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1 Laís Flauzino | ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA Metabolismo PROBLEMA 1M3 - “SÍNDROME METABÓLICA” JL, 42 anos, masculino, procurou o ambulatório de clínica médica após o falecimento de sua mãe por infarto agudo do miocárdio. O paciente relata ser sedentário, tabagista há 25 anos (2 maços de cigarros/dia), hipertenso há 4 anos, em uso irregular de Losartana 50 mg 2x/dia e Hidroclorotiazida 25 mg/dia. Queixa-se de ganho ponderal desde que começou a trabalhar como caminhoneiro há 8 anos. Ao exame físico encontra-se com Obesidade grau 2, circunferência abdominal de 110 cm, com pressão arterial normal. Traz exames laboratoriais (jejum de 12h): Colesterol total: 212 mg/dL; Triglicerídeos: 485 mg/dL; Colesterol HDL: 35 mg/dL. Glicemia de jejum: 110 mg/dL. O paciente está com muito medo de ter um infarto também e quer saber se está sob risco e o que poderia ser feito para evitar. Instrução: O que você sabe sobre o metabolismo dos lipídios, suas alterações e a correlação com Síndrome Metabólica? OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DESCREVER O CICLO EXÓGENO E ENDÓGENO DO METABOLISMO DOS LIPÍDIOS, PERFIL LIPÍDICO E LIPIDOGRAMA; Lipídeos: • Moléculas orgânicas insolúveis em água (hidrofóbicas). • Encontram-se compartimentalizados (associados à membrana por exemplo) ou transportados no sangue em associação com proteínas (lipoproteínas). • São importante fonte de energia para o corpo. • Fornecem barreira hidrofóbica que permite a participação dos conteúdos aquosos das células. • Outras funções: certas vitaminas lipossolúveis têm funções regulatórias ou de co-ezimas, e as prostaglandinas e os hormônios esteroides exercem papéis fundamentais no controle da homeostase do organismo. Digestão: Começa no estômago e é completada no intestino delgado. No estômago: A digestão no estômago é limitada – é catalisada pela lipase lingual e pela lipase gástrica. Essas lipases ácidas hidrolisam ácidos graxos de moléculas de TAG, particularmente aqueles que contêm ácidos graxos de cadeia curta ou média, como os encontrados na gordura do leite. Consequentemente, essas lipases desempenham um papel particularmente importante na digestão lipídica em lactentes, para quem a gordura do leite é a principal fonte de calorias. Elas também se tornam importantes enzimas digestivas em indivíduos com insuficiência pancreática, como os portadores de fibrose cística (FC) – as lipases ajudam esses pacientes a degradar moléculas de TAG apesar da ausência da lipase pancreática. Emulsificação no intestino delgado: Ocorre no duodeno e aumenta a área da superfície das gotículas de lipídeos hidrofóbicos, de maneira que as enzimas digestivas, as quais trabalham na interface da gotícula com a solução aquosa que a envolve, possam agir com eficiência. A emulsificação é obtida por dois mecanismos complementares: • Uso das propriedades detergentes dos sais biliares conjugados • Mistura mecânica devida ao peristaltismo Os sais biliares, produzidos no fígado e armazenados na vesícula biliar, são derivados anfipáticos do colesterol. Os sais biliares conjugados consistem em uma estrutura hidroxilada de esterol em anéis, com uma cadeia lateral à qual uma molécula de glicina ou taurina está covalentemente ligada por uma ligação amida. Esses agentes emulsificantes interagem com as gotículas de lipídeos da dieta e com os conteúdos aquosos do duodeno, estabilizando as gotículas à medida que elas se tornam menores pelo processo do peristaltismo e impedindo que coalesçam. 2 Laís Flauzino | ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA Degradação pelas enzimas pancreáticas: Os TAG, ésteres de colesterol e fosfolipídeos da dieta são degradados enzimaticamente (digeridos) no intestino delgado por enzimas pancreáti-cas, cuja secreção é hormonalmente controlada. Degradação de triacilgliceróis: As moléculas de TAG são muito grandes para serem captadas de maneira eficiente pelos enterócitos. Elas são então hidrolisadas pela ação da lipase pancreática, que remove ácidos graxos preferencialmente dos carbonos 1 e 3. Assim, os principais produtos da hidrólise são uma mistura de 2-monoacil-glicerol (2-MAG) e ácidos graxos livres. A lipase pancreática é encontrada em altas concentrações em secreções pancreáticas [2 a 3% da proteína total presente] e é muito eficiente cataliticamente, assegurando, dessa forma, que somente uma grave deficiência pancreática, como aquela observada na fibrose cística, resultaria em má absorção significativa de gordura. Uma segunda proteína, a colipase, também secretada pelo pâncreas, liga-se à lipase na razão de 1:1 e a ancora na interface lipídeo-água. A colipase restabelece a atividade da lipase na presença de substâncias inibidoras, como os sais biliares que ligam as micelas. A colipase é secretada como o zimogênio pró- colipase, ativado no intestino pela tripsina. Orlistate, um fármaco antiobesidade, inibe as lipases gástrica e pancreática, diminuindo, desse modo, a absorção de gorduras, resultando na perda de peso. Degradação de ésteres de colesterol: A maior parte do colesterol da dieta está presente na forma livre (não esterificado), com 10 a 15% presentes na forma esterificada. Os ésteres de colesterol são hidrolisados por uma enzima pancreática, a hidrolase dos ésteres de colesterol (colesterol-esterase), que produz colesterol e ácidos graxos livres. A atividade dessa enzima está muito aumentada na presença de sais biliares. Degradação de fosfolipídeos: O suco pancreático é rico na pró-enzima da fosfolipase A2 que, como a pró-colipase, é ativada pela tripsina e, como a hidrolase dos ésteres de colesterol, necessita de sais biliares para sua atividade ótima. A fosfolipase A2 remove um ácido graxo do carbono 2 de um fosfolipídeo, originando um lisofos-folipídeo. Por exemplo, a fosfatidilcolina (o fosfolipídeo predominante da digestão) torna-se lisofosfatidilcolina. O ácido graxo que resta no carbono 1 pode ser removido pela lisofosfolipase, originando uma glicerilfosforila ligada a uma base (p. ex., glicerilfosforilcolina), que pode ser excretada nas fezes, posteriormente degradada ou absorvida. Controle: A secreção pancreática das enzimas hidrolíticas que degradam os lipídeos da dieta no intestino delgado é controlada hormonalmente. As células na mucosa do duodeno inferior e do jejuno produzem a colecistocinina (CCK) em resposta à presença de lipídeos e de proteínas parcialmente digeridas que entram nessas regiões vindas do intestino delgado superior. A CCK age sobre a vesícula biliar (fazendo-a contrair- se e liberar a bile – uma mistura de sais biliares, fosfolipídeos e colesterol livre) e sobre as células exócrinas do pâncreas (fazendo- as liberar enzimas digestivas). Ela diminui também a motilidade gástrica, resultando na liberação mais lenta dos conteúdos gástricos no intestino delgado. Outras células intestinais produzem outro hormônio peptídico, a secretina, em resposta ao baixo pH do quimo ao entrar no intestino a partir do estômago. A secretina induz o pâncreas a liberar uma solução aquosa rica em bicarbonato, que ajuda a neutralizar o pH do conteúdo intestinal, trazendo-o para o pH apropriado para a atividade digestiva das enzimas pancreáticas. Absorção pelos enterócitos: Ácidos graxos livres, colesterol livre e 2- monoacilglicerol são os principais produtos da digestão dos lipídeos no jejuno. Esses, juntamente com os sais biliares e as vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K), formam as micelas mistas (agregados em forma de disco de lipídeos anfipáticos, que coalescem com os seus grupos hidrofóbicos para o interior e seus grupos hidrofílicos para a superfície). As micelas mistas são, portanto, solúveis no meio aquoso do lúmen intestinal. Essas partículas se aproximam do principal local de absorção de lipídeos, a membrana com borda em es- cova dos enterócitos. Esta membrana apical rica emmicrovilosidades é separada dos conteúdos líquidos do lúmen intestinal por uma camada aquosa 3 Laís Flauzino | ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA estacionária que se mistura pouco com o fluido total. A superfície hidrofílica das micelas facilita o transporte dos lipídeos hidrofóbicos através da camada de água estacionária para a membrana com borda em escova, onde eles são absorvidos. Os sais biliares são absorvidos no íleo terminal, com perda de < 5% nas fezes. Em relação a outros lipídeos da dieta, o colesterol é muito pouco absorvido pelos enterócitos. A terapia farmacológica [p. ex., com ezetimiba] pode reduzir ainda mais a absorção de colesterol no intestino delgado. Como os ácidos graxos com cadeias curta e média são solúveis em água, eles não necessitam da participação de micelas mistas para sua absorção pela mucosa intestinal. Ressíntese de TAG e ésteres de colesterol: A mistura de lipídeos absorvida pelos enterócitos migra para o retículo endoplasmático liso (REL), onde ocorre a biossíntese de lipídeos complexos. Os ácidos graxos de cadeia longa são primeiro convertidos em sua forma ativada pela sintetase dos acil-CoA graxos (tiocinase). Utilizando os derivados de acil-CoA graxos, o 2-MAG absorvido pelos enterócitos é convertido em TAG por meio de reacilações sequenciais por duas aciltransferases, a acil-CoA:monoacilglicerol aciltransferase e a acil-CoA:diacilglicerol aciltransferase. Os lisofosfoli-pídeos sofrem nova acilação para formar fosfolipídeos por uma famí-lia de aciltransferases, e o colesterol é acilado principalmente pela acilCoA:colesterol- aciltransferase. Praticamente todos os ácidos graxos de cadeia longa que entram nos enterócitos são usa-dos dessa maneira para formar TAG, fosfolipídeos e ésteres de coles-terol. Ácidos graxos de cadeia curta e média não são convertidos em seus derivados CoA e não são reesterificados usando o 2-MAG. Em vez disso, eles são liberados para a circulação porta, sendo carregados pela albumina sérica para o fígado. Secreção de lipídeos a partir dos enterócitos: Os TAGs e os ésteres de colesterol novamente sintetizados são muito hidrofóbicos e agregam-se em meio aquoso. Portanto, eles devem ser embalados como partículas de gotículas lipídicas cercadas por uma camada fina composta por fosfolipídeos, colesterol não esterificado e uma molécula da proteína apolipoproteína (apo) B-48. Essa camada estabiliza a partícula e aumenta a sua solubilidade, evitando, assim, que muitas partículas coalesçam. A proteína de transferência de triglicerídeos microssomal é essencial para a montagem de todas as partículas ricas em TAGs contendo apo B no RE. As partículas são liberadas por exocitose dos enterócitos para os lactélios vasos linfáticos que se originam nas vilosidades do intestino delgado). A presença dessas partículas na linfa após uma refeição rica em lipídeos dá à linfa uma aparência leitosa. Essa linfa é chamada de quilo (em oposição ao quimo – o nome dado para a massa semifluida de alimento parcialmente digerido que passa do estômago para o duodeno), e as partículas são chamadas quilomicra. Os quilomicra seguem pelo sistema linfático até o ducto torácico e são, em seguida, transportados para a veia subclávia esquerda, onde entram no sangue. Uma vez liberados para o sangue, os quilomicra nascentes [imaturos] recrutam as apolipoproteínas E e C-II a partir de lipoproteínas de alta densidade e tornam-se maduros. Ferrier, Denise R. Bioquímica ilustrada. (Ilustrada). Disponível em: Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2019. METABOLISMO ENDÓGENO E EXÓGENO: O transporte dos lipídeos, no plasma, é feito por estruturas denominadas de lipoproteínas. As lipoproteínas são macroagregados moleculares de forma esférica constituídos de um núcleo hidrofóbico, que contém, principalmente, colesterol esterificado e triglicérides, envolvido por uma monocamada constituída de fosfolipídeos e colesterol livre, lipídeos anfifílicos e proteínas, denominadas apolipoproteínas (apos). 4 Laís Flauzino | ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA As apos associam-se aos lipídeos por interações não- covalentes e desempenham importante papel na estabilização estrutural, na regulação das atividades enzimáticas sobre as lipoproteínas e na mediação da captação celular das partículas por receptores específicos. São classificadas de acordo com uma nomenclatura alfa-numérica (apoA-I, A-II, B-48, B-100, C-II, C-III, por exemplo). As lipoproteínas são classificadas, de acordo com sua densidade e sua migração eletroforética (CHAPMAN e col., 1981), em: 1. quilomícrons (QM), com densidade <0,950 g/ml e mobilidade eletroforética nula. 2. Lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL), 0,95<d<1.005 g/ml e mobilidade pré- beta 3. Lipoproteínas de baixa densidade (LDL), 1,019<d<1,063 g/ml 4. Lipoproteínas de alta densidade (HDL), 10,63<d<1,210 g/ml. O metabolismo das lipoproteínas pode ser dividido em: • ciclo endógeno: lipídeos de origem endógena (a associação de seus componentes, LDL e HDL e a ocorrência de aterosclerose). A avaliação da concentração de seus componentes é simples, verificando-se a medida de colesterol e triglicérides, após 12 horas de jejum. • ciclo exógeno: lipídeos provenientes da dieta. O metabolismo dos lipídeos exógenos é tão rápido que é difícil determinar alterações que possam ocorrer. Ciclo exógeno: Inicia-se com a digestão dos lipídeos, provenientes da dieta, pelas lipases lingual e gástrica. É completado no intestino pela lipase pancreática. Os fosfolipídeos e o colesterol esterificado são hidrolisados no intestino pela fosfolipase A2 e pelo colesterol esterase, respectivamente. A interação dos produtos lipolíticos com os ácidos biliares resulta na formação de micelas, o que favorece a aproximação e entrada desses lipídeos nas células da mucosa intestinal. Os produtos da digestão lipídica (monoglicerídeos, lisofosfatidilcolina e colesterol livre) destacam-se das micelas de sais biliares e cruzam a membrana da borda em escova da célula da mucosa intestinal por absorção passiva. O transporte até o retículo endoplasmático é mediado por uma proteína ligadora de ácido graxo (FABP). No retículo endoplasmático liso, (REL) os ácidos graxos, monoglicerídeos, colesterol livre e lisofosfatidilcolina são reesterificados, formando triglicérides, colesterol esterificado e fosfatidilcolina. Essas reações são catalisadas por enzimas específicas, localizadas na superfície citoplasmática da membrana do REL. Os lipídeos formados migram através das cisternas do REL até o retículo endoplasmático rugoso, aos quais são adicionadas as apos (B-48, A-I, A-II e A-IV), originando partículas que são transportadas ao complexo de Golgi para o processamento final. As vesículas secretoras contendo os QM são, desse modo, transportadas até um sítio próximo à membrana lateral, do qual são secretadas para o espaço intercelular. O número, o tamanho e a composição das partículas secretadas dependem do aporte e da natureza dos lipídeos absorvidos. Assim, durante o pico de absorção de lipídeos, há uma tendência à formação de partículas de tamanho maior. Os QM, liberados na linfa mesentérica, formam uma população heterogênea, com diâmetro variando de 75 a 600 nm que contêm apo B-48 como componente estrutural. Após a secreção para os capilares linfáticos intestinais, os QM interagem com outras lipoproteínas presentes na linfa, principalmente a HDL. Como resultado, recebem as apos C, e E e doam apos A-I e A-IV, além de perder fosfolipídeos. As apos predominantes nos QM são a apo A-I, C-I, C- II e C-III, com quantidades menores de apo E, A-IV e B-48. Essa última é sintetizada pelo intestino e constitui menos de 5% da proteína total na partícula. No entanto, desempenha papel na estruturação do QM, no seu transporte intracelular, na sua liberação pela célula intestinal e permanecena partícula durante o seu transporte na linfa e no plasma. Os QM são transportados para a circulação sistêmica através do ducto torácico. Os componentes da superfície continuam sendo trocados, principalmente, com a HDL. O metabolismo dos QM ocorre em duas etapas: a primeira é dependente da atividade da lipase lipoprotéica (LPL), enzima extra-hepática, responsável 5 Laís Flauzino | ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA pela hidrólise dos triglicérides presentes no núcleo hidrofóbico dos QM e da VLDL. A LPL está presente em tecidos do tipo adiposo, muscular cardíaco e esquelético, pulmonar, glândula mamária, tanto em animais quanto em humanos. A enzima é sintetizada nas células parenquimatosas, atravessa o espaço intersticial e liga-se aos glicosaminoglicanos da membrana basal de células endoteliais. Existem, pelo menos, duas frações de LPL nos tecidos. A primeira é rapidamente liberada após perfusão com heparina e localiza-se na superfície luminal das células endoteliais. A segunda fração não é removida pela heparina, atuando como estoque de LPL. As taxas de síntese, deslocamento e degradação enzimática são fatores que influenciam a atividade da LPL, uma vez que a sua meia-vida é curta. Os níveis mais elevados de atividade enzimática são descritos em tecidos que oxidam e esterificam grandes quantidades de ácidos graxos como o músculo cardíaco e o tecido adiposo. A enzima tem, portanto, papel fundamental no armazenamento lipídico no tecido adiposo e no fornecimento de energia para o músculo. A apo C-II, presente na superfície do QM e da VLDL, atua como co-fator da LPL, aumentando o índice de hidrólise de triglicérides. Após a ligação da LPL com a lipoproteína, ocorre uma hidrólise muito rápida no início, e os produtos liberados são utilizados pelas células. À medida que a capacidade de utilização é ultrapassada, a hidrólise diminui porque o excesso dos produtos liberados bloqueia a ativação da enzima pela apo C-II. A diminuição da afinidade entre a enzima e a partícula de QM facilita o retorno da lipoproteína à circulação. A apo C-III, também presente na superfície e QM e VLDL, inibe a atividade da LPL, atuando como modulador fisiológico dessa enzima. A atividade da LPL, medida em extratos de tecidos, é regulada por estímulos bioquímicos (citocinas), farmacológicos (insulina) e fisiológicos (ácidos graxos). Essa enzima é regulada de uma forma específica em cada tecido. Dessa forma, o jejum leva a uma redução na atividade da LPL no tecido adiposo e a um aumento desta atividade no músculo. O catabolismo na circulação sanguínea é rápido, conferindo aos QM uma meiavida plasmática curta (4 a 10 minutos) (COHEN, 1989). Durante a lipólise, o conteúdo de triglicérides da partícula diminui, mas o de colesterol esterificado não é alterado de forma significativa. Há perda de fosfolipídeos, o que torna a superfície relativamente mais rica em colesterol livre. As apos associadas à partícula também são trocadas. Perde-se apo A-I e ganha-se apo C e E. As partículas resultantes apresentam um diâmetro menor (40 a 60 nm) e são denominadas remanescentes de QM. O processo lipolítico que resulta na geração dos remanescentes de QM é fundamental para a remoção da partícula pelos receptores hepáticos (REDGRAVE, 1983). Assim, o bloqueio da atividade da LPL leva ao acúmulo de QM na circulação, já que partículas não- metabolizadas têm baixa afinidade pelo receptor. A ligação do QMrem ao receptor é feita através da interação com a apo E, que possui regiões ricas em aminoácidos básicos que constituem o domínio de reconhecimento pelos receptores de alta afinidade, localizados no espaço de Disse, o receptor B/E e a proteína relacionada ao receptor B/E, o LRP (figura 2). No espaço de Disse, lipase hepática (HL), localizada na superfície das células endoteliais dos sinusóides hepáticos, hidrolisa os fosfolipídeos dos QMrem, o que facilita o enriquecimento da partícula com apo E (SHERRIL e col., 1980; MAHLEY e col., 1989, COOPER, 1997). Além das apos, tem sido questionado, também, o envolvimento das lipases (LPL e HL) na remoção dos QMrem pelos receptores hepáticos. SKOTTOVA e col (1995) demonstraram que a LPL tem uma participação na remoção hepática de remanescente de QM em hepatócitos de ratos que é independente de sua atividade catalítica. Estudos recentes demonstram que a HL pode atuar também como uma proteína de ligação para as partículas remanescentes (APPLEBAUM-BOWDEN, 1995). A presença de apo CII no QMrem exerce um efeito inibitório na remoção da partícula (SHELBURNE e col., 1980). A remoção dos remanescentes de QM é importante na regulação dos níveis plasmáticos de colesterol. Existem evidências de que esta é a única lipoproteína capaz de provocar uma potente inibição da síntese hepática de colesterol. Esse bloqueio é proporcional à quantidade de colesterol ingerida (ANDERSEN e col, 1979; TURLEY e col., 1981). Além disso, quando ocorre um aumento do colesterol proveniente dos QMrem no fígado, o número de receptores de LDL e a síntese de colesterol são reduzidos, afetando o balanço entre as várias classes de lipoproteínas (ANGELIN e col., 1983; BROWN e col., 1986). Essa diminuição da síntese hepática de colesterol e da expressão do receptor de LDL deve ocorrer devido à contribuição do receptor de LDL para captação hepática dos QMrem (COOPER, 1997). Após a captação hepática, os QMrem são catabolizados liberando ácidos graxos, glicerol, aminoácidos e colesterol. Esse último pode ser excretado na bile na forma de ácidos biliares, utilizado para a síntese de membranas ou integrar as lipoproteínas secretadas pelo hepatócito (HAVEL e col., 1988). O colesterol é secretado na bile, tanto na forma livre quanto na de ácidos biliares, e ambos são reabsorvidos no intestino. Na circulação entero- hepática, cerca de 50% do colesterol biliar e mais de 95% dos ácidos biliares são reabsorvidos. A maior parte do colesterol do organismo é excretada nas fezes (KESANIEMI e col., 1982). 6 Laís Flauzino | ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA Ciclo endógeno: O ciclo endógeno inicia-se com a formação de lipoproteínas ricas em triglicérides, como as lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL), no hepatócito, tendo como proteína estrutural a apo B- 100. A função principal da VLDL é o transporte de triglicérides e de colesterol do fígado para os tecidos periféricos (EISENBERG e col.,1984). Os ácidos graxos empregados na síntese de triglicérides, fosfolipídeos e na esterificação do colesterol no hepatócito são derivados da via glicolítica (síntese "de novo" de colesterol a partir de acetil-CoA), da captação de ácidos graxos livres por um processo passivo e da hidrólise intracelular dos remanescentes das lipoproteínas captadas pelo fígado (JANERO e col., 1984). As VLDL têm diâmetro variando entre 0,94 e 1,006 g/ml, mobilidade pré-beta e são constituídas de: 45 a 65% de triglicérides, 15 a 20% de fosfolipídeos, 4 a 8% de colesterol e 6 a 10% de proteínas (Tabela 1). A VLDL é formada no retículo endoplasmático, contendo apoB-100, armazenada no complexo de Golgi e secretada para circulação (KANE e col, 1980; JANERO e col, 1984) e tem uma meia-vida plasmática de duas a quatro horas (EISENBERG, 1984). Na circulação, a partícula adquire as apos A, C e E, provenientes da HDL (BREWER e col, 1988; ERKELENS, 1989). Inicialmente a VLDL é convertida, progressivamente, em partículas mais densas, em conseqüência da hidrólise de triglicérides mediada pela LPL, de forma semelhante aos QM. O material em excesso da superfície, principalmente fosfolipídeos e colesterol, é utilizado para a síntese plasmática de HDL (DECKELBAUM e col., 1986). Os remanescentes de VLDL gerados recebem a denominação de lipoproteínas de densidade intermediária (IDL). Esta classe de lipoproteína tem densidade variando entre 1,006-1,019 g/ml e mobilidade pré-beta lenta. Uma fração da IDL plasmática é removida rapidamentepelo fígado, principal sítio de catabolismo das lipoproteínas que contêm apo B. A remoção ocorre pela ligação de alta afinidade, tanto pelo receptor LRP quanto pelo receptor B/E (rLDL) (ARBEENY e col., 1984; BROWN e col., 1986; GREGG e col., 1988). A IDL não removida pelo fígado sofre lipólise adicional, o que acarreta alterações de composição, com perdas de todas as apos, exceto da apo B-100, e das propriedades físicas da lipoproteína que passa a ser denominada lipoproteína de baixa densidade (LDL) (HAVEL, 1984). Em indivíduos normais, a LDL carrega cerca de 2/3 do colesterol plasmático total. A LDL tem uma meia-vida de 4 a 5 dias, e sua, metabolização ocorre através da interação com o receptor B/E (rLDL), no fígado e em tecidos extra-hepáticos (Figura 1). O colesterol fornecido pela LDL para os tecidos extra-hepáticos é utilizado na síntese de hormônios esteróides na córtex adrenal e gônadas, na síntese de membranas e na síntese de VLDL no fígado (BROWN e col., 1986). Os rLDL estão localizados em regiões diferenciadas da membrana citoplasmática, denominadas depressões cobertas (coated pits) (GOLDSTEIN e col., 1979). Essas regiões são cobertas pela proteína de sustentação do citoesqueleto, chamada clatrina. Após a ligação lipoproteína-receptor, essa região sofre invaginação rápida (endocitose) formando a vesícula endocítica. O envoltório de clatrina se dissocia, e várias vesículas se fundem formando os endossomos. A diminuição do pH nesses endossomos promove o desligamento do complexo receptor-LDL, com retorno do receptor à superfície celular. Seguem-se a fusão com lisossomos e a degradação dos seus componentes, as apolipoproteínas a aminoácidos livres, colesterol esterificado a colesterol livre, triglicérides a ácidos graxos. O colesterol livre que entra no compartimento citoplasmático pode ser utilizado no metabolismo celular ou ser armazenado após reesterificação pela enzima acil CoA:colesterol aciltransferase (ACAT) (BROWN e col.,1981). O colesterol oriundo do catabolismo da LDL determina três eventos intracelulares de natureza regulatória: 1. inibição da sua biossíntese por diminuição da expressão da enzima 3-hidroxi3-metil-glutaril- coenzima A redutase (HMGCoA redutase) enzima chave na síntese endógena do colesterol; 2. estimulação da atividade da colesterol acil transferase (ACAT), com conseqüente aumento da esterificação do colesterol e armazenamento do excesso de colesterol em gotículas lipídicas; 3. diminuição da síntese do rLDL reduzindo a captação da lipoproteína. Em situações em que possa ocorrer diminuição ou ausência de remoção de LDL pelos rLDL, a lipoproteína tende a se acumular no plasma, podendo sofrer modificações dos seus componentes lipídicos ou protéico. A partícula passa a ser reconhecida por um outro tipo de receptor, denominado receptor de varredura ou "scavenger" (SR), presente em células do sistema retículo endotelial como macrófagos. Quando esses macrófagos tornam-se sobrecarregados com colesterol esterificado, convertem-se nas células espumosas, componente clássico do processo de aterogênese. Estima-se que 33 a 66% da LDL plasmática é degradada via rLDL e o restante pela via SR ou por outros mecanismos ainda não conhecidos (BROWN e col.,1990). http://www.rbac.org.br/wp- content/uploads/2016/08/RBAC_Vol31_n3- Completa.pdf PERFIL LIPÍDICO: http://www.rbac.org.br/wp-content/uploads/2016/08/RBAC_Vol31_n3-Completa.pdf http://www.rbac.org.br/wp-content/uploads/2016/08/RBAC_Vol31_n3-Completa.pdf http://www.rbac.org.br/wp-content/uploads/2016/08/RBAC_Vol31_n3-Completa.pdf 7 Laís Flauzino | ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA Dislipidemias são alterações no nosso perfil lipídico que impactam no desenvolvimento de doenças cardiovasculares e podem ser secundárias em outras doenças crônicas não transmissíveis como diabetes, hipotireoidismo, disfunções renais e hepáticas. A prevenção das dislipidemias é influenciada pelos hábitos que cada pessoa pratica e fatores genéticos. O teste laboratorial de Perfil Lipídico é um ensaio colorimétrico enzimático para determinação quantitativa de lipídeos em amostras de sangue total obtidas por punção digital, um método rápido e indolor. A reação enzimática da amostra com a tira reagente produz coloração, e a intensidade da cor determina a concentração de colesterol total (CT), HDL colesterol e triglicerídeos (TG). Pessoas entre 9 e 19 anos devem fazer o exame uma única vez para rastreamento da hipercolesterolemia familiar. Acima de 20 anos é importante realizar o exame a cada 3 a 5 anos para avaliar o risco cardiovascular. Pessoas que possuem algum fator de risco cardiovascular como diabetes, obesidade, hipotireoidismo, disfunções renais ou hepáticas, devem realizá-lo com mais frequência, conforme indicado pelo médico. Não há contra-indicação para realização desse exame. Como interpretar o resultado do exame: https://hilab.com.br/exames/perfil-lipidico/ LIPIDOGRAMA: O lipidograma completo, também chamado de perfil lipídico, é um conjunto de exames laboratoriais usado para analisar possíveis irregularidades nos lipídios — moléculas de gorduras encontradas no sangue, como o colesterol. Em um primeiro momento, níveis alterados de lipídios não provocam sintomas. Ainda assim, são fatores de risco para doenças cardiovasculares, merecendo atenção. O lipidograma completo mede os níveis de triglicerídeos e de diferentes tipos de colesterol no https://hilab.com.br/exames/perfil-lipidico/ 8 Laís Flauzino | ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA sangue. O exame faz parte da rotina de check-up e costuma ser solicitado, em média, a cada 5 anos. Apenas em pessoas com tendência a terem os níveis de colesterol ruim (LDL) aumentados, sua realização pode ser feita em um intervalo de tempo menor. É o caso de muitos idosos, principalmente homens, e jovens com histórico familiar de dislipidemias. Além disso, o mesmo ocorre entre pessoas que têm um estilo de vida que predisponha ao aumento das taxas de gordura no sangue, tais como: • sedentários; • tabagistas; • quem usa esteroides anabolizantes; • quem consome muita carne vermelha; • que ingere grandes quantidades de álcool; • pessoas com certas doenças associadas (como diabetes, hipotireoidismo, doença renal crônica e cirrose biliar primária); • indivíduos que façam uso contínuo de certos medicamentos (estrogênios orais, corticosteroides, antivirais para tratamento de HIV e Aids, entre outros). O lipidograma completo permite diagnosticar os riscos para dislipidemias — uma série de distúrbios ligados às taxas de colesterol e triglicerídeos. Essas taxas servem como indicadores para doenças cardiovasculares (infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC), por exemplo) e, em certos casos, pancreatites. Para chegar a uma conclusão correta, a análise dos valores deve ser feita em conjunto. Assim, uma pessoa com colesterol total alto não tem, necessariamente, maior risco cardíaco. Se o valor elevado for consequência de maiores níveis de HDL (o “colesterol bom”), na verdade, ela está mais protegida das doenças cardiovasculares. Quando os níveis de lipídios estão extremamente elevados podem ocorrer alguns sintomas como, por exemplo: • xantomas (nódulos benignos), os quais são formados pela gordura que se deposita nos tendões e na pele; • anéis brancos ou cinzas no entorno das córneas; • sensação de formigamento ou queimação nos pés e mãos; • dificuldade para respirar; entre outros. O lipidograma completo mostra diversas taxas. As principais são: • colesterol total; • LDL (lipoproteína de baixa densidade); • HDL (lipoproteína de alta densidade); • VLDL (lipoproteína de muito baixa densidade); • triglicérides. Para adultos (acima de 20 anos), os valores referenciais considerados ideais são: • colesterol total abaixo de 190 mg/dl, sendo a taxa limítrofe entre 190 e 240 mg/dl e, acima de240 mg/dl, considerada de risco; • LDL abaixo de 130 mg/dl, sendo a taxa limítrofe entre 130 e 160 mg/dl e, a partir de então, de risco; • HDL acima de 40 mg/dl, sendo aceitável entre 35 e 40 mg/dl e, menor que 35 mg/dl, de risco; • triglicerídeos abaixo de 150 mg/dl, sendo limítrofe entre 150 e 200 mg/dl e, acima de 200 mg/dl, considerada de risco. Conhecer essas taxas é essencial para prevenir e tratar doenças. Sabe-se que o risco de ter um ataque cardíaco mais do que duplica quando o colesterol total se aproxima de 300 mg/dl. O lipidograma é feito a partir de uma coleta de amostra de sangue em laboratório. Para o preparo, o paciente deve evitar atividades físicas (que não sejam habituais) nas duas semanas que antecedem o exame. A alimentação rotineira pode ser mantida. Já o consumo de bebidas alcoólicas precisa ser suspenso 3 dias antes da coleta. De acordo com o Consenso Brasileiro para a Normatização da Determinação Laboratorial do Perfil Lipídico, o jejum para a realização do lipidograma não é obrigatório. A necessidade, ou não, depende do tipo de análise solicitada. Para pedidos com glicemia, por exemplo, recomenda-se o jejum máximo de 14 horas. O lipidograma é contraindicado para grávidas. O exame só é liberado 3 meses após o parto. Recomenda-se que quem esteja se recuperando de infecções bacterianas ou de patologias debilitantes espere, ao menos, 2 meses para realizá-lo. Pessoas que passaram por traumas e cirurgias também devem aguardar, conforme orientação dos respectivos médicos. Assim, o lipidograma completo é um exame que, quando solicitado, deve ser impreterivelmente realizado — inclusive, quando não há nenhum sintoma aparente. Afinal, conhecer as taxas de colesterol total e triglicérides permite prevenir doenças cardiovasculares silenciosas, bem como uma série de complicações associadas. https://magscan.com.br/exame/lipidograma- completo-lipidios-totais-colesteroltrig/ METABOLISMO DAS LIPOPROTEÍNAS: Via intestinal: Os TG representam a maior parte das gorduras ingeridas. Após ingestão, as lipases pancreáticas hidrolizam os TG em ácidos graxos livres, monoglicerídeos e diglicerídeos. Sais biliares liberados na luz intestinal emulsificam estes e outros lípides oriundos da dieta e da circulação entero- hepática, com formação de micelas. A solubilização dos lípides sob a forma de micelas facilita sua movimentação através da borda em escova das células intestinais. A proteína Niemann-Pick C1-like 1 https://magscan.com.br/exame/lipidograma-completo-lipidios-totais-colesteroltrig/ https://magscan.com.br/exame/lipidograma-completo-lipidios-totais-colesteroltrig/ 9 Laís Flauzino | ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA (NPC1-L1), parte de um transportador de colesterol intestinal, está situada na membrana apical do enterócito e promove a passagem do colesterol através da borda em escova desta célula, facilitando a absorção intestinal do colesterol.1 A inibição da proteína NPC1-L1, com consequente inibição seletiva da absorção intestinal do colesterol, tem sido reconhecida como importante alvo terapêutico no tratamento da hipercolesterolemia.1 Após serem absorvidas pelas células intestinais, as diversas partículas lipídicas, particularmente os ácidos graxos, são utilizadas na produção de quilomícrons, que também contêm ApoB48, o componente amino- terminal da ApoB100. Os quilomícrons são, em seguida, secretados pelas células intestinais para o interior do sistema linfático, de onde alcançam a circulação através do ducto torácico. Enquanto circulam, os quilomícrons sofrem hidrólise pela Lipase Lipoproteica (LPL), uma enzima localizada na superfície endotelial de capilares do tecido adiposo e músculos, com consequente liberação de ácidos graxos e glicerol do core, e de colesterol não esterificado da superfície destas partículas. Após este processo de lipólise, os ácidos graxos são capturados por células musculares e também adipócitos − estes últimos importantes reservatórios de TG elaborados a partir de ácidos graxos. Remanescentes de quilomícrons e ácidos graxos também são capturados pelo fígado, onde são utilizados na formação de VLDL. Via hepática: O transporte de lípides de origem hepática ocorre por meio das VLDL, IDL e LDL. As VLDL são lipoproteínas ricas em TG e contêm a ApoB100 como sua Apo principal. As VLDL são montadas e secretadas pelo fígado, sendo liberadas na circulação periférica. A montagem das partículas de VLDL no fígado requer a ação de uma proteína intracelular, a chamada proteína de transferência de TG microssomal (MTP, do inglês microsomal triglyceride transfer protein), responsável pela transferência dos TG para a ApoB, permitindo a formação da VLDL. A montagem hepática da VLDL também tem sido reconhecida como foco terapêutico no tratamento da hipercolesterolemia, seja pela inibição da síntese de Apolipoproteína B 100 (ApoB),2 ou pela inibição da MTP.3 Já na circulação, os TG das VLDL, assim como no caso dos quilomícrons, são então hidrolisados pela LPL, enzima estimulada pela ApoC-II e inibida pela ApoC- III. Os ácidos graxos assim liberados são redistribuídos para os tecidos, nos quais podem ser armazenados (como no tecido adiposo), ou prontamente utilizados, como nos músculos esqueléticos. Por ação da LPL, as VLDL, progressivamente depletadas de TG, transformam-se em remanescentes, também removidos pelo fígado por receptores específicos. Uma parte das VLDL dá origem às IDL, que são removidas rapidamente do plasma. O processo de catabolismo continua e inclui a ação da lipase hepática, resultando na formação das LDL. Durante a hidrólise das VLDL, estas lipoproteínas também estão sujeitas a trocas lipídicas com as HDL e as LDL. Por intermédio da ação da Proteína de Transferência de Ésteres de Colesterol (CETP, do inglês cholesteryl ester transfer protein), as VLDL trocam TG por ésteres de colesterol com as HDL e LDL. A CETP vem sendo testada como alvo terapêutico no tratamento de dislipidemias, em particular no tratamento da HDL baixa, e na redução do risco cardiovascular. https://www.scielo.br/j/abc/a/whBsCyzTDzGYJcsBY7 YVkWn/?lang=pt 2) EXPLICAR A ESTRATIFICAÇÃO DO RISCO CARDIOVASCULAR DE ACORDO COM A ATUALIZAÇÃO DA DIRETRIZ BRASILEIRA DE TRATAMENTO DAS DISLIPIDEMIAS DE 2017, BEM COMO O MECANISMO DE AÇÃO E EFEITOS COLATERAIS DAS PRINCIPAIS DROGAS USADAS NO TRATAMENTO DAS DISLIPIDEMIAS; 6. Estratificação do Risco Cardiovascular para Prevenção e Tratamento da Aterosclerose e Metas Terapêuticas Um evento coronário agudo é a primeira manifestação da doença aterosclerótica em pelo menos metade dos indivíduos que apresentam esta complicação. Desta forma, a identificação dos indivíduos assintomáticos que estão mais predispostos é crucial para a prevenção efetiva, com a correta definição das metas terapêuticas individuais. A estimativa do risco de doença aterosclerótica resulta da somatória do risco associado a cada um dos fatores de risco mais a potenciação causada por sinergismos entre alguns destes fatores. Diante da complexidade destas interações, a atribuição intuitiva do risco frequentemente resulta em sub ou superestimação dos casos de maior ou menor risco, respectivamente. Para contornar esta dificuldade, diversos algoritmos têm sido criados, baseados em análises de regressão de estudos populacionais, por meio dos quais a identificação do risco é substancialmente aprimorada. Dentre os diversos algoritmos existentes, esta atualização recomenda a utilização do Escore de Risco Global (ERG), que estima o risco de infarto do miocárdio, AVC, ou insuficiência cardíaca, fatais ou não fatais, ou insuficiência vascular periférica em 10 anos. Ele deve ser utilizado na avaliação inicial, ou mesmo em pacientes em uso de estatinas, entre os indivíduos que não foram enquadrados nas condições de muito alto ou alto risco apresentadas a seguir e pode ser encontrado pelo aplicativo obtido nosite do Departamento de Aterosclerose da SBC para os sistemas Android e IOS. 6.1. Estratificação do risco cardiovascular em pacientes sem tratamento hipolipemiante 6.1.1. Risco muito alto https://www.scielo.br/j/abc/a/whBsCyzTDzGYJcsBY7YVkWn/?lang=pt https://www.scielo.br/j/abc/a/whBsCyzTDzGYJcsBY7YVkWn/?lang=pt 10 Laís Flauzino | ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA Indivíduos que apresentem doença aterosclerótica significativa (coronária, cerebrovascular, vascular periférica (Grau de Recomendação: IIa; Nível de Evidência: B), com ou sem eventos clínicos, ou obstrução ≥ 50% em qualquer território arterial (Grau de Recomendação: IIa; Nível de Evidência: C). 6.1.2. Alto risco Para fins desta atualização, foram considerados de alto risco os indivíduos em prevenção primária: • Portadores de aterosclerose na forma subclínica documentada por metodologia diagnóstica: ultrassonografia de carótidas com presença de placa; Índice Tornozelo-Braquial (ITB) < 0,9; escore de Cálcio Arterial Coronariano (CAC) > 100 ou a presença de placas ateroscleróticas na angiotomografia (angio-CT) de coronárias. • Aneurisma de aorta abdominal. • Doença renal crônica definida por Taxa de Filtração Glomerular (TFG) < 60 mL/min, e em fase não dialítica. • Aqueles com concentrações de LDL-c ≥ 190 mg/dL. • Presença de diabetes melito tipos 1 ou 2, e com LDL-c entre 70 e 189 mg/dL e presença de Estratificadores de Risco (ER) ou Doença Aterosclerótica Subclínica (DASC). Definem-se ER e DASC no diabetes como: ER: idade ≥ 48 anos no homem e ≥ 54 anos na mulher; tempo de diagnóstico do diabetes > 10 anos; história familiar de parente de primeiro grau com DCV prematura (< 55 anos para homem e < 65 anos para mulher); tabagismo (pelo menos um cigarro no último mês); hipertensão arterial sistêmica; síndrome metabólica, de acordo com a International Diabetes Federation; presença de albuminúria > 30 mg/g de creatinina e/ou retinopatia; TFG < 60 mL/min. DASC: ultrassonografia de carótidas com presença de placa > 1,5 mm; ITB < 0,9; escore de CAC > 10; presença de placas ateroscleróticas na angio-CT de coronárias. • Pacientes com LDL-c entre 70 e 189 mg/dL, do sexo masculino com risco calculado pelo ERG > 20% e nas mulheres > 10%. (Grau de Recomendação: IIa; Nível de Evidência: C). 6.1.3. Risco intermediário Indivíduos com ERG entre 5 e 20% no sexo masculino e entre 5 e 10% no sexo feminino (Grau de Recomendação: I; Nível de Evidência: A), ou ainda os diabéticos sem os critérios de DASC ou ER listados anteriormente. 6.1.4. Baixo risco Pacientes do sexo masculino e feminino com risco em 10 anos < 5%, calculado pelo ERG (Grau de Recomendação: I; Nível de Evidência: A). Observação: esta atualização não utiliza os fatores agravantes para reclassificação do risco cardiovascular. 6.2. Estratificação De Risco Em Pacientes Em Uso De Estatinas Os escores de risco para avaliação do risco cardiovascular devem ser utilizados na avaliação inicial naqueles indivíduos que não se enquadram nas situações de alto e muito alto risco, e que não recebam terapia modificadora de lípides. No entanto, aqueles sob terapêutica hipolipemiante não podem ter sua estratificação de risco e determinação das metas estabelecidas. Este documento propõe a utilização de um fator de correção para o CT para o cálculo do ERG em pacientes sob terapia hipolipemiante. Assim, em pacientes em uso de estatina, deve-se multiplicar o CT por 1,43, como utilizado em alguns ensaios clínicos que tomam por base uma redução média de 30% do CT com estatinas.108 Este valor foi derivado de estudos que compararam a eficácia de várias estatinas nas doses utilizadas e que admitem uma redução média de LDL-c ~ 30% com o tratamento. Isto se aplica à maior parte dos pacientes que usam doses moderadas de estatinas. A utilização deste fator de correção tem limitações. Pode subestimar o CT basal nos pacientes utilizando estatinas potentes e em doses altas, ou combinações de fármacos; não considera a variabilidade na resposta individual ao tratamento, e nem os efeitos do tempo de exposição ao tratamento na atenuação do risco. Porém, como o colesterol é classificado em faixas, o impacto do fator de correção é atenuado (Grau de Recomendação: IIa; Nível de Evidência: C). Observação: o escore de risco é dinâmico, pois o controle dos fatores de risco, por meio de intervenções não farmacológicas ou farmacológicas, reduz o risco calculado do paciente. Este documento orienta que, na vigência de medicamentos hipolipemiantes, mesmo que o valor absoluto de LDL- c alcançado seja muito menor do que a meta atual preconizada pelo ERG, a dose e a intensidade de tratamento não devem ser modificadas. Exemplo de caso clínico: paciente do sexo masculino, 61 anos, em prevenção primária, tabagista, pressão arterial sistólica (não tratada) de 155 mmHg, CT de 210 mg/dL, HDL-c de 40 mg/dL, LDL-c (calculado) de 140 mg/dL, TG de 150 mg/dL. Cálculo do ERG > 20% (alto risco) com proposta de redução de LDL-c > 50%. Recebeu orientação para uso de estatina de alta potência. Após 18 meses, procura outro médico, informando que parou de fumar, está com pressão arterial sistólica de 125 mmHg, tratada com anti- hipertensivo, e traz exames recentes em uso de estatina de alta potência, com CT de 111 mg/dL, HDL- c de 43 mg/dL, LDL de 38 mg/ dL e TG de 150 mg/dL, além de risco calculado intermediário. Apesar da diminuição do escore de risco calculado após as intervenções terapêuticas, este documento reforça a importância da manutenção das medidas não farmacológicas e farmacológicas, em especial o uso da estatina de alta potência. 11 Laís Flauzino | ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DAS DISLIPIDEMIAS: Os medicamentos hipolipemiantes costumam ser divididos nos que agem predominantemente nas taxas séricas de colesterol e naqueles que agem predominantemente nas taxas de TG. Estatinas: Até o presente, a redução do LDL-c por inibidores da HMG-CoA redutase ou pelas estatinas permanece a terapia mais validada por estudos clínicos para diminuir a incidência de eventos cardiovasculares. A depleção intracelular de colesterol estimula a liberação de fatores transcricionais e, consequentemente, a síntese e a expressão na membrana celular de receptores para captação do colesterol circulante, como o LDLR. Assim, a ação das estatinas pode potencialmente influenciar em todo conjunto das lipoproteínas circulantes que interagem com o LDLR, como a LDL, a VLDL e os remanescentes de quilomícrons. Em metanálise com 170 mil pacientes e 26 estudos clínicos, para cada 40 mg/dL de redução do LDL-c com estatinas, ocorreu diminuição da mortalidade por todas as causas em 10%, refletindo, em grande parte, a redução no número de mortes por DAC (−20%). Os estudos mostram redução também dos eventos isquêmicos coronários agudos, da necessidade de revascularização do miocárdio e do AVC. Efeitos colaterais são raros no tratamento com estatinas. Dentre estes, os efeitos musculares são os mais comuns e podem surgir em semanas ou anos após o início do tratamento. Variam desde mialgia, com ou sem elevação da Creatinoquinase (CK), até a rabdomiólise. A dosagem de CK deve ser avaliada no início do tratamento, principalmente em indivíduos de alto risco de eventos adversos musculares, como pacientes com antecedentes de intolerância à estatina; indivíduos com antecedentes familiares de miopatia; o uso concomitante de fármacos que aumentem o risco de miopatia. A dosagem rotineira de CK não é recomendada em pacientes já em uso de estatina, exceto se ocorrerem sintomas musculares (dor, sensibilidade, rigidez, câimbras, fraqueza e fadiga localizada ou generalizada), introdução de fármacos que possam interagir com estatina ou quando se eleva a dose desta (Grau de Recomendação: IIa; Nível de Evidência: B). Ezetimiba: A ezetimiba inibe a absorção de colesterolna borda em escova do intestino delgado, atuando seletivamente nos receptores NPC1-L1 e inibindo o transporte intestinal de colesterol. A inibição da absorção de colesterol (em grande parte do colesterol biliar) leva à diminuição dos níveis de colesterol hepático e ao estímulo à síntese de LDLR, com consequente redução do nível plasmático de LDL-c de 10 a 25%. Em comparação com placebo, a ezetimiba associada à estatina reduziu eventos cardiovasculares em pacientes com estenose aórtica degenerativa252 e doença renal crônica.253 Em comparação com monoterapia com sinvastatina, o estudo IMPROVE-IT mostrou redução significativa de eventos cardiovasculares após síndrome coronária aguda com uso da associação estatina e ezetimiba. Raros efeitos colaterais têm sido apontados e estão em geral relacionados com o trânsito intestinal. Por precaução, recomenda-se que ela não seja utilizada em casos de dislipidemia com doença hepática aguda. Resinas: As resinas, ou sequestradores dos ácidos biliares, atuam reduzindo a absorção enteral de ácidos biliares. Como resultado, ocorre depleção do colesterol celular hepático, estimulando a síntese de LDLR e de colesterol endógeno. Como consequência deste estímulo à síntese, pode ocorrer aumento da produção de VLDL e, consequentemente, de TG plasmáticos. Três resinas foram desenvolvidas: a colestiramina, o colestipol e o colesevelam. No entanto, no Brasil, somente a colestiramina está disponível. Esta resina foi testada no estudo LRC-CPPT (Lipid Research Clinics Coronary Prevention Trial),255 cujo desfecho primário combinado de morte por doença coronária e infarto do miocárdio foi reduzido em 19%. Em adição às estatinas, não existe estudo clínico que comprove benefício adicional. Os principais efeitos colaterais relacionam-se ao aparelho digestivo, por interferir na motilidade intestinal: obstipação (particularmente em idosos), plenitude gástrica, náuseas e meteorismo, além de exacerbação de hemorroidas preexistentes. Raramente, pode ocorrer obstrução intestinal e acidose hiperclorêmica em idosos e crianças, respectivamente. Diminui, eventualmente, a absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, K e E) e de ácido fólico. A suplementação destes elementos em crianças ou, eventualmente, em adultos pode ser necessária. Entre os efeitos bioquímicos, é possível o aumento dos níveis de TG, secundário ao estímulo à síntese hepática de VLDL. Como consequência, seu uso deve ser evitado na hipertrigliceridemia, particularmente se houver níveis acima de 400 mg/dL. Fibratos: São fármacos derivados do ácido fíbrico que agem estimulando os receptores nucleares denominados “Receptores Alfa Ativados da Proliferação dos Peroxissomas” (PPAR-α). Este estímulo leva ao aumento da produção e da ação da LPL, responsável pela hidrólise intravascular dos TG, e à redução da ApoC-III, responsável pela inibição da LPL. O estímulo do PPAR-α pelos fibratos também leva a maior síntese da ApoA-I e, consequentemente, de HDL. Reduz as taxas séricas de TG de 30 a 60%. No entanto, a redução deve ser mais pronunciada quanto maior o valor basal da trigliceridemia. Aumentam o HDL-c de 7 a 11%. Sua ação sobre o LDL-c é variável, podendo diminuí-lo, não o modificar ou até aumentá-lo. Parecem ter efeitos pleiotrópicos, mas não se conhece a relevância clínica dos mesmos. Na tabela 7 12 Laís Flauzino | ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA estão descritos os fibratos disponíveis e seus respectivos efeitos no perfil lipídico. É infrequente a ocorrência de efeitos colaterais graves durante tratamento com fibratos, levando à necessidade da interrupção do tratamento. Podem ocorrer: distúrbios gastrintestinais, mialgia, astenia, litíase biliar (mais comum com clofibrato), diminuição de libido, erupção cutânea, prurido, cefaleia e perturbação do sono. Raramente, observa-se aumento de enzimas hepáticas e/ou CK, também de forma reversível com a interrupção do tratamento. Casos de rabdomiólise têm sido descritos com o uso da associação de estatinas com gemfibrozila. Recomenda-se, por isso, evitar esta associação. Recomenda-se também cautela nas seguintes condições clínicas: portadores de doença biliar; uso concomitante de anticoagulante oral, cuja posologia deve ser ajustada; pacientes com função renal diminuída; e associação com estatinas. Ácido nicotínico (niacina): O ácido nicotínico reduz a ação da lipase tecidual nos adipócitos, levando à menor liberação de ácidos graxos livres para a corrente sanguínea. Como consequência, reduz-se a síntese de TG pelos hepatócitos. Reduz ainda o LDL-c em 5 a 25%; aumenta o HDL-c em 15 a 35%; e diminui o TG em 20 a 50%. Devido a menor tolerabilidade com a forma de liberação imediata (rubor e prurido) e à descrição de hepatotoxicidade com a forma de liberação lenta, tem sido preconizado seu uso na forma de liberação intermediária, com melhor perfil de tolerabilidade. Como os efeitos adversos relacionados ao rubor facial ou prurido ocorrem com maior frequência no início do tratamento, recomenda-se dose inicial de 500 mg ao dia com aumento gradual − em geral para 750 mg e, depois, para 1.000 mg, com intervalos de 4 semanas a cada titulação de dose, buscando-se atingir 1 a 2 g diárias. O pleno efeito sobre o perfil lipídico apenas é atingido com o decorrer de vários meses de tratamento. Com a forma de liberação intermediária e o uso de doses atualmente mais baixas de niacina, outros efeitos como alterações gastrintestinais, hiperglicemia e hiperuricemia tornaram-se mais raros. Ácidos graxos ômega 3: Ácidos graxos ômega 3 são poli-insaturados derivados dos óleos de peixes e de certas plantas e nozes. O óleo de peixe contém tanto o ácido DHA quanto o ácido EPA, mas os óleos de origem vegetal contêm predominantemente o ácido ALA. Em altas doses (4 a 10g ao dia), reduzem os TG e aumentam discretamente o HDL-c, podendo, entretanto, aumentar o LDL-c. Seus efeitos no perfil lipídico são dosedependentes e resultam de uma variedade de mecanismos, entre os quais a diminuição da produção de VLDL e o aumento de seu catabolismo. 3) CONCEITUAR SÍNDROME METABÓLICA E DEFINIR SEUS CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS (NCEP, OMS E IDF); O termo Síndrome Metabólica descreve um conjunto de fatores de risco que se manifestam num indivíduo e aumentam as chances de desenvolver doenças cardíacas, derrames e diabetes. A Síndrome Metabólica tem como base a resistência à ação da insulina (hormônio responsável pelo metabolismo da glicose), daí também ser conhecida como síndrome de resistência à insulina. Isto é: a insulina age menos nos tecidos, obrigando o pâncreas a produzir mais insulina e elevando o seu nível no sangue. Alguns fatores contribuem para o seu aparecimento: os genéticos, excesso de peso (principalmente na região abdominal) e a ausência de atividade física. Fatores de risco: • – grande quantidade de gordura abdominal: em homens, cintura com mais de 102 cm e nas mulheres, maior que 88 cm; • – baixo HDL (“bom colesterol”): em homens, menos que 40mg/dl e nas mulheres menos do que 50mg/dl; • – triglicerídeos elevados (nível de gordura no sangue): 150mg/dl ou superior; • – pressão sanguínea alta: 135/85 mmHg ou superior ou se está utilizando algum medicamento para reduzir a pressão; • – glicose elevada: 110mg/dl ou superior. Ter três ou mais dos fatores acima é um sinal da presença da resistência insulínica. Esta resistência significa que mais insulina do que a quantidade normal está sendo necessária para manter o organismo funcionando e a glicose em níveis normais. A maioria das pessoas que tem a Síndrome Metabólica sente-se bem e não tem sintomas. Entretanto, elas estão na faixa de risco para o desenvolvimento de doenças graves, como as cardiovasculares e o diabetes. https://bvsms.saude.gov.br/sindrome-metabolica/ CRITÉRIOS UTILIZADOS PARA DEFINIÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA World Health Organization (WHO) Com o objetivo desuperar os problemas relacionados à definição da SM e facilitar as investigações clínicas e epidemiológicas, um grupo de consultores da WHO, em 1998, propôs o primeiro critério diagnóstico para SM 1) como uma definição que poderia ser modificada quando mais dados estivessem disponíveis. https://bvsms.saude.gov.br/sindrome-metabolica/ 13 Laís Flauzino | ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA Para diagnosticar a SM, seria preciso a constatação da resistência à insulina, mediante o método de clamp euglicêmico hiperinsulinêmico (ponto de corte é o primeiro quartil da população em estudo), aliado a dois ou mais dos seguintes componentes: obesidade, dislipidemia, hipertensão arterial e microalbuminúrica. Os autores dessa definição foram flexíveis quanto a possíveis revisões nela, deixando claro que ela poderia ser modificada quando mais informações científicas estivessem disponíveis. Portanto, em 1999, essa definição foi revisada para atender a novos critérios diagnósticos de hipertensão arterial que passaram a ser adotados pela WHO.29 A complexidade do método, porém, para determinar a resistência à insulina (clamp euglicêmico hiperinsulinêmico) e o uso do teste de tolerância à glicose tornaram a definição da WHO pouco utilizada na prática clínica. European Group for the Study of Insulin Resistance (EGIR) Também em 1999, o EGIR17 propôs uma nova definição (TAB. 2) que substituiu a determinação direta da resistência à insulina pela insulinemia de jejum (ponto de corte é o quarto quartil da população em estudo), excluía a microalbuminúria como um dos componentes da SM, avaliava a obesidade medindo circunferência da cintura e adotava a glicemia de jejum para medir a intolerância à glicose. Apesar de esses critérios diagnósticos serem mais simples, essa definição também tinha importantes limitações para o uso clínico, por não ser aplicável a pacientes diabéticos e incluir a insulinemia de jejum, que não é um exame habitual. National Cholesterol Education Program (NCEP- ATP III) Em 2001, nos Estados Unidos, um grupo de cardiologistas e endocrinologistas do NCEP-ATP III propôs uma nova definição para SM (TAB. 3) que não incluía a determinação direta da resistência à insulina. Segundo esse grupo, uma pessoa é considerada portadora da SM quando apresenta três ou cinco componentes indicados, em qualquer ordem de agrupação. O NCEP-ATP III definia originariamente a hiperglicemia como glicemia de jejum ≥ 110 mg/dL. Em 2005, essa definição foi revisada e passou a adotar a glicemia de jejum ≥ 100 mg/dL como referência para a hiperglicemia,30 pois esse era o novo ponto de corte recomendado pela American Diabetes Association (ADA). Pela praticidade e simplicidade, a definição do NCEP- ATP III é amplamente aceita e recomendada pela I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica. 14 Laís Flauzino | ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA American Association of Clinical Endocrinologists/ American College of Endocrinology (AACE/ACE) Em 2003, a AACE/ACE ressaltou novamente a importância da inclusão dos testes de tolerância à glicose no diagnóstico (TAB. 4), assim, como a diferenciação do risco de acordo com características específicas, tais como IMC acima de 25 kg/m2 ou CC acima de 100 cm em homens e acima de 87,5 em mulheres (para não-caucasianos, considerar limites 10% e 15% inferiores), estilo de vida sedentário, idade acima de 40 anos, etnia, história familiar de DM2, HA ou DCV, história de intolerância à glicose ou diabetes gestacional, Acanthosis nigricans, síndrome dos ovários policísticos e doença hepática não alcoólica. International Diabetes Federation (IDF) Por fim, em 2005, a IDF promoveu, em Berlim, o I Congresso Internacional de Síndrome Metabólica e Pré-Diabetes, com a finalidade de unificar os critérios diagnósticos existentes.19 A recente definição da síndrome metabólica pela IDF (TAB. 5) considera a obesidade central, avaliada pela circunferência abdominal, um componente essencial para o diagnóstico da síndrome metabólica, dadas as fortes evidências de associação com a doença cardiovascular e com os outros componentes da síndrome metabólica, levando em conta a diferenciação do risco de acordo com a etnia populacional. Dessa forma, o diagnóstico poderia ser usado em qualquer parte do mundo e comparações posteriores seriam padronizadas e, conseqüentemente, mais adequadas. http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/283#:~:text =O%20NCEP%2DATP%20III%2C%20a,faz%20parte% 20desses%20cinco%20diagn%C3%B3sticos 4) DESCREVER A HOMEOSTASIA DO METABOLISMO DO CÁLCIO E DO FÓSFORO NO ORGANISMO E ANALISAR AS CAUSAS DE RAQUITISMO, SUA FISIOPATOLOGIA, PREVENÇÃO E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL; O cálcio está presente no nosso organismo em maior parte nos ossos (98,9%), fazendo parte da sua estrutura e também como reserva, armazenando ou liberando quando necessário. Também está presente em diferentes compartimentos, como o intracelular (1%) ou no plasma (0,1%). O cálcio intracelular é responsável pelo controle de vários processos celulares como a contração muscular, o acoplamento estímulo dos nervos, exocitose de alguns hormônios e vários processos enzimáticos. O cálcio plasmático, além dessas funções, também contribui para coagulação sanguínea, para a manutenção das junções firmes entre as células, e para estabilidade da membrana plasmática, principalmente nos tecidos excitáveis como músculos e nervos. O cálcio tem papel também na estrutura dos ossos e dentes. A maior parte do cálcio circulante é encontrada na forma ionizada livre, portanto precisa de uma regulação bem precisa. Por isso, uma hipocalcemia ou hiper pode resultar em disfunções principalmente do SNC e nos processos neuromusculares causando hiperexcitação e tetania e depressão do SNC. http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/283#:~:text=O%20NCEP%2DATP%20III%2C%20a,faz%20parte%20desses%20cinco%20diagn%C3%B3sticos http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/283#:~:text=O%20NCEP%2DATP%20III%2C%20a,faz%20parte%20desses%20cinco%20diagn%C3%B3sticos http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/283#:~:text=O%20NCEP%2DATP%20III%2C%20a,faz%20parte%20desses%20cinco%20diagn%C3%B3sticos 15 Laís Flauzino | ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA Cerca de 85% do fosfato está presente nos ossos, 14% no meio intracelular e 1% no extracelular. Ele pode estar na forma inorgânica, que na maioria das vezes vai estar ligado ao cálcio, contribuindo para integridade funcional e estrutural dos tecidos duros, como ossos e dentes. Em quantidade maior, cerca de 10x mais que o cálcio, está compondo tecidos moles ou funcionando como um tampão nos casos de excesso de hidrogênio plasmático. Contudo, temos o fosfato ligado a elementos orgânicos que compõem diversas moléculas: AMPc, ATP, DNA, RNA e os fosfolipideos de membrana. Os reguladores do fosfato são os mesmos do cálcio, porém como o fosfato inorgânico é o substrato para a síntese do orgânico, as concentrações desse elemento não sofrem regulação tão rígida como a do cálcio. Mas isso não quer dizer que alterações não causem repercussões fisiológicas. Por exemplo, como no tecido mole há mais fosfato do que cálcio, se há dano tecidual com morte maciça de células musculares pode ocorrer uma hiperfosfatemia às custas de aumento do fosfato inorgânico e isso ainda pode causar uma hipocalcemia aguda já que esse fosfato se liga ao cálcio formando complexos. Essencialmente, são dois hormônios que fazem o controle: • PHT • 1,25 dihidroxicolecalciferol que age no intestino, ossos e rins. Ainda tem a calcitonina que age na regulação do cálcio. PTH – hormônio da paratireoide: Produzido nas glândulas paratireoides, que são pequenas e são 4, localizadas nos polos superiores e inferiores da face dorsal da glândula tireoide. As paratireoides são formadas por dois tipos de células epiteliais: • Oxífilas – sem função definida, começam a aparecerapós os 7 anos de idade. • Principais – produtoras de PTH O PTH é responsável por evitar redução da concentração sérica de cálcio, ou seja, a hipocalcemia, atuando principalmente nos ossos e nos rins. É um hormônio proteico e por isso segue a mesma linha de produção dos hormônios desse tipo. Se forma primeiramente o pré pró PTH e a partir daí chega o PTH, que tem uma meia vida bem curta. Então quando o PTH é liberado ele precisa agir no seu receptor específico. Há dois tipos de receptores de PTH, um que é compartilhado porque recebe o PTH e também uma proteína relacionada ao PTH (está presente nos osteoblastos e nos túbulos distais e proximais dos rins) e outro que só se liga ao PTH (é encontrado no cérebro, na placenta e no pâncreas). Ambos os receptores são acoplados à proteína G. Funções do PTH: • Aumenta reabsorção óssea – disponibiliza cálcio e fosfato • Ativa a bomba de cálcio – essa bomba tira o cálcio do osso e joga para o líquido extracelular. • Ativação indireta de osteoclastos (osteoblastos ativados liberam osteoprotegerina que ativa os receptores) • Aumenta reabsorção de cálcio nos rins – ou seja, o PTH aumenta o cálcio sérico e diminui o fosfato. • Diminui excreção urinária de cálcio e aumenta de fósforo • Promove reabsorção de magnésio e hidrogênio • Promove excreção de sódio, potássio e aminoácidos • Aumenta formação de 1,25- dihidroxicolecalciferol (vitamina D ativada) 16 Laís Flauzino | ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA Regulação: • Baixa circulação de cálcio circulante - Detectada pelos receptores sensíveis ao cálcio localizados nas células principais da paratireoide. Como o PTH evita a hipocalcemia, então o principal sinal que estimula sua secreção é a baixa concentração de cálcio circulante. Os receptores são bem sensíveis às alterações de cálcio, mantendo uma regulação muito efetiva sobre a produção do PTH. O PTH regula diretamente a secreção – quando o nível sérico de cálcio está alto, a secreção do PTH é inibida e o cálcio é depositado nos ossos. Quando esse nível está baixo, ela é estimulada e o cálcio é retirado dos ossos. Mas não é só o cálcio que estimula, o aumento do fosfato plasmático também influencia a secreção do PTH. 1,25 Dihidroxicolecalciferol ou calcitriol ou1,25(OH)2D3: É a vitamina D ativada. Síntese e transporte: • Vitamina D3 é formada na pele a partir do 70desidrocolesterol • No fígado é convertida em 25- hidroxicolecalciferol • Nos rins é convertida em 1,25- dihidroxicolecalciferol • Transportados pela proteína de ligação a vitamina D • Receptor de esteroides • Influenciam a transcrição de RNAm O nosso corpo é responsável por produzir a vitamina D3 (colecalciferol), é formada na nossa pele a partir do 7-desidrocolesterol por ação da luz ultravioleta solar. Contudo, a vitamina D também pode ser adquirida em menor quantidade através da alimentação, dessa forma, os indivíduos que têm uma exposição solar precária têm a ingestão como a sua principal fonte de vitamina D. Segundo a produção, a vitamina D é transportada da pele para o fígado ou do intestino pela circulação porta e lá sofre uma hidroxilação na posição 25 se transformando em 25 hidroxicolecalficerol. Essa conversão é controlada por um feedback pois mesmo se a ingestão de vitamina D aumentar muito, a concentração de calcitriol produzida no fígado continua normal e isso funciona inclusive como forma de armazenamento dessa substância. Ela é levada para os rins onde nos túbulos proximais é novamente hidroxilada na posição 1 e é convertida em 1,25 dihidroxicolecalciferol ou calcitriol que é realmente a forma ativa do hormônio. Para toda essa conversão, é imprescindível a presença do PTH. A vitamina D e seus metabólicos seguem no sangue transportado sobretudo pela proteína de ligação e vitamina D e quando chegam às células alvo (intestino delgado, ossos, rins e paratireoides), se ligam ao receptor nuclear de esteroides (pois são esteroides) especificamente da vitamina D e atuam interferindo na transcrição de RNA, ou aumentando, ou diminuindo. Esse hormônio desempenha papel importantíssimo na absorção do cálcio e em menor proporção na absorção do fósforo, tanto pelo intestino delgado como através da regulação da reabsorção óssea e renal de cálcio e fosfato. Os RNA mensageiros produzidos em resposta ao estímulo da 1,25 dihidoxicolecalciferol determina a formação de um tipo de proteína chamada calbindina D que faz parte da família de proteínas de ligação ao cálcio. Essa calbindina facilita o transporte do cálcio no epitélio intestinal, aumentando sua absorção. O cálcio é absorvido essencialmente no duodeno e no jejuno, onde seu transporte do lúmen intestinal para o interior do enterócito é facilitado pelos canais de cálcio na porção apical das células epiteliais. Esse cálcio se liga à calbindina que mantem a concentração de cálcio baixa no interior da célula contribuindo para a manutenção do gradiente. Logo depois, o cálcio é transportado através da membrana basolateral para a circulação contra o gradiente eletroquímico pela cálcio ATPase que fica na membrana plasmática e é claro que esse hormônio vai estimular todos os componentes desse processo. 17 Laís Flauzino | ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA A absorção do fosfato também ocorre, porém ocorre em proporção menor e esse transporte é feito principalmente por um transportador de sódio e fosfato. Além disso, 1,25 dihidroxicolecalciferol facilita a absorção de cálcio dos ossos potencializando a função do PTH uma vez que também estimula indiretamente os osteoclastos a partir dos osteoblastos, por isso, em excesso, esse hormônio provoca a absorção do osso e em quantidades menores ele promove a calcificação óssea. Funções: • Favorece absorção de cálcio e fósforo pelo intestino • Regula reabsorção óssea e renal de cálcio e fósforo • Formação de calbindina D: facilita transporte de cálcio no epitélio intestinal; canais de cálcio facilitam a entrada do elemento na parte apical das células (TRPVS5 e TRPV6); sai da célula pela ATPase da membrana basolateral (PMCA) • Facilita reabsorção de cálcio nos ossos • Potencializa ação do PTH Calcitonina: • Produzido pelas células parafoliculares ou células C • Diminui concentração plasmática de cálcio • Diminui ação absortiva dos osteoclastos • Diminui produção de novos osteoclastos • Secreção estimulada pela elevação dos níveis séricos de cálcio Desempenha papel antagônico ao PTH. O principal estimula para sua secreção é a elevação dos níveis séricos de cálcio. O efeito da calcitonina é mais fraco em relação ao efeito do PTH. Mas na criança esse efeito é maior pois a remodelagem óssea ocorre mais rápido. Hormônios gonadais: • Estradiol – absorção intestinal de cálcio • Estrógeno – aumenta sobrevida de osteoblastos; estimula apoptose de osteoclastos Por isso que a mulher na pós menopausa, quando há queda acentuada no estrógeno tem risco de desenvolver osteoporose. Hormônios adrenais: Glicocorticoides: • Aumentam reabsorção óssea • Perda renal de cálcio • Redução da absorção intestinal • Risco aumentado para osteoporose https://www.youtube.com/watch?v=C1JIY7_3gGQ 5) EXPLICAR AS PRINCIPAIS AÇÕES DA VITAMINA D ENFATIZANDO SUAS PROPRIEDADES IMUNOLÓGICAS. A vitamina D é inicialmente formada na pele: as radiações solares produzem colecalciferol, que é levada ao fígado para ser convertida em 25- hidroxicolecalciferol. Após ser produzida, a 25-hidroxicolecalciferol é levada ao rim para ser convertida em calcitrol (1,25 di- hidroxicolecalciferol). Sendo ela a forma mais ativa da vitamina D. Por isso, sem os rins para realizar essa conversão, a vitamina D perde quase toda a sua eficácia. Para mais, o PTH apresenta ação fundamental na ativação renal para conversão do calcitriol. Assim, a vitamina D atua aumentandoa absorção intestinal de cálcio, bem como a de fósforo. E mais, diminuindo a excreção renal de cálcio e fósforo, e estimulando a mineralização óssea. A concentração plasmática de 1,25-di- hidroxicolecalciferol é inversamente influenciada pela concentração de cálcio no plasma. Existem duas razões para esse efeito. • Primeiro, o cálcio iônico tem um leve efeito de impedir a conversão de 25-hidroxicolecalciferol em 1,25-di-hidroxicolecalciferol. https://www.youtube.com/watch?v=C1JIY7_3gGQ 18 Laís Flauzino | ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA • Segundo, e ainda mais importante, a secreção do PTH é muito suprimida quando a concentração plasmática do cálcio iônico sobe acima de 9 a 10 mg/100 mℓ. Portanto, em concentrações de cálcio abaixo desse nível, o PTH promove a conversão de 25- hidroxicolecalciferol em 1,25-di-hidroxicolecalciferol nos rins. Em concentrações mais elevadas do cálcio ao suprimir o PTH, o 25-hidroxicolecalciferol é convertido em um composto diferente – o 24,25-di- hidroxicolecalciferol – que tem efeito quase nulo de vitamina D. Quando a concentração plasmática do cálcio já for muito alta, a formação de 1,25-di-hidroxicolecalciferol é muito deprimida. A ausência de 1,25-di- hidroxicolecalciferol, por sua vez, diminui a absorção de cálcio pelos intestinos, ossos e túbulos renais, levando, assim, a queda do nível de cálcio iônico para seu nível normal. Ações da vitamina D: A forma ativa da vitamina D, o 1,25-di- hidroxicolecalciferol (calcitriol), apresenta diversos efeitos nos intestinos, rins e ossos, como o aumento da absorção de cálcio e fósforo para o líquido extracelular e a contribuição com a regulação dessas substâncias por feedback. O 1,25-di-hidroxicolecalciferol atua como um hormônio para promover a absorção intestinal de cálcio, aumentando principalmente, ao longo de um período de cerca de 2 dias, a formação de calbindina, uma proteína ligante do cálcio, nas células epiteliais intestinais. Essa proteína atua na borda em escova dessas células para transportar o cálcio para o citoplasma celular. O cálcio, então, move-se através da membrana basolateral da célula por meio de difusão facilitada. A absorção de cálcio é diretamente proporcional à quantidade dessa proteína ligante. Além disso, essa proteína permanece nas células por várias semanas, após a remoção do 1,25-di- hidroxicolecalciferol do corpo, causando um efeito prolongado de absorção do cálcio. Outros efeitos do 1,25-di-hidroxicolecalciferol que podem desempenhar um papel na promoção da absorção de cálcio incluem a formação de (1) trifosfatase de adenosina estimulada pelo cálcio na borda em escova das células epiteliais; e (2) fosfatase alcalina nas células epiteliais. A vitamina D também aumenta a reabsorção de cálcio e fósforo pelas células epiteliais dos túbulos renais, tendendo, assim, a diminuir a excreção de tais substâncias na urina. No entanto, esse efeito é fraco e, provavelmente, sem grande importância para a regulação da concentração dessas substâncias no líquido extracelular. A vitamina D desempenha importantes papéis na reabsorção e deposição ósseas. A administração de quantidades extremas de vitamina D causa a reabsorção óssea. Na ausência dessa vitamina, o efeito do PTH na indução da reabsorção óssea é bastante reduzido ou mesmo impedido. O mecanismo dessa ação da vitamina D não é totalmente compreendido, mas acredita-se que ele seja o resultado do efeito do 1,25-di- hidroxicolecalciferol de aumentar o transporte de cálcio através das membranas celulares. A vitamina D em quantidades menores promove a calcificação óssea. Uma das maneiras de promover essa calcificação é aumentar a absorção de cálcio e fósforo pelos intestinos. No entanto, mesmo na ausência de tal aumento, a vitamina D é capaz de intensificar a mineralização óssea. Disparadores: https://abeso.org.br/wpcontent/uploads/2019/12/Di retrizes-Download-DiretrizesBrasileirasdeObesidade- 2016.pdf https://diretrizes.amb.org.br/_BibliotecaAntiga/sindr ome-metabolica-tratamento-naofarmacologico-para- reducao-do-risco-cardiovascular.pdf http://publicacoes.cardiol.br/portal/abc/portugues/2 019/v11304/pdf/11304022.pdf http://web.unifoa.edu.br/portal/plano_aula/arquivos/ 04054/Metabolismo%20%20Calcio%20 e%20Fosfato%20-%20FOA%20completo.pdf https://www.youtube.com/watch?v=173ZxTuwwwI&a b_channel=Prof.FelipeBarros REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS XAVIER, H. T. et al. V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo, v. 101, n. 4, supl. 1 p.1-20, Oct. 2013. VILAR, L. Endocrinologia Clínica. 6 ed.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016 3. I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo, v. 84, supl. 1, p.3-28, Apr. 2005. 4. SALES, P. et al. O Essencial em Endocrinologia. 1 ed. Rio de janeiro: Roca, 2016 5. HALL, J.E.; GUYTON, A.C. Tratado de Fisiologia Médica. 12ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. GOLDMANN, B. Cecil. Tratado de Medicina Interna. 21ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. Alberti, K.G.M.M., et. al. Harmonizing the Metabolic Syndrome: A Joint Interim Statement of the International Diabetes Federation Task Force on Epidemiology and Prevention; National Heart, Lung, and Blood Institute; American Heart Association; World Heart Federation; International Atherosclerosis Society; and International Association for the Study of Obesity. Circulation. 2009; 120:1640-1645. ATUALIZAÇÃO DA DIRETRIZ BRASILEIRA DE DISLIPIDEMIAS E PREVENÇÃO DA ATEROSCLEROSE – Arq Bras Cardiol 2017; 109(2Supl.1):1-76 http://publicacoes.cardiol.br/portal/abc/portugues/2019/v11304/pdf/11304022.pdf http://publicacoes.cardiol.br/portal/abc/portugues/2019/v11304/pdf/11304022.pdf https://www.youtube.com/watch?v=173ZxTuwwwI&ab_channel=Prof.FelipeBarros https://www.youtube.com/watch?v=173ZxTuwwwI&ab_channel=Prof.FelipeBarros 19 Laís Flauzino | ATIVIDADE INTEGRADORA | 6°P MEDICINA IRAT: Questão 01 ___________________________________ Dos pontos de vista fisiológico e clínico, os lipídeos biologicamente mais relevantes apresentam grande importância, sendo apenas inadequado o seguinte conceito: a) Dos pontos de vista fisiológico e clínico, os lipides biologicamente mais relevantes são os Fosfolipides, o Colesterol, os Triglicérides (TG) e os Ácidos Graxos. b) Os Fosfolipides formam a estrutura básica das membranas celulares. c) O Colesterol é precursor dos hormônios esteroides, dos ácidos biliares e da vitamina D. d) Os Triglicérides (TG) são formados a partir de cinco ácidos graxos ligados a uma molécula de glicerol e constituem uma das formas de armazenamento energético mais importantes no organismo, sendo depositados nos tecidos adiposo e muscular. F – TG são formados a partir de 3 ácidos graxos. https://www.scielo.br/j/abc/a/4yb6jFzgVXd483Y63w xBsCw/#:~:text=Dos%20pontos%20de%20vista%20fi siol%C3%B3gico,biliares%20e%20da%20vitamina%2 0D. Questão 02 ___________________________________ Com relação a fisiopatologia do colesterol, podemos afirmar que: a) Os trigliceridíos são lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL) que são absorvidos diretamente na mucosa intestinal. F – os triglicerídeos são os lipídios mais abundantes na natureza e estão conformados por glicerol e 3 ácidos graxos, unidos mediante ligação éster. O VLDL é uma lipoproteína de densidade muito baixa, transporta triglicerídeos do fígado para os tecidos periféricos e é sintetizada no fígado. https://www.ufrgs.br/lacvet/conceitos-basicos-de- lipidios/ b) A lipoproteína de baixa densidade (LDL) é formada nos hepatócitos para o transporte do colesterol para as células. F - As HDL são produzidas no fígado e transportam fosfolipídios e ésteres de colesterol desde os tecidos periféricos até o fígado para sua excreção. As LDL e IDL são geradas a partir de VLDL no plasma por ação da enzima
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