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Ead - Slides - Inadimplemento e Mora - Transmissao

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14/05/2020
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Do Inadimplemento das Obrigações
A regra é toda obrigação ser cumprida, é todo contrato ser
cumprido, afinal o contrato faz lei entre as partes, e como
diziam os romanos “pacta sunt servanda”.
Porém, excepcionalmente, as obrigações podem não ser
cumpridas por culpa do devedor ou por culpa do credor ou
por algum acidente ( = caso fortuito ou de força maior).
A culpa do devedor pode ensejar a mora ou o
inadimplemento.
A mora é o atraso no pagamento enquanto o
inadimplemento é a falta de pagamento.
Curioso é que a mora pode também ser do credor, ou seja, o
credor pode se negar a aceitar o pagamento (ex: A deve
milho a B, mas B se recusa a aceitar alegando que os grãos
estão estragados).
INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES
TOTAL: inadimplemento da obrigação toda ou PARCIAL:
descumprimento de parte da obrigação.
ABSOLUTO ou RELATIVO: leva-se em consideração
possibilidade e utilidade da prestação
Interessa para o credor que a obrigação seja cumprida
depois?
- impossibilidade ou inutilidade - inadimplemento
absoluto.
- a prestação ainda pode ser cumprida –
inadimplemento relativo.
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MORA: é o atraso no pagamento ou no recebimento,
tanto por culpa do devedor (mora solvendi) como por
culpa do credor (mora accipiendi).
A mora é o inadimplemento relativo.
A mora é o cumprimento imperfeito da obrigação e não
o atrasado.
Art. 394 – Inadimplemento relativo ou mora: é o
cumprimento imperfeito da obrigação em termos de
tempo, lugar e forma, tanto pelo credor, como pelo
devedor.
Conceito: mora é a impontualidade culposa do devedor
no pagamento ou do credor no recebimento (394).
Art. 396 – para que um indivíduo seja considerado
em mora é necessário haver fato ou omissão
imputável a ele. Se não for de responsabilidade do
devedor, este não responde pela imperfeição.
Se ambos tiverem culpa não haverá mora, pois as
moras recíprocas se anulam.
Se o devedor atrasa sem culpa (ex: por causa de um
acidente, uma greve, uma cheia, um caso fortuito
ou de força maior) não haverá mora (396).
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Mas a mora do credor independe de culpa e o
devedor nesse caso deve consignar o pagamento.
Assim não importam os motivos da mora do credor,
o devedor precisa exercer seu dever e seu direito de
pagar através da consignação (335 , I – observem
que tal inciso usa a expressão “se o credor não
puder”, não importando assim os motivos pelos
quais o credor não pôde ir buscar o pagamento,
mesmo que sejam decorrentes de um caso fortuito).
A mora do credor é mais rara.
Efeitos da mora do credor: o credor que não quiser ou não for
receber o pagamento conforme acertado sujeita-se a quatro
efeitos:
1) o credor em mora libera o devedor da responsabilidade pela
conservação da coisa (ex: A deve um cavalo a B que ficou de ir
buscá-lo na fazenda de A; a mora de B não responsabiliza A caso o
cavalo venha a morrer mordido por uma cobra após o vencimento;
§ 2º do 492);
2) o credor em mora deve ressarcir o devedor com as despesas
pela conservação da coisa;
3) obriga o credor a pagar um preço mais alto pela coisa se a
cotação subir;
No art. 400 do CC vamos encontrar estes três efeitos;
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4) último efeito: o credor em mora não pode cobrar
juros do devedor desse período, afinal foi do credor a
culpa pela atraso no pagamento.
Mora do devedor: a mora solvendi pode se equiparar
ao inadimplemento e o credor exigir então perdas e
danos (389).
Ex: A compra docinhos para o casamento da filha, mas a
comida atrasa e chega depois da festa, é evidente que
esta mora corresponde a um inadimplemento (pú do
395). Se o atraso foi por culpa da doceira, além de
devolver o dinheiro, vai ter que pagar as perdas e danos
do 389.
Mas se o atraso foi por causa de uma enchente que
derrubou a ponte, a doceira só terá que devolver o
dinheiro, sem os acréscimos das perdas e danos.
Se eu atraso o pagamento do condomínio eu estou
em mora e vou pagar a multa, mas é evidente que
esta mora não corresponde a um inadimplemento
pois interessa ao condomínio receber o pagamento
atrasado. (veremos mais perdas e danos em breve)
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Pressupostos da mora do devedor:
1) crédito vencido (397);
2) culpa do devedor: esta é a culpa lato sensu (= em
sentido amplo) que corresponde ao dolo e à culpa
stricto sensu (= em sentido restrito), que se divide em
imprudência e negligência, como vocês estudaram em
ato ilícito no semestre passado; se não há qualquer
culpa, mas caso fortuito ou de força maior não existe
mora do devedor (393, 396);
3) possibilidade de cumprimento tardio da obrigação
com utilidade para o credor, caso contrário teremos
inadimplemento e não mora (pú do 395).
Efeitos da mora do devedor:
1) o devedor responde pelos prejuízos causados, mais
multa, juros, etc (395);
2) o devedor em mora responde pelo caso fortuito ou
de força maior ocorridos durante o atraso (399, ex: A
deve um cavalo campeão a B, mas A entrou em mora
para levar o cavalo para B, então vem uma cheia e mata
o cavalo, A irá responder por perdas e danos, salvo se
conseguir provar que a cheia também atingiu a fazenda
de B e que o cavalo morreria do mesmo jeito se
estivesse lá; se a cheia chegasse antes do vencimento A
também não iria responder perante B pela morte do
cavalo pois se tratou de um caso fortuito ou de força
maior).
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Purgação da mora: purgar significa emendar,
reparar, remediar; purgar a mora é consertar/sanar
as consequências da mora, tanto para o devedor
como para o credor, conforme art. 401.
Art. 401. Purga-se a mora:
I - por parte do devedor, oferecendo este a
prestação mais a importância dos prejuízos
decorrentes do dia da oferta;
II - por parte do credor, oferecendo-se este a
receber o pagamento e sujeitando-se aos efeitos da
mora até a mesma data.
Em caso de inadimplemento do devedor não se purga
mais a mora, resolvendo-se em perdas e danos. A mora
do devedor pode também ser purgada se o credor
perdoar/remir/dispensar as perdas e danos do 395.
JUROS LEGAIS: um dos efeitos da mora do devedor é o
pagamento de juros ao credor (395), principalmente
nas obrigações de dar dinheiro ( = pecuniárias).
Conceito de juro: é a remuneração que o credor exige
por emprestar dinheiro ao devedor. Juro é igual a
rendimento, é igual a fruto civil.
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Os juros, estes são livres, conforme art. 406, sendo
fixados pelas partes no contrato ou pelo mercado
financeiro.
Depois de assinado o contrato, não adianta dizer
que os juros são altos, pois contrato é para ser
cumprido. Se as partes não fixarem os juros, estes
serão de um por cento ao mês, conforme art. 406
do CC combinado com o art. 161, § 1º do Código
Tributário Nacional, pois este é o juro devido no
pagamento de impostos.
- Inadimplemento –
Inadimplemento é o não pagamento/cumprimento
da obrigação, enquanto a mora é o atraso do
devedor no pagamento ou do credor no
recebimento; inadimplemento é só do devedor,
mora pode ser de ambas as partes.
Efeito do inadimplemento: responsabilizar o
devedor por perdas e danos, se este
inadimplemento for culposo (389).
Se o inadimplemento não for culposo o devedor
está isento das perdas e danos, mas é ônus do
devedor provar o caso fortuito ou de força maior.
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O caso fortuito ou de força maior está conceituado
no pú do 393; o fato precisa ser
superveniente/futuro e imprevisível para justificá-lo.
- É um problema (ex: cheia, seca, greve, doença,
roubo) que o devedor não contribuiu para sua
ocorrência e nem poderia evitar.
O fato do príncipe é também um caso fortuito (ex: A
deve cigarro a B, porém vem uma lei proibindo o
fumo no país, então a obrigação se extingue face à
ilicitude do objeto; chama-se fato do príncipe em
alusão ao Estado, pois antigamente os governantes
eram monarcas).
Espécies de inadimplemento: culposo e fortuito.
a) culposo: é a culpa lato sensu, em sentido amplo, que
envolve o dolo (intenção), e a culpa em sentido
restrito: negligência e imprudência.
É o inadimplemento culposo que vai gerar
responsabilidade patrimonial por perdas e danos (391),
sobre os bens do devedor, afinal não existeprisão por
dívida, salvo no depósito (veremos em Civil 3) e na
pensão alimentícia (veremos em Civil 6).
Súmula Vinculante 25 STF - É ilícita a prisão civil de
depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de
depósito.
Assim, se o inadimplente não possui bens, ao credor só
resta lamentar, é o chamado na brincadeira de jus
sperniandi.
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O inadimplemento culposo vai corresponder ao não
cumprimento da obrigação de forma intencional (dolo)
ou culposa (culpa stricto sensu = negligência e
imprudência).
Viola o devedor sua obrigação de cumprir a prestação e
deverá arcar com perdas e danos. Todavia, em alguns
contratos, a depender da prestação, ao invés de perdas
e danos, o devedor poderá ser obrigado pelo Juiz a
cumprir o contrato (art 475).
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode
pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe
o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos,
indenização por perdas e danos.
PERDAS E DANOS: 
- o que são estas perdas e danos devidas pelo
inadimplente ao credor?
Não se trata de um enriquecimento do credor
(403), mas sim de uma compensação financeira
pelos danos sofridos pelo credor, sejam danos
materiais, sejam danos morais.
Os danos materiais correspondem aos lucros
cessantes e ao dano emergente.
Dano emergente é aquilo que o credor
efetivamente perdeu e lucro cessante é aquilo que
o credor razoavelmente deixou de lucrar (402).
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O dano emergente é o desfalque sofrido pelo
patrimônio da vítima, é a diferença entre o que a
vítima tinha antes e depois do ato ilícito; lucro
cessante é a perda de um lucro esperado, e não um
lucro presumido ou eventual (403).
Mas o dano pode também ser moral (186), que é o
dano que atinge a honra da pessoa (art. 20), que
provoca sofrimento, abalo psicológico, perda do
sono da vítima, etc.
O dano moral ofende os direitos da personalidade
da pessoa, ou seja, os atributos físicos (o corpo, a
vida), psíquicos (sofrimento) e morais (honra, nome,
intimidade, imagem) da pessoa.
Enfim, o dano moral é uma coisa séria, não é
qualquer aborrecimento do cotidiano.
Repito: dano moral se justifica especialmente
quando atinge o equilíbrio emocional da vítima, é a
dor, angústia, desgosto, aflição espiritual e
humilhação (ex: alguém que perde uma perna ou
um filho num acidente).
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O dano é muito importante, é mais importante do
que a culpa, assim não se fala em indenização por
inadimplemento se não houve dano.
Existe até responsabilidade sem culpa, mas desde
que exista dano, material ou moral (pú, do 927).
b) inadimplemento fortuito: o devedor não paga
diante de um caso fortuito ou de força maior,
ficando assim, de regra, livre de indenizar o credor
(393).
A obrigação vai se extinguir, as partes retornam ao
estado anterior, mas sem indenização do 389
Há casos de responsabilidade sem culpa, desde que
haja dano:
- se o devedor está em mora, ele responde pelo
caso fortuito (399); - um dos efeitos da mora
solvendi. Só não responde se provar que a coisa iria
perecer também nas mãos do credor.
- o devedor pode expressamente se responsabilizar
pelo caso fortuito; isto é comum nos contratos
internacionais, então quando se exporta açúcar,
carne, soja, etc., o devedor se obriga a mandar o
produto, ou pagar as perdas e danos, mesmo que
haja uma greve, uma seca, etc.
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- Transmissão das Obrigações –
- Cessão de Crédito e Assunção de Débito
Cessão de crédito: é a venda de um direito de 
crédito; é a transferência ativa da obrigação que o 
credor faz a outrem de seus direitos; corresponde 
à sucessão ativa da relação obrigacional.
Quando estudamos pagamento por sub-rogação 
vimos que a cessão de crédito é idêntica, mas na 
sub-rogação a dívida mantem o valor, já a cessão de 
crédito pode envolver valores diversos tendo em 
vista a liberdade entre as partes.
Conceito: cessão de crédito é o negócio jurídico onde o
credor de uma obrigação, chamado cedente, transfere
a um terceiro, chamado cessionário, sua posição ativa
na relação obrigacional, independentemente da
autorização do devedor, que se chama cedido.
Tal transferência pode ser onerosa ou gratuita, ou seja,
o terceiro pode comprar o crédito ou simplesmente
ganhá-lo (= doação) do cedente.
Anuência do devedor: como já disse, a cessão é a
venda do crédito, afinal o cedido continua devendo a
mesma coisa, só muda o seu credor. O cessionário ( =
novo credor) perante o cedido/devedor fica na mesma
posição do cedente ( = credor velho).
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A cessão dispensa a anuência do devedor que não
pode impedi-la, salvo se o devedor se antecipar e
pagar logo sua dívida ao credor primitivo. Todavia, o
cedido ( = devedor) deve ser notificado da cessão,
não para autorizá-la, mas para pagar ao cessionário
( = novo credor, 290).
Forma da cessão: não exige formalidade entre o
novo e o velho credor, pode até ser verbal, mas
para ter efeito contra terceiros deve ser feita por
escrito (288).
A escritura pública é aquela do art. 215, feita em
Cartório de Notas. O contrato particular é feito por
qualquer advogado.
Que créditos podem ser objeto de cessão?
Todos, salvo os créditos alimentícios (ex: pensão,
salário), afinal tais créditos são inalienáveis e
personalíssimos, estando ligados à sobrevivência das
pessoas.
A lei proíbe também a cessão de alguns créditos como o
crédito penhorado (298 – vocês vão estudar penhora
em processo civil) e o crédito do órfão pelo tutor (1749,
III – tutela é assunto de Civil 6).
O devedor pode também impedir a cessão desde que
esteja expresso no contrato celebrado com o credor
primitivo, caso contrário, como já disse, caso queira
impedir a cessão o devedor terá que se antecipar e
pagar logo.
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Espécies de cessão:
1) convencional: é a mais comum, e decorre do acordo
de vontades como se fosse uma venda (onerosa) ou
doação (gratuita) de alguma coisa, só que esta coisa é
um crédito;
2) legal: imposta pela lei (ex: nosso conhecido 346; no
287 também é imposto pela lei a cessão dos acessórios
da dívida como garantias, multas e juros);
3) judicial: determinada pelo Juiz no caso concreto,
explicando os motivos na sentença para resolver litígio
entre as partes.
A cessão pode também ser “pro soluto” ou “pro
solvendo”;
- na pro soluto o cedente responde pela existência e
legalidade do crédito, mas não responde pela solvência
do devedor (ex: A cede um crédito a B e precisa garantir
que esta dívida existe, não é ilícita, mas não garante que
o devedor/cedido C vai pagar a dívida, trata-se de um
risco que B assume).
- na cessão pro solvendo o cedente responde também
pela solvência do devedor, então se C não pagar a dívida
(ex: o cheque não tinha fundos), o cessionário poderá
executar o cedente. Mas primeiro deve o cessionário
cobrar do cedido para depois cobrar do cedente.
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Quando a cessão é onerosa, o cedente sempre
responde pro soluto, idem se a cessão foi gratuita e
o cedente agiu de má-fé;
Ex: dar a terceiro um cheque sabidamente
falsificado gera responsabilidade do cedente;
Mas se o cedente não sabia da ilegalidade não
responde nem pro soluto, afinal foi doação mesmo
- 295);
O cedente só responde pro solvendo se estiver
expresso no contrato de cessão (296).
– Assunção de dívida –
É a transferência passiva da obrigação, enquanto a
cessão é a transferência ativa.
A assunção é rara e só ocorre se o credor
expressamente concordar, afinal para o devedor faz
pouca diferença trocar o credor ( = cessão de
crédito), mas para o credor faz muita diferença
trocar o devedor, pois o novo devedor pode ser
insolvente, irresponsável, etc. (299 e 391).
Ressalto que o silêncio do credor na troca do
devedor implica em recusa, afinal em direito nem
sempre quem cala consente (pú do 299).
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Na assunção o novo devedor assume a dívida como
se fosse própria, ao contrário da fiança onde o
fiador responde por dívida alheia (veremos fiança
em Civil 3).
Conceito: contrato onde um terceiro assume a
posição do devedor, responsabilizando-se pela
dívida e pela obrigação que permaneceíntegra,
com autorização expressa do credor.
Observação: ao contrário do pú do 299, nós
percebemos que “quem cala consente” no art. 303;
trata-se de uma aceitação tácita do credor para a
troca do devedor, afinal na hipoteca a garantia é a
coisa (assunto de Civil 5).
Preferências e Privilégios Creditórios
É o "concurso de credores" do antigo Código Civil.
Sabe-se que não existe prisão por dívida, de modo
que o credor precisa atacar o patrimônio do
devedor para se satisfazer.
Então o que o credor deseja/precisa é de receber o
dinheiro, sob pena de execução. E se o devedor não
tem bens?
Ao credor só resta ter raiva, na brincadeira é o “jus
sperniandi” (391, 942). E se o devedor tem bens,
porém possui mais dívidas do que bens, o que
fazer?
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Resposta: aplicar as regras do concurso de
credores.
Mas sempre que o passivo do devedor for superior a
seu ativo, é preciso dividir seu bens com os
credores.
Esta é a chamada falência da pessoa física, ou
insolvência.
Então insolvente é a pessoa física que possui mais
dívidas do que bens para satisfazer todas elas, pelo
que deverá ser instaurado o concurso de credores
com a declaração de insolvência, para a correta
divisão dos bens entre os credores (955).
Efeito do concurso de credores:
Rateio dos bens do devedor entre os credores.
Como se dá esse rateio?
Se todos os credores forem iguais, ou seja, sem
nenhuma vantagem/privilégio/preferência entre
eles, o rateio é proporcional ao crédito de cada um
(957, 962).
Mas se existem créditos quirografários ( = crédito
simples, sem qualquer vantagem) ao lado de
créditos preferenciais, os preferenciais receberão
primeiro.
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Que créditos são preferenciais? São aqueles com vantagem
concedida pela lei a certos credores para terem prioridade
sobre os concorrentes no recebimento do crédito. A ordem
de preferência estabelecida pela lei é a seguinte:
1 – créditos alimentícios: salários, créditos trabalhistas,
pensão alimentícia, etc. Os empregados e dependentes do
devedor insolvente recebem em primeiríssimo lugar.
2 – créditos tributários: satisfeitos os créditos alimentícios,
devem ser pagas as dívidas tributárias do insolvente, ou seja,
os impostos e taxas devidos pelo insolvente; satisfeito o
poder público, sobrando dinheiro, pagam-se os credores do
terceiro grupo:
3 – créditos com garantia real, são aqueles créditos com
hipoteca, penhor, anticrese e alienação fiduciária.
Veremos tais direitos reais de garantia em Civil 5 (958).
Observem que os primeiros credores de direito privado estão
aqui, em terceiro lugar, pois os credores supra são de direito
público.
4 – créditos com privilégio especial: são aqueles
credores do art. 964.
5 – créditos com privilégio geral: são aqueles
credores do art. 965.
6 – finalmente, os créditos quirografários (961 – o
crédito “simples” a que se refere este artigo é o
crédito quirografário).
Observações importantes:
a) os créditos preferenciais com prioridade recebem
integralmente antes de outros créditos
preferenciais, então só se passa para o grupo
seguinte após satisfação integral do anterior;
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b) só após satisfação integral dos créditos
preferenciais (1 a 5) é que se faz o rateio
proporcional entre os quirografários. Digo rateio
proporcional porque se os quirografários também
receberem na íntegra não haveria necessidade de
ter sido instaurado o concurso de credores. Assim
os quirografários sempre recebem parcialmente;
c) a Lei de Falências no. 11.101/05, alterou esta
ordem para as empresas, então agora os credores
com garantia real recebem com prioridade sobre os
créditos tributários em caso de falência de uma
empresa. Mais detalhes vocês terão em Direito
Comercial.

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