são elas: deleção, 
translocação, inversão, duplicação e genes 
contíguos (microdeleções). 
Cri-du-chat ou Síndrome do miado do gato 
 É uma monossomia 5p causado pela deleção do 
braço curto do cromossomo 5. 
 Os bebês apresentam o choro semelhante ao 
miado do gato e dismorfia craniofacial. 
 Dismorfia craniofacial: sinostose prematura da 
sutura metópica, hipertelorismo verdadeiro, 
estrabismo, palato ogival, micrognatia, lábios 
finos, úvula bífida, problemas de oclusão, 
anormalidades de laringe. 
 É comum apresentarem também cardiopatias 
(CoA, defeitos septais, atresia de tricúspide); 
anomalias renais; malformações esqueléticas 
(escoliose, anomalias costais), retardo do 
desenvolvimento neuropsicomotor; eventos 
infecciosos (principais causas de óbitos). 
 Apenas cerca de 10-15% sobrevivem a 
adolescência. 
 
 
 
Definição 
 Origina-se da união de gametas com número 
anormal de cromossomos. 
 Aneuploidias: falta de um ou mais cromossomos 
ou a presença de cromossomos extras 
(monossomias, trissomias). 
 Cariótipo: representação gráfica do conjunto de 
cromossomos de uma célula, organizados 
conforme tamanho, forma e número. 
Síndrome de Down 
 Etiologia: trissomia do cromossoma 21 (94%), com 
cariótipo 47, XX ou XY, +21. 
 Características Clínicas: 
 Face: face achatada, braquicefalia, fendas 
palpebrais oblíquas, prega epicântica, manchas 
Distúrbios Genéticos 
Mutações Gênicas 
Mutações Cromossômicas Estruturais 
Mutações Cromossômicas Numéricas 
19
Taciano Fontes Filho 
 
de Brushfield na íris, orelhas pequenas, nariz 
achatado, língua protrusa por hipotonia, palato 
arqueado, hipoplasia dos seios frontais, pescoço 
curto; 
 Extremidades: mãos pequenas e dedos curtos 
(braquidactilia), prega palmar única (prega 
simiesca – 40%), hipoplasia da falange média do 
5º dedo com clinodactilia, afastamento entre o 
hálux e o 2º pododáctilo (sinal da sandália); 
 Sistema nervoso: hipotonia (80%), deficiência 
intelectual, epilepsia, doença de Alzheimer, 
transtorno de conduta. 
 Sistema sensorial: estrabismo (45%), surdez de 
condução/neurossensorial (66%), miopia (70%), 
catarata na fase adulta (30-60%); 
 Sistema cardiovascular: cardiopatias congênitas 
(CIV, CIA, DSAV), na fase adulta observa-se 
prolapso de valva mitral; 
 Sistema gastrointestinal: malformações ((ex.: 
fístula traqueoesofágica, atresia de duodeno, 
pâncreas anular), doença celíaca; 
 Sistema endócrino: hipotireoidismo, diabetes 
mellitus, obesidade; 
 Sistema hematopoiético: leucemia (1:95), 
mielodisplasia; 
 Sistema osteoarticular: esterno curto, frouxidão 
ligamentar, displasia de pelve, instabilidade 
atlantoaxial; 
 Sistema geniturinário: pênis curto e pequeno, 
deficiência gonadal primária. 
 
Síndrome de Patau 
 Etiologia: trissomia do cromossoma 13, com 
cariótipo 47, XX ou XY, +13. 
 Características Clínicas 
 Constitucional: baixo peso de nascimento; 
 Face: microcefalia com sutura sagital ampla, 
fenda labiopalatina (60- 80%), anomalias 
auriculares, hipotelorismo ocular, ciclopia, 
anoftalmia/microftalmia, coloboma de íris. 
 Extremidades: prega palmar única, polidactilia, 
unhas hiperconvexas, camptodactilia, 
calcanhares proeminentes; 
 Pele: hemangiomas capilares em fronte, aplasia 
cútis em couro cabeludo; 
 Sistema nervoso central: malformações (ex.: 
holoprosencefalia com desenvolvimento 
incompleto dos nervos olfatórios e ópticos), 
deficiência intelectual grave, epilepsia, apneia 
central; 
 Sistema sensorial: surdez, cegueira; 
 Sistema osteoarticular: pelve hipoplásica 
(estreita), acetábulo raso; 
 Sistema cardiovascular: cardiopatias congênitas 
(80%), tais como: comunicação interventricular, 
ducto arterioso patente, comunicação interatrial 
e dextroposição cardíaca; 
 Sistema geniturinário: nos meninos, 
criptorquidia e nas meninas, útero bicorno; 
artéria umbilical única, rins policísticos (31%), 
hidronefrose; 
 Sistema gastrointestinal: onfalocele. 
 
Síndrome de Edwards 
 Etiologia: trissomia completa do cromossoma 18, 
com cariótipo 47 XX ou XY, +18. 
 Características Clínicas: 
 Constitucional: prematuridade, baixo peso de 
nascimento, pós-maturidade, polidramnia, 
artéria umbilical única, deficit de crescimento, 
rarefação da gordura subcutânea e músculos, 
hipertonia, choro fraco; 
 Face: região occipital proeminente, diâmetro 
bifrontal estreito, orelhas baixo implantadas e 
malformadas, fissuras palpebrais curtas, 
pequena abertura oral, micrognatia, palato 
ogival; microcefalia; 
 Extremidades: dedos das mãos se sobrepõem, 
hipoplasia ungueal, especialmente no 5º dedo da 
mão e dedos dos pés; hálux pequeno e 
dorsifletido; prega palmar única, calcanhares 
proeminentes. 
 Tórax: esterno curto e mamilos hipoplásicos; 
Abdome: hérnia de retos abdominais, umbilical e 
inguinal; 
 Pele: cútis marmorata, pele redundante; 
20
Taciano Fontes Filho 
 
 Sistema nervoso central: deficiência intelectual, 
paralisia cerebral, defeito de mielinização, 
microgiria, hipoplasia cerebelar; 
 Sistema osteoarticular: pelve estreita com 
limitação da abdução; 
 Sistema cardiovascular: cardiopatias congênitas 
(> 50%), tais como: comunicação interventricular, 
comunicação interatrial, ducto arterioso patente; 
 Sistema geniturinário: nos meninos, 
criptorquidia; nas meninas, hipoplasia de grandes 
lábios com clitóris proeminente 
 
Síndrome de Turner 
 Etiologia: a síndrome de Turner é causada pela 
ausência de um cromossoma sexual (X ou Y), 
determinando o cariótipo
45 X0. 
 Características Clínicas: 
 Ao nascimento: linfedema de membros 
inferiores, pterigium coli (pele redundante no 
dorso e pescoço); 
 Crescimento: baixa estatura e tendência à 
obesidade; 
 Face e pescoço: epicanto, palato em ogiva, 
mandíbula pequena, orelhas proeminentes, 
pescoço curto e alado, baixa implantação da 
linha dos cabelos, prega redundante na nuca; 
 Tórax: em escudo com hipertelorismo mamilar 
(afastamento dos mamilos), mamilos 
hipoplásicos, pectus excavatum, escoliose; 
 Extremidades: cúbito valgo, exostose tibial 
medial, deslocamento de quadril, 4º metatarso 
e 4º metacarpo curtos, unhas hiperconvexas; 
 Sistema nervoso central: inteligência normal, 
retardo na conduta motora e coordenação 
motora fina ruim. 
 Sistema sensorial: hipoacusia; 
 Sistema genital: disgenesia gonadal levando a 
retardo puberal; 
 Sistema urinário: rins em ferradura, duplicação 
do sistema pielocaliciano; 
 Sistema cardiovascular: valva aórtica bicúspide 
(30%), coarctação de aorta (10%); 
 Doenças crônicas: diabetes mellitus, 
hipertensão arterial primária, colite ulcerativa, 
doença de Crohn, hipotireoidismo e agenesia 
do corpo caloso. 
 
Síndrome de Klinefelter 
 Etiologia: O cariótipo mais comum é o 47, XXY, mas 
podem ocorrer 48 XXXY e mosaicos 46 XY, 47 XXY. 
 Características Clínicas: 
 Há uma disgenesia de túbulos seminíferos e, 
por isso, a espermatogênese está ausente. 
 Menor produção de testosterona pelas células 
de Leydig. 
 Há aumento desproporcional do comprimento 
dos membros inferiores, ginecomastia, 
micropênis, testículos pequenos e endurecidos. 
 Maior predisposição de doenças pulmonares 
crônicas (bronquites, enfisema), cânceres 
(tumores de mediastino, tumores de mama, 
linfoma não Hodgkin) e diabetes mellitus. 
 
 
21
Taciano Fontes Filho 
 
TACIANO FONTES FILHO NEONATOLOGIA – 2022.1 
 
 
 
Definição 
 A terminologia recém-nascido (RN) pré-termo 
(prematuro), é utilizada para todo RN entre 22 e 37 
semanas de IG ao nascer e não leva em 
consideração o peso de nascimento. 
 Pré-termo tardios: entre 34 e 36 semanas e 6 
dias. 
 Pré-termo moderado: entre 30 e 33 semanas e 
6 dias. 
 Pré-termo extremos: menor do que 30 
semanas. 
 Crescimento fetal restrito refere-se 
especificamente aos RN que não atingiram 
intraútero todo o seu potencial de crescimento. 
 Classificação do RN a partir do peso: 
 Baixo peso ao nascer (BPN): entre 1500 e 2500 
g. 
 Muito baixo peso ao nascer (MBPN): entre 1000 
e 1500 g. 
 Extremo baixo peso ao nascer (EBPN): 2 cm, ou apagamento cervical 
≥ 80%. 
 OBS: Ameaça de Trabalho de Parto Prematuro: 
cervicometria > 30mm. 
Conduta 
 Tocólise: atua atrasando o trabalho de parto em 
cerca de 2 dias, para que seja possível fazer a 
corticoterapia. 
 Indometacina 
 Terbutalina 
 Nifedipina 
 Corticoterapia: atua nos pneumócitos tipo II, para 
estimular a produção de surfactante e evitar 
problemas respiratórios ao RN. É realizado quando 
a mãe entra em TP prematuro (24-34 semanas de 
IG), com condições materno-fetais estáveis. É ideal 
que seja feito uma cesariana após 24h da última 
dose administrada. 
 Betametasona: 12mg, dose única diária, por 2 
dias. 
 Dexametasona: 6mg, 12/12h, por 2 dias. 
 Seu uso também está associada com a redução da 
hemorragia intraventricular, leucomalácia 
periventricular, retinopatia da prematuridade, 
enterocolite necrosante, persistência do canal 
Prematuridade 
Visão Geral 
22
Taciano Fontes Filho 
 
arterial e, principalmente, da mortalidade 
neonatal. 
 Neuroproteção: 
 MgSO4 
Assistência ao parto 
 Vigilância fetal; 
 Via de parto; 
 Fórceps e vácuo extrator; 
 Profilaxia contra Streptococcus do grupo B (SGB), 
com uso de penicilina benzatina. 
Prevenção 
 Medidas não efetivas na diminuição do parto 
prematuro: 
 Repouso domiciliar ou hospitalar; 
 Abstinência sexual; 
 Tocólise profilática ou de manutenção; 
 Antibioticoprofilaxia em mulheres 
assintomáticas; 
 Uso de escores de risco para prematuridade; 
 Medidas potencialmente efetivas na diminuição 
do parto prematuro: 
 Suplementação com progestágenos; 
 Interrupção do tabagismo; 
 Interromper uso de drogas e álcool; 
 Cerclagem: sutura em bolsa e foi idealizada 
como maneira de manter o colo uterino 
fechado, impossibilitando sua dilatação antes 
do final da gravidez, evitando, assim, a 
prematuridade. 
 Redução da atividade física; 
 Tratamento das infecções genitais sintomáticas 
e da bacteriúria assintomática. 
Prognóstico 
 Responsável por 75% da mortalidade neonatal e 
50% das lesões neurológicas; 
 Retardo de crescimento; 
 Alterações visuais e auditivas; 
 Enterocolite necrotizante; 
 Síndrome da angústia respiratória; 
Método New Ballard 
 Método modificado da avaliação da IG do RN, que 
permite estimar a partir de 20 semanas de IG. 
 São 6 parâmetros neurológicos: pele, lanugo, 
superfície plantar, glândula mamária, olhos-orelha, 
genital. 
 Outros 6 parâmetros físicos: postura, ângulo de 
flexão do punho, retração do braço, ângulo 
ploplíteo, sinal de Xale, manobra calcanhar-orelha. 
OBS: consultar o resumo “Semiologia do RN”. 
 
 
 
Regulação Térmica 
 Quanto menor a IG e maior a restrição do 
crescimento, maiores as chances de perda do 
controle térmico, tornando o RN mais suscetível às 
variações da temperatura ambiente. 
 Entre os fatores envolvidos, encontram-se: relação 
menor entre a massa e a superfície corporal; 
menor quantidade de gordura marrom; maior 
permeabilidade epidérmica; e manuseio excessivo 
a que muitas vezes estão submetidos, favorecendo 
maior perda de água corporal e temperatura. 
Glicose 
 Visão Geral 
 Com o clampeamento do cordão umbilical, cessa o 
fornecimento materno de glicose. Os RN a termo e 
muitos prematuros normais conseguem manter 
inicialmente um nível glicêmico de normalidade. 
 No entanto, os RN prematuros, notadamente os de 
baixo peso ao nascer, por causa de várias 
condições adversas, há acentuada chance de 
desenvolverem hipoglicemia ( 125 mg/dl no 
sangue total ou > 145 mg/dl
no plasma) 
geralmente acontece em prematuros de MBP, 
provavelmente devido à resposta variável à 
insulina, produção hepática persistente de glicose 
endógena ou resistência à insulina. Nesta situação 
deve-se reduzir a VIG. 
 Quando glicemia > 250 mg/dl: indica-se a 
infusão contínua de insulina exógena (10 UI 
insulina regular + 100 ml SG) → infundir 0,1 a 
0,2 U/Kg/hora. 
 Devido a maior complexidade e prevalência da 
hipoglicemia neonatal, iremos aprofundar abaixo 
acerca da sua etiologia, quadro clínico e conduta. 
 Etiologia de hipoglicemia neonatal: 
 Baixa reserva de glicogênio: RN PIG; prematuro; 
restrição de crescimento intrauterino; BPN. 
 Hiperinsulinemismo: RN GIG, filhos de mãe com 
DMG; eritroblastose fetal; Síndrome Beckwith-
Wiedemann; uso materno de tocolíticos e 
clorpropamida. 
 Causas Mistas: situações de estresse (asfixia, 
sepse, hiponatremia, desconforto respiratório 
grave); erros inatos do metabolismo, policetemia, 
Aspectos observados no RN pré-termo 
23
Taciano Fontes Filho 
 
exsanguineotransfusão, uso materno de 
propranolol. 
 Quadro Clínico: 
 É comum sinais e sintomas do sistema nervoso 
central, como irritabilidade, tremores, 
letargia/apatia, hipotonia e coma. 
 Também podem estar presentes: cianose; apneia, 
taquipneia, dispneia; hipotermia ou instabilidade 
térmica; recusa alimentar; sucção débil. 
 Conduta: 
 RN Sintomático: 
 Push de glicose: SG 10%, EV, 2ml/kg. 
 Infusão contínua de glicose: VIG 6 a 8 
mg/kg/min; 
 Dextro a cada 30-60 minutos; 
 Alimentação enteral precoce. 
 RN assintomático: 0-4 horas de vida 
 
 RN assintomático: 4-24 horas de vida 
 
 Hipoglicemia Persistente: apesar de VIG 20 
mg/kg/min, considerar: glucagon, fiazóxido, 
octreotide, glicocorticoides. 
 Nesidoblastose: hipoglicemia persistente, 
provocado pela proliferação de células 
endócrinas com hipersecreção inapropriada da 
insulina. Não é causado por tumor. 
 Insulinoma: é um raro tumor de células beta 
pancreáticas que hiperssecretam insulina. 
Cálcio 
 Atua em vários processos do metabolismo e da 
estabilidade da membrana celular, na contração 
muscular e na condução do potencial de ação entre 
feixes nervosos. 
 Tem relação direta com o PTH, calcitonina, 
vitamina D e íon Mg. 
 Considera-se hipocalcemia quando o nível de cálcio 
sérico total está abaixo de 8 mg/dL (2 mmol/L) ou 
o de cálcio ionizável, abaixo de 4,4 mg/dL. Alguns 
autores aceitam os valores mínimos para o RN 
pré-termo como 7 mg/dL de cálcio total. 
 A hipocalcemia pode, muitas vezes, ser 
assintomática. As manifestações clínicas mais 
frequentes são tremores, irritabilidade muscular, 
convulsões generalizadas ou eventualmente 
focais, estridor, apneia. 
 Tratamento: Faz a suplementação com fosfato 
tricalcico (manipulado) ou gluconato de cálcio 10% 
(infusão contínua de 500mg/kg/dia). 
 Em caso de tetania, apneia ou convulsão: 1 a 2 
ml/Kg GC 10% em 5 min EV / se não houver 
resposta repetir dose após 10 minutos. 
Magnésio 
 Considera-se hipomagnesemia valores séricos 1500g, 400 UI (200 
UI/gota, 2 gotas) por VO, a partir da 1ª semana de 
introdução da dieta enteral a até o primeiro ano de 
idade cronológica. Do 1º ao 2º ano aumenta para 
600 UI (200 UI/gota, 3 gotas). 
 Zinco: 0,5 a 1 mg/kg/dia de 36 semanas até 6 
meses de idade corrigida 
 Cálcio: 50 a 100 mg/kg/dia. O fosfato tricálcico 
12,9% (1 mL, contém 50 mg Ca e 25 mg de P) é uma 
opção de uso. 
 Sem DMO: até completar 40 semanas; 
 Com DMO: por 3 a 6 meses após alta. 
 Fosforo: 5 a 50 mg/kg/dia. 
 
 
 É igual ao RN a termo, seguindo a idade 
cronológica. 
 BCG (dose única): Se PN

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