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EVOLUÇÃO AULA 2 Profª Silmara T. Pires Cordeiro 2 CONVERSA INICIAL No decorrer desta aula, trataremos da estrutura da teoria darwiniana, cuja elaboração levou mais de 30 anos, se considerarmos que Darwin utilizou blocos de notas para rascunhar suas primeiras ideias entre 1832 e 1837, a bordo do navio Beagle, e reuniu esses manuscritos para iniciar seu livro por volta de 1844, publicando a primeira edição da obra “quase” completa em 1859 (Darwin, 1859). Mas, qual a finalidade de conhecer essa teoria, atualmente? Qual o real significado de evolução? Em que isso interfere no cotidiano, para justificar tais estudos? São muitos os questionamentos e, no decorrer deste estudo, esperamos que eles sejam respondidos satisfatoriamente. Começaremos pelo significado de evolução biológica. Para Darwin (1859), a evolução está relacionada às modificações que podem ser observadas entre as espécies. A experiência na expedição que realizou e a vida dedicada ao estudo da natureza fizeram-no perceber que existem muitas espécies semelhantes e com algum grau de parentesco. Baseado nisso, Darwin (1859) propôs que as espécies evoluíam por modificação. Note-se que não há sentido de melhoria e sim de diferenciação. Os seres vivos se modificam e se diferenciam em outras espécies, o que nos traz para a realidade atual. Estamos numa época em que a maioria das doenças microbianas foi vencida pelo uso de medicamentos antibióticos e afins; porém, alguns microrganismos resistem a esses medicamentos e a explicação para esse fenômeno está na teoria da evolução – nesse caso, na seleção artificial. A seleção artificial, ao mesmo tempo que cria soluções na produção de alimentos, acaba criando desafios para as áreas de saúde, agricultura e pecuária. Esses são alguns exemplos da aplicação desses conhecimentos na sociedade, justificando o estudo da estrutura da teoria da evolução por seleção natural de Charles Darwin como ferramenta na assimilação dos mecanismos da seleção artificial, da qual saíram muitas das inspirações do naturalista descritas em seu livro, principalmente sobre as modificações ocorridas nas linhagens de pombos que ele criava (Darwin, 1859). 3 TEMA 1 – ANCESTRALIDADE COMUM Darwin (1859) afirma que os seres vivos, além de apresentarem modificações, devem ter surgido de um ser primordial, que é chamado em seu livro de ancestral comum. Para ele, as semelhanças entre as diversas espécies aparentadas só poderiam ser explicadas caso elas possuíssem a mesma descendência (Darwin, 1859). Desde então, cientistas das mais diversas áreas procuram por esse ser primordial e existem inúmeros estudos sobre o tema. Darwin apresenta um esboço do que seria a primeira árvore genealógica, em seu Primeiro caderno sobre transmutações, de 1837, no qual o desenho de um ramo inicia-se com o primeiro ser vivo, que vai resultar em outras espécies. Observe uma cópia da referida imagem na Figura 1. Figura 1 – Reprodução do esboço de 1837 de Charles Darwin, seu primeiro diagrama de uma árvore evolucionária, disponível para exibição no Museu de História Natural de Manhattan Crédito: CC/PD. Essa ideia inicial é a base, hoje, dos estudos de taxonomia e filogenia e de áreas que se utilizam da tecnologia computacional para analisar genomas, o que nos leva às pesquisas publicadas por uma equipe do Instituto de Evolução Molecular da Alemanha, como, em 2016, na revista Nature Microbiology, sobre o artigo sobre o last universal common ancestor (Luca) – o último ancestral universal comum, em português (Weiss et al., 2016). 4 1.1 Quem é Luca e qual sua relação com Charles Darwin? Como dito anteriormente, o Luca seria o nosso ancestral comum, proposto por Darwin em 1837 e, desde então, cientistas do mundo todo procuram evidências da existência ou não desse primeiro ser vivo. Atualmente, aceita-se que a vida tenha surgido em ambientes hidrotermais, sendo que, em sua pesquisa, Weiss et al. (2016) analisaram 6,1 milhões de genes com o objetivo de mapear e reconstruir a “ecologia microbiana” de Luca (Weiss et al., 2016, p. 1). Os pesquisadores alemães chegaram à conclusão de que esse ancestral comum a todos os seres vivos viveu em um ambiente hidrotermal, portanto tratava-se de um ser termofílico (capaz de resistir a altas temperaturas); e de que esse ambiente era rico em hidrogênio, gás carbônico e ferro. Portanto, o metabolismo desse ser devia ser autotrófico (ele produzia seu próprio alimento). E, ainda: como o ambiente não apresentava oxigênio, ele seria anaeróbio (não utilizava oxigênio na sua respiração) (Weiss et al., 2016). Para chegar a essas conclusões, Weiss et al. (2016) analisaram dados do genoma de 1.981 procariotos (unicelulares, sem envoltório nuclear) pertencentes a 36 grupos taxonômicos, buscando padrões de linhagem evolutiva em arqueias e bactérias, sendo que somente foram considerados os padrões monofiléticos, ou seja, que possuam apenas um ancestral comum. Como resultado desse estudo, Weiss et al. (2016, p. 8) concluíram que Luca poderia ser o ancestral de todas as formas de vida atuais. TEMA 2 – MODIFICAÇÃO Como dito anteriormente, Darwin (1859) preocupou-se em analisar as semelhanças e diferenças estruturais em animais e plantas e teve acesso ao material produzido pelos anatomistas de sua época, concluindo que essas características revelavam modificações frutos de um processo evolutivo das espécies. As modificações corporais descritas por Darwin (1859) são divididas hoje em homólogas, análogas e, ainda, vestigiais. 2.1 Modificações em estruturas análogas Certas estruturas presentes no corpo de animais apresentam uma função semelhante; porém, por tratarem-se de animais pertencentes a táxons 5 diferentes, essa estrutura não possui a mesma origem embrionária. Um exemplo desse tipo de modificação pode ser visto na comparação entre as asas de um morcego e as de um inseto: ambas servem ao voo (mesma função) mas, ao analisarmos a classificação desses animais, percebemos que o morcego pertence aos mamíferos (vertebrados), enquanto o inseto pertence aos artrópodes (invertebrados), tendo uma estrutura de desenvolvimento embrionário diversa. Figuras 2-3 – Comparação entre as asas de um morcego e as asas de um inseto Créditos: Morphart Creation/Shutterstock; Leren/Shutterstock. 6 2.1.1 Modificações em estruturas homólogas No caso das modificações em estruturas homólogas, a origem embrionária é a mesma. Vejamos um exemplo comparando a nadadeira da baleia, as patas dianteiras de um sapo, as patas dianteiras de um cavalo, as patas dianteiras de um leão, os braços de um humano e ainda as asas de um pássaro. Embora apresentem similaridades estruturais, as funções adaptadas dessas estruturas citadas são as mais diversas: nadar, saltar, andar, agarrar e voar (Figura 4). Figura 4 – Comparação entre os membros inferiores, respectivamente, de uma baleia, um sapo, um cavalo, um leão, um ser humano e um pássaro Crédito: Usagi-p/Shutterstock. 2.1.2 Estruturas modificadas vestigiais As estruturas modificadas vestigiais são assim chamadas por não apresentarem uma função específica; mas, quando comparadas com as estruturas similares presentes em outras espécies, percebe-se que as vestigiais, aparentemente, perderam a função durante o processo evolutivo (Freeman; 7 Herron, 2009, p. 55). É exemplo desse tipo de estrutura o apêndice, que, em mamíferos herbívoros como o coelho, apresenta uma biota capaz de digerir a celulose presente em sua alimentação, mas que, no organismo de animais carnívoros, não possui a mesma função (Freeman; Herron, 2009, p. 55) e, portanto, regrediu seu tamanho, tornando-se apenas um vestígio. Observe a Figura 5. Figura 5 – Comparação entre o intestino de um animal herbívoro, o coelho, com um apêndice bem desenvolvido; e o de um animal carnívoro, no caso a raposa, com somente um vestígio do apêndice Crédito: Nopainnogain/Shutterstock. O apêndice está presente em humanos, sendo motivo de diversos estudos médicos e, quando obstruído, tende a acumular microrganismos, sendo necessária intervenção cirúrgica, nele, para remoção desses microrganismos. O professor de fisiologia da Universidade Estadual de Oklahoma, Loren Martin, escreveu para a revista Scientific American, em 2019, sobre a função do apêndice em humanos, afirmando que, apesar de não ter sido considerado 8 funcional por muitos anos, pesquisas apontam que o apêndice humano apresenta função acessória do sistema imunológico, além de ser reutilizado em cirurgias reparadoras do sistema urinário (Martin, 2019). Outro exemplo desse tipo de modificação é o osso cóccix, que é considerado um osso rudimentar e, em outros primatas, dá origem à cauda e ao eriçamento dos pelos (Freeman; Herron, 2009, p. 55). Observe outros exemplos de órgãos vestigiais nas Figuras 6-10. Figuras 6-7 – Comparação entre esqueletos de primatas e, a seguir, a pélvis humana, com o osso vestigial cóccix Créditos: Morphart Creation/Shutterstock. / Double Brain/Shutterstock. 9 Figura 8 – Esqueleto de baleia com ossos pélvicos, vestígio de ancestrais com pernas Créditos: Morphart Creation/Shutterstock. Figuras 9-10 – Membrana nictitante de águia-americana; close-up de um olho desse pássaro, com um terceiro fechamento da pálpebra, comparado com olho humano, que apresenta apenas um vestígio daquela membrana Créditos: Morphart Creation/Shutterstock; Morphart Creation/Shutterstock; Ian Dyball/Shutterstock; Solar22/Shutterstock. 10 TEMA 3 – ESPECIAÇÃO O exemplo mais conhecido de formação de novas espécies descrito por Darwin (1859) é relacionado ao gênero de aves Geospiza, coletadas durante sua passagem pelo arquipélago de Galápagos. Essas aves se diferenciaram, com modificações adaptativas especialmente nos bicos e na plumagem (Darwin, 1859). Esse é um exemplo de especiação do tipo alopátrica, surgindo do isolamento geográfico (Andrade, 2010; Colley; Fischer, 2013). Observe a Figura 11. Figura 11 – Os tentilhões das ilhas Galápagos, exemplo de especiação alopátrica (em populações isoladas), também conhecida como irradiação adaptativa Crédito: Vecton/Shutterstock. Colley e Fischer (2013) afirmam que vários experimentos foram conduzidos para analisar essas aves, que ficaram conhecidas como os tentilhões de Darwin, concluindo que, atualmente, existem 13 espécies diferentes em Galápagos, que se diferenciam em diversos aspectos e que essas adaptações devem ter sido causadas pelo isolamento geográfico e sexual entre as espécies. Outro tipo de especiação é a simpátrica, que foi objeto de estudo pela pesquisadora Diana Dodd (1989), em 1985, com populações de moscas do 11 gênero Drosófila. Na especiação simpátrica, a formação de duas espécies ocorre numa mesma população (Colley; Fisher, 2013). No experimento citado, Dodd (1989) ofereceu alimentações diferenciadas para os grupos de moscas: um grupo recebeu maltose e o outro, amido, obtendo como resultado isolamento sexual. Ou seja, as moscas preferiam acasalar-se com seus pares que recebiam o mesmo tipo de alimento. O fator apontado como causador do isolamento sexual foi o tipo de alimentação e, como consequência, as moscas diferenciaram-se em novas espécies (Dodd, 1989, p. 1.308). Observe as Figuras 12 e 13. Figuras 12-13 – Exemplo de especiação simpátrica: teste de um grupo de drosófilas nutridas com amido e outro grupo, alimentado com maltose, em que ocorreu diferenciação reprodutiva Crédito: Sundry Photography/Shutterstock; Tomasz Klejdysz/Shutterstock. 12 TEMA 4 – GRADUALISMO Para Charles Darwin (1859), a evolução se desenrolava de uma maneira lenta e gradual, em que as espécies acumulariam modificações até que inevitavelmente formariam novas espécies; Browne (2007, p. 17) aponta que a principal influência, nesse pensamento, foi a descrição das eras geológicas de Lyell. Figura 14 – Exemplo de gradualismo nos pigmentos das folhas modificadas durante as mudanças das estações do ano Crédito: Gorynvd/Shutterstock. 4.1 O gradualismo de Darwin baseado na geologia Janet Browne (2007), em seu livro A Origem das espécies de Darwin: uma biografia, publicado no Brasil em 2006, considera que a principal influência de Darwin foi o gradualismo encontrado na geologia, pois Lyell relata que as rochas passaram por transformações cíclicas, o que poderia ser aplicado aos seres vivos que, passando por modificações gradativas, poderiam evoluir. Prova disso seria que essa inspiração levou Charles a publicar três livros sobre a geologia da América do Sul (Browne, 2007, p. 17). 13 Para Ridley (2007, p. 621), o gradualismo de Darwin pode ser considerado filético, para o que usa como exemplo as modificações ocorridas para a formação dos olhos em vertebrados, que necessitam ser realizadas em diversas etapas intermediárias. 4.2 O equilíbrio pontuado Segundo Hickman Jr. et. al. (2016), os paleontólogos “[...] Niles Eldredge e Stephen Jay Gould propuseram o equilíbrio pontuado em 1972”, uma especiação que ocorreria em períodos curtos, a que se seguiria um longo período estável. Essa especiação tem duração entre 10 mil a 100 mil anos e, considerando que “[...] as espécies podem sobreviver por 5 a 10 milhões de anos, o evento de especiação é um instante geológico, que representa menos de 1% da duração da espécie” (Hickman Jr. et al., 2016). Hickman Jr. et al. (2016) propõem ainda que essa seria a explicação para a ausência de fósseis de espécies em transição, pois a espécie transitória teria existido por um período curto e não teria se conservado. TEMA 5 – SELEÇÃO NATURAL Os organismos, segundo Darwin (1859), estão todos sujeitos ao processo que ele denominou de seleção natural. Nesse processo, os indivíduos que preenchem certos requisitos conseguem sobreviver e se reproduzir. Esses requisitos seriam: conseguir se alimentar, considerando que os recursos são escassos; conseguir se reproduzir, considerando que existe uma seleção sexual que atua sobre todos esses indivíduos – a prole herdaria de seus pais as características para prosseguir o ciclo (Darwin, 1859). A resistência, contra a ideia de seleção natural, que surgiu na época da publicação de Darwin (1859), se mantém viva até hoje e está centrada principalmente no fato de retirar o homem da figura central que ocupava na natureza, o colocando como apenas mais uma espécie sujeita às leis naturais e nada mencionando que possa amenizar esse impacto, como podemos ver no trecho a seguir: A Origem das Espécies não reconheceu nenhum objetivo posto de antemão por Deus ou pela natureza. Ao invés disso, a seleção natural, operando em um meio ambiente dado e com os organismos reais disponíveis, era a responsável pelo surgimento gradual, mas regular, de organismos mais elaborados, mais articulados e muito mais 14 especializados. Mesmo órgãos tão maravilhosamente adaptados como a mão e o olho humanos ~ órgãos cuja estrutura fornecera no passado argumentos poderosos em favor da existência de um artífice supremo c de um plano prévio ~ eram produtos de um processo que avançava com regularidade desde um início primitivo, sem, contudo, dirigir-se a nenhum objetivo. A crença de que a seleção natural, resultando de simples competição entre organismos que lutam pela sobrevivência, teria produzido o homem juntamente com os animais e plantas superiores era o aspecto mais difícil e mais perturbador da teoria de Darwin. O que poderiam significar "evolução", "desenvolvimento" e "progresso" na ausência de um objetivo especificado? Para muitas pessoas, tais termos adquiriram subitamente um caráter contraditório (Kuhn, 2006, p. 216-217). Controvérsias à parte, podemos observar que a seleção natural age em qualquer fase do desenvolvimento de um ser vivo: na semente de vegetais, durante a germinação; na fase de crescimento ou mesmo na reprodutiva, desse espécime; pode agir nos ovos de insetos e pássaros ou no desenvolvimento embrionário de mamíferos, além de nas fases de pupa, em jovens e adultos, no caso dos insetos. Em todas essas fases, contudo, os indivíduos estão sujeitos à escassez de alimentos, predação, herbivoria, entre outros obstáculos (Darwin, 1859). 5.1 Seleção artificial A fase experimental do trabalho de Darwin foi realizada com seleção artificial – ao criar pombos, ele fez importantes observações sobre a transmissão das suas características para as proles e sobre o fato de que o homem interfere na seleção de animais e plantas desde o início da criação de animais e da agricultura (Darwin, 1859). Na produção de alimentos, a seleção pode ser realizada, em nível molecular, com utilização de novas tecnologias, pelas quais é possível selecionar linhagens mais promissoras utilizando técnicas de hibridização, mutação induzida por radiação e outras (Goodman; Sorj; Wilkinson, 2008, p. 34, 41). NA PRÁTICA Propomos a leitura do artigo: Especiação e seus mecanismos: histórico conceitual e avanços recentes (Colley; Fischer, 2013). Esse artigo apresenta uma atualização conceitual pertinente ao entendimento dos principais tópicos discutidos da teoria darwiniana, com relação à formação de novas espécies. Baseado(a) na leitura desse artigo e de pesquisas realizadas em sites e livros, responda às seguintes questões: 15 a. Defina especiação alopátrica. b. Diferencie efeito fundador de eventos vicariantes. c. Defina especiação simpátrica, seleção disruptiva e alterações cromossômicas. Além dessa atividade, propomos uma visita a um museu virtual. Nele, você poderá ter acesso a algumas fotografias do material coletado durante a viagem de Darwin a bordo do Beagle. Segundo a chamada para visitação da coleção Charles Darwin do site do Museu de História Natural de Londres, “Tanto nos bastidores como nas galerias, você encontrará muitos espécimes coletados por Charles Darwin na viagem de cinco anos do HMS Beagle”, o que pode ser visto em: <https://www.nhm.ac.uk/discover/museum-highlights-charles- darwin.html> (McEniery, 2019). FINALIZANDO Quadro 1 – Quadro-resumo da teoria da evolução Quadro 2 – Modificações Luca considerado aparentado das bactérias atuais e das arqueias apresentava metabolismo anaeróbio e termófilo, tendo surgido em águas termais seleção natural todos descendem de um ancestral comum hoje as pesquisas sobre Luca desvendaram que esse ancestral possivelmente foi procariótico A estrutura da teoria da evolução de Darwin foi: baseada na observação da seleção artificial e na análise dos tipos de modificação; com isso, ele propôs o surgimento de novas espécies, gradualmente, por: 16 Quadro 3 – Especiação alopátrica versus especiação simpátrica Vimos um pouco sobre a ideia de gradualismo filético de Darwin (1859), segundo a qual as modificações são lentas e ocorrem de forma gradual. Conhecemos a proposta do equilíbrio pontuado, que busca explicar a ausência de fósseis de transição, propondo que os eventos evolutivos sejam rápidos e que, depois deles, haveria um longo período de acomodação evolutiva. Discutimos um pouco sobre as semelhanças e diferenças entre a seleção natural e a seleção artificial: enquanto, sobre a primeira, não existe controle do homólogas • asas de um morcego e de um inseto • homologia molecular: o exemplo dos cromossomos homólogos análogas • exemplo em que todos os animais são vertebrados, mas as suas funções são diferentes e vão desde nadar até voar vestigiais • exemplos foram o osso cóccix e o apêndice vermiforme, a membrana nictitante, a pélvis em baleias etc. Especiação alopátrica Exemplo: tentilhões de Galápagos. Ocorreu especiação por isolamento geográfico e reprodutivo, nas diferentes ilhas Também conhecida como irradiação adaptativa Especiação simpátrica Exemplo: experimento com drosófilas Ocorreu especiação sem isolamento geográfico, numa mesma população 17 ser humano, a segunda é totalmente direcionada pela espécie humana. As ideias de Darwin (1859) são utilizadas como base para pesquisas nas mais diversas áreas, como a biogeografia e a paleogeografia, sobre mecanismos de especiação, de etologia e ecologia animal (Dodd, 1989), de filogenética e modelagem computacional (Luca, 2016), de produção de alimentos (agricultura e pecuária). 18 REFERÊNCIAS ANDRADE, E. M. B. Especiação sem barreiras e padrões de diversidade. 82 f. Tese (Doutorado em Ciências) – Departamento de Física da Matéria Condensada, Instituto de Física Gleb Wataghin, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2010. COLLEY, E., FISCHER, M. L. Especiação e seus mecanismos: histórico conceitual e avanços recentes. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 20, n. 4, p.1.671-1.694, out./dez. 2013. BROWNE, J. A. Origem das espécies de Darwin: uma biografia. Tradução: Maria Luiza X. de A. Borges. São Paulo: Zahar, 2007. DARWIN, C. R. On the origin of species. Londres: John Murray, 1859. DODD, M. D. Reproductive isolation as a consequence of adaptive divergence in Drosophila pseudoobscura. Evolution, v. 43, n. 6, p. 1.308-1.311, 1989. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1558- 5646.1989.tb02577.x>. Acesso em: 30 out. 2019. FREEMAN, S.; HERRON, J. C. Análise evolutiva. Tradução de Maria Regina Borges-Osório e Rivo Fisher. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. GOODMAN, D.; SORJ, B.; WILKINSON, J. Da lavoura às biotecnologias: agricultura e indústria no sistema internacional. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008. 204 p. HICKMAN JR., C. P. et al. Princípios integrados de zoologia. 16. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. Tradução: Beatriz Vianna Boeira e Nelson Boeira. 9. ed. São Paulo: Perspectiva, 2006. (Debates, v. 115). MARTIN, L. G. What is the function of the human appendix? Did it once have a purpose that has since been lost? Scientific American, 21 out. 2019. Disponível em: <https://www.scientificamerican.com/article/what-is-the-function-of-the- human-appendix-did-it-once-have-a-purpose-that-has-since-been-lost/>. Acesso em: 30 out. 2019. MCENIERY, E. Museum highlights: Charles Darwin. The Natural History Museum Discover, 11 fev. 2019. Disponível em: 19 <https://www.nhm.ac.uk/discover/museum-highlights-charles-darwin.html>. Acesso em: 30 out. 2019. RIDLEY, M. Evolução. 3. ed. Trad.: Henrique Ferreira, Luciane Passaglia e Rivo Fiescher. Porto Alegre: Artmed, 2007. WEISS, M. C. al. The physiology and habitat of the last universal common ancestor. Nature Microbiology, v. 1, 25 jul. 2016. Disponível em: <https://www.nature.com/articles/nmicrobiol2016116>. Acesso em: 30 out. 2019. https://www.nature.com/articles/nmicrobiol2016116
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