Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
REPONSABILIDADE PELO FATO DA COISA E DO ANIMAL INTRODUÇÃO O assunto Responsabilidade pelo fato da coisa, cuida da inobservância do dever de guarda sobre as coisas. NOTÍCIA HISTÓRICA • - A responsabilidade civil subjetiva mostrou-se insuficiente para resolver os problemas advindos da revolução industrial. • - Nos acidentes de trabalho era impossível a demonstração do dolo ou da culpa dos patrões. • - Doutrina e Jurisprudência francesa encontraram no CÓDIGO DE NAPOLEÃO – art. 1384 – que estabelecia a responsabilidade do guardião da coisa, uma possível solução. • - Evolução por meio da interpretação doutrinária e jurisprudencial sobre o conceito de guarda. • - Teoria desenvolvida com base na ideia de que deferia ser responsabilizado que tivesse a guarda intelectual sobre a coisa “ Poderíamos, historicamente – sobretudo nos países de filiação romano-germânica –,conectar a responsabilidade pelo fato da coisa ao Código de Napoleão (art. 1.384, parágrafo I). Lembremos que, durante séculos, a responsabilidade civil existente era apenas subjetiva, fundada na culpa. Por isso os autores buscavam modos e formas de responsabilizar (sobretudo os patrões) por danos relacionados a máquinas, motores, aos primeiros e rudes veículos motorizados. A doutrina francesa, portanto, construiu a teoria da guarda da coisa a partir do art. 1.384, I, do Código de Napoleão. Aliás, o art. 1.384, I, do Código Civil francês, é um bom exemplo a ser lembrado para aqueles que desconfiam dos poderes (imensos) da interpretação. (Braga Netto, Felipe Peixoto Novo tratado de responsabilidade civil / Felipe Peixoto Braga Netto, Cristiano Chaves de Farias, Nelson Rosenvald. – 4. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2019). GUARDA INTELECTUAL - Guarda intelectual é poder de direção sobre a coisa. - Esse poder tem como consequência o dever jurídico de evitar que a coisa cause dano a terceiros “Guarda é aquele que tem a direção intelectual da coisa, que se define como poder de dar ordens, poder de comando, esteja ou não em contato material com ela (Caio Mário da Silva Pereira, ob. cit., p. 103). Guardar a coisa implica, em última instância, a obrigação de impedir que ela escape ao controle humano”. (FILHO, C., Sergio. Programa de Responsabilidade Civil, 13ª edição. São Paulo; Atlas, [2019. 9788597018790. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597018790/. Accesso em: 31 Mar 2020 RESPONSABILIDADE POR OMISSÃO A responsabilidade surge por que o responsável pela guarda intelectual não controla adequadamente a coisa, fato que ocasiona o dano a terceiro. RESPONSABILIDADE OBJETIVA “ E note-se que essa atribuição de responsabilidade não exige necessariamente perquirição de culpa. Ou seja, a depender do sistema legal consagrado, o guardião poderá ser chamado à responsabilidade, mesmo que não haja atuado com culpa ou dolo, mas pelo simples fato de haver exposto a vítima a uma situação de risco” (GAGLIANO, Stolze, P., FILHO, P., Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume 3 - responsabilidade civil. São Paulo; Saraiva, 2019. 9788553609529. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788553609529/. Accesso em: 31 Mar 2020 PROPRIETÁRIO – GUARDA PRESUMIDO DA COISA - Presunção relativa, pode ser afastada por meio de prova da transferência jurídica do poder de direção “Por guardião entenda-se não apenas o proprietário (guardião presuntivo), mas, até mesmo, o possuidor ou o mero detentor do bem, desde que, no momento do fato, detivesse o seu poder de comando ou direção intelectual”. (GAGLIANO, Stolze, P., FILHO, P., Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume 3 - responsabilidade civil. São Paulo; Saraiva, 2019. 9788553609529. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788553609529/. Accesso em: 31 Mar 2020 RESPONSABILIDADE DO PROPRIETÁRIO NO CASO DO FURTO OU ROUBO DE VEÍCULO - Perda do poder de direção sobre a coisa – Inexistência de responsabilidade, salvo e a perda do objeto se deu com culpa do proprietário. RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. VEÍCULO FURTADO. DANOS CAUSADOS PELO CONDUTOR, AUTOR DO DELITO. RESPONSABILIDADE DO PROPRIETÁRIO E DO GUARDIÃO DO AUTOMÓVEL. NECESSIDADE QUE A OMISSÃO DO GUARDIÃO EQUIVALHA À CULPA GRAVE OU AO DOLO. 1. Não se pode exigir daquele que guarda automóvel, seu ou de outrem, mais cuidados do que se exigiria da média das pessoas. 2. Só responde por culpa in vigilando aquele cuja omissão na guarda do veículo equivalha à culpa grave ou dolo. Não age com culpa in vigilando quem guarda veículo na garagem de sua casa e coloca as respectivas chaves em outro cômodo, na parte íntima da residência. 3. Afastada a culpa in vigilando do guardião do automóvel, também se afasta a culpa in eligendo do proprietário. 4. Declarada pelo acórdão recorrido a circunstância de que o veículo causador do dano - guardado em garagem - fora furtado por terceiro, não há como cogitar-se em culpa in vigilando. (REsp 445.896/DF, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, TERCEIRA TURMA, julgado em 21/02/2006, DJ 10/04/2006, p. 169) VEÍCULO EMPRESTADO - A despeito de o proprietário ter transferido de forma jurídica válida o poder jurídico sobre a coisa, entende o STJ que o proprietário responde solidariamente pelo acidente causado pelo veículo que emprestou. • CIVIL. RESPONSABILIDADE. ACIDENTE DE TRÂNSITO. O proprietário responde solidariamente pelos danos causados por terceiro a quem emprestou o veículo. Agravo regimental não provido. • (AgRg no REsp 233.111/SP, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, TERCEIRA TURMA, julgado em 15/03/2007, DJ 16/04/2007, p. 180) RESPONSABILIDADE CIVIL PELA GUARDA DO ANIMAL Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior. RESPONSÁVEIS -PROPRIETÁRIO -DETENTOR “O dispositivo em exame não atribui a responsabilidade exclusivamente ao dono porque, como já visto, pode ele ter transferido juridicamente a guarda do animal a outrem, como no caso de locação, comodato etc., ou tê-la perdido em razão de furto e roubo. Por isso o Código atribui também responsabilidade ao detentor do animal, isto é, àquele que, embora não sendo o dono, tinha o efetivo controle dele, o poder de direção, podendo, assim, guardá-lo com o cuidado necessário e preciso para que ele não cause dano a outrem”. (FILHO, C., Sergio. Programa de Responsabilidade Civil, 13ª edição. São Paulo; Atlas, [2019. 9788597018790. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597018790/. Accesso em: 31 Mar 2020) RESPONSABILIDADE OBJETIVA POR OMISSÃO “Nessa hipótese, haverá responsabilidade sem que a vítima precise provar a culpa do dono do animal (responsabilidade objetiva, portanto)” (Braga Netto, Felipe Peixoto Novo tratado de responsabilidade civil / Felipe Peixoto Braga Netto, Cristiano Chaves de Farias, Nelson Rosenvald. – 4. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2019). EXCLUDENTES - CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA - FORÇA MAIOR REPONSABILIDADE PELA RUÍNA DE EDIFÍCIO Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta. RESPONSABILIDADE OBJETIVA (...)em nosso entendimento, essa regra consagra indiscutivelmente a responsabilidade civil objetiva do dono do edifício ou construção”. (GAGLIANO, Stolze, P., FILHO, P., Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume 3 - responsabilidade civil. São Paulo; Saraiva, 2019. 9788553609529. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/97885536 09529/. Accesso em: 31 Mar 2020 RESPONSÁVEL - PROPRIETÁRIO - Em regra o proprietário será responsabilizado - Possibilidade de responsabilização solidária do empreiteiro. “À luz do art. 937 do Código Civil, portanto, só o proprietário é o responsável pelos danos resultantes da ruína do edifício. O máximo que a jurisprudência tem admitido, já que não acarreta prejuízo algumpara a vítima – antes, pelo contrário, maior garantia no recebimento da indenização –, é a condenação solidária do empreiteiro ou construtor, se ingressou no processo como litisconsorte”.(FILHO, C., Sergio. Programa de Responsabilidade Civil, 13ª edição. São Paulo; Atlas, [2019. 9788597018790. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/97885970 18790/. Accesso em: 31 Mar 2020) RUÍNA “Vale salientar, ainda, que a “ruína” do edifício ou construção pode significar a sua destruição tanto total quanto parcial. A jurisprudência, aliás, tem sido maleável ao interpretar esse conceito, admitindo a subsunção nessa categoria de hipóteses tais como: desprendimento de revestimentos de parede, queda de telhas e de vidros, soltura de placas de concreto etc.” .”(GAGLIANO, Stolze, P., FILHO, P., Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume 3 - responsabilidade civil. São Paulo; Saraiva, 2019. 9788553609529. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788553609529/. Accesso em: 31 Mar 2020) RESPONSABILIDADE PELAS COISAS CAÍDAS DE PRÉDIO Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido. RESPONSABILIDADE OBJETIVA “Indiscutivelmente, cuida-se de responsabilidade civil objetiva, pois o agente só se exime provando não haver participado da cadeia causal dos acontecimentos”.(GAGLIANO, Stolze, P., FILHO, P., Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume 3 - responsabilidade civil. São Paulo; Saraiva, 2019. 9788553609529. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788553609529/. Accesso em: 31 Mar 2020) RESPONSÁVEL – HABITANTE DO PREDIO “Aquele que habita o prédio é o guardião das coisas que o guarnecem, e cabe ao guardião o dever de segurança por todas essas coisas. Não importa a que título a habitação é exercida, se como proprietário, locatário, comodatário ou mero possuidor: a responsabilidade será do morador. Não seria justo atribuir essa responsabilidade ao dono do prédio, como no caso do art. 937, porque o proprietário não tem a guarda das coisas que guarnecem o prédio quando este está locado ou na posse de outrem. Eventualmente o morador terá que responder pelo fato de outrem se pessoas estranhas à sua família lançarem ou deixarem a coisa cair quando estiverem na casa, como visitas, amigos numa festa etc.” (FILHO, C., Sergio. Programa de Responsabilidade Civil, 13ª edição. São Paulo; Atlas, [2019. 9788597018790. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597018790/. Accesso em: 31 Mar 2020) IMPORTANTE - No caso de condomínios edilícios, não sendo possível identificar de onde partiu o objeto, todos os moradores responderão de forma solidária RESPONSABILIDADE CIVIL. OBJETOS LANÇADOS DA JANELA DE EDIFÍCIOS. A REPARAÇÃO DOS DANOS É RESPONSABILIDADE DO CONDOMÍNIO. A impossibilidade de identificação do exato ponto de onde parte a conduta lesiva, impõe ao condomínio arcar com a responsabilidade reparatória por danos causados à terceiros. Inteligência do art. 1.529, do Código Civil Brasileiro. Recurso não conhecido. (REsp 64.682/RJ, Rel. Ministro BUENO DE SOUZA, QUARTA TURMA, julgado em 10/11/1998, DJ 29/03/1999, p. 180) FIM
Compartilhar