Buscar

10 RELATIVISMO CULTURAL (1)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

RELATIVISMO CULTURAL 
Postado por Ailton Sena em 04/11/2020 e atualizado pela última vez em 06/11/2020 
A compreensão da cultura a partir dos códigos que ela 
apresenta 
 
O relativismo cultural é uma perspectiva muito cara aos estudos das culturas, em 
especial àqueles realizados pela antropologia. Esse conceito reivindica o caráter 
singular de cada cultura, o que as tornam inteligíveis apenas a partir de seus próprios 
códigos. A adoção desse ponto de vista é fundamental para que se evite comparações 
de cunho hierarquizante acerca dos costumes, práticas e crenças de povos distintos. 
 
Contudo, quando usado para refletir acerca de algumas práticas específicas, o 
relativismo cultural pode ser permissivo com graves desrespeitos aos direitos 
humanos. Neste artigo, vamos conhecer melhor a defesa realizada por esse conceito 
antropológico, seu histórico e os conflitos que podem ser gerados a partir de sua 
utilização de forma indiscriminada. 
 
O que é e o que defende o relativismo cultural? 
 
O relativismo cultural é um conceito e perspectiva antropológica que se opõe à 
categorização de culturas como “superior” ou “inferior”. Nesse sentido, ele define que 
cada grupo social possui uma cultura específica que só pode ser analisada a partir de 
seus próprios códigos. Sendo assim, quando se propõe a conhecer uma comunidade 
que apresenta valores completamente diferentes dos que pratica ou adota como certo 
e errado, o pesquisador não deve apresentar juízos de valor sobre essas práticas. 
Nesse processo, é necessário que o antropólogo abandone seus próprios códigos 
culturais e se proponha a compreender os hábitos daquela comunidade a partir dos 
valores que ela possui. 
 
O relativismo cultural foi uma perspectiva importante para os estudos dessa disciplina, 
sobretudo, por rechaçar o etnocentrismo e o positivismo. Essas perspectivas definiam 
que, quanto mais distante dos padrões europeus, mais primitiva uma cultura seria e 
que existiria uma progressão social a ser cumprida por essas comunidades. Nesse 
sentido, a perspectiva apresentada pela ideia de relativismo cultural apresenta uma 
importante contribuição para os estudos da antropologia realizados no final do século 
XIX. 
 
A perspectiva expressa na ideia de relativismo cultural tem como origem o pensamento 
do antropólogo Franz Boas. Ele foi um dos primeiros intelectuais a tecer críticas contra 
a organização hierarquizada das culturas que era apresentada pela antropologia. 
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/antropologia/etnocentrismo
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/positivismo
Além disso, ele também combatia estruturas de opressões contra grupos específicos, 
como o nazismo. Desse modo, a literatura da área defende que o conceito de relativismo 
cultural surge como uma espécie de síntese das ideias que ele defendia. Contudo, esse 
termo nunca foi utilizado por Boas. 
 
 
O conceito de relativismo cultural apresenta uma importante contribuição 
aos estudos da antropologia. (Imagem: Pixabay) 
Aplicações do conceito 
 
A ideia do relativismo cultural já foi utilizada em importantes estudos realizados pela 
antropologia. E possibilitou o entendimento de sistemas específicos de alguns grupos 
culturais tomando-os como referência para isso. Essa aplicação do conceito se fez 
presente nos trabalhos realizados por Franz Boas com os esquimós e permitiu 
compreender a existência de diferentes formas de perceber os fenômenos da natureza. 
 
Outro exemplo foram os estudos da cultura Tchambuli realizados por Margaret Mead. 
Os trabalhos realizados pela antropóloga foram importantes para perceber como os 
estereótipos de gênero podem sofrer variações nas diferentes culturas. Seu trabalho 
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/nazismo
mostrou como, naquele povo, os scprits de gênero que são frequentemente associados 
às mulheres não são legítimos. 
 
Tensões geradas a partir do conceito 
 
Além de contrapor o etnocentrismo e o positivismo, o relativismo cultural cumpre um 
importante papel ao destacar a diversidade cultural existente no mundo. Mas, quais 
seriam os limites a serem adotados no uso dessa perspectiva? Uma das principais 
críticas feitas ao conceito diz respeito à possibilidade de apresentar uma visão 
cristalizada acerca das culturas. Desse modo, tende a ser condescendente com 
práticas violentas. 
 
O que isso quer dizer? A adoção da premissa de que as culturas só podem ser 
analisadas a partir de seus próprios códigos pode inviabilizar reflexões acerca dos 
processos de mudança cultural. Desse modo, os valores e práticas adotadas por 
determinados grupos deixam de ser questionados devido a um entendimento de que 
“nessa cultura é assim”. 
 
Para entender melhor os conflitos que o relativismo cultural pode gerar nesse sentido, 
é importante refletir acerca de exemplos práticos como a cliterodectomia - remoção 
total ou parcial do clítoris. Esse ato de mutilação da genitália feminina está presente em 
25 países. Para as comunidades que praticam, a cliterodectomia possui uma explicação 
que, muitas vezes, é aceita pelas mulheres a ela submetida. Do mesmo modo, existem 
países na África, Ásia, América e Oceania em que a homossexualidade é vista como 
uma prática criminosa passível de punição, inclusive, com morte. 
 
Nesses lugares, as violências contra esses grupos deveriam ser entendidas como traços 
da cultura e refletidos a partir das explicações que ela oferece? O que alguns 
antropólogos defendem é que é preciso levar em consideração as imposições da cultura 
para os diferentes grupos que estão submetidos a ela. E, desse modo, refletir acerca 
das possibilidades de mudança dos valores e práticas culturais que são problemáticas. 
 
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/antropologia/diversidade-cultural
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/geografia/africa
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/geografia/asia
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/geografia/oceania

Continue navegando