Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EVOLUÇÃO AULA 6 Prof.a Silmara Terezinha Pires Cordeiro 2 CONVERSA INICIAL Evolução biológica Nesta aula, trataremos da Evolução Humana. Trataremos inicialmente da evolução dos primatas, iniciando com os mamíferos que se alimentavam de insetos. Muitas são as lacunas nessa história evolutiva e nesta aula trabalharemos a evolução humana do ponto de vista da evolução biológica, com o estudo dos fósseis de hominídeos, discutiremos, também, as teorias mais aceitas sobre o surgimento do Homo sapiens e sua irradiação pelo planeta Terra. Além disso discutiremos as descobertas recentes de artefatos que podem alterar as teorias aceitas até o presente momento, teremos ainda outros pontos de vista sobre a evolução dos hominídeos de áreas como a história, a psicologia evolutiva e a antropologia evolutiva. Conforme PDR (2018), os objetivos a serem alcançados nesta aula são: Compreender cientificamente a evolução da espécie humana devido as novas descobertas e métodos de análise, bem como, a relação do ser humano com outras espécies e o meio ambiente; Conhecer as principais evidências que relacionam a espécie humana a seus ancestrais primatas; Explicar os principais estágios pelos quais teriam passados a linhagem humana na evolução com os fósseis; Caracterizar e explicar a evolução do gênero Homo e as evidências dessa evolução; Identificar as características evolutivas da espécie humana moderna, o Homo sapiens; Informar-se da relação intrínseca entre a evolução biológica da espécie humana e o desenvolvimento cultural. TEMA 1 – ORIGEM DOS GRANDES GRUPOS DE PRIMATAS No grupo dos primatas (figura a seguir) incluem-se os símios, os antropoides e os macacos do novo mundo, os prossímios, lêmures e társios Pough (2008). Figura 1 – Grupo de primatas 3 Créditos: Iakov Filimonov/ Shutterstock. Segundo Morris, 1967 (p.11), os primeiros mamíferos eram pequenos e sobreviviam comendo insetos e se esquivando pelas florestas em um período dominado por répteis, esses pequenos seres deram origem ao grupo dos primatas ao qual pertence à espécie humana. O mesmo autor afirma que se passaram mais de 50 milhões de anos até que esses ancestrais começassem a desbravar novos habitats, essas adaptações passaram pelo processo de seleção natural e deram origem aos herbívoros com pernas adaptadas à fuga e os predadores com suas garras e dentes afiados. Essa irradiação originou muitas novas espécies e, mesmo assim, insetívoros similares a esses antepassados ainda persistem nos dias atuais, mas um grupo de insetívoros ao diversificar sua alimentação (novamente a pressão seletiva) passaram a se alimentar de frutos, sementes e folhas, adaptando-se a nova alimentação. Assim, surgem (por mutação e seleção natural) as formas anatômicas primitivas dos primatas, visão frontal em três dimensões e adaptação manual para segurar os alimentos e um cérebro maior, assim, em pouco tempo, os primatas povoavam a floresta (Morris,1967). Durante a era Cenozoica os grandes primatas segundo Pough (2008) eram abundantes e ficaram restritos a algumas áreas tropicais ao final do período Eoceno. Segundo Morris (1967 p. 12) em torno de 15 milhões de anos atrás https://www.shutterstock.com/pt/g/jackf 4 ocorreram mudanças climáticas e as florestas que abrigavam os símios sofreram redução, motivando uma divisão entre dois grupos: o primeiro a quem Morris chamou de símios primitivos se manteve na floresta “ou tiveram de se resignar, quase em um sentido bíblico, a serem expulsos do Paraíso. Os antepassados dos chimpanzés, dos gorilas, dos gibões e dos orangotangos deixaram-se ficar” e, como o mesmo autor descreve e podemos constatar, suas populações estão se reduzindo desde então. O segundo grupo ao qual Morris chama de “macacos pelados” abandonaram a segurança da floresta e passaram a competir com todas as demais espécies, estando atualmente bem adaptados a vida longe das árvores (Morris,1967, p.12). O Homo sapiens faz parte deste grupo ao qual Morris se refere e passou por inúmeras modificações até adaptar-se aos mais diversos ambientes terrestres. A seguir temos um quadro resumindo as principais adaptações requeridas para a evolução dos hominídeos até o humano atual: Quadro 1 – Mudanças evolutivas humanas 01 A passagem da locomoção em quatro patas para a posição bípede é de extrema importância e chega a ser uma justificativa para diferenciar os macacos antropoides de nossos ancestrais humanos. 02 Existem duas hipóteses para que a posição bípede seja uma adaptação vantajosa, uma está relacionada a liberação dos braços para carregar objetos e outra proposta por Peter Rodman e Henry Mc Henry propõe que a locomoção bípede economize energia. De qualquer forma nossos ancestrais Australopitecos tiveram acesso a uma diversidade de alimentos, podendo se deslocar mais longe, modificando sua alimentação antes restrita a frutas. 03 O consenso entre os antropólogos é de que 2 milhões de anos atrás na árvore genealógica humana existiam dois ramos principais os Australopitecos e o gênero Homo, sendo as primeiras extintas a cerca de 1 milhão de anos e o gênero homo persistiu dando origem a nós. Os primeiros da humanidade possuíam adaptações corporais similares ao Homo sapiens, como cérebro desenvolvido, permitindo que surgissem os caçadores-coletores. 04 A irradiação para o Velho Mundo (Eurásia) nos trouxe ainda adaptações, como o aumento de estatura, crescimento do cérebro, propiciando a 5 produção de artefatos de corte há uns 2,5 milhões de anos e dominando o fogo que pode ser considerado um indício tecnológico. 05 Outro consenso é que a capacidade intelectual humana que inclui linguagem, cultura e vida em sociedade facilitou nossa dispersão territorial e nossa sobrevivência. Sobre esse tema o Biólogo Chistopher Wilis publicou o livro “The Runaway Brain” em 1993, no qual propôs como que o crescimento do cérebro humano estaria relacionado aos elementos da cultura. Fonte: Baseado em Lieberman, 2015, p. 24; Leakey, 1997, p. 22, 28, 30, 38, 45 TEMA 2 – FÓSSEIS HUMANOS Sobre os estudos da evolução humana, Mayr, 2005, (p.127), afirma que os antropólogos alemães que iniciaram estes estudos tinham treinamento em anatomia humana e uma visão de estudo baseada em uma morfologia idealizada e tradicional, sendo que cada fóssil encontrado geralmente era classificado como sendo novo e, portanto, recebia outro nome científico, consequentemente, muitas vezes era classificado em um novo gênero. O mesmo autor afirma ainda que o Homo erectus quando encontrado um fóssil em Java foi classificado Pithecanthropus e na China como Sinanthropus. “Um historiador listou, nos anos 1930, mais de trinta nomes genéricos e mais de uma centena de nomes específicos para espécies fósseis de hominídeos” (Mayr, 2005, p.127). Segundo Leakey, 1995, essa enorme diversidade de fósseis precisou ser reorganizada e, nos anos 50, um consenso entre antropólogos se dividiu em duas espécies de macacos que possuíam adaptações de bipedia, sendo semelhantes aos macacos como foi o caso da criança de Taung “o espécime foi assim chamado porque foi recuperado da pedreira de calcário de Taung, na África do Sul” e foi classificada como Australopithecus africanus (Macaco que veio do Sul, nomeada em 1924 por Dart) sendo considerada a mais graciosa; a outra espécie mais robusta recebeu o nome de Australopithecus robustus (Leakey, 1995, p. 34). Observe alguns exemplos de fósseis de crânios humanos e sua classificação no infográfico seguinte (Figura 1): 6 Figura 2 – Infográfico de fósseis humanos Créditos: Red monkey/ Shutterstock. Mayr, 2005, (p.135), afirma que não temos ainda a compreensão global de todas as etapas da evolução humana com base na linhagem de Australopithecuse aponta a necessidade de rever minunciosamente os fósseis 7 já descobertos, pois as pesquisas anteriores em sua grande maioria foram superficiais e a classificação contém apenas o nome e uma breve descrição. O mesmo autor alerta ainda para a carência de fósseis de outras regiões africanas, sendo que caso fossem descobertos seria inevitável uma revisão da história evolutiva do homem. TEMA 3 – ORIGEM E EVOLUÇÃO DO GÊNERO HOMO A hipótese de Mayr, 2004, para a evolução humana é que ela ocorreu de forma gradual como proposto por Darwin, sendo duas as etapas principais, a primeira inclui a evolução de um macaco similar ao chimpanzé que vivia em uma floresta tropical que passou a viver em uma savana com árvores originando o que o autor chama de “semichimpanzé Australopithecus”; esse processo deve ter durado cerca de 500 mil anos com muitas etapas intermediárias e talvez foram necessárias cerca de 20 mil gerações. Em uma segunda etapa o Australopithecus teria originado de maneira gradual o gênero Homo que passou a habitar uma savana com arbustos (Wrangham, 2001 apud Mayr, 2005, p. 133). Na tabela a seguir temos algumas características dos principais representantes do gênero homo: Tabela 1 – Principais características do Homo habilis, Homo erectus e Homo sapiens H. HABILIS Seus fósseis foram encontrados juntamente com ferramentas de pedra; Tamanho do cérebro - talvez 600 a 750 cm3; Mandíbulas e dentes menores, mandíbula levemente prógnata; Dimorfismo sexual, machos cerca de 1,20 vez maiores em média do que as fêmeas. H. ERECTUS Migrou da África, colonizando a Ásia, a leste, há cerca de 1,5 milhão de anos; colonizou a Europa, em data incerta; existe divergência entre os especialistas sobre sua árvore evolutiva que será discutido na sequência deste tópico. H. SAPIENS As principais diferenças dos anteriores são inúmeros detalhes da anatomia craniana e o formato diferente do cérebro, além das formas achatadas da face. 8 Fonte: baseado em Ridley, 2007, p. 570. Figura 3 – Representação Facial – Com base no crânio fóssil de Australopithecus Africanos, A. Garhi, A. Afarensis, Sahelanthropus: S. Tchadensis E Ardipithecus: Ar. Ramidus Créditos: Charis Estelle/ Shutterstock. 9 Figura 4 – Representação Facial – Baseada em crânios fósseis de Paranthropus: P. Robustus, P. Boisei E P Aethiopicus, Kenyantropus: K. Platyops, K. Rudolfensis, Homo: Homo Habilis Créditos: Charis Estelle/ Shutterstock. 10 Figura 5 – Estágios: Australopithecus, Homo Habilis, Erectus, Neanderthalensis, Homo Sapiens Sapiens Créditos: Iconic Bestiary/ Shutterstock. 3.1 Irradiação dos hominídeos As hipóteses para a irradiação do gênero Homo são duas: a multirregional ou candelabro, na qual o Homo sapiens teria evoluído de maneira independente na Europa, na África e na Ásia e a hipótese de que vieram da África, lugar em que o Homo sapiens evoluiu e, posteriormente, migrou substituindo os demais hominídeos (Ridley, 2007, p. 570). Evidências fósseis encontradas em 2019 levaram os pesquisadores Fabio Parenti, Walter Neves e Giancarlo Scardia e colaboradores a uma proposta na qual o Homo habilis teve origem na África em torno de 2,5 milhões de anos atrás migrando pela península de Sinai, cruzando a Jordânia (Leal; Escobar, 2019). Dawkins (2007) afirma que chimpanzés e seres humanos compartilham aproximadamente 99,55% dos genes e mesmo assim os chimpanzés não possuem reconhecimento sendo considerados inferiores a espécie humana, algo que não pode ser aceito por um evolucionista, que nesse caso considera que as espécies não podem ser consideradas acima de outra, sendo que todos compartilhamos o processo evolutivo em torno de 3 bilhões de anos passando 11 pela seleção natural, todos fomos moldados pelos mesmos processos (Dawkins, 1976, 2007, p. 4). TEMA 4 – A ESPÉCIE HUMANA MODERNA Objetivando não tornar o texto repetitivo e ainda assim falar sobre a espécie humana, foi necessário buscar fontes fora da Biologia e a escolha de “Sapiens- uma breve História da Humanidade” escrito pelo israelense Yuval Noah Harari foi feita por se tratar de um autor reconhecido mundialmente, trata- se um best-seller e na visão do autor, que é professor de história, a evolução humana está dividida em diversos marcos, dos quais apenas alguns serão tratados neste texto. Começaremos pela Revolução Agrícola. Figura 6 – Linha do tempo dos povos primitivos Créditos: Macrovector/ Shutterstock. 12 4.1 Revolução Agrícola Segundo Harari, 2015, a espécie humana surgiu em torno de 13 mil anos atrás na mesma época em que ocorreu a extinção do Homo floresiensis; a partir desse momento, o Homo sapiens passou a ser a única espécie sobrevivente, depois disso alguns marcos fazem parte da vida humana como a revolução agrícola, a revolução industrial e a revolução científica. Figura 7 – Homem das cavernas assando um pedaço de carne Créditos: Lorelyn Medina/ Shutterstock Em torno de 12.000 anos atrás, segundo o mesmo autor, teve início a Revolução Agrícola, com a criação de galináceos para consumo, as quais foram cruzadas selecionando aves lentas para cruzar com aves gordas e obtendo, dessa forma, galinhas hibridas com características desejáveis, algo que o autor descreve como sendo uma “seleção artificial” de galinhas gordas e lentas (alimento mais calórico e de fácil manejo) que seriam para ele um design inteligente produzido pelo homem, algo que discordamos, pois, esse termo define uma criação de um ser superior (divino) e está ligado ao criacionismo. 13 Harari descreve o design inteligente como sendo uma mistura de seleção artificial com bioengenharia, biologia sintética e implantes de próteses, com a criação de cyborgs e algo obviamente produzido pelo homem, não conseguimos definir se o autor tentou criar uma neologia, ou seja, um novo conceito ou apenas foi um erro conceitual. 4.2 Revolução Científica Figura 8 – Tecnologias inovadoras em ciência e medicina Créditos: Sergey Nivens/ Shutterstock. Em torno de 500 anos atrás teve início a Revolução Científica com as grandes navegações que levaram à colonização de diversos povos, o avanço tecnológico e a corrida espacial levaram o primeiro homem à lua, a descoberta da radiação e o avanço da física culminaram no lançamento da bomba de Hiroshima durante a segunda guerra mundial, o avanço das pesquisas médicas e genéticas, o avanço da biologia e o financiamento das pesquisas desde de Darwin e Wallace até os dias atuais (Harari, 2015). Outros autores discordariam desse marco histórico como é o caso de Capra que discorda tanto do período histórico como das implicações e para ele: A revolução científica começou com Nicolau Copérnico, que se opôs à concepção geocêntrica de Ptolomeu e da Bíblia, que tinha sido aceita como dogma por mais de mil anos. Depois de Copérnico, a Terra deixou de ser o centro do universo para tornar-se meramente um dos muitos planetas que circundam um astro secundário nas fronteiras da 14 galáxia; e ao homem foi tirada sua orgulhosa posição de figura central da criação de Deus (Capra,1982, p. 29). Para Capra (1982), o fator importante foi a queda do homem do centro de poder como “criação de Deus”, ao passo que Harari (2015) acredita que esse período teve início mais tarde e que os humanos não fizeram um bom uso da Ciência, ele faz ainda inúmeras críticas ao investimento em pesquisas científicas, considerando-o excessivo. Mas se por um lado houveram tragédias e pagamos hoje o preço do uso descontrolado dos recursos naturais, recebemos as benesses dessa revolução, milhões de pessoas se beneficiam dos resultados dessas pesquisas que permitiram o avanço dos microscópios de varredura nos quais são utilizados elétrons, dos tratamentos para câncerque utilizam a radioterapia, os exames de raio-X, o advento dos antibióticos, os novos tratamentos e medicamentos e inúmeros outros benefícios foram oportunizados pelo avanço dessas pesquisas. Como podemos observar o julgamento de determinadas questões depende do ângulo pelo qual se olha e não seria diferente em uma releitura de Revolução industrial, algo que veremos a seguir. 4.3 Revolução Industrial Figura 9 – Infográfico da Indústria 4.0, representando as quatro revoluções industriais na fabricação e engenharia Créditos: Chickendoodledesigns/ Shutterstock Cerca de 200 anos atrás ocorreu a Revolução Industrial, (Harari, 2015, pág. 409), advindos disso, temos problemas ambientais pelo uso descontrolado 15 de recursos naturais. O autor aponta um resumo dos acontecimentos no trecho a seguir: A revolução industrial abriu novos caminhos para converter energia e produzir bens; com isso, em grande medida, libertou a humanidade de sua dependência do ecossistema à sua volta. Os humanos derrubaram florestas, drenaram pântanos, represaram rios, inundaram planícies, construíram dezenas de milhares de quilômetros de ferrovias e edificaram metrópoles repletas de arranha-céus. Enquanto o mundo era moldado para atender às necessidades do Homo sapiens, habitats foram destruídos e espécies foram extintas. Nosso planeta, um dia verde e azul, está se tornando um shopping center de plástico e concreto (Harari, 2015, p. 361). Capra (1982) também descreve a revolução industrial e aponta muitas mudanças advindas desse período, mas ressalta que as taxas de mortalidade foram reduzidas e a qualidade de vida melhorou continuamente e como efeito secundário houve a redução da taxa de natalidade algo que o autor atribui a continua melhoria das condições de vida da população (Capra,1982, p. 141- 142). Talvez o marco histórico aqui seja o mesmo para Capra (1982), mas esse autor lista uma série de benefícios ocorridos na mesma época como a transição do modelo de “economia agrária e artesanal para uma economia dominada pelo vapor como energia motriz e por máquinas operadas em grandes fábricas e usinas” (Capra,1982, p. 129). O mesmo autor cita ainda as invenções importante para esse período histórico: Fora inventada a máquina de fiar, e teares mecânicos eram usados em indústrias do algodão que empregavam até trezentos operários. A nova empresa privada, as fábricas e a maquinaria acionada por energia mecânica modelaram as ideias de Adam Smith, levando-o a defender com entusiasmo a transformação social de sua época e a criticar os resquícios do sistema feudal baseado na terra” (Capra,1982, p. 129). Houveram com certeza muitas alterações sociais e ambientais desde que os hominídeos divergiram como únicos sobreviventes desse processo, temos o dever de considerar os problemas criados por meio dessas mudanças, mas podemos perceber os benefícios advindos das revoluções, como o conforto de termos chuveiros quentes, água encanada, eletrodomésticos, eletrônicos e comunicação com qualquer pessoa no mundo a um toque na tela de um aparelho portátil, melhorias que não podem ser desprezadas e cabe agora aos humanos procurar soluções tecnológicas que mitiguem os impactos antrópicos. 16 Para Ridley (2014) em seu livro “ O otimista racional” ao invés de apenas criticar, devemos reconhecer os benefícios do processo evolutivo humano como o mesmo enfatiza no trecho a seguir: Você não está apenas consumindo o trabalho e os recursos de outros; está consumindo as invenções também. Um milhão de empresários e cientistas inventou a intricada dança de fótons e elétrons mediante a qual a sua televisão funciona. O algodão que você usa foi torcido e tecido por máquinas de um tipo cujos inventores originais são heróis há muito tempo mortos da Revolução Industrial. O pão que você come foi produzido primeiro por fertilização cruzada por um neolítico mesopotâmico e cozido de forma inventada por um caçador-coletor mesolítico. Seu conhecimento está duradouramente incorporado a máquinas, receitas e programas de que você se beneficia. À diferença de Luís, (XIV, rei Sol) você inclui entre seus servidores John Logie Baird, Alexander Graham Bell, sir Tim Berners-Lee, Thomas Crapper, Jonas Salk e uma miríade sortida de outros inventores. Porque você também é beneficiado pelo trabalho deles, estejam eles vivos ou mortos (Ridley, 2014, p. 38). Para Wilson, 2008 (p. 96) a biologia pode fazer com que o Homo sapiens reconstrua sua autoimagem considerando o potencial da mesma entre as demais ciências, as pesquisas em saúde humana e manejo ambiental, podem solucionar diversos problemas de origem antropológica. Em resumo as pesquisas científicas permitem encontrar soluções para os diversos problemas citados anteriormente. TEMA 5 – REFLEXÕES EM TEXTOS DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA SOBRE A EVOLUÇÃO HUMANA E CULTURAL Para essa seção foram selecionados 3 textos que estão comentados também no livro didático que é parte integrante do material dessa disciplina, as numerações dos textos seguem a ordem em que aparecem no livro Evolução Biológica: Pensamento Evolutivo histórico e contemporâneo, e iniciaremos pelo texto 1 cujo tema é “ A Grande árvore Genealógica”, na sequência temos o texto 3 “A evolução do comportamento cultural humano: apontamentos sobre darwinismo e complexidade” e finalmente o 2 “Dos genes aos memes: a emergência do Replicador”, todos são resumos de artigos que podem ser acessados por meio dos endereços eletrônicos presentes nas referências desta aula. 5.1 Artigo “A grande árvore genealógica” 17 O Texto 1 foi baseado no artigo “A grande árvore Genealógica” de autoria de Fabricio Santos que apresenta dados da história evolutiva humana atualizados, dados do projeto genográfico, que é uma pesquisa de genética- antropológica em escala mundial, com o objetivo de mapear com o uso de marcadores moleculares as migrações humanas durante a evolução. Neste artigo encontram-se dados sobre as alterações na nomenclatura dos fósseis, além de dados resultantes do projeto citados anteriormente. 5.2 Artigo “A evolução do comportamento cultural humano: apontamentos sobre darwinismo e complexidade” O Texto 3 foi baseado no artigo “A evolução do comportamento cultural humano: apontamentos sobre darwinismo e complexidade” de autoria de Mikael Peric e Rui Sérgio Murrieta. Neste artigo são discutidos a ecologia comportamental humana, termo cunhado em 1875 que é baseada na etologia: estudo do comportamento dos animais e em dados da filogenia estudada anteriormente. Faz uma ponte entre o darwinismo e as diversas vertentes que estudam o comportamento humano como é o caso da psicologia evolutiva que propõe como um problema da mente humana não ter se adaptado a modernidade, para essa linha teórica o cérebro humano ainda é o mesmo do hominídeo do Pleistoceno que caçava e coletava alimentos para sobreviver a cerca de 12 mil anos; sendo o principal foco a herança dual na qual a evolução humana precisa ser vista como uma coevolução entre os genes e a cultura, baseia-se nas ideias do livro intitulado Sociobiologia, de E. O. Wilson (1975), e também pode ser chamada de antropologia evolutiva ou coevolutiva. 5.3 Texto 2 “Dos genes aos memes: a emergência do replicador” O artigo “ Dos genes aos memes: a emergência do replicador” é de autoria de Ricardo Waizbort. A proposta desse artigo é baseada na ideia publicada em 1976 por Richard Dawkins de que os genes como replicadores biológicos poderiam ser comparados com memes que seria unidades culturais de imitação, ou replicadores culturais, dando origem a memética que para Dawkins englobava conceitos da genética de populações a cultura humana. 18 Os genes são replicados ou duplicados como vista anteriormente por meio de processos da divisão celular, já os memes se autocopiam e se reproduzem por meio das mídiasque podem ser de rádio, televisão e atualmente internet e smartphones. Mas a ideia de autocópias é similar, essas são transmitidas de geração em geração pelas conversas ou outros meios de reprodução podem se enquadrar nesse conceito e, nesse caso, podem ter implicações evolutivas por poderem alterar os comportamentos humanos das gerações futuras. NA PRÁTICA Atividade 1 – Após a leitura do texto anterior resumindo o artigo “Dos genes aos memes: a emergência do replicador”, responda: 1. O que é memética? 2. Por que o autor compara genes e memes? 3. Qual a implicação desses conceitos na evolução humana? Propomos ainda que o acadêmico realize a leitura e resenha dos textos na integra cujos endereços eletrônicos podem ser encontrados nas referências desta aula. Atividade 2 – Sugestão também consta no livro desta disciplina: Visita ao museu virtual arqueológico da UNICAP/Pernambuco que apresenta como tema um cemitério indígena de 2000 anos atrás (sítio Furna do estrago) e a pré-história de Pernambuco, com representantes da Megafauna do Pleistoceno como a preguiça gigante, além de um vídeo de aproximadamente 3 minutos que apresenta o surgimento do planeta, relacionando à deriva continental, a evolução humana e as alterações climáticas do Planeta. O link para a realização do tour virtual encontra-se disponível juntamente com as demais referências desse texto. Leitura de um artigo intitulado “Sítio Furna do Estrago, PE, Práticas Funerárias e Marcadores de Identidades Coletivas” sobre as práticas funerárias do sítio pré-histórico Furna do Estrago, localizado no Município do Brejo da Madre de Deus, Pernambuco, Brasil. Após a visita virtual e a leitura do artigo, tente relacionar a evolução humana reconstruída por paleontologistas e a história humana construída na atualidade. 19 FINALIZANDO Retomando os conteúdos desta aula, trabalhamos evolução dos grupos de primatas por meio dos insetívoros, a evolução dos mamíferos até os primatas, a evolução dos primatas gradualmente até os primatas-humanos, reconhecemos os problemas de identificação e classificação dos fósseis humanos, a modernização dos métodos de pesquisa, reconhecendo que ainda não estão consolidadas as linhas evolutivas entre os hominídeos. Passamos para a evolução humana baseada na história e na biologia, vimos alguns períodos considerados marcos na história humana como a revolução agrícola, a industrial e a científica. Tivemos a visão do humano moderno discutido por meio de outras áreas como a História e finalizamos com textos de reflexão sobre a influência cultural na evolução humana. Nesses textos a evolução humana é vista pelas lentes de outras áreas de estudo. No texto “A grande árvore Genealógica”, com a árvore evolutiva humana atualizada com base no Projeto genográfico. No texto artigo “Dos genes aos memes: a emergência do Replicador” é feita a relação entre ambos, considerando os memes como unidades replicantes culturais similares aos genes do ponto de vista de sua reprodução e podem influenciar a evolução humana mediante à transmissão de cultura. No texto “A evolução do comportamento cultural humano: apontamentos sobre darwinismo e complexidade”, nele são tratados assuntos mais ligados as ciências humanas que tentam fazer uma conexão com a biologia evolutiva, reunindo temas da ecologia comportamental (comportamento dos animais), no qual nos enquadramos discutidos por meio da filogenia que foi tema de aulas anteriores. 20 REFERÊNCIAS CAPRA, F. Ponto de Mutação. Título do original: "The turning point”, 1982. Tradução: Álvaro Cabral. Consultoria: Newton Roberval Eichemberg. Capa: layout de Natanael Longo de Oliveira e colagem de Tide Hellmeister. DIGITAL SOURCE. Disponível em: <http://br.groups.yahoo.com/group/digital_source/>. Acesso em: 26 out. 2019. CASTRO, V. M. C. Sítio Furna do Estrago, PE. Práticas Funerárias e Marcadores de Identidades Coletivas. Disponível em: <https://www3.ufpe.br/clioarq/images/documentos/V33N2- 2018/artigo9v33n2.pdf>. Acesso em: 22 out. 2019. DAWKINS, R. De genes egoístas à indivíduos cooperativos. (Entrevista). Publicado no Canal Fronteiras do Pensamento. Publicado em 1 de jun. de 2015. Acesso em: 26 out. 2019. DAWKINS, R. O Gene Egoísta, parte 1 (Audiolivro de Ciência). Publicado no Canal Youtube em 7 de jan de 2018. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ycffTxj-398>. 1979. Acesso em: 22 out. 2019. HARARI, Y. N. Sapiens - Uma Breve História da Humanidade. Tradução: Janaína Marcoantonio, L&PM Editores, 2015. LEAL, E. Descoberta de ferramentas de pedra lascada na Jordânia leva à reinterpretação dos rumos da evolução humana, 08 de julho de 2019. UFPR/ Setor de Ciências da Terra. Disponível em: <http://www.terra.ufpr.br/portal/blog/2019/07/08/descoberta-de-ferramentas-de- pedra-lascada-na-jordania-leva-a-reinterpretacao-dos-rumos-da-evolucao- humana/>. Acesso em: 22 out. 2019. LEAKEY, R. (1997). A origem da espécie humana. Rio de Janeiro: Rocco,1995. LORDELO, E. R. A Psicologia Evolucionista e o conceito de cultura. Estudos de Psicologia, v. 15, n. 1, Janeiro-Abril/2010, p. 55-62, 2010. Disponível em: <https://periodicos.pucpr.br/index.php/estudosdebiologia/article/view/22906>. Acesso em: 22 out. 2019. 21 MÉLO, M. A. de. A distinção entre a ecologia de populações e ecologia evolutiva e a dicotomia próximo-remoto. Filosofia e História da Biologia, v. 12, n. 1, p. 151-173, 2017. Disponível em: <www.abfhib.org/FHB/FHB-12-1/FHB-12-01-09- Maida-Ariane-de-Melo.pdf>. Acesso em: 22 out. 2019. MORRIS, D. O macaco nu, 1967 tradução de Hermano Neves, Record, 2016. PDR, Plano de desenvolvimento de Rota de Aprendizagem. Uninter, Curitiba, 2018. PLINIO, et al. Etologia humana: o exemplo do apego, Psico - USF, v. 9, n. 1, p. 99-104, Jan./Jun. 2004. PERIC, M.; MURRIETA, R. S. S. A evolução do comportamento cultural humano: apontamentos sobre darwinismo e complexidade. História, Ciências, Saúde, Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 22, supl., p. 1715-1733, dez. 2015. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0104- 59702015001001715&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 22 out. 2019. RIDLEY, M. O otimista racional. Título Original: The rational optimist,1989. Tradução: Ana Maria Mandim. 1. ed. Rio de Janeiro: Record, 2014. UNICAP, Museu de Arqueologia. Tour virtual. Disponível em: <http://museu.unicap.br/tourvirtual/>. Acesso em: 22 out. 2019. WAIZBORT, R. Dos genes aos memes: a emergência do Replicador. Cultural Revista Episteme. n. 16, p. 23-44, jan. / jun. Porto Alegre, 2003. Disponível em: <http://www.mettodo.com.br/pdf/Dos_genes_aos_memes.pdf>. Acesso em: 22 out. 2019. WAAL, F. de. Eu Primata. Tradução: Laura T. Motta. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
Compartilhar