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Direito Previdenciário
Aula 2: Princípios constitucionais e gerais da Seguridade Social
e o Regime Geral da Previdência Social e Regimes Próprios
Apresentação
O que é um homem sem princípios para norteá-lo? Muito provavelmente ele se perderá, não saberá onde ir e, quando se
deparar com um problema, com certeza terá di�culdades para resolvê-lo. Sem princípios que norteiam, o caminho será
mais árduo.
Esse mesmo entendimento pode ser aplicado a uma matéria, ao estudo de um tema em especí�co. A seguridade social,
sem princípios para a dirigirem, perder-se-á e não cumprirá com seu maior objetivo que é a segurança. São os princípios
que trazem segurança jurídica para o direito. É por isso que nesta aula aprenderemos os princípios mais importantes.
Objetivo
Reconhecer os princípios norteadores da Seguridade Social;
Explicar o funcionamento dos regimes de previdência.
Palavras iniciais
Você provavelmente já deve ter ouvido falar de princípios, sobretudo quando começa um novo conteúdo, seja ele de direito civil,
penal, constitucional, en�m, qualquer outro ramo do direito. Com o direito previdenciário não é diferente. Nesta aula, veremos
os princípios que norteiam a previdência.
Tendo aprendido os princípios, poderemos entender como funcionam os regimes de previdência. Assim como todo instituto
possui suas regras de funcionamento e suas normas gerais, com os regimes de previdência não é diferente. Analisaremos
ponto a ponto o Regime Geral de Previdência e os regimes próprios.
 Previdência e seus recursos para informações (Fonte: Shutterstock).
Princípios gerais
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
É importante termos em mente que, por mais que no meio acadêmico se faça distinção entre as matérias, o direito muitas
vezes se mescla, tendo o direito previdenciário, por exemplo, ligação com o direito tributário, o direito administrativo, o direito
trabalhista, en�m, inúmeros outros ramos.
Ter isso em mente nos facilita o entendimento de alguns princípios que são gerais a todos esses ramos. O primeiro desses
princípios é o princípio da solidariedade.
Princípio da
solidariedade
O princípio da solidariedade
norteia a Previdência Social no
que concerne à solidariedade
entre os membros da
sociedade. A solidariedade nada
mais é que o dever de ajudar o
próximo, da cooperação mútua
entre as partes. Esse princípio
assegura a dignidade da pessoa
humana a todos os membros da
sociedade.
Princípio da legalidade
Esse princípio também é muito
importante para o entendimento
da previdência. Ele pode ser
dividido para particulares e para
o poder público. Para o
particular, signi�ca poder fazer
tudo o que a lei não proibir, ou
seja, o particular tem a liberdade
de fazer o que bem entender,
como entender, a hora que
quiser, desde que a lei não o
proíba.
É por conta desse princípio que o aposentado que recebe benefício da
previdência, mesmo já tendo contribuído, continua com suas prestações
compulsórias, pois ele tem o dever de prover aos que agora necessitam.
Princípios constitucionais do direito previdenciário
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Agora que já vimos dois dos principais princípios gerais do direito que coadunam entre várias matérias, veremos o que a
constituição brasileira tem a nos dizer quanto aos princípios a serem observados e obedecidos pelo sistema previdenciário.
Os incisos do artigo 194 da Constituição da República Federativa do Brasil são de aplicação exclusiva no âmbito da seguridade
social, valendo para a saúde, a previdência social e a assistência social. Veremos somente os objetivos gerais da seguridade
social e os pertinentes à previdência social.
Universalidade da
cobertura e do
atendimento
Esse princípio, conforme
podemos deduzir pelo nome,
prevê que todos têm direito ao
atendimento e cobertura ampla
de riscos sociais. A
universalidade é a proteção
social alcançando a todos os
eventos que não podem sofrer
demora, que precisam ser
atendidos de imediato,
promovendo a subsistência de
quem necessite com a entrega
de prestações, ações e serviços
de seguridade social.
Uniformidade e
equivalência dos
benefícios e serviços às
populações urbanas e
rurais
Já contemplado no artigo 7º da
Constituição, este princípio visa
tratar de maneira uniforme os
trabalhadores urbanos e rurais,
não fazendo distinção entre
eles, concedendo idênticos
benefícios e serviços para os
mesmos eventos cobertos pelo
sistema. Isso não signi�ca dizer
que um trabalhador rural terá
igualdade na concessão de
benefício, pois o valor pode ser
diferenciado. O que se leva em
conta é a equivalência.
Seletividade e
distributividade na
prestação dos
benefícios e serviços
Como todo recurso possui sua
limitação, ele não pode ser
utilizado de qualquer modo.
Deve-se conceder o benefício a
quem efetivamente necessite
dele. Isso equivale a dizer que
não existe um único benefício
ou serviço, sendo eles
distribuídos de forma seletiva,
conforme a necessidade do
segurado.
Irredutibilidade do
Valor dos Benefícios
Muitíssimo parecido com o
princípio trabalhista que veda a
redução do salário percebido
pelo empregado, este princípio
assegura que o benefício
concedido não pode ter seu
valor nominal reduzido, sofrer
descontos, penhoras, arrestos,
salvo por força de lei.
Equidade na forma de
participação no custeio
Este princípio possui como
meta, objetivo, e não regra
concreta, a equidade, garantindo
aos hipossu�cientes a proteção
social. Os hipossu�cientes só
contribuirão quando possível e o
equivalente a seu poder
contributivo. Então vale dizer
que esse princípio tem como
pressuposto a capacidade
contributiva de cada um, ou
seja, a pessoa que ganha mais
contribui com mais e a pessoa
que ganha menos contribui com
menos.
Diversidade da base de
�nanciamento
Esse princípio visa garantir uma
maior amplitude na forma de
custeio da Seguridade Social,
não a deixando apenas a cargo
dos trabalhadores, dos
empregadores e do poder
público. É com base nesse
princípio que ocorre a
possibilidade de cobrança da
CPMF – Contribuição Provisória
sobre Movimentação Financeira.
Este princípio, portanto, traz
maior segurança para a
Seguridade Social, pois amplia
as fontes de custeio.
Caráter democrático e
descentralizado da
administração,
mediante gestão
quadripartite, com
participação dos
trabalhadores, dos
empregadores, dos
aposentados e do
governo nos órgãos
colegiados
Tendo em vista o
gerenciamento dos recursos por
meio de discussão com a
sociedade, esse princípio
possibilitou a criação de
órgãos de deliberação , tal
como o Conselho Nacional de
Previdência Social – CNPS, o
Conselho Nacional de
Assistência Social – CNAS e o
Conselho Nacional de Saúde –
CNS.
1
Atividade
1. Dentre os princípios constitucionais que regem o Direito Previdenciário, destaca-se aquele que visa garantir uma maior
amplitude na forma de custeio da Seguridade Social, não deixando apenas a cargo dos trabalhadores, dos empregadores e do
poder público. Além disso, foi com base nesse princípio que se cobrou a CPMF por anos no Brasil. Trata-se do princípio da:
a) Uniformidade e Equivalência dos Benefícios e Serviços às Populações Urbanas e Rurais.
b) Equidade na Forma de Participação no Custeio.
c) Diversidade da Base de Financiamento.
d) Universalidade da Cobertura e do Atendimento.
e) Seletividade e Distributividade na Prestação dos Benefícios e Serviços.
Regimes de previdência
Agora que você aprendeu todos os princípios que norteiam a Seguridade Social, chegou a hora de conhecermos os principais
regimes e o funcionamento de cada um. Os regimes podem ser classi�cados em:
Básicos - são aqueles a que as pessoas são obrigadas a se �liarem;
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/dp0172/aula2.html
Complementares - são aqueles a que as pessoas apenas se �liam se houver interesse.
O trabalhador é automaticamente �liado ao regime básico de previdência social no exatomomento em que ele desempenha
qualquer atividade remunerada. De um modo geral, o trabalhador é �liado ao RGPS – Regime Geral de Previdência Social, que é
administrado pelo INSS – Instituto Nacional da Seguridade Social e pela SRFB – Secretaria da Receita Federal do Brasil.
Já o servidor público dos entes federados, como União, Estados e Municípios – estes dois últimos somente se os entes assim
estabelecerem – é �liado ao regime próprio de previdência, que possui uma sistemática um pouco diferenciada da do Regime
Geral.
Já o servidor público dos entes federados, como União, Estados e
Municípios – estes dois últimos somente se os entes assim
estabelecerem – é �liado ao regime próprio de previdência, que
possui uma sistemática um pouco diferenciada da do Regime Geral.
Vamos ver, primeiramente, o funcionamento do Regime Geral de Previdência Social – RGPS e suas peculiaridades.
Clique nos botões para ver as informações.
Vamos ver, primeiramente, o funcionamento do Regime Geral de Previdência Social – RGPS e suas peculiaridades.
O Regime Geral de Previdência Social é único, vinculando todos os trabalhadores da iniciativa privada, tais como os que
são regidos pela CLT – Consolidação das Leis do Trabalho (empregados domésticos, empregados rurais, autônomos,
empresários, microempresários, trabalhadores avulsos, pequeno produtor rural, sacerdotes, etc.), sendo disciplinado pelo
artigo 201 da Constituição e regido pela Lei nº 8.213/91, intitulada Plano de Benefícios da Previdência Social.
Além da �liação ser compulsória, aqueles que não estejam enquadrados como obrigatórios poderão contribuir para esse
regime de modo facultativo, obtendo, então, a condição de segurado do Regime Geral de Previdência Social. Essa
condição obedece ao princípio da universalidade do atendimento, previsto constitucionalmente no artigo 194, inciso I.
Vale ressaltar, ainda, como exceção, que caso algum ente federado não possua seu regime próprio de previdência, o
servidor público deverá ser �liado compulsoriamente, ou seja, obrigado a este Regime Geral.
Regime Geral de Previdência Social – RGPS 
Tratando agora dos servidores públicos, é importante conceituar o Regime Próprio que possuem. Pelo fato de a
constituição, originariamente, não ter previsto este tipo de regime, sendo criado somente após algumas emendas
constitucionais, sendo antes visto como matéria de direito administrativo, existem alguns pontos que são muito diferentes
do Regime Geral no que tange à União.
Por ser um Regime Próprio que se aplica a cada ente federado, são inúmeras as leis que tratam de sua sistemática. O que
a constituição prevê é que devem ser criados regimentos próprios para os servidores de cada ente.
Só pode ser �liado a este regime o servidor público ocupante de cargo efetivo. Os comissionados, temporários ou
empregados públicos não se enquadram neste regime, sendo vedada a sua �liação.
Conhecendo esses dois regimes, você pode se perguntar: e se houver alguém que trabalhe como funcionário público e
como empregado na iniciativa privada? Ou ainda lembrar de algum parente que exerça as duas funções. Resolver essa
aparente complicação é muito simples. Como ambos são de �liação obrigatória, o servidor público que também exerça
trabalho na iniciativa privada deverá ser �liado nos dois regimes. O mesmo entendimento vale para quem ocupar dois
cargos efetivos em dois entes federados diferentes um do outro. Esse funcionário deverá se �liar a ambos os regimes.
Regime Próprio de Previdência Social 
Agora veremos o último tipo de regime previdenciário. Tanto o Regime Geral de Previdência Social quanto o Regime
Próprio de Previdência Social são de �liação compulsória, entretanto o Regime Complementar não, sendo facultativo o
seu ingresso. Você deve ter percebido pelo nome desse regime que ele é apenas complementar, ou seja, a �liação a ele
não exclui a obrigatoriedade de �liação ao Regime Geral e ao Regime Próprio quando a lei o impuser. Esse regime pode
ser privado ou público.
Regime Complementar 
Qualquer pessoa pode se �liar a uma entidade aberta de previdência complementar privada, diferente das entidades fechadas
de previdência complementar privada, que são restritas à um determinado grupo, também conhecidas como fundo de pensão.
Portanto, vale dizer que uma pessoa que é �liada ao Regime Geral pode contribuir para um fundo de pensão – Regime
Complementar – e tornar sua aposentadoria superior ao teto do INSS.
De outro modo, as entidades fechadas de previdência complementar pública são destinadas aos servidores públicos que têm
seu teto salarial limitados ao que dispõe o INSS. Surge dessa situação uma possibilidade para o servidor aumentar sua
aposentadoria para além do teto, que é com a contribuição facultativa para essa entidade fechada de caráter público.
Assim, quando o servidor público se aposentar, ele pode garantir a
equiparação de valores de remuneração com os de aposentadoria. Um
grande exemplo desse tipo de entidade fechada é o Fundo de Pensão dos
Servidores Públicos Federais – FUNPRESP.
Um pouco mais de conhecimento
Chegamos ao �nal de mais um capítulo de nossas aulas. Nesta aula nós vimos os principais princípios que norteiam a
seguridade social. Você consegue lembrar quais são? Isso mesmo, como princípios gerais que se comunicam com outras
áreas do direito nós temos:

O princípio da solidariedade

O princípio da legalidade
Consegue ainda lembrar do que cada um deles dispõe?
Anote em um caderno separado para que você não esqueça.
E quanto aos direitos previstos constitucionalmente?
Esses são mais difíceis de serem lembrados, pois são muitos:
Universalidade da
Cobertura e do
Atendimento;
Uniformidade dos
Benefícios e Serviços às
Populações Urbanas e
Rurais;
Seletividade e
Distributividade na
Prestação dos Benefícios e
Serviços;
Irredutibilidade do Valor
dos Benefícios;
Equidade na Forma de
Participação no Custeio;
Diversidade da Base de
Financiamento;
Caráter Democrático e
Descentralizado da
Administração, Mediante
Gestão Quadripartite, com
Participação dos
Trabalhadores, dos
Empregadores, dos
Aposentados e do Governo
nos Órgãos Colegiados.
E por �m, vimos a diferenciação entre os principais regimes de previdência existentes.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Atividades
2. Existe em nosso ordenamento jurídico a previsão de um Regime Próprio de Previdência para servidores públicos. Com base
nesse entendimento, indaga-se: é possível que um servidor público �liado ao regime próprio seja também �liado ao Regime
Geral de Previdência Social?
3. A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativas dos poderes públicos e da sociedade
destinado a assegurar o direito relativo à saúde, à previdência e à assistência social. Com relação aos princípios e diretrizes que
a Seguridade Social deverá obedecer, assinale a alternativa incorreta, ou seja, a que não condiz com os princípios elencados na
Lei 8.212/1991 (Lei que dispõe sobre a organização da Seguridade Social):
a) Universalidade da cobertura e do atendimento.
b) Irredutibilidade do valor dos benefícios.
c) Equidade na forma de participação no custeio.
d) Base única de financiamento.
e) Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços.
Notas
Órgãos de deliberação1
Os órgão de deliberação são compostos por representantes do governo, dos trabalhadores, dos empregadores e dos
aposentados. Sucintamente, esse princípio visa assegurar a participação democrática de todos os interessados na Seguridade
Social.
Referências
CARBONE, C. O. Seguridade social no Brasil: �cção ou realidade? São Paulo: Atlas, 1994.
MELO, J. E. S. Contribuições sociais no sistema tributário. 3. ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.
REALE, M. Lições Preliminares de Direito. São Paulo: Saraiva, 2003.
STEPHANES, R. Reforma da previdência sem segredos. Rio de Janeiro: Record, 1998.
TAVARES, M. L. Previdência e assistência social: legitimação e fundamentaçãoconstitucional brasileira. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2003.
Próxima aula
Qualidade de segurado;
Filiação ao Regime;
Perda e restabelecimento.
Explore mais
Leia os artigos a seguir e enriqueça seu conhecimento:
Princípios constitucionais do direito previdenciário; <https://marins.jusbrasil.com.br/artigos/501939041/principios-
constitucionais-do-direito-previdenciario>
Perguntas frequentes sobre regime geral; <//www.previdencia.gov.br/perguntas-frequentes/regime-geral-rgps/>
Perguntas frequentes sobre regime próprio. <//www.previdencia.gov.br/perguntas-frequentes/regime-proprio-rpps/>
https://marins.jusbrasil.com.br/artigos/501939041/principios-constitucionais-do-direito-previdenciario
https://www.previdencia.gov.br/perguntas-frequentes/regime-geral-rgps/
https://www.previdencia.gov.br/perguntas-frequentes/regime-proprio-rpps/

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