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ANÁLISE, AVALIAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PROF.A MA. VALÉRIA CRISTINA DA COSTA Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-Reitoria Acadêmica Maria Albertina Ferreira do Nascimento Diretoria EAD: Prof.a Dra. Gisele Caroline Novakowski PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Alan Michel Bariani Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Fernando Sachetti Bomfim Marta Yumi Ando Produção Audiovisual: Adriano Vieira Marques Márcio Alexandre Júnior Lara Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção: Cristiane Alves © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande responsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conhecimento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivência no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mercado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................4 1. POLÍTICAS PÚBLICAS: ASPECTOS CONCEITUAIS ...............................................................................................5 2. POLÍTICAS PÚBLICAS NA REALIDADE BRASILEIRA ........................................................................................... 10 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................... 16 FUNDAMENTOS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PROF.A MA. VALÉRIA CRISTINA DA COSTA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: ANÁLISE, AVALIAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS 4WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), nesta primeira unidade vamos, a princípio, conceituar Políticas Públicas, perpassando a compreensão de Estado, os elementos básicos que permeiam a análise de Estado, procurando descrever o significado e a importância da população, do território e do governo para que o Estado exista. Em toda discussão apresentada, vamos compreender que a explicação de Estado não é unívoca, em cada momento histórico e espaço territorial existem particularidades e transformações. Posteriormente, abordaremos os desdobramentos das Políticas Públicas na realidade brasileira frente à sua extensa área territorial, suas diversidades e expressiva desigualdade social. Portanto, esse é o momento introdutório do conteúdo total da disciplina, para que, então, possamos nos aprofundar em como analisar, avaliar e implementar Políticas Públicas. Nossa sugestão é que você possa aprofundar os estudos com nossas indicações de referências, recursos audiovisuais, para complementar o aprendizado, pois as referências a esse assunto são vastas e bastante diversificadas. Boa leitura e bons estudos! 5WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. POLÍTICAS PÚBLICAS: ASPECTOS CONCEITUAIS Antes de pensarmos em analisar, avaliar e implementar políticas públicas é preciso entender do que se trata política pública. De forma geral, seu conceito é compreendido como o conjunto de atos, programas, projetos e serviços realizados pelo Estado para que os direitos assegurados em lei sejam garantidos em defesa dos interesses coletivos. Hoje, especificamente, no Brasil, constitucionalmente falando, as políticas públicas superam políticas de governo (tempo determinado e eleitos) e são políticas de Estado, se tornando direito de todo cidadão/cidadã brasileiro/a e dever/obrigação do Estado. Ao abrirmos a discussão sobre políticas públicas, significa estarmos inseridos em dicotomias, tomadas de decisões, administração de conflitos que envolvem dualidade de interesses. No entanto, Em uma perspectiva mais operacional, poderíamos dizer que ela (política pública) é um sistema de decisões públicas que visa ações ou omissões, preventivas ou corretivas, destinadas a manter ou modificar a realidade de um ou vários setores da vida social, por meio da definição de objetivos e estratégias de atuação e da alocação dos recursos necessários para atingir os objetivos estabelecidos (SARAVIA; FERRAREZI, 2006, p. 29). Porém, [...] não existe uma única, nem melhor, definição sobre o que seja Política Pública [...]. Apesar de optar por abordagens diferentes, as definições de políticas públicas assumem, em geral, uma visão holística do tema, uma perspectiva de que o todo é mais importante do que a soma das partes e que indivíduos, instituições, interações, ideologia e interesses contam, mesmo que existem diferenças sobre a importância relativa destes fatores (SOUZA, 2006, p. 24). Ressaltamos que as políticas públicas interferem e influenciam a vida das pessoas, em seu convívio, suas necessidades e perspectivas. A palavra pública, que sucede a palavra política, não tem identificação exclusiva com o Estado. Sua maior identificação é com o que em latim se denomina de res publica, isto é, res (coisa), pública (de todos), e, por isso, constitui algo que compromete tanto o Estado quanto a sociedade (PEREIRA, 2008, p. 94). Então, se é público, estamos falando de Estado e de Sociedade. E, Portanto, quando falamos de política pública, está se falando de uma política cuja principal marca definidora é o fato de ser pública, isto é, de todos, e não porque seja estatal (do Estado) ou coletiva (de grupos particulares da sociedade) e muito menos individual. [...] mas pelo fato de significar um conjunto de decisões e ações que resultam ao mesmo tempo de ingerências do Estado e da sociedade (PEREIRA, 2008, p. 95). Vamos discutir agora a respeito do conceito de Estado, já destacando que, desde a sua origem na Antiguidade – das Polis Grega e das Civitas Romana –, vem sofrendo evolução. O primeiro país a utilizar a terminologia Stato foi a Itália. Porém, a definição de Estado como ordem pública foi empregada posteriormente, na Inglaterra, no século XV, e na França e na Alemanha, no século XVI. 6WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O Estado pode ser denominado como sociedade política, com normas e legislações específicas do seu território, dividido hierarquicamente em busca do bem da sociedade e atendimento de suas necessidades, tais como: educação, saúde, assistência social, segurança etc. Para que estas estruturas de governo se organizem no território do Estado, são promulgadas Leis, como: Constituição Federal, Códigos, como o Civil e o Penal, Estatutos de Defesas de Direitos etc. Vamos conhecer, então, a definição de Estado segundo alguns autores e suas acepções. MARX E ENGELS Acepção sociológica O Estado deve ser entendido como o poder político propriamente dito, é o poder organizado de uma classe paradominar outra (MARX; ENGELS, 1998, p. 28). “[...] o Governo do Estado Moderno não é, se não um comitê para gerir os negócios comuns de toda a classe burguesa”. WEBER Acepção sociológica Caracteriza hoje formalmente o Estado como uma ordem jurídica e administrativa – cujos preceitos devem variar – pela qual se orienta a atividade [...] que se pretende válida – como também toda ação executada no território a que se estende a dominação [...]. É, portanto, característico que hoje só exista coação “legítima” desde que a ordem estatal o permita ou prescreva (WEBER, 1977, p. 45). FRANZ OPPENHEIMER Acepção sociológica O Estado, pela origem e pela essência, não passa daquela instituição social, que um grupo vitorioso impôs a um grupo vencido, com o único fim de organizar o domínio do primeiro sobre o segundo e resguardar-se contra rebeliões intestinas e agressões estrangeiras. HEGEL Acepção filosófica Estado, como a realidade da ideia moral, a substância ética consciente de si mesma, a manifestação visível da divindade, colocando-o na rotação de seu princípio dialético da ideia como a síntese do espírito objetivo, o valor social mais alto, que concilia a contradição Família e Sociedade, como instituição acima da qual sobrepaira tão-somente o absoluto, em exteriorizações dialéticas, que abrangem a arte, a religião e a filosofia. KANT Acepção jurídica O Estado como reunião de uma multidão de homens vivendo sob as leis do Direito. DEL VECCHIO Acepção jurídica O sujeito da ordem jurídica na qual se realiza a comunidade de vida de um povo ou a expressão potestativa da social. Quadro 1 – Conceito de Estado. Fonte: A autora. 7WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA No entanto, temos três elementos básicos que permeiam o conceito de Estado, nas quais sem eles o Estado inexiste, são eles: a população, o território e o governo. O Estado ostenta três elementos conjugados: uma base territorial, uma comunidade humana estabelecida sobre essa área é uma forma de governo não subordinada a qualquer autoridade exterior [...] Atributo fundamental do Estado, a soberania o faz titular de competências [...] já se terá visto insinuar, em doutrina, que os elementos constitutivos do Estado não seriam apenas o território, a população e o governo: a soberania seria um quarto elemento [...]. Essa teoria extensiva encerra duplo erro. A soberania não é elemento distinto: ela é atributo da ordem jurídica, do sistema de autoridade, ou mais simplesmente do terceiro elemento, o governo, visto este como síntese do segundo – a dimensão pessoal do Estado –, e projetando-se sobre seu suporte físico, o território” (REZEK, 1996, p. 160-228). Figura 1 – População. Fonte: Geógrafos Del Mundo (2020). Vejamos uma breve síntese sobre cada elemento, destacamos que os três estão intrinsecamente associados. A população diz respeito aos habitantes do território, sejam elas as que nasceram neste determinado local ou que estejam temporariamente no território, independentemente do seu vínculo. 8WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O território é a delimitação de espaço e de relações de poder que se aplicam ao ordenamento jurídico. Discutir o território e o que ele representa é crucial para entender e planejar as políticas públicas, por isso, vamos nos dedicar um pouco mais a entender o que nos dizem a respeito desse tema alguns ilustres pesquisadores. O autor Henri Lefebvre dedicou grande parte de seus estudos para analisar criticamente o tempo e o espaço. A respeito de espaço o autor reflete: Não é um objeto científico descartado pela ideologia ou pela política; ele sempre foi político e estratégico. Se esse espaço tem um aspecto neutro, indiferente em relação ao conteúdo, portanto ‘puramente’ formal, abstrato de uma abstração racional, é precisamente porque ele está se ocupando, ordenado, já foi objeto de estratégias antigas, das quais nem sempre se encontram vestígios. O espaço foi formado, modelado a partir de elementos históricos ou naturais, mas politicamente. O espaço é político e ideológico. É uma representação literalmente povoada de ideologia (LEFEBVRE apud ARAÚJO; BEZERRA; VALENÇA, 2010, p. 3). Outro autor muito importante que discute essa temática é Milton Santos, que nos apresenta o valor do território como: O território tem que ser entendido como o território usado, não o território em si. O território usado é o chão mais a identidade. A identidade é o sentimento de pertencer àquilo que nos pertence. O território é o fundamento do trabalho; o lugar da residência, das trocas materiais e espirituais e do exercício da vida (SANTOS, 2007, p. 22). A autora Dirce Koga elevou sua discussão sobre a relação do território e a sociedade e apresentou como é possível intervir neste por meio de políticas públicas. Para autora, O uso do território pelos sujeitos e a relação entre território e população, o conceito de território se constrói a partir da relação entre território e as pessoas que dele se utilizam. Esta indivisibilidade hoje se mostra com uma particularidade extremamente fecunda quando observamos a intensa dinâmica da população nos territórios. A relação inseparável entre território e sujeito ou população, permite uma visão da própria dinâmica do cotidiano vivido pelas pessoas (KOGA, 2003, p. 35-36). Você sabe qual a diferença entre população, povo e cidadão? • População: todos que vivem no território, independente do vínculo. • Povo: são os natos e/ou naturalizados naquele determinado território. • Cidadãos são os que possuem direitos políticos no território. Para entender melhor, leia em https://www.politize.com.br/estado- o-que-e/. https://www.politize.com.br/estado-o-que-e https://www.politize.com.br/estado-o-que-e 9WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O que a autora nos esclarece é que no território é que se justifica nossas ações e é onde as necessidades/demandas são apresentadas, pois considera a “[...] cidade enquanto um território múltiplo, como o chão concreto das políticas, a raiz dos números e a realidade da vida coletiva” (KOGA, 2003, p. 33). Só para concluirmos a discussão sobre território, podemos interpretar que a delimitação de espaços por território pode ser vista por diferentes focos: político ou jurídico – espaço controlado por um determinado poder; cultural – aspecto mais subjetivo em que o espaço é visto como um produto de apropriação de um determinado grupo – seu espaço vivido e também pelo aspecto econômico; e espaço como exploração de recursos e relações sociais na divisão territorial do trabalho. Lefebvre (apud ARAUJO; BEZERRA, 2010) define três momentos na produção social do espaço: o espaço concebido, o espaço vivido e o espaço percebido. O espaço concebido é a representação abstrata traduzida no capitalismo pelo pensamento hierarquizado, imóvel, distante do real. Advindo de um saber técnico e, ao mesmo tempo, ideológico, as representações do espaço privilegiam a ideia de produto devido à supremacia do valor de troca na racionalidade geral. O espaço vivido denota as diferenças em relação ao modo de vida programado. Enquanto experiência cotidiana (ordem próxima) está vinculado ao espaço das representações através da insurreição de usos contextuais, tornando-se um resíduo de clandestinidade da obra e do irracional. O espaço social, então, configura-se como a expressão mais concreta do espaço vivido. O espaço percebido, por sua vez, aparece como uma intermediação da ordem distante e a ordem próxima, referentes aos desdobramentos de práticas espaciais oriundas de atos, valores e relações específicas de cada formação social. Agora vejamos o terceiro elementoque explica o Estado – o Governo. Esse elemento está relacionado ao poder do Estado, que, por sua vez, está ligado ao aspecto de soberania. Para Bonavides (1997), A soberania é una e indivisível, não se delega a soberania, a soberania é irrevogável, a soberania é perpétua, a soberania é um poder supremo, eis os principais pontos de caracterização com que Bodin fez da soberania... um elemento essencial do Estado (BONAVIDES, 1997, p. 160). O Estado não tem uma única explicação e compreensão, ou seja, em cada momento histórico, tem suas particularidades e transformações. Um destaque importante é que não foi o Estado que criou a sociedade, mas sim um poder nascido da própria sociedade, como analisado por Marx, mas que se distancia de quem o construiu, se pondo cada vez mais acima da sociedade. A existência material, as relações sociais, sobretudo do trabalho, e a forma de exploração do capital influenciam na forma de explicar e compreender o Estado em cada momento histórico explicado dialeticamente. 10WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2. POLÍTICAS PÚBLICAS NA REALIDADE BRASILEIRA O primeiro passo para compreender as políticas públicas na realidade brasileira é compreender que estamos tratando de um país com dimensões continentais, com grandes diversidades culturais, étnicas, raciais e sociais, com diferenças regionais e com características típicas peculiares em sua vasta extensão territorial, além da elevada desigualdade social e econômica, que ao longo da história foram manifestando de forma mais latente seus problemas estruturais e expressões da questão social. Assim, compreendemos que políticas públicas são formas criadas pelo Estado para enfrentar essas expressões da questão social e atender as demandas sociais, assumindo o compromisso público em um determinado âmbito de atuação: saúde, educação, habitação, assistência social etc. Saravia e Ferrarezi conceituam políticas públicas da seguinte forma: [...] um fluxo de decisões públicas orientado a manter o equilíbrio social ou a introduzir desequilíbrios destinados a modificar essa realidade. Decisões condicionadas pelo próprio fluxo e pelas reações e modificações que elas provocam no tecido social, bem como pelos valores, ideias e visões dos que adotam ou influenciam na decisão (SARAVIA; FERRAREZI, 2006, p. 28). Em alguns momentos desta unidade, falamos sobre expressões da questão social. Você sabe o que significa? Uma autora referência nesta discussão é Marilda Iamamoto, que nos explica que a questão social está presente na sociedade capitalista monopolista e as suas sequelas interferem de diferentes formas e expressões no cotidiano da vida em sociedade: desemprego, déficit habitacional, pobreza etc. Saiba mais em http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/ j o i n p p 2 0 1 1 / C d V j o r n a d a / J O R N A D A _ E I X O _ 2 0 1 1 / MUNDIALIZACAO_BLOCOS_ECONOMICOS_ESTADO_ NACIONAIS_E_POLITICAS_PUBLICAS/AS_EXPRESSOES_ DA_QUESTAO_SOCIAL_NA_ERA_DO_CAPITALISMO_ FINANCEIRO.pdf. http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2011/CdVjornada/JORNADA_EIXO_2011/MUNDIALIZACAO_BLOCOS_ECONOMICOS_ESTADO_NACIONAIS_E_POLITICAS_PUBLICAS/AS_EXPRESSOES_DA_QUESTAO_SOCIAL_NA_ERA_DO_CAPITALISMO_FINANCEIRO.pdf http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2011/CdVjornada/JORNADA_EIXO_2011/MUNDIALIZACAO_BLOCOS_ECONOMICOS_ESTADO_NACIONAIS_E_POLITICAS_PUBLICAS/AS_EXPRESSOES_DA_QUESTAO_SOCIAL_NA_ERA_DO_CAPITALISMO_FINANCEIRO.pdf http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2011/CdVjornada/JORNADA_EIXO_2011/MUNDIALIZACAO_BLOCOS_ECONOMICOS_ESTADO_NACIONAIS_E_POLITICAS_PUBLICAS/AS_EXPRESSOES_DA_QUESTAO_SOCIAL_NA_ERA_DO_CAPITALISMO_FINANCEIRO.pdf http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2011/CdVjornada/JORNADA_EIXO_2011/MUNDIALIZACAO_BLOCOS_ECONOMICOS_ESTADO_NACIONAIS_E_POLITICAS_PUBLICAS/AS_EXPRESSOES_DA_QUESTAO_SOCIAL_NA_ERA_DO_CAPITALISMO_FINANCEIRO.pdf http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2011/CdVjornada/JORNADA_EIXO_2011/MUNDIALIZACAO_BLOCOS_ECONOMICOS_ESTADO_NACIONAIS_E_POLITICAS_PUBLICAS/AS_EXPRESSOES_DA_QUESTAO_SOCIAL_NA_ERA_DO_CAPITALISMO_FINANCEIRO.pdf http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2011/CdVjornada/JORNADA_EIXO_2011/MUNDIALIZACAO_BLOCOS_ECONOMICOS_ESTADO_NACIONAIS_E_POLITICAS_PUBLICAS/AS_EXPRESSOES_DA_QUESTAO_SOCIAL_NA_ERA_DO_CAPITALISMO_FINANCEIRO.pdf 11WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Vejamos na linha histórica como as políticas públicas se desenvolveram no Brasil: Figura 2 – Políticas Públicas no Brasil. Fonte: A autora. Hoje, no Brasil, as políticas públicas correspondem à garantia de que os direitos assegurados na Constituição Brasileira de 1988 estejam efetivamente sendo garantidos. Os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil estão assim definidos no seu terceiro artigo: [...] I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (BRASIL, 1988). As políticas públicas estão instituídas legalmente, mas suas ações, a princípio, partem das demandas e interesses coletivos da sociedade, são formuladas pelos poderes executivo e legislativo. Porém, a participação de todo cidadão/cidadã brasileiro nas políticas vai além do sufrágio para eleger os poderes e sua soberania, pois a sociedade deve participar de todo processo: na formulação, implementação, monitoramento e avaliação das políticas públicas, seja por meio do acompanhamento das assembleias e passos governamentais, como pela participação nos conselhos deliberativos e de direitos, bem como nas conferências das políticas setoriais, pois estes são instrumentos de controle social e participação garantidos legalmente. [...] uma vez estabelecido o sistema participativo, ele se torna sustentável porque as qualidades exigidas de cada cidadão para que o sistema seja bem sucedido são aquelas que o próprio processo de participação desenvolve e estimula: quanto mais o cidadão participa, mais ele se torna capacitado para fazê-lo. Os resultados humanos obtidos no processo de participação fornecem um importante justificativa para um sistema participativo (ROUSSEAU, 1968, p. 64 apud PATEMAN, 1992, p. 39). 12WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Feitas essas considerações, faremos agora um breve resgate histórico das políticas públicas no Brasil, tendo como marco a década de 1920, pois estamos levando em consideração que, no país, no período conhecido como Colonial (1500-1889), a política era totalmente voltada ao aspecto econômico, que era extrativista, e os governantes estavam vinculados a coroa portuguesa. Depois, passamos para o período conhecido como República Velha (1889-1930), quando os incentivos estavam voltados ao agronegócio para fins de exportação. Neste momento, tivemos a política “Café com leite”, referenciando ao poder oligárquico dos paulistas (grande produtor do café) e dos mineiros, que detinham o maior número de eleitores na época (conhecidos pela produção vasta de leite). Vejamos a seguir um quadro no qual constam as principais ações do Estado e características marcantes, década a década – de 1920 até os anos 2000. Década Principais ações do Estado e características do período 1920 Caixas de Aposentadoria e Pensão em 1923, Lei Eloy Chaves. Em 1927 foi criado o Código de Menores. 1930 Criação dos IAPs – Institutos de Aposentadorias e Pensões. Início do processo de industrialização e ruptura política. Revolução de 1930. Getúlio Vargas define algumas políticas de saúde e previdência. Início da introdução depolíticas sociais. Constituição de 1937. Fim da República Velha/Golpe Getulista Início da Terceira República/Estado Novo de 10 de novembro de 1937 a 31 de janeiro de 1946. Desenvolvimento Nacionalista 1940 As características do governo eram as mesmas dos princípios liberais, período de arrocho salarial e achatamento dos investimentos públicos. Plano SALTE – com propostas nas áreas de Saúde, Alimentação, Trabalho e Energia. A Constituição de 1946 instituiu o regime representativo e os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. 1950 O país teve cinco presidentes nessa década. A política foi marcada pelos conflitos entre capitalistas e socialistas no mundo todo e influenciou o Brasil. Movimento de Educação Popular. Década marcada por greves e movimentos sociais. https://www.infoescola.com/direito/poder-legislativo/ 13WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1960 Inauguração de Brasília. Primeira grande crise do país. Golpe de 64. Lei Orgânica da Previdência Social em 1960. 1964 – criação da FUNABEM – Fundação do Bem Estar do Menor. 1966 – criação do FGTS – Fundo de garantia por tempo de serviço. 1967 – criação do Funrural. 1970 Ditadura Militar. Milagre econômico. Censura. Atuação da saúde aos surtos de meningite. Ampliação dos direitos rurais, domésticos e autônomos 1970 – criação do PIS – Programa de Integração Social. 1972 – Plano de assistência ao trabalhador rural. 1975 – criação do PASEP. 1980 Essa década foi conhecida como a perdida pelo aspecto do desenvolvimento econômico e dos altos índices de inflação. 1981 - Rondônia passa a ser um estado. 1984 - Movimento Diretas Já pela volta das eleições diretas para presidente do Brasil. 1985 - Fim da Ditadura Militar no Brasil. 1988 - Amapá e Roraima passam a ser estados brasileiros. 1988 - Promulgação da Constituição Brasileira ainda em vigor e marco da abertura política e o Estado Democrático de Direito. Foi instituído o Tripé da Seguridade Social - Saúde, Assistência Social e Previdência Social - como dever do Estado e direito da sociedade. 1988 - criação do estado de Tocantins. 1982 - funcionamento da usina hidrelétrica de Itaipu. 1986 - Plano Cruzado (com o objetivo de reduzir a inflação com tabelamento de preços). 1987 - crise econômica que abala as bolsas de valores de diversos países no mundo todo. 1989 – Moeda Cruzado Novo https://www.suapesquisa.com/economia/plano_cruzado.htm 14WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1990 Renascimento da democracia. Maior queda do PIB. Hiperinflação. 1990 - Plano Collor – a moeda passou a ser o cruzeiro. Confisco da poupança 1994 - Plano Real e a estabilização das taxas de inflação. Privatização. Ofensiva neoliberal no país. 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente. 1990 - Lei Orgânica da Saúde. 1993 - Lei Orgânica da Assistência Social. 1996 – Criação da LDB – Diretrizes e Bases da Educação. 2000 Início da década – aumento das privatizações e redução do papel do estado. Depois houve a retomada dos investimentos públicos nos setores estratégicos de infraestrutura, saúde, educação e assistência social. Quadro 2 – Políticas Públicas no Brasil. Fonte: A autora. Ao percorrer esse longo período histórico, que contemplou desde a década de 1920 até a primeira década do século XXI, é necessário enfatizar que a Constituição de 1988 foi um marco para o Brasil, marcada pela abertura política e pelo Estado Democrático de Direito que ainda está em vigor. Porém, nos dias atuais, precisamos citar que tivemos a redução orçamentária destinada às políticas setoriais, conforme a Ementa Constitucional 95, do teto dos gastos públicos, que altera a Constituição Federal de 1988 e limita por um período de 20 anos os investimentos públicos em áreas como educação, assistência social, dentre outras. Nossa sugestão é o livro Políticas públicas no Brasil: Uma abordagem institucional, de Gilmar Mendes e Paulo Paiva. Essa é uma leitura considerada obrigatória para compreender tanto a origem do Estado brasileiro, como o seu desenrolar ao longo da história, tendo como principal eixo norteador a Constituição Federal de 1988. Fonte: Editora Saraiva (2020). https://pt.wikipedia.org/wiki/Infraestrutura_(economia) 15WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Indicamos que você assista o filme brasileiro, de 2014, intitulado Privatizações: a distopia do Capital, de Sílvio Tendler. Trata-se de um documentário com relatos de professores, intelectuais, representantes de movimentos sociais, fazendo uma leitura das privatizações propostas pela abertura neoliberal no país, desresponsabilizando o Estado de suas tutelas previstas em Lei e as consequências para a sociedade. Também é apresentado um paralelo com os Estados Unidos. O filme está disponível em https://www.youtube.com/watch?v=xJPCKjT0XXk&ab_ channel=TVBoitempo. Fonte: Polifonia Periférica (2020). Acredito que, depois de ter assistido a esse filme, você, aluno(a), estará instigado(a) a respeito de estudar políticas públicas e seus entraves. 16WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Sem dúvida nenhuma o assunto estudado nesta unidade não se esgota aqui, pois, além de sua relevância para a formação, o assunto é pertinente para nossa vida diária, enquanto cidadão de direito brasileiro. Por isso, acreditamos que está apenas lançado o desafio de leitura e análise crítica sobre Políticas Públicas, seja no contexto brasileiro ou mundial, pois estamos em uma era globalizada, em que todas as ações e medidas tomadas em um país podem afetar aos demais. Vimos que o conceito de políticas públicas passa por várias interpretações, mas é compreensível que se trata de ações estatais para que os direitos dos/das cidadãos/cidadãs de determinado território estejam assegurados, estando estes previstos em Leis, mediante demandas da sociedade e interesses coletivos da população. Em especial, no Brasil, vários fatores influenciam no desenvolvimento das políticas públicas: a economia, a política, a cultura, as expressões da questão social, as diversidades, as desigualdades, enfim, a sua multiplicidade de informações. Fizemos indicações importantes para que você complemente o conteúdo abordado, acreditamos que com o conteúdo repassado e os demais elementos sugeridos, você estará motivado ao aprofundamento e reflexão sobre o que são e como as políticas públicas interferem na vida em sociedade e suas relações. Boa reflexão! 1717WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................... 18 1. MODELOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS .................................................................................................................... 19 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................24 MODELOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS PROF.A MA. VALÉRIA CRISTINA DA COSTA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: ANÁLISE, AVALIAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS 18WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Nessa unidade de discussão, vamos estudar que as políticas públicas podem ter variadas tipologias, interpretadas por diferentes autores, que consideram algumas particularidades que as norteiam. Nosso propósito é apresentar os principaismodelos estudados. Pois, o estudo sobre políticas públicas permeiam diferentes disciplinas que as explicam de acordo com sua compreensão dos fatos e essa diversidade na ótica do estudo a respeito apenas nos instiga a pesquisar e estudar ainda mais para interpretar seus conceitos, sejam eles na visão antropológica, jurídica, sociológica, econômica, política, cultural, dentre outras. No entanto, o aprofundamento da pesquisa é essencial para compreensão dos modelos que ora vamos apresentar, utilizando-se de referências como: Lowi, Secchi, Salisbury, Wilson, Gormely e Bozeman & Pandey. Apresentaremos também uma breve discussão sobre a interpretação do que se trata a referência a atores sociais, além de sua compreensão, gostaria de provocar uma reflexão a você, caro(a) aluno(a), e levá-lo(a) a pensar em qual desses grupos representa os atores das políticas reconhecidas. Esse é um debate importante e faz de você um cidadão(ã). Bons estudos! 19WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. MODELOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS O estudo sobre políticas públicas é multidisciplinar. Em várias áreas e com diferentes acepções pode-se estudar e explicar à sua maneira o desenvolvimento e análise sobre suas possibilidades, entre os quais podemos citar os âmbitos: jurídico, político, econômico, sociológico, antropológico etc. As tipologias de políticas públicas dependem da interpretação de alguns autores que discutem a respeito. Veremos ao longo desta unidade as principais classificações estudadas. Pois, Uma tipologia é um esquema de interpretação e análise de um fenômeno baseado em variáveis e categorias analíticas. Uma variável é um aspecto discernível de um objeto de estudo que varia em qualidade ou quantidade. Uma categoria analítica é um subconjunto de um sistema classificatório usado para identificar as variações em quantidade ou qualidade de uma variável (SECCHI, 2012, p. 16). Segundo Lowi (1970), as políticas públicas podem ser explicadas de quatro maneiras: políticas distributivas, políticas regulatórias, políticas redistributivas e políticas constitutivas. Figura 1 - Tipos de coerção, atividade política e políticas públicas. Fonte: Lowi (1970). No caso das políticas distributivas, diz respeito a tomadas de decisões do governo e direcionada a uma camada da população e não a sociedade como um todo. Por exemplo: “Um programa de crédito a baixo custo oferecido a pequenos empreendedores que queiram montar seu negócio [...]. Problema: necessidade de geração de emprego e renda” (SECCHI, 2012, p. 8). Também podemos citar a dedução de impostos para as pessoas com deficiência, emendas destinadas aos parlamentares para aplicarem nos municípios, obras públicas em determinados locais etc. 20WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A política regulatória estabelece “[...] padrões de comportamento, serviço ou produto para atores públicos e privados” (SECCHI, 2012, p. 17). Como exemplo temos as leis de trânsito, decretos no período da pandemia do coronavírus de distanciamento social e uso de máscaras, entre outros. Já a política redistributiva atinge um número maior de pessoas e pode ser revertida em políticas sociais. O exemplo mais conhecido é o de distribuição de renda: [...] programa bolsa família, devido à grande concentração de renda, em que o Estado utiliza dos recursos advindos, dentre outros, do imposto de grandes empresas (que concentra a renda e capital) e redistribui para quem não possui renda [...]. Problema: concentração de renda (SECCHI, 2012, p. 8). E, por fim, as políticas constitutivas são consideradas como as competências e regras dos três poderes: executivo, legislativo e judiciário, além do sistema político eleitoral. Também são consideradas políticas constitutivas das relações intergovernamentais e a participação da sociedade civil nas decisões. Exemplo: [...] lei que obrigue partidos políticos a escolher seus candidatos em processos internos de seleção e posteriormente apresentar listas fechadas aos eleitores [...]. Problema: debilidade dos partidos políticos brasileiros, infidelidade partidária por parte dos políticos (SECCHI, 2012, p. 8). Com base no conceito de Lowi, Robert H. Salisbury (1968) avançou a discussão e fez a seguinte classificação: políticas distributivas, políticas redistributivas, políticas regulatórias e políticas não regulatórias. As Políticas distributivas seguem a mesma linha de discussão de Lowi, políticas que atendem demandas específicas, fragmentadas, assim como a discussão de políticas redistributivas que atendem as demandas e foram cedidas pela pressão dos atores em classes antagônicas. Nas políticas regulatórias, as decisões são tomadas de forma concentrada e as demandas são fragmentadas. E, por último, nas políticas não regulatórias, as demandas são concentradas e as decisões fragmentadas. James Q. Wilson (1973) refuta as ideias anteriores sobre políticas públicas e apresenta novas tipologias, criando as seguintes modalidades: políticas clientelistas, políticas majoritárias, políticas empreendedoras e políticas de grupos de interesse; essas quatro modalidades apresentadas pelo autor estão relacionadas ao custo/benefício, vejamos a figura a seguir: Quadro 1 – Tipologia de Políticas Públicas. Fonte: Wilson (1973). 21WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Como demonstra o Quadro 1, as tipologias de políticas públicas estão intrinsecamente marcadas pelas relações de poder e quem é ou será beneficiado e obterá vantagens com sua aplicabilidade. Outros autores também discutem a tipologia de políticas públicas, como Gustafsson (1980), Gormley (1986) e Bozeman e Pandey (2004). Gustafsson (1980) tem como parâmetro as intenções dos atores envolvidos no processo de formulação e implementação das políticas públicas e a sua efetividade define quatro categorias: política real, política simbólica, Pseudo Política e Política sem sentido. Para Secchi (2012), esses atores têm [...] capacidade de influenciar, direta ou indiretamente, o conteúdo e os resultados da política pública. São os atores que conseguem sensibilizar a opinião pública sobre problemas de relevância coletiva. São os atores que têm influência na decisão do que entra ou não na agenda. São eles que estudam e elaboram propostas, tomam decisões e fazem que intenções sejam convertidas em ações (SECCHI, 2012, p. 77). Figura 2 – Atores das políticas públicas. Fonte: ISM Blog (2015). E quem são os atores os quais citamos? De acordo com a análise apresentada por Secchi (2012), quem esses atores podem ser? Servidores públicos, políticos, partidos políticos, empresários, pesquisadores, organizações da sociedade civil, sindicatos e associações de classe e de movimentos sociais, conselhos, grupos religiosos, a sociedade, organizações internacionais (ONU, Banco Mundial) e mídia. 22WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A inovação nos pensamentos de Gormley está em realizar sua análise sob a ótica do impacto das políticas públicas nas pessoas, tanto na abrangência (números de pessoas que serão atingidas), como no grau complexidade - alta complexidade, por exemplo a vacina de imunização para Covid-19, e baixa complexidade, como as cotas raciais em universidades. Por sua vez, a proposta tipológica de políticas públicas de Bozeman & Pandey (2004) está relacionada ao conteúdo da política, categorizando-a de duas formas: técnico ou político, ou seja, quem são os atores, os que pensam e analisam o problema mediante pesquisa técnica e apresentam possibilidades de atuação; ou em nível político,que seria quem decide aplicá-las ou excluí-las. O que são atores individuais e coletivos na dimensão das políticas públicas? O envolvimento e atuação desses atores, influenciam diretamente em nossa vida, pois as decisões tomadas podem transformar recursos públicos em atendimentos necessários para a nossa sobrevivência e desenvolvimento. Quadro 2 - Ator individual e coletivo. Fonte: A autora. Assista esse vídeo do conceituado autor Leonardo Secchi, referenciado várias vezes nesta apostila. É uma entrevista imperdível, pois este estudioso com pós-doutorado em políticas públicas tem muito para nos ensinar. O vídeo está disponível em https://www.youtube.com/watch?v=tWnZrMRLtCQ&ab_ channel=Politize%21. Fonte: YouTube (2020). 23WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Vamos propor uma dobradinha do autor e, além do vídeo, agora sugerimos uma obra imperdível intitulada Políticas Públicas: conceitos, casos práticos, questões de concurso, também de Leonardo Secchi. SECCHI, L.; COELHO, F. S.; PIRES, V. Políticas Públicas: conceitos, casos práticos, questões de concurso. 3 ed. São Paulo: Cengage Learning, 2020. Fonte: Amazon (2020). 24WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Entendo que nesta unidade repassamos muitas informações, que até parecem complicadas, mas nosso objetivo é que você conheça as principais reflexões a as diferentes classificações tipológicas retratadas sobre políticas públicas. Em todas as modalidades apresentadas, os autores diversos procuraram caracterizar as políticas públicas com base em estudos, pesquisas que foram transformadas em descrições dos modelos, com abordagens por vezes próximas e outras com análises distintas, seja pela ótica dos objetivos, dos benefícios, dos conteúdos, dos atores ou das demandas. Também abordamos estudos sobre os diferentes atores envolvidos no processo de planejamento e efetivação das políticas públicas, sejam eles públicos ou não, individuais ou coletivos. Os autores que citamos nesta unidade criaram tipologias de políticas públicas que nos embasam para futuras compreensões e aprofundamento dos estudos, pois a identificação dos diferentes autores e suas explicações foram apresentadas de forma objetiva, para que pudessem compreender como foram categorizadas de diferentes formas por cada pesquisador. Essa é uma abordagem necessária para que possamos dar sequência aos próximos estudos. Sugiro que faça novas pesquisas utilizando as nossas referências e outras também, considerando nossas indicações, que serão muito úteis ao seu aprendizado. 2525WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 03 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................................26 1. PROCESSO DE ELABORAÇÃO E ESCOLHA DE POLÍTICAS PÚBLICAS ...............................................................27 1.1 PRIMEIRA FASE: PLANEJAMENTO .......................................................................................................................28 1.2 SEGUNDA FASE: FORMULAÇÃO ...........................................................................................................................30 1.3 TERCEIRA FASE: TOMADA DE DECISÃO .............................................................................................................33 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................35 FORMULAÇÃO E ESCOLHA DE POLÍTICAS PÚBLICAS PROF.A MA. VALÉRIA CRISTINA DA COSTA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: ANÁLISE, AVALIAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS 26WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Esta unidade tem como propósito o estudo do processo de elaboração e escolha de políticas públicas, na qual utilizaremos a abordagem de Ciclo de Políticas Públicas. Vamos desenvolver o conhecimento de que o ciclo perpassa cinco fases, que são: planejamento (identificação do problema/demandas e formação de agenda pública), formulação de políticas públicas, tomada de decisão, implementação e avaliação. Porém, nos limitaremos, nesta unidade, a discutir as três primeiras fases, iniciando, portanto, com a fase do planejamento, em que se faz necessário o levantamento de necessidades para entrar na agenda pública e de estratégias para planificar a formulação dessa agenda e tomar decisões para solução dos problemas. Embora tenhamos apresentado em forma de tópicos e as fases sejam sequenciais, é importante que compreenda que todas elas são intrínsecas, complementares e indissociáveis. A sua compreensão e aplicabilidade levará o gestor de políticas públicas a obter projetos exitosos e a população como um todo será a maior beneficiada, pois suas demandas serão atendidas de acordo com as reais necessidades. Como veremos, esta unidade tem um apelo mais pedagógico e ilustrativo e menos denso enquanto conteúdo programático. A sugestão é que se faça um exercício de evolução do ciclo para compreensão do todo, considerando o processo como ciclo – pois se trata de uma determinação temporal de uma sequência de fatos da agenda pública. Boa leitura! 27WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. PROCESSO DE ELABORAÇÃO E ESCOLHA DE POLÍTICAS PÚBLICAS As políticas públicas são permeadas por diversos momentos e aspectos, existem alguns determinantes que são levados em consideração: quem são os atores e seus interesses e os processos e conjuntura em que se encontram. Porém, as etapas geralmente envolvem a formulação, fase de implementação e avaliação. Uma forma muito conhecida para referenciar o processo de políticas públicas é tratá-lo como Ciclo de Políticas Públicas. Na verdade, essa nomenclatura é utilizada para que possamos melhor visualizar e compreender como se organizam as políticas públicas; mas vale ressaltar que, embora apresentado de forma sequencial, os ciclos são indissociáveis e interdependentes. Todo o processo contido no ciclo deve contar com vários atores públicos, pois a participação de diferentes públicos, com suas ideias, suas experiências, sejam elas vividas ou pesquisadas, viabilizam melhores soluções, exequíveis e mais assertivas quanto às reais necessidades da sociedade, além da aplicabilidade com maior êxito dos recursos públicos. Vejamos a Figura 1 para posteriormente estudarmos cada fase sequencial do ciclo. Porém, nesta Unidade, enfatizamos as três primeiras fases; as fases de implementação e avaliação serão estudadas em nossa última unidade. Figura 1 – Ciclo de Políticas Públicas. Fonte: A autora. 28WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.1 Primeira Fase: Planejamento • Identificação do problema ou da demanda • Formação da agenda Essa primeira fase é a do planejamento, na qual se dará o direcionamento de todo o desenvolvimento das políticas públicas, pois é quando se conhece o problema, se faz o estudo de prioridades junto ao poder público e se define o que impactará de forma mais incisiva na realidade. Lambertucci (2009) destaca sobre a questão da participação social no planejamento das políticas públicas. A participação social é considerada importante elemento de gestão e componente fundamental para a elaboração das políticas públicas. As propostas do programa de governo são [ou devem ser] construídas a partir das demandas e necessidadesda sociedade. Essas, na medida do possível, são incorporadas às políticas públicas (LAMBERTUCCI, 2009, p. 74). A esse respeito, faz-se necessário envolver vários atores sociais, principalmente os que serão atingidos com o projeto, além de realizar um estudo da realidade para percepção do cenário, conhecendo os indicadores sociais e obtendo o máximo de informações quanto ao território e sua população, pois a partir da consistência dessas informações, bem como da análise dos recursos existentes e necessários para exequibilidade da proposta, que se chegará a elaboração de uma proposta de programa de governo eficaz. Segundo Stone (2002), a definição do problema na agenda pública tem relação com a administração de conflitos, vejamos. Os problemas são definidos na política para atingir metas - mobilizar o apoio para um lado em um conflito. Definir um problema é fazer uma declaração sobre o que está em jogo e quem é afetado e, portanto, definir interesses e a constituição de alianças. Não existe uma definição de problema apolítico (STONE, 2002, p. 231). A partir de então, o levantamento dessas prioridades deve formar a agenda pública, respeitando-se vários fatores, pois, as políticas públicas apresentam especificidades, como recursos e previsões orçamentárias. Os autores Rochefort e Cobb (1994) destacam oito elementos para a definição do problema: causalidade, gravidade, incidência, novidade, proximidade, crise, público-alvo, meios versus fins e soluções. 29WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Lembramos que todo planejamento não é estanque. É importante que haja flexibilidade e essa fase de planejamento pode ser retomada a qualquer momento. A respeito da formação da agenda, é necessário entendermos primeiro sobre o significado de agenda segundo alguns autores. Para Birkland (2005, p.109), o termo está relacionado à “[...] coleção de problemas, entendimentos sobre causas, símbolos, soluções e outros elementos de problemas públicos que chamam a atenção do público e de funcionários públicos”. Para Dearing e Rogers (1996, p. 2), “[...] uma agenda é um conjunto de questões que são comunicadas em uma hierarquia de importância em determinado momento”. Portanto, nesta fase do ciclo das políticas públicas, estamos nos referindo a inserir o problema e/ou demanda às discussões políticas, que devem ter atuações do sistema político na proposição de alternativas no conjunto de suas ações. Veja a Figura 2 sobre as ideias do autor Birkland (2005), que apresenta uma ilustração sobre os níveis da agenda. Figura 2 - Níveis da Agenda. Fonte: Birkland (2005). Sobre esses elementos estudados pelos autores para definição do problema, leia a publicação do Enap (Escola Nacional de Administração Pública), na obra intitulada Formulação de Políticas, de Ana Cláudia Niedhardt Capella, em https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/3332/1/Livro_ Formula%C3%A7%C3%A3o%20de%20pol%C3%ADticas%20 p%C3%BAblicas.pdf. https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/3332/1/Livro_Formula%C3%A7%C3%A3o%20de%20pol%C3%ADticas%20p%C3%BAblicas.pdf https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/3332/1/Livro_Formula%C3%A7%C3%A3o%20de%20pol%C3%ADticas%20p%C3%BAblicas.pdf https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/3332/1/Livro_Formula%C3%A7%C3%A3o%20de%20pol%C3%ADticas%20p%C3%BAblicas.pdf 30WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Essa organização tem como início mais amplo o universo da agenda, que são todas as possíveis discussões de um Estado democrático e que, posteriormente, passa para as discussões mais aceitáveis, que fazem parte da agenda sistêmica, e vão afunilando para uma agenda mais restrita no âmbito governamental, até a agenda mais decisiva. As ações estatais são permeadas por três fluxos decisórios e independentes – problemas, soluções ou alternativas e política, como observamos na figura ilustrada por Capella (2007). Figura 3 - Fluxos decisórios e independentes da ação estatal. Fonte: Capella (2007). No modelo apresentado por Capella (2007), que tem como referência Kingdom, podemos observar que é dado ênfase à definição de agenda dos diversos atores, tanto na definição do problema como no planejamento, e também na aceitação das políticas públicas. 1.2 Segunda Fase: Formulação Essa é a fase da planificação, em que desenhamos as ações que queremos tomar para solucionar o problema, mediante os estudos de viabilidade para apresentar as alternativas possíveis. O desenho da política tem consequências reais, mas os significados e interpretações da política moldam os padrões de participação resultantes. Se as políticas resultam em conformidade, resistência ou afastamento, isso não depende tanto do que a política realmente faz, mas da forma como as pessoas constroem socialmente o significado da política e o que elas acreditam serem ações cidadãs apropriadas e corretas (SCHNEIDER; INGRAM, 1997, p. 79). 31WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Assim como todo projeto, esse é o momento em que os objetivos, as metas, as estratégias de atuação, a metodologia a ser empregada e a proposta devem ser claros e objetivos, com rigor de informações e envolvimento das pessoas para que todos estejam alinhados e de fato haja efetividade das ações tomadas de forma interdisciplinar. Porém, O denominador mais comum de todas as análises de redes de políticas públicas é que a formulação de políticas públicas não é mais atribuída somente à ação do Estado enquanto ator singular e monolítico, mas resulta da interação de muitos atores distintos. A própria esfera estatal é entendida como um sistema de múltiplos atores (SCHNEIDER, 2005, p. 38). A escolha de alternativas para solucionar os problemas e demandas identificados antecedem a fase de tomadas de decisões, e envolvem vários atores, desde que é atendido por essas políticas, como as pessoas de nível técnico, que estarão sobretudo na fase de implementação, e os próprios governantes, que são os que têm o poder decisório diante dos problemas públicos. [...] formulação é o estágio da produção de políticas em que uma variedade de opções disponíveis é considerada e, em seguida, reduzida a um conjunto sobre o qual atores relevantes, especialmente o governo, podem concordar que sejam úteis para lidar com uma questão de política pública (HOWLETT; MUKHERJEE, 2017, p. 6). O desenho dessas políticas é realizado por escolhas metodológicas, por instrumentos e técnicas de atuação. Veja como os instrumentos foram categorizados por Christopher Hood (1986). Quadro 1 - Categorização de instrumentos de atuação. Fonte: Hood (1986). 32WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Portanto, as escolhas dos instrumentos têm centralidade para realização do desenho de políticas públicas. E ainda, O esforço para desenvolver políticas eficientes e efetivas de forma mais ou menos sistemática por meio da aplicação do conhecimento sobre os recursos da política, obtidos por meio da experiência, da razão, para o desenvolvimento e adoção de cursos de ação que provavelmente terão sucesso em alcançar as metas ou objetivos desejados em contextos específicos (HOWLETT, 2011, p. 22). O desenho das políticas públicas emerge de vários fatores; vejamos a proposta sobre esse assunto de Schneider e Ingram. Figura 4 - Desenho das Políticas Públicas. Fonte: Schneider e Ingram (1997). A dinâmica apresentada pelos autores reconhece que existem inúmeras possibilidades de atuação e variadas propostas podem ser formuladas, porém, sua relevância depende dos atores e suas interpretações, o contexto inserido e comoos tomadores de decisões analisam essas possibilidades e as priorizam. 33WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.3 Terceira Fase: Tomada de Decisão Nesta terceira fase, é o momento de definir o rumo das ações ou abortar ideias pensadas até a fase anterior; a tomada de decisões envolve técnicos com análises mais profundas sobre determinado problema, mas, sobretudo, na estrutura política existente, envolve os burocratas que estão no poder executivo. A tomada de decisão também deveria ser um processo democrático, que envolvesse atores como os conselhos deliberativos e a própria população, mas as decisões se concentram em nível do legislativo e executivo e são analisadas conforme as prerrogativas legais estabelecidas. As políticas públicas da forma como são desenhadas no Brasil, na atualidade, envolvem várias esferas de governo: federal, estadual, municipal e distrito federal, mas é importante que sejam analisadas as especificidades e potencialidades locais de forma descentralizada. Assim, para concluir, ressaltamos que, para planejar é preciso fazer o levantamento de necessidades/de território, verificar se a prioridade política está alinhada com essas necessidades, além da urgência e emergência da solução do problema, bem como realizar o estudo quanto a origem e disponibilidade de recursos e, por fim, avaliar o custo/benefício dos recursos. Veja a Figura 5 e analise como você avalia a atuação dos âmbitos apresentados na formulação de políticas públicas. Figura 5 – Formulação de Política Públicas. Fonte: Sabedoria Política (2018). 34WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Nossa indicação de vídeo é uma entrevista que fala sobre o processo de elaboração de políticas públicas. O Vídeo está disponível em https://www.youtube.com/watch?v=OjpLql_ qfqo&ab_channel=assembleiasc. Fonte: YouTube (2020). O livro que lhe indicamos para leitura é dos autores Reinaldo Dias e Fernanda Matos (2012) e traz o debate sobre o processo ou ciclo de políticas públicas, desde o planejamento, a formulação, modelos, formação de agenda, os atores, questões orçamentárias, além de discussões sobre a responsabilidade social. DIAS, R.; MATOS, F. Políticas Públicas: Princípios, Propósitos e Processos. São Paulo: Atlas, 2012. Fonte: Amazon (2020). https://www.youtube.com/watch?v=OjpLql_qfqo&ab_channel=assembleiasc https://www.youtube.com/watch?v=OjpLql_qfqo&ab_channel=assembleiasc 35WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta unidade nos projetou a pensar sobre o processo de formulação, de planejamento das políticas públicas, e este é um assunto amplo que requer um aprofundamento no estudo e você, que tem como propósito ser um gestor público e que pretende materializar os nossos estudos, precisa estar ciente de que a responsabilidade, o comprometimento e a ética são conceitos que o gestor precisa levar em consideração para participar de todo processo do ciclo de políticas públicas. Os problemas públicos são vastos, as demandas enormes, e criar estratégias de enfrentamento incide além do conhecimento, estratégias políticas e capacidade de planejamento, pois é preciso fundamentar a problematização, incluir as prioridades na agenda pública, formular estratégias de atuação exequíveis e capazes de atender as necessidades e superar os nós críticos dos problemas elencados e priorizados. Outro fator que analisamos foi a respeito da tomada de decisões, que muitas vezes não são tomadas de acordo com os interesses coletivos, mas unilaterais e com fins não justificados pela maioria da população. Assim, caro(a) aluno(a), sinto informar que não temos uma receita pronta e determinada que possa ser estudada, mas o processo de formulação de políticas públicas abarca instrumentos e técnicas que precisam de aprimoramento e estudo de viabilidade constantes e o planejamento deve ser flexível e avaliado constantemente. Bons estudos e continuaremos, em nossa próxima unidade, a discutir sobre as últimas fases do ciclo de políticas públicas. 3636WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 04 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................................37 1. IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS.......................................................................................................38 2. AVALIAÇÃO E CONTROLE .......................................................................................................................................39 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................45 IMPLEMENTAÇÃO E AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PROF.A MA. VALÉRIA CRISTINA DA COSTA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: ANÁLISE, AVALIAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS 37WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Em nossa última unidade de estudo, tratamos sobre análise, avaliação e implementação de políticas públicas. Nesta unidade, vamos dar continuidade à discussão sobre ciclo, iniciada na unidade anterior. Para tanto, primeiramente, falaremos sobre a fase de implementação de políticas públicas e, por último, sobre a fase de avaliação e controle. Sobre a implementação de políticas públicas, podemos dizer que é a fase de concretizarmos as fases anteriores para fins de materialização das alternativas propostas de políticas públicas ao enfrentamento da realidade estudada. Por sua vez, a fase de controle e avaliação muitas vezes é ignorada, mas esta é uma fase de suma importância e também estratégica para que se tenha êxito em todos os esforços empreendidos. Uma outra questão é quanto a periodicidade de se realizar o controle e a avaliação, pois veremos que é necessário que seja realizado em todo momento do ciclo e não somente na finalização para análise de impacto. Abordaremos também sobre quem avalia, quando avalia e com que avaliar. As respostas nos dão direcionamento para que as políticas públicas sejam compreendidas em um contexto democrático de direito, de participação social e preocupação com a realidade e contexto social. Vamos aos nossos estudos! E gostaria que retomasse a leitura de tudo o que vimos até agora, relacionasse todo o conteúdo e analisasse sua congruência. 38WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS A fase de implementação antecede ainda a materialização da política pública; nessa está constituído o processo de análise de recursos financeiros, materiais, humanos e tecnológicos para que possamos colocar em prática as propostas, seja em forma de planos, programas ou projetos. A implementação requer um planejamento com todo cuidado para que seja verificado a possibilidade de sua execução; os objetivos devem estar alinhados com os atores envolvidos no projeto (diferentes públicos) para que todos estejam comprometidos e acreditem na proposta. Então, se faz necessário verificar se todos os recursos estão disponíveis, pois, na esfera pública, existem fluxos e protocolos a seguir para que sejam liberados recursos financeiros, recolocação ou envolvimento de recursos humanos, além de verificar se todas as pessoas envolvidas na execução estão devidamente capacitadas e detém as informações necessárias para realização da política, inclusive a sociedade. E ainda,se as autoridades estão alinhadas com os objetivos e estão de acordo com a execução. A fase da implementação está voltada para concretização e transformação em realidade das políticas públicas, no entanto, destacamos que esta fase não está alheia à fase de planejamento ou formulação. As análises são centradas nos atores dos níveis organizacionais responsáveis pela implementação. Considera-se que a política muda à medida que é executada, a implementação é percebida como um processo interativo de formulação, implementação e reformulação (LIMA; D’ASCENZI, 2013, p. 104). Os estudos sobre a implementação de políticas públicas contam com diferentes abordagens, destacamos duas: uma está relacionada às normas estruturantes para o processo de formulação, ou seja, considera a abordagem sequencial distinta e implementada por um processo técnico, e a outra destaca o território, o contexto social e burocrático para sua implementação, essa abordagem leva em consideração a liberdade de decisão (a discricionariedade) de quem planeja e implementa as políticas públicas e é comumente denominada bottom-up ou desenho retrospectivo (ELMORE, 1996), nela os atores envolvidos pressupõem que tenham o conhecimento necessário para atender as necessidades e realizar as adequações necessárias. Qual a diferença entre Plano, Programa e Projeto? Vejamos algumas definições baseadas em Baptista (2002): PLANO - tece as decisões gerais do sistema, as grandes linhas políticas, as estratégias mais amplas, as diretrizes e responsabilidades. PROGRAMA – digamos que é o aprofundamento do plano, delineia os objetivos setoriais do plano que irão constituir os objetivos gerais do programa, é a setorização do plano, da política. PROJETO - sistematiza e estabelece previamente a operação de uma unidade de ação, é o processo sistemático da racionalização de decisões. Constitui-se da proposição de produção de algum bem ou serviço. 39WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA […] pelas características e o conteúdo do plano, pelas estruturas e dinâmicas dos espaços organizacionais e pelas ideias, valores e as concepções de mundo dos atores implementadores. Isso pressupõe o seguinte: esses atores exercem sua discricionariedade, com base em sistemas de ideias específicos; as normas organizacionais formais e informais constrangem e incentivam determinados comportamentos; por último, o plano é um ponto de partida que será interpretado e adaptado às circunstâncias locais. Nesse quadro, as variáveis cognitivas recebem destaque, pois atuam como mediadoras entre as intenções contidas no plano e sua apropriação nos espaços locais (LIMA; D’ASCENZI, 2013, p. 109). A implementação das políticas públicas tem como premissa a organicidade, uma relação intrínseca entre a Sociedade e o Público, e uma forte interação entre as políticas na perspectiva intersetorial, devido à completude entre as políticas setoriais para atender o todo das demandas do ser humano e suas relações sociais. Ou seja, políticas públicas devem ser pensadas em rede. Quem pensa em rede supera o pensamento convencional pelo menos em duas dimensões. Um teórico da rede pensa a sociedade enquanto uma imagem complexa, na qual – diferentemente do individualismo – a sociedade não aparece apenas como um agregado de indivíduos independentes, mas como um contexto integrado, sistêmico, que se constitui de muitos elementos (nós) e relações entre esses nós. O teórico da rede não capitula diante da realidade complexa, a qual ele se refere ao fim e ao cabo a um todo que não é passível de análise, em que tudo está conectado com tudo. Ele decompõe e disseca o emaranhado social e político, no qual ele destaca, por exemplo, posições relacionais e zonas de concentração na rede (SCHNEIDER, 2005, p. 52). Afinal, a implementação é uma fase participativa e recíproca para concretização das políticas. Só assim, partiremos para execução – realização das estratégias de enfrentamento aos problemas identificados para, assim, atingir os objetivos da política. 2. AVALIAÇÃO E CONTROLE Todo o ciclo de políticas públicas deve conter um planejamento, com aplicação de instrumentos e técnicas de controle e avaliação. A avaliação deve se dar não somente para verificar se os objetivos foram alcançados, se as metas foram atingidas, mas também o processo metodológico deve ser avaliado. “A análise de políticas públicas [...] é uma forma de pesquisa aplicada desenhada para entender profundamente problemas sociotécnicos e, assim, produzir soluções cada vez melhores” (MAJONE; QUADE, 1980, p. 5). Na verdade, tudo pode ser avaliado em políticas públicas, é necessário determinar o que será analisado qualitativa ou quantitativamente. A esse respeito, [...] a maioria dos avaliadores sérios começou a entender que as abordagens quantitativas e naturalistas têm padrões metodológicos e rigor que são diferentes, e não ausentes. A maioria dos avaliadores passou a aceitar a existência das múltiplas realidades ou pelo menos das múltiplas percepções da realidade. Com essa consciência e uma legitimidade maior, a avaliação qualitativa surgiu como alternativa real – ou complemento – da abordagem quantitativa tradicional (WORTHERN et al., 2004, p. 117). 40WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Porém, existem Aqueles que preferem o uso exclusivo ou majoritário de métodos quantitativos estão, em sua maior parte, aborrecidos com a aceitação dos estudos qualitativos, apesar do fato de o trabalho quantitativo ainda manter sua posição como abordagem dominante da avaliação e pesquisa [...]. Esses críticos da avaliação qualitativa queixam-se com frequência da subjetividade de muitos dos métodos e técnicas qualitativos, mostrando a preocupação de que a avaliação tenha abandonado a objetividade em favor de uma subjetividade exercida inabilmente (WORTHERN et al., 2004, p. 117). Ambos os dados são importantes, tanto quantitativos, quanto qualitativos; procure utilizar ferramentas avaliativas para coletá-los e realize um debate sobre os dados obtidos para, se necessário, retroalimentar o ciclo de políticas públicas ou analisar o impacto de sua execução. [...] uma ‘avaliação’ mal concebida ou mal executada produz informações que, no melhor dos casos, seriam enganosas e, no pior, absolutamente falsas. Embora essas ocorrências sejam raras, podem causar problemas graves. Como geralmente tem ar de respeitabilidade, essas avaliações não costumam ser questionadas, e o resultado é que decisões importantes sobre programas e serviços essenciais baseiam-se inadvertidamente em informações falaciosas (WORTHERN et al., 2004, p. 44). Quando falamos de controle, não estamos nos referindo a culpabilização e punição (como geralmente é visto o sistema de controle e avaliação), mas sim ao acompanhamento da política, de todo seu processo, para que tenhamos informações suficientes, com veracidade, para mensurar e analisar, para, por exemplo, verificar o que foi planejado, mas não foi executado e porque, o que não foi planejado, mas foi executado e porque houve essa necessidade, e assim por diante. Assim, essa fase tem como propósito corrigir erros, melhorar processos, atingir metas e objetivos e alcançar os propósitos para mudança da realidade e superação do problema. Segundo Majone e Wildavsky (1984): “Assim como os problemas só são realmente entendidos depois de terem sido resolvidos, as implicações de uma ideia só podem ser percebidas de forma retrospectiva, após sua utilização e adaptação a variadas circunstâncias” (MAJONE; WILDAVSKY, 1984, p. 169-170). O termômetro de uma avaliação de política pública é apurar se esta foi eficiente, teve eficácia e foi efetiva. Cury (2001) nos explica a respeito. • eficiência – medida de desempenho organizacional relacionadaao uso de recursos diante dos resultados obtidos – é a produtividade alcançada; • eficácia – medida de desempenho organizacional relacionada ao alcance de objetivos; • efetividade – medida de desempenho organizacional relacionada ao atendimento de demandas sociais – é o impacto social obtido (CURY, 2001, p. 17). 41WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E ainda, para aferir os resultados e analisar o ciclo podem ser formulados indicadores de avaliação. Maria do Carmo Brant de Carvalho (1999) nos orienta a respeito. Para definir e escolher indicadores de avaliação é preciso especificar de forma clara e direta o objetivo e os resultados que se quer atingir, correlacionados ao público alvo com quem se trabalhará. Na avaliação, deve-se examinar a possibilidade de realizar uma medição direta dos resultados almejados. Esta medição direta pode ser muito difícil de realizar em termos técnicos, além de cara em termos financeiros. Na definição dos indicadores é fundamental assegurar alguns critérios e características, a saber: • Relevância e pertinência - O indicador deve medir os elementos mais significativos do programa e ainda aqueles diretamente relacionados ao que se quer avaliar. • Unidade - O indicador deve utilizar-se de um só aspecto da atuação e medi-lo. • Exatidão e consistência - Os indicadores devem utilizar medidas exatas, proporcionando as mesmas medições sempre que se use o mesmo procedimento de medição, independentemente das pessoas que as efetuam. • Objetividade - Cada indicador tem que se referir a fatos e não a impressões subjetivas. • Serem suscetíveis de medição - A realidade sobre a qual se quer construir o indicador deve ser mensurável, sendo a expressão quantitativa do indicador. • Facilidade de interpretação - O indicador deve ter relação com o que se quer medir e ser de fácil compreensão do público-alvo a que se destina. • Acessibilidade - O indicador deve basear-se em dados facilmente disponíveis de forma que se possa obtê-lo mediante um cálculo rápido e a um custo aceitável, tanto em termos monetários como de recursos humanos necessários para sua elaboração. • Serem comparáveis espacial e temporalmente (CARVALHO, 1999, p. 77-78). As orientações da autora permitem que possamos ter um norte para avaliar a satisfação das pessoas envolvidas, os impactos provocados e se a demanda foi atendida. Figura 1 – Sistema de Indicadores de Monitoramento. Fonte: MDS (2013). 42WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O diagrama apresenta um sistema de indicadores para acompanhamento de políticas públicas. Com a evolução tecnológica, as políticas públicas contam com sistemas de monitoramento e avaliação que acompanham as políticas e produz indicadores, e os ministérios contam com links de acesso à informação, tanto para coletas como para publicização à sociedade. Veja alguns exemplos. • Ministério da Cidadania Figura 2 - Link de acesso à informação no Ministério da Cidadania. Fonte: MDS (2020). • Ministério da Saúde Figura 3 - Link de acesso à informação no Ministério da Saúde. Fonte: MDS (2020). 43WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Controladoria Geral da União Figura 4 - Link de acesso à informação na Controladoria Geral da União. Fonte: Governo Federal (2020). O livro Implementação de Políticas Públicas: Teoria e Prática, organizado pelo editor Carlos Aurélio Pimenta de Faria, traz a coletânea de vários autores que estudam sobre variadas políticas setoriais: educação, saúde etc. e traz análises importantes sobre políticas sociais no Brasil. FARIA, C. A. P. Implementação de Políticas Públicas: Teoria e Prática. Minas Gerais: Editora PUC Minas, 2012. Fonte: Amazon (2020). 44WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Esta é uma história de quatro pessoas: TODO MUNDO, ALGUÉM, QUALQUER UM e NINGUÉM. Havia um trabalho importante a ser feito e TODO MUNDO tinha certeza de que ALGUÉM o faria. QUALQUER UM poderia tê-lo feito, mas NINGUÉM o fez. ALGUÉM se zangou porque era um trabalho de TODO MUNDO. TODO MUNDO pensou que QUALQUER UM poderia fazê-lo, mas NINGUÉM imaginou que TODO MUNDO deixasse de fazê-lo. Ao final, TODO MUNDO culpou ALGUÉM quando NINGUÉM fez o que QUALQUER UM poderia ter feito (CEREJA, 2010). Figura 5 – Reflita. Fonte: 123RF (2020). O vídeo que indicamos que assista fala sobre a formulação, implementação e avaliação de políticas públicas e está disponível em https://www.youtube.com/watch?v=406y7gDN-ZE&ab_channel=EVC- CAMARADOSDEPUTADOS. Fonte: Sabedoria Política (2018). 45WWW.UNINGA.BR AN ÁL IS E, A VA LI AÇ ÃO E IM PL EM EN TA ÇÃ O DE P OL ÍT IC AS P ÚB LI CA S | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Enfim, concluímos nosso material da disciplina de análise, avaliação e implementação de políticas públicas. Todas as unidades são conexas e têm uma metodologia sequencial para sua compreensão, desde a primeira fase até a que estudamos nesta unidade, que disse respeito à fase de implementação e execução das políticas públicas e, por fim, a de avaliação e controle. A implementação de ações de uma política pública não é uma tarefa fácil, pois precisamos conhecer amplamente a realidade, o objeto, o problema, enfim, tudo que vimos nas unidades anteriores, porém, destacamos a importância da intersetorialidade, pois precisamos de várias secretarias, setores, ministérios, serviços de diferentes áreas para executarmos uma proposta. É preciso conhecer, pelo menos basicamente, o sistema contábil e financeiro da gestão pública para verificar as possibilidades de aplicabilidade de uma ação, podendo envolver as áreas de obras e infraestrutura, de mobilidade, de comunicação, além das relações próximas das políticas setoriais de saúde, educação, assistência social, habitação etc., pois é necessário ver o indivíduo como um todo e pensar em possibilidades de enfrentamento de forma conjunta, a fim de desatar os nós críticos e otimizar recursos públicos. Vimos também sobre a relevância de criar sistemas de controle e avaliação das políticas públicas, para que possamos mensurar e analisar dados quantitativos e qualitativos quanto ao processo, êxito em atingir o que foi proposto e o impacto na realidade. Por fim, concluímos que este é apenas o primeiro passo para o estudo proposto, mas há muitas referências e aprofundamentos que podem e devem ser realizados por vocês. O estudo é contínuo e processual, ainda mais na gestão pública que deve acompanhar a conjuntura e a realidade que está em constante mudança. Sucesso! 46WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA REFERÊNCIAS 123rf. 2020. Reflita. ID da imagem: 44306973. Disponível em: https://br.123rf.com/stock-photo/ quatropessoas.html?oriSearch=pessoas&sti=n4s4rj79fag912j2wf|&mediapopup=44306973. Acesso em 09/12/2020. ARAÚJO, T.; VALENÇA, D.; BEZERRA, H. Direito à moradia e movimentos sociais: uma experiência do MLB em Natal/RN. In: ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP, n. 6, Brasília, 2010. ASSEMBLEIASC. Conexão Pública – Processo de elaboração de políticas públicas. 1 vídeo. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=OjpLql_qfqo&ab_channel=assembleiasc. Acesso em 14 dez. 2020. BIRKLAND, T. A. An introduction to the policy process: theories,concepts, and models of public policy making. 2. ed. Nova York: ME Sharpe, 2005. BONAVIDES, P. Ciência Política. 10. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 1997. BOZEMAN, B.; PANDEY, S. K. Public Management Decision Making: Effects of Decision Content. Public Administration Review, v. 64, n. 5, 2004. Disponível em: https://onlinelibrary.
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