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Prévia do material em texto

Signi�cação e contextos na Libras
Profª. Veridiane Pinto Ribeiro
Descrição
A significação e os contextos na Libras a partir de inferências sobre construtores dêiticos em expressões dêiticas, com foco no estudo semântico
dos sinais.
Propósito
Compreender os construtores dêiticos na expressão visuo-corpóreo-espacial da Libras para ampliar o conhecimento sobre semântica no espaço de
sinalização.
Objetivos
Módulo 1
Inferências e elementos dêiticos
Identificar os conceitos básicos de construtores dêiticos na Libras.
Módulo 2
Dêixis e expressões dêiticas
Identificar a dêixis e as expressões dêiticas na comunicação em Libras.
Módulo 3
O sentido dos sinais
Reconhecer os sentidos dos sinais em expressões dêiticas na Libras.
1 - Inferências e elementos dêiticos
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os conceitos básicos de construtores dêiticos na Libras.
Elementos dêiticos
Para falarmos de significado na sintaxe da Libras, os elementos dêiticos constituem-se fundamentais, uma vez que se trata de uma língua visuo-
corpóreo-espacial, na qual a organização espacial, os movimentos do corpo e a direção do olhar definem a localização e a identificação de pessoas,
objetos, eventos, processos e atividades sobre as quais falamos, o momento em que falamos e a que nos referimos no momento da interação
verbal, utilizando referentes e apontamentos.
Basicamente, existem três tipos de elementos dêiticos:
Pessoa
Pessoas do discurso.
A temática “Significação e contextos na Libras” é bastante abrangente e pode transitar por diferentes vertentes nos estudos da língua de
sinais, pois estudos linguísticos baseiam-se em contextos e significados. O foco deste conteúdo se encontra no uso de construtores dêiticos
na comunicação em Libras.
Para introduzir essa temática, no módulo 1, trataremos sobre conceitos dêiticos e você poderá relembrar conceitos básicos e os
desdobramentos em outros estudos, como o lugar dos construtores dêiticos nos espaços mentais, na direcionalidade e nos centros dêiticos
semânticos.
No segundo módulo, você irá identificar o uso da dêixis em diferentes expressões dêiticas, conforme a função destes construtores na
gramática visuo-corpóreo-espacial da língua de sinais.
Já o terceiro módulo apresenta uma reflexão sobre o sentido dos sinais dêiticos com base nos diferentes contextos de uso.
Estudos de construtores dêiticos têm se mostrado frutíferos na compreensão da organização espacial das línguas de sinais. Profissionais
desta área, em atuação na licenciatura ou bacharelado, podem fazer uso desses construtores de forma coerente em processos didático-
pedagógicos ou em processos de tradução e intepretação Libras/português.
Introdução
Tempo
Tempo dos processos verbais.
Lugar
Advérbios de lugar.
Esses elementos dêiticos produzem desdobramentos a partir de todas as possibilidades de exploração que uma língua visuo-corpóreo-espacial é
capaz na utilização do espaço físico de sinalização. Variações são possíveis, dependendo do contexto, da intenção comunicativa e da construção
sintática.
Saiba mais
As línguas oroauditivas também fazem uso de dêiticos em pronomes pessoais, advérbios de tempo e lugar, verbos espaciais e morfemas verbais de
flexão temporal, porém, a peculiaridade visuoespacial das línguas de sinais explora-os de uma forma bem mais ampla, pois são línguas em que o
“mostrar” para construir relações de significado é uma de suas principais características.
Estudos publicados sobre os elementos dêiticos na Língua de Sinais Americana (ASL) mostram que os pronomes codificam significados
gramaticalmente definidos e explicitam ainda que o aspecto direcional desses pronomes não é simbólico, mas sim um exemplo de apontar. Esses
estudos encontram em Liddell (2000) a afirmação de que o pronome simbólico codifica um significado — assim como um pronome em qualquer
outra linguagem.
Dessa forma, pode-se entender que a direcionalidade sobreposta indica que uma entidade espacial mental está associada ao seu polo semântico.
Essa direcionalidade de um pronome em ASL está realizando uma tarefa crucial na construção do significado, mostrando ao destinatário qual
entidade ou conjunto de entidades mapear em seu polo semântico.
Alguns dêiticos que fazem parte da sintaxe das línguas de sinais são:
O “eu” que expressa algo a “você” e vice-versa.
O “ele” que expressa algo a “ela” e vice-versa.
A expressão de ações que se direcionam de alguém para alguém, em determinado tempo.
O chamar a atenção para determinada informação da narrativa, apontando e destacando por meio de recursos linguísticos, como interrogações ou
topicalizações.
Pizzio, Rezende e Quadros (2009) explicam que os dêiticos na Libras tratam das apontações usadas no sintagma
nominal junto com um nome com referência. Esses sinais localizam o sinalizante fora da localização do referente.
Além disso, também explicam que há uma relação de correferência com o nome que nomeia a localização
apontada, produzindo o processo anafórico.
Esse autores defendem que “na libras, os sinais associados com menos direção do olhar têm um termo anafórico, porque seu uso básico é
anafórico, isto é, sua interpretação completa depende de uma relação linguística de correferência com um antecedente” (PIZZIO; REZENDE;
QUADROS, 2009, p. 14).
É preciso levar em conta que uma outra característica para considerar esses sinais como anáforas é que eles não podem estar associados com
ênfase por meio de repetição, como observado nos demais pronomes. Esses sinais que desempenham o papel de anáforas são os sinais com
menos direção do olhar e são chamados de pronomes demonstrativos. Os pronomes completos são projetados como um conjunto de pontos no
espaço sem realidade visível.
náforas
Relações de sentido estabelecidas retrospectivamente entre itens atualizados e referentes anteriores.
A relevância fonológica da marcação da direção do olhar na Libras não se restringe aos pronomes. É importante a coordenação entre a direção do
olhar e a configuração de mão, que é uma característica de todos os sinais, ou seja, a sincronia entre o ponto para o qual o olhar se direciona e a
forma da mão e seus movimentos.
Não se pode ter disparidade entre o que os olhos dizem e o que as mãos expressam. Mesmo em sinais em que não há a presença da direção do
olhar, a informação fonológica da ausência é tão relevante quanto aquela dos sinais que a marcam. Tudo depende da intenção comunicativa do
interlocutor.
Essas peculiaridades revelam uma destacada diferença entre línguas oroauditivas e línguas visuo-corpóreo-espaciais: a ambiguidade. Pelo fato de
as línguas visuo-corpóreo-espaciais construírem expressões comunicativas no espaço de sinalização, o uso do “apontar” ou do “mostrar” é
primordial. Ao apontar, dilui-se qualquer possibilidade de ambiguidade, pois as informações são apresentadas aos olhos de seus interlocutores.
Saiba mais
Peculiarmente interessante também é a forma como são produzidos os discursos diretos nas línguas de sinais. Durante a narrativa, o sinalizante
pode incorporar o interlocutor e construir nos espaços de sinalização os referentes envolvidos na interlocução. O sinalizante pode apontar o sinal
“eu” não necessariamente para se referir a si mesmo, mas para se referir ao interlocutor que está apresentando em sua narrativa.
Role-play e produção de sentido
Ao usar dêiticos já alocados no espaço, são produzidas relações de sentido acessadas pelo interlocutor visual, uma habilidade de línguas visuo-
corpóreo-espaciais chamada de role-play.
Strobel e Fernandes (1998) conceituam role-play como “mudança de postura corporal”. As pesquisadoras explicam
que esse é um recurso muito usado na Libras quando os surdos estão desenvolvendo a narrativa, e consiste no
momento em que o sinalizador se coloca na posição dos personagens referidos na narrativa, alternando com eles
em situações de diálogo ou ação, o que configura o anaforismo ou o processo anafórico.
Os usos de espaço sub-rogado, de role-play e de referentes sãorecursos na construção sintática diretamente ligados aos dêiticos. Mesmo que não
exista o “apontar” de forma literal, o discurso direcionado, que apresenta um ponto inicial e um ponto final, está relacionado ao dêitico, por se valer
de intenções comunicativas direcionadas.
spaço sub-rogado
Corresponde ao sinalizador “ceder” seu corpo para o personagem, vivenciando a cena. Nesse caso, a Libras e os gestos podem ser usados juntamente
(LIDDELL, 2000).
Os espaços mentais e os elementos dêiticos
A nossa mente é capaz de buscar em nosso “dicionário mental” os elementos simbólicos que utilizamos em nossa língua para produzir significados
enunciativos. Esses elementos estão organizados em nossa mente em categorizações, como “gavetinhas” que armazenam o conhecimento
adquirido. Muitas dessas “gavetinhas” são módulos cognitivos que chamamos de espaços mentais.
Ribeiro (2016) pesquisou sobre as contribuições da Linguística Cognitiva para os estudos da Linguística das Línguas de Sinais e, dentre os
diferentes módulos cognitivos estudados, apresentou a relevância dos estudos dos espaços mentais.
A teoria de espaços mentais surgiu como uma alternativa para explicar fenômenos semânticos, especialmente
aqueles relacionados a questões de referência: relacionar determinado espaço, em determinado tempo, a
determinada ação, por determinados sujeitos.
Construtos cognitivos distintos das estruturas linguísticas ativam-se a partir de itens linguísticos, motivados por circunstâncias enunciativas. São
representados como conjuntos estruturados internamente por frames (contextos), que compreendem elementos e relações que se estabelecem
entre eles, sendo possíveis a adição de novos elementos aos conjuntos e o estabelecimento de novas relações entre os elementos, à medida que o
discurso se desenrola.
Veja o exemplo a seguir:
Se fosse verão, estaríamos na praia neste momento.
Com a expressão condicional “se fosse verão”, infere-se que o espaço real é outra estação do ano que não o verão. A mente busca essa informação
para produzir relações de sentido. Isso também ocorre com “estaríamos na praia”, localizando o interlocutor em um espaço real que não a praia.
A mente busca o sentido dessa sentença ao localizar-se no espaço onde se encontra o interlocutor. São conexões complexas que utilizam
referentes espaciais e temporais, partindo de um ponto inicial em direção a um ponto final:

Da estação do ano em que estamos hoje para a estação do ano a que se refere o interlocutor.

Do local onde se encontra hoje para o local a que se refere o interlocutor.
Quando a mente se desloca de um ponto a outro, faz buscas nesses espaços mentais, produzindo uma linha guiada
pelos recursos dêiticos.
Ribeiro (2016) resgata essa teoria para nos ajudar a entender como relações cognitivas de construções linguísticas entre o espaço real de
enunciação e seus diferentes construtores podem estar integrados para revelar sentidos a seus interlocutores. Fortalece suas afirmações em
pesquisas sobre como a mente humana constrói sentidos ancorados nos espaços mentais, buscando nas teorias possíveis respostas para explicar
os processos linguísticos e cognitivos.
Para sintetizar, as teorias dos espaços mentais vêm a ser expressões linguísticas que resultam da interação entre determinadas conexões
cognitivas e a riqueza e a variedade das línguas naturais, em uma sintonia entre forma e significado, um elo indissolúvel.
Assim, inputs e outputs linguísticos constituem-se de operações mentais que se indiciam na materialidade do texto, seja oral, escrito ou em língua
de sinais. Os frames que definem os cenários discursivos consideraram não somente a importância da palavra, mas o contexto de sua produção e
as demais informações processadas cognitivamente na construção do discursivo.
Estudos como os de Taub (2001) investigam sinais direcionais guiados pela suposição de que o aspecto direcional da sinalização é simbólico.
Tomando por base estudos já consagrados de Liddell (2000), Taub (2001) traz para nossa reflexão o fenômeno linguístico em que os destinatários
são confrontados com a tarefa em curso de descodificação do sinal fonético, no caso, da comunicação sinalizada, para ativar uma estrutura
semântica, mapeando seus elementos em outros do espaço mental.
A teoria mostra que a atenção às pistas contextuais, ou seja, o conhecimento do destinatário e sua habilidade em
fazer inferências a partir das relações de seu conhecimento prévio, ajuda-o a fazer mapeamentos apropriados.
Além disso, quando elementos da representação semântica se destinam a ser mapeados sobre as entidades fisicamente presentes, a simbolização
e o apontar ocorrem por meio de movimentos das mãos e do corpo. Dessa forma, elementos dêiticos, mesmo os que usam os “apontamentos”, são
simbólicos, são elementos lexicais, representativos de significados.
O centro dêitico
Um estudo recente dos elementos dêiticos vem sendo chamado de “Centro Dêitico”. O objetivo desse estudo é explicar alguns fenômenos de
construção do discurso quando os interlocutores têm por objetivo evidenciar determinado fato no ato de fala.
Ribeiro (2016) resgata em sua tese pressupostos que revelam quanto o conhecimento de categorias dêiticas requer uma compreensão das formas
pelas quais os tempos, a marcação de morfemas de pessoa, as categorias demonstrativas, entre outros, esquematizam a situação de comunicação.
O princípio envolvendo pontos relevantes no ato de fala durante a cooperação conversacional, nos eventos de fala rotineiras, também toma o viés da
contribuição para o entendimento total da maioria das trocas conversacionais nesse estudo de Ribeiro (2016).
Esses pontos são termos dêiticos do tipo:
Ir e vir.
Agora e depois.
Eu e você.
Esses termos dêiticos são usados em diálogos face a face, e seus significados dependem das coordenadas espaço-temporais do ato de
enunciação.
Duque e Costa (2012) defendem que essas coordenadas se originam de um ponto chamado de centro dêitico (CD).
Esse centro dêitico procede de:
Um lugar (ir e vir).
Um tempo (agora e depois).
Uma pessoa (eu e você).
Dessa forma, temos:
ONDE: para a procedência de lugar.
QUANDO: para a procedência do tempo.
QUEM: para a procedência da pessoa.
Fluxograma: Centro dêitico
O uso desses centros dêiticos exige do emissor uma capacidade de deliberar e decidir durante o processo comunicativo, e essa capacidade faz
parte do domínio do significado. O emissor se vale de seu domínio de restaurar experiências prévias e criar molduras semânticas (frames)
alternativas na imaginação, a fim de antecipar ao receptor consequências para as ações que ainda nem foram realizadas.
Na mente do emissor, ainda não foram realizadas, mas podem ser antecipadas pelo conhecimento prévio de sua narrativa, o que o leva a fazer uso
dos centros dêiticos que apontam questões fundamentais para o entendimento enunciativo, a partir de reflexões, de questionamentos imagéticos
cuja resposta produz relações de sentido.
Dessa forma, é possível que o emissor antecipe o que receberá de status relevante em determinado discurso e como essa relevância aparecerá na
construção do discurso. Duque e Costa (2012) complementam a teoria do centro dêitico explicando que essas antecipações se valem de
recordações, percepções e expectativas.
Saiba mais
Um princípio vem sendo usado por Duque e Costa (2012, p. 167) para explicar esse fenômeno linguístico proveniente do sujeito da fala: “não há
nada mais básico na vida do que causa e efeito”.
Ora, se construímos a realidade como uma sucessão de acontecimentos, partindo do princípio de causa e efeito, à medida que experiências da
língua em uso alimentam nossa capacidade de antecipação, tornamo-nos capazes de dominar construções linguísticas a ponto de identificar o que
é relevante no discurso. Organizando a fala e prevendo esses pontos relevantes, tem-se, portanto, concretizado o processo autônomo de construção
da realidade.
O centro dêitico é um constructo cognitivo, entendido como contribuiçãopara o processo de compreensão
enunciativa, fazendo saltar aos olhos do sujeito da fala as relações de sentido que busca durante a interação
comunicativa.
As sentenças estão relacionadas com a ideia geral da narrativa, uma perspectiva holística em que a construção e a modificação dinâmica de
sucessivos CD identificam e localizam as personagens no tempo e no espaço narrativo. As inferências produzidas pelo leitor, como ele lê uma
história e como esse conhecimento é extraído por meio das construções linguísticas, define o papel do CD nas relações de sentidos enunciativos.
O elemento dêitico também se apresenta como objeto de interesse nas pesquisas de Croft e Cruse (2008), quando seus olhares perceberam tais
elementos como fenômeno pelo qual o sujeito como orador em um discurso designa algo específico na cena. A dêixis é apresentada como
conceptualização.

Saiba mais
Ribeiro (2016) explica como são definidas as dêixis de pessoa como: você, ele, ela, ele, nós, você e eles. Em relação ao orador, sua variação é um
exemplo de conceituações alternativas definidas de acordo com a situação do ato de fala. Também explica como são definidos dêiticos, como este,
isso e aquilo, e referências dêiticas ao tempo (presente e passado), relacionando-os exclusivamente ao local e momento do ato de fala.
Esses elementos dêiticos estão situados dentro da narrativa, fazendo referência a um espaço-tempo situado no ato de fala. A relação forma e
significado permanece intrínseca. Os elementos dêiticos produzem significado na língua em uso, de forma holística, atrelados ao contexto. A
previsibilidade nos processos enunciativos se vale desses frames, desses cenários enunciativos, e todo o processo é desencadeado conforme a
intenção comunicativa de seus interlocutores.
Conceitos sobre dêiticos na Libras
A professora Veridiane Pinto Ribeiro reflete a seguir sobre os elementos dêiticos, apresenta exemplos e destaca temas discutidos como role-play e
centro dêitico. Vamos lá!

Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Sabemos que elementos dêiticos são fundamentais, principalmente em línguas visuo-corpóreo-espaciais. Com base em nossas discussões
sobre os dêiticos, quais são os três elementos básicos que os constituem?
Parabéns! A alternativa C está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EOs%20elementos%20b%C3%A1sicos%20que%20constituem%20os%20d%C3%AAiticos%20s%C3%A3o%3A%20pessoas%20(eu%2C%20
A Pessoa, tempo e modo.
B Pessoa, lugar e modo.
C Pessoa, tempo e lugar.
D Pessoa, tempo e classificadores.
E Pessoa, lugar e classificadores.
Questão 2
Strobel e Fernandes (1998) publicaram sobre aspectos gramaticais da Libras e conceituaram o que chamamos de role-play. Assinale a
alternativa que apresenta esse conceito corretamente.
Parabéns! A alternativa E está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-paragraph'%3E%3Cem%3ERole-
play%3C%2Fem%3E%20%C3%A9%20o%20nome%20dado%20%C3%A0%20habilidade%20lingu%C3%ADstica%20de%20expressar%20a%20l%C3%ADng
2 - Dêixis e expressões dêiticas
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car a dêixis e as expressões dêiticas na comunicação em Libras.
Pronomes pessoais
Os pronomes pessoais são elementos da construção linguística diretamente relacionados às expressões dêiticas. Seja em línguas oroauditivas, seja
em línguas visuo-corpóreo-espaciais, os pronomes pessoais apresentam a peculiaridade de traçar um ponto inicial e um ponto final na sentença,
cuja expressão comunicativa parte de alguém para alguém ou aponta o sujeito da ação.
Há estudos da linguística da Libras consagrados e reconhecidos pela comunidade científica como aportes teóricos que sustentam o status
linguístico dessa língua em relação a qualquer outra língua oroauditiva.
A São frames em que se encontram os contextos.
B São os referentes de pessoas organizadas no espaço de sinalização.
C São classificadores específicos para pessoa.
D São os espaços mentais para tempo e lugar.
E Corresponde à mudança de postura corporal.
Em Libras, temos os elementos dêiticos para representar a primeira, a segunda e a terceira pessoas do discurso, no
singular ou no plural.
Pronomes pessoais da primeira pessoa
Vamos começar observando os pronomes pessoais da primeira pessoa:
Fluxograma: Pronomes pessoais – 1ª pessoa.
Como você pode observar, os pronomes pessoais em primeira pessoa no singular ou no plural apresentam elementos dêiticos que são usados em
expressões sinalizadas. Esses sinais dêiticos são utilizados quando o emissor se refere a sujeitos no discurso em que ele próprio está incluído.
Tais dêiticos podem ser produzidos da seguinte forma:
Sinalização: singular “EU”.
Singular “EU”
Tem configuração de mão em “d”, em um movimento apontando o dedo indicador para o peito do próprio sinalizante. O olhar do emissor está
diretamente voltado para seu receptor, mas o sinal está voltado para si mesmo.
Sinalização: dual “NÓS-2”.
Dual “NÓS-2”
É produzido pelos dedos indicador e médio formando a configuração de mão em “k”, com o dedo médio apontado para o sinalizante e o indicador
para o outro no discurso em movimento retilíneo de um para o outro, para frente e para trás. O olhar do emissor está diretamente voltado para seu
receptor, e o sinal está voltado para os dois sujeitos de quem se fala.
Sinalização: Trial “NÓS-3”.
Trial “NÓS-3”
Os dedos indicador, médio e anelar formam a configuração de mão da letra “w”, com movimento circular passando pelos três sujeitos do discurso.
O olhar do emissor está diretamente voltado para seus receptores, e o sinal envolve os três sujeitos do discurso de quem se fala.
Sinalização: quatrial “NÓS-4”.
Quatrial “NÓS-4”
É sinalizado com os dedos indicador, médio, anelar e mínimo na configuração de mão para o número “4”, com as pontas dos dedos para cima em
movimento circular, passando pelos quatro sujeitos do discurso. O olhar do emissor está diretamente voltado para seus receptores, e o sinal
envolve os quatro sujeitos do discurso de quem se fala.
Sinalização: quatrial “NÓS-4”.
Plural “NÓS-GRUPO, NÓS-TOD@S”
É um dêitico produzido com a configuração de mão em “d” apontada para o próprio peito do sinalizante, que inicia um movimento circular que sai
do peito, passa pelos sujeitos do discurso e para no peito novamente. O olhar do emissor está diretamente voltado para seu receptor, e o sinal
envolve todos os sujeitos do discurso de quem se fala.
Pronomes pessoais da segunda pessoa
Vejamos agora os pronomes pessoais da segunda pessoa:
Fluxograma: Pronomes pessoais – 2ª pessoa.
Perceba que os pronomes pessoais em segunda pessoa no singular ou no plural apresentam elementos dêiticos que são usados em expressões
sinalizadas. Esses sinais dêiticos são usados quando o emissor se refere a sujeitos no discurso em que ele próprio não está incluído.
Tais dêiticos podem ser produzidos da seguinte forma:
Sinalização: singular “VOCÊ”.
Singular “VOCÊ”
Sinalizado com o dedo indicador apontado para o receptor. O olhar do emissor está diretamente voltado para seu receptor, assim como o sinal.
Sinalização: dual “VOCÊ-2”.
Dual “VOCÊ-2”
É um sinal formado pelos dedos indicador e médio, na configuração de mão em “k”, apontando para os dois receptores em movimentos repetidos
da direita para a esquerda. O olhar do emissor está diretamente voltado para seus receptores, assim como o sinal.
Sinalização: trial “VOCÊ-3”.
Trial “VOCÊ-3”
É um sinal formado pelos dedos indicador, médio e anelar, na configuração de mão em “w”, apontando para os três receptores em movimentos
repetidos da direita para a esquerda. O olhar do emissor está diretamente voltado para seus receptores, assim como o sinal.
Sinalização: quatrial “VOCÊ-4”.
Quatrial “VOCÊ-4”
É um sinal formado pelos dedos indicador, médio, anelar e mínimo, na configuração de mão em “4”, apontando para os quatro receptores em
movimentos repetidos da direitapara a esquerda. O olhar do emissor está diretamente voltado para seus receptores, assim como o sinal.
Sinalização: plural “VOCÊ-GRUPO”, “VOCÊ-TOD@S”.
Plural “VOCÊ-GRUPO”, “VOCÊ-TOD@S”
É um sinal formado pelo dedo indicador na configuração de mão em “d” apontado para os receptores em movimento semicircular, conforme a
quantidade de pessoas envolvidas neste grupo. Logo após, sinaliza “GRUPO”, com as duas mãos encostadas uma na outra pelas pontas dos
dedos, formando uma bola: polegar com polegar, indicador com indicador, e assim por diante. Esse é um sinal dêitico com variação linguística. Há
uma outra forma de expressar esse significado: com as duas mãos, unidas pelos pulsos, e com os dedos separados. Nesses sinais, o emissor
não está incluído no grupo. O olhar do emissor está diretamente voltado para seus receptores, assim como o sinal.
Pronomes pessoais da terceira pessoa
Vamos conferir os pronomes pessoais da terceira pessoa:
Fluxograma: Pronomes pessoais – 3ª pessoa.
Os pronomes pessoais na terceira pessoa no singular ou no plural apresentam elementos dêiticos que são usados em expressões sinalizadas.
Esses sinais dêiticos são usados quando o emissor se refere a sujeitos no discurso em que ele próprio não está incluído.
Estes dêiticos podem ser produzidos da seguinte forma:
Sinalização: singular “EL@”.
Singular “EL@”
Tem sua formação pelo uso do dedo indicador apontado para o receptor. Caso seja necessário identificar o sexo a quem se refere, faz-se antes o
sinal de HOMEM ou MULHER. O olhar do emissor está diretamente voltado para seu receptor, mas o sinal está voltado para o sujeito de quem se
fala.
Sinalização: dual “EL@-2”.
Dual “EL@-2”
É um sinal formado pelos dedos indicador e médio apontando para os dois receptores em movimentos repetidos da direita para a esquerda. O
olhar do emissor está diretamente voltado para seu receptor, mas o sinal está voltado para os sujeitos de quem se fala.
Sinalização: trial “EL@-3”.
Trial “EL@-3”
É um sinal formado pelos dedos indicador, médio e anelar apontando para os três receptores em movimentos repetidos da direita para a
esquerda. O olhar do emissor está diretamente voltado para seu receptor, mas o sinal está voltado para os sujeitos de quem se fala.
Sinalização: quatrial “EL@-4”.
Quatrial “EL@-4”
É um sinal formado pelos dedos indicador, médio, anelar e mínimo apontando para os quatro receptores da direita para a esquerda. O olhar do
emissor está diretamente voltado para seu receptor, mas o sinal está voltado para os sujeitos de quem se fala.
Sinalização: plural “EL@-GRUPO”, “EL@-TOD@S”.
Plural “EL@-GRUPO”, “EL@-TOD@S”
É um sinal formado pelo dedo indicador na configuração de mão “d”, apontado para os receptores em movimento semicircular, abrangendo os
sujeitos do discurso. O olhar do emissor está diretamente voltado para seu receptor, mas o sinal está voltado para os sujeitos de quem se fala.
Pronomes demonstrativos e advérbios de lugar
Vejamos os pronomes demonstrativos e advérbios de lugar:
Fluxograma: Pronomes demonstrativos e advérbios de lugar.
As línguas de sinais e, mais especificamente, a Libras se constituem de pronomes demonstrativos e de advérbios de lugar que têm o mesmo sinal.
Para utilizá-los, diferenciando seus significados, basta que relacionemos o contexto e a expressão facial. A direção do olhar também é fundamental
para complementar o sentido do léxico.
Para esses significados, usamos a mesma configuração de mão em “d”, modificando os pontos de articulação e a direção do olhar. Esses pronomes
utilizam o apontamento que se direciona conforme a distância e o local sob a perspectiva do sinalizante.
Pronomes Direção do olhar
EU Olhando para o receptor
EST@ / AQUI Olhando para o lugar apontado, perto do emissor (perspectiva do emissor)
VOCÊ Olhando para o receptor
ESS@ / AÍ Olhando para o lugar apontado, perto da 2ª pessoa (perspectiva do emissor)
EL@ Olhando para o receptor
AQUEL@ / LÁ Olhando para o lugar convencionado para 3ª pessoa ou coisas afastadas
Quadro: Pronomes e suas respectivas direções do olhar.
Extraído de: Felipe, 1997.
Durante o discurso, os interlocutores são capazes de fazer relações de sentido entre a distância dos dêiticos, considerando o espaço de sinalização,
a direção do olhar e o contexto.
Esses dêiticos, por mais que sejam também usados como gestos nas línguas orais, ocupam um espaço semântico nas expressões sinalizadas de
muita importância, pois a modalidade visuo-corpóreo-espacial explora expressões que articulam relações de sentido de um ponto ao outro no
espaço de sinalização.
Verbos com e sem concordância
Os verbos também apresentam elementos dêiticos, pois há ações nas quais um sujeito se dirige a outro, ações que partem de um ponto a outro,
atribuindo ao verbo flexão e significado.
Nas línguas de sinais, especificamente na Libras, há verbos com e sem concordância.
Verbos sem concordância
Quando distinguimos “verbos sem concordância”, não significa que é um verbo “nulo”, que não concorda ou não se dirige a nenhum sujeito, mas se
trata da forma como a concordância ou a flexão acontece. No caso desses verbos, a concordância não ocorre a partir do movimento do sinal do
verbo de um ponto a outro no espaço de sinalização, mas pode acontecer mediante apontamentos ou pelo contexto.
Fluxograma: Verbos de primeiro e segundo grupos.
Uma sentença sinalizada cujos léxicos encontram-se no primeiro grupo dos verbos, ou seja, verbos sem concordância, esses léxicos são
comparados a verbos no infinitivo por sua natureza invariável em sua expressão, porém isso não significa que são verbos sem flexão verbal, pois o
sentido da ação fica adequada ao sujeito e ao tempo da ação:
PRESENTE
EU ESTUDAR UNIVERSIDADE Eu estudo na universidade
PRESENTEEL@ ESTUDAR UNIVERSIDADE Ele/a estuda na universidade
EL@S ESTUDAR UNIVERSIDADE Eles/as estudam na universidade
Quadro: Flexão de verbo sem concordância (Presente).
Elaborado por: Veridiane Pinto Ribeiro.
PASSADO
EU ESTUDAR PASSADO UNIVERSIDADE Eu estudei na universidade
EL@ ESTUDAR PASSADO UNIVERSIDADE Ele/a estudou na universidade
EL@S ESTUDAR PASSADO UNIVERSIDADE Eles/as estudaram na universidade
Quadro: Flexão de verbo sem concordância (Passado).
Elaborado por: Veridiane Pinto Ribeiro.
FUTURO
EU ESTUDAR FUTURO UNIVERSIDADE Eu estudarei na universidade
EL@ ESTUDAR FUTURO UNIVERSIDADE Ele/a estudará na universidade
EL@S ESTUDAR FUTURO UNIVERSIDADE Eles/as estudarão na universidade
Quadro: Flexão de verbo sem concordância (Futuro).
Elaborado por: Veridiane Pinto Ribeiro.
Verbos com concordância
Examinaremos agora os verbos com concordância:
Fluxograma: Verbos com concordância.
Sentenças produzidas com verbos do segundo grupo podem ser subdivididos em:
Verbos que possuem concordância número-pessoal.
Verbos que possuem concordância de gênero, definidos como verbos classificadores.
Saiba mais
Os verbos com concordância de número-pessoal possuem orientação que marca as pessoas do discurso. O ponto inicial concorda com o sujeito, e
o final concorda com o objeto.
Sabemos que 1s, 2s e 3s são marcas para, respectivamente: primeira, segunda e terceira pessoas do singular; e 1p, 2p e 3p são respectivamente:
primeira, segunda e terceira pessoas do plural. Isso significa que as marcas definem a direção do movimento do verbo. Veja a seguir:
Pronomes pessoais no singular
1s: EU
2s: VOCÊ
3s: EL@
Pronomes pessoais no plural
1p: NÓS
2p: VOCÊS
3p: EL@S
Vejamos agora algus exemplos:
1sAVISAR2s “eu aviso a você”
2sAVISAR1s “você me avisa”
Há sentenças nas quais os verbos se apresentam com concordância de gênero, definidos como verbos classificadores. Esses verbos incorporam
PESSOA, ANIMAL ou COISA por meio do uso de configurações de mão específicas para expressar a ação exercida ou recebida pelo sujeito da
sentença (FELIPE, 1997). Veja a seguir:
pessoaANDAR (configuração da mão em D)
animalANDAR (configuração da mão em 5 ou S, palma para baixo)
veículoANDAR/MOVER (configuração damão em 5 ou B, palma para baixo)
Os sinais de ANDAR e PESSOA são expressos da seguinte forma:
Sinalização: ANDAR.
Sinalização: PESSOA.
Entretanto, quando o sinalizante expressar que uma pessoa está andando, usará o classificador, pois quando o sujeito da sentença produz ou sofre
uma ação verbal, o classificador possibilita expressar esse movimento.
Há verbos que concordam com a localização. Por isso, começam ou terminam em determinado lugar que se refere ao lugar de uma PESSOA, COISA,
ANIMAL ou VEÍCULO, que está sendo colocado, carregado, guardado ou se movimentando de um ponto a outro. É um verbo no qual a ação está
atrelada ao ponto de articulação para marcar a localização (FELIPE, 1997).
Exemplo
Em alguns casos, esses tipos de concordância podem coexistir em um mesmo verbo.
Exemplo: COPO MESAk coisa arredondadaCOLOCARk
Nesse caso do verbo COLOCAR, há concordância de gênero e localização. Para expressar a ação de COLOCAR, é preciso especificar o que se está
colocando, que objeto, o tipo do objeto. A configuração de mão é determinada pelo tipo do objeto, gerando a concordância de gênero. A localização
acompanha o sinal, podendo ser sobre ou sob uma superfície, dentro ou fora de determinado compartimento.
Exemplo
Para coexistência de um verbo de concordância número-pessoal e de gênero, pode-se exemplificar o verbo DAR: COPO 1sDAR2s
Pode-se usar uma configuração de mão específica para concordar com o objeto que está sendo dado. O movimento e a direção do sinal dependem
de quem dá e para quem está sendo dado, se de uma pessoa para outra, se de uma pessoa para outras, ou seja, a concordância está atrelada à
intenção comunicativa do emissor.
Expressões dêiticas em Libras
Veja a explicação da professora Veridiane Pinto Ribeiro quanto às expressões dêiticas na Libras e exemplificações por meio de pronomes, advérbios
e verbos. Vamos lá!

Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Analise as afirmativas a seguir sobre o uso de elementos dêiticos na Libras:
I. Os pronomes pessoais, nas línguas de sinais, são distintos e contrários das expressões dêiticas.
II. Os pronomes pessoais, como elementos relacionados com aspectos dêiticos, têm como característica estabelecer um ponto inicial e outro
final na sentença.
III. Em Libras, as pessoas do discurso não são representadas por elementos dêiticos.
Está correto apenas o que se afirma em
A I.
B II.
C III.
D
Parabéns! A alternativa B está correta.
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paragraph'%3EAs%20afirmativas%20I%20e%20III%20est%C3%A3o%20incorretas%2C%20porque%20os%20pronomes%20pessoais%20est%C3%A3o%
Questão 2
Com base em seu conhecimento sobre verbos com e sem concordância, assinale a alternativa que apresenta apenas verbos sem concordância.
Parabéns! A alternativa D está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-paragraph'%3EAMAR%2C%20IR-
EMBORA%2C%20GOSTAR%20e%20PERDER%20s%C3%A3o%20verbos%20que%20n%C3%A3o%20variam%20dire%C3%A7%C3%A3o%2C%20movimen
3 - O sentido dos sinais
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os sentidos dos sinais em expressões dêiticas na Libras.
I e II.
E II e III.
A AMAR, IR-EMBORA, GOSTAR, AJUDAR.
B AMAR, CAIR, GOSTAR, PERDER.
C AMAR, IR-EMBORA, PERDER, AJUDAR.
D AMAR, IR-EMBORA, GOSTAR, PERDER.
E AMAR, CAIR, IR-EMBORA, GOSTAR.
Tipo e contexto dos sinais dêiticos
O sentido dos sinais dêiticos varia conforme o tipo e o contexto.
Dêiticos usados em pronomes pessoais são bem específicos, havendo apenas os pronomes ELE/ELA/VOCÊ com apontamentos iguais aos
pronomes demonstrativos AQUELE/AQUELA/AQUILO e os advérbios de lugar ALI/LÁ.
Veja alguns exemplos:
Minha mãe está lá.
Ela é minha mãe.
Os sinais dêiticos usados para representar “LÁ” e “ELA” são os mesmos, porém é possível identificar o sentido de cada um dos sinais pela leitura do
contexto, não sendo possível compreender a sentença (a) como “minha mãe está ela” e nem a sentença (b) como “ela é minha lá”.
É fundamental que a direção do olhar se mantenha no receptor para não o confundir, comprometendo o significado
da mensagem.
Os dêiticos em pronomes pessoais dual, trial e quatrial podem ser expressos em diferentes direções, porém o significado não se completa apenas
pelo movimento do sinal, mas sim com associado à direção do olhar.
É possível distinguir se o emissor está se referindo a “vocês dois” ou a “eles dois”, a “vocês três” ou a “eles três”, e ainda a “vocês quatro” ou a “eles
quatro”, pois os sinais se voltam a quem se referem, mas a direção do olhar complementa e ratifica a intenção comunicativa do emissor.
Saiba mais
Ocorre situação semelhante com a expressão dos pronomes possessivos “SEU, SUA, TEU, TUA”. Os sinais apontam para quem tem a posse, mas o
olhar permanece em seu receptor.
A língua se constitui de relatividades. Considerar o contexto define o significado para o receptor. Usar recursos linguísticos prosódicos e de
organização espacial garante ao emissor se fazer entender, expressando sua real intenção comunicativa.
Centros dêiticos interrogativos
Como já vimos neste conteúdo, os elementos dêiticos são fundamentais para a organização espacial nas línguas de sinais, culminando em
significados.
Estudos como os de Ribeiro (2016) mostram que elementos dêiticos são construtores de significado.
Com base em Fauconnier e Turner (2002), Ribeiro (2016) apresenta o que estes pesquisadores chamam de “olhos da mente”. Isso porque nos
momentos em que o narrador se referir a lugar, tempo ou pessoa específicos, pode fazer uso de referentes dêiticos respectivamente ONDE,
QUANDO e QUEM.
Além desses dêiticos interrogativos semânticos (DIS), outros também são identificados nas construções sintáticas da Libras. Sentenças são
articuladas a partir do uso de DIS como POR QUÊ, COMO, ONDE, QUAL e O-QUE-ACONTECER.
Saiba mais
Vale destacar que o uso desses DIS é comum em sentenças que não se classificam como interrogativas especificamente, porém são interrogativos
inseridos em meio a sentenças com o objetivo de ajudar o interlocutor a fazer relações de sentido na compreensão da mensagem.
Ribeiro (2016) explica que os referentes dêiticos surgem nas línguas de sinais em meio à narrativa como uma forma de relacionar ações para que se
tornem mais compreensíveis ao espectador.
A partir do uso de pronomes interrogativos, é possível relacionar sentidos nas sentenças, funcionando como dêiticos, o que chama a atenção do seu
interlocutor para determinada informação. Dessa forma, exercem a função de um tipo de topicalização, pois evidenciam determinado dado na
sentença.
É a essa função que a pesquisadora denominou dêitico interrogativo semântico (DIS):
um elemento que se encontra em saliência focal, em primeiro plano na narrativa, para dar sequência a ela, como se
o DIS funcionasse como um conector, relacionando a sentença anterior ao seu complemento.
Em sua pesquisa, Ribeiro (2016) toma como corpus de análise os seguintes contos infantis:

“João e o pé de fe�ão”

“Os três porquinhos”
A partir de trechos dos textos desses contos infantis, ela demonstra como os narradores fazem uso dos DIS e explica a contribuição desses
elementos para garantir as relações de sentido na compreensão da narrativa.
Em determinado trecho, João — o personagem do conto “João e o pé de feijão” — acorda, abre a janela do seu quarto e se espanta ao ver que as
sementes que sua mãe jogou no quintal se transformaram em uma árvore gigante.
O narrador-ator faz uso dos DIS para que seu interlocutor possa entender o que havia acontecido, chamando sua atenção por meio do dêitico
interrogativo semântico “O-QUÊ”. Confira nas imagens a seguir:
JANELA-ABRIR
OLHARespantado
ADMIRAÇÃO
O-QUÊ
ÁRVORE
BROTAR
ÁRVORE-CRESCERmuito
Veja agora outra sequência de imagens para exemplificarmos o dêitico interrogativo semântico “O-QUE-ACONTECER?”:
ALTOmuito
ALTO-OLHAR
NOSSA!
ACONTECER-O-QUÊ?
TRAZER!
TRAZER!CALMA!
GALINHA
OVO-BOTAR
OVO
OVO-OQUÊ
BRILHAR
Perceba que o DIS usado é “O-QUE-ACONTECER?”, porém esse sinal traduz-se literalmente como “ERRADO”. Considerando o contexto em que está
inserido, esse sinal passa a ser um interrogativo para chamar a atenção de seu interlocutor para determinado fato da narrativa. Vale ressaltar que é
um sinal usado para destacar um fato negativo da narrativa, algo que não se esperava acontecer.
O
U
R
O
OURO
Na mesma sentença, o narrador mostra o ovo que a galinha dos ovos de ouro acabou de botar. Entretanto, para destacar que se trata de um ovo
especial, o narrador toma o ovo na palma da mão e usa o DIS “O-QUÊ?”, dando ênfase, chamando a atenção de seu interlocutor ao diferencial
daquele ovo em relação a outro qualquer, pois se trata de um ovo de ouro.
Podemos, ainda, apresentar outros exemplos. Confira:
Exemplo 1
O professor ensina libras para que seus alunos ouvintes possam se comunicar com pessoas surdas.
PROFESSOR ENSINAR LIBRAS (OBJETIVO O-QUÊ?) ou (POR QUÊ?) ALUNOS OUVINTES CONSEGUIR COMUNICAR PESSOASgeral SURD@.
Exemplo 2
O aluno vai para o curso de Libras de carro.
ALUNO IR CURSO LIBRAS (COMO?) CARRO.
Exemplo 3
O professor mora no edifício mais alto.
PROFESSOR MORAR (ONDE?) EDIFÍCIO ALTO MAIS.
Esses são mais alguns exemplos dos usos de dêiticos interrogativos semânticos (DIS) em sentenças sinalizadas.
Os estudos mencionados mostram que os construtores dêiticos superam apontamentos, definindo pronomes e suas direções, e que informações
relevantes na sentença podem ser mais bem expressadas e, consequentemente, mais bem entendidas com a ajuda das dêixis.
Construtores dêiticos não são meros apontamentos para indicar informações. Eles são recursos linguísticos
semânticos, são elementos gramaticais que organizam as sentenças sinalizadas e produzem relações de sentido
na comunicação entre seus interlocutores.
Contribuições dos estudos sobre os construtores dêiticos
Os estudos relacionados aos construtores dêiticos evoluíram ao longo dos tempos, desde que a língua de sinais recebeu status de língua e passou a
ser investigada como tal a partir dos estudos pioneiros nessas línguas.
Assim como nas línguas oroauditivas, as línguas de sinais possuem dêiticos em pronomes pessoais, advérbios de tempo e lugar, verbos espaciais e
morfemas verbais de flexão temporal. Contudo, as línguas visuo-corpóreo-espaciais aproximam-se de recursos linguísticos que exploram relações
de um ponto a outro de forma mais abrangente devido à afinidade com organizações espaciais.
Mesmo que o interlocutor se valha de recursos dêiticos idênticos ou semelhantes em sua produção comunicativa, a direção do olhar, o giro do corpo
e o contexto atribuem coesão e coerência à mensagem, culminando em sentido para o receptor.
Mais do que pronomes pessoais ou demonstrativos e advérbios de lugar, nos quais a literalidade dos apontamentos se faz presente, construtores
dêiticos vêm sendo revelados como “pontes” em meio às expressões comunicativas, relacionando informações para a produção de sentidos.
Verbos com concordância e dêiticos interrogativos semânticos (DIS) são alguns exemplos desses construtores que superaram o “apontar” para
ocupar o status de “construtor” capaz de ligar informações de um ponto a outro, saltando aos olhos de seus interlocutores em forma de dêiticos
semânticos.
Como temos visto, Ribeiro (2016) chama a atenção para recentes estudos sobre a presença de construtores dêiticos com a função de produzir
relações de sentido em sentenças que podem ser articuladas por interrogativos semânticos.
O objetivo desses estudos é explicar alguns fenômenos de construção do discurso quando os interlocutores têm
por objetivo evidenciar determinado fato no ato de fala, a partir do uso de dêiticos interrogativos semânticos.
Os primeiros estudos que revelaram os usos de construtores dêiticos foram o ponto de partida para que descobertas recentes pudessem
demonstrar a importância desses construtores na relação de sentidos no espaço de sinalização. Os interlocutores se valem de variados recursos
capazes de unir referentes dêiticos, bem como de informações que podem ser mais bem entendidas a partir da mediação dêitica.
Ainda há muito que se explorar nessa área de estudo, mas o que já se sabe vem contribuindo significativamente para explicar a organização
sintática das línguas de sinais e aprimorar a performance comunicativa de seus interlocutores.
O sentido dos sinais
Acompanhe a explicação da professora Veridiane Pinto Ribeiro sobre os dêiticos interrogativos semânticos (DIS). No vídeo, ela destaca, por meio de
exemplos, a função desses dêiticos na construção sintática em Libras e as implicações para o sentido.

Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Assim como em pronomes pessoais dual, trial e quatrial, nos quais o significado precisa ser complementado pela direção do olhar, não se
limitando à sua expressão em diferentes direções, os pronomes possessivos seu, sua, teu e tua devem ser expressos por meio
Parabéns! A alternativa B está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3ENa%20express%C3%A3o%20dos%20pronomes%20possessivos%20listados%20no%20enunciado%2C%20os%20sinais%20devem%20a
se%20a%20ambiguidade%2C%20pois%20o%20contexto%20estabelece%20o%20sentido%20correto%20para%20o%20receptor%20da%20mensagem.%
Questão 2
Analise as afirmativas a seguir sobre o conceito de dêitico interrogativo semântico (DIS):
I. Dêitico interrogativo semântico é um conceito que se aproxima da ideia de um conector ou articulador que estabelece relação de coesão
entre uma sentença anterior e seu complemento.
II. Dêitico interrogativo semântico é um conceito peculiar ou exclusivo das línguas orais e se define pelo uso de articuladores sintáticos que
permitem a sequencialidade das narrativas orais e a coesão textual.
III. As sentenças interrogativas são as únicas em que podemos identificar o uso do que alguns estudos denominam dêitico interrogativo
semântico.
IV. No contexto do conceito de dêitico interrogativo semântico, os referentes dêiticos, na Libras, por exemplo, contribuem para articular ou
relacionar ações em narrativas, atuando em prol da facilitação da compreensão.
Está correto o que se afirma em
A de sinais que se limitam à apontação na direção de quem tem a posse.
B de sinais que apontam na direção de quem tem a posse e do olhar fixado no receptor.
C da configuração de mãos e do movimento do sinal.
D da expressão voltada para direções distintas e centrada no movimento do sinal.
E de sinais que apontam para o receptor e se desviam de quem tem a posse.
A
Parabéns! A alternativa C está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EA%20afirmativa%20I%20est%C3%A1%20correta%2C%20porque%20o%20conceito%20de%20d%C3%AAitico%20interrogativo%20sem%C
Considerações �nais
Neste conteúdo, pudemos discutir uma temática fundamental para os estudos das línguas de sinais: os construtores dêiticos. Superando uma
perspectiva reducionista sobre a contribuição desse construtor para estabelecer relações de sentidos na comunicação sinalizada, os dêiticos vêm
apresentando cada vez mais importância na organização espacial intrínseca às construções em línguas de sinais.
Desse modo, estudamos alguns conceitos relacionados a construtores dêiticos na Libras, com implicações para as inferências na atribuição de
sentido.
Vimos também diversas expressões dêiticas em Libras, destacando pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, verbos sem concordância e
verbos com concordância.
Finalmente, examinamos a questão do sentido dos sinais na ocorrência de expressões dêiticas na Libras, trabalhando os dêiticos interrogativos
semânticos (DIS).
I e II, apenas.
B I e III, apenas.
C I e IV, apenas.
D I, II e IV, apenas.
E I, II e III, apenas.
Explore +
Leia os seguintes textos para aprofundar seus estudos sobre significaçãoe contexto em línguas de sinais:
Espaços mentais: como a mente humana constrói sentidos?, artigo de Renata Teixeira e Maria Regina Oliveira, publicado pela Revista Estudos
Linguísticos, em 2007.
O fenômeno dêitico e o processo de flexão (pro)nominal na Libras, artigo de Ediane Lima e Ronald da Cruz, publicado na revista Domínios de
Lingu@gem, da Universidade de Uberlândia (UFU), em 2018.
Uma descrição de Dêixis de Pessoa na língua de sinais brasileira: pronomes pessoais e verbos indicadores, dissertação de mestrado de Renata
Moreira, disponibilizada na Biblioteca Digital da USP.
Assista ao vídeo Historia: "João e o Pé de Feijão”, publicado no canal do Instituto Phala no YouTube, para conferir alguns exemplos de elementos
dêiticos.
Referências
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DUQUE, P. H.; COSTA, M. A. Linguística cognitiva: em busca de uma arquitetura de linguagem compatível com modelos de armazenamento e
categorização de experiências. Natal: EDUFRN, 2012.
FAUCONNIER, G.; TURNER, M. The way we think: conceptual blending and the mind's hidden complexities. New York: Basic Books, 2002.
FELIPE, T. A. Introdução à gramática da Libras. Educação Especial – Língua Brasileira de Sinais. Brasília, DF: MEC/SEESP, 1997. (Série Atualidades
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LIDDELL, S. K. Blended spaces and deixis in sign language discourse. In: MCNEILL, D. (ed.). Language and gesture. New York: Cambridge University
Press, 2000. p. 331-357.
PIZZIO, A. L.; REZENDE, P. L. F.; QUADROS, R. M. Língua Brasileira de Sinais V. Licenciatura e Bacharelado em Letras-Libras na Modalidade a
Distância. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2009.
RIBEIRO, V. P. A Linguística Cognitiva e construções corpóreas nas narrativas infantis em Libras: uma proposta com foco na formação de TILS.
2016. Tese (Doutorado em Estudos da Tradução) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2016.
STROBEL, L. K.; FERNANDES, S. Aspectos linguísticos da Libras. Curitiba: SEED/SUED/DEE, 1998.
TAUB, S. F. Language from the body: iconicity and metaphor in american sign language. New York: Cambridge University Press, 2001.
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