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Sangramentos da 1ª metade da gestação Igor Mecenas Gravidez Ectópica Gestação cuja implantação e desenvolvimento do ovo ocorrem fora da cavidade corporal do útero. • A tuba uterina é o local mais frequente (95-98%). • A gravidez ectópica extratubária é rara. Gravidez Ectópica Ampular (70-80%) Infundibular/Fimbrial (6-11%)Ovariana (1-3%) Cervical (<1%) Ístmica(12%) Intersticial (2-3%) Abdominal (<1%) Cicatriz de Cesárea (<1%) Igor Mecenas Presença de aderências: • DIP • Cirurgia tubária prévia Diminuição de motilidade tubária: • Procedimentos relacionados à reprodução assistida • Anticoncepção de emergência Outros: • DIU • Antecedente de gravidez ectópica Fatores de Risco Igor Mecenas Anamnese Tríade Clássica: A apresentação simultânea ocorre em 50-60% dos casos. • Dor abdominal • Mais frequente, com variação considerável das características; • De quadro vago de dor em cólica até dor sincopal e lancinante; • 50% relatam dor ipsilateral, 25% dor difusa por todo o abdome e 25% contralateral; • Pode aparecer no abdome superior, lombar, região cervical e escápula (Sinal de Laffont). • Sangramento vaginal • 60-90% dos casos; • Produção irregular de hCG; • Na maioria das vezes discreto e acompanhado de dor, vermelho escuro ou acastanhado; • 15% têm sangramento abundante semelhante ao do abortamento incompleto. • Atraso ou irregularidade menstrual • 75-95% dos casos. Diagnóstico Igor Mecenas Exame Físico Varia de normal a instabilidade hemodinâmica. • Na rotura tubária identifica-se palidez progressiva incompatível com o sangramento vaginal. Pode haver choque hemorrágico e com ele, hipotermia. Quando não ocorre, há variação de pulso e PA com a posição da paciente (variação ortostática). Exame do abdome • Equimose periumbilical (sinal de Cullen), raro, em pacientes com parede abdominal pouco espessa ou hérnia umbilical. • À palpação, dor localizada em um quadrante. • Em caso de rotura tubária: Distensão abdominal, descompressão brusca dolorosa e diminuição ou parada dos ruídos hidroaéreos. Exame Tocoginecológico • Pode haver sangramento vaginal (pequena quantidade, escuro, com coágulos e restos de decídua); • Colo uterino geralmente amolecido; • Fundo de saco posterior pode estar extremamente doloroso (Sinal de Proust/Grito de Douglas); • Útero de tamanho normal, mas pode haver amolecimento e discreto aumento; • Em 50% dos casos pode-se palpar massa anexial dolorosa. Diagnóstico Igor Mecenas Exames Subsidiários • β-hCG: a concentração tende a ser menor que na tópica. • USG: • Investigar gestação intrauterina (endométrio significativamente menos espesso). • O saco gestacional pode ser detectado em USG transvaginal 2,5 a 3 semanas após a implantação (anel de contorno hiperecoico e centro anecoico). • Formação anexial sólida ou complexa aparece quando há associação com hematossalpinge ou hematoma pélvico. • Dopplervelocimetria: Fluxo vascular de velocidade relativamente alta e resistência baixa (fluxo placentário/peritrofoblástico) • Exames invasivos: • Culdocentese: Conteúdo líquido da pelve. • Curetagem uterina e aspiração manual a vácuo: diferencia gravidez ectópica do abortamento tópico pela observação a fresco da vilosidade coriônica. • Laparoscopia Diagnóstico Igor Mecenas Gravidez Ectópica Igor Mecenas • Rotura de cisto ovariano de corpo lúteo • Abortamento • Salpingite • Afecções gastrointestinais Diagnóstico Diferencial Igor Mecenas Cirúrgico Em caso de gravidez ectópica rota ou na íntegra com contraindicação de tratamento clínico. • Radical: Salpingectomia por laparotomia, laparoscopia ou colpotomia. • Não se manifesta desejo reprodutivo, gravidez tubária rota, recidiva na mesma tuba, presença de lesão tubária ou falha de salpingostomia. • Conservador: Salpingostomia linear por laparoscopia, Salpingectomia parcial e Ordenha tubária. • Há desejo reprodutivo, massa anexial <5cm no maior diâmetro, gravidez ectópica íntegra e estabilidade hemodinâmica. • Pode haver gravidez ectópica persistente quando há remoção incompleta do trofoblasto. Clínico • Medicamentoso: • Metotrexato (antagonista do ácido fólico) intramuscular ou local guiado por USG Transvaginal. • Prostaglandinas, glicose hipertônica e cloreto de potássio. • Expectante: • Pode haver abortamento tubário ou absorção completa do tecido trofoblástico em alguns casos de gravidez ectópica de pequeno tamanho (<4 cm) e baixas concentrações séricas de β-hCG. Tratamento Igor Mecenas Gravidez Ovariana • A maioria tem rompimento precoce. • Diagnóstico geralmente feito durante a cirurgia com anatomopatológico, mas pode ser detectada na USG. • A conduta é a ooforectomia ou cistectomia por laparotomia, laparoscopia ou tratamento medicamentoso. Gravidez Intersticial • A maioria apresenta dor, atraso menstrual, sangramento vaginal e, por vezes, choque hemorrágico por rotura uterina (9-12ª semana). • O diagnóstico é difícil e muitas vezes é feito por laparoscopia, pode ser auxiliado por USG 3D ou RNM. • Pode ser tratado com administração local ou sistêmica de metotrexato ou laparoscopia. Gravidez Ectópica Igor Mecenas Gravidez Cervical • Geralmente apresenta sangramento indolor no 1º trimestre, orifício externo entreaberto e interno fechado, alargamento desproporcional da cérvix. • É detectável na USG. • Pode ser tratada com metotrexato sistêmico ou local, acompanhado por cloreto de potássio quando há atividade cardíaca conceptual; Dilatação e curetagem com tamponamento por sonda de Foley e embolização das artérias uterinas; Histerectomia. Gravidez Abdominal Primária: Implantação diretamente sobre o peritônio Secundária: Implantação após abortamento tubário ou extensão intraligamentar. • Tem alta mortalidade materna: a retirada da placenta pode causar sangramento excessivo, se deixada in situ pode haver hemorragia, sepse, abscesso, obstrução intestinal e fístulas intestinais. • Quando não viável, pode ser extraído por laparotomia. Gravidez Ectópica Igor Mecenas Gravidez Heterotópica (Combinada) Coexistência de gravidez tópica e ectópica. 2/3 resultam em RN vivo. • Tratamento cirúrgico preferível; glicose hipertônica e cloreto de potássio no saco gestacional são alternativa. Gravidez em Cicatriz de Cesárea • Representa risco iminente e, caso não seja diagnosticada e rapidamente solucionada, pode resultar em rotura uterina, hemorragia e morte materna; • O diagnóstico pode ser feito por USG e RNM; • O tratamento deve ser individualizado, a maioria concorda que a interrupção no 1º trimestre é a melhor forma de evitar complicações; • Algumas podem estar parcialmente implantadas na cavidade uterina, progredir e resultar em nascido vivo, podendo indicar conduta expectante. Gravidez Ectópica Igor Mecenas