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Evolção- Texto base 6

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EVOLUÇÃO 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.a Silmara Terezinha Pires Cordeiro 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Evolução biológica 
Nesta aula, trataremos da Evolução Humana. Trataremos inicialmente da 
evolução dos primatas, iniciando com os mamíferos que se alimentavam de 
insetos. Muitas são as lacunas nessa história evolutiva e nesta aula 
trabalharemos a evolução humana do ponto de vista da evolução biológica, com 
o estudo dos fósseis de hominídeos, discutiremos, também, as teorias mais 
aceitas sobre o surgimento do Homo sapiens e sua irradiação pelo planeta Terra. 
Além disso discutiremos as descobertas recentes de artefatos que podem 
alterar as teorias aceitas até o presente momento, teremos ainda outros pontos 
de vista sobre a evolução dos hominídeos de áreas como a história, a psicologia 
evolutiva e a antropologia evolutiva. Conforme PDR (2018), os objetivos a serem 
alcançados nesta aula são: 
 Compreender cientificamente a evolução da espécie humana devido as 
novas descobertas e métodos de análise, bem como, a relação do ser 
humano com outras espécies e o meio ambiente; 
 Conhecer as principais evidências que relacionam a espécie humana a 
seus ancestrais primatas; 
 Explicar os principais estágios pelos quais teriam passados a linhagem 
humana na evolução com os fósseis; 
 Caracterizar e explicar a evolução do gênero Homo e as evidências dessa 
evolução; 
 Identificar as características evolutivas da espécie humana moderna, o 
Homo sapiens; 
 Informar-se da relação intrínseca entre a evolução biológica da espécie 
humana e o desenvolvimento cultural. 
TEMA 1 – ORIGEM DOS GRANDES GRUPOS DE PRIMATAS 
No grupo dos primatas (figura a seguir) incluem-se os símios, os 
antropoides e os macacos do novo mundo, os prossímios, lêmures e társios 
Pough (2008). 
Figura 1 – Grupo de primatas 
 
 
3 
 
 
Créditos: Iakov Filimonov/ Shutterstock. 
Segundo Morris, 1967 (p.11), os primeiros mamíferos eram pequenos e 
sobreviviam comendo insetos e se esquivando pelas florestas em um período 
dominado por répteis, esses pequenos seres deram origem ao grupo dos 
primatas ao qual pertence à espécie humana. O mesmo autor afirma que se 
passaram mais de 50 milhões de anos até que esses ancestrais começassem a 
desbravar novos habitats, essas adaptações passaram pelo processo de 
seleção natural e deram origem aos herbívoros com pernas adaptadas à fuga e 
os predadores com suas garras e dentes afiados. 
Essa irradiação originou muitas novas espécies e, mesmo assim, 
insetívoros similares a esses antepassados ainda persistem nos dias atuais, mas 
um grupo de insetívoros ao diversificar sua alimentação (novamente a pressão 
seletiva) passaram a se alimentar de frutos, sementes e folhas, adaptando-se a 
nova alimentação. Assim, surgem (por mutação e seleção natural) as formas 
anatômicas primitivas dos primatas, visão frontal em três dimensões e adaptação 
manual para segurar os alimentos e um cérebro maior, assim, em pouco tempo, 
os primatas povoavam a floresta (Morris,1967). 
Durante a era Cenozoica os grandes primatas segundo Pough (2008) 
eram abundantes e ficaram restritos a algumas áreas tropicais ao final do período 
Eoceno. Segundo Morris (1967 p. 12) em torno de 15 milhões de anos atrás 
https://www.shutterstock.com/pt/g/jackf
 
 
4 
ocorreram mudanças climáticas e as florestas que abrigavam os símios sofreram 
redução, motivando uma divisão entre dois grupos: o primeiro a quem Morris 
chamou de símios primitivos se manteve na floresta “ou tiveram de se resignar, 
quase em um sentido bíblico, a serem expulsos do Paraíso. Os antepassados 
dos chimpanzés, dos gorilas, dos gibões e dos orangotangos deixaram-se ficar” 
e, como o mesmo autor descreve e podemos constatar, suas populações estão 
se reduzindo desde então. O segundo grupo ao qual Morris chama de “macacos 
pelados” abandonaram a segurança da floresta e passaram a competir com 
todas as demais espécies, estando atualmente bem adaptados a vida longe das 
árvores (Morris,1967, p.12). O Homo sapiens faz parte deste grupo ao qual 
Morris se refere e passou por inúmeras modificações até adaptar-se aos mais 
diversos ambientes terrestres. A seguir temos um quadro resumindo as 
principais adaptações requeridas para a evolução dos hominídeos até o humano 
atual: 
Quadro 1 – Mudanças evolutivas humanas 
01 A passagem da locomoção em quatro patas para a posição bípede é de 
extrema importância e chega a ser uma justificativa para diferenciar os 
macacos antropoides de nossos ancestrais humanos. 
02 Existem duas hipóteses para que a posição bípede seja uma adaptação 
vantajosa, uma está relacionada a liberação dos braços para carregar 
objetos e outra proposta por Peter Rodman e Henry Mc Henry propõe 
que a locomoção bípede economize energia. De qualquer forma nossos 
ancestrais Australopitecos tiveram acesso a uma diversidade de 
alimentos, podendo se deslocar mais longe, modificando sua 
alimentação antes restrita a frutas. 
03 O consenso entre os antropólogos é de que 2 milhões de anos atrás na 
árvore genealógica humana existiam dois ramos principais os 
Australopitecos e o gênero Homo, sendo as primeiras extintas a cerca de 
1 milhão de anos e o gênero homo persistiu dando origem a nós. Os 
primeiros da humanidade possuíam adaptações corporais similares ao 
Homo sapiens, como cérebro desenvolvido, permitindo que surgissem os 
caçadores-coletores. 
04 A irradiação para o Velho Mundo (Eurásia) nos trouxe ainda adaptações, 
como o aumento de estatura, crescimento do cérebro, propiciando a 
 
 
5 
produção de artefatos de corte há uns 2,5 milhões de anos e dominando 
o fogo que pode ser considerado um indício tecnológico. 
05 Outro consenso é que a capacidade intelectual humana que inclui 
linguagem, cultura e vida em sociedade facilitou nossa dispersão 
territorial e nossa sobrevivência. Sobre esse tema o Biólogo Chistopher 
Wilis publicou o livro “The Runaway Brain” em 1993, no qual propôs como 
que o crescimento do cérebro humano estaria relacionado aos elementos 
da cultura. 
Fonte: Baseado em Lieberman, 2015, p. 24; Leakey, 1997, p. 22, 28, 30, 38, 45 
TEMA 2 – FÓSSEIS HUMANOS 
Sobre os estudos da evolução humana, Mayr, 2005, (p.127), afirma que 
os antropólogos alemães que iniciaram estes estudos tinham treinamento em 
anatomia humana e uma visão de estudo baseada em uma morfologia idealizada 
e tradicional, sendo que cada fóssil encontrado geralmente era classificado como 
sendo novo e, portanto, recebia outro nome científico, consequentemente, 
muitas vezes era classificado em um novo gênero. 
O mesmo autor afirma ainda que o Homo erectus quando encontrado um 
fóssil em Java foi classificado Pithecanthropus e na China como Sinanthropus. 
“Um historiador listou, nos anos 1930, mais de trinta nomes genéricos e mais de 
uma centena de nomes específicos para espécies fósseis de hominídeos” (Mayr, 
2005, p.127). Segundo Leakey, 1995, essa enorme diversidade de fósseis 
precisou ser reorganizada e, nos anos 50, um consenso entre antropólogos se 
dividiu em duas espécies de macacos que possuíam adaptações de bipedia, 
sendo semelhantes aos macacos como foi o caso da criança de Taung “o 
espécime foi assim chamado porque foi recuperado da pedreira de calcário de 
Taung, na África do Sul” e foi classificada como Australopithecus africanus 
(Macaco que veio do Sul, nomeada em 1924 por Dart) sendo considerada a mais 
graciosa; a outra espécie mais robusta recebeu o nome de Australopithecus 
robustus (Leakey, 1995, p. 34). Observe alguns exemplos de fósseis de crânios 
humanos e sua classificação no infográfico seguinte (Figura 1): 
 
 
 
 
6 
Figura 2 – Infográfico de fósseis humanos 
 
Créditos: Red monkey/ Shutterstock. 
Mayr, 2005, (p.135), afirma que não temos ainda a compreensão global 
de todas as etapas da evolução humana com base na linhagem de 
Australopithecuse aponta a necessidade de rever minunciosamente os fósseis 
 
 
7 
já descobertos, pois as pesquisas anteriores em sua grande maioria foram 
superficiais e a classificação contém apenas o nome e uma breve descrição. O 
mesmo autor alerta ainda para a carência de fósseis de outras regiões africanas, 
sendo que caso fossem descobertos seria inevitável uma revisão da história 
evolutiva do homem. 
TEMA 3 – ORIGEM E EVOLUÇÃO DO GÊNERO HOMO 
A hipótese de Mayr, 2004, para a evolução humana é que ela ocorreu de 
forma gradual como proposto por Darwin, sendo duas as etapas principais, a 
primeira inclui a evolução de um macaco similar ao chimpanzé que vivia em uma 
floresta tropical que passou a viver em uma savana com árvores originando o 
que o autor chama de “semichimpanzé Australopithecus”; esse processo deve 
ter durado cerca de 500 mil anos com muitas etapas intermediárias e talvez 
foram necessárias cerca de 20 mil gerações. Em uma segunda etapa o 
Australopithecus teria originado de maneira gradual o gênero Homo que passou 
a habitar uma savana com arbustos (Wrangham, 2001 apud Mayr, 2005, p. 133). 
Na tabela a seguir temos algumas características dos principais representantes 
do gênero homo: 
Tabela 1 – Principais características do Homo habilis, Homo erectus e Homo 
sapiens 
H. HABILIS Seus fósseis foram encontrados juntamente com ferramentas de 
pedra; 
Tamanho do cérebro - talvez 600 a 750 cm3; 
Mandíbulas e dentes menores, mandíbula levemente prógnata; 
Dimorfismo sexual, machos cerca de 1,20 vez maiores em média do 
que as fêmeas. 
H. ERECTUS Migrou da África, colonizando a Ásia, a leste, há cerca de 1,5 milhão 
de anos; colonizou a Europa, em data incerta; existe divergência entre 
os especialistas sobre sua árvore evolutiva que será discutido na 
sequência deste tópico. 
 
H. SAPIENS As principais diferenças dos anteriores são inúmeros detalhes da 
anatomia craniana e o formato diferente do cérebro, além das formas 
achatadas da face. 
 
 
8 
 
Fonte: baseado em Ridley, 2007, p. 570. 
Figura 3 – Representação Facial – Com base no crânio fóssil de Australopithecus 
Africanos, A. Garhi, A. Afarensis, Sahelanthropus: S. Tchadensis E Ardipithecus: 
Ar. Ramidus 
 
Créditos: Charis Estelle/ Shutterstock. 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
Figura 4 – Representação Facial – Baseada em crânios fósseis de Paranthropus: 
P. Robustus, P. Boisei E P Aethiopicus, Kenyantropus: K. Platyops, K. 
Rudolfensis, Homo: Homo Habilis 
 
 
 
Créditos: Charis Estelle/ Shutterstock. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
Figura 5 – Estágios: Australopithecus, Homo Habilis, Erectus, Neanderthalensis, 
Homo Sapiens Sapiens 
 
Créditos: Iconic Bestiary/ Shutterstock. 
3.1 Irradiação dos hominídeos 
As hipóteses para a irradiação do gênero Homo são duas: a multirregional 
ou candelabro, na qual o Homo sapiens teria evoluído de maneira independente 
na Europa, na África e na Ásia e a hipótese de que vieram da África, lugar em 
que o Homo sapiens evoluiu e, posteriormente, migrou substituindo os demais 
hominídeos (Ridley, 2007, p. 570). Evidências fósseis encontradas em 2019 
levaram os pesquisadores Fabio Parenti, Walter Neves e Giancarlo Scardia e 
colaboradores a uma proposta na qual o Homo habilis teve origem na África em 
torno de 2,5 milhões de anos atrás migrando pela península de Sinai, cruzando 
a Jordânia (Leal; Escobar, 2019). 
Dawkins (2007) afirma que chimpanzés e seres humanos compartilham 
aproximadamente 99,55% dos genes e mesmo assim os chimpanzés não 
possuem reconhecimento sendo considerados inferiores a espécie humana, algo 
que não pode ser aceito por um evolucionista, que nesse caso considera que as 
espécies não podem ser consideradas acima de outra, sendo que todos 
compartilhamos o processo evolutivo em torno de 3 bilhões de anos passando 
 
 
11 
pela seleção natural, todos fomos moldados pelos mesmos processos (Dawkins, 
1976, 2007, p. 4). 
 
TEMA 4 – A ESPÉCIE HUMANA MODERNA 
Objetivando não tornar o texto repetitivo e ainda assim falar sobre a 
espécie humana, foi necessário buscar fontes fora da Biologia e a escolha de 
“Sapiens- uma breve História da Humanidade” escrito pelo israelense Yuval 
Noah Harari foi feita por se tratar de um autor reconhecido mundialmente, trata-
se um best-seller e na visão do autor, que é professor de história, a evolução 
humana está dividida em diversos marcos, dos quais apenas alguns serão 
tratados neste texto. Começaremos pela Revolução Agrícola. 
Figura 6 – Linha do tempo dos povos primitivos 
 
Créditos: Macrovector/ Shutterstock. 
 
 
12 
4.1 Revolução Agrícola 
Segundo Harari, 2015, a espécie humana surgiu em torno de 13 mil anos 
atrás na mesma época em que ocorreu a extinção do Homo floresiensis; a partir 
desse momento, o Homo sapiens passou a ser a única espécie sobrevivente, 
depois disso alguns marcos fazem parte da vida humana como a revolução 
agrícola, a revolução industrial e a revolução científica. 
Figura 7 – Homem das cavernas assando um pedaço de carne 
 
Créditos: Lorelyn Medina/ Shutterstock 
Em torno de 12.000 anos atrás, segundo o mesmo autor, teve início a 
Revolução Agrícola, com a criação de galináceos para consumo, as quais foram 
cruzadas selecionando aves lentas para cruzar com aves gordas e obtendo, 
dessa forma, galinhas hibridas com características desejáveis, algo que o autor 
descreve como sendo uma “seleção artificial” de galinhas gordas e lentas 
(alimento mais calórico e de fácil manejo) que seriam para ele um design 
inteligente produzido pelo homem, algo que discordamos, pois, esse termo 
define uma criação de um ser superior (divino) e está ligado ao criacionismo. 
 
 
13 
 Harari descreve o design inteligente como sendo uma mistura de seleção 
artificial com bioengenharia, biologia sintética e implantes de próteses, com a 
criação de cyborgs e algo obviamente produzido pelo homem, não conseguimos 
definir se o autor tentou criar uma neologia, ou seja, um novo conceito ou apenas 
foi um erro conceitual. 
4.2 Revolução Científica 
Figura 8 – Tecnologias inovadoras em ciência e medicina 
 
Créditos: Sergey Nivens/ Shutterstock. 
Em torno de 500 anos atrás teve início a Revolução Científica com as 
grandes navegações que levaram à colonização de diversos povos, o avanço 
tecnológico e a corrida espacial levaram o primeiro homem à lua, a descoberta 
da radiação e o avanço da física culminaram no lançamento da bomba de 
Hiroshima durante a segunda guerra mundial, o avanço das pesquisas médicas 
e genéticas, o avanço da biologia e o financiamento das pesquisas desde de 
Darwin e Wallace até os dias atuais (Harari, 2015). Outros autores discordariam 
desse marco histórico como é o caso de Capra que discorda tanto do período 
histórico como das implicações e para ele: 
A revolução científica começou com Nicolau Copérnico, que se opôs à 
concepção geocêntrica de Ptolomeu e da Bíblia, que tinha sido aceita 
como dogma por mais de mil anos. Depois de Copérnico, a Terra 
deixou de ser o centro do universo para tornar-se meramente um dos 
muitos planetas que circundam um astro secundário nas fronteiras da 
 
 
14 
galáxia; e ao homem foi tirada sua orgulhosa posição de figura central 
da criação de Deus (Capra,1982, p. 29). 
Para Capra (1982), o fator importante foi a queda do homem do centro de 
poder como “criação de Deus”, ao passo que Harari (2015) acredita que esse 
período teve início mais tarde e que os humanos não fizeram um bom uso da 
Ciência, ele faz ainda inúmeras críticas ao investimento em pesquisas 
científicas, considerando-o excessivo. 
Mas se por um lado houveram tragédias e pagamos hoje o preço do uso 
descontrolado dos recursos naturais, recebemos as benesses dessa revolução, 
milhões de pessoas se beneficiam dos resultados dessas pesquisas que 
permitiram o avanço dos microscópios de varredura nos quais são utilizados 
elétrons, dos tratamentos para câncerque utilizam a radioterapia, os exames de 
raio-X, o advento dos antibióticos, os novos tratamentos e medicamentos e 
inúmeros outros benefícios foram oportunizados pelo avanço dessas pesquisas. 
Como podemos observar o julgamento de determinadas questões depende do 
ângulo pelo qual se olha e não seria diferente em uma releitura de Revolução 
industrial, algo que veremos a seguir. 
4.3 Revolução Industrial 
Figura 9 – Infográfico da Indústria 4.0, representando as quatro revoluções 
industriais na fabricação e engenharia 
 
Créditos: Chickendoodledesigns/ Shutterstock 
Cerca de 200 anos atrás ocorreu a Revolução Industrial, (Harari, 2015, 
pág. 409), advindos disso, temos problemas ambientais pelo uso descontrolado 
 
 
15 
de recursos naturais. O autor aponta um resumo dos acontecimentos no trecho 
a seguir: 
A revolução industrial abriu novos caminhos para converter energia e 
produzir bens; com isso, em grande medida, libertou a humanidade de 
sua dependência do ecossistema à sua volta. Os humanos derrubaram 
florestas, drenaram pântanos, represaram rios, inundaram planícies, 
construíram dezenas de milhares de quilômetros de ferrovias e 
edificaram metrópoles repletas de arranha-céus. Enquanto o mundo 
era moldado para atender às necessidades do Homo sapiens, habitats 
foram destruídos e espécies foram extintas. Nosso planeta, um dia 
verde e azul, está se tornando um shopping center de plástico e 
concreto (Harari, 2015, p. 361). 
Capra (1982) também descreve a revolução industrial e aponta muitas 
mudanças advindas desse período, mas ressalta que as taxas de mortalidade 
foram reduzidas e a qualidade de vida melhorou continuamente e como efeito 
secundário houve a redução da taxa de natalidade algo que o autor atribui a 
continua melhoria das condições de vida da população (Capra,1982, p. 141-
142). 
Talvez o marco histórico aqui seja o mesmo para Capra (1982), mas esse 
autor lista uma série de benefícios ocorridos na mesma época como a transição 
do modelo de “economia agrária e artesanal para uma economia dominada pelo 
vapor como energia motriz e por máquinas operadas em grandes fábricas e 
usinas” (Capra,1982, p. 129). O mesmo autor cita ainda as invenções importante 
para esse período histórico: 
Fora inventada a máquina de fiar, e teares mecânicos eram usados em 
indústrias do algodão que empregavam até trezentos operários. A nova 
empresa privada, as fábricas e a maquinaria acionada por energia 
mecânica modelaram as ideias de Adam Smith, levando-o a defender 
com entusiasmo a transformação social de sua época e a criticar os 
resquícios do sistema feudal baseado na terra” (Capra,1982, p. 129). 
Houveram com certeza muitas alterações sociais e ambientais desde que 
os hominídeos divergiram como únicos sobreviventes desse processo, temos o 
dever de considerar os problemas criados por meio dessas mudanças, mas 
podemos perceber os benefícios advindos das revoluções, como o conforto de 
termos chuveiros quentes, água encanada, eletrodomésticos, eletrônicos e 
comunicação com qualquer pessoa no mundo a um toque na tela de um aparelho 
portátil, melhorias que não podem ser desprezadas e cabe agora aos humanos 
procurar soluções tecnológicas que mitiguem os impactos antrópicos. 
 
 
16 
Para Ridley (2014) em seu livro “ O otimista racional” ao invés de apenas 
criticar, devemos reconhecer os benefícios do processo evolutivo humano como 
o mesmo enfatiza no trecho a seguir: 
Você não está apenas consumindo o trabalho e os recursos de outros; 
está consumindo as invenções também. Um milhão de empresários e 
cientistas inventou a intricada dança de fótons e elétrons mediante a 
qual a sua televisão funciona. O algodão que você usa foi torcido e 
tecido por máquinas de um tipo cujos inventores originais são heróis 
há muito tempo mortos da Revolução Industrial. O pão que você come 
foi produzido primeiro por fertilização cruzada por um neolítico 
mesopotâmico e cozido de forma inventada por um caçador-coletor 
mesolítico. Seu conhecimento está duradouramente incorporado a 
máquinas, receitas e programas de que você se beneficia. À diferença 
de Luís, (XIV, rei Sol) você inclui entre seus servidores John Logie 
Baird, Alexander Graham Bell, sir Tim Berners-Lee, Thomas Crapper, 
Jonas Salk e uma miríade sortida de outros inventores. Porque você 
também é beneficiado pelo trabalho deles, estejam eles vivos ou 
mortos (Ridley, 2014, p. 38). 
Para Wilson, 2008 (p. 96) a biologia pode fazer com que o Homo sapiens 
reconstrua sua autoimagem considerando o potencial da mesma entre as 
demais ciências, as pesquisas em saúde humana e manejo ambiental, podem 
solucionar diversos problemas de origem antropológica. Em resumo as 
pesquisas científicas permitem encontrar soluções para os diversos problemas 
citados anteriormente. 
TEMA 5 – REFLEXÕES EM TEXTOS DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA SOBRE A 
EVOLUÇÃO HUMANA E CULTURAL 
Para essa seção foram selecionados 3 textos que estão comentados 
também no livro didático que é parte integrante do material dessa disciplina, as 
numerações dos textos seguem a ordem em que aparecem no livro Evolução 
Biológica: Pensamento Evolutivo histórico e contemporâneo, e iniciaremos pelo 
texto 1 cujo tema é “ A Grande árvore Genealógica”, na sequência temos o texto 
3 “A evolução do comportamento cultural humano: apontamentos sobre 
darwinismo e complexidade” e finalmente o 2 “Dos genes aos memes: a 
emergência do Replicador”, todos são resumos de artigos que podem ser 
acessados por meio dos endereços eletrônicos presentes nas referências desta 
aula. 
5.1 Artigo “A grande árvore genealógica” 
 
 
17 
O Texto 1 foi baseado no artigo “A grande árvore Genealógica” de autoria 
de Fabricio Santos que apresenta dados da história evolutiva humana 
atualizados, dados do projeto genográfico, que é uma pesquisa de genética-
antropológica em escala mundial, com o objetivo de mapear com o uso de 
marcadores moleculares as migrações humanas durante a evolução. Neste 
artigo encontram-se dados sobre as alterações na nomenclatura dos fósseis, 
além de dados resultantes do projeto citados anteriormente. 
5.2 Artigo “A evolução do comportamento cultural humano: 
apontamentos sobre darwinismo e complexidade” 
O Texto 3 foi baseado no artigo “A evolução do comportamento cultural 
humano: apontamentos sobre darwinismo e complexidade” de autoria de Mikael 
Peric e Rui Sérgio Murrieta. Neste artigo são discutidos a ecologia 
comportamental humana, termo cunhado em 1875 que é baseada na etologia: 
estudo do comportamento dos animais e em dados da filogenia estudada 
anteriormente. 
Faz uma ponte entre o darwinismo e as diversas vertentes que estudam 
o comportamento humano como é o caso da psicologia evolutiva que propõe 
como um problema da mente humana não ter se adaptado a modernidade, para 
essa linha teórica o cérebro humano ainda é o mesmo do hominídeo do 
Pleistoceno que caçava e coletava alimentos para sobreviver a cerca de 12 mil 
anos; sendo o principal foco a herança dual na qual a evolução humana precisa 
ser vista como uma coevolução entre os genes e a cultura, baseia-se nas ideias 
do livro intitulado Sociobiologia, de E. O. Wilson (1975), e também pode ser 
chamada de antropologia evolutiva ou coevolutiva. 
5.3 Texto 2 “Dos genes aos memes: a emergência do replicador” 
O artigo “ Dos genes aos memes: a emergência do replicador” é de autoria 
de Ricardo Waizbort. A proposta desse artigo é baseada na ideia publicada em 
1976 por Richard Dawkins de que os genes como replicadores biológicos 
poderiam ser comparados com memes que seria unidades culturais de imitação, 
ou replicadores culturais, dando origem a memética que para Dawkins 
englobava conceitos da genética de populações a cultura humana. 
 
 
18 
Os genes são replicados ou duplicados como vista anteriormente por meio 
de processos da divisão celular, já os memes se autocopiam e se reproduzem 
por meio das mídiasque podem ser de rádio, televisão e atualmente internet e 
smartphones. Mas a ideia de autocópias é similar, essas são transmitidas de 
geração em geração pelas conversas ou outros meios de reprodução podem se 
enquadrar nesse conceito e, nesse caso, podem ter implicações evolutivas por 
poderem alterar os comportamentos humanos das gerações futuras. 
NA PRÁTICA 
 Atividade 1 – Após a leitura do texto anterior resumindo o artigo “Dos 
genes aos memes: a emergência do replicador”, responda: 
1. O que é memética? 
2. Por que o autor compara genes e memes? 
3. Qual a implicação desses conceitos na evolução humana? 
Propomos ainda que o acadêmico realize a leitura e resenha dos textos 
na integra cujos endereços eletrônicos podem ser encontrados nas referências 
desta aula. 
 Atividade 2 – Sugestão também consta no livro desta disciplina: 
 Visita ao museu virtual arqueológico da UNICAP/Pernambuco que 
apresenta como tema um cemitério indígena de 2000 anos atrás (sítio Furna do 
estrago) e a pré-história de Pernambuco, com representantes da Megafauna do 
Pleistoceno como a preguiça gigante, além de um vídeo de aproximadamente 3 
minutos que apresenta o surgimento do planeta, relacionando à deriva 
continental, a evolução humana e as alterações climáticas do Planeta. O link 
para a realização do tour virtual encontra-se disponível juntamente com as 
demais referências desse texto. 
Leitura de um artigo intitulado “Sítio Furna do Estrago, PE, Práticas 
Funerárias e Marcadores de Identidades Coletivas” sobre as práticas funerárias 
do sítio pré-histórico Furna do Estrago, localizado no Município do Brejo da 
Madre de Deus, Pernambuco, Brasil. 
Após a visita virtual e a leitura do artigo, tente relacionar a evolução 
humana reconstruída por paleontologistas e a história humana construída na 
atualidade. 
 
 
19 
FINALIZANDO 
Retomando os conteúdos desta aula, trabalhamos evolução dos grupos 
de primatas por meio dos insetívoros, a evolução dos mamíferos até os primatas, 
a evolução dos primatas gradualmente até os primatas-humanos, reconhecemos 
os problemas de identificação e classificação dos fósseis humanos, a 
modernização dos métodos de pesquisa, reconhecendo que ainda não estão 
consolidadas as linhas evolutivas entre os hominídeos. 
Passamos para a evolução humana baseada na história e na biologia, 
vimos alguns períodos considerados marcos na história humana como a 
revolução agrícola, a industrial e a científica. Tivemos a visão do humano 
moderno discutido por meio de outras áreas como a História e finalizamos com 
textos de reflexão sobre a influência cultural na evolução humana. Nesses textos 
a evolução humana é vista pelas lentes de outras áreas de estudo. 
 No texto “A grande árvore Genealógica”, com a árvore evolutiva humana 
atualizada com base no Projeto genográfico. No texto artigo “Dos genes aos 
memes: a emergência do Replicador” é feita a relação entre ambos, 
considerando os memes como unidades replicantes culturais similares aos 
genes do ponto de vista de sua reprodução e podem influenciar a evolução 
humana mediante à transmissão de cultura. No texto “A evolução do 
comportamento cultural humano: apontamentos sobre darwinismo e 
complexidade”, nele são tratados assuntos mais ligados as ciências humanas 
que tentam fazer uma conexão com a biologia evolutiva, reunindo temas da 
ecologia comportamental (comportamento dos animais), no qual nos 
enquadramos discutidos por meio da filogenia que foi tema de aulas anteriores. 
 
 
 
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