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Estrutura e Fisiologia dos Eritrócitos Estrutura dos Eritrócitos Os Eritrócitos também são chamados de Hemácias. Apresentam uma estrutura bicôncava, é pequeno (8/9µm de diâmetro). O eritrócito é uma célula vermelha sem núcleo, uma vez que a função dele não é fazer transcrição/tradução e sim fazer o transporte de oxigênio. Possui forma bicôncava para ter flexibilidade para passar pelos capilares sanguíneos sem se danificar. A membrana plasmática dos Eritrócitos tem várias proteínas de membrana e existe um esqueleto de sustentação abaixo que promove o seu formato bicôncavo. A alteração do formato dos Eritrócitos podem dificultar o transporte de oxigênio e facilitar a hemólise, levando a anemia hemolítica. Membrana do Eritrócito A membrana plasmática dos Eritrócitos tem várias proteínas de membrana e existe um esqueleto de sustentação abaixo que promove o seu formato bicôncavo. A alteração do formato dos Eritrócitos podem dificultar o transporte de oxigênio e facilitar a hemólise, levando a anemia hemolítica. A anquirina é uma das proteínas que são responsáveis por dar a sustentação na membrana e formato dos Eritrócitos (serve de âncora). A beta-espectrina também é uma proteína de extrema importância para o sustentamento da membrana e formato das hemácias. Doença hereditária pode causar mutação nessas proteínas fazendo ter uma conformação estrutural nessa membrana deformando o eritrócito e causando problemas funcionais. A membrana do eritrócito contém antígenos de superfícies que vão determinar o grupo sanguíneo. Possuímos mais de 36 grupos sanguíneos. No ponto de vista transfusional os que causam alterações de incompatibilidade são ABO e Rh. Em pacientes politransfundidos com talassemia, como fazem várias transfusões, o paciente pode desenvolver anticorpos contra essas proteínas de superfície. Quando isso acontece gera um problemão pois tem que fazer a tipagem sanguínea de todos os grupos sanguíneos até achar um doador compatível com essa pessoa, pois pode causar hemólise sistêmica se transfusionar um sangue incompatível. Hemoglobina É a proteína responsável pela coloração rósea dos Eritrócitos, alguns exames avaliam a coloração dos eritrócitos, se eles estão hipocrômicos logo estão poucos corados, indicativo de pouca hemoglobina logo tenho falta de oxigênio. A hemoglobina é um tetrâmero formado por 4 cadeias (2 alfas e 2 betas). Cada cadeia contém cerca de 141 aminoácidos. Essas cadeias são chamadas de cadeias globínicas e cada cadeia tem um grupamento heme ligado a ela. Cada grupamento heme possui um íon de ferro no seu centro, que liga a molécula de O2. O grupamento heme é um grupamento prostético, formado por um átomo de ferro central junto com a protoporfirina (sistema de anéis heterocíclicos). Tem anemias causadas por problemas nas estruturas das protoporfirinas chamadas de protoporfirinemias. Tudo que influencia na estrutura do eritrócito e hemoglobina pode causar uma anemia. Formação das hemoglobinas: As cadeias globínicas livres se agrupam em dímeros formando um tetrâmero de 2 homodímeros. A hemoglobina principal (HbA) possui duas cadeias alfas e duas cadeias betas, essa hemoglobina está presente no adulto normal em uma proporção de 96-98% (responsável pelo transporte do O2). A hemoglobina fetal (HbF) é formada por 2 cadeias alfa e 2 cadeias gamas, sendo encontrada no sangue adulto numa proporção muito baixa 0,5-0,8%. A hemoglobina A2 é formada por 2 cadeias alfas e duas cadeias deltas, e estão presentes em uma proporção de 1,5-3,2% no sangue adulto. Dessa forma, existem três tipos de hemoglobina, devido a variação na cadeia polipeptídica: Hemoglobina A1 (majoritária), Hemoglobina A2 e Hemoglobina F (fetal). No cromossomo 16 estão expressos os genes que codificam a cadeia alfa: zeta (embrionário), alfa 2 e alfa 1. No cromossomo 11 estão expressos os genes que codificam a cadeia beta (não alfa): épsilon, gama G (rica em glicina), gama A (rica em alanina), delta e beta. Sempre se agrupam de duas em duas: duas do tipo alfa e duas do tipo não alfa. No feto é quase 100% hemoglobina fetal, depois que ele nasce começa a produzir a hemoglobina A. Durante o início da produção do saco vitelínico, só produz as cadeias zetas, conforme a zeta para de ser produzida começa a produzir a alfa. Desde o início da gestação a hemoglobina produzida vai evoluindo durante a evolução do feto, e a cadeia beta começa a ser formada a partir dos 6 meses, que então começa a ter características da hemoglobina adulta. A delta começa a produzir um pouco antes do nascimento e produz para o resto da vida em quantidades pequenas (por isso a HbA2 é sempre presente em pequenas quantidades). Hemoglobinopatia são anormalidades na estrutura das cadeias da hemoglobina. São ditas qualitativas porque alteram a síntese normal da hemoglobina ou quantitativas que é devido a diminuição da síntese normal das cadeias. Qualitativas são alterações estruturais e as quantitativas são as talassemias. A hemoglobina (Hb) é uma proteína composta de grupamentos heme que compõem 95% da proteína total desta célula. Os benefícios de conter hemoglobina dentro das células, ao contrário de livre no plasma, incluem: uma meia-vida maior (a Hb livre no plasma possui uma meia-vida de apenas algumas horas), a capacidade metabólica dos eritrócitos de manter o ferro ligado à Hb em seu estado funcional e a habilidade de controlar a afinidade do oxigênio pela Hb, alterando as concentrações de fosfatos orgânicos (especialmente o 2,3-DPG). Metabolismo Apesar do Eritrócitos não possuir núcleo, ele apresenta diversas vias metabólicas como qualquer célula. Para a respiração celular tem-se a fase anaeróbia e aeróbia. Na fase anaeróbica, o eritrócito faz a glicólise (glicose - piruvato). Em seguida, na fase aeróbica (presença de oxigênio), o piruvato entra para o ciclo de krebs e fosforilação oxidativa. Quando não tem O2 (hipóxia) o eritrócito faz apenas a glicólise, gerando acúmulo de piruvato, este é desviado para a produção de lactato e produção de 2,3-difosfoglicerato (2,3-DPG). O aumento do 2,3-DPG promove alteração da conformação da hemoglobina e consequentemente, diminui sua ligação ao oxigênio, isso gera uma sinalização no sistema hematopoiético, que sinaliza para produção de eritropoetina (no rim) e esta estimula a produção de eritrócito. Dessa forma o 2,3-DPG atua como um sinalizador para maior produção de eritropoese (via eritropoetina nos rins). Produção da Eritropoetina: No rim, em caso de hipóxia, ocorre uma queda de O2 atmosférico e a curva de O2 é modificada. O principal sistema que reconhece essa queda da oxigenação (diminuição da concentração de hemoglobina oxigenada) e aumento dos níveis de 2,3-DPG, é o sensor de O2 chamado de HIF alta e beta (fator de transcrição), se chama fator de indutor de hipóxia. Esse fator de transcrição estimula a produção de eritropoietina pelas células do córtex renal, com isso o rim libera esse hormônio que vai atuar na medula para estimular a produção de eritrócitos e sintetizar hemoglobina para preencher esses eritrócitos. Essa síntese é regulada pela diminuição da hemoglobina oxigenada e do aumento da concentração de 2,3-DPG. Eritropoese ineficaz A eritropoese ineficaz está relacionada com diminuição da eritropoiese ou diminuição da produção de eritrócitos maduros. Várias condições podem contribuir para uma eritropoese ineficaz como: doença renal crônica (deficiência de eritropoetina), infecção, alteração na medula (leucemia), carência nutricional (compromete maturação dos eritrócitos), etc. Absorção de ferro O ferro é adquirido através da dieta de alimentos ricos em ferro. O grupamento heme pode ser absorvido por inteiro, porém em pequena quantidade, pois a maioria do ferro é adquirida da alimentação. O ferro da dieta é o Fe 3+ (íon férrico). Para este ferro ser absorvido pelo transportador de metal 1 (DMT-1), ele precisa estar na forma de Fe 2+, para isso, precisa ser reduzido. Existem enzimas presentes na superfície apical nas cristas dos enterócitos, chamadas ferrirredutases, que são responsáveispor reduzir o Fe 3+ em Fe 2 +. Assim que é reduzido ele adentra para o enterócito. Existem outros agentes redutores que facilitam essa redução do íon férrico, como o ácido ascórbico (vitamina C). O Fe 2+ cai no interior do enterócito, e para chegar no plasma ele precisa voltar para a forma Fe 3+, para isso, as enzimas ferroxidases transformam o Fe 2+ em Fe 3+. Este consegue ser transportado para o plasma passando por uma proteína (proteína de transporte) chamada ferroportina. Quando chega ao plasma ele é complexado a transferrina (proteína de transporte) essa faz o transporte de ferro no plasma para todos os tecidos (importante em caso de anemias ferroprivas, geralmente é por falta de ferro na alimentação, mas pode ser problemas em proteínas de transporte). Inflamações intestinais diminui a absorção de ferro (doença de Crohn). A Hepcidina é o regulador hormonal mais importante na absorção do ferro. A Hepcidina regula a expressão de ferroportina no nosso organismo, trata-se de uma regulação contrária, altos níveis de Hepcidina diminui a expressão de ferroportina, logo altos níveis diminuem a absorção de ferro. Síntese de Hemoglobina Depois que ocorre a absorção do ferro, a transferrina vai transportá-lo por todo o nosso corpo onde as células tenham receptor de transferrina. Os eritroblastos têm esses receptores, a transferrina chega nesse receptor TRF presente na membrana dos eritroblastos, e vai entregar o ferro para esse eritroblasto. O ferro é liberado e a transferrina é removida do meio celular por exocitose (ciclo transferrina). Parte do ferro se liga a protoporfirina, formando o grupamento heme (na mitocôndria) e o excesso de ferro é transformado em ferritina, esta é a forma de armazenamento de ferro e quando faltar na dieta, esse ferro irá suprir a necessidade do organismo (dosagem de ferritina é o exame para identificar anemia, caso tenho estoque não sou anêmico). Os 4 grupamentos hemes se ligam às globinas alfas e betas (cada cadeia tem seu grupamento próprio), formando a hemoglobina. Uma vez formada essa hemoglobina, o eritroblastos vai se enchendo de hemoglobina, e ele tem um núcleo, que é expulso devido ao excesso de hemoglobina, formando o eritrócito. Esse eritrócito pronto vai exercer sua função de transporte de oxigênio. Os eritrócitos senescentes (com mais de 120 dias) não consegue mais exercer sua função, é destruído no baço e a medula repõe por novos. Hemoglobina glicada para pacientes que querem fazer controle glicêmico, quanto mais glicose a pessoa tem no sangue uma parte vai se ligando da hemoglobina (formando hemoglobina glicada) e quanto maior o nível de hemoglobina glicada indica o excesso de açúcar durantes esses 3 meses de duração de vida dos eritrócitos. Destruição dos Eritrócitos Os eritrócitos senescentes são destruídos pelos macrófagos no baço. A degradação da hemoglobina gera liberação de cadeias globínicas e grupamento heme. As cadeias globínicas são cheias de aminoácidos e vão ser usados para produção de novas proteínas, e o grupamento heme ele é formado por ferro e protoporfirina, o ferro é aproveitado para a criação de novas hemoglobinas que estão sendo criadas na medula. Já a protoporfirina é destruída e produz a bilirrubina indireta. O macrófago libera essa bilirrubina que se liga à albumina plasmática e vai ser transportada ao fígado, no órgão, é conjugada ao ácido glicurônico, para ser liberada na bile, essa bilirrubina é a conjugado ou direta. No intestino o ácido glicurônico é removido por bactérias e a bilirrubina resultante é convertida urobilinogênio, esse é degradado por bactérias da flora e esse dá origem a substâncias que deixam as fezes marrom (estercobilina). Uma parte do urobilinogênio é absorvida antes de ser eliminada nas fezes, cai no plasma e é filtrada pelo rim, sendo eliminada pela urina. Esta é uma hemólise programada, ela é extravascular, não está acontecendo no vaso e sim nos macrófagos. Mas temos a intravascular, mas esse caso ocorre devido a alguma anemia. Malária causa essa hemólise pois parte do ciclo ocorre dentro dos eritrócitos. Importante saber, pois quando falamos de anemias hemolíticas e a liberação de protoporfirina devido hemólise, logo tenho excesso de bilirrubina (direta e indireta) deixando o paciente com icterícia. Se tem destruição de eritrócitos tem aumento de bilirrubina. Reaproveitamento de ferro Hepcidina é o principal regulador hormonal da regulação do ferro, altos níveis desse hormônio diminui a expressão de ferroportina (FPN), diminuindo a absorção de ferro para o plasma. Hepcidina atua inibindo que o macrófago destrua os eritrócitos, inibindo a liberação de ferro pelos macrófagos e, consequentemente, inibe absorção e reaproveitamento do ferro. Existem outras substâncias que regulam a hepcidina, a hipóxia induz a liberação de HIF e este diminui a expressão de hepcidina, aumentando a absorção de ferro e aumenta o reaproveitamento de ferro pelos macrófagos. E tem substâncias que regula positivamente esse processo que é a IL-6, em pacientes com doenças inflamatórias crônicas, têm taxas dessa IL-6 mais alta, gerando uma grande quantidade de hepcidina formanda e diminuindo a absorção e reaproveitamento de ferro (liberação de ferro dos macrófagos), pacientes assim desenvolve anemia de doença crônica devido a taxa aumentada de IL-6. Fatores que regulam a liberação de hepcidina � eritropoetina, hipóxia (HIF), eritroblastos baixo também aumenta. O ferro vai ser absorvido pelo intestino através da nossa dieta (1mg diária) vai ser absorvido nos enterócitos, cai no plasma a transferrina transporta para todos os tecidos e o principal alvo vai ser os eritroblastos para a produção de eritrócitos para transporte de O2. E os destruídos são reaproveitados. Eritropoiese ineficaz – quando o organismo tenta produzir os eritroblastos e hemoglobina, mas se a medula não tem os elementos essenciais, o organismo acaba sinalizando para os macrófagos destruírem eritrócitos pois ocorre aproveitamento do ferro para que ocorra nova formação. Produção de Eritrócitos Proeritoblastos é grande, com núcleo grande. Conforme avança a maturação, vai diminuindo o tamanho das células e do núcleo, seu citoplasma vai passando de basófilo para acidófilo. Todo esse processo que ocorre na medula, há necessidade de elementos essenciais como ferro, ácido fólico e vitamina b12 esses são necessários para a síntese de DNA (pois no início a célula tinha um núcleo). Esse processo de evolução é importante para a formação do eritrócito e sem síntese de DNA pode causar malformações. Falta de vitamina b12 pode causar anemia megaloblástica que pode ser séria dependendo do caso, geralmente ocorre em veganos. Por isso é importante grávidas fazerem suplementação de ácido fólico, vitamina b12 e ferro uma vez que tem que produzir eritrócito. Anemias A anemia pode ocorrer por diversos fatores, dentre eles: A diminuição da produção de eritrócitos pode estar relacionado com a falta de ferro, vitamina B12, ácido fólico e outras proteínas.
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