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B AC I A O B S T É T R I C A , P E LV I M E T R I A E E S TÁT I C A F E TA L P R O F . N A T Á L I A C A R V A L H O Estratégia MED 2Prof. Natália Carvalho|Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática FetalOBSTETRÍCIA PROF. NATALIA CARVALHO APRESENTAÇÃO Olá, Estrategista, você está prestes a iniciar o estudo da bacia obstétrica, da pelvimetria e da estática fetal. Temas muito importantes para compreender os mecanismos de parto e prestar assistência adequada à parturiente. Vale ressaltar que, isoladamente, bacia obstétrica e pelvimetria não são temas muito frequentes nas provas de Residência Médica, embora o domínio desses conceitos seja pilar importante para a compreensão das temáticas relativas ao parto. Por outro lado, as questões relacionadas à estática fetal, ou seja, ao estudo das relações que o feto estabelece com o útero e a bacia óssea, estão entre as mais frequentes quando o tema é parto. Você notará que o estudo da estática fetal tem bastante relação com o estudo da bacia óssea, por isso organizei este livro digital com esses dois temas juntos. O estudo de ambos facilitará sua compreensão quando estudar mecanismo de parto, partograma, distocia e assistência ao parto. Estratégia MED OBSTETRÍCIA 3Prof. Natália Carvalho|Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Caso você tenha receio dos conceitos que envolvem o estudo da bacia obstétrica, pelvimetria e estática fetal por um contato prévio com esses temas, e esteja pouco confortável para iniciar essa leitura, apreensivo com a sopa de letrinhas, diâmetros e rotações que envolvem esses temas, CALMA! Vamos pensar juntos sobre eles nas próximas páginas e tentarei fazer com que fiquem mais claros para você. Esteja atento, pois o estudo da bacia obstétrica, pelvimetria e estática fetal envolve conceitos tridimensionais. Lembre-se de levar isso em consideração sempre que avaliar as ilustrações apresentadas. Caso se depare entortando o pescoço durante essa leitura para entender o movimento apresentado, fique tranquilo que você está no caminho certo. Além disso, perceba que os conceitos da pelvimetria são passíveis de serem abordados em provas práticas, por isso, atente-se às manobras descritas. A videoaula será um importante aliado no estudo desses temas. Os gráficos abaixo representam o levantamento que a equipe de Obstetrícia do Estratégia MED realizou nas provas de Residência Médica do país nos últimos anos e reforçam que este tema é frequente e não pode ser ignorado por você! Estática fetal Bacia obstétrica 81%81% 19% Pelvimetria Estratégia MED 4Prof. Natália Carvalho|Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática FetalOBSTETRÍCIA @estrategiamed /estrategiamed Estratégia Med t.me/estrategiamed 0 100 200 300 400 500 600 DIABETES NA GESTAÇÃO SANGRAMENTO DA SEGUNDA METADE ASSISTÊNCIA AO PARTO ESTÁTICA FETAL, BACIA OBSTÉTRICA, MECANISMOS DE PARTO E FASES CLÍNICAS DO PARTO ASSISTÊNCIA AO PRÉ-NATAL SÍNDROMES HIPERTENSIVAS DA GESTAÇÃO DOENÇAS INFECCIOSAS NA GESTAÇÃO SANGRAMENTO DA PRIMEIRA METADE VITALIDADE FETAL HEMORRAGIA PÓS-PARTO TRABALHO DE PARTO PREMATURO ROTURA PREMATURA DE MEMBRANAS FETAIS GESTAÇÃO MÚLTIPLA PARTOGRAMA E DISTOCIAS ULTRASSOM EM OBSTETRÍCIA ALOIMUNIZAÇÃO E DOENÇA HEMOLÍTICA PERINATAL ALTERAÇÃO DO VOLUME DE LÍQUIDO AMNIÓTICO INDUÇÃO DO PARTO PARTO VAGINAL OPERATÓRIO ABORTAMENTO DE REPETIÇÃO INFECÇÃO PUERPERAL TIREOIDOPATIAS DESENVOLVIMENTO FETAL CARDIOPATIAS ÓBITO FETAL LÚPUS NA GESTAÇÃO TROMBOSE NA GESTAÇÃO GESTAÇÃO PÓS-TERMO ANEMIA NA GESTAÇÃO ESTATÍSTICA OBSTETRÍCIA PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA ÚLTIMOS 5 ANOS MODIFICAÇÕES FISIOLÓGICAS DA GESTAÇÃO RESTRIÇÃO DE CRESCIMENTO FETAL https://www.instagram.com/estrategiamed/?hl=pt https://www.facebook.com/estrategiamed1/ https://www.youtube.com/channel/UCyNuIBnEwzsgA05XK1P6Dmw https://t.me/estrategiamed Estratégia MED OBSTETRÍCIA 5Prof. Natália Carvalho|Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Ao concluirmos o estudo deste livro digital, você deverá ser capaz de: • Definir quais são os estreitos da pelve e seus diâmetros; • Definir as características dos diferentes tipos de bacia obstétrica; • Relacionar as manobras utilizadas na pelvimetria aos estreitos que avaliam e conhecer as medidas que determinam melhor ou pior prognóstico para o parto vaginal; • Definir os conceitos da estática fetal: atitude, situação, posição, apresentação e variedade de posição; • Interpretar a nomenclatura obstétrica; e • Definir a rotação mais adequada da apresentação fetal para melhor prognóstico do parto vaginal. Vamos lá? A Residência aguarda você! Estratégia MED 6 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 SUMÁRIO 1.0 BACIA OBSTÉTRICA 7 1.1 CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS DA PELVE ÓSSEA 7 1.2 ESTREITOS E DIÂMETROS DA BACIA 8 1.2.1 ESTREITO SUPERIOR 11 1.2.2 ESTREITO MÉDIO 14 1.2.3 ESTREITO INFERIOR 16 1.3 TIPOS DE BACIA 17 2.0 PELVIMETRIA 23 2.1 ESTREITO SUPERIOR 24 2.2 ESTREITO MÉDIO 27 2.3 ESTREITO INFERIOR 27 3.0 RESUMINDO 1 31 5.0 ESTÁTICA FETAL 34 5.1 CARACTERÍSTICAS DO FETO 34 5.2 DEFINIÇÃO DOS PRINCIPAIS CONCEITOS 38 5.2.1 ATITUDE 38 5.2.2 SITUAÇÃO 39 5.2.3 POSIÇÃO 40 5.2.4 APRESENTAÇÃO 41 5.2.4.1 CEFÁLICA 42 5.2.4.2 PÉLVICA 45 5.2.4.3 CÓRMICA 47 5.2.5 VARIEDADE DE POSIÇÃO 48 6.0 RESUMINDO 2 62 7.0 LISTA DE QUESTÕES 63 8.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 64 9.0 LISTA DE IMAGENS E TABELAS 65 10.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 67 Estratégia MED 7 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 CAPÍTULO 1.0 BACIA OBSTÉTRICA A avaliação dos fenômenos que envolvem o parto, baseia-se na avaliação de três fatores: o trajeto, o objeto e o motor. O motor refere- se às características da contração uterina, que é estudada detalhadamente no livro digital FASES CLÍNICAS DO PARTO. O objeto, caracterizado pelo feto, estudaremos a seguir, no capítulo quatro deste livro. Já o trajeto depende das características da pelve materna e sofre influência de dois componentes: • Trajeto mole – depende das características da vulva, vagina, colo e segmento inferior do útero e musculatura pélvica. Trajeto duro – depende das características da bacia óssea materna e é o mais relevante para avaliação do prognóstico do parto vaginal. É especificamente sobre ele que iremos estudar neste capítulo. 1.1 CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS DA PELVE ÓSSEA Quatro ossos constituem a pelve óssea: o sacro, o cóccix e os dois ilíacos, eles estão representados na figura 1. Não se assuste com a quantidade de setinhas e nominações. Apenas algumas delas serão relevantes para nosso estudo obstétrico e iremos, progressivamente, entendendo suas particularidades. Porém, apresento a ilustração com todas as identificações para sanar qualquer dúvida que você venha a apresentar. Observe que o osso ilíaco é formado pela fusão dos ossos ílio (destacado em verde), ísquio (em azul) e púbis (em laranja). O sacro e o cóccix localizam-se posteriormente, como continuação da coluna vertebral, enquanto os ilíacos posicionam-se lateralmente a eles, um de cada lado. Figura 1: anatomia da bacia Estratégia MED 8 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 A sínfise púbica forma-se da junção entre os ilíacos, enquanto o promontório dá nome à região onde o sacro articula-se com a quinta vértebra lombar, formando uma proeminência. O cóccix e o sacro estão unidos por uma articulação bastante móvel chamada sacrococcígea, a qual desempenha papel importante durante a dinâmica do parto vaginal. A bacia pode ainda ser dividida em maior e menor, separadas por uma linha inominada em forma de anel que se estende do promontório à margem superior da sínfise púbica. Observe na figura abaixo sua representação. Figura 2: divisão entre bacia maior e bacia menor A bacia menor ou escavaos números em um relógio, e os pontos de referência fetal como se fossem os ponteiros. Quando relacionamos o ponto de referência fetal com o da pelve, podemos determinar “as horas”, que, nesse caso, serão a variedade de posição fetal, representada por duas ou três letras: Estratégia MED 52 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 Não confunda: P de púbica (quando usamos apenas as duas letras na nomenclatura) com o P de posterior (três letras na nomenclatura) Observe que quando colocamos na variedade de posição as referências esquerda, direita, anterior e posterior, estamos relacionando os pontos de referência fetal ( lambda, bregma, naso, mento, sacro, acrômio) ao ponto de referência materno a que esse ponto de referência fetal mais se aproxima e não ao dorso fetal. Nos casos das apresentações cefálicas fletidas, os pontos de referência fetal estão do mesmo lado materno que o dorso fetal, isto é, em uma variedade de posição OEA ( occipito próximo à eminência ileopectínea esquerda), o dorso fetal também está do lado esquerdo da gestante. Porém, isso não ocorre nas apresentações cefálicas defletidas, pois o ponto de referência fetal fica de um lado da gestante e o dorso fetal fica do lado oposto. Por exemplo: na variedade de posição BEA ( bregma próximo a eminência ileopectínea esquerda), o dorso está do lado direito da gestante e não do lado esquerdo. Então, memorize esse conceito: variedades de posição cefálica fletida, dorso fetal ao mesmo lado do abdome materno que o ponto de referência fetal, variedades de posição defletidas, dorso fetal do lado oposto em que se encontra o ponto de referência fetal na gestante. Não misture variedade de posição ( relação entre os pontos de referência fetal com os pontos de referência maternos) com posição fetal ( relação do dorso fetal com o abdome materno). Observe as figuras a seguir para entender melhor esse conceito. Estratégia MED 53 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 CAI NA PROVA (SURCE 2024) O estudo da estática fetal é de suma importância para analisar as relações do produto conceptual e seus respectivos pontos de referência ao insinuarem-se pelo estreito superior, com a bacia e com o útero, dando-nos dados essenciais para o bom entendimento e acompanhamento do trabalho de parto. Conferir figura correspondente com melhor resolução no anexo Agora, quero que você pare e leia atentamente o que vou colocar a seguir. Alguns autores consideram que as letras da variedade de posição representam a apresentação, a posição e a variedade de posição. Esse conceito de variedade de posição é diferente do que apresentamos até agora e que é seguido pela maioria dos autores. 1ª letra: Apresentação: Parte fetal que está no canal de parto (ex.: O- occipital para apresentação cefálica fletida). 2ª letra: Posição: Relação do dorso fetal com o lado do abdome materno (direito ou esquerdo). Lembrar que o dorso coincide com o ponto de referência fetal nas cefálicas fletidas, mas não nas outras apresentações fetais. 3ª letra: Variedade de posição: Posição do ponto de referência fetal em relação à pelve materna (anterior, posterior ou transversa). Exemplo: OEA • O (Apresentação): Occipital- cefálica fletida • E (Posição): dorso à Esquerda. • A (Variedade de posição): Anterior. Para as apresentações cefálicas fletidas, esse conceito acaba coincidindo com o conceito apresentado anteriormente, mas, para as outras apresentações fetais, isso não vale, pois o ponto de referência fetal não está do mesmo lado do dorso fetal no abdome materno, como vimos no exemplo anterior. Vamos praticar? Responda às questões abaixo e teste os conceitos aprendidos até aqui. (FIGURA 6). A) Situação longitudinal, apresentação cefálica (fletida), occipito-direita anterior (O.D.A.) e dorso à direita. B) Situação longitudinal, apresentação cefálica de bregma (defletida de 1º grau), bregma-direita-anterior (B.D.A.) e dorso à esquerda. C) Situação longitudinal, apresentação cefálica de fronte (defletida de 2º grau), naso-direita-anterior (N.D.A.) e dorso à esquerda. D) Situação longitudinal, apresentação cefálica de face (defletida de 3º grau), mento-esquerda-anterior (M.E.A.) e dorso à esquerda. COMENTÁRIOS: Incorreta a alternativa A: a figura mostra uma apresentação cefálica defletida e não fletida. Na apresentação fletida, o queixo do feto encontra-se em contato com seu tórax. Incorreta a alternativa B: a figura apresentada mostra um feto em apresentação defletida de 2 grau, e não de primeiro grau, já que é possível sentir o nariz do feto. A partir da figura, assinale a alternativa que descreve corretamente a situação, apresentação, variedade de posição e posição fetal. Estratégia MED 54 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 (AMRIGS 2021) Durante o trabalho de parto, o preceptor faz um toque vaginal na paciente e diz ao residente que o feto está em OET. Essa nomenclatura obstétrica permite descrever as relações entre o feto e a gestante e, nesse caso, a letra T faz referência à: A) Apresentação fetal. B) Posição fetal. C) Situação fetal. D) Variedade de posição fetal. COMENTÁRIO Incorreta a alternativa A, porque na sigla OET, a letra O, e não a T, refere-se à apresentação fetal. Incorreta a alternativa B, porque na sigla OET, a letra E, e não a T, refere-se à variedade da apresentação fetal. Incorreta a alternativa C, porque a situação fetal pode ser inferida a partir da apresentação fetal representada pela letra O, e não pela letra T. Correta a alternativa D porque na sigla OET, a letra T relaciona-se ao ponto da pelve materna para onde o ponto de referência da apresentação fetal está voltado. Nesse caso, está para a extremidade do diâmetro transverso da bacia materna, determinando a variedade de apresentação fetal. Aproveite essa questão e observe se você imaginou a figura abaixo ao ler a nomenclatura OET. Agora, observe a tabela 4 abaixo. Ela resume todos os conceitos apresentados até aqui. Retorne a ela sempre que necessário para relembrar os pontos de referência fetal de acordo com a apresentação. Observe que há um novo conceito a ser considerado nesse ponto: a linha de orientação. Ela também varia com a apresentação fetal. Caso seja preciso, consulte novamente a figura 23 para ajudá-lo a relembrar as suturas citadas. Correta a alternativa C: temos um feto em apresentação cefálica, sendo assim, a situação é obrigatoriamente longitudinal. Como é possível sentir a raiz do nariz, temos uma apresentação cefálica defletida de 2 grau ou de fronte, cujo ponto de referência é o naso. Como o ponto de referência está à direita e é anterior, temos uma variedade de posição naso direita anterior e o dorso está à esquerda da gestante. Incorreta a alternativa D: a apresentação é cefálica de fronte, e não de face. Na apresentação de face, o ponto de referência é o mento. Estratégia MED 55 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 Situação Longitudinal Transversa Apresentação Cefálica Pélvica Córmica Cefálica fletida Cefálica defletida 1º grau 2º grau 3º grau Região apresentada Occipício Bregma Fronte Face Região pélvica Acrômio Ponto de referência Lambda Bregma Glabela (raiz do nariz) Mento Sacro Acrômio Linha de orientação Sutura sagital Sutura sagitometópica Sutura metópica Linha facial Sulco interglúteo Gradeado costal Diâmetro anteroposterior Suboccipitobregmático Occipitofrontal Occipitomentoniano Submentobregmático Bitrocantérico Símbolo O B N M S A Tabela 4: nomenclatura dos parâmetros avaliados na estática fetal Que tal um exemplo para ajudar a fixar todos esses conceitos? Vamos pensar na apresentação cefálica fletida. Seu ponto de referência é olambda e a letra que o simboliza é a O, portanto, em todas as variedades de posição da apresentação cefálica fletida, a primeira letra da nomenclatura será a letra O, seguida das letras que representam os pontos de referência da bacia óssea. Observe na figura 39 as variedades de posição da apresentação cefálica fletida. É bastante comum o examinador lhe apresentar figuras semelhantes na prova para que você as avalie. Estratégia MED 56 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 Figura 39: variedade deposição referentes à apresentação cefálica fletida O mesmo raciocínio vale para todas as outras variedades de apresentação. Minha sugestão é que você decore os diferentes pontos de referência das apresentações fetais e os pontos de referência da pelve materna, o que lhe permitirá pensar em todas as possíveis variedades de posição ao invés de decorá-las, uma vez que são muitas as possíveis variações entre apresentação cefálica, pélvica e córmica. Complexo juntar tudo? Vamos resolver juntos as questões a seguir. Acredito que elas ajudarão você a organizar todos os conceitos que estudamos até aqui, demonstrando como podem ser cobrados na prova. Estratégia MED 57 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 CAI NA PROVA (UERJ 2025) Durante um plantão em maternidade, uma paciente encontra-se em trabalho de parto. Trata-se de uma mulher de 25 anos, GIP0, com idade gestacional (IG) de 39 semanas e 4 dias. Ao exame físico, verificam-se PA = 110x70mmHg, atividade uterina (AU) = 3/10’/40”, batimento cardíaco fetal (BCF) = 145bpm sem desacelerações e bolsa íntegra. Ao toque vaginal, verifica-se colo centralizado, 80% apagado, dilatado para 6cm, com variedade de posição OET e no plano +1 de De Lee. Considerando o caso exposto, conclui-se que a situação e a posição, respectivamente, são: COMENTÁRIOS: Incorreta a alternativa A: como a apresentação é cefálica, a situação é longitudinal, não transversa. Fetos em situação transversa estão em apresentação córmica. Não confunda situação transversa (apresentação córmica) com variedade de posição transversa (apresentação cefálica). Incorreta a alternativa B: temos uma variedade de posição OET, portanto o occipício está à esquerda. Como o occipício fica do mesmo lado do dorso fetal, a posição fetal é esquerda. Incorreta a alternativa C: como a apresentação é cefálica, a situação é longitudinal, não transversa. Fetos em situação transversa estão em apresentação córmica. Não confunda situação transversa (apresentação córmica) com variedade de posição transversa (apresentação cefálica). Correta a alternativa D: A) transversa / direita B) longitudinal / direita C) transversa / esquerda D) longitudinal / esquerda O toque vaginal mostrou um feto em variedade de posição OET ( occipitoesquerda transversa), sendo assim, o feto está em situação longitudinal, apresentação cefálica e posição esquerda (dorso à esquerda, na mesma direção do occipício-lambda). Portanto, está correta a alternativa D. (SUS-SP 2025) A linha de orientação da cefálica defletida de primeiro grau é denominada A) sutura sagital. B) sutura sagitometópica. C) sutura metópica. D) linha facial. E) gradeado costal. Estratégia MED 58 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 COMENTÁRIOS: Incorreta a alternativa A: sutura sagital é a linha de orientação das apresentações cefálicas fletidas. Correta a alternativa B: nas apresentações cefálicas de fletidas de 1º grau, a linha de orientação é a sutura sagitomentópica. Incorreta a alternativa C: sutura metópica é a linha de orientação das apresentações cefálicas defletidas de 2º grau. Incorreta a alternativa D: linha facial é a linha de orientação das apresentações cefálicas defletidas de 3º grau. Incorreta a alternativa E: gradeado costal é a linha de orientação das apresentações córmicas. (HSL 2023) Secundigesta em trabalho de parto, com 7 cm de dilatação e bolsa rota. Na palpação abdominal, o obstetra encontra o polo cefálico na escavação, em apresentação fletida, e conclui que se trata de ODT. Considerando a pelve como um relógio, no toque vaginal, espera-se observar o lambda às: A) 9h. B) 12h. C) 8h. D) 3h. E) 6h. COMENTÁRIOS: Em uma variedade occipito direita transversa (ODT), temos como ponto de referência fetal o lambda. Ele está voltado para o lado direito da mãe, e, quando está transverso, significa que está no diâmetro transverso da pelve. Pensando no relógio, o lado direito da mãe está à esquerda do observador. Nesse caso, o lamba estará apontado para 9h. Portanto, a alternativa correta é a letra A. Gabarito: alternativa A (UFRJ 2021) Na estática fetal, a variedade de posição define-se como a relação dos pontos de referência maternos e fetais. Dentre os pontos fetais, o que representa a apresentação cefálica fletida é: A) glabela. B) lambda. C) bregma. D) mento. COMENTÁRIO Perceba que é essencial você memorizar os pontos de referência das variedades de apresentação fetal para acertar questões assim. Incorreta a alternativa A, porque a glabela é o ponto de referência da apresentação cefálica defletida de segundo grau. Correta a alternativa B porque o ponto de referência da apresentação cefálica fletida é o lambda. Incorreta a alternativa C, porque o bregma é o ponto de referência da apresentação cefálica defletida de primeiro grau. Incorreta a alternativa D, porque o mento é o ponto de referência da apresentação cefálica defletida de terceiro grau. Estratégia MED 59 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 Muita atenção! Como você deve ter percebido no decorrer desse estudo, as questões de estática fetal não variam muito entre si. Por isso, dedique-se a resolver o maior número de questões sobre esse tema para habituar-se a elas e garantir pontos importantes na sua prova de Residência. Tenha sempre em mente que a apresentação cefálica fletida na variedade de posição occipitopúbica (OP) é a que tem melhor prognóstico para o desprendimento do polo cefálico fetal, por facilitar que o hipomóclio ocorra (figura 41) . Portanto, idealmente o feto deve rotacionar o menor grau possível para alcançá-la. Lembra da ideia do relógio? Imagine a movimentação dos ponteiros. O melhor prognóstico do parto vaginal relaciona-se com o feto localizar o occipício na posição de 12h do relógio, ou seja, sob a pube materno. Figura 40: variedade de posição occipito púbica (UNIGRANRIO 2018) Paciente em trabalho de parto apresenta o seguinte exame obstétrico: colo dilatado para 7cm, apresentação cefálica com sutura sagital no diâmetro oblíquo da bacia, lambda localizado na eminência iliopectínea direita. Para o desprendimento em OP a apresentação deverá realizar uma rotação de: A) 45° em sentido horário. B) 45° em sentido anti-horário. C) 135° em sentido anti-horário. D) 135° em sentido horário. Há duas formas mais frequentes como os examinadores apresentam o conceito de estática fetal nas provas. Eles, em geral, avaliam se o candidato tem habilidade de: • Identificar a variedade de posição apresentada; • Identificar qual a rotação fetal necessária para o melhor prognóstico do parto vaginal. A questão abaixo é um exemplo de como seu conhecimento a respeito das variedades de posição pode ser avaliado na prova. CAI NA PROVA COMENTÁRIO A partir da descrição do enunciado é esperado que você seja capaz de imaginar a variedade de posição em que lambda está voltado para eminência iliopectínea direita (ODA) e, assim, saber que a rotação deve ser de 45o no sentido horário para que o occipício se posicione sob a pube materna, para a variedade de posição ser (OP), realizando a menor rotação possível. Observe as figuras ao lado para facilitar seu raciocínio. Estratégia MED 60 OBSTETRÍCIABacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 Correta a alternativa A porque, em ODA, o occipício está voltado para a eminência iliopectínea direita da pelve materna, e deve ocorrer uma rotação de 45o no sentido horário para que o occipício se posicione sob a pube materna (OP). Incorreta a alternativa B, porque, se ocorrer rotação de 45º no sentido anti-horário, o feto ficará em ODT, ou seja, occipício estará voltado para a extremidade direita do diâmetro transverso da pelve materna. Incorreta a alternativa C, porque, se ocorrer rotação de 135º no sentido anti-horário, o feto ficará em OS, ou seja, occipício voltado para o sacro materno. Incorreta a alternativa D, porque, se ocorrer rotação de 135º no sentido horário, o feto ficará em OET, ou seja, occipício estará voltado para a extremidade esquerda do diâmetro transverso da pelve materna. Antes de concluirmos, proponho a você uma última questão “desafio”. Observe como todos os conceitos que estudamos neste livro podem ser abordados em uma única questão. Estratégia MED 61 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 (UNITAU 2021) As relações útero-fetais definem o posicionamento espacial do concepto no útero e na bacia materna e têm importância fundamental na assistência ao parto. Sobre isso, assinale a alternativa CORRETA. A) Na apresentação pélvica incompleta modo de nádegas, o ponto de reparo e o dorso fetal encontram-se diametralmente opostos. B) Na situação transversa, a bacia materna estará incompletamente ocupada, e o polo cefálico do concepto estará no flanco materno. C) No primeiro oblíquo da bacia obstétrica, encontramos variedades de posições OEA ou ODP nas apresentações cefálicas fletidas. D) As variedades sagitais altas, respectivamente OP e OS, são comumente encontradas nas bacias antropoide e platipeloide. E) O lado materno em que se encontra o dorso fetal define a situação do feto nas apresentações cefálicas e nas pélvicas. COMENTÁRIO Incorreta a alternativa A, porque, uma vez que o ponto de referência das apresentações pélvicas é o sacro, o dorso e o ponto de reparo dessa apresentação estão voltados para o mesmo lado. Incorreta a alternativa B, porque, embora esteja correto que nas situações transversas o polo cefálico fetal está voltado para o flanco materno, a bacia materna está vazia, e não parcialmente ocupada. Correta a alternativa C porque, uma vez que o primeiro oblíquo se estende da eminência iliopectínea esquerda à sinestose sacroilíaca direita, as variedades de posição relacionadas a eles nas apresentações cefálicas fletidas são OEA e ODP. Incorreta a alternativa D, porque, apesar de estar correto que as variedades de posição diretas (OS e OP) são comumente encontradas na insinuação fetal relacionada às bacias antropoides, que têm o diâmetro anteroposterior maior do que o transverso, ocorre justamente o contrário nas bacias platipeloides, em que, devido ao diâmetro transverso ser maior do que o anteroposterior, a insinuação fetal tende a ocorrer nas variedades transversas (ODT e OET, por exemplo nas apresentações cefálicas fletidas). Incorreta a alternativa E, porque a situação refere-se à relação entre o maior eixo fetal e o maior eixo uterino. A relação entre o dorso fetal e o lado do corpo materno chama-se posição. Agora sim! Chegamos ao fim de um livro bastante teórico sobre temas da obstetrícia básica. Esses conceitos serão essenciais para fundamentar temas importantes que você estudará no decorrer do nosso curso. Espero que a sopa de letrinhas inicial esteja agora mais organizada em “obstetrês”. Organizei mais um resumo para ajudá-lo a fixar os conceitos estudados em estática fetal e revisitá-los com facilidade sempre que precisar. Além disso, resolver a lista de exercícios será fundamental para memorizar tudo que estudamos até aqui. Estratégia MED 62 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 CAPÍTULO 6.0 RESUMINDO 2 Situação Longitudinal Transversa Apresentação Cefálica Pélvica Córmica Cefálica fletida Cefálica defletida 1º grau 2º grau 3º grau Região apresentada Occipício Bregma Fronte Face Região pélvica Acrômio Ponto de referência Lambda Bregma Glabela (raiz do nariz) Mento Sacro Acrômio Linha de orientação Sutura sagital Sutura sagitometópica Sutura metópi- ca Linha facial Sulco Interglúteo Gradeado costal Símbolo O B N M S A • Estática fetal é o estudo das relações que o feto estabelece com o corpo materno. • Melhor prognóstico para parto vaginal: apresentação cefálica, variedade de posição occipito púbica (OP). • Diâmetros polo cefálico fetal Suboccipitobregmático é o menor, com cerca de 9,5 cm. Occipitomentoniano é o maior, com cerca de 13 cm. Baixe na Google Play Baixe na App Store Aponte a câmera do seu celular para o QR Code ou busque na sua loja de apps. Baixe o app Estratégia MED Preparei uma lista exclusiva de questões com os temas dessa aula! Acesse nosso banco de questões e resolva uma lista elaborada por mim, pensada para a sua aprovação. Lembrando que você pode estudar online ou imprimir as listas sempre que quiser. Resolva questões pelo computador Copie o link abaixo e cole no seu navegador para acessar o site Resolva questões pelo app Aponte a câmera do seu celular para o QR Code abaixo e acesse o app Estratégia MED 63 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 https://estr.at/3vfIiMW https://estr.at/3vfIiMW Estratégia MED 64 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 CAPÍTULO 8.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Morais RM, Rocha JES, Tissiane MP, Filho RMM. Avaliação da bacia obstétrica. In: Tratado de Obstetrícia FEBRASGO. Rio de Janeiro: Elsevier, 2025 2. Zugaib M, Cabar FR, Codarin RR, Bunduki V. Anatomia da pelve feminina. In: Parto e puerpério – Zugaib Obstetrícia. São Paulo: Atheneu, 2023, pp. 34-49. 3. 3. Zugaib. Admissão da gestante para o parto. In: Parto e puerpério – Zugaib Obstetrícia básica. São Paulo: Manole, 2015, pp. 277 – 282. Estratégia MED 65 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 9.0 LISTA DE IMAGENS E TABELAS FIGURAS: Figura 1: anatomia da bacia Figura 2: divisão entre bacia maior e bacia menor Figura 3: diâmetros da bacia maior e suas medidas aproximadas Figura 4: cavidade pélvica Figura 5: estreitos da bacia obstétrica Figura 6: diâmetros anteroposteriores do estreito superior da bacia Figura 7: diâmetros anteroposterior, transverso e oblíquo do estreito superior Figura 8: planos da bacia Figura 9: diâmetro bi-isquiático Figura 10: conjugata exitus Figura 11: estreito inferior e seus diâmetros Figura 12: bacia ginecoide Figura 13: bacia androide Figura 14: bacia antropoide Figura 15: bacia platipeloide Figura 16: diâmetros do polo cefálico fetal Figura 17: mensuração da conjugata diagonalis – toque vaginal Figura 18: mensuração da conjugata diagonalis – verificação da medida Figura 19: avaliação diâmetro bi-isquiático Figura 20: avaliação do diâmetro bituberoso Figura 21: avaliação do ângulo subpúbico Figura 22: relação entre amplitude do ângulo subpúbico e passagem da apresentação fetal pelo estreito inferior Figura 23: cabeça fetal: ossos, suturas e fontanelas Figura 24: diâmetros do polo cefálico fetal Figura 25: atitude fetal fletida generalizada Figura 26: variações da situação fetal Figura 27: posição direita Figura 28: posição esquerda Figura 29: posição anterior Figura 30: posição posterior Figura 31: apresentação fetal Figura 32: variações da apresentação cefálica e seus respectivos pontos de referência Figura 33: variações da apresentação pélvica Figura 34: Apresentação pélvica incompleta ou modo de joelhos Figura 35: apresentaçãocórmica Figura 36: pontos de referência da pelve materna CAPÍTULO Estratégia MED 66 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 Figura 37: primeiro e segundo oblíquos da pelve materna Figura 38: analogia da variedade de posição a um relógio Figura 39: variedade deposição referentes à apresentação cefálica fletida Figura 40: variedade de posição occipito púbica Figura 41: desprendimento do polo cefálico fetal na variedade de posição occípito púbica TABELAS: Tabela 1: estreitos da bacia obstétrica e seus respectivos diâmetros Tabela 2: tipos de bacia pela classificação de Calwell e Moloy (1993) Tabela 3: frequência das apresentações fetais no termo Tabela 4: nomenclatura dos parâmetros avaliados na estática fetal Estratégia MED 67 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 CAPÍTULO 10.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS Espero que este material tenha ajudado você a estar mais preparado para responder questões que abordem conceitos relacionados à bacia obstétrica, pelvimetria e estática fetal. Sei que temas como esses, sobre conceitos básicos, podem ser menos interessantes do que os que envolvem a elaboração de hipóteses diagnósticas e definição de condutas, porém, acredite, são alicerces importantes para a compreensão da prática clínica, além do que, uma vez que não são tão agradáveis de estudar, podem garantir pontinhos diferenciais na sua prova, especialmente porque as questões sobre eles não variam muito. Portanto, se você resolveu as questões anteriores sobre esses temas, tem grandes chances de deparar-se com alguma questão bastante semelhante na prova de Residência, o que, imagino, fará você sorrir satisfeito para a questão. Aguardo seus comentários e possíveis questionamentos. Você pode enviá-los no Fórum de Dúvidas ou em mensagem direcionada diretamente para mim pelo site do Estratégia. Conte comigo para lapidar mais esse tema e não subestime nenhuma dúvida, todas podem ser importantes para seu aprendizado. Sugiro ainda que você acompanhe o perfil do Estratégia MED nas redes sociais para ter notícias de provas de Residência Médica de todo país. Espero vê-lo também no meu perfil no Instagram. Lá você encontrará vários temas obstétricos para ajudá-lo a fixar o aprendizado. Estamos mais próximos da sua conquista. Vamos juntos! Até a próxima! Professora Natália Carvalho @profnataliacarvalho natalia.carvalho@estrategiamed.com.br Estratégia MED 68 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 https://med.estrategia.com/ 1.0 BACIA OBSTÉTRICA 1.1 CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS DA PELVE ÓSSEA 1.2 ESTREITOS E DIÂMETROS DA BACIA 1.2.1 ESTREITO SUPERIOR 1.2.2 ESTREITO MÉDIO 1.2.3 ESTREITO INFERIOR 1.3 TIPOS DE BACIA 2.0 PELVIMETRIA 2.1 ESTREITO SUPERIOR 2.2 ESTREITO MÉDIO 2.3 ESTREITO INFERIOR 3.0 RESUMINDO 1 5.0 ESTÁTICA FETAL 5.1 CARACTERÍSTICAS DO FETO 5.2 DEFINIÇÃO DOS PRINCIPAIS CONCEITOS 5.2.1 Atitude 5.2.2 Situação 5.2.3 Posição 5.2.4 Apresentação 5.2.4.1 CEFÁLICA 5.2.4.2 PÉLVICA 5.2.4.3 CÓRMICA 5.2.5 Variedade de posição 6.0 RESUMINDO 2 7.0 LISTA DE QUESTÕES 8.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 9.0 LISTA DE IMAGENS E TABELAS 10.0 CONSIDERAÇÕES FINAISé o objeto do estudo obstétrico, por isso pode também ser chamada de bacia obstétrica. Suas características estão associadas às condições que o canal de parto terá para permitir ou não a passagem fetal. Sendo assim, é importante para o estudo da pelve materna que tais características possam ser identificadas. A divisão da pelve materna em estreitos e a avaliação de cada um deles a partir de seus diâmetros, têm justamente esse objetivo e é o que estudaremos a seguir. 1.2 ESTREITOS E DIÂMETROS DA BACIA Didaticamente, vamos começar estudando a bacia maior, embora, como já apresentado, a bacia menor seja a de maior interesse obstétrico. Perceba que isso ocorre porque os diâmetros da bacia maior, apresentados na figura 3, não interferem no prognóstico da avaliação da pelve para o parto via baixa, por não estarem associados ao espaço que o feto terá efetivamente para passar. Porém, tais diâmetros serão apresentados aqui porque, eventualmente, são citados em questões sobre bacia obstétrica e podem confundir-lhe. Dessa forma, sugiro que não se atenha inicialmente em memorizá-los. Os diâmetros correspondentes à bacia menor devem ser a prioridade nos seus estudos, mas, caso você já esteja lapidando seus conhecimentos, saber também os diâmetros da bacia maior pode ajudá-lo a garantir pontinhos diferenciais na sua prova para Residência Médica. Esclarecido isso, vamos continuar. Estratégia MED 9 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 Os diâmetros da bacia maior são: • Transversos: • diâmetro bicrista, que mede em torno de 28 cm; • diâmetro biespinha, com cerca de 24 cm. • Anteroposterior: • diâmetro sacropúbico externo, também conhecido como conjugata externa ou diâmetro de Baudelocque, mede cerca de 20 cm e não pode ser mensurado ao exame físico. Observe, na figura abaixo, que não é possível alcançá-lo durante a realização do toque vaginal. Figura 3: diâmetros da bacia maior e suas medidas aproximadas Continuando, respire fundo e vamos conhecer os diâmetros da bacia menor ou obstétrica, muito relevantes para assistência ao parto. Estratégia MED 10 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 A bacia obstétrica pode ser dividida em três estreitos: superior, médio e inferior, os quais representam as regiões onde a passagem fetal pode ser prejudicada por serem pontos mais “apertados” ou “estreitos”, como o nome sugere, do canal de parto. O primeiro ponto importante a ser ressaltado é que os estreitos e planos da bacia não são paralelos entre si. Note que o canal de parto tem formato semelhante a um J, acompanhando a curvatura óssea da pelve, conforme demonstrado na figura 4. A avaliação de cada estreito é realizada separadamente, a partir de seus diâmetros transversais e anteroposteriores, como veremos a seguir. Figura 4: cavidade pélvica Entender os estreitos e seus diâmetros pode ficar mais simples se você imaginar que estamos avaliando a pelve olhando-a “de cima”. Começaremos pelo estreito superior e, conforme formos passando de um estreito a outro, aprofundaremo-nos na bacia em direção aos pés até o estreito inferior. Pense nos estreitos como planos que dividem a bacia, observe a figura abaixo para entender melhor esse conceito. Figura 5: estreitos da bacia obstétrica Antes de prosseguirmos, quero pontuar que os três estreitos da bacia obstétrica e seus respectivos diâmetros serão descritos a seguir de forma simplificada, uma vez que as questões de Residência Médica, habitualmente, avaliam se você os conhece e sabe identificá-los, mais do que se sabe descrevê-los em detalhes. Estratégia MED 11 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 1.2.1 ESTREITO SUPERIOR O estreito superior da bacia obstétrica corresponde ao plano que se estende do promontório sacral, linha inominada, eminência iliopectínea e borda superior da sínfise púbica. Seus diâmetros anteroposteriores, transversos e oblíquos são descritos a seguir. • Diâmetros anteroposteriores: • Conjugata vera anatômica ou diâmetro promontossuprapúbico, que mede cerca de 11 cm; • Conjugata vera obstétrica ou diâmetro promontopúbico mínimo, que mede cerca de 10,5 cm. O primeiro diâmetro citado, a conjugata vera anatômica, refere-se à distância da borda superior da pube até o promontório, ou seja, a distância anatômica entre os limites anteroposteriores do estreito superior, mas é o segundo, a conjugata obstétrica, que se estende da porção posterior da pube até o promontório, que representa o verdadeiro espaço à disposição para passagem do feto. A conjugata diagonalis será detalhada a seguir, no item de pelvimetria. Figura 6: diâmetros anteroposteriores do estreito superior da bacia • Diâmetros transversos: • Diâmetro transverso máximo mede cerca de 13 cm e liga os pontos mais distantes da linha inominada um ao outro, perpendicularmente à conjugata vera anatômica. • Diâmetro transverso médio mede cerca de 12 cm e estende-se da linha inominada de um lado a outro, passando pela mediana da conjugata vera anatômica. Estratégia MED 12 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 • Diâmetros oblíquos ou de insinuação: • Diâmetro oblíquo direito e esquerdo, também chamados de primeiro oblíquo e segundo oblíquo. Estendem-se da eminência iliopectínea direita e esquerda até a articulação sacroilíaca contralateral. Medem cerca de 12 cm cada um, sendo que o primeiro oblíquo, aquele que se estende da eminência iliopectínea esquerda à articulação sacroilíaca direita, tende a ser um pouco maior do que o segundo oblíquo. Observe a figura abaixo com a representação gráfica dos diâmetros do estreito superior para fixar esse conceito. Figura 7: diâmetros anteroposterior, transverso e oblíquo do estreito superior Que tal praticar um pouco? Observe abaixo como esses conceitos podem ser abordados nas provas de Residência Médica. CAI NA PROVA (UFG 2022) O estreito superior da pelve é composto, dentre outras estruturas, por: A) cóccix e borda superior do corpo e da sínfise pubiana. B) saliência do promontório e borda inferior do corpo e da sínfise pubiana. C) saliência do promontório e borda superior do corpo e da sínfise pubiana. D) cóccix e borda inferior do corpo e da sínfise pubiana. Estratégia MED 13 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 (FJG 2019) Conhecer o trajeto através do qual se dará o parto transpélvico é fundamental. Chama-se conjugata vera anatômica a medida cujo traçado vai: A) do promontório à face posterior do púbis B) do promontório à borda superior da sínfise púbica C) da linha inominada ao promontório D) da eminência iliopectínea ao promontório Incorreta a alternativa A: o cóccix não faz parte das estruturas do estreito superior. Incorreta a alternativa B: a borda inferior do corpo e da sínfise púbica não fazem parte do estreito superior. Correta a alternativa C: o estreito superior da bacia obstétrica corresponde ao plano que se estende do promontório sacral, linha inominada, eminência iliopectínea e borda superior da sínfise púbica. Incorreta a alternativa D: o cóccix e a borda inferior do corpo e da sínfise púbica não fazem parte das estruturas do estreito superior. COMENTÁRIO Correta a alternativa B porque a conjugata vera anatômica refere-se à distância entre a borda superior da sínfise púbica e o promontório. Vale ressaltar que ela não é mensurável ao exame físico por não ser atingível. Incorretas as alternativas A, C e D, porque não são as estruturas citadas nessas alternativas que caracterizam a conjugata vera anatômica. Comentários: Estratégia MED 14 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natáliacarvalho | Curso Extensivo | 2025 1.2.2 ESTREITO MÉDIO O estreito médio é muito importante no estudo da bacia obstétrica por representar o ponto de maior estreitamento do canal de parto. Corresponde ao plano que se estende do ponto sacral côncavo entre as vértebras S4 e S5, processo transverso da quinta vértebra sacral, espinhas isquiáticas até a borda inferior da sínfise púbica, e seus diâmetros anteroposterior e transverso são descritos a seguir. PLANOS DA BACIA Planos de De Lee são planos que dividem o canal de parto de modo que se possa avaliar a progressão fetal. O nível das espinhas isquiáticas é considerado o plano zero, enquanto os planos acima dele serão considerados centímetros negativos e os abaixo, positivos. Planos de Hodge são quatro planos com função semelhante aos planos de De Lee, mas pouco usados na prática clínica. O terceiro plano de Hodge corresponde ao plano zero de De Lee. • Diâmetro anteroposterior: 3 Diâmetro sacromediopúbico, que mede cerca de 12 cm e estende-se da região sacral entre S4 e S5 até a porção medial posterior da sínfise púbica. • Diâmetro transverso: 3 Diâmetro bi-isquiático é o diâmetro mais estreito, também descrito como o mais angustiado, do trajeto do parto, medindo cerca de 10,5 cm. Estende-se de uma espinha isquiática à outra e representa o plano zero de De Lee. Observe na figura 8 sua representação. Figura 8: planos da bacia Estratégia MED 15 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 Como o examinador pode avaliar esse conceito na prova? Figura 8: diâmetro bi-isquiático CAI NA PROVA (SUS-SP 2025) No toque obstétrico, quando o dedo indicador está na mesma altura que o dedo médio, ao nível das espinha ciáticas, na avaliação da descida, é correto afirmar que a apresentação está no plano A) zero. B) menos 1. C) mais 1. D) menos 2. E) mais 2. COMENTÁRIO: Correta a alternativa A: quando o dedo indicador está na mesma altura que o dedo médio, ao nível das espinha ciáticas, na aval- iação da descida, é correto afirmar que a apresentação está no plano zero de De Lee, ou seja , que o feto está se insinuando uma vez que é possível tocar seu vértice na altura das espinhas ciáticas. Incorreta a alternativa B: planos negativos mostram que a apresentação fetal está acima das espinhas ciáticas. Incorreta a alternativa C: planos positivos mostram que a apresentação fetal está abaixo das espinhas ciáticas. Incorreta a alternativa D: planos negativos mostram que a apresentação fetal está acima das espinhas ciáticas. Incorreta a alternativa E: planos positivos mostram que a apresentação fetal está abaixo das espinhas ciáticas. Estratégia MED 16 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 Quanto ao estreito inferior da bacia obstétrica, corresponde ao plano que se estende da ponta do cóccix, pela face interna da tuberosidade isquiática, borda inferior do ramo isquiopúbico e borda inferior da sínfise púbica. Tem a característica de modificar seu diâmetro anteroposterior em resposta à dinâmica do parto, conforme descrito a seguir. • Diâmetro anteroposterior: • Diâmetro cóccix-subpúbico é medido da borda inferior da sínfise púbica até a extremidade do cóccix e tem cerca de 9,5 cm, o que poderia torná-lo incompatível à passagem dos diâmetros fetais. Porém, no momento do desprendimento do feto, esse diâmetro aumenta cerca de dois centímetros, graças à retropulsão do cóccix, e passa a ser chamado de Conjugata exitus. • Diâmetro transverso: • Diâmetro bituberoso é medida entre as tuberosidades isquiáticas e mede cerca de 11 cm. 1.2.3 ESTREITO INFERIOR Figura 10: conjugata exitus Figura 11: estreito inferior e seus diâmetros Observe na figura a seguir a representação do estreito inferior e os diâmetros descritos. Estratégia MED 17 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 Antes de prosseguirmos, resumi, na tabela 1, os estreitos da bacia e seus respectivos diâmetros, associando-os com as respectivas ilustrações para ajudar você a fixar esses conceitos. Sei que é “decoreba”, mas eventualmente essas medidas são cobradas nas provas. Guarde essa tabela com carinho! Tabela 1: Estreitos e diâmetros da Bacia Obstétrica Nesse momento, após essa dança de diâmetros, nomes e medidas, você pode estar se perguntando como isso pode ser aplicado de forma prática. Muito bem. É exatamente isso que estudaremos a seguir. 1.3 TIPOS DE BACIA Uma vez que você já conhece os estreitos da bacia obstétrica e seus diâmetros, vamos agora nos dedicar a entender de que forma eles influenciam na avaliação do prognóstico da passagem fetal pelo trajeto do parto. Caldwell e Moloy, em 1933, propuseram que a bacia pode ser classificada em quatro diferentes tipos, de acordo com o formato do estreito superior, e, até hoje, essa classificação é aceita. Aqui, quero chamar sua atenção para o fato de que avaliar se o candidato conhece as características desses diferentes tipos de bacia e sua classificação é uma das principais formas que o tema bacia obstétrica aparece nas provas de Residência. Você notará que alguns dos conceitos a seguir envolvem descrições de variedade fetal. Caso isso lhe cause estranheza, calma! Iremos estudar detalhadamente estática fetal no capítulo quatro deste livro. Então, respira fundo que mais nomes diferentes vão aparecer por aqui. Estratégia MED 18 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 Os quatro tipos de bacia obstétrica são: • Ginecoide – considerada a bacia com formato feminino típico, está presente em cerca de 50% das mulheres e é a que apresenta melhor prognóstico para o parto vaginal. Isso porque seu estreito superior é arredondado, as espinhas isquiáticas apagadas e o ângulo subpúbico é amplo, isso é, maior que 90 graus. • Androide – estreito superior e ângulo subpúbico estreitos associados à espinhas isquiáticas proeminentes fazem com que esse tipo de bacia seja o de pior prognóstico para o parto vaginal. É considerada a bacia de características masculinas e seu estreito superior tem formato que lembra a forma triangular. Figura 12: bacia ginecoide Figura 13: bacia androide • Antropoide – estreito superior elíptico devido ao diâmetro anteroposterior ser maior do que o transverso, associando-se à insinuação fetal nas variedades occipitossacra (OS) e occiptopúbica (OP). Nesse tipo de bacia, pode ocorrer dificuldade de o feto se insinuar pelo estreito superior, mas, uma vez que isso ocorra, o parto tende a evoluir bem. É considerada a bacia típica dos símios. Figura 14: bacia antropoide • Platipeloide – estreito superior ovalado devido ao diâmetro transverso ser maior do que o anteroposterior, o que faz com que habitualmente a insinuação ocorra em variedades transversas nesse tipo de bacia. Note que é justamente o inverso do que é observado na bacia antropoide. Esse é o tipo mais raro de bacia. Figura 15: bacia platipeloide Estratégia MED 19 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 Os quatro tipos de bacia podem ser comparados entre si na tabela 2 que organizei para ajudar você a memorizá-los. Vale ressaltar que bacias que reúnem características de mais de um tipo de bacia, não podendo ser classificadas em nenhum dos quatro tipos clássicos, podem ser chamadas de bacias mistas, embora não seja usual encontrar essa classificação. Tabela 2: tipos de bacia pela classificação de Caldwell e Moloy (1993) Estratégia MED 20 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 Antes de prosseguirmos, proponho que você tente responder às questões a seguir e observe se os conceitos estudados até aqui estão claros para você. CAI NAPROVA (USP-SP 2025) Mulher, 32 anos de idade, primigesta com 38 semanas de gravidez, sem doenças, foi admitida na maternidade em trabalho de parto espontâneo. Apresentou amniorrexe espontânea no momento da admissão, com saída de líquido claro com grumos. Ao exame físico, apresentou bom estado geral, corada, normotensa e normocárdica. Abdome gravídico, altura uterina de 33 cm, dinâmica presente, batimento cardíaco fetal presente de 146 bpm. O acompanhamento do trabalho de parto está demonstrado no partograma a seguir: Ao avaliar a evolução do trabalho de parto representado, assinale o provável tipo de pelve da parturiente. A) B) C) D) Estratégia MED 21 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 COMENTÁRIOS: Incorreta a alternativa A: a bacia ilustrada é a bacia platipeloide. Nesse tipo de bacia, o estreito superior é ovalado devido ao diâmetro transverso ser maior do que o anteroposterior, o que faz com que habitualmente a insinuação ocorra em variedades transversas nesse tipo de bacia. Note que é justamente o inverso do que é observado na bacia antropoide. Esse é o tipo mais raro de bacia. Incorreta a alternativa B: a bacia ilustrada nessa alternativa é a bacia androide. Nesse tipo de bacia, o estreito superior e o ângulo subpúbico são menores e as espinhas isquiáticas são proeminentes, fazendo com que esse tipo de bacia seja o de pior prognóstico para o parto vaginal. É considerada a bacia de características masculinas e seu estreito superior tem um formato que lembra a forma triangular. Nesse tipo de bacia, geralmente, o feto não consegue se insinuar. Incorreta a alternativa C: o tipo de bacia ilustrado nessa alternativa é a bacia ginecoide, que é a bacia com formato feminino típico e está presente em cerca de 50% das mulheres. É a que apresenta melhor prognóstico para o parto vaginal, porque seu estreito superior é arredondado, as espinhas isquiáticas apagadas e o ângulo subpúbico é amplo, isto é, maior que 90 graus. Correta a alternativa D: evolução do trabalho de parto no parto grama mostra que a parturiente atingiu a dilatação total (10 cm de dilatação), mas mantém a cabeça fetal no plano zero de De Lee há 2 horas. Isso indica que está ocorrendo uma dificuldade na passagem da cabeça fetal pelo estreito superior da pelve. Como a insinuação ocorreu em occipitopúbica, sugere-se que o diâmetro transverso seja mais estreito, dificultando a evolução da passagem da cabeça fetal do estreito superior para o estreito médio. O tipo de bacia em que o diâmetro transverso do estreito superior é menor que o habitual e que o feto se insinua em OP ou OS é o tipo Antropoide, que está ilustrado na figura desta alternativa. (HIAE 2025) Parturiente de 39 semanas, 22 anos, é submetida à pelvimetria clínica. Observam-se uma pelve ovalada, com reduzido diâmetro anteroposterior do estreito superior, espinhas isquiáticas proeminentes e ângulo subpúbico com grande amplitude. A insinuação fetal foi observada no diâmetro transverso. O tipo mais provável de pelve é: A) ginecoide. B) androide. C) antropoide. D) platipeloide. COMENTÁRIOS: Incorreta a alternativa A: a bacia ginecoide apresenta estreito superior e arredondado, as espinhas isquiáticas apagadas e o ângulo subpúbico é amplo, isso é, maior que 90 graus. Incorreta a alternativa B: a bacia androide apresenta estreito superior e ângulo subpúbico estreito s associados à espinhas isquiáticas proeminentes, com pior prognóstico para o parto vaginal. O seu estreito superior tem formato que lembra a forma triangular. Incorreta a alternativa C: a bacia antropoide apresenta estreito superior elíptico devido ao diâmetro anteroposterior ser maior do que o transverso, por isso a insinuação fetal ocorre nas variedades occipitossacra (OS) e occiptopúbica (OP). Pode ocorrer dificuldade de o feto se insinuar pelo estreito superior, mas, uma vez que isso ocorra, o parto tende a evoluir bem. Estratégia MED 22 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 Correta a alternativa D: (HSP – SP 2017) Qual o tipo de bacia que apresenta prognóstico sombrio para o parto vaginal? COMENTÁRIO Incorreta a alternativa A, porque, embora a bacia platipeloide relacione-se à maior dificuldade para insinuação fetal, que precisa ocorrer nos diâmetros transversos para adequar-se ao diâmetro anteroposterior menor do que o transverso, que é característico desse tipo de bacia, se a apresentação fetal progredir desse ponto, os riscos de distocia são menores no restante da descida, por isso, essa não é a bacia com pior prognóstico para o parto vaginal. pelve ovalada, com reduzido diâmetro anteroposterior do estreito superior, espinhas isquiáticas proeminentes e ângulo subpúbico com grande amplitude, com insinuação fetal no diâmetro transverso, indica uma bacia Platipeloide. A) Platipeloide. B) Androide. C) Ginecoide. D) Antropoide. E) Mista. Correta a alternativa B porque a bacia androide é a que representa maior dificuldade para o parto vaginal, com risco progressivo de distocia à medida que a apresentação fetal desce. Incorreta a alternativa C, porque, justamente pelo contrário, a bacia ginecoide é a que representa melhor prognóstico para o parto vaginal, uma vez que seus diâmetros são amplos. Incorreta a alternativa D, porque, embora a bacia andropoide represente dificuldade para a apresentação fetal progredir do estreito superior devido seu formato elíptico, se a apresentação fetal passar desse ponto, tende a progredir bem no restante da descida. Incorreta a alternativa E, porque a bacia mista, também chamada de assimétrica, é aquela que reúne características de mais de um tipo de bacia, não sendo possível enquadrá-la em nenhum dos quatro tipos clássicos, nem a classificá-la como a de pior prognóstico para o parto vaginal. Até aqui estudamos as características da bacia obstétrica que podem facilitar ou dificultar a passagem do feto pelo canal de parto. Prosseguiremos o estudo entendendo como isso pode ser avaliado na prática clínica. Preparado? Responder a essa questão, imediatamente após termos estudado cada um dos tipos de bacia obstétrica, fica mais simples, não é? Estratégia MED 23 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 CAPÍTULO 2.0 PELVIMETRIA Nesse momento, deve estar claro para você que o sucesso do parto vaginal depende, entre outros fatores, das características da pelve materna. Por isso, para assistir à parturiente de maneira adequada é fundamental a avaliação correta da bacia obstétrica. Essa avaliação é chamada de pelvimetria, que nada mais é do que o exame da bacia óssea. O intuito de avaliar os diâmetros da bacia obstétrica, é saber se eles são compatíveis com os diâmetros da apresentação fetal. Estudaremos os diâmetros fetais detalhadamente adiante neste livro, mas de forma a facilitar seu entendimento dos valores esperados na pelvimetria. Observe na figura abaixo as medidas dos diâmetros do polo cefálico fetal. Note que eles variam de acordo com a flexão maior ou menor da cabeça fetal e precisam “caber” na pelve materna durante o trajeto do canal de parto. Figura 16: diâmetros do polo cefálico fetal A seguir, estudaremos a avaliação dos diâmetros da bacia obstétrica, e você poderá notar que as medidas dos diâmetros fetais e da pelve se relacionam entre si, uma vez que precisam ser compatíveis para a boa evolução do trabalho de parto. A pelvimetria pode ser dividida em: • Pelvimetria externa – pode ser caracterizada pela utilização de instrumentos, como pelvímetros e radiografia, para realizar as aferições da pelve, porém, tais instrumentos estão em desuso na prática clínica. Atualmente, um exemplo de medida realizada pela pelvimetria externa é a avaliação do diâmetro bituberoso com uma fita métrica. • Pelvimetria interna – amplamente utilizadana rotina obstétrica, a pelvimetria interna é realizada durante o exame físico, na avaliação do toque vaginal. Estratégia MED 24 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 As manobras realizadas durante a pelvimetria são apresentadas nos próximos itens, didaticamente associadas a cada um dos estreitos da pelve. Atenção! Esse é um tema potencial para sua prova prática, além de ser um aspecto amplamente abordado em questões teóricas a respeito da avaliação da bacia materna. De olho na prova prática! 2.1 ESTREITO SUPERIOR Como vimos anteriormente, o diâmetro do estreito superior que representa o espaço real que o feto terá para passar é a conjugata obstétrica, porém, ela não é mensurável ao exame físico. Sua medida é inferida a partir da medida da conjugata diagonalis, essa, sim, avaliada durante o toque vaginal. A medida da conjugata diagonalis é realizada pelo toque vaginal com a intenção de atingir o promontório. Com o dedo indicador da mão contralateral, faz-se a marcação de onde a borda inferior da pube toca o dedo que realiza o toque vaginal. Finaliza-se, então, o toque ginecológico e faz-se a medida da distância encontrada. As figuras 17 e 18 ilustram essas manobras. Memorize a ilustração 17! É muito comum ela aparecer nas provas de Residência Médica quando se aborda esse tema. A avaliação do estreito superior é o tema queridinho dos avaliadores quando o assunto é pelvimetria. Figura 17: mensuração da conjugata diagonalis – toque vaginal Figura 18: mensuração da conjugata diagonalis – verificação da medida Estratégia MED 25 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 Agora, a partir da medida da conjugata diagonalis, deve-se calcular a medida da conjugata obstétrica segundo relação de Smellie, para saber se o estreito superior é compatível com a passagem fetal. Relação de Smellie → conjugata diagonalis – 1,5 = conjugata obstétrica. Perceba que o importante é que você saiba que, quando a conjugata diagonalis tem ao menos 12 cm, a conjugata obstétrica é igual ou maior a 10,5 cm e, dessa forma, adequada para acomodar o feto. Quando não é possível tocar o promontório, infere-se que a conjugata diagonalis tem mais do que 12 cm, portanto o diâmetro anterossuperior tem mais do que 10,5 cm. Vale ressaltar que, na prática clínica, o habitual é o promontório não ser atingível quando se avalia a pelve da parturiente. Vamos praticar? É importante que a pelvimetria do estreito superior seja memorizada por você. As questões referentes a ela são muito semelhantes quando aparecem nas provas. CAI NA PROVA (SES PE 2020) Quando no toque vaginal, NÃO se consegue atingir o promontório, conclui-se que a bacia da mulher apresenta A) Diâmetro anteroposterior amplo. B) Diâmetro transverso amplo. C) Diâmetro transverso estreito. D) Diâmetro oblíquo amplo. E) Diâmetro oblíquo estreito. COMENTÁRIO Correta a alternativa A porque, quando não é possível tocar o promontório, infere-se que a conjugata diagonalis tem mais do que 12 cm, portanto, o diâmetro anteroposterior do estreito superior tem mais do que 10,5 cm, sendo amplo e favorável à passagem fetal. Incorretas as alternativas B, C, D e E, porque o diâmetro avaliado ao atingir-se ou não o promontório é o anteroposterior, e não o transverso, nem o oblíquo do estreito superior. (SES PE 2021) Quantos centímetros são subtraídos da conjugata diagonalis, a fim de obter-se a conjugata vera obstétrica? A) 1 B) 1,5 C) 2 D) 2,5 E) 3 Estratégia MED 26 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 COMENTÁRIO Olhe só como essas questões são “decoreba”! Correta a alternativa B porque, segundo a relação de Smellie, deve-se subtrair 1,5 da conjugata diagonalis para se obter a conjugata vera obstétrica. (FESO 2016) Na realização da pelvimetria interna pelo exame de toque, representado na figura, mede-se a conjugata: A) Diagonalis. B) Vera obstétrica. C) Vera anatômica. D) Exitus. E) Interna. COMENTÁRIO Três questões e o mesmo conceito! Observe novamente a figura apresentada no início desse livro, que ilustra as três conjugatas anteroposteriores do estreito superior, para esse conceito “grudar” na sua memória. Correta a alternativa A porque a conjugata diagonalis avalia a distância entre a borda inferior da sínfise púbica e o promontório durante o toque vaginal, conforme observado na figura apresentada no enunciado da questão. Incorreta a alternativa B, porque a conjugata obstétrica é a distância entre a face interna da sínfise púbica até o promontório e não é mensurável ao exame físico, sendo estimada a partir da medida da conjugata diagonalis, segundo a relação de Smellie. Incorreta a alternativa C, porque a conjugata vera anatômica caracteriza-se pela distância entre a borda superior da sínfise púbica e o promontório e não é mensurável pelo exame físico por não ser atingível. Incorreta a alternativa D, porque conjugata exitus caracteriza-se por ser o diâmetro anteroposterior do estreito inferior, sem relação com o promontório, como estudaremos a seguir. Incorreta a alternativa E, porque conjugata interna não é uma medida que faz parte da pelvimetria. Estratégia MED 27 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 2.2 ESTREITO MÉDIO A avaliação do estreito médio é muito importante, uma vez que ele é o ponto que pode representar maior dificuldade à passagem fetal por ser o ponto mais angustiado da bacia obstétrica. A avaliação do diâmetro bi-isquiático é realizada pelo toque vaginal, buscando-se tocar as espinhas isquiáticas próximas à parede inferior da vagina. Ao palpá-las, avalia-se a distância entre elas. Espinhas proeminentes representam prognóstico ruim para o parto vaginal, enquanto as espinhas apagadas ou não palpáveis permitem inferir que esse diâmetro é maior do que 10,5 cm, portanto, favorável ao parto vaginal. Figura 19: avaliação diâmetro bi-isquiático 2.3 ESTREITO INFERIOR Chegamos à avaliação do estreito inferior, que envolve duas etapas. Uma para avaliar o diâmetro bituberoso e outra para avaliar o ângulo subpúbico. A avaliação do diâmetro bituberoso é realizada com a gestante em posição ginecológica, palpando-se as tuberosidades isquiáticas com os polegares e aferindo a distância entre elas. Caso a fita métrica não esteja disponível, se a distância for maior do que um punho fechado, infere-se que essa medida é maior do que 11 cm, ou seja, favorável ao parto vaginal. Estratégia MED 28 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 Figura 20: avaliação do diâmetro bituberoso Quanto à avaliação da amplitude do ângulo subpúbico, também é realizada com a gestante em posição ginecológica e o examinador posiciona seus dedos polegares sobre os ramos isquiopúbicos. Ângulos de 90 graus, ou maiores, são considerados propícios para o parto vaginal. Figura 21: avaliação do ângulo subpúbico Observe na figura a seguir como a amplitude do ângulo subpúbico relaciona-se, dificultando ou não a passagem da apresentação fetal pelo estreito inferior da bacia obstétrica. Estratégia MED 29 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 Figura 22: relação entre amplitude do ângulo subpúbico e passagem da apresentação fetal pelo estreito inferior Agora vamos dar uma pausa para testar seus conhecimentos adquiridos até aqui resolvendo a questão a seguir, e vamos continuar! CAI NA PROVA (PSU-GO 2024) O diâmetro que representa a conjugata exitus é: A) Diâmetro da borda superior do pube até o promontório. B) Diâmetro da face posterior da sínfise púbica até o promontório. C) Diâmetro que liga a borda inferior do osso púbico ao cóccix.D) Diâmetro que une o promontório e a borda inferior da sínfise púbica. E) Diâmetro transversal entre as duas espinhas isquiáticas. COMENTÁRIOS: Incorretas as alternativas A, B, D e E. Correta a alternativa C: o diâmetro cóccix-subpúbico é medido da borda inferior da sínfise púbica até a extremidade do cóccix e tem cerca de 9,5 cm, o que poderia torná-lo incompatível à passagem dos diâmetros fetais. Porém, no momento do desprendimento do feto, esse diâmetro aumenta cerca de dois centímetros, graças à retropulsão do cóccix, e passa a ser chamado de Conjugata exitus. (SCMSP 2023) Tendo como referência a figura ao lado, que mostra a avaliação da bacia pela pelvimetria interna, assinale a alternativa que apresenta o estreito e o diâmetro da bacia que estão sendo avaliados na situação ilustrada. A) O estreito inferior e, de forma indireta, a conjugata diagonalis ou oblíqua. B) O estreito superior e, de forma indireta, a conjugata vera obstétrica. C) O estreito médio e, de forma direta, a conjugata vera obstétrica. D) O estreito médio e o diâmetro sacro médio do púbis. E) O estreito inferior e, de forma indireta, a conjugata vera obstétrica. Estratégia MED 30 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 COMENTÁRIOS: O diâmetro do estreito superior que representa o espaço real que o feto terá para passar é a conjugata obstétrica, porém ela não é mensurável ao exame físico. Sua medida é inferida a partir da medida da conjugata diagonalis, essa, sim, avaliada durante o toque vaginal. A medida da conjugata diagonalis é realizada pelo toque vaginal com a intenção de atingir o promontório. Com o dedo indicador da mão contralateral, faz-se a marcação de onde a borda inferior da pube toca o dedo que realiza o toque vaginal. Finaliza-se, então, o toque ginecológico e faz-se a medida da distância encontrada. Relação de Smellie → conjugata diagonalis – 1,5 = conjugata obstétrica. Diante do exposto acima, a alternativa correta é a letra B. Gabarito: Alternativa B Muito bem! Assim concluímos nosso estudo da bacia obstétrica e pelvimetria. Esse tema pode parecer árido inicialmente, pois é recheado de nomes e medidas, mas conforme evoluirmos em nosso estudo sobre o parto, você perceberá que conhecê-lo tornará muito mais simples sua compreensão dos mecanismos de parto, interpretação de partogramas e diagnóstico das distocias. Antes de prosseguirmos para o estudo da estática fetal, preparei um resumo com os principais conteúdos sobre bacia obstétrica e pelvimetria, assim como uma lista de exercícios para você testar seus conhecimentos adquiridos até aqui. A) C) B) D) B) Estratégia MED 31 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 CAPÍTULO 3.0 RESUMINDO 1 • A bacia menor ou obstétrica é dividida em três estreitos: superior, médio e inferior. Estratégia MED 32 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 • Há quatro tipos de bacia: ginecoide, androide, antropoide, platipeloide Estratégia MED 33 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 • A pelvimetria permite avaliar cada um dos estreitos da bacia, no que diz respeito a serem favoráveis ou não à boa evolução do trabalho de parto. Uma vez que você sedimentou bem tudo que estudamos até aqui sobre o trajeto do parto, vamos prosseguir, agora avaliando o objeto do parto, ou seja, as características fetais. Respire fundo, e vamos lá! Estratégia MED 34 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 CAPÍTULO 5.0 ESTÁTICA FETAL Estática fetal é o estudo das relações que o feto estabelece com o corpo materno, tanto com o útero quanto com a bacia óssea. A maneira como o parto evolui está intimamente relacionada a essas relações. A avaliação da estática fetal é predominantemente clínica. A palpação obstétrica e o toque vaginal permitem perceber, de forma dinâmica, a evolução do feto ainda dentro do organismo materno. Tal avaliação é fundamental para uma adequada assistência ao parto; diagnóstico de algumas distocias decisão sobre a melhor via de parto e realização do parto fórcipes, temas abordados nos respectivos livros digitais. O uso e entendimento correto dos parâmetros relacionados à estática fetal, também é essencial para o registro preciso da evolução do trabalho de parto e para comunicação eficiente da equipe que assiste à parturiente. 5.1 CARACTERÍSTICAS DO FETO Conhecer algumas características da anatomia do feto é essencial para compreender os parâmetros utilizados para avaliação da estática fetal. Durante o parto, o feto evolui pelo canal de parto, a partir de pontos de resistência da pelve materna, para isso precisa moldar-se ao trajeto. Isso é possível pela plasticidade que as estruturas ósseas do crânio fetal permitem. O crânio fetal é formado por dois ossos parietais, dois ossos frontais e dois ossos temporais, além de um osso occipital, um esfenoide e um etmoide. As linhas em que um osso se encontra com o outro são chamadas de suturas e consistem de tecido membranoso. São elas: • Sutura sagital – entre os dois ossos parietais; • Sutura metópica – entre os dois ossos frontais; • Sutura temporal – entre os ossos parietais e temporais; • Sutura coronária – entre o osso parietal e o frontal; e • Sutura lambdoide – entre os ossos parietais e o occipital. Há, ainda, as fontanelas, que são regiões deprimidas onde as suturas se encontram e serão importantes referências durante a avaliação do trabalho de parto. • Fontanela posterior ou lambdoide – tem formato triangular e é o ponto de encontro entre os ossos parietais e o occipital. É a fontanela de referência da apresentação fetal mais frequente, a cefálica fletida, portanto, você irá deparar-se com ela, muitas vezes, durante seu estudo. • Fontanela anterior ou bregmática – tem formato de losango e é o ponto de encontro entre os dois ossos frontais e os dois ossos parietais. Estratégia MED 35 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 Observe na figura 23 que há outras fontanelas, como as chamadas ptério e astério. Elas são eventualmente citadas nas provas de Residência, por isso, é importante que você saiba que elas existem para não se confundir, mas não serão importantes na avaliação da estática fetal. Então, foque nas duas primeiras que foram apresentadas: lambdoide e bregmática. Figura 23: cabeça fetal: ossos, suturas e fontanelas A questão a seguir demonstra como esse conceito pode aparecer na sua prova. CAI NA PROVA (SCML 2016) Observe a imagem da cabeça fetal. A sutura sagital e a fontanela lambda estão marcadas, respectivamente, pelos números: A) 2 e 3. B) 4 e 5. C) 6 e 7. D) 4 e 1. Estratégia MED 36 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 COMENTÁRIO Note que o examinador espera que você saiba identificar as estruturas apresentadas na figura. Foque especialmente nas estruturas 1, 2 e 3 para sua prova e não se assuste ao deparar-se com as outras, porque agora você já as conhece. Correta a alternativa A porque o número 2 refere-se à sutura sagital na figura e o número 3 ao lambda. Incorreta a alternativa B, porque o número 4 refere-se à sutura lambdoide na figura e o número 5 ao astério. Incorreta a alternativa C, o número 6 refere-se à sutura coronária na figura e o número 7 ao ptério. Incorreta a alternativa D, o número 4 refere-se à sutura lambdoide na figura e o número 1 ao bregma. Outro importante parâmetro a ser avaliado na morfologia fetal são os diâmetros do polo cefálico. A progressão pelo canal de parto depende que o feto apresente diâmetros compatíveis aos diâmetros da pelve materna, caso isso nãoocorra, ele deixa de progredir, como ocorre, por exemplo, na desproporção cefalopélvica. As provas de Residência cobram que você conheça as medidas do diâmetro do polo cefálico fetal, nem sempre com a medida propriamente dita, mas que saiba quais são o menor ou o maior diâmetro. Vale ressaltar que cada um deles corresponde a uma variedade da apresentação cefálica, que você irá estudar adiante neste capítulo, e determinam o melhor ou pior prognóstico do parto vaginal. Você verá novamente esse conceito ao estudar MECANISMO DE PARTO. Os diâmetros anteroposteriores do polo cefálico fetal são: • Suboccipitobregmático – é o menor dos diâmetros, com cerca de 9,5 cm, e é medido do suboccípicio ao bregma. • Submentobregmático – medido do submento ao bregma, mede cerca de 9,5 cm à semelhança do suboccipitobregmático. • Suboccipitofrontal – do suboccipício à bossa frontal mede cerca de 10,5 cm. • Occipitofrontal – mede cerca de 12 cm e compreende a distância entre a ponta do occipício e a raiz do nariz. • Occipitomentoniano – é o maior dos diâmetros, com cerca de 13 cm, e é medido da ponta do occipício ao mento. Estratégia MED 37 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 Ficou confuso com todos esses nomes? Observe a figura 24. Nela estão descritos os nomes e medidas dos diâmetros do polo fetal no termo. Você já foi apresentado a essa ilustração no início deste livro. A repetição é proposital para facilitar sua memorização desse conceito que é bastante teórico, mas que explica muitos outros conceitos obstétricos mais práticos. Às vezes, uma imagem vale mais que mil palavras e essa é uma dessas situações. Figura 24: diâmetros do polo cefálico fetal Tente responder à questão a seguir para fixar esse conceito! CAI NA PROVA (FMJ 2019) Em relação aos diâmetros fetais no termo, pode-se afirmar que o de maior extensão é o: A) Occípito-frontal B) Submento-bregmático C) Suboccípito-bregmático D) Occípito-mentoneiro E) Occípito-bregmático Estratégia MED 38 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 COMENTÁRIO Questão decoreba! E a maioria delas sobre os diâmetros fetais são assim. Então, coloque na listinha de coisas para decorar! Incorreta a alternativa A, porque o diâmetro occipitofrontal mede cerca de 12 cm. Corresponde ao diâmetro da cabeça fetal que se insinua na apresentação cefálica de bregma ou defletida de 1º grau. Incorreta a alternativa B, porque o diâmetro submentobregmático mede cerca de 9,5 cm. Corresponde ao diâmetro da cabeça fetal que se insinua na apresentação cefálica de face ou defletida de 3º grau. Incorreta a alternativa C, porque o diâmetro suboccipitobregmático mede cerca de 9,5 cm. Corresponde ao diâmetro da cabeça fetal na apresentação que se insinua na apresentação cefálica fletida. Correta a alternativa D porque occipitomentoniano é o maior com 13 a 13,5 cm em um feto de termo. Corresponde ao diâmetro da cabeça fetal que se insinua na apresentação de fronte ou defletida de 2º grau. Incorreta a alternativa E, porque o diâmetro avaliado é o suboccipitobregmático, e não o diâmetro occipitobregmático. 5.2 DEFINIÇÃO DOS PRINCIPAIS CONCEITOS Uma vez que as estruturas fetais relevantes para nosso estudo foram esclarecidas, vamos prosseguir e entender os parâmetros avaliados na estática fetal. Eles são: • Atitude; • Situação; • Posição; • Apresentação; • Variedade de posição. É importante que você saiba diferenciá-los. Para otimizar seu estudo, procure relacioná-los às figuras. É provável que o conceito visual seja mais bem fixado do que a própria descrição, além de ser comum que as questões sobre estática fetal explorem sua habilidade em avaliar ilustrações. 5.2.1 ATITUDE Atitude é a relação entre as partes fetais entre si. É a forma que permite que o feto, que mede cerca de 50 cm ao final da gestação, possa estar acomodado dentro do útero, que mede cerca de 30 cm. Habitualmente, será de flexão generalizada, de modo que o feto assume uma forma ovoide. Observe a figura 25. Ela representa a atitude fletida generalizada. A cabeça flete-se sobre o tronco, fazendo com que o mento fetal se aproxime do seu esterno, as coxas fletem-se sobre o abdômen e as pernas sobre as coxas. É importante ressaltar que o normal é que o feto esteja fletido. Quando isso não acontece, ou seja, o feto mantém a extensão de todos os membros de forma contínua, a hipótese de atonia muscular relacionada à grave sofrimento fetal deve ser pensada. Estratégia MED 39 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 5.2.2 SITUAÇÃO Situação é a relação entre os maiores eixos do feto e do útero entre si. O feto tenderá a ocupar os maiores eixos uterinos com seus maiores eixos para poder acomodar-se na cavidade uterina. As variações possíveis são: • Longitudinal – quando o maior eixo fetal coincide com o maior eixo uterino. Ocorre em 99% das gestações de termo. • Transversal – quando o maior eixo fetal está perpendicular ao maior eixo uterino. Não ocorre comumente e está relacionada a fatores, como placenta de inserção anômala, gestação múltipla, presença de miomas uterinos ou outras alterações do útero. • Oblíqua – quando o maior eixo fetal está oblíquo em relação ao maior eixo uterino. É uma situação de transição do feto em estabelecer-se longitudinal ou transversalmente. Figura: variação de posição fetal. Estratégia MED 40 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 5.2.3 POSIÇÃO Posição é a relação do dorso fetal com o corpo materno. Conhecer a posição fetal facilita a ausculta dos batimentos cardíacos fetais durante o exame físico obstétrico. A posição mais frequente é à esquerda. As variações possíveis da posição fetal são: Na situação longitudinal: • Direita – quando o dorso fetal está voltado para o lado direito do abdômen materno. • Esquerda – quando o dorso fetal está voltado para o lado esquerdo do abdômen materno. Na situação transversal: • Anterior – quando o dorso fetal está voltado anteriormente em relação à coluna vertebral materna. • Posterior – quando o dorso fetal está voltado posteriormente em relação à coluna vertebral materna. Estratégia MED 41 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 Ficou claro para você as definições dos parâmetros da estática fetal avaliados até aqui? Responda à questão a seguir para testar seus conhecimentos, e vamos continuar! CAI NA PROVA (SES - PE -2018) Como se denomina a relação das diversas partes do feto entre si? COMENTÁRIO Incorreta a alternativa A, porque posição refere-se à projeção do dorso fetal em relação ao lado materno. Incorreta a alternativa B, porque acomodação não é um dos parâmetros avaliados na estática fetal. Correta a alternativa C porque atitude refere-se à relação das partes fetais entre si. Incorreta a alternativa D, porque situação refere-se à relação do maior eixo fetal em relação ao maior eixo materno. Incorreta a alternativa E, porque postura não é um dos parâmetros avaliados na estática fetal 5.2.4 APRESENTAÇÃO Apresentação refere-se à porção fetal que se relaciona com o estreito superior da bacia materna e que nele vai se insinuar. Assim sendo, a apresentação fetal pode ser descrita como: • Cefálica, quando é o polo cefálico que se apresenta ao estreito superior da pelve materna; • Pélvica, quando é o polo pélvico que irá se insinuar pelo estreito superior; e • Córmica, quando o ombro fetal encontra-se ao estreito superior da bacia obstétrica. Observe na ilustração abaixo exemplos da representação de cada uma das apresentações fetais. Figura 31: apresentação fetal A) Posição. B) Acomodação. C) Atitude. D) Situação. E) Postura. Estratégia MED 42 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica,Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 Vale ressaltar que há ainda as apresentações compostas que se caracterizam pela presença de uma parte menor do feto que fica à frente da apresentação, como um dos membros fetais, podendo, inclusive, exteriorizar-se na vagina pelo colo uterino. Quando essa parte fetal está ao lado da apresentação, chama-se laterocidência. Quando ela antecede a apresentação, denominamos procidência ou prolapso. A densidade do polo cefálico e a posição da placenta influenciam na apresentação assumida pelo feto. Embora durante a prematuridade as apresentações pélvicas ou córmicas possam ser mais frequentes do que o observado ao atingir o termo, saiba que a apresentação cefálica é a mais frequente no momento do parto do feto a termo. Apresentação na gestação a termo Frequência Cefálica 95 – 96% Pélvica 3 - 4% Córmica 0,5 – 1% Além disso, observe a seguir que a apresentação fetal pode variar também de acordo com a atitude fetal, mais ou menos fletida. Vamos começar pelas apresentações fetais relacionadas à situação longitudinal. Tabela 3: frequência das apresentações fetais no termo 5.2.4.1 CEFÁLICA Apresentação cefálica caracteriza-se pela ocupação do estreito superior da bacia materna pelo polo cefálico fetal. Pode ser classificada em quatro diferentes variedades, de acordo com o grau de deflexão da cabeça fetal. • Cefálica fletida ou de vértice – caracteriza-se pela flexão generalizada do feto em que o mento se aproxima do esterno. Ocorre em cerca de 95% das gestações a termo, e representa o melhor prognóstico para o parto vaginal. • Cefálica defletida de 1º grau ou bregmática – ocorre quando a cabeça fetal está apenas parcialmente fletida, permitindo que a fontanela anterior ou bregma seja palpável. • Cefálica defletida de 2º grau ou de fronte – nesse caso, o mento está ainda mais afastado do esterno e é possível palpar a glabela ou raiz do nariz. Esse tipo de apresentação resulta em um maior diâmetro cefálico (diâmetro occipitomentoniano de 13 cm), o que torna o parto vaginal inviável na maioria dos casos, sendo indicada a cesárea. • Cefálica defletida de 3º grau ou de face – ocorre quando o occipício aproxima-se do dorso devido à extensão do pescoço fetal. Nesse caso, é possível palpar o mento do feto. Observe a figura 32. Fixar esse conceito será mais fácil observando a representação das variações da apresentação cefálica e seus respectivos nomes. Note que a variação da apresentação cefálica varia entre o polo cefálico completamente fletido até sua completa extensão. Observe ainda que, em cada uma delas, um ponto de referência diferente será assumido, isso será essencial para o estudo da estática fetal. Estratégia MED 43 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 Figura 32: variações da apresentação cefálica e seus respectivos pontos de referência As questões a seguir são exemplos de como esse conceito aparece na sua prova de Residência Médica. Aproveite para praticar. CAI NA PROVA (AMRIGS 2024) Qual é a atitude da cabeça fetal (na apresentação cefálica) que tem a maior circunferência/diâmetro? A) Fletida. B) Deflexão de primeiro grau. C) Deflexão de segundo grau. D) Deflexão de terceiro grau. COMENTÁRIOS: Incorreta a alternativa A: a cefálica fletida corresponde ao suboccipitobregmático: é o menor dos diâmetros, com cerca de 9,5 cm, e é medido do suboccipício ao bregma. Incorreta a alternativa B: A defletida de primeiro grau corresponde ao eixo Occipitofrontal: mede cerca de 12 cm e compreende a distância entre a ponta do occipício e a raiz do nariz. Correta a alternativa C: A defletida de segundo grau corresponde ao eixo occipitomentoniano. Este é o maior dos diâmetros, com cerca de 13 cm. Incorreta a alternativa D: A defletida de terceiro grau corresponde ao eixo submentobregmático: medido do submento ao bregma, com cerca de 9,5 cm. Estratégia MED 44 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 (PSU-GO 2024) Em apresentações cefálicas defletidas de 1°, 2° e 3° graus, os pontos de referência fetais são, respectivamente, A) lambda, glabela e mento. B) bregma, glabela e mento. C) glabela, mento e bregma. D) bregma, lambda e mento. COMENTÁRIOS: Incorreta a alternativa A: o lambda é ponto de referência das apresentações cefálicas fletidas. Correta a alternativa B: os pontos de referência fetal nas apresentações cefálicas defletidas de 1º, 2º e 3º graus são, respectivamente, o bregma, a glabela e o mento. Incorreta a alternativa C: os pontos de referência fetal nas apresentações cefálicas defletidas de 1º, 2º e 3º graus são, respectivamente, o bregma, a glabela e o mento. Incorreta a alternativa D: os pontos de referência fetal nas apresentações cefálicas defletidas de 1º, 2º e 3º graus são, respectivamente, o bregma, a glabela e o mento. (USP-SP 2023) Gestante de 29 anos, 4G:3PN:0A, chega ao pronto-socorro obstétrico trazida pelo SAMU em franco trabalho de parto. Não trouxe a carteira de pré-natal, refere data da última menstruação de 18/02/2022. Ao exame clínico, PA 123 x 82 mmHg, FC 84 bpm, altura uterina de 35 cm, batimento cardíaco fetal presente e rítmico. Ao toque vaginal, dilatação total, apresentação cefálica e alta, sendo percebida a variedade de posição representada na figura a seguir. Qual é a referência percebida ao toque que sinaliza dificuldade do parto vaginal? A) Raiz do nariz. B) Occipício. C) Bregma. D) Mento. COMENTÁRIOS: Correta a alternativa A: a figura apresentada mostra uma apresentação cefálica defletida de segundo grau, em que o ponto de referência é a glabela ou raiz do nariz. Incorreta a alternativa B: o occipício é ponto de referência nas apresentações cefálicas fletidas. Incorreta a alternativa C: o bregma é ponto de referência nas apresentações cefálicas defletidas de primeiro grau. Incorreta a alternativa D: o mento é ponto de referência nas apresentações cefálicas defletidas de terceiro grau. Estratégia MED 45 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 (SCMSP 2023) Sabendo que, ao exame de toque, o ponto de referência fetal corresponde à estrutura B na figura ao lado, assinale a alternativa que apresenta o ponto de referência e a apresentação fetal, respectivamente. A) Lambda — cefálica fletida. B) Lambda — cefálica defletida de 1º grau. C) Bregma — cefálica defletida de 1º grau. D) Bregma — cefálica defletida de 2º grau. E) Lambda — cefálica defletida de 2º grau. COMENTÁRIOS: A fontanela apontada é o brega, que tem forma de losango, e a palpação do bregma ocorre nas defletidas de 1º grau. Gabarito: Alternativa C O feto 4 encontra-se em posição defletida de terceiro grau. 5.2.4.2 PÉLVICA Denomina-se apresentação pélvica quando o polo pélvico fetal ocupa o estreito superior da bacia materna. Pode ser classificada em duas diferentes variedades, de acordo com a posição das pernas do feto. • Pélvica completa – coxas fletidas sobre o abdômen e pernas fletidas sobre as coxas. • Pélvica incompleta – coxas fletidas sobre o abdômen e pernas estendidas. Pode ser chamada modo de nádegas ou agripina, quando as duas pernas estão estendidas, ou de modo de pés ou de joelhos, quando uma dessas partes fetais ocupam-se o estreito superior da bacia materna. Figura 33: variações da apresentação pélvica Estratégia MED 46 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 Abaixo mais uma questão para você praticar. CAI NA PROVA (UFSC 2020) Qual o tipo de apresentação pélvica apresentada na figura ao lado? A) Incompleta de nádegas B) Completa de nádegas C) Modo de pés D) Completa padrão E) Incompleta de joelho COMENTÁRIO Estou repetitiva, mas é isso, mais uma ilustração! Pode ser considerada difícil se você não estiver familiarizadocom a definição dos conceitos ou bastante simples se eles estiverem claros para você. Espero que depois do nosso estudo você a classifique pela segunda opção! Correta a alternativa A porque na figura apresentada no enunciado está representada a apresentação pélvica incompleta ou modo de nádegas, uma vez que as coxas estão fletidas sobre o abdômen e as duas pernas fetais estão estendidas. Incorreta a alternativa B, porque o modo de nádegas refere-se à apresentação pélvica incompleta e não completa. Incorreta a alternativa C, porque no modo de pés um dos pés fetais precisa estar ocupando o estreito superior da bacia, o que não observamos na ilustração apresentada no enunciado. Incorreta a alternativa D, porque na apresentação pélvica completa as pernas fetais devem estar fletidas sobre as coxas, que por sua vez devem estar fletidas sobre o abdômen fetal. Observe que na figura as pernas fetais estão estendidas. Incorreta a alternativa E, porque no modo de joelhos um dos joelhos fetais precisa estar ocupando o estreito superior da bacia, o que não observamos na ilustração apresentada no enunciado. Observe a figura ao lado que representa essa variedade de apresentação. Figura 34: Apresentação pélvica incompleta ou modo de joelhos Estratégia MED 47 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 Quanto a situação transversal, apenas a apresentação córmica é possível: 5.2.4.3 CÓRMICA Denomina-se apresentação córmica quando o feto está na situação transversal. Seu ponto de referência é o acrômio, uma vez que é o ombro que se apresenta ao estreito superior da bacia. CAI NA PROVA (USP – 2018) Qual das imagens abaixo representa uma apresentação fetal composta? A) C) D) B) Mais uma pausa para praticar e sedimentar seus conhecimentos. Figura 35: Apresentação córmica Estratégia MED 48 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 COMENTÁRIO Perceba a importância de estar familiarizado com as figuras quando o tema é estática fetal. Correta a alternativa A porque apresentação composta é definida como uma pequena parte fetal, geralmente, a mão ou o braço, que se insinua e desce junto com o polo fetal apresentado. Tal situação é observada na figura dessa alternativa. Incorreta a alternativa B, porque observa-se apresentação pélvica completa na figura. Incorreta a alternativa C, porque observa-se apresentação cefálica defletida de 3º grau na figura. Incorreta a alternativa D, porque observa-se apresentação córmica na figura. 5.2.5 VARIEDADE DE POSIÇÃO CAI NA PROVA Correta a alternativa E porque situação fetal é a relação entre os maiores eixos longitudinais materno e fetal. Variedade de posição é a relação entre o ponto de referência da apresentação fetal e o ponto de referência da bacia óssea materna. Esse é um dos conceitos mais importantes deste capítulo, mas também um dos que mais geram dúvidas. Por isso, antes de prosseguirmos, observe a questão abaixo. Certifique-se de que todos esses conceitos estão claros para você antes de prosseguir. (UNIRIO 2019) No estudo da estática fetal, a relação entre os eixos longitudinais materno e fetal é denominado: A) apresentação fetal. B) variedade de posição fetal. C) posição fetal. D) atitude fetal. E) situação fetal. COMENTÁRIO Incorreta a alternativa A, porque apresentação fetal é definida como a porção do feto que mais se aproxima da pelve materna e que nela se insinuará pelo estreito superior. Incorreta a alternativa B, porque variedade de posição caracteriza-se pela relação entre o ponto de referência fetal, de acordo com sua apresentação, e o ponto de referência ósseo da pelve materna. Incorreta a alternativa C, porque posição fetal refere-se à relação entre o dorso fetal e o lado materno. Incorreta a alternativa D, porque atitude refere-se à relação das partes fetais entre si. Estratégia MED 49 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 Até aqui, estudamos os pontos de referência de acordo com a apresentação fetal. Para determinar a variedade de posição, será necessário identificar a orientação desses pontos, que você já conhece, na pelve materna. Observe na figura 35 os pontos de referência da pelve materna. Os pontos próximos ao sacro são os posteriores e os próximos à pube, os anteriores. Atenção para não confundir as referências de direita e esquerda. Sempre consideraremos o corpo materno em posição ginecológica como referência para determinar direita (D), esquerda (E), posterior (P) e anterior (A). Perceba que a perspectiva durante o exame ginecológico será contrária ao corte da bacia apresentado na figura abaixo, com relação aos pontos anteriores e posteriores. Figura 36: pontos de referência da pelve materna Estratégia MED 50 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 Você se lembra dos diâmetros oblíquos ou de insinuação do estreito superior da pelve materna que estudamos no início deste livro? Às vezes, o examinador questiona sobre eles, avaliando se você conhece os pontos de referência da pelve materna relacionados a eles ou as variedades de posição que neles se insinuam. A denominação de primeiro e segundo oblíquos relaciona-se à maior ou menor frequência de insinuação fetal nesses diâmetros, isto é, as variedades de posição que se insinuam no primeiro oblíquo são mais frequentes do que as que se insinuam no segundo. A figura ao lado demonstra esses oblíquos, que também podem ser chamados de primeira e segunda posição. Figura 37: primeiro e segundo oblíquos da pelve materna Você acertaria a questão a seguir se ela estivesse na sua prova? CAI NA PROVA (IAMSPE 2021) De acordo com a figura acima, assinale a alternativa que apresenta a correspondência correta entre os números e as áreas que eles identificam. A) 1 – pube, 2 – extremidade do diâmetro transverso, 3 – eminência iliopectínea, 4 – sinostose sacroilíaca e 5 – sacro B) 1 – pube, 2 – eminência iliopectínea, 3 – extremidade do diâmetro transverso, 4 – sinostose sacroilíaca e 5 – sacro C) 1 – pube, 2 – sinostose sacroilíaca, 3 – extremidade do diâmetro transverso, 4 – eminência iliopectínea e 5 – sacro D) 1 – pube, 2 – eminência iliopectínea, 3 – sinostose sacroilíaca, 4 – extremidade do diâmetro transverso e 5 – sacro1 – sacro, 2 – eminência iliopectínea, 3 – extremidade do diâmetro transverso, 4 – sinostose sacroilíaca e 5 – pube Estratégia MED 51 OBSTETRÍCIA Bacia obstétrica, Pelvimetria e Estática Fetal Prof. Natália carvalho | Curso Extensivo | 2025 COMENTÁRIO Questão simples se os pontos de referência da pelve materna estiverem claros para você. Caso não estejam, retorne a esse conceito e às questões relacionadas a ele. Isso é bastante importante para muitos temas que você estudará relacionados ao parto. Correta a alternativa B porque o número 1 refere-se à pube, o número 2 à eminência iliopectínea, o número 3 à extremidade do diâmetro transverso, o número 4 à sinostose sacroilíaca e, por fim, o número 5 ao sacro. Agora que conhecemos os pontos de referência da bacia obstétrica, vamos continuar com mais um conceito para que a definição da variedade de posição fique clara para você. Conhecer a variedade de posição significa saber qual é a variedade da apresentação fetal a partir da definição de seu ponto de referência, assim como saber para qual local da pelve materna esse ponto de referência está voltado. A nomenclatura obstétrica permite que a variedade de posição, que acabou de ser descrita em três linhas, seja compreendida com apenas três letras. De acordo com a nomenclatura obstétrica, a variedade de posição será descrita por letras que simbolizam tanto o ponto de referência fetal quanto o ponto de referência da bacia. Pense nos pontos da pelve materna como se fossem