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Investigação criminal e publicidade Rafael Francisco Marcondes de Moraes Professor da Academia de Polícia de São Paulo (ACADEPOL) Mestre e Doutorando em Direito Processual Penal (USP) Delegado de Polícia do Estado de São Paulo DIGNIDADE HUMANA E DEVIDO PROCESSO LEGAL Dignidade humana: fundamento da República (CF, art. 1º, III) “Princípio-matriz”: cláusula geral; existência do Estado voltada à proteção das pessoas. Toda pessoa como sujeito de direitos, sem distinção Polícia Judiciária de Estado e independência técnico-jurídica: autonomia intelectual na interpretação e decisões fundamentadas na presidência da investigação criminal Devido processo legal: ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal (CF, art. 5º, LIV) Cláusula geral: evolui e agrega demais garantias processuais Devida investigação criminal: etapa preliminar extrajudicial do processo penal Dicotomia acusatório-inquisitório? Superação do rótulo inquisitório (concentração de poderes e ausência de garantias) por apuratório (imparcial, sob regime jurídico processual penal) Garantias: legalidade (pública), proibição de provas ilícitas, presunção de inocência (medidas cautelares como exceção), reserva jurisdicional, motivação, não autoincriminação, juiz natural (investigante natural), razoável duração, publicidade (restringível?), contraditório (possível; ciência e participação) e ampla defesa (autodefesa e defesa técnica)? Interdependência entre garantias? Rafael Francisco Marcondes de Moraes Rafael Francisco Marcondes de Moraes PROCESSO PENAL E DEVIDA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL Rafael Francisco Marcondes de Moraes INVESTIGAÇÃO CRIMINAL E PUBLICIDADE Inquérito Policial: sigiloso ou de publicidade restringível? CF, arts.5º,LX e 37: autoriza restringir princípio da publicidade quando defesa da intimidade ou interesse social exigirem. CPP, art.20: admite autoridade assegurar no inquérito sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade (modulação da publicidade). STF, SV 14: Direito do defensor ter acesso amplo aos elementos de prova já documentados em procedimento investigatório criminal. Resolução CNMP 181/2017, art. 15: atos e peças do procedimento investigatório criminal da acusação são públicos. Níveis: 1º) Publicidade externa: regra, acesso aos autos (findos ou em andamento e ainda que conclusos) e cópias físicas ou digitais a interessado e defensor sem procuração (EAOAB-Lei 8.906/1994,art.7º,XIV-Lei 13.245/2016); 2º) Publicidade interna (sigilo externo ou “segredo de justiça”): para autos sujeitos a sigilo, acesso aos envolvidos e defensores com procuração (EAOAB, art.7º,§10); 3º) Sigilo interno: acesso restrito às autoridades a diligências em andamento ainda não documentadas nos autos principais, para não comprometer tais medidas, por tempo delimitado (EAOAB, art.7º, § 11). Rafael Francisco Marcondes de Moraes INVESTIGAÇÃO CRIMINAL E PUBLICIDADE EAOAB (Lei 8.906/94), art.7º, §12: A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV (publicidade e acesso aos autos), o fornecimento incompleto de autos ou o fornecimento de autos em que houve a retirada de peças já incluídas no caderno investigativo implicará responsabilização criminal e funcional por abuso de autoridade do responsável que impedir o acesso do advogado com o intuito de prejudicar o exercício da defesa, sem prejuízo do direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz competente. Lei 13.869/2019 (Nova Lei contra o Abuso de Autoridade), art. 32: Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigação preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir a obtenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a diligências em curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras, cujo sigilo seja imprescindível: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Rafael Francisco Marcondes de Moraes INVESTIGAÇÃO CRIMINAL E PUBLICIDADE CPP, art. 3º-B (Lei 13.964/2019 – “Pacote Anticrime”)*: O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe especialmente: (...) XV - assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito outorgado ao investigado e ao seu defensor de acesso a todos os elementos informativos e provas produzidos no âmbito da investigação criminal, salvo no que concerne, estritamente, às diligências em andamento; * Eficácia suspensa em liminar nas ADIs 6298, 6299, 6300 e 6305, STF, Min. Luiz Fux, em 22/01/2020 Rafael Francisco Marcondes de Moraes INVESTIGAÇÃO CRIMINAL E PUBLICIDADE Enunciado 3 do Seminário Polícia Judiciária e a Nova Lei de Abuso de Autoridade (Lei 13.869/2019, art. 32): O Delegado de Polícia decretará o sigilo externo de procedimento investigatório, fundamentadamente, para a tutela da intimidade ou do interesse social e, do mesmo modo, determinará o sigilo interno quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências a serem realizadas. Rafael Francisco Marcondes de Moraes OBRIGADO PELA ATENÇÃO! Rafael Francisco Marcondes de Moraes @rafaelfmmoraes @rafaelfmarc
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