Modelo Biomédico e Enfermagem

Prévia do material em texto

2
CENTRO UNIVERSITÁRIO
BACHARELADO EM ENFERMAGEM
PROCESSOS DE CUIDAR EM ENFERMAGEm
Em que medida o modelo biomédico, que é curativo e biologizante, gera dificuldades à realização dos cuidados em Enfermagem, e que outro modelo você escolheria para contrapô-lo e para explicar os processos de produção de saúde e de doenças na perspectiva da integralidade? Explique a sua escolha.
O profissional da Enfermagem que tem sua prática baseada nas concepções do modelo biomédico enfrentará inúmeras dificuldades decorrentes, fundamentalmente, de uma visão fragmentada de homem. De acordo com este paradigma, a saúde se concretiza mediante a ausência de doença, portanto, os esforços a serem empreendidos por profissionais da saúde, de acordo com este modelo, devem estar direcionados à eliminação de sintomas orgânicos e à consequente cura de enfermidades instaladas no corpo. A sustentação teórica deste esquema de compreensão advém de teorias biológicas, como a anatomia patológica, a fisiologia, a imunologia e a farmacologia, saberes estes que legitimam práticas em saúde biologizantes e que pressupõe a unicausalidade dos processos de adoecimento. 
Com isso, especificamente – mas não exclusivamente –, os enfermeiros que adotam a perspectiva biomédica na realização dos cuidados em saúde vivenciarão dificuldades, como a adoção de práticas altamente especializadas de cuidados, que os afastam da integralidade requerida no cuidado de um outro ser humano. Dessa forma, o profissional se distancia da complexidade representada pelo paciente, adotando práticas que o simplificam e o objetificam. Ao mesmo tempo, o enfermeiro se aliena de seu papel ético e crítico na sociedade, sendo meramente um reprodutor técnico na prestação de cuidados de saúde, atendendo aos imperativos de produção capitalista.
Dentre os demais modelos existentes relativos aos processos de produção de saúde e de doenças, tem-se na noção de saúde como direito um referencial paradigmático que, ao mesmo tempo em que permite uma adequada contraposição ao modelo biomédico, também possibilita aos enfermeiros (e aos demais profissionais da saúde) a superação de uma concepção de saúde que desagrega o indivíduo. Este modelo está sustentado por uma visão de saúde que considera o homem em sua integralidade, pois, diferentemente do paradigma biomédico e da sua ênfase na patologia somática, tem-se agora contempladas as dimensões econômica, social, cultural e subjetiva, pois o ser humano é visto como ser social destinatário de distintos direitos conexos a todas estas dimensões. Com isto, a saúde deixa de ser traço existente no corpo do indivíduo e passa a se relacionar com a sua capacidade e a de coletividades de enfrentarem as adversidades que vivenciam em seu meio.
A Enfermagem, ao adotar o modelo da saúde como direito, direcionará ao paciente um olhar baseado na integralidade. Assim sendo, o tratamento curativo abrirá espaço para práticas de prevenção e de promoção da saúde comprometidas com a superação não somente de uma visão fragmentada de homem, mas com a superação das contradições e das desigualdades sociais existentes na arena social e política.