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'v Imrelw ffiffi à REVISTA FORE]\I SE AHÍffi- R.sp.it u dir.itu a*toral A Copyrlght Revlsta Forcnse \ IORENSE, vol. I - 1904 çí1o scmestral. 427 20ltt (aneiro/junho) Forense - 2018 llrasil - Periódicos. ITIIJ cDU - 34(8lxo5) Reservados os direitos de edição e distribuição pela EDITORAFORENSE LTDA' Uma editora integrante do GEN I Grupo Editorial Nacional ç0 na Intemet: http://www.forense.com.br - e-mail:rcvista.forense@grupogen.com.br 'Iravessa do Ouvidor, l1 - 6o andar - 20040-040 - Rio de Janeiro - RI Tel.: (0XX21) 3543-0770 - Fax: (0XX21) 3543-0896 Irnpresso no Brasil Printed in Brazil A E ffi EVISf ORENS R F lolro: r,rprodução total ou parcial, bem como a reprodução de apostilas a partir desta Revista, de 1,,r',u u, po. qualquei meio eletrônico ou mecânico, inclusive através de processos xerográ- ocr,rpia c de gravação, sem permissão expressa do Editor (Lei n'9.610, de 19.02.1998). Volume427-ANO 114 JANEIRO - JUNHO DE 2018 Semestral rssN 0102-8413 FUNDADA EM I9O4 PUBLICAÇÃO NECIONAL DE DOUTRINA, JURISPRUDENCIA E LEGISLAÇAO FUNDADORES Mendes Pimentel Estevão Pinto Edmundo Lins DIRETORES Iosé Manoel de Amrda Alvim Netto (Pontificia Universidade Católica de São Paulo) Eduardo Amrda Alvim (Pontificia universidade católica de São Paulo/FADISP) *** @ Ev E=sGn*= FORENSE Anrrcos n.q, REvrsra FonnNst 42T DOUTRINAS l. As preclusões processuais finais nos pro- cessos em que há intervenção de assistente simples - esclarecimentos necessários Augusto Jorge Cury Data de recebimento: 30.06.2018 Data de aprovação: 16.07.2018 2. Regulação estatal e responsabilidade so- cial empresarial: Componentes Necessários ao Desenvolvimento Sustentável Flavine Meghy Metne Mendes Data de recebimento: 30.04.2018 Data de aprovação: 12.06.2018 3. Aprática de negócios jurídicos processu- ais pela fazendapública à luz do Código de Processo Civil de 2015 Grhegory Paiva Pires Moreira Maia Data de recebimento: 29.06.2018 Data de aprovação: 15.07.2018 4. O uso da Bioética como fundamento em questões jurídicas envolvendo ortotanásia no Brasil Henderson Fürst e Márcio Fabri dosAnjos Data de recebimento: 04.07.2018 Data de aprovação: 15.07.2018 5. Tutelajurisdicional preventiva e as influ- ências do Estado Luis Arlindo Feriani Filho Data de recebimento: 21.05.2018 Data de aprovação: 15.07.2018 6. A supremacia do direito à saúde em face a outros direitos fundamentais e os pressu- postos para uma decisão Prudente Marcello Antunes e Elias Kallás Filho Data de recebimento: 27.04.2018 Data de aprovação: 05.06.2018 7. Reflexões sobre a mora, a responsabilida- de civil e a súmula n" 54 do STJ Marcelo Chiavassa de Mello Paula Lima Data de recebimento: 21.01.2018 Data de aprovação: 05.06.2018 8. Otimização de tarefas jurídico-adminis- trativas e sua eficácia nos processos de li- citação e contratação da administração pú- blica Marinês Restelatto Dotti Data de recebimento: 08.06.2018 Data de aprovação: 19.06.2018 9. ICMS-importação: delimitação da mate- rialidade e sua implicação no leasing írfiet- nacional Nathátia Ayres Queiroz da Silva Data de recebimento: 08.06.2018 Data de aprovação: 29.06.2018 10. A consensualidade no Direito Público sancionador e os acordos nas ações de im- probidade administrativa Rafael Carvalho Rezende Oliveira Data de recebimento: 02.07.2018 Data de aprovação: 15.07.2018 identidade do autores o avaliadorer Ê frrrntindo a imposeoalidtdc e o rigor cientlfi' r nooessários para a avaliação dc um ütigo, Os membros da Equipe Editorial opinarto pela aceitaçâo, com ou §em ressalva§, r rojeição do artigo e observarão oe soguintes critérios: a) adequação à linha editorial; b) contribuição do trabalho para o conhecimento cientifico; c) qualidade da abordagem; d) qualidade do texto; e) qualidade da pesquisa; t) consistência dos resultados e conclusões apresentadas no artigo; S) caráter inovador do artigo científico apresentado. tbrcrvações gerais: l. A Revista Forense se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo dos autores. 2, Os autores assumem a responsabilidade das informações e dos dados apre- sentados nos manuscritos. As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva respon- sabilidade. Uma vez aprovados os artigos, a Revista Forense fica attorizada a proceder à publicação. Para tanto, os autores cedem, a título gratuito e em caráter definitivo, os direitos autorais patrimoniais decorrentes da publicação. Em caso de negativa de publicação, a Revista Forense erryiarâ uma carta aos autores, explicando os motivos da rejeição. A Comissão Editorial da Revista Forense não se compromete a devolver as colaborações recebidas. ll) Polltlca de Privacidade Os nomes e endereços informados nesta revista serão usados exclusivamente nra os serviços prestados por esta publicação, não sendo disponibilizados para outras nalidades ou a terceiros. SunnÁnro Abreviaflras e siglas usadas ........ XXI Coúeça outras obras da Editora Forense ........... .......................... XXIII DOUTRINAS AS rRECLUSÕBs pnocessuArs FTNAIS Nos pRocESSos EM euE HÁ INTERVENÇÃo DE ASSISTENTE SIMPLES _ ESCLARECIMENToS NECESSÁRIoS _ AugustoJorgeCury................. ........... 3 nrcuraçÃo ESTATAL E RESroNSABILIDADE socrAl EMpRESARIAL: COMPONENTPS NECSSSÁNIOS AO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL _ FIAViNC Meghy Metne Mendes.................... ............................. 29 R PNÁuCE oB NBcÓcTos JURÍDICoS PRoCESSUAIS PELA FAZENDa pÚerlca R LIJZDO CODIGO DE PROCESSO CNIL DE 2015 - Grhegory Paiva Pires Moreira Maia.......... 43 O USo DA BIoETICA CoMo FUNDAMENTo EM QUESTÕES JURÍDICAS ENVOLVENDO OnfOfeNÁSIA NO BRASIL - 11en derson Fürst e Márcio Fabri dos Anjos........ 69 TUTELA JURISDICIoNAL pREVENTIVA E AS mrruÊNcms Do ESTADO - rars Árlindo Feriani Fi1ho................. ....... 95 A SUpREMACIA Do DTREITo e saúoB EM FACE DE ourRos DIREIToS FUNDAMENTAIS E OS PRESSUPOSTOS PARA UMA DECISÃO PP.UDENTE, - MaTceIIo Antunes e Elias Kallas Fi1ho..................... ................ 115 REFLExÕES SoBRE A MoRA, A RESPoNSABILIDADE CIvIL E A SÚMULA 54 Do STJ - Marcelo Chiavassa de Mello Paula Lima.. .............................. 141 oTIMTZAÇÃO DE TAREFAS rUnÍOICO-AOMTNTSTRATTVAS E SUA eFrCÁCr,q NOS PROCESSOS DE LICITAÇÃO E CONTRATAÇÃO DA ADMINISTRAÇÂO PÚBLICA _ Marinês Restelatío Doíti............ ..... 157 ICMS.IMPORTAÇÃO: DELIMITAçÃO DA MATERIALIDADE E SUA IMPLICAÇÃO NO LEASING INTERNACIONAL- NatháliaAyres Queiroz da 5i1va.................. A CONSENSUALIDADE No DIREITo PÚBLICo SANCIoNADoR E oS ACoRDos NAS AÇÕES DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA-RaÉel Carvalho Rezende Oliveira..... DA PRISÃO POR FORÇA DE ACÓRDÃO CONDENATÓRIO EMANADO DE ÓRGÃO COLEGIADO DE SEGUNDO GRAU DE JURISDIÇÃO - Roberto Grassi Neto....... PRESCRIÇÃO E DECADÊNCrA: CODIGO cML E NOVO CpC - Thiago Rodovalho ............ 3. 4. 5. 6. 177 197 2r9 237 voL.427 ARVALHO, Paulo de Barros e MARTINS, Ives Gandra da Silva. In Guerra Fiscal - reflexões eoflces$Ao de beneJícios no âtnbito do ICMS. São Paulo: Noeses, 2012. ARVALHO, Paulo de Barros. I regra-matriz do ICM. Tese de liwe-docência PUC-SR 1981, ARVALHO, Paulo de Barros. Constructivismo lógico-semôntico, vol. I. São Paulo: Noeses, 20t ARVALHO, Paulo de Barros. Derivação e Positivação no Direito Tributário. Volume II. Sãó Nosecs,20l3. ARVALHO, Paulo de Batos. Direito Tributário: Linguagem e Método.Su ed. São Paulo: AIIVALHO, Paulo de Barros e MARIINS, Ives Gandra da Silva. Guerra Fiscal - reflexõec conceslt^o de beneJícios no âmbito do ICMS. São Paulo: Noeses, 2012. 0§TA, Alcides Jorge. ICM na constituição e na lei complementar. SáoPaulo: Resenha Tributári1 REi§Pl, Carlos Eduardo Correia. Considerações sobre a não-cumulatividade do ICMS e o or{dito cm virtude da inidoneidade da documentaçãoftscal. In RevistaTributáriade Finanças n. 90, p. 60-71. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. ÓRl^, AntÔnio Roberto Sampaio.Imunidades tribuüárias e impostos de incidência pluriÍário1 -cumulêtivâ. In Revista de Direito Tributário, n. 05, p. 67-82,1978. RECO, Marco Aurélio. Conceito de circulação. In Revista de Direito Público, n. 2 e I l. LACHADO, Hugo de Brito. ICMS e Emenda 33 In Revista Dialetica de Direito Tfibutárlo, n, t0, ELO, Joeé Eduardo Soares de. ICMS: teoria e prática. São Paulo: Dialética, 1995. UNDONÇA, Christine. A não-cumulatividade no ICMS. Quartier, 2005. \l,OMÂO, Marcelo Yiana. ICMS na importaÇão. 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A coNsnNSUALTDADE No DrRErro púBr,rco SANCToNADoR E os ACORDOS NAS AÇÕES DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA CoNsnNsuAlrry rN Punuc S,qNcrtoN L,Ew,qw» AGREEMENTS rN LÁWSUITS OF ADMINISTRÁTIVE IMPROBITY RAFAEL CARVALHO REZENDE OLIVEIRA Pós-doutor pela Fordham University School of Law sew York). Doutor em Direito pela UVA/RI. Mestre em Teoria do Estado e Direito Constitucional pela PUC/RI. Especialista em Direito do Estado pela UERJ. professor Titular de Direito Administrativo do IBMEC. Professor de Direito Administrativo da EMERI. Professor dos cursos de Pós-Graduagão da FGV e Candido Mendes. Membro do Instituto de Direito Administrativo do Estado do Rio de Janeiro (IDAERI). Advogado, árbitro e consultorjurídico. Sócio fundador do escritó- rio Rafael Oliveira Advogados Associados. Resumo: O objetivo deste artigo é analisaÍ a incidência da consensualidade no âmbito do Direito Público Sancionador, com a superação da visão punitivista estatal e a compreensão adequada do princípio da indisponibilidade do inte- resse público. Após a apresentagão dos inúmeros casos de atuação consensual no Direito Penal, no Direito Regulatório e no microssistema da tutela coletiva, inclusive aquele previsto na lei Anticomrpção, o aÍigo pretende enfrentar a (in)viabilidade dos aoordos nas agões de improbidade administrativa e a (in) compatibilidade do art. 17 daLei8.429/1992. Palavras-chave: Direito Público Sancionador. Direito penal. Direito Admi- nistrativo. Tutela coletiva. Lei Anticomrpção. Acordo de leniência. Improbi- dade administrativa. Acordos. Abstract: The objective ofthis article is to analyze úe incidence ofconsen- suality in the Sanctioning Public Law, wiú the overcoming of the punitive sta- te vision and the adequate understanding ofúe principle ofthe unavailability ofthe public interest. Afterpresenting the numerous cases ofconsensual action in Criminal Law, in Regulatory Law and in the Class Actions System, inclu- ding that provided for in the Anti-Comrption Law, the article intends to face the (in) viability of the agreements in the actions of administrative improbity and (in) oompatibility of art. 17 of Law 8.42911992. Koywordr: Public Sanction Law. Criminal Law. Administrative law. Class Aotionn §yltom, Ânti-Corruption Law. Lcnienoy agreement. Administrative improhity, Agroomontt. §umlrlol l, lntrrxluç{lo, 2. AdminirtrogEo públiou oonsonruul o o dircito pú- blioo ronolonodur, 2. I Àr.luntlllcntlvul tlnr nunç{1or no dirolto p{rblico runoio. !6L,.1t7 nadon 2,2 A oomproonn&o udoquudo dor princlpion du lognlldrdr t da indltponlbllldldo úr intcrossc público. 2,3 Jurtiça pcnul conrrn. rual o a mltlgrçlo dn virlto ortatal punitivirta. 2.4 A conronrurlldtd; nos diforontog nívcis da aturçâo adminictrativo. 3, Or acordot EC controlo da administrução pública. 3,1 A uukroompooigão do coür Ílitos da administragito pública no Código de Prooeeso Clvll t il Lei de Modiação. 3.2 Acordos administrativos nu Lci dc às Normas do Direito Brasileiro. 3.3 Aoordos sdministrativol espécie. 3.3.1 . Termos de Ajustamento de Condutas (TAC) no tufih coletiva. 3.3.2. Termos de Ajustamento de Gost[o (TAG) o de Ajustamento de Condutas (TAC) no controle interno o no 0Oür trole pelos Tribunais de Contas. 3.3.3. Acordos de leniênoia, 3.3,t Acordos decisórios ou substitutivos de sanção. 4. AcordoÊ na tgl0 de improbidade administrativa: perspectivas e desaÍlos. 5, ConolU. sões. Referências bibliográfi cas. É lugar comum a afirmação de que aAdministração Pública sofreu profundtl nsÍbnnações nos últimos anos, notadamente após a deçada de 90, com a imph. Intâção de profundas reformas institucionais que r€modelaram o perfil de atuaçt6 A«lm inistração Pública brasileira. No campo das alterações noÍnativas, um dos grandes destaques foi a Emon' ('onstitucional 19/1998 que inseriu o princípio da eficiência administrativa no ?,// do art. 37 e evidenciou a substituição da "Administração Pública burocrática'r, Itoda pelo excesso de formalismo, pela "Administração Pública gerencial'! oU ) rcsultados", com enfoque na efetividade dos direitos fundamentais por parto dl ministração. No mesmo período, a legislação consagrou uma série de instrumentos de con. rso no exercício da atividade administrativa, o que teria ocasionado a derrocada dl ru "Atlministração Pública imperativa" ou "autoritária" para uma "Administraglg hlica dcmocrática" ou "consensual". Ao invés de uma atuação predominantemGn. impositiva e unilateral, a Administração Pública passa a contat no exercício dt rs llnções, com instrumentos jurídicos consensuais, como por exemplo, o reforfo contratualização (ex: Lei 8.66611993,Lei 8.98711995 etc) e da processualizaçlo : l"ci 9.78411999) da atividade administrativa, bem como com instrumentos dl ttocracia direta, tais como as audiências e consultas públicas, que reforçariam I itirnidade da ação estatal. NÍlo se pode olvidar que as referidas transformações podem ser percebidtt cnrnpo normativo e teórico. No campo prático, porém, o processo de implC. ntução de umaAdministração eficiente e democrática tem se revelado lento otl itos aspectos. No presente ensaio, buscaremos demonstrar um desses desafios: a análise sobil rridicidade do consenso no Direito Administrativo sancionador, com enfoque pan iltos de improbidade administrativa. r)ou'rRtNAg 2.1 As Justlflcativas das sanções no Direito Público Sancionador O Direito Público é repleto de normas jurídicas que tipificam sanções pela prática de atos ilícitos. Destacam-se no campo do Direito Público Sancionador, o Direito Penal e o Direito Administrativo Sancionador. É tradicional a tentativa de fixar diferenças entre o Direito Penal e o Direito Administrativo Sancionador. Os administrativistas costumam sustentar que os dois ramosjurídicos decorrem deumius puniendi estatal único, inexistindo diferença on- tológica, mas apenas de regimes jurídicos, em conformidade com a discricionariedade oonferida ao legislador.r Entre os criminalistas, é comum a aftmação de que o Direito Penal estabeleceria sanções mais severas paÍa condutas que seriam consideradas de maior gravidade pela sociedade.2 O exercício do poder punitivo do Estado seria pautado por duas teorias (ou es- tratégias) principais:3 a) teoria preventiva ou dissuasória: influenciada pelo movimento da Análise Econômica do Direito (Lmu and Economics), busca, de forma pragmática c consequencialista, justificar a sanção como instrumento de imposição de custos e incentivos econômicos, deve impor custos às pessoas com intensidade suficiente para inibir a infração à ordem jurídica, cluja investigação e aplicação de sanções também rcpresentamcustos diretos e indiretos para a sociedade (abordagem prospectiva ou /brward-looking); eb) teoria retributiva: a sanção é percebida como forma de punição ou castigo ao infrator da ordem jurídica, independentemente dos custos envolvidos na sua aplicação (abordagem retrospectiva ou baclauardJooking). Após descrever a literatura administrativa e penal sobre o tema, bem como as tcorias que justificariam a sanção estatal, Alice Voronoff destaca a predominância, tnas não a exclusividade, do viés retributivo do Direito Penal e do caráter preventivo tlo Direito Administrativo Sancionador.a Independentemente das distinções entre os dois campos principais do Direito Público Sancionador, certo é que a sanção estatal não deve ser encarada como um lim em si mesma. A sanção possui carâter instrumental e funciona como ferramenta Nesse sentido: OLIVEIRA, RegisFemandes. Infrações e sanções administrativas,2. ed., São Paulo: RT,2005, p. l9-20; MELLO, Rafael Munhoz de. Princípios constitucionais de direito administrativo sancionador: as sanções administrativas à luz da Constituição Federal de 1988, São Paulo: Malhei- ros, 2007, p. 76; OSÓRIO, FábioMedtna. Direito Administrativo sancionador,5. ed., São Paulo: RT, 2015, p. 155. Nesse sentido: HUNGRIA, Nélson. Ilícito penal e ilícito administrativo,.Revrsta de Direito Adminis- Írativo-kDA, v. l,n. 1, p.24-35,1945. Sobre o tema: VORONOFR Alice. Direito Administrativo Sancionador no Brasil: justificação, inter- pretação e aplicação, Belo Horizonte: Fórum,2018, p. 81-95. VORONOFR Alice. Direito Administrativo Sancionador no Brasil: justificação, interpreÍação e aplicação, Belo Horizonte: Fórum, 2018, p. 102. do condicionamonto e induçâo.do ooruportêmênto dae _poseoa' quc tom por obJotrvoa ofotivaçâo dos inreresses públioor c.[rÀiuJàr na ordom jurídice, 2,2 A compreensão ade.quada doo prrncÍpros da rega[dade e da rndrcponrbildr. de do lnteresse público Fixada a premissa de que a sanção estatar não é uma finalidade a ser buscadrpclo Estado' mas um instrumento de óonformaçâo de condutas para a satisfação dorinteresses públicos delimitados ,o o.a"ru-"nil;*ídi"o, é preciso, portanto, rorati.vizar a máxima de que a aplicação au ,roçaã ."presenta um dever absoluto e umqoonsequência automática dapráúica dos atos ilícitos. Ao invés da sanção, aAdministração pública pode utilizar outras fenamentas qucrc rovelam mais eficientes, capazes dá prevenir ou recompor a ameaçaou a efetivaliolagâo da ordem jurídica. Nesse cenário, a suustituiçao, .orr"rÀuaii iustincaaa,lo doterminadas sanções por exigências dqinvestimeatos, padron izaçáo decompotLtmonto§ e outras medidas pode configuraÍ um caminho menos onrroro a com maiorrpt i dão para sati sfação dos interesse, -priUti.o.. A consensualidade administrativa, no entanto, ainda apresenta desafios no campoo Diroito Administrativo,sancionado.. ot urgr*"ntos normalmente utilizados paruustentar a impossibilidade de acordos no eiercício do poder punitivo do Estadoncontram'se centralizados nos princípios da legalidaae I aa irJi.poniuiliaadc doItero§§e público, que impediria o gestor e os órgãos de controle de transacionaromnm terceiros sobre os interesses previamente definidos no o.d"n"."nto lurídico oue deveriam ser implementados no exercício da atividade estatal. contudo, a interpretação adequada do referido princípio demonstra a compatr.lidade dos acordos nas relações jurídicas estaáis. Quanto ao princípio da legalidade, é preciso reinterpretar o referido princÍpio rrtir do fenômeno da constitucio nalizaçai doDireito Administrativo, com a relativi.tção da concepção da vinculação positiva do administrad", ti;;. N;;iio.riuel oonbcr u atividade administrativa como mera executora mecânica da lei, sem qualquarpel criativo por parte do aplicador do Direito, sob pena a" ,e torn* ãesnecessárilttividade regulamentar. A aplicação da lei, tanío petàiua "o-o p"tuaã.inistraÇão tblica, depende de um processo criativo-interpretativo, sendo inviável a existêncltlci exaustíva o bastante que dispense o papei lriativo do operador do Direito. Dto' o que pode variar é o grau de riberdaàe conferida p.ru ri*u:"riãi.",, Ademais, com a crise da concepção liberal do princípio a" rúiia"a. e o ad.nkr do Pós-positivismo, a atuação administrativa dwe seipautuau-nío up.nas poronprimento da lei, mas também pelo respeito aos princípios ;il;;ris, com oictivo de efetivar os direitos furda-"ràir.o (ilANNlNI,Massimo Severo.Derechoadministrativo,v. I,Madrid:MAp, 1991,p. 111. crise da concepção tradicionar (iberar) ao p.ircipio áu iàioua" noa" ser explicada peros roguli.los fattrres: a) advento da "sociedade teóni"i';t; o".."ri"1,irnagão legislativa,,; c) desprestíglo cl DOUTRINAB Docta forma. a rogalidadc nâo é o único parâmctro da ação ostatar que deve se oonformar àg domaio normas conragradas no ordonamento jurtdico. À Iegalidade en_ contra-ge insorida no donominado princlpio da juridicidaduir. r*ig., submissão da atuação adminietrativa à loi e ao Direito ( art,2.o,parágrafo únito, t, dãLei 9.7g4/lggg). Em vez de simples adequação da atuação administrativa a uma íeí"spe"in"u, exige-se a compatibilidade dossa atuação com o chamado ..broco de legahdàde,,.7 . Em relação ao princrpio da indisponibilidade do intereãse públi"o, é preciso destacar que não há um único interesse público e abstrato consagrad'o no ordenamentojurÍdico. No âmbito de uma sociedade plurat e democrática, é iatural a existência de interesses públicos diversos e, eventualmente, corídentes, cuja aplicação depende daponderação de interesses, o quejustifica a disposição de detãrminados interesses em detrimento de outros. vale dizer: o processo dã interpretação e aplicação das normasjurídicas pelos agentes públicos envolve, em certa medida, disposiçãt de interesses públicos. E isso se dá porque, em verdade, nunca existiu um único ,.interesse público,, e nem, tampouco, um interesse privado, concebidos abstratamente e de forma cerrada. Muito ao contnírio, em uma sociedade pluralista, existem diversos interesses públicos eprivados em constante conexão, de modo que, naturalmente, poderão emergir evenfuais conflitos entre interesses considerador públi"o, (ex: a criação de uma hidrelétrica e a necessidade de desmatamento de área florestal de conservação peÀanente), entre interesses denominados privados (ex: o direito à intimidade L o ài."ito à liberdade de expressão) e entre interesses públicos e privados (ex: a servidão administrativa de passagem estabelecida em imóvel particular para urilização de ambulâncias de determinado nosocômio público). No âmbito do Estado Democrático de Direito, a Administração púbrica é caracterizada pelo consensualismo na determinação e na efetivação ias finalidades públicas. supera-se o modelo liberal "agressivo,, de atuaçáo da Administração por mecanismos consensuais de satisfação do interesse público.8 Em consequência, na eterna tensão entre autoridade e riberdade, a Administra_ ção Pública passa a atuar de forma mais concertada com os interesses da sociedade, evitando o uso da coerção e prestigiando o uso do consenso, da participação dos administrados nas decisões públicas. democracia representativa; e d) heterogeneidade dos interesses (..Estado pruriclasse,,).7 Sobre o princípio da juridicidade, vide: OTERO, parilo. Legalidade e Ádministração pública: osentido da vinculação adminishativa à juridicidade. coimbra: Almedina, 2003; zAGREBELSKY, Gtstavo. El derecho dúctir. Ley, derechos, justicia, Madrid: Trotta, 2003. p. :s-+ó, úERKL, eaoro. Tboría general der Derecho Administrativo. Granada: comares, zool. p.206; oLIVEIRA, RafaerCarvalho Rezende. A constiÍucionalização do direito administra#vo: o principio dajuridicidade, areleitura da legalidade administrativa e a legitimidade das agência. ."goluào.ur. 2- "ã. Rio de J*"i.o,Lumen Juris, 2010; MORE- IRANET0, Diogo de Figueiredo. Curso ie direito administrativo.15. ed.Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. g7. I SILVA, vasco Manuel Pascoal Dias Pereira da. Em busca do acto administrativo perdido,coimbra: Almedina, 2003,p.40v(l|.. .l,r / lirtt vcz tlc irnpttr unilrttcrrtlnruttc rt strrr vorrturlc iros purticulnrcs. u Arlruirrislruçilo 'íthlit:it tlcvc httscar, na mcdida do possÍvcl. o tli/rklgo cont os dcstinalhrios da tlcci- rítr tttltttittislt'ativa. 'l'rata-sc da substilrriçr)o tln "Aclnrinistraçã«l nrrlolitár'ia" por utltg 'Atlnlinistração conscnsual". A Adnrinistraçf,o I'írblica, com cssa nova Íisignomiu. lcixtt clc latio os atos unilaterais de irnposiçâlo c passa a se utilizar cle instruurcnlos 'orrscrrstrilis. conlo os contratos, para a satisÍàção das necessidades públicas., A cr:lchração de acordos, em sentido amplo, pelaAdministração púbrica envolve, rrrluralnrcntc, a disposição de interesses públicos, com a definição do caminho mais ttltxlttittltt para satisfação do interesse público por meio das cláusulas pactua«las.r0 li oporluno destacar que a indisponibilidade de determinado direito não impede, rct'cssirriarrrsnte, a transação, na forma do art. 3'da Lei 13.l40l2ol5.lsto porque tcsstts solttções do conflito por autocomposição não é o direito material em si o objeto Iu lrrrnsuçiio, mas sim a forma de seu exercício. o objeto da transação envolve a Íbrma, r nrotlo c os prazos de cumprimento de obrigações que tutelem o direito material.rl Nílo c por outra razáo que o ordenamento jurídico prevê instrumentos consen- rriris. inclrrsivo no Çampo sancionatório, conforme será demonstrado adiante. ..1 .lustiça penal consensual e a mitigação da visão estatal punitivista A c«rnscnsualidade no Direito Público Sancionador apresenta o desafio da rrllcrirçikr <la visão punitivista do Estado que não toleraria, em tese, acordos para o tirslirruc:rrto de punições por infrações à ordem jurídica. É preciso superar a concepção (' (luc il sanção e o único caminho para recompor a ordem jurídica violada. lirrr prirleiro lugar, o afastamento ou a atenuação da sanção poderia ser justi- crrrlo Pcla colaboração do infrator que apresentaria elementos desconhecidos pelo txlcr l)Ír hl ictl capazes de revelar os demais infratores e a própria extensão da infração rvcsl igiittln. l;ti lI )ltNINHO, Maria João. Áfuga para o direito privado: cont;ributo para o estudo da actividade de rlilr,i(o privado da Administração Pública, Coimbra: Almedina, 1999, p. 44. I Aliris, ó tradicional a distinção entre interesse público primário e secundário. No primeiro caso, o iltlercssc público relaciona-se com a necessidade de satisfação de necessidades coletivas (ustiça, segtllill'lçul c bem-estar) por meio do desempenho de atividades administrativas prestadas à coletivi- rlittlc (scrviços públicos, poder de polícia, fomento e intervenção na ordem econômica). No segundo t ttso, tl interesse público é o interesse do próprio Estado, enquanto sujeito de direitos e obrigações, lilltrrrtlo-se fturdamentalmente à noção de interesse do erário, implementado por meio de ativida- tlcs ltlrrlinistrativas instrumentais necessárias para o atendimento do interesse público primário, tais ('()ltlo as relacionadas ao orçamento, aos agentes públicos e ao patrimônio público. Os adeptos da tlicotontia costumam afirmar a supremacia e indisponibilidade do interesse público primário, mas Itrlrr tl<r secundário. ALESSI, Renato. Sistema istituzionale del diritto amminisÍrativo italiano. 2. ed. M iliro: GiuÍIrê, 1960. p. 197 . Sobre a discussão atual e releitura do princípio da supremacia do inte- lcsso público, vide: OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo.3. ed. SiIr Paulo: Método, 2015. p. 35-38. Nl|VES, DanielAmorim Assumpção; OLIVEIRA, Rafael Carwalho Rezende. Manual de impiobida- r h' u d m i n is traÍiva, 6. ed., São Paulo: Método, 20 18, p. 234. tx)U tRtN^S littt scgtttttkt lttgttr, tt subsliltriçrlo rla aplicuçrkr tlc sunçikl p«lr 6utras rnccliclas t rrtttltetlstttritias. titl cotlltl rt suhstilrtiçrio tlo uma nrull.u pol'invcslirnont6s pelo inl'raÍor tlu tccolttptlsiçiltt clo dano. cvititriir a instauração clo burocrático e oneroso processo rll ttttltlclttcttlaçilo das sançõcs por rnctlidas quc apresentgm melhores condições para Ir.r'rtpu'at' l orclorrr jurÍdica lcsa<la. ( )s rr;Ícridrls argumentos o outros indicados pela literatura jurídica encontram r|rlrrltkr rro prirrcípio da eliciência, uma vez que tal possibilidade, no âmbito do poder ;rrrrrilivo cstatal, acarretaria consequências positivas, tais como: a) maior probabilidade rlt'r'ottltocittrcnto dos ilícitos; b) celeridade na resposta do Estado diante dos ilícitos it;tttl ttrkrs; c) cvitaria a instauração do burocrático processo de implementação das san- ! Õ('5 lx)l' rrtctlitlas que apresentem melhores condições para recuperar a ordem jurídica It'rrrrlrr; c tl) cletividade na restauraçáo da ordem jurídica violada e naprevenção às lululrrs c potcnciais violações. A 'clativização da visão punitivista do Estado tem justificado a consagração rh' ittslrttttrcntos consensuais no âmbito da denominada 'Justiça penal consensual,,,r2 .,rrr rlt:staque para os seguintes exemplos:r3 a) composição civil dos danos (art. l'1, t'ttltttt c parágrafo único, da Leig.0gg/lgg5): acarreta a renúncia ao direito de r;rrt'ixu ou representação nos crimes de ação penal de iniciativa privada e nos de rrlrlrr lrcrral pública condicionada à representação; b) transação penal (art.76 da Lei ')0()9/lt)t)-5): o Ministério Público, quando houver representação ou nos casos de n1'r)cs lrorrais públicas incondicionadas, poderá propor a aplicação imediata de pena rcstliliva dc direitos ou multas; c) suspensão condicional do processo (art. g9 da Lei t) 0(x)/ l t)9-5 ): nas infrações com pena mínima de até um ano, o Mp poderá propor a '{rrPcrrsi'i0 condicional do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não r'rlc;rr scnclo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, e, ao final do Irrzo. ocorreria a extinção da punibilidade; d) colaboração (ou delação) premiada. A c.laboração premiada pode ser encontrada em vários diplomas legais, tais r tllll(l: rr) arts. l3 a 15 da Lei 9.80711999 (Lei de proteção à testemunha e ao réu co- laborador): o juiz, de oficio ou a requerimento das partes, poderá conceder . perdão judicial, com a consequente extinção da punibilidade, ao acusado prirnário que tenha colaborado, efetiva e voluntariamente, com a investigação c () processo criminal, desde que dessa colaboração tenha resultado (aú 1 3): a. l) a identificação dos demais coautores ou partícipes da ação criminosa; a-2) a localização da vítima com a sua integridade fisica preserv ada; e a.3) a recuperação total ou parcial do produto do crime. ocorrerá a redução da pena de um a dois terços para o indiciado ou acusado que colaborar volun- l' SÂNTos,MarcosPauloDutra. colaboração(delação)premiada,salvador:Juspodivm,20l6,p.2g. I I A transação penal e a suspensão condicional do processo referem-se às infraçÁes penais de menor ;xrlcltcial ofensivo, assim consideradas "as contravenções penais e os crimes u qu" u l"i comine pena ,rlxirna não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa,'(art. 6l da iei g.oggllgg5). voL.427 tariamente com a investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais coautores ou partícipes do crime, na localizaçáo da vítima com vida e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de con- denação, lerápenareduzida de um a dois terços (art. l4). b) art. 8o, parágrafo único, da Lei 8.07211990 (Lei dos çrimes hediondos): na associação criminosa (art. 288 do CP), a pena será reduzida de um a dois terços quando o participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento. c) art. 159, § 4o, do Código Penal, com redação dada pela Lei 9.269/1996: na extorsão mediante sequestro, cometida em concurso, o concoÍrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. d) art. 25 , § 2o , daLei 7 .492/1 986 (crimes contra o sistema Íinanceiro nacional), incluído pela Lei 9.080/1995, e art. l§ da Lei 8.137/1990 (crimes contra a ordem tributária,econômica e as relações de consumo): nos crimes cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. c) art. lu, § 5o, daLeí9.6131 1998 (lavagem de capitais), com redação dada pela Lei 12.85012013: prevê a possibilidade de redução de um a dois terços da pena, que poderá ser cumprida em regime aberto ou semiaberto, facultando-sc ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por pena restri- tiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe "colaborar espontaneamento com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à apuraçâo das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime". l) art. 4l da Lei 11.343/2006 (Lei de drogas): esúabelece a redução da pena de um tcrço a dois üerços do indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais coautor€B ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime. B) art, 4" a 7" da Lei 12.85012013 (Organizaçáo criminosa): admite a reduçâo em até dois terços da pena privativa de liberdade ou a sua substituição por restritiva de direitos daquele que colaborar efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboraçilo advenhr um ou mais dos seguintes resultados: g. l) a identificação dos demais coau. tores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por oloe praticadas; g.2) a rovelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarofit da organizaçâo criminosal g.3) a prevençâo dc infrações penais decorrentol dss atividadcs da orgunizuçítr criminosa; 9,4) o rccupcraçâo total ou parcial do produto ou do provoito dao inli.açõeo ponaiu preticadas pola organizaçlo criminora; G 9.5) â loculização do ovontual vítima com a sua intogridado Íf.ia- memnrlr DOUTRINAS 2.4 A consensualidade nos diferentes níveis da atuação administrativa Não seria lógico admitir a consensualidade no Direito Penal e afasLí-la do Direito Administrativo Sancionador que possui vocação predominante preventiva, com a utilização da abordagem prospectiva (ouforward-looking) das sanções admi- nistrativas ou extrapenais. Não é por outra razáo que o consensualismo na Administração pode ser veri- Íicado nos diversos níveis da ação administrativa, a saber: a) elaboração da decisão administrativa; b) execução das atividades administrativas e c) controle da Adminis- tração Pública. A consensualidade na elaboração da decisão administrativa pode ser demonstrada pela crescente exigência de consultas e audiências públicas para decisão adminis- trativa sobre situações jurídicas individuais e/ou coletivas, inclusive para edição de utos administrativos normativos. Os arts.31 a34 daLei9.784/1999,por exemplo, uclmitem a realizaçáo de consultas e audiências públicas na tomada de decisões em processos administrativos em geral. No campo do Direito Regulatório, por sua vez, é l'rcquente a exigência de consultas e audiências públicas para elaboração de normas rcgulatórias (exs.: art. 4o, § 3o, da Lei 9.427/|996,ANEEL; arts. 3o, X e XI; 89, II, dtr Lei 9.47211997, ANAIEL; art. 19 da Lei 9.47811997,4NP). Quanto à execução das atividades administrativas, a consensualidade se revela na intensificação das parcerias público-público (exs: convênios administrativos e consórcios públicos) e público-privada em sentido amplo (exs: contratos em geral, inclusive os contratos de concessão de serviços públicos, parcerias com entidades do Terceiro Setor). Por fim, no controle da Administração Pública, proliferam-se instrumentos conscnsuais de controle, tais como os Termos de Ajustamento de Condutas (TAC), tux Termos de Ajustamento de Gestão (TAG), os Acordos de Leniência, os Acordos rcgulatórios, a mediação e a conciliação na Administração Pública, que serão apro- lirndados no próximo tópico. Conforme destacado anteriormente, a consensualidade pode ser encontrada tro ômbito do controle da Administração Pública, inclusive no denominado Direito l'úhlico Sancionador. A possibilidade de cclebração de acordos decisórios e substitutivos de sanção tto âmbito da Administração Pública tem sido consagrada pelo ordenamento jurídico e pcla doutrina.ra §l,JNl)Flil,D, (lurlor Arl; (lÂMARA, Jrolntho Anutlu. Aourdor ruhrtiÍutivor nor rungÕot rogulutô. rlu, /l/)/?, on(t 9, n, .14, llol0 Horlraortto, rbr,'jun, 201 l; MARQUU§ NlrIO, llkrrisno de Azevodo; v(,1,,427 A intonsilicuçâo du consensualidudc no l)iroito l'úblico Sancionador pode rer 'icutlu u purtir tlu ncccssiclade de cl'clivuçÍkr do prirrcípio cla cíjciênciu, uÍnn v§, r cc.lchruçilo do acordo acarretaria a substituição da busca inccrla dn pcnnlizlçÍlo rr utlministrativa ou judicial pela imediata adoção de cornpoúat1lcnto por pnfle (lo l()r. §nl consonârroia com as Ílnalidades públicas delimitadas pclo ordcnamcnto ir:o c idcrrtilicadas a partir da interpretação dos órgãos e entidades responsávoit irrvcstigação. A incerteza quanto aos resultados e os custos increntcs à inver*ti- rr cstulul sãcl rcduzidos na celebração do acordo. livitlcrrtcmcnlc que o acordo administrativo não pode ser encarado como ttm tlio gcnórico para a cura das mazelas estatais a ser utilizado em qualcluer diagnós- fli prcciso qLrc ha.ia justiÍlcativa razoâvel para demonstrar que o acordo, no cn§o rcÍo. reprcscnta melhor caminho para obtenção dos resultados esperados corll oi )rLis cuslos possíveis, respeitados os limites fixados pelo ordenamcnto jurldic«r, l)c tluakprcr Íbrma, a celebração de acordos decisórios ou substitutivos de 'tcs tlcpcndc do cumprimento de alguns requisitos, a saber: a) previsão (gcrnl rpccílica) na legislação; b) concordância do agente regulado; c) justiíicativa ou vuçílo qrrc dcvc ser expressa no acordo; e d) proporcionalidade, com a demons- o rlc tltrc n nrcclida alternativa adotada é adequada, necessária e representa melhtlr r-hcrrclicio clLrc a sanção inicialmente prevista na norma jurídica.r5 A uutocomposição de conflitos da Administração Pública no Código de Pro- ccsso Civil e na Lei de Mediação o ('ritlig«r cle Processo Civil (CPC/2015) é fortemente marcado pela busca da :Íkl collsonsual dos conflitos, tais como a conciliação e a mediação, que deverá r«rrrrovirla, sempre que possível, pelo Estado e estimulada por juízes, advogados, rsolcs p(rhlicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo irrl (irrt. 3", §§ 2" e 3o do CPCl20l5). Nf,o ú pol outra razão que o art. 174 do CPCl20l5 determina que os Entes 'irrkrs irrstituirão câmaras de mediação e conciliação para buscar a solução ;rrsutl dc conflitos no âmbito administrativo, com as seguintes atribuições: a) rir conÍlitos e nvolvendo órgãos e entidades da Administração Pública; b) avaliar rrissibilitladc dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no to rlir Administração Pública; e c) promover, quando couber, a celebração de r rlc ajustanrento de conduta. I )c f irrrna semelhante, o art. 32 da Lei 1 3. 1 40 12015 (Lei de Mediação), prevê a bilitladc clc instituição das câmaras de mediação e conciliação çom a competência ir) tlirinrir conflitos entre órgãos e entidades da administração pública; b) avaliar rrissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de composição, no ( )l ,lVlilf{4, l{alacl Curvulho llozonde. Novo perfil da regulação estatal'. Admrnistração Pública dc llcsultirtlos c Arrúlisc tlc lrrtpucto l{cgulatório, Rio de Janeiro: Forense, 2015,p.205. tx)l l't'R tN^s crrso dc controvérsiu ontrc prrticulur c psssoír.iurídica dc dircito público; e c) promover, tprrrnrlo coubor, a cclcbraçÍlo dc tcrnlo clc a.iustamento de ctlnduta. A l,ci dc Mcdiação consagra a possibilidade de transação por adesão nas con- trovórsias que envolvam a Administração Pública Í-ederal direta, suas autarquias e lirrrtlaçCres, com Íundamento em (art. 35): a) aúorizaçáodoAdvogado-Geral da União, t'orrr base na jurisprudência pacíÍica do Supremo Tribunal Federal ou de tribunais *rrpcriores; ou b) parecer do Advogado-Geral da União, aprovado pelo Presidente tlu l{cpública. Os requisitos e as condições da transação por adesão serão definidos crrr rosolução administrativa própria e a efetivação da adesão implicará renúncia do rrrlercssado ao direito sobre o qual se fundamenta a ação ou o recurso, eventualmente pcrrtlcntes, de natureza administrativa ou judicial, no que tange aos pontos compreen- rlidus pelo objeto da resolução administrativa (art. 35, §§ lo 4o, da Lei de Mediação). É oportuno destacar, inclusive, que, ao tratar da autocomposição de conflitos crn que for parte pessoa jurídica de direito público, o art.36, § 4' da Lei de Mediação ;rcnnite a conciliação nas ações de improbidade administrativa que dependerá da rrrruôncia do Poder Judiciário. Ao lado da mediação e da conciliação, o Código de Processo Civil admite a colcbração de "negócios jurídicos processuais típicos", tal como a possibilidade de lixação pelo juiz e pelas partes, de comum acordo, do calendário processual (art. l9l do CPCl20l5), bem como a possibilidade do saneamento consensual (art.357, r\ 2", do CPCl20l5). Destaca-se, ainda, o art. 190 do CPC/2015 que prevê a possibilidade de cele- lrlação de "negócios jurídicos processuais atípicos" pelas partes plenamente capazes no processo judicial, que verse sobre direitos que admitam autocomposição, com o oh.jetivo de dispor sobre mudanças no procedimento, bem como a convenção sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo. 'l)'ata-se de inovação fortemente inspirada pelas normas dos processos arbitrais que valorizam a autonomia das partes que podem definir o procedimento arbitral.r6 O CPC12015 consagra o modelo cooperativo de processo, com a valorização da lrrtonomia da vontade e da maior participação dos sujeitos processuais, o que denota rr consensualidade na solução das controvérsias.17 A normas relativas aos métodos alternativos de solução de controvérsias e à cr:lebração de "negócios jurídicos processuais" consagradas no Código de Processo Nesse sentido: WAMBIER, Luiz Rodrigues; BASILIO, Ana Tereza. O negócio processual: Inovação do Novo CPC. Disponível em: < http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,M1228542,31047-O+nego cio*processual*h6y6s46*do*Novo+CPC >. Acesso em: 06/06/201 8. MAZZOLA,Marcelo Leite da Silva. Tutela jurisdicional colaborativa'. acooperação com fundamen- to autônomo de impugnação, Curitiba: CRV, 201 7, p. 1 93. De acordo com Antonio do Passo Cabral: "o negóciojurídico plurilateral, pelo qual as partes, antes ou durante o processo e sem necessidade de intermediação de nenhum outro sujeito, determinam a criação, modificação e extinção de situações jurídicas processuais, ou alteram o procedimento". CABRAL, Antonio do Passo. Convenções pro- cessuais. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 68. l6 t7 {ot,1r7 civil aplicam-se, de forma suplotiva o rubridiária, aos processos administrativos, na fbrma do art. 15 do CPC/2015.'8 it 3,2 Acordos administratlvos na Lel de Introduçâo às Normas do Dlrelto Ielro A consensualidade no controle dos atos administrativos ganhou novo com a promulgação da Lei 13.655/2018, que incluiu novos dispositivos na Lei dl lntroduçilo às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), com o objetivo de garanth maior qualidade às decisões estatais e segurançajurídica na gestão e no controlo d[ Administração Pública. De acordo com o art. 26 da LINDB, admite-se a celebração de compromi$O com o§ interessados para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situagãO contenciosa na aplicação do direito público, desde que presentes razões de relevanfi interesse geral, após a oitiva do órgão jurídico, admitindo-se, quando for o caso, t reulização de consulta pública.te o referido compromisso, que somente produzirá efeitos após a publicação oÍicial, deve cumprir as seguintes exigências (art.26, §l', da LINDB): a) busca dr solução jurídica proporcional, equânime, eficiente e compatível com os interessol gerais; b) não poderá conferir desoneração permanente de dever ou condicionamen. to de direito reconhecidos por orientação geral; e c) deverá prever com clareza aú obrigações das partes, oprazo para seu cumprimento e as sanções aplicáveis em cago de descumprimento. o art.27 da LINDB, por sua vez, dispõe que a decisão proferida no processoi nas esferas administrativa, controladora ou judicial, "poderá impor compensação por beneÍicios indevidos ou prejuízos anormais ou injustos resultantes do processo ou da conduta dos envolvidos".2o A referida decisão deve ser motivada e precedida da oitiva Cl'Cl2ol5: "AÍt.15.Naausênciadenormasqueregulemprocessoseleitorais,trabalhistasouadmi- nistrativos, as disposições deste código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente.,, LINDB: "Art.26. Para eliminar irregularidade, incertezajurídica ou situação contenciosa na aplica. ção do direito público, inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade administrativa pádorá, após oitiva do órgãojurídico e, quando for o caso, após realização de consulta pública, e presentes ra. zões de relevante interesse geral, celebrar compromisso com os interessados, observada a legislagão uplicável, o qual só produzirá efeitos a partir de sua publicação oficial. § 1'O compromisso referido no caput deste artigo: I - buscará solução jurídica proporcional, equânime, eficiente e compatlvol com os interesses gerais; II - (VETADO); III - não poderá conferir desoneração permanente de devor ou condicionamento de direito recoúecidos por orientação geral; IV - deverá prever com clareza ag obrigações das partes, o prazo para seu cumprimento e as sanções aplicáveis em caso de descumpri. mento. § 2" (VETADO)." LINDB: "Art' 27. A decisão do processo, nas esferas administrativa, controladora oujudicial, po. clerá impor compensação por beneÍicios indevidos ou prejuízos anormais ou injustos resultantes do processo ou da conduta dos envolvidos. § 1'A decisão sobre a compensação será motivada, ouvidac previamente as partes sobre seu cabimento, sua forma e, se for o caso, seu valor. § 2o para prevenir <lu regular a compensação, poderá ser celebrado compromisso processual entre os envolvidos.,, I8 l0 20 DOUTf,INAB &f pCrtor sobro Bcu csbimonto, 0uâ forma o, quando f6r o caso, geu valor, admitin- hú a cclÊbração dc compromisso processual entre os onvolvidos para prevenir ou il;ulrr a referida compen§ação (art' art. 27, §§ lo e 2o, da LINDB)'2r A possibilidade de cÊlebração de acordos administrativos, inclusive no campo do Dlrulto Sancionador, já era admitida em norÍnas específicas, conforme será destacado áOr ltens subsequentes do presente ensaio, mas não se pode ignorar a importância dos g{r, 26 e 27 da LINDB que serão utilizados como fundamentos genéricos para os úordos administrativos que não encontravam expressaprevisão nalegislação especial' 1,3 Acordos administrativos em espécie A viabilidade de acordos, extrajudiciais e judicias, na Administração Pública lnggntra previsão em diversos diplomas legislativos, cabendo destacar, nos limites Frtritos do presente ensaio, os acordos indicados, exemplificativamente, nos próxi- moB itens. !,3.1 . Termos de Ajustamento de Condutas (MC) na tutela coletivq o termo de ajustamento de conduta (TAC), também denominado de oocompro- misso de ajustamento de conduta", encontra-se previsto, por exemplo, no art.2ll da l.oi 8.069/1990 (Estatuto dacriança e doAdolescente - ECA) e no art. 5", §6", da I ,ci 7 .34711985 (Lei da Ação Civil Pública - LACP)22 De forma semelhante, o art. 4o-A da Lei 9.64911997, incluído pela Lei l2.z4glz}l},prevê a possibilidade de celebração de TAC por paÍte daAdvocacia-Ge- ral da União (AGU) para prevenir ou terminar litígios, nas hipóteses que envolvam intcresse público da União, suas autarquias e fundações'23 Sobre o art. 27 da LINDB, parcela da doutrina sustenta o acordo substitutivo seria uma espécie de .,negócio jurídico processual","permeado pelo consenso, que deve ser praticado com base em ju2os p.uj-áti"or e prospectivos". MARQUES NETO, Floriano de Azevedo; FREITAS, Rafael véras de' ',ALei Li.65512018 e os novos paradigmas paÍa os acordos substitutivos". Disponível em: <https:// www.conjur.com .brl20l8-mai-11/opiniaoJindb-paradigmas-acordos-substitutivoP. Acesso em: 06106/2018. ECA: ..Art. 211. Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compro- misso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, o qual terá eficácia de título executivo extrajudicial."; LAC: "Art. 5". (...) § 6' Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessa- dos compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia àe título executivo extrajudicial." O §6' do art. 5o da LACP foi incluído pelo art' 1 I 3 da Lei 8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor - CDC)' Lei9.64911997:..Art. 4o-4. O termo de ajustamento de conduta, para prevenir ou terminar litígios, nas hipóteses que envolvam interesse público da União, suas autarquias e fundações, ffmado pela Advocacia-Geral da união, deverá conter: I - a descrição das obrigações assumidas; II - o prazo e o modo para o cumprimento das obrigações; III - a forma de fiscalização da sua observância; IV - os fundamentos de fato e de direito; e v - a previsão de multa ou de sanção administrativa, no caso de seu descumprimento. Parágrafo único. A Advocacia-Geral da União poderá solicitar aos órgãos e entidades públi.r. federais manifestação sobre a viabilidade técnica, operacional e financeira das ), , €L,a2? O TAC constitui importanto inrtrumonto do consenso, que tom oficácia do tttulo oxecutivo oxtrajudicial, no âmbito da tutola cotetiva, com a cstipulação de obrigaçõrt ao interessado e previsão de cominaçõos para os casos de eveniual descumprimenbr 3.3.2. Termos de Ajustamento de Gestão (rue e Termos de Ajustamento de conduhl (TAC) no controle interno e no controre pelos Tribunaís de contas Outro instrumento consensual de controle daAdministração pública é o Tcn mo de Ajustamento de Gestão (TAG), também denominado Termo de compromiooo de Gestão (TCG)' que tem sido utilizado, especialmente, no âmbito das Controladorial internas e dos Tribunais de Contas.2a Em relação ao controle interno, rearizado pelas controradorias dos respoo. tivos entes da Federação, mencione-se, por exemplã, a Inskução Normativa 2/201tr do Ministério da Transparência, Fiscalüação e controladoriá-Geral da união quc disciplina a celebração do Termo de Ajustamento de conduta (TAC), no âmbito do Poder Executivo Federal, nos casos de infração disciplinar de menor iotencial ofen.sivtr, assim consideradas aquelas sujeitas à punição ctm advertên"i, r* D9 daLelll.ll2/1990) ou com penalidade similar, prevista em lei ou reguhmÀnto interno. o cumprimento do TAC impede a instauração do processo admi-nistrativo disciplinar (PAD). . outro exemplo que merece destaque é o caso pioneiro do Município de Belo Horizonte que previu a possibilidade de celebração do Termo de compromisso do oostão (TCG) no art. 12 do Decreto municipal n, 12.634/2007. Atualmenre, o tema é tratado pelo art. 15 do Decreto municipal n' 15.655/2014. No tocante aos Tribunais de contas, o Termo de Ajustamento de Gestão (TAc) onoontra previsão em diversas leis orgânicas estaduais que tratam das cortes dc Çontas estaduais, tais como: a) Goiás (TCE/Go): art. 110-A da Lei t6.t6g/2007; b) sergipe (TCE/sE): art. 52 da Lei complementar 205/20Í; c) Minas Gerais (TCE/ Mo): arts. 93-A e 93-B da Lei complemenÍar 102/200g; d) Rio Grande do Norto(TCE/RN): art. 122 da Lei comprementar 464/2012; e)Mato ôrosso (TCE/tvÍT): arts. 42-A,42-B e 42-C da Lei complementar 269/2007, aihteradapela Lei comprementar 48612013; f) Amazonas (TCE/AM): arts.42-Ae 42-B da rei 2.423/rgg6,alterada pela Lei complementar 120/2013; etc. Embora não possua previsão expressa em sua lci ,rgânica, o Tribunal de contas da União (TCU) admit e a rearizaçãà ao taG ,* tua jurisprudência.25 obrigações a serem assumidas em termo de ajustamento de conduta, cabendo ao Advogado_Geral dlUniÍlo a decisão final quanto à sua celebração.', s,bre o tema: FERRAZ, Luciano. Termo de Ajustamento de Gestão (TAG): do sonho à realidado, llevistaBrasileiradeDireitopúbrico.BeroHorizonte,Anog,n.3r,p.43-50,out/de2.2010. 'l'cu, Acórdão 494120r'1, plenrírio, Rel. Min. Augusto Nardes, julgamento 22.03.20r7;Acórdâo l.7t)7/2017, Plenrário, Rel. Min..AugustoNardes, julgamento 09.0g.20r7;Acórdão 393/2018, plonÁ. rio, Rel. Min. Augusto Nardes, julgamento ZA.OZ.ZOíA. ',4 5 DOTJTRINA§ A existência do dlplomac logais que consagram a possibilidade celebração de TAG; pelos Tribunais do Contae confirma, por um lado, a legalidade dos referidos lnttrumentos juridicos, mas revela, por outro lado, uma forte assimetria de regimes JUrldicos, inclusive quanto à legitimidade para sua celebração (Tribunal de Contas, Ministério Público junto ao Tribunal e/ou entes federados).2ó !,3.3. Acordos de Leniência lnspirado na experiência norte-americana, o acordo de leniência foi introduzi- do no Direito Antikuste pátrio pela Lei 10.149/2000, que inseriu o art. 35-B da Lei t,lttl4/1994, posteriormente revogada pela Lei 12.529/2011. A partir da experiência felativamente exitosa, o acordo de leniência foi incorporado, com algumas adaptações, pela Lei 12.846/2013 (Lei Anticomrpção). As principais semelhanças entre os acordos de leniência antitruste e anticor- rupção podem ser assim resumidas: a) o acordo será celebrado com o primeiro Onvolvido que se qualificar para colaboração com as investigações; b) o interessado dcve confessar a sua participação na infração, cessar a príúica do ilícito e colaborar, ctbtivamente, com as investigações; c) sigilo na proposta de acordo; d) ausência do roconhecimento da prática do ato ilícito e afastamento da confissão na hipótese de fl proposta de leniência ser rejeitada; e) o descumprimento do acordo de leniência impede que o interessado celebre novo acordo pelo prazo de três anos. Por outro lado, as principais diferenças entre os referidos acordos de leniência rão: a) Acordo de leniência antitruste (art. 86 da Lei 12.52912011): (i) compe- tência: Superintendência-Geral do CADE; (ii) beneficiário: pessoas fisicas ou jurídicas; (iii) acordo de leniência celebrado antes que o CADE tenha conhecimento da infração (leniência prévia): extinção das sanções; acordo celebrado após o coúecimento da infração pelo CADE: redução do valor da multa; (iv) leniência plus (leniência concomitante ou posterior): redução de um terço da penalidade aplicável ao interessado que não se qualifica para determinado acordo de leniência, com relação ao cartel do qual tenha parti- cipado (acordo de leniência original), mas que fornece informações acerca de um outro cartel sobre o qual o CADE não tinha qualquer conhecimento 26 O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, por meio da Portaria MP 42612007, constituiu Comissão de juristas com o objetivo de elaborar o Anteprojeto de Lei de Normas Gerais sobre Admi- nistração Pública Direta e Indireta, entidades paraestatais e entidades de colaboração. Em seu art. 57, caput e parágrafo único, o Anteprojeto dispõe: Art. 57. Os órgãos de controle público podem propor a assinatura de termos de ajustamento de gestão para o efeito de afastar a aplicação de penalidades ou sanções e adequar os atos e procedimentos do órgão ou entidade controlada aos padrões de regu- laridade. Parágrafo único. O termo de ajustamento de gestão não pode ter por objeto a limitação de competências discricionrá'rias do gestor, nem a imposição de obrigações para os particulares, por via direta ou reflexa." voL, a27 prévio (novo acordo de loniêncir com âfhstamento das sanções); (v) (leniência prévia) ou atonuação (loniência posterior) das sanções trativas, bem como extinção da punibilidade dos crimes contra a econômica (Lei 8.13711990), e nos demais crimes diretamente à prática de cartel, tais como os tipif,rcados na Lei Geralde Licitações 8.66611993) e no art. 288 do Código Penal (associação criminosa). b) Acordo de leniência anticorrupção (art. 16 da Lei l2.Ba6t20l3): (i) petência da entidade administrativa lesada (em âmbito federal: Ministér{úr da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União - CGU); (tl! beneficiário: pessoasjurídicas (não obstante a Lei estabeleça efeitos para tü sanções previstas naLei 8.66611993, o que poderia beneficiar pessoas flsicrü contratadas pela Administração); (iii) não diferencia o acordo de leniênch celebrado antes ou depois das investigações por parte das autoridades comt petentes; (iv) não prevê a leniência plus; (v) redução do valor da multa t afastamento das sanções de publicação extraordinária, de proibição de recür ber beneficios (incentivos, subsídios, subvenções, doações ou empréstimot) de entidades públicas pelo prazo de um a cinco anos, bem como isenção ou atenuação das sanções previstas no art. 87 daLei 8.666/1993, mas nâo impede as demais sanções civis e não acarreta efeitos nas sanções penais. 3.3.4. Acordos decisórios ou substitutivos de sanção No Direito regulatório, marcado por questões técnicas e complexas, bem como pela Íixação de parâmetros legais abertos para os agentes regulados, a maleabilidado rcgulatória, inclusive na aplicação de sanções, é uma necessidade que se impõe para viabilizar o atendimento do interesse público. Em consequência, a afttação regulatória deve ser orientada pela máxima efeti- vação dos direitos fundamentais subjacentes à regulação da economia e dos serviços públicos, o que permite a relativização da concepção legalista do Direito, com a Ílexibilização do rigor do formalismo legal, desde que acompanhada da competento justi Íicativa e razoabilidade. Nesse contexto, a atividade sancionatória por parte das agências reguladoras é compreendida como instrumento para efetivação do duplo resultado previsto no ordenamento jurídico: prevenir e reprimir a prâtica de ilícitos regulatórios. ocorre que, em determinadas hipóteses, a aplicação da sanção tipificada em lei pode frustrar a efetividade dos resultados esperados pela legislação que poderiam ser implementados por outras vias alternativas definidas pelo regulador. A possibilidade de celebração de acordos decisórios ou substitutivos nas agências rcguladoras encontra fundamento genérico nos princípios da legalidade e da eficiência, rto art. 5o, § 6o, da Lei7.34711985, que tratadaproteção do consumidor e de outros direitos coletivos, bem como nas leis e regulamentos setoriais regulatórios.27 27 Sobre os acordos decisórios ou substitutivos no Direito Regulatório, vide: OLIVEIRA, Rafael Car- vulho Rezende. Novo perfil da regulação estatal: Administragão Pública de Resultados e Análise de lmpacto Regulatório, Rio de Janeiro: Forense, 2015,p.200-205. DÔL'TRINA§ No âmbito da Agência Nacional de Saúde Suplomontar (ANS), por exemplo, ldmito-sc suspensão do procosoo administrativo instaurado pera apurar fatos irregu- lffor na hipótese de celebração do termo de compromisso de ajuste de conduta com I ôporadora ou prestadora de serviço, antes da aplicação de eventual penalidade (at. t9 da Lei 9.65611998, com a redação dada pela MP 2.177-44/2001). O referido termo, que terá eficácia de título executivo extrajudicial, deve conter Bllusulas que obriguem o regulado a cessar aprática dos atos objeto da apuração e €orrigir as irregularidades, inclusive indenizando os prejuízos delas decorrentes, com ütipulação de multa para o caso de eventual descumprimento (art. 29, §§ l" e 2", da Loi 9,656/1998). A celebração do termo de compromisso de ajuste de conduta não importa con- flrsão do regulado quanto à matéria de fato e à ilicitude de sua conduta. Durante a Vlgência do termo, o prazo prescricional pennanece Suspenso e, após cumpridas as ohrigações assumidas, o processo será extinto (art.29, §§ 3", 5o e 6o, daLei9.656/1998). É vedada a celebração de termo de compromisso de ajuste de conduta com §quele que tiver descumprido outro termo dentro do ptazo de dois anos (art' 29, § 7o, da Lei 9.65611998). Ao lado do termo que tem por objetivo suspender o processo infracional, n ref'erida legislação prevê também o termo de compromisso que será celebrado pola ANS com as operadoras "quando houver interesse na implementação de práticas que consistam em vantagens para os consumidores, com vistas a asse- gurar a manutenção da qualidade dos serviços de assistência à saúde" (art.29-A drr Lei 9.656/1998). Outras agências reguladoras prescreveram a possibilidade de TAC em processos dc fiscalização e de sanção por meio de resoluções, cabendo mencionar, exemplifi- cativamente:2s a) ANTT: arts. 16 a 18 da Resolução 44212004; b) ANTAQ: arts.22 t 24 da Resolução 98712008 e arts. 83 a 87 da Resolução 3.25912014l' c) ANEEL: [esolução 333/2008; d) ANAC: Resolução l99l20ll; e) ANP: Resolução 32/2012; f) ANATEL: art. 5o Resoluçáo 58912012 e Resolução 629/2013. Em sua redação literal, o § I'do art. 17 dallAveda arealizaçáo de transação, acordo ou conciliação nas ações de improbidade administrativa. Registre-se que a MP 70312015, que revogou a referida norÍna, não foi conver- tida em lei e perdeu a sua eficácia, motivo pelo qual perÍnanece a proibição literal tle transação, acordo ou conciliação nas ações de improbidade. 28 Registre-se que o PL 6.62112016, que dispõe sobre a gestão, a organizaçáo, o processo decisório e o controle social das agências reguladoras, prevê, em seu art. 34, a possibilidade de celebração de termo de ajustamento de conduta, considerado título executivo extrajudicial, com pessoas fisicas ou jurídicas sujeitas a sua competência regulatória. \161,1i7 conforme dostacado ao longo do proronto onsaio, o ordonamento jurídico, no. tadamente após a promulgação da LIA, tem intonsiÍicado as previsões normativac dt acordos no âmbito da tutela coletiva o no Direito público sancionador. , A proibição de resolução consensual de conflitos na improbidade admini constante do art' 17, § lo, da LIA, representa, na atualidade, um verdadeiro sistêmico" ou uma insinceridade institucional. Não se pode admitir a interl isolada do referido dispositivo legal, sem levar em consideração as demais jurídicas, que compõem o microssistema da tutela coletiva e do Direito Admini Sancionador, garantidoras da viabilidade daainçáoconsensual em casos semelhantcf e, até mesmo, em situações que envolvem a restrição à liberdade dos indivíduos, ht como ocoÍre no campo do Direito penal e processual penal. Não se pode desconsiderar, nesse ponto, o contexto em que a Lei g.429119/l Íbi promulgada. À época, o Direito sancionador, notadamente o Direito penal, n〠convivia com instrumentos consensuais, com pnmazia do dogma, praticamonb absoluto, da indisponibilidade da açáo penal. Apenas ao longo aá aecaaa de 90, ol instrumentos consensuais se proliferaram no ordenamento brásileiro. Ainda que as sanções de improbidade administrativa possuam natureza extr6. ponal e não se confundam com as penas tipificadas na legislação penal, é possível â aplicação da mesma lógica da solução consensual nas duas esferás de responsabili. dade, uma vez que ambas se inserem no Direito Público Sancionador. Seria incooç rente o ordenamentojurídico admitir a celebração de acordos que tenham por objeto sanções penais, mas não permitir a solução consensual no âmbito da improbidado aclministrativa.2e A textura aberta das norÍnas tipificadoras da improbidade e a pluralidade do sanções que podem ser aplicadas, de forma cumulativa ou não, aos agentes públicoc e demais pessoas que contribuiram para a prática do ato de improbidade, revelarn Ílexibilidade regradapor parte dos órgãos estatais responsáveis pãlo controle da pro. bidade na Administração Pública, abrindo-se caminho para inúerpretações distintao sobre o melhor caminho para o atendimento do interesse público. A celebração de termo de ajustamento de conduta ou outra espécie de acordo fhncionaria como instrumento de redução de complexidades e de incertezas quanto À interpretação dos fatosapurados. saliente-se, ainda, que os acordos nas ações de improbidade podem represeÍr. tur, quando bem utilizados, importantes instrumentos de efetivação do principio da eÍiciência, com a redução das assimetrias de informações entre o poder público e os rcspectivos acusados pela prática dos atos de improbidade, com a colaboração na investigação e a apresentação de dados e provas que seriam de dificil produção pela própria Administração. Zq [)c Í'orma semelhante: DIDIER JR, Fredie; BONFIM, Daniela Santos. A colaboração premiada como ncgócio jurídico processual atípico nas demandas de improbidade administrativa. A&C Revista de Direito Administrativo e constitucional, Belo Horizonte, ano 17, n. 67, p. 105-120, jan.lmar.2017 , DOUTRINA' Ademais, og acordos sorviÍiam para reduzir os oustoc de transação inerentes à hvoetigação c a formulaçâo da pretensão em juízo, além de reduzir a litigiosidade $t$tul. O desfecho consensual e célere da apuração da improbidade administrativa tsm o potancial de atingir maiores beneflcios com menore§ custos' A viabilidade do acordo de leniência no art. 16 da Lei 12.846/2013 (Lei Anti- corrupção) corrobora a incompatibilidade do art. 17, § 1o, da LIA. As duas normas em ggmento integram o "sistema Brasileiro de Combate à Comrpção" e o microssistema df tutela coletiva, razáo pela qual não seria razoável supor que uma pessoajurídica, gom fundamento na Lei 12.846/2013, pudesse atenuar ou afastar determinadas san- çtlcs, mas o mesmo beneficio não fosse disponibilizado a própria pessoa jurídica ou pgr$ as pessoas fisicas envolvidas no âmbito da responsabilidade por improbidade edministrativa que, em grande medida, possuem tipificações semelhantes na Lei Anticorrupção.30 Imagine a hipótese em que uma pessoa jurídica celebre acordo de leniência, §onr fundamento na Lei Anticomrpção, mas peÍmaneça a possibilidade de punição egrn fundamento da LIA que, inclusive, estabelece algumas sanções distintas daquelas elcncadas na Lei Anticomrpção (ex: proibição de contratar com o Poder Público), Bem desconsiderar que os respectivos sócios da pessoajurídiça não teriam interesse Cm decidir pela colaboração, uma vez que poderiam ser sancionados, pessoalmente, na esfera da improbidade administrativa e no âmbito penal. É preciso amarrar as pontas soltas no microssistema das ações coletivas e do cornbate à comrpção. O sistema jurídico é dotado de normas que apresentam in- centivos aos seus destinatários, com o objetivo de induzir comportamentos. Nesse contexto, a inviabilidade de acordo na improbidade administrativa, tal como fixada na literalidade do art. 17, § lo, da LIA, acarretaria a ausência ou pouca efetividade tlo acordo de leniência e da colaboração premiada, previstas, respectivamente, na Lei Anticomrpção e na legislação penal. Outro argumento, que pode ser mencionado exemplificativamente para demons- trar a revogação tâcita do art. 17, § 1", da LIA, é a admissão expressa da conciliação nas ações de improbidade administrativa no art.36, § 4o, da Lei 13.14012015 (Lei de Mediação). Em consequência, a necessidade de coerência do sistema jurídico, com a re- solução de antinomias jurídicas, demonstra que o art. 17, § 1o, da LIA foi revogado tacitamente pelo art. 16 da Lei Anticomrpção e art. 36, § 4o, da Lei 13.14012015.31 Conforme destacamos em outra oportunidade, as condutas lesivas tipificadas no art. 5.o da Lei 12.84612013 jáse encontravam tipificadas em outros diplomas legais, tais como aLei8.429/1992 e a Lei 8.666/1993. NEVES, Neves, Daniel Amorim Assumpção; QLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezen- de. Manual de improbidade administrativa,6. ed., São Paulo: Método,2018, p' 309' OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo,6 ed., São Paulo: Método, 2018, p. 898; NEVES, Neves, Daniel Amorim Assumpção. De forma semelhante, admitindo a ce- lebração de acordos nas ações de improbidade, vide: ZARDO, Francisco. Acordos em ações de im- probidade: aspectos práticos e polêmicos, Revista Síntese de Direito Administrdtivo, 141, set.l2017 , p. 300/310; SCHWIND, Rafael Wallbach. Possibilidade de celebração de acordos, transações e con- .10 3l T'OIITÍINtrI " ,10L, tlr? Emabonoàteseaqui§ustontsdüolft.l0,§2u,daRcsolugão179.do26.07.2017, do Conselho Nacional io úinistério Públlco (CNMP), pormite a transação em açõt ', de improbidade administrativa'32 idica para oü hevela-se necessário, contudo' estabelecer maior segurança 1ur acordos celebrados no ÀãLito do Direito Administrativo Sancionador' A inseguran9t jurldica causada p"tu ptrrraiaràe de normas jurídicas sancionadoras e pelos roflexs dogacordos,quepodemafastareatenuarsançõesprevistasemdeterminadosdiplomu logislativos, mas não t-ú; a aplicação de outras sanções, civis, administrativar e ponais, tipificadas em ãutros textos legais' pode representar um desestímulo à oo' L[ioia"aá, referidos ajustes e frustrar a sua efetividl9:',^ --^..,.x^ -^moriwq Ííorrêoraçao so§;ffif,];ai;ru-r" oport* a a formarização da previsão normativa doi acordos nas ações d. i-?;;idràã ua*i"troativa, com a definição dos legitimadoo' ão aánt.riao e dos reflexos da sua celebração e cumprimento dos seus ternos' oom oobjetivodegarantirsegurançajurídicaaosatosenvolvidosnocontrolepreventivo o ropressivo da imProbidade' Conformedestacadoaolongodopresenteartigo,aatividadeestatalsanciona. tória é compreendidu "Ão itt""íIn""to p*u efetivaçao doduú resultado previsto ofd€namcnto jurldico pare quo roja posslvol â oolGbração do acordos no âmbito da lmnrohidade administrativa. É convenicnte, contudo. quc a legislação estabeleça os contornos dos referidos lgordos, com a definição dos legitimados, do conteúdo e dos reflexos da sua celebra- flo e cumprimento dos seus termosn com o intuito de garantir a segurança jurídica no controle preventivo e repressivo da improbidade' ^l,[,]ssl, Renato. sistema istituzionale del diritto amministrativo italiano' 2' ed' Milão: GiuÍfrê' 1960' (,^lll{AL, Antonio do Passo. convenções processuais. salvador: Juspodivm, 2016,p.68- lrll)lliR JR, Fredie; BONFIM, Daniela Santos. A colaboração premiada como negócio jurídico proces- nual atípico nas demandas de improbidade administrativa. A&C Revista de Direito Administrativo e (.lonstitucional, Belo Horizonte, ano 17, n 67 , p' 105-120, jan'lmu' 2017 ' li§'l'oRNINHO, Maria João. A fuga para o direito privado: contributo para o estudo da actividade de tlireito privado da Administraçõo Púbtica, Coimbra: Almedina, 1999' lrlilUtAZ, iuciano. 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A aplicação de penalidades não é o único óaminho para aefetivação do ordena- mentojuridico,comup,"u.nçaoouarepressãodosilícitos.Nesseceniirio,osacordos ãttitãii"t porru"ro objetivo relativamente amplo' admitindo-se o afastament" ^"li atenuaçãodasançãoemtÍocadecomportamentospositivose/ounegativosqueseJam mais adequados para prevenção e/ou restauração do dano' --^-i-^ :-. Verifica-se, nu u*utiauA", a assimetria noÍmativa no regime jurídico dos di- versos instrumentos de colaboração, com a previsão de competências, requisitos e oonsequência. u*iar"ir, o qr. ià*'g".ado insegurança jurídica entre os potenciais interessados na celebração dos referidos ajustes' Aviabilidade:,'iAit"dacelebraçãodeacordosnoâmbitodatutelacoletiva' inclusive na Lei Arti"oT pçáo, e na legislação penal' demonstraT a incompatibi- lidadesistêmicadoart'17,§lo,daLIAquedweserÇonsideradorevogadopelo ciliaçõesnasaçõesdeimprobidadeadministrativa,RevistasíntesedeDireitoAdministrativo'|4|, set'12017 'p' 4131486' ' rabível o compromisso de ajustamento de con-32 R"rotuçao tZeiZ0l? do CNMP: "Art' 1" ("')' § 2'E c duta nas hipótes", .onrrllluJoru"J. i.proúiauoe administrativa, sem prejuízo do ressarcimento ao erário e da aplicação o"-rrÀu o,, algumas das sanções previstas em lei, de_acordo com a conduta ou o ato praticado.,, o" ro.-u ,r..lhãnte, a possibitidadá de acordos nas ações de improbidade é con- sagtada,porexe-pto,,'un..ol,,çeootl2otldoConselhoSuperiordoMinistérioPúblicodoEstado do paraná " nu R".otuçi" ãiúp llzorz do conselho superii do Ministério Público do Estado de Minas Gerais. voL.421 Dl PnrsÃo PoR FoRÇA DE PB ÓncÃo coLEGrADo lupntsovaovr BY vIRTUE nconoÃo CONDENATORTO EMANADO DE sEGUNDo GRAu DE JURrsDrçÃo OF A CONVICTION GIVEN BY THE COURT OF APPEAL ROBERTO GRASSINETO Liwe-dooente, Douxor e Mestre em Direito pela Universidade de São Paulo (USP); Desembargador do Tribuna"lã" ítt*" á" "t"0" de São Paulo (TJ-SP)' Resumo: Propósito do presente artigo é analisar a'evollc^1f' junsprudência o,"IJ;,,,iriia,a.á.:",,:T: jIiUffi ::*U*:,:.;JI1XHI,.:,1':; Í*mr:".rufl*fi;,i1";;,.-,Ç ".p"""iur. seja extraordinário. diante da consagração dos princ ípios -dí o"*ili-'f i*tê1']"^:i:':TJ#:'n; "o:":1í'#;J"it ju'italçan da cF/88' Discorre-se soort ,n Jn" 0",",** ;. ",.tlr: ::d,ti:*"J.ril j*:1*:*;ru}J:'Ji:ll possibilidade de início da puntott'T::;;": ;;;conoern"nte à existência irrüH#;;ruio'' ntàtau-t"' por fim' a questão tol"i-*"tonot,,utório do oJ?1't"*"'t 'i,nitt' uo t*"o,n"nto de omissão em acÔroao ' qual não conste determin*u" "-n.".* a. expediçao de mandado de prisão' paravras_chave, r,l.r: f: ::::l *: ilili:";:l,r.Jlfl:ffi :ãJl: f,Ê,:: jurisdiçãor Presunção.de tl::il;" J;];ãoisaluigada penal parcial: Coisa l.t'LttrHiil#trÍn#"':'*Jfjj.*:1Jr'"""'':1fi Í;"';;*uou'"nu' *fiNpit****rs.r,ti; bonstitution of 1988' ot'""n tt' ti'i*t"ã' tí" qutt'io" "oncerning the exis- tence ol'poosible limits to '""u'" í"'"àittün in u "onat*atory judgment by thr: (lourt ol'Appcal' *t'l"n o"i'-'ot contain an express determination of the iflsuanoc ol'8n arrost warrânt' Irrr lnl re entcntlon&r' paru ovitnrom'ro intcrprctrrçõox nihjlinns' tunto o ucórclâo que mantenha sentença con- rlenetrlrln,qunntonquoloquot''o-in*omFlrto'*'*'u**u'u''oo"iti"ii*priniontrl'ouqueimponhaesta niiiui. ,n"ri.." rocurrtt «ltt ncurnçlo'
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