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Análise de risco e lesão cardiovascular - Os marcadores de risco apontam o risco futuro de uma vaso-oclusão que pode proporcionar algum acometimento cardiovascular; os marcadores de lesão cardiovascular servem para comprovar a hipótese de infarto em um indivíduo e estimar o grau da lesão. - Mesmo que um marcador esteja sendo expresso em alto grau no músculo cardíaco não significa que ele é exclusivo para infarto. O marcador padrão-ouro de infarto é a troponina de alta sensibilidade que é diferente da produzida no músculo esquelético. Ela se eleva nos primeiros minutos após o infarto e pode se manter até 10 dias. Doenças cardiovasculares: Angina instável: bloqueio parcial das artérias coronárias na passagem de sangue. Não chega a comprometer o abastecimento de nutrientes e/ou O2. Infarto agudo do miocárdio (IAM): processo de necrose do miocárdio causado pelo bloqueio de sangue nas artérias coronárias devido a uma trombose (coágulo). Doença isquêmica do coração: redução ou eliminação de sangue para abastecimento do miocárdio. Insuficiência cardíaca congestiva: o coração é incapaz de bombear sangue numa frequência proporcional às necessidades metabólicas dos tecidos. Pode levar a uma acidose (a quantidade de sangue que é liberada no músculo cardíaco para abastecer os pulmões é menor, então as trocas gasosas não são eficientes, levando a acúmulo de CO2 no organismo); pode levar a problemas renais (não chega sangue suficiente para eliminar ureia ou creatinina, por exemplo). Stent: melhora a passagem do sangue. Estatinas: drogas que inibem a produção de colesterol. Bloqueiam a enzima HMG-CoA redutase, presente na via metabólica que produz o colesterol. Também podem ajudar a retirar o excesso de colesterol da placa, que ao longo do tempo pode diminuir sua espessura. Síndrome coronariana aguda: - A síndrome coronariana aguda (SCA) refere-se a um conjunto de sintomas clínicos causados por isquemia miocárdica aguda. - A causa mais comum é a doença aterosclerótica coronariana (acúmulo de gordura na parede das artérias; doença inflamatória) com ruptura da placa. - Um tratamento precoce pode evitar que mais células do miocárdio morram, evitando um infarto fulminante e reduzindo a extensão da lesão. Objetivos da avaliação inicial de pacientes com dor no peito: - Evidenciar a probabilidade dos sintomas estarem relacionados à isquemia. - Evidenciar o risco de eventos cardíacos recorrentes. Aterosclerose: - Principal causa de infarto agudo do miocárdio. - Acúmulo de gordura na artéria. - Um processo multifatorial e complexo. - Líder como causa de óbito. - Lesões ateroscleróticas: início da vida intrauterina. - Evolução silenciosa ao longo dos anos. - Perfil lipídico adverso: aumento do colesterol LDL e diminuição do colesterol HDL. - O HDL (“bom colesterol”) pega o excesso de colesterol da placa e leva para o fígado, onde lá será transformado em ácido biliar, que participa do processo de digestão emulsificando as gorduras para que as lipases possam atuar. - A oxidação de LDL favorece o crescimento da placa de aterosclerose, estimulando a entrada de LDL no endotélio, gerando uma resposta inflamatória. - Existem casos de pessoas que possuem falhas na expressão de receptores de LDL, ocasionando num processo de metabolização prejudicado dessa molécula, fazendo com que ela se acumule no sangue. Além disso, há pessoas que produzem muitos marcadores inflamatórios que facilitam com que a LDL penetre na camada íntima. - Estresse oxidativo (problemas com glutationa redutase; peroxidase; catalase, por exemplo, que ajudam a eliminar radicais livres), glicose alta (DM) fazem com que a LDL oxide de forma mais rápida. - O acúmulo de radicais livres pode levar a um maior risco de doenças cardiovasculares e câncer. Lipoproteína (a): LDL menor, mais aterogênica, mais facilmente oxidável, mais facilmente entra na camada intima e mais facilmente vai desenvolver uma resposta inflamatória. Homocisteina: aminoácido intermediário entre a cisteína e a metionina. Sofre auto-oxidação e contribui para produção de radicais livres, os quais podem oxidar a LDL, deixando-a mais aterogênica. Processos infecciosos: levam ao aumento da resposta inflamatória, estimulando o aumento do ateroma. Marcadores de risco cardiovascular: Risco cardiovascular: LDL alto e HDL baixo. Além disso, pode haver outros achados como glicose alta, glutationa baixa, homocisteína alta e outros. Lipoproteínas: compostos mistos de proteínas e lipídeos que atuam principalmente no transporte de lipídeos no sangue e facilitam a interação dos lipídeos com enzimas. Elas transportam lipídeos exógenos, endógenos e atuam no transporte reverso do colesterol. A maior parte do colesterol que é transportado pelas lipoproteínas está na forma esterificada, se ligando com ácido graxo. Essa ligação com a cabeça polar do ácido graxo dá estabilidade à estrutura da lipoproteína. - Os quilomícrons vão circular e liberar triglicerídeos para que as células possam se abastecer. Depois, as lipoproteínas remanescentes vão para o fígado para serem destruídas e serem reaproveitadas para a produção de outras lipoproteínas, ou os aminoácidos das proteínas são degradados para síntese de outras proteínas. - VLDL libera triglicerídeos para as células através de uma lipoproteína lipase, e assim perde triglicerídeos, se transformando em uma molécula intermediária e depois a LDL. - Todas as células vão utilizar LDL para capturar colesterol. - O HDL faz o transporte reverso do colesterol para o fígado. Para que isso aconteça, é preciso da BCA-1, que tira o colesterol das células e entrega para o HDL; e também da lecitina-colesterol aciltransferase (LCAT), que faz a esterificação do colesterol para que HDL se transforme em uma proteína madura e consiga transportar o excesso de colesterol para o fígado. - A LDL circulante será capturada pelos receptores de ApoB-100 para que a célula possa utilizar toda a estrutura dela como fonte de energia e outras vias celulares. Em pessoas que possuem defeito genético na produção desses receptores (pouca expressão ou expressão defeituosa), a captura será defeituosa e mesmo que a pessoa tenha uma boa dieta, ela irá apresentar taxas de LDL alto, o que pode causar uma vaso-oclusão. Captação do colesterol por endocitose mediada por receptores. O colesterol livre liberado dentro da célula regula a taxa de sua própria síntese endógena. Aumento do colesterol estimula a proteólise da HMG-CoA redutase e inibe a transcrição de seu gene (SREBP). Papel da LDL na aterosclerose: O LDL se liga na camada íntima e quanto mais glicose e radicais livres estiverem presentes, mais rápido será o processo de oxidação dessa molécula, tornando-a aterogênica e pró-inflamatória. LDL modificada estimula expressão de MCP-1 nas células endoteliais: Quando oxidada a LDL estimula a expressão de proteínas carreadoras de monócitos e estimulam a diferenciação deles em macrófagos. Moléculas que não conseguem não conseguem eliminar o LDL oxidado viram células espumosas. Diferenciação de monócitos em macrófagos: Recrutamento de monócitos do sangue através de moléculas de adesão: Há um aumento de E-selectina e P-selectina, proteínas que possuem afinidade por carboidratos e irão se ligar na superfície dos monócitos. Para garantir que essas células vão ficar, há a molécula de adesão intracelular, a molécula de adesão da célula vascular e a molécula de adesão intercelular. LDL oxidado também estimula a produção de moléculas de adesão e moléculas [inaudível] inflamatórias. Moléculas de adesão: - As selectinas: E-selectina e P-selectina medeiam o rolamento inicial de células inflamatórias ao longo das células endoteliais. - VCAM-1 (molécula-1 de adesão de célula vascular) e ICAM-1 (molécula-1 de adesão intercelular): medeiam a adesão e transmigraçãode monócitos no endotélio. LDL oxidada estimula a expressão de moléculas de adesão em células endoteliais: Macrófagos expressam receptores que captam LDL modificada: Perfil lipídico: Colesterol total (CT): presente na LDL, HDL e VLDL, não se faz separação delas, apenas utiliza a colesterol esterase para quebrar os ésteres do colesterol e depois usa uma colesterol oxidase para chegar na reação de trinder. Triglicerídeos (TG): presentes principalmente na VLDL. Usa-se uma lipase que vai quebrar os ácidos graxos, liberando o glicerol que vai continuar até a reação de trinder. Caso uma pessoa esteja em situações de estresse, os hormônios liberados quebram os triglicerídeos presentes no tecido adiposo e os níveis de glicerol e ácidos graxos estarão elevados no sangue. HDL-colesterol (HDL-c): transporta colesterol das células periféricas para o fígado, diminui a produção de moléculas de adesão, oxidação de LDL e facilita a saída de colesterol do endotélio. Caso você use um componente (como ácidos que desnaturam a ApoB- 100) que faz com que proteínas como a LDL e VLDL precipitem você poderá separar e analisar o HDL. LDL-colesterol (LDL-c): 70% do colesterol sérico é transportado pela LDL, que quando oxidada favorece a aterosclerose. LDL-C = CT – HDL-C – TG/5 TG/5 = VLDL-c (se TG < 400mg/dL) Para TG > 400mg/dL: Dosar LDL-c e encontrar VLDL-c (VLDL-c = CT – HDL – LDL) - Dosagem de LDL geralmente usa métodos com baixa reprodutibilidade. Outra opção: VLDL = TG/x (Martin et al, 2013). LDLc = CT- HDL – TG/x - Para dosagem de triglicerídeos, usa-se uma lipoproteína lipase, liberando glicerol e ácidos graxos. - O VLDL sempre será calculado. - O colesterol total sempre será dosado. - O LDL pode ser calculado ou dosado. Não-HDL-C: VLDL + LDL Categoria de risco: conforme avaliação de risco cardiovascular estimado pelo médico solicitante. Marcadores inflamatórios: - PCR: existe a de alta sensibilidade e a do método tradicional. - Marcadores pró-inflamatórios: TNF alfa e IL6 (estimula a síntese da PCR). - Marcadores de desestabilização da placa aterosclerótica: ICAM, VCAM, Mieloperoxidase. - Risco de doença arterial coronariana. Homocisteína: - Para que a homocisteína siga o rumo dela é necessária a conversão para cistationina e cisteína, utilizando vitamina B6 e até mesmo na conversão para metionina na qual é necessária a vitamina B12. - Essa molécula pode sofrer auto-oxidação e gerar radicais livres que vão oxidar LDL e fazer com que ele vire aterogênico. Além disso, ela inibe os fatores anticoagulantes, ou seja, estimula a formação de trombos. Marcadores cardíacos: - Devem ser dosados em todos os pacientes com suspeita de síndromes coronarianas agudas (SCA), juntamente com o exame físico e interpretação do eletrocardiograma. Creatino quinase (CK ou CPK): - É encontrada no músculo cardíaco, esquelético e no cérebro. - Favorece a reposição do ATP gasto na contração muscular. Quando falta glicose, ela tira grupos fosfatos da fosfocreatina e devolve fosfato ao ADP para ele se tornar ATP. - Muito importante para regeneração do ATP gasto na contração muscular. - Retira o fosfato da creatina, que se transforma em creatinina, molécula que aumenta na insuficiência renal. - No infarto agudo do miocárdio os níveis de CK se comportam como os níveis de AST, porém sem influência hepática. - Apresenta 3 isoformas: - CK-MM: predomina no músculo esquelético (mais de 95% da CK total) - CK-MB: predomina no músculo cardíaco (menos de 6% da CK total) - CK-BB: predomina no cérebro (raramente presente no soro). - A soma de todas as isoformas é a CK total (CKMM, CKBB e CKMB) para representar a atividade de todas elas. - Em casos de leptospirose grave são elevados os níveis de CK. - Os valores normais são < 170 U/L. - Pode estar aumentada em casos de miocardite, uso de anabolizantes, taquiarritmias, cirurgias e outros, logo ela não é especifica para infarto. CK-MB: - Apresenta boa especificidade para lesões no miocárdio, porém pode apresentar valores elevados junto a CK-MM quando há lesão no músculo esquelético. - A dosagem dela deve ser feita junto com a CK-total para o cálculo da proporção da CK-MB com relação à CK total. - Pacientes podem apresentar níveis elevados de CK- MB sem elevação da CK total (faixa normal ampla), principalmente em pacientes com menor índice de massa muscular. - Eleva-se 4 a 8 horas após o infarto, atingindo pico 12 a 24 horas e normalizando-se entre 48h a 72h. - Métodos de análise: - Enzimático (mede a atividade da enzima) – até 24 U/L; - Massa (imunológico – detecta a enzima) – até 5,1 ng/mL, é um método mais sensível que determina a concentração da enzima e não sua atividade. É mais sensível, mas não ocorre diferença na especificidade. Macro CK: - CK-BB ou CK-MM ligadas a imunoglobulinas A ou G (IgA e IgG), passando assim mais tempo na corrente sanguínea. - CK-BB pode influenciar no resultado da CK-MB. - Técnica mais utilizada para determinação da CK-MB. - Para dosar a CK-MB utiliza-se um anticorpo que faz com que a porção M seja precipitada, enquanto a porção B será dosada. - Quando a CK-BB se liga a anticorpos, fica mais tempo na corrente sanguínea. Ao fazer o método que precipita M, a CK-BB é dosada como se fosse CK-MB. - A CK-BB não entra no cálculo da CK-total, mas a MB sim. Ou seja, podem existir casos que a CK-MB esteja maior que a total, o que é sugestivo de macroenzima. - Solução: CK-BB não é inibida a 45ºC por 20 minutos como a CK-MB. CK-BB pode ser dosada após tal procedimento e obtém-se o valor da CK-MB pela subtração: CK-MB – CK-BB = CK-MB real. Mioglobina: - Hemoproteína transportadora de oxigênio no músculo cardíaco e esquelético (2% da proteína total do músculo). - Eleva-se aproximadamente 1h após o infarto, atingindo o pico entre 6 a 9 horas. - Normaliza-se após 24h. - É excretada pelos rins e seu aumento pode estar relacionado com a deterioração da função renal. - Se foi dosado mioglobina e CK-MB e somente a mioglobina der alta, é indicativo que o infarto aconteceu entre 1 – 4 horas. Caso só a CK-MB tiver elevada, o infarto ocorreu entre 1 dia e 3 dias. As duas aumentadas seriam indicativas de infarto entre 4h e 24h. Troponinas: - Atuam na regulação da contração do músculo esquelético. - As principais são a TNT (subunidade ligada a tropomiosina), TNC (ligadora de cálcio) e TNI (subunidade inibidora de actina). - O cálcio se liga a TNC, a destrava, o que faz com que a tropomiosina se desloque. Com isso, os sítios ativos para ligação da actina ficam expostos. A actina se liga e a contração acontece. - Os marcadores mais utilizados são as cTNT e cTNI, que se apresentam elevadas de 4 a 7h após o infarto, com pico de 12 e 18h e normalização em torno de 10 dias. A TNC não é usada porque é igual no músculo cardíaco e no músculo esquelético. - Elas são mais específicas que a CK-MB para o infarto, podendo detectar pequenas lesões no músculo cardíaco antes mesmo que ela. - Ex.: Caso os 3 marcadores (tropomina, CKMB e mioglobina) estejam aumentados é sugestivo de que o infarto ocorreu entre 4h e 24h. Apenas troponina elevada é indicativo de que o infarto ocorreu em mais de 3 dias até 10 dias. - É um ótimo marcador para reinfarto. - A dosagem ocorre por métodos com valores normais de < 1ng/mL. Principais marcadores cardíacos x tempo BNP e NT-próBNP (peptídeo natriurético): - É um hormônio produzido pelo músculo cardíaco que estimula a excreção de sódio na urina. Em problemas cardíacos a quantidade de peptídeo natriurético aumenta, contudo ele não é exclusivo para IAM sendo melhor para prognóstico e detecção e risco. - Elevam-se em outros eventos, como embolia pulmonar. - Não há consenso na literatura para guiar o tratamento pós-IAM. - A porção N-terminal tem uma estabilidade maior no soro,ou seja, passa mais tempo na corrente sanguínea, sendo preferível para dosagem. - Quando há oclusão parcial do vaso, tem-se predominantemente IAM sem supra de ST ou angina instável. - Quando há oclusão total do vaso, tem-se o IAM com supra de ST. Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnível do Segmento ST - Curva de troponina ultrassensível: - CK-MB massa pode ser utilizada se troponinas (I e T) não estiverem disponíveis. - Mioglobina pode ser considerada para excluir a hipótese de infarto em adição a um marcador mais tardio (CK-MB ou troponina). - Peptídeo Natriurético (BNP ou NT-pro-BNP) atrial e Proteína C-reativa podem ser consideradas na avaliação global de risco em pacientes com suspeita de síndrome coronária aguda (SCA).
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