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Os sertões, o campo e a cidade na Primeira República

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28/09/2023, 15:11 Os sertões, o campo e a cidade na Primeira República
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03469/index.html# 1/58
Os sertões, o campo e a cidade na Primeira
República
Prof. Daniel Pinha
Descrição
O processo de implementação da República no Brasil, as mudanças e as
permanências na transição do regime monárquico para o republicano
em termos de organização social.
Propósito
Profissionais que lidem com a história social brasileira precisam
conhecer a multiplicidade de nossos espaços e caminhos para
fundamentarem sua análise a respeito da vida individual e coletiva no
transcorrer do tempo.
Objetivos
Módulo 1
Projetos republicanos e experiência
política dos primeiros anos da
República
28/09/2023, 15:11 Os sertões, o campo e a cidade na Primeira República
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03469/index.html# 2/58
Descrever os projetos republicanos nos primeiros anos da República.
Módulo 2
Campos Salles e a consolidação da
República: a política dos
governadores
Identificar os elementos fundamentais da Primeira República a partir
do governo de Campos Salles.
Módulo 3
O Rio de Janeiro, cidade capital: a
vitrine do progresso republicano
Compreender o papel da cidade do Rio de Janeiro no contexto de
instauração da ordem republicana.
Introdução
O Brasil é um país republicano recente. Desde 1889, passa por
uma consolidação política de equilíbrio de forças. Esse trajeto
cria uma dinâmica complexa entre campo e cidade, ou seja, entre
os diversos espaços regionais. Ao longo deste estudo,
entenderemos mais sobre esse trajeto e sua execução no Brasil a
partir de exemplos e comparações.

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1 - Projetos republicanos e experiência política
dos primeiros anos da República
Ao �nal deste módulo, você será capaz de descrever os projetos
republicanos nos primeiros anos da República.
Brasil ou Brasis?
Vamos começar nosso estudo contextualizando o Brasil real, que
“Brasis” diferentes assistem a Constituição da República.
Um Brasil de muitos sertões
Neste vídeo, vamos analisar o processo republicano em Minas Gerais,
Amazonas e Santa Catarina em termos de visões sobre a República.

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https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03469/index.html# 4/58
Primeiros anos da República
No dia 15 de novembro de 1889, um acontecimento ocorrido nas ruas
do Rio de Janeiro mudou a vida política do país: um movimento militar
derrubou a monarquia brasileira e implantou a República. Quatro dias
depois, escrevia o jornalista Aristides Lobo:
Eu quisera dar a esta data a denominação
seguinte: 15 de novembro do primeiro ano da
República; mas não posso, infelizmente, fazê-
lo. O que se fez é um degrau, talvez nem
tanto, para o advento da grande era. Em todo
o caso, o que está feito pode ser muito, se os
homens que vão tomar a responsabilidade do
poder tiverem juízo, patriotismo e sincero
amor à Liberdade. Como trabalho de
saneamento, a obra é edificante. Por ora, a
cor do governo é puramente militar e deverá
ser assim. O fato foi deles, deles só, porque a
colaboração do elemento civil foi quase nula.
O povo assistiu àquilo bestializado, atônito,
surpreso, sem conhecer o que significava.
Muitos acreditavam sinceramente estar
vendo uma parada.
(CARONE, 1972, p. 288)
Aristides Lobo considerava a proclamação da República um
acontecimento puramente militar, sem muita participação dos civis
republicanos. Diferentemente do que acontecera cem anos antes, na
Revolução Francesa, o povo não era o protagonista daqueles
acontecimentos.

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Proclamação da
República no Brasil
Revolução francesa
Para José Murilo de Carvalho (1987), o adjetivo bestializado indica o
afastamento do povo em relação à República, não apenas no 15 de
novembro, mas ao longo de toda a experiência republicana, uma espécie
de pecado original do novo regime.
No entender da historiadora Maria Teresa Chaves de Mello (2007),
Aristides Lobo expressou surpresa diante do modo pelo qual
acontecimento do dia 15 de novembro se desenvolveu. Entretanto, é
necessário ressaltar o clima político republicano instaurado nas
décadas de 1870 e 1880, capaz de formar um consentimento em
relação à cultura política do novo regime.
A República abrigou o desejo de muitos descontentes com a monarquia
e deu forma política a sonhos e projetos republicanos muito diferentes
entre si. Os republicanos históricos projetavam um governo de corte
liberal e de forma federalista, ou seja:
Passando de uma
monarquia unitarista,
ou seja, centrada na
figura do imperador.
Para um regime
descentralizado, dando
poder às lideranças
regionais (presidentes
de província,
atualmente são os
governadores de
estado).
Também os positivistas reforçaram o movimento que implantou a
República. Além dos positivistas militares, como Benjamin Constant,
que participaram ativamente da revolta militar que derrubou a
monarquia, positivistas civis viam na República a possibilidade de levar
adiante seu projeto político:
Uma ditadura republicana que garantisse um governo
científico, os direitos do proletariado e a eliminação
dos privilégios, levando em conta o princípio de que
somente a ordem é capaz de garantir o progresso -
lema inscrito na bandeira nacional republicana.

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Havia ainda os chamados republicanos revolucionários: inspirados no
período jacobino da Revolução Francesa, defendiam a participação
direta e uma República que garantisse o governo da coisa pública sem a
mediação de representantes - nos termos do historiador José Murilo de
Carvalho, uma liberdade à moda antiga (CARVALHO, 1987).
Federalismo
Os interesses divergentes entre federalistas - defensores da autonomia
regional - e positivistas - que defendiam uma centralização em torno da
figura do presidente da República - caracterizaram não apenas o
momento de proclamação, mas também atravessaram o período de
instauração da República no Brasil, chamado pelos historiadores de
Primeira República (1889-1930).
Gerador de tantas expectativas, o regime republicano foi capaz de
causar também frustrações. Ao final da sua vida, Joaquim Saldanha
Marinho (1816-1895), que assinara, em 1870, o Manifesto Republicano,
afirmou:
“Esta não é a república dos meus sonhos”.
Em Os Sertões, Euclides da Cunha (1866-1909) escreveu: “Vivendo
quatrocentos anos no litoral vastíssimo, em que palejam reflexos da vida
civilizada, tivemos de improviso, como herança inesperada, a República”
(CUNHA, 1984, p.87). A frase vem em um contexto no qual o autor
procura sublinhar a diferença entre:
O Brasil do litoral
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Sempre pronto a deixar-se levar pelo caudal dos ideais modernos
e a copiar ideias e instituições de outras nações.
O Brasil dos sertões
Onde vivem os que ele chama de nossos rudes patrícios.
No calor da hora, Aristides Lobo, em sua famosa carta à surpresa da
Proclamação da República, afirma que, no dia 15 de novembro de 1889,
o novo regime não era senão um esboço rude, incompleto. Queria com
isso lembrar que o movimento militar que implantou a República não era
exatamente fruto da propaganda republicana e do movimento liderado
pelo Partido Republicano que ele próprio ajudara a criar ao assinar o
Manifesto de 1870.
Teria sido a República brasileira uma
República de improviso?
Cabem muitas respostas a essa pergunta, que nos ajuda a pensar as
mudanças e as permanências nocenário político brasileiro do final do
século.
Um império em crise
O processo de abolição da escravidão reforçou, de distintas formas, o
movimento republicano. Muitos abolicionistas das cidades eram
também republicanos. A maioria dos fazendeiros do Oeste novo paulista
defendia a República por julgar o império retrógrado e escravista. Por
razão oposta, boa parte dos fazendeiros escravistas da região do Vale
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do Paraíba deixou de apoiar a monarquia por considerar que a abolição
prejudicava seus interesses.
Cabe ressaltar, nesse contexto, a importância da Guerra do Paraguai
(1864-1870):
A guerra do Paraguai, que terminou em 1870, mantinha em sua fileira
soldados escravizados negros, trazendo o seguinte dilema ao Estado:
Como reescravizar heróis de guerra?
Por outro lado, como perder o apoio da classe
senhorial, base política da monarquia, não devolvendo
aos donos de escravizados a sua “propriedade” cedida
à guerra?
Ainda que de modo lento, a escravidão começava a perder sua
legitimidade, transformando-se em uma “questão”.
O gabinete conservador do visconde do Rio Branco propôs e realizou um
conjunto de reformas, das quais a mais importante foi a Lei nº 2.040 de
28 de setembro de 1871, que declarou: “de condição livre os filhos de
mulher escrava que nascerem desde a data desta lei, libertos os
escravos da nação e outros, e providencia sobre o tratamento e criação
daqueles filhos menores e sobre a libertação anual de escravos”.
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A Lei do Ventre Livre, de 1871, aprovada quando a princesa Isabel
exercia a regência do império, estabelecia a condição de livre (“ingênuo”)
para os filhos da mulher escravizada e optava pela emancipação gradual
e com indenização ao estabelecer um fundo de emancipação e a
matrícula obrigatória de todos os escravizados.
Todavia, ao aprofundar a intervenção do governo do Estado nas
relações entre senhores e escravizados, a lei desagradou as forças mais
conservadoras, como inúmeros fazendeiros, além de setores comerciais
e financeiros a eles vinculados.
O movimento abolicionista, no parlamento, em clubes e associações e
nos jornais, estava dissociando a opinião pública do sistema escravista.
A resistência da população negra, escravizada ou não, propiciava o
abandono das fazendas pelos cativos, bem como protegia negros
fugidos e aquilombados. Assinada pela princesa Isabel, a Lei Áurea
declarava “extinta a escravidão no país” em 13 de maio de 1888.
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A Pátria repele os escravocratas (Revista Ilustrada, c. 1880-1888).
A distribuição extremamente irregular da população pelo território era
fator constitutivo das diferenças entre as províncias e regiões do
império: a região de colonização estrangeira no extremo Sul diferia da
região do vale amazônico, onde crescia a atividade extrativa da borracha
(látex), e do Sul da província da Bahia, exportadora de cacau e tabaco. O
grau de integração nas linhas do comércio internacional contribuía, em
larga escala, para o aprofundamento das desigualdades regionais,
dando destaque à região do café - motor da economia brasileira desde a
década de 1830 até um século depois.
As terras roxas do Oeste paulista eram o cenário principal da mais
importante mudança ocorrida na sociedade. A substituição das relações
de trabalho escravistas pelo trabalho livre, sob a forma do colonato, era
acompanhada pela substituição do próprio trabalhador, do negro pelo
imigrante de origem europeia.
Comentário
Cabe ressaltar nesse contexto de crise do império a força dos princípios
cientificistas. As ferrovias e o telégrafo materializavam o progresso,
representando a expressão do poder da técnica e da ciência na
efetivação da ocupação do interior.
O sergipano Silvio Romero (1851-1914), considerado um dos principais
intérpretes do Brasil, no final do século XIX, usou o termo bando de
ideias novas para capturar o espírito de mudança.
O decênio que vai de 1868 a 1878 é o mais
notável de quantos no século XIX
constituíram a nossa vida espiritual. Quem
não viveu nesse tempo não conhece por ter
sentido diretamente em si as mais fundas
comoções da alma nacional. [...] Um bando
de ideias novas esvoaçou sobre nós de todos
os pontos do horizonte [...] Positivismo,
evolucionismo, darwinismo, crítica religiosa,
naturalismo, cientificismo na poesia e no
romance, folclore, novos processos de crítica
e de história literária, transformação da
intuição do direito e da política, tudo então se
agitou e o brado de alarma partiu da escola
do Recife
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(SCHWARCZ, 1993, p. 185)
Desde os anos 1860, a questão do federalismo era, por muitos,
considerada um dos principais problemas do país ao colocar em xeque
a organização político-administrativa centralizada que fundava a ordem
imperial. Para Tavares Bastos (1839-1875), um dos principais
defensores do regime federalista, a descentralização não resolveria,
meramente, uma questão administrativa, mas a possibilidade de
construir uma base sólida de instituições democráticas.
A desconfiança a respeito de um terceiro reinado ampliava-se à medida
que os dirigentes imperiais revelavam dificuldades para prosseguir ou
promover as reformas, sendo elas:
 A ampliação dos direitos civis e políticos.
 O federalismo.
 A separação entre a Igreja e o Estado.
 A incorporação dos militares do Exército.
 A reforma educacional.
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O novo regime era resultado do papel desempenhado pelo movimento
republicano desde 1870 através da imprensa e da ação dos
propagandistas.
A República da espada: a
ordem é condição para o
progresso
Havia diferenças significativas entre os três militares que compunham o
governo provisório: Deodoro da Fonseca, Benjamin Constant e Eduardo
Wandenkolk. Vamos ver quais são essas diferenças?
Era um militar de velha cepa, herói da guerra do Paraguai cujas
convicções republicanas datavam do dia da proclamação. Para
Deodoro, governar era uma questão de autoridade e dirigiu o país
como aprendeu a administrar os quartéis.
 A expansão da infraestrutura.
Deodoro da Fonseca 
Benjamin Constant 
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Representava uma nova geração militar. Positivista convicto,
desejava um governo forte, pois entendia que a arte de governar
era uma ciência.
Pertencia à Marinha, uma força militar elitista que não admitia
negros em sua oficialidade e nem sempre concordava com o
protagonismo político do Exército.
Também entre os ministros civis e os militares, as diferenças eram
significativas.
Era diverso o projeto de República de liberais como Rui Barbosa ou
Aristides Lobo, que defendiam uma república presidencialista, e a
separação dos três poderes segundo o modelo norte-americano. Os
positivistas, como Demétrio Ribeiro e Benjamin Constant, aspiravam a
uma ditadura ilustrada, tal como proposta pelo intelectual francês
positivista Auguste Comte. Também eram diferentes os interesses
defendidos por representantes dos cafeicultores paulistas, como
Campos Salles, centrados no federalismo como modelo capaz de
garantir a autonomia regional para a produção de café.
No dia 24 de fevereiro de 1891, foi promulgada a primeira Constituição
Republicana do Brasil, uma vitória para os federalistas.Calcada sobre o
modelo norte-americano, instaurava o presidencialismo, o federalismo e
Eduardo Wandenkolk 
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três poderes que deveriam ser independentes entre si e
complementares:

Executivo

Legislativo

Judiciário
A Constituição estabelecia também a separação entre a Igreja e o
Estado, bem como o voto direto, ainda que apenas para homens
alfabetizados e maiores de 21 anos. A aprovação da Constituição, no
entanto, não apaziguou as dificuldades do governo provisório militar em
construir uma estabilidade política capaz de compatibilizar interesses
regionais e central.
A chamada República da Espada (1889-1894) foi incapaz de promover
uma distribuição de poder entre as elites econômicas que efetivamente
construíram o regime republicano, utilizando o expediente da violência
para garantir autoridade. Mais afeito à rígida disciplina das casernas do
que à política, o governo de Deodoro foi marcado por medidas que
revelavam essa inabilidade política, tais como:
 Decretar a dissolução do Congresso.
 Entrar em choque com oligarquias gaúchas após
depor Júlio de Castilhos, que havia sido eleito para
governar o Rio Grande do Sul.
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Uma revolta foi capitaneada pela Marinha em protesto pelo fechamento
do Congresso. Chefiada pelo Almirante Custódio de Mello, a revolta
chegou a ameaçar bombardear a cidade do Rio de Janeiro. Havia
também uma greve de ferroviários. Deodoro não resistiu às pressões de
militares e civis e renunciou à presidência em novembro de 1891
(NEVES, 2003a).
Floriano Peixoto governou o Brasil com pulso forte entre 23 de
novembro de 1891 e 15 de novembro de 1894. Um de seus primeiros
atos foi a derrubada dos governadores de estados nomeados por
Deodoro e sua substituição por outros, que não se opusessem a seu
governo. Mais hábil politicamente que seu antecessor, soube buscar
o apoio da oligarquia paulista, a mais poderosa do país, ao favorecer
a consolidação no plano nacional do Partido Republicano Paulista
(PRP). O poderoso partido fundado em 1873 abrigava os
cafeicultores paulistas.
Floriano fez do paulista Rodrigues Alves seu ministro da Fazenda e
favoreceu a indicação de Bernardino de Campos para a presidência da
Câmara dos Deputados e de Prudente de Morais para a presidência do
Senado. Solidamente instalados no Poder Executivo e no Poder
Legislativo, os paulistas passaram a apoiar Floriano, que, por sua vez,
também soube buscar apoio de outras oligarquias estaduais, da jovem
oficialidade militar e de setores populares do Rio de Janeiro, ao tomar
medidas que impediram o aumento incontrolável dos aluguéis de
moradias e do preço de alimentos.
Floriano passou a ser conhecido como o marechal de ferro após ter
enfrentado com sucesso fortes pressões políticas e dois movimentos
revoltosos de grande porte: a Revolta da Armada e a Revolução
Federalista.
 Enfrentar as manifestações de militares
descontentes no Rio de Janeiro.
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Tropas do Exército na zona portuaria do Rio na Revolta da Armada.
A Revolta da Armada foi um movimento revolucionário promovido por
unidades da Marinha e liderado pelos almirantes Wandenkolk, Custódio
de Mello e Saldanha da Gama, que não reconheciam a legitimidade do
governo Floriano Peixoto e não se conformavam com a desproporção
entre o poder do Exército e o pouco reconhecimento político da Marinha.
A revolta teve início em setembro de 1893 nas águas da Baía de
Guanabara e seus chefes deslocaram a armada revoltada para o Sul do
país, onde tentaram unir forças com os revoltosos que participavam da
Revolução Federalista. O governo de Floriano venceu a Revolta da
Armada em março de 1894.
A Revolução Federalista agitou o Rio Grande do Sul entre 1893 e 1895 e
resultou no enfrentamento entre:
Revolta da Armada
A Revolta da Armada foi um movimento revolucionário promovido por
unidades da Marinha e liderado pelos almirantes Wandenkolk, Custódio de
Mello e Saldanha da Gama. Os três militares não reconheciam a
legitimidade do governo Floriano Peixoto e não se conformavam com a
desproporção entre o poder do Exército e o pouco reconhecimento político
da Marinha.
Os pica-paus
Partidários de Júlio de
Castilhos reunidos no
Partido Republicano Rio
Grandense.
Os maragatos
Partido federalista
liderado por Gaspar
Silveira Martins, Joca
Tavares e Gumercindo
Saraiva.

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Com o apoio de Floriano Peixoto, Júlio de Castilhos, de tendências
centralistas, assumiu o governo gaúcho em 1893. Os federalistas,
porém, tentaram impedir sua posse, dando início a uma sangrenta
guerra civil no Sul do Brasil entre os dois grupos.
No dia 15 de novembro de 1894, tomou posse o primeiro presidente civil
da República brasileira, Prudente de Morais. Com ele, a hegemonia da
oligarquia cafeeira paulista, já evidente no Poder Legislativo, chegou ao
Poder Executivo. Durante esse governo, a República brasileira ainda
enfrentou terrenos movediços tanto no cenário internacional quanto na
política interna.
No comércio exterior, a desvalorização do café,
produto que ocupava mais de 60% da pauta de
exportação brasileira, equivalia a um forte abalo nos
alicerces econômicos e políticos da República.
Na política interna, a queda dos preços internacionais do café tornava
ainda mais complexas as negociações entre as oligarquias regionais,
que além de resistirem ao protagonismo da oligarquia paulista,
mostravam desconforto com as medidas protecionistas tomadas pelo
Executivo em relação aos cafeicultores.
Além disso, Prudente de Morais foi obrigado a enfrentar uma guerra civil
cujo desenrolar surpreendeu a todos. Para destruir a aldeia de Canudos,
onde Antônio Conselheiro convocava milhares de sertanejos pobres
para o que Euclides da Cunha disse ser uma Tróia de taipa, foram
necessárias nada menos que quatro expedições militares.
Sertanejos de Canudos rendidos pela cavalaria do Exército durante a última expedição ao arraial,
em outubro de 1897.
O governo de Prudente de Morais anunciou novos tempos republicanos,
mas a consolidação da lógica própria da república oligárquica brasileira
coube a outro paulista: Campos Salles.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O termo Primeira República foi cunhado por historiadores para
identificar o período que vai de 1889 a 1930 e que marca a
consolidação da ordem republicana no Brasil. Sobre as
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características desse período, assinale V (verdadeiro) para as
proposições verdadeiras e F (falso) para as falsas, antes de marcar
a opção correta.
( ) Os dois primeiros governos da recém-inaugurada República
brasileira eram militares.
( ) Com o novo regime, surgiram divergências tanto no meio militar
quanto no civil. No meio civil, as disputas ocorriam, sobretudo, no
campo ideológico entre três correntes: liberalismo, jacobinismo e
positivismo.
( ) Pode-se afirmar que os governos do período conhecido como
Primeira República implementaram medidas sociais de grande
alcance, beneficiando a sociedade brasileira como um todo e
visando acabar com as desigualdades sociais do país.
( ) O Brasil da chamada Primeira República era um país, sobretudo,
rural; a agriculturapermanecia como principal atividade econômica.
Assinale a alternativa que contém a sequência correta, de cima para
baixo.
Parabéns! A alternativa B está correta.
A Primeira República teve militares como primeiros governantes e
foi caracterizada por divergências tanto no meio militar quanto no
civil, sendo um período marcado por conflitos visando manter a
ordem e autoridade. Logo, é falsa a afirmação sobre a
A F - V - V - F
B V - V - F - V
C V - F - F - V
D V - V - F - V
E V - V - V - V
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implementação de medidas sociais buscando acabar com as
desigualdades sociais do país.
Questão 2
A Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, levou à
formação de um governo provisório, que lançou as bases para uma
nova Constituinte e uma nova Constituição. A nova Constituição
brasileira foi promulgada em 1891 e implantou grandes mudanças
no Brasil. A respeito dessa Constituição, analise as afirmações:
I. Implantou o federalismo no Brasil, um sistema político que
concedia certo grau de autonomia para os estados em relação à
União.
II. Implantou o sufrágio universal masculino para todos os homens
maiores de 21 anos, alfabetizados e que não fossem mendigos ou
soldados rasos.
III. O presidente foi determinado como o chefe do Executivo, e a
escolha do presidente ocorreria a partir de eleições diretas para um
mandato de quatro anos.
IV. Consolidou a vitória dos valores positivistas encarnados na
figura dos presidentes militares, que compunham a chamada
República da Espada.
Está correto o que se afirma em:
A Apenas I, III e IV
B Apenas II, III e IV
C Apemas I, II e III
D Apenas I e IV
E Apemas II e IV
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Parabéns! A alternativa C está correta.
A afirmação IV está incorreta porque a Constituição, promulgada
em 24 de fevereiro de 1891, pode ser considerada uma vitória para
os federalistas. Calcada sobre o modelo norte-americano,
instaurava o presidencialismo, o federalismo, o estabelecimento de
três poderes independentes entre si e complementares – Executivo,
Legislativo e Judiciário. Estabelecia ainda a separação entre a Igreja
e o Estado, bem como o voto direto ainda que apenas para homens
alfabetizados e maiores de 21 anos.
2 - Campos Salles e a consolidação da República:
a política dos governadores
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os elementos
fundamentais da Primeira República a partir do governo de Campos Salles.
República do Café com Leite
e República Velha
Vamos nos aprofundar no debate historiográfico do período por meio
dos conceitos de República do Café com Leite e República Velha.

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E quem manda no Brasil?
Neste vídeo, vamos discutir velhos conceitos da historiografia como
Café com Leite, República Velha, mostrando o que eles ouviram na
escola e como a História foi revendo as ideias e conceitos.
Política dos estados
Vamos abordar, neste módulo, os elementos fundamentais que
conformam o modelo político característico da Primeira República
brasileira a partir do governo de Campos Salles. Esses elementos deram
forma ao que o então presidente denominou de Política dos estados e
os historiadores chamaram de República Oligárquica.
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Depois dos conturbados períodos entre os governos militares e de
Prudente de Morais, é no mandato de Manuel Ferraz de Campos Salles
(15 de novembro de 1898 a 15 de novembro de 1902) que a Primeira
República brasileira encontra um modelo de funcionamento que permitiu
sua relativa estabilidade até o final da década de 1920.
O modelo de funcionamento republicano implementado por Campos
Salles propiciou a “rotinização do regime” (LESSA, 2001, p. 44) e
baseava-se em um acordo tácito a fim de evitar que as disputas
oligárquicas nos estados ou a agitação das ruas da capital federal
impedissem a estabilidade republicana.
Comentário
A palavra de origem grega oligarquia significa governo de poucos. No
Brasil da Primeira República, esse termo significou, sobretudo, o poder
em benefício próprio, exercido pelos grandes proprietários locais,
conhecidos como coronéis; pelo arranjo entre esses poderosos locais
expresso no governo dos estados da federação; e pela equação de
forças das oligarquias estaduais na definição do poder nacional. Havia o
predomínio de duas oligarquias em todo o país: a paulista, cuja base era
a riqueza econômica, e a mineira, cuja força residia em ter o maior
eleitorado do país.
Campos Salles decidiu fortalecer seu governo com uma ação decidida
que tinha em vista três objetivos:

Negociar a dívida externa brasileira de modo a aliviar o governo da
pressão dos credores externos.

Sanear a economia interna ameaçada pela inflação.

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Construir um pacto político com as oligarquias estaduais que
fortalecesse o Poder Executivo.
Para realizar a negociação da dívida externa, Campos Salles foi à Europa
antes mesmo de sua posse para negociar com os banqueiros ingleses,
principais credores do governo brasileiro. O acordo conhecido como
funding loan se traduziu pela obtenção de um novo e vultuoso
empréstimo financeiro, pela suspensão por três anos do pagamento dos
juros dessa dívida e pelo adiamento do pagamento desse novo
empréstimo por um prazo de treze anos.
A folga financeira trazida pelo funding loan permitiu que o ministro da
Fazenda, Joaquim Murtinho, tomasse medidas para sanear as finanças
internas sem aumentar os impostos cobrados aos governos dos
estados, o que começava a pavimentar o caminho para o pacto
oligárquico. Para combater a inflação, o governo:
Foram, no entanto, as medidas tomadas para alcançar seu objetivo
político de construir um pacto não escrito, mas muito eficiente para
garantir os acordos oligárquicos, a docilidade do Poder Legislativo, e o
fortalecimento do Poder Executivo, que fizeram de Campos Salles o
grande arquiteto da direção política na Primeira República.
 Proibiu a emissão de moeda, para combater a
inflação.
 Cortou o orçamento e aumentou os impostos
cobrados diretamente à população, para aumentar
a receita.
 Criou novos impostos, como a Lei do Selo, que
supunha o pagamento dos carimbos oficiais para a
circulação de mercadorias e valeu ao presidente o
apelido de Campos Selos.
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Foi o próprio Campos Salles quem formulou a melhor síntese da
arquitetura política que, a partir de seu governo, presidiu a República
brasileira, quando escreveu em seu livro de memórias políticas o
segredo de sua fórmula para governar:
Nessa, como em todas as lutas, procurei
fortalecer-me com o apoio dos Estados,
porque - não cessarei de repeti-lo - é lá que
reside a verdadeira força política [...]. Em que
pese os centralistas, o verdadeiro público que
forma a opinião e imprime direção ao
sentimento nacional é o que está nos
Estados. É de lá que se governa a República,
por cima das multidões que tumultuam,
agitadas, as ruas da Capital Federal.
(CAMPOS SALLES, 1983, p. 127)
A política dos governadores:
dos municípios aos estados
Para compreender o funcionamento da política dos estados, é preciso
identificar as relações estabelecidas entre:
Os municípios
Espaço por excelência do poder pessoal dos coronéis.
Os estados
Onde se orquestravam os acordosentre as oligarquias regionais
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O Poder Executivo federal
Que necessitava construir um equilíbrio entre os três níveis da vida
administrativa e política do país.
Para isso, era preciso conceder às oligarquias estaduais a autonomia
necessária para que exercessem seu mando inconteste no interior dos
estados e, assim, pudessem apoiar decididamente o governo federal.
Essas oligarquias eram a força política da República, seu verdadeiro
público e, nessa perspectiva, nelas residia a opinião, a direção e o
sentimento nacional.
Além disso, era necessário estabelecer as condições de um pacto
político de modo que o Poder Executivo se fortalecesse, efetivamente,
com seu apoio, e não se subordinasse aos conflitos que opunham
diferentes grupos, famílias e interesses em conflito em cada um dos
estados.
A denominação de
República oligárquica,
frequentemente
atribuída aos primeiros
40 anos da República,
denuncia um sistema
baseado na dominação
de uma minoria e na
exclusão de uma
maioria do processo de
participação política.
(RESENDE, 2003, p. 91)
Representante da oligarquia paulista, uma das mais poderosas do país,
o campineiro Campos Salles sabia que era no Poder Legislativo que os
conflitos entre os interesses e as paixões estaduais se expressavam.
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Por isso, encontrou uma fórmula na qual o governo federal pactuava
diretamente com as oligarquias dominantes nos estados da federação
ao garantir sua perpetuação no poder e receber em troca apoio à política
do Executivo, bem como resultados de eleições que garantissem
deputados e senadores dóceis ao comando do presidente da República.
Esse pacto não escrito foi chamado de política dos governadores, e a
República pautada por essa política foi denominada de República
oligárquica.
O governo federal dispunha de instrumentos que lhe assegurassem a
direção do pacto não escrito. Vamos ver a seguir esses dois
instrumentos:
O primeiro desses instrumentos era a garantia das verbas
necessárias para a manutenção do prestígio das oligarquias que
dominassem o poder estadual. No caso dos estados
economicamente mais poderosos, a política financeira adotada
garantia essas verbas ao não retirar deles sua principal fonte de
renda, que vinha dos impostos de exportação, e ao não criar
novos impostos estaduais. Nos estados mais pobres, que não
podiam contar com receitas significativas dos impostos sobre a
exportação, a concessão de verbas federais a conta-gotas
funcionou perfeitamente como elemento de cooptação.
O segundo instrumento era acionado em casos de necessidade.
A comissão de verificação de poderes, encarregada de
corroborar os resultados eleitorais, era o mecanismo adequado,
e Campos Salles fez os ajustes necessários para não a deixar ao
sabor das disputas no interior do Legislativo. Nas raras ocasiões
em que as eleições estaduais escapavam às rédeas da situação,
a Comissão simplesmente impedia a titulação dos eleitos.
Esse equilíbrio político era complexo e frágil. Ainda que, na prática,
negasse os princípios da cidadania republicana, foi eficiente até que
uma das unidades da federação, o Rio Grande do Sul, rompesse o pacto
não escrito entre o governo federal e as oligarquias estaduais, aliando-
se a outros setores da sociedade brasileira descontentes com os rumos
Garantia de verbas para as oligarquias 
Impedimento da titulação dos eleitos 
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políticos da Primeira República e tomando o poder pela força na
chamada Revolução de 1930.
Coronelismo: a base
municipal do acordo
O livro Coronelismo, enxada e voto, do sociólogo Victor Nunes Leal, é
uma síntese da vida política brasileira na Primeira República. Publicado
pela primeira vez em 1949, a obra tornou-se um clássico e nela seu
autor esquadrinha a prática política nos municípios e o significado do
poder pessoal dos coronéis.
Coronel Marcolino Diniz e seus homens de confiança, Paraíba.
Para manter o poder que detinham no mundo rural, os coronéis usavam
a força em muitas circunstâncias, tanto para mostrar seu poderio a
outros coronéis quanto, sobretudo, para exercer a dominação sobre os
trabalhadores rurais, em relação aos quais não só usavam de sua
autoridade e poder no cotidiano, mas também se utilizavam da violência
quando isso lhes parecia adequado.
No entanto, a força e a violência não eram suficientes. Era preciso que
os coronéis construíssem prestígio no município. Esse prestígio era
posto em evidência pelos sinais de riqueza e poder que ostentavam,
pelas benesses que distribuíam como favores pessoais, pelas melhorias
que obtinham para o município através de suas relações com o governo
estadual ou federal e pelos investimentos que faziam com suas próprias
fortunas, pois lidavam com o que era público como algo que
privadamente lhes pertencesse.
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É ao seu interesse e à sua insistência que se
devem os principais melhoramentos dos
lugares. A escola, a estrada, o correio, o
telégrafo, a ferrovia, a igreja, o posto de
saúde, o hospital, o clube, o football, a linha
de tiro, a luz elétrica, a rede de esgotos, a
água encanada, tudo exige o seu esforço [...]
É com essas realizações de utilidade pública,
algumas das quais dependem só do seu
empenho e prestígio político, enquanto outras
podem requerer contribuições 3 pessoais
suas e dos amigos, é com elas que, em
grande parte, o chefe municipal constrói ou
conserva sua posição de liderança.
(LEAL, 1976, p. 37)
Coronéis eram os poderosos locais, assim chamados porque muitos
deles tinham a patente de coronel da Guarda Nacional, instituição
fundada no império, mas que perdurou na República até 1918. A patente
de oficial da guarda nacional confirmava o poder local ao conferir a
chancela do Estado ao mando pessoal que exerciam.
As melhorias que os coronéis faziam ou conseguiam que o governo
fizesse no município eram de seu interesse, pois confirmavam aos olhos
de todos o seu poder pessoal e a sua influência. Para tanto, usavam
uma moeda de troca poderosa: os votos que controlavam em seus
currais eleitorais, ou seja, o voto de cabresto.
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Ilustração do voto de cabresto.
Você sabe o que é voto de cabresto?
Voto de cabresto é o nome dado ao abuso do poder local que
levava ao controle dos coronéis sobre os eleitores para que
votassem nos candidatos por eles apoiados. O controle do
eleitorado se fazia pela troca do voto por algum favor, pela
compra do voto ou pelo uso da violência e da coerção. Violentas
estruturalmente, as eleições aumentavam ainda mais o grau de
truculência em função das rivalidades entre coronéis de facções
opostas.
Na Primeira República, as eleições eram um ritual vazio, distante da
prática democrática e do exercício da cidadania pelo voto. A fraude
eleitoral era a norma e supunha desde o roubo de urnas até o
desaparecimento das cédulas depositadas por eleitores da oposição,
passando pelo voto dos fósforos, nome dado a pessoas já mortas, mas
que continuavam a figurar nas listas eleitorais.
Além disso, o voto não era secreto e o eleitor devia declará-lo à mesa
eleitoral. A condição de alfabetizado, imposta pela Constituição para ser
eleitor, era atestada através da mera capacidade de assinar toscamente
o nome.
Para os eleitores pobres, a sobrevivência era a grande
questão que se impunha, e o voto dado a algum
Votode cabresto 
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poderoso local poderia trazer em troca um emprego, a
proteção da família, a escola para os filhos.
Na perspectiva dos coronéis, eram eles que comandavam a política
republicana, assim como atestou o depoimento de José Bonifácio
Lafayette de Andrada, político mineiro que se reconhecia como coronel
por exercer o poder político municipal:
A base é o chefe local, o
coronel, que manda
seus eleitores votarem
contra ou a favor de
determinado
candidato. Isso é a base.
O coronel é o homem
que comanda a política
nacional, porque é ele
quem elege os homens
que a fazem. Sem ele
ninguém é eleito.
(ANDRADA, 1982, p. 47)
Na perspectiva de Victor Nunes Leal, no entanto, era certo que os
coronéis continuassem a exercer o poder local tal como o haviam feito
no império. O coronelismo era um elemento do sistema político próprio
de um momento específico da República, e isso ocorria por três razões:
 As práticas coronelísticas do século XIX ocorriam
em um contexto em que o poder local era
autônomo e, para afirmar-se localmente, não era
necessário negociar com poderes regionais ou com
d t l i é i lh i i l
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Embora o coronelismo, a enxada e o voto costurassem pela base a
arquitetura política da Primeira República, não é possível afirmar que era
do município que se governava o país.
A política dos estados e a
estabilidade da ordem
oligárquica
Nos municípios, os grupos chefiados pelos coronéis locais disputavam
o poder, faziam e desfaziam alianças, estabeleciam e rompiam acordos.
Nos estados, os conflitos e arranjos oligárquicos reproduziam essa
o poder central: no império, a malha municipal
corria solta na trama da administração e da política.
 O coronelismo era próprio de uma sociedade
eminentemente agrária, em que o eleitorado estava
concentrado nas áreas rurais. Logo, se pensarmos
nos dias de hoje, embora as práticas coronelísticas
subsistam depois da Primeira República, não é
possível utilizar o conceito de coronelismo tal como
proposto por Leal depois que o país se
industrializou e a população se tornou
eminentemente urbana.
 O coronelismo da Primeira República evidenciava
não a força, mas, sim, o enfraquecimento do poder
local no sistema político nacional, uma vez que,
ainda que controlassem os votos nos municípios,
os coronéis necessitavam e buscavam o apoio do
poder público dos governos estaduais e do governo
federal para manter seu poder privado.
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mesma lógica e incidiam sobre a vida municipal. No governo federal, o
Poder Legislativo espelhava as disputas oligárquicas estaduais e
regionais na Câmara dos Deputados federal e no Senado e as
alimentavam. O terreno sempre movediço das alianças e dos ódios
entre as oligarquias paralisava o Poder Executivo e inviabilizava a
estabilidade da política nacional.
Os partidos políticos não existiam ou simplesmente expressavam
disputas entre oligarquias. Os cargos políticos eram vistos como uma
propriedade a mais das famílias poderosas. Algumas dessas famílias
influentes eram: os Accioly, no Ceará; os Sousa Campos, no Sergipe; os
Calmon, os Vianna e os Seabra na Bahia; os Vieira, os Cunha Martins e
os Araújo, no Maranhão; os Rosa e Silva em Pernambuco; os
Albuquerque Maranhão, no Rio Grande do Norte.
Para construir a estabilidade política e a possibilidade de governar,
Campos Salles estabeleceu uma pauta para a República que foi mantida
por seus sucessores. Segundo essa pauta política:
 O Poder Executivo federal não interferia na política
estadual e apoiava uma dada oligarquia no controle
do poder estadual para receber em troca o suporte
político daquele estado e o apoio das bancadas
estaduais no Legislativo para seu governo.
 Da mesma maneira, a oligarquia no poder em
determinado estado não intervinha na política
municipal e recebia em troca os votos que elegiam
seus correligionários para o Legislativo estadual e
para a Câmara federal e o Senado.
 Os coronéis que manipulavam os votos nos
municípios, por sua vez, recebiam em troca cargos
políticos e verbas estaduais e federais que lhes
permitiam confirmar seu prestígio e seu poder
pessoal no município.
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A estabilidade da ordem oligárquica assim obtida era o resultado desse
jogo de interesses mútuos que criava condições para o acordo não
formal entre o governo federal e as oligarquias estaduais, cuja
correlação de forças se expressava no governo de cada estado da
federação. As condições para que o presidente da República
efetivamente exercesse sua autoridade e governasse o país dependiam
de seu entendimento com os chefes das oligarquias estaduais, já que a
composição do Poder Legislativo expressava a direção que essas
oligarquias exerciam em seus estados.
Compromisso Constitucional de 1891.
Uma alteração no Regimento Interno da Câmara e a fraude sistemática
nas eleições transformaram a situação anterior que fazia do Legislativo
a principal arena das disputas oligárquicas estaduais: com a garantia de
não intervenção do governo federal, as oligarquias dominantes se
estabilizaram no poder estadual e puderam comandar as eleições para o
Legislativo federal, cuja composição passou a ser expressão da força
dessas oligarquias em seus estados.
Para que o presidente da República governasse, era
fundamental seu entendimento direto com os chefes
estaduais e, por consequência, a submissão do
Legislativo federal ao Executivo. A esse entendimento
chamou-se política dos governadores.
No reverso da estabilidade republicana, estabelecida através da política
dos governadores, a triste combinação entre fraude eleitoral e poder
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oligárquico indicava seu lado obscuro, que Rui Barbosa assim resumiu:
Apreciando a eleição de 31 de dezembro
nesta capital, disse o nosso colega da
Tribuna que o resultado trazido a lume pelos
jornais ‘não exprime senão o que a fraude
mais desbragada e indecente, como 10
jamais se praticou, resolveu que fosse a
expressão do voto popular’. [...] O crime de
todos nós está principalmente em não
determinarmos confessar de uma vez a
verdade inteira. Ela não produzirá os seus
efeitos salutares, enquanto nós não
deliberarmos, afinal, a fazer cada qual a sua
penitência do nosso quinhão de co-
responsabilidade na peste das instituições,
reconhecendo sem rodeios que elas mentem
despejadamente ao país, isto é que, sob o
nome de república e democracia, o que a
nossa pátria está a suportar, com tanta
resignação quanto náusea, é o absolutismo
de uma oligarquia quase tão opressiva em
cada um dos seus feudos quanto a dos
mandarins e a dos paxás.
(BARBOSA, 1975, p. 14)
Vamos refletir um pouco sobre fraude com a pergunta a seguir.
Não lhe daremos uma resposta certa, mas um estímulo a
continuar sua pesquisa, notando as características estruturais e
simbólicas de nossa sociedade.
O que você tem a discutir sobre a fraude e a corrupção na
história do Brasil? 
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Estabilidade? Vamos a um
exemplo: Contestado
Na região chamada de Contestado, ocorreu, entre 1912 e 1916, um
movimento rural de cunho messiânico.
Saiba mais
Importante destacar que essa área era denominada Contestado devido
ao fato de ser disputada por Paraná e SantaCatarina.
Um movimento de caráter messiânico se estrutura a partir de uma
liderança de caráter místico, sustentando a ideia de redenção após um
dado período de sofrimento. Para o movimento ter esse caráter, é
preciso que mantenha a noção de sacralidade e providência divina, a
partir da qual se ampara, durante e depois do período de provações,
aqueles que nele estiverem engajados.
Em Contestado, o conflito ocorreu tanto por se tratar de uma zona rica
em erva-mate como por ter importantes recursos florestais. Além disso,
havia os confrontos de terras nos quais os posseiros eram expulsos por
pretensos proprietários, além do coronelismo presente naquela região.
Os grandes proprietários locais buscavam manter expressivas
quantidades de agregados às suas fazendas.
Em um clima de insegurança social, emergiu uma figura que ganhou
imensa projeção local: o monge. A figura do monge estava associada
não só à reza, mas também à cura com ervas, benzimentos e fórmulas.
Cabe ressaltar que, nessa região, os médicos eram escassos e havia um
olhar pejorativo em relação à medicina, como se ela fosse invasiva e
nem sempre eficaz.
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João Maria de Jesus.
Entre os diversos monges da região, se destacava João Maria.
Recomendando águas santas, remédios caseiros e a penitência, João
Maria foi expulso do Rio Grande do Sul pelo presidente da província em
1849.
Contudo, sua fama de caridoso e curandeiro continuaria por todo o Sul
do país.
As autoridades civis não aceitavam o fato de ele auxiliar rebeldes
federalistas feridos. O segundo monge João Maria permaneceria na
região até 1908, quando não mais foi visto.
Contudo, sua pregação foi suficiente para que os camponeses locais lhe
dessem um imenso crédito.
Em agosto de 1912, realizou-se uma festa no arraial de Taquaruçu,
comandada por Praxedes Gomes Damasceno, um pequeno comerciante
e proprietário de terras. No desafio dos cantadores, venceu o que
afirmava ser a monarquia Lei de Deus e o ajuntamento para a festa não
se dispersou. Francisco Ferreira de Albuquerque, chefe político do
município de Curitibanos, cidade onde se localizava o arraial, temia que
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a reunião fosse um movimento liderado por seu opositor, o coronel
Henriquinho de Almeida.
Desse modo, exigiu a presença do monge José Maria em Curitibanos,
mas este argumentou que a distância era rigorosamente a mesma e,
portanto, ele aguardava o prefeito em Taquaruçu. O coronel Albuquerque
considerou a recusa um ato de insubordinação e comunicou-se com o
governador do estado, Vidal Ramos, informando sobre a criação de uma
“monarquia” em Taquaruçu, na qual o “rei” José Maria teria formado seu
ministério com festeiros locais.
Rapidamente, a polícia aproximou-se do ajuntamento, mas José Maria e
seus seguidores marcharam para os campos do Irani, na época sob
jurisdição do Paraná. A polícia paranaense foi informada por José Maria,
mas, na imprensa do estado, difundiu-se que a marcha de “fanáticos”
era uma ação do governo catarinense para forçar o cumprimento da
sentença do Supremo Tribunal Federal que lhe garantia a maior parte da
área contestada.
A reação foi uma ação policial comandada pelo coronel João Gualberto,
que prometia trazer os “fanáticos” amarrados até Curitiba.
Tropas de infantaria na linha de frente na Guerra do Contestado.
Domingos Soares, chefe político de Palmas, município onde se
localizavam os campos do Irani, tentou uma mediação, para que
houvesse a dispersão do grupo, e José Maria lhe pediu três dias de
prazo para que todos pudessem voltar às suas casas. Contudo, a polícia
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atacou antes do prazo, morrendo os dois líderes: João Gualberto e José
Maria.
No início de 1916, pressionados pela fome e sem condições de manter a
resistência, muitos rebeldes renderam-se. Adeodato, último chefe, foi
preso alguns meses mais tarde e condenado a trinta anos de prisão.
Morreria, segundo a versão oficial, em uma tentativa de fuga.
Nos anos 1930, a experiência do Contestado seria demonizada como
comunista no discurso dos padres da região.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Leia atentamente o texto a seguir:
“Completamente analfabeto, ou quase, sem assistência médica,
não lendo jornais, nem revistas, nas quais se limita a ver as figuras,
o trabalhador rural, a não ser em casos esporádicos, tem o patrão
na conta de benfeitor. No plano político, ele luta com o “coronel” e
pelo “coronel”. Aí estão os votos de cabresto, que resultam, em
grande parte, da nossa organização econômica rural.” (Adaptado
de: LEAL, V. N. Coronelismo, enxada e voto. São Paulo: Alfa-Ômega,
1976)
O coronelismo, fenômeno político da Primeira República (1889-
1930), tinha como uma de suas principais características o controle
do voto, o que limitava, portanto, o exercício da cidadania. Nesse
período, essa prática estava vinculada a uma estrutura social
A
igualitária, com um nível satisfatório de distribuição
da renda.
B
estagnada, com uma relativa harmonia entre as
classes.
C
tradicional, com a manutenção da escravidão nos
engenhos como forma produtiva típica.
D
ditatorial, perturbada por um constante clima de
opressão mantido pelo Exército e polícia.
E
agrária, marcada pela concentração da terra e do
poder político local e regional.
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Parabéns! A alternativa E está correta.
Para manter o poder que detinham no mundo rural, os coronéis
usavam a força em muitas circunstâncias, tanto para mostrar seu
poderio a outros coronéis quanto, sobretudo, para exercer a
dominação sobre os trabalhadores rurais. Com relação a esses
trabalhadores, os coronéis exerciam sua autoridade e seu poder no
cotidiano, bem como utilizavam-se da violência quando isso lhes
parecia adequado.
Questão 2
O problema central a ser resolvido pelo Novo Regime era a
organização de outro pacto de poder que pudesse substituir o
arranjo imperial com grau suficiente de estabilidade. O próprio
presidente Campos Salles resumiu claramente seu objetivo: “É de lá,
dos estados, que se governa a República, por cima das multidões
que tumultuam agitadas nas ruas da capital da União. A política dos
estados é a política nacional” (Adaptado de: CARVALHO, J. M. Os
bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo:
Companhia das Letras, 1987).
Nessa citação, o presidente do Brasil no período expressa uma
estratégia política no sentido de
Parabéns! A alternativa B está correta.
A governar com a adesão popular.
B atrair o apoio das oligarquias regionais.
C conferir maior autonomia às prefeituras.
D democratizar o poder do governo central.
E ampliar a influência da capital no cenário nacional.
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A estratégia política de atrair o apoio das oligarquias regionais
durante a Primeira República visava reorganizar as demandas e as
relações de poder antes capitaneadas pelo poder imperial. Para tal,
usavam-se as bases dos estados e das oligarquias regionais como
principal apoio ao poder central do Estado e do presidente da
República.
3 - O Rio de Janeiro, cidade capital: a vitrine do
progresso republicano
Ao �nal deste módulo, você será capaz de compreender o papelda cidade
do Rio de Janeiro no contexto de instauração da ordem republicana.
Vamos começar
Vamos agora compreender o papel simbólico conferido à cidade do Rio
de Janeiro, capital da República, no contexto de instauração da ordem
republicana.
Cidades do Brasil
Cidades podem ser símbolos? Neste vídeo, vamos pensar sobre as
cidades Republicanas que foram criadas e projetadas para dar um

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sentido: os casos de Belo Horizonte, Aracaju e São Paulo.
Entre muitas cidades e a
criação da cidade-símbolo
O sucessor de Campos Salles na presidência da República, Rodrigues
Alves, governou o país de 1902 a 1906 e tinha como um de seus
projetos principais a reforma da capital federal.
A intenção do governo de Rodrigues Alves era modernizar a cidade, já
que a mesma ainda tinha ares coloniais, ruazinhas estreitas e tortuosas,
ambulantes e graves problemas de saneamento que assustavam os
moradores, os visitantes vindos de outros estados e os viajantes
estrangeiros.
Pessoas caminhando pela rua do Ouvidor, centro do Rio de Janeiro, maio de 1942.
Para realizar essa transformação, Rodrigues Alves não poupou verbas
conseguidas através de novos empréstimos feitos junto a banqueiros
internacionais nem mediu esforços. A fim de ordenar e embelezar a
cidade, as obras iniciadas por Pereira Passos, o Haussmann tropical
(BENCHIMOL, 1990), e comandadas pelos engenheiros tinham três
frentes:
Primeira frente 
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A urbanização da avenida Beira Mar, para embelezar a enseada
de Botafogo, cartão postal da cidade
Avenida Beira Mar.
A construção do novo cais do porto na praça Mauá, para permitir
que navios de grande calado atracassem na cidade, evitando o
velho cais no qual antes atracavam ao largo, obrigando
passageiros e mercadorias a utilizarem um precário serviço de
catraias e barquinhos para desembarcarem na praça Quinze de
novembro
Praça Mauá.
A criação da soberba linha reta da avenida Central.
Segunda frente 
Terceira frente 
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Avenida central.
Limpar, sanear, e civilizar a
capital da República
Enquanto os engenheiros derrubavam e construíam prédios
monumentais planejados por arquitetos, Oswaldo Cruz empreendia uma
cruzada para sanear a cidade. Cientista com estudos em microbiologia
e soroterapia feitos em Paris, o médico comandava as ações
saneadoras voltadas para moradias insalubres, ruas cheias de ratos
transmissores de peste bubônica e hábitos pouco saudáveis da
população.
Comentário
O Rio de Janeiro foi tomado por um exército da saúde pública, que o
povo logo chamou de mata-mosquitos, pois entravam nas casas com
seus instrumentos de combate aos insetos transmissores de doenças
como a febre amarela.
Para controlar a varíola que assolava a cidade (CHALHOUB, 1996), o
governo encaminhou um projeto de lei que tornava obrigatória a vacina
antivariólica. Os agentes da saúde pública, que antes devassavam as
casas para combater mosquitos e ratos, passaram a devassar também
os corpos dos moradores da cidade para vacinar, mesmo contra a
vontade, toda a população.
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A revolta da vacina (publicada na revista O Malho, em 1904).
A população se via descontente com as reformas, e também sem
compreender as medidas saneadoras impostas pelo governo e as
posturas municipais supostamente civilizadoras que proibiam, por
exemplo, a circulação na avenida sem sapatos, paletó e gravata. Por
conta disso, se insurgiu o movimento conhecido como Revolta da
Vacina.
O papel simbólico do Rio de Janeiro e
o Brasil da Belle Époque
O que explicava o empenho, os gastos astronômicos e o desgaste
político para reformar e sanear a cidade do Rio de Janeiro, se Rodrigues
Alves sabia que era com a influência dos demais estados que se
governava?
Exemplo
Na compreensão da historiadora Margarida de Souza Neves (2003b),
isso ocorreu porque uma cidade-capital não o é apenas por sediar o
governo, ou por ser a mais populosa ou por concentrar as principais
atividades econômicas e culturais do país. Uma cidade-capital é uma
representação do país para ele mesmo e para o mundo. Por esse
motivo, deve ser a síntese dos projetos e da identidade que se quer para
esse país.
Ainda que a ordem tivesse seus alicerces nas práticas políticas do
passado, era importante que a República construísse, no Rio de Janeiro,
um cenário de progresso que apagasse a memória colonial e
anunciasse um projeto de futuro que já fosse uma realidade no
presente, mesmo se pouco mudasse na cidade e no país. Para o
discurso oficial, os dois quilômetros da avenida Central eram a imagem
do Rio de Janeiro, e a cidade-capital, por sua vez, era a imagem do
Brasil.
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Na virada do século XIX para o XX, a Europa viveu um período de grande
otimismo chamado de Belle Époque, expressão francesa que significa
Bela Época. Eram tempos de paz no continente europeu. Havia grande
entusiasmo com o progresso e com as novas invenções da ciência e da
técnica, tais como o telefone, o cinema, o avião e o telégrafo. Houve
também grandes transformações nos hábitos cotidianos, crescimento
da indústria e novidades no campo das artes e da cultura.
Santos Dumont - 14 Bis.
No Brasil, a Belle Époque foi, sobretudo, uma moda vivida pelos
elegantes que copiavam formas e modos de vida da burguesia francesa
sem que o país tivesse de fato uma burguesia industrial. Nicolau
Sevcenko (2003, p. 35) alude a uma inserção compulsória do Brasil na
Belle Époque.
Exemplo de construção na Belle Époque: Palácio Monroe.
O lugar periférico do Brasil no cenário internacional fez com que o país,
sempre atento ao que se passava e ao que se pensava nas capitais
europeias, copiasse modismos da Belle Époque. Contudo, os tempos
não eram efetivamente belos para os brasileiros, a não ser para uma
minoria de privilegiados que, por certo, passavam longas temporadas
em Londres, em Paris ou em Viena.
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Sarau, de Columbano Pinheiro (1880)
O café das fazendas paulistas continuava a ser o primeiro produto da
pauta de exportação. A borracha ocupou um lugar significativo em
nossas exportações apenas por um curto período, até que em 1910 a
produção dos seringais amazônicos passou por uma crise de difícil e
penosa extração. A economia brasileira continuava sem um mercado
consumidor interno solidamente constituído e sem atividades
industriais consolidadas.
A economia do país era sustentada pela exportação de
produtos agrícolas não essenciais para as atividades
industriais dos países europeus e para os Estados
Unidos, que os importavam ou suplantavam por novos
mercados produtores, tais como: cacau, borracha,
algodão, açúcar, tabaco, erva mate, couro e pele.
Esses produtos, somados ao café que imperava absoluto na pauta de
exportações brasileiras, representaram de 1870 até a Primeira Grande
Guerra de 1914 mais de 90% do que exportava o país. Sua fragilidade se
faria patente quando a guerra trouxe cortes significativos das
exportações e queda nas importações de produtos industrializados.
Na sociedade, poucos foram os que puderam gozar dos luxos e dos
prazeres da Belle Époque. No interior dos estados da federação, os
trabalhadores continuavam a viver em condições precárias, submetidos
ao poderpessoal dos coronéis e dependentes de sua vontade soberana.
Nas cidades, os pobres continuaram a trabalhar nas fábricas nascentes,
no comércio e no setor de serviços em troca de salários baixos, sem
nenhuma conquista no campo da legislação trabalhista e em condições
de vida e de trabalho aviltantes.
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Retirantes de Candido Portinari (1944)
As reformas urbanas construíram uma fachada moderna nas cidades,
buscaram controlar e disciplinar as multidões urbanas quer pela
imposição de uma ética positiva do trabalho, quer pela ação das forças
de segurança e ordem. Mas mesmo na capital federal as melhorias
dividiam a cidade entre os bairros elegantes, beneficiados pelas obras
de saneamento e urbanização, e os subúrbios, cujos bairros pobres
eram quase sempre abandonados pelo poder público.
O �m da política dos
governadores nos anos 1920
Segundo Ferreira e Pinto (2003):
Na década de 1920, a sociedade
brasileira viveu um período de
grande efervescência e profundas
transformações. Mergulhado numa
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crise cujos sintomas se manifestam
nos mais variados planos, o país
experimentou uma fase de transição
cujas rupturas mais drásticas se
concretizaram a partir de 1930.
(FERREIRA; PINTO 2003, p. 389)
No plano político, os problemas do “federalismo desigual”, que
confundia os interesses nacionais com os de Minas Gerais e de São
Paulo e subordinava os demais estados da federação ao comando
político das oligarquias paulista e mineira, começavam a aparecer.
Assim, bem pesada, a Política dos
Governadores não se resumia a
transferir as disputas oligárquicas
que se concentravam no Congresso
para o âmbito dos estados; ela se
caracterizou também por criar uma
hierarquia entre eles - as oligarquias
de primeira grandeza decidiam
sobre a chefia do Executivo Federal
e as demais apoiavam a decisão,
em nome da garantia de sua
permanência à frente dos governos
de seus respectivos estados.
(CARVALHO, 2001, p. 98)
Nem sempre, no entanto, as oligarquias de segunda grandeza, em
especial as do Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul e Pernambuco,
se conformavam com seu lugar subordinado. Foi o que sucedeu quando
esses estados, no movimento conhecido como Reação Republicana, se
congregaram em torno das eleições presidenciais realizadas em março
de 1922, com as candidaturas de:
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Nilo Peçanha
Candidato de Minas
Gerais.
Artur Bernardes
Candidato de São
Paulo.
Artur Bernardes foi eleito, como era previsível, mas a crise estava
anunciada e retornaria, irreversivelmente, na campanha à sucessão de
Washington Luís em 1930, quando os resultados eleitorais que deram a
vitória a Júlio Prestes não foram reconhecidos e a revolução estourou
no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais e no Nordeste.
Em 3 de novembro de 1930, Getúlio Vargas, derrotado nas eleições, foi
empossado no cargo de presidente da República pelas forças
revolucionárias que se haviam levantado contra o arbítrio oligárquico e
em nome dos novos tempos. O poder foi tomado com a pretensão de
construir um país moderno e de responder às novas demandas sociais
postas em cena ao longo dos anos 1920.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O governo de Rodrigues Alves (1902-1906) foi responsável pelos
processos de modernização e urbanização da então capital federal,
o Rio de Janeiro. Coube ao prefeito Pereira Passos a urbanização
da cidade e ao doutor Oswaldo Cruz o seu saneamento, visando
combater principalmente a febre amarela, a peste bubônica e a
varíola. Essa política de urbanização e saneamento público, apesar
de necessária e modernizante, encontrou forte oposição junto à
população pobre da cidade e à opinião pública porque
A
mudava o perfil da cidade e acabava com os altos
índices de mortalidade infantil entre a população
pobre.
B
transformava o centro da cidade em área
exclusivamente comercial e financeira e acabava
com os infectos quiosques.
C
desabrigava milhares de famílias, em virtude da
desapropriação de suas residências, e obrigava a
vacinação antivariólica.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
A população não compreendia como as reformas iriam melhorar
sua vida nem o significado das medidas saneadoras impostas pelo
governo. Revoltada com as posturas municipais supostamente
civilizadoras que proibiam, por exemplo, a circulação na avenida,
sem sapatos, paletó e gravata, a população se insurge no
movimento que ficou conhecido como Revolta da Vacina.
Questão 2
(UNICAMP, 2016) “O Rio civiliza-se!” eis a exclamação que irrompe
de todos os peitos cariocas. Temos a avenida Central, a Avenida
Beira Mar (os nossos Campos Elíseos), estátuas em toda a parte,
cafés e confeitarias (…), um assassinato por dia, um escândalo por
semana, cartomantes, médiuns, automóveis, autobus, autores
dramáticos, grandmonde, demi-monde, enfim todos os apetrechos
das grandes capitais. (“O Chat Noir”, em Fon-Fon! Nº 41, 1907.
Extraído de
www.objdigital.bn.br/acervo_digital/div_periodicos/fonfon/fonfon1907)
A partir do excerto, que se refere ao período da Belle Époque no
Brasil, no início do século XX, analise as afirmações:
I. O Rio de Janeiro procurava apagar aspectos da época do império
e impulsionar a cultura francesa.
II. A cidade expressava as contradições de um processo de
transformações urbanas, sociais e políticas nas primeiras décadas
da República.
III. A modernização representou um processo de exclusão social e
D
provocava o surgimento de novos bairros que
receberiam, desde o início, energia elétrica e
saneamento básico.
E
implantava uma política habitacional e de saúde
para as novas áreas de expansão urbana, em
harmonia com o programa de ampliação dos
transportes coletivos.
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cultural, patrocinado pelo governo francês, que financiava obras
públicas e impunha os produtos franceses à população brasileira.
IV. Os costumes franceses eram elementos incorporados pela
sociedade carioca como sinônimo da modernização republicana.
Está correto o que se afirma em:
Parabéns! A alternativa C está correta.
A afirmação III está incorreta porque, na verdade, Belle Époque no
Brasil diz respeito à moda vivida pelos elegantes que copiavam
formas e modos de vida da burguesia francesa sem que o país
tivesse de fato uma burguesia industrial.
Considerações �nais
Sertão, campo e cidade na política brasileira representaram uma
estrutura que hoje nos ajuda a entender o funcionamento da República
fundada no início do século XX. Ao longo de nosso estudo, passamos
pela relação existente entre o sertão, o campo e a cidade associados
aos fenômenos políticos da Primeira República. Assim, pudemos
A Apenas I, II e III
B Apenas I, III e IV
C Apenas I, II e IV
D Apenas II e IV
E Apenas I e II
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conhecer a política dos governadores, o coronelismo e os novos ideais
de urbanidade no Brasil.
Podcast
Neste podcast, o especialista irá discorrer sobre o tema, a partir de
algumas questões, como: os projetos republicanos nos primeiros anos
da República;os elementos fundamentais da Primeira República no
contexto do Governo de Campos Salles; o papel da cidade do Rio de
Janeiro no contexto da instauração da ordem Republicana.

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Confira agora o que separamos especialmente para você!
Assista ao filme 1930: tempo de revolução, de Eduardo Escorel, 1990.
Neste filme, você encontrará um ótimo resumo sobre o contexto político
da primeira república e o coronelismo.
Leia o artigo Mandonismo, Coronelismo, Clientelismo: Uma Discussão
Conceitual, de José Murilo de Carvalho, sobre o coronelismo e as
continuidades dessa política ao longo da história republicana brasileira.
Leia o livro A alma encantadora das ruas, de João do Rio. Trata-se de
uma coletânea de crônicas que retrata literariamente, de maneira crítica,
as mudanças na cidade do Rio de Janeiro do início do século. Leia, em
especial, a crônica “A Rua”.
Leia a matéria “Revolta da Vacina, 116 anos: diferenças e semelhanças
com a onda negacionista atual”, de Daniel Giovanaz, publicada no site
Brasil de Fato. A matéria apresenta uma boa comparação entre o
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contexto da Revolta da Vacina e a situação contemporânea envolvendo
a pandemia de covid-19.
Referências
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MOTA, L. D. A História vivida. Vol. III. São Paulo: O Estado de São Paulo,
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renovação urbana do Rio de Janeiro no início do século XX. Rio de
Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, Turismo e
Esporte/Departamento Geral de Documentação e Informação Cultural,
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SEVCENKO, N. Literatura como missão. Tensões sociais e criação
cultural na Primeira República. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
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