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Topicos especiais vol.4

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Conteudista: Prof. Me. Danilo Cândido Bulgo
Revisão Textual: Thaís Teixeira Tardivo Stringaci
 
Objetivo da Unidade:
Despertar o pensamento crítico no cenário contemporâneo sob a perspectiva de
compreender o processo que envolve o envelhecimento saudável, ativo e
pautado na prática baseada em evidência e humanização.
 Material Teórico
 Material Complementar
 Referências
Tópicos Especiais do Envelhecimento Humano
Baseado em Evidência Científica
Introdução
Vamos iniciar nossa Unidade de estudo conceituando as mais diversas nuances que envolvem o
processo de envelhecimento humano, sendo esse um processo dinâmico, irreversível e
progressivo no que tange os seres vivos. Desse modo, você poderá ampliar sua visão sobre como
a prática baseada em evidência gerontológica pode implicar diretamente na saúde humana.
Leia os materiais complementares com o objetivo de garantir empoderamento sobre a temática
estudada na Unidade.
Tópicos Especiais do Envelhecimento Humano Baseado
em Evidência Científica
A ciência vem ganhando cada vez mais notoriedade na sociedade contemporânea, o que pode
modificar positivamente todo o contexto que envolve o cuidado multidimensional que abarca a
vida humana, bem como a sociedade e o território que ele habita. Nessa perspectiva, a Prática
Baseada em Evidência (PBE) se destaca por mediar a integração de fatores múltiplos para buscar
a melhor experiência clínica no cenário profissional, ampliando essas estratégias para qualquer
área do conhecimento, incluindo o serviço social e o processo de envelhecimento humano.
Porém, para se almejar e atingir uma prática de máxima precisão e qualidade técnica e científica,
faz-se necessário identificar dentro da essência de sua prática profissional fatores que
otimizem a eficácia e segurança para suas futuras intervenções terapêuticas. 
Atualmente, existem diferentes contextos capazes de potencializar a sua prática profissional.
Assim, pensando na evidência científica, você poderá inserir instrumentos avaliativos,
protocolos diversos, ferramentas, fomentos e estratégias já consolidadas e utilizadas no rol de
1 / 3
 Material Teórico
atividades que acercam as áreas de atuação do assistente social, além de evidenciar a experiência
clínica adquirida nas práticas de atendimento, com o objetivo de identificar as necessidades
individuais e coletivas que englobam o ser, sendo necessário identificar o sujeito como um ser
biopsicossocial e espiritual, além de realizar um diagnóstico amplo e assertivo, priorizando uma
avaliação eficaz dos riscos e benefícios que envolverá sua conduta.
Figura 1 – Anamnese Geriátrica 
Fonte: Getty Images
Frente a essa perspectiva previamente estudada, vale ressaltar que o assistente social precisa ter
acesso e compreensão aos conceitos já designados pelo “Código de Ética e Deontologia da
Profissão”. Por meio desse documento oficial, você terá acesso aos deveres, como a postura
profissional deve ser pautada, o que se exige durante o exercício de sua profissão, sem causar
prejuízo ao indivíduo, familiares ou equipe que estejam sob seus cuidados. Além disso, esse
documento reconhece seus direitos e prerrogativas que são garantidos pelo ordenamento
jurídico, respeitando as preferências, preocupações e expectativas advindas das análises e
interpretações realizadas, visando as necessidades e especificidades individuais de cada sujeito e
tendo como foco basal o conhecimento por parte do profissional, os fatores contextuais
pessoais, sociais, culturais e ambientais do paciente.
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ACESSE
Assim, com a evolução do cenário científico, novas evidências vão surgindo conforme os
pesquisadores e profissionais de cada área de conhecimento buscam temáticas a serem
estudadas, para assim identificar novos modelos, protocolos, ferramentas, estratégias e
técnicas mais confiáveis, para elevar a qualidade dos serviços e assistência prestada. É
necessário que o profissional observe de modo amplo e contínuo o indivíduo na sua totalidade,
pois a elaboração de condutas específicas proporcionará maior compreensão de quem será
atendido.
Leitura 
Código de Ética do/a Assistente Social – Lei 8662/93 
O Código de Ética profissional do Serviço Social não interpreta
somente os aspectos normativos e deveres profissionais, mas também
valores que identificam o projeto societário defendido pela categoria
profissional em cada tempo.
http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP_CFESS-SITE.pdf
Quando você pensar no termo prática baseada em evidência científica, é fundamental saber que
ele surgiu em meados da década de 1990 e se estrutura em uma combinação composta por um
tripé:
Figura 2 – Tripé Básico da Evidência Científica
Nesse momento, você já pôde perceber a relevância da prática baseada em evidência para sua
carreira e na conduta com o envelhecimento humano. Tal demanda se torna fundamental, pois
garante subsídios basais para atender esse grupo populacional. Em consonância ao estudado até
o momento, para ampliar sua visão, vamos ainda identificar a importância da assistência
pautada no modelo humanizado e não humanizado.
A experiência da pessoa (incluindo suas preferências);
Melhor evidência científica disponibilizada;
Experiência profissional (habilidade para melhor definição de tratamento visado às
especificidades de cada paciente).
Atualmente, o enfoque dos atendimentos em saúde, é baseado na humanização, pois ela abarca
a atenção global e total do ser humano, do seu núcleo familiar e dos quesitos básicos que
constituem a vida humana. Por meio de ações individuais e coletivas e com auxílio de equipes
multidisciplinares, essa abordagem é mais facilitada.
A cada dia discussões surgem sobre a relevância dos aspectos que envolvem a prática
humanizada em saúde, além de como a prática baseada em evidência pode auxiliar no
tratamento das pessoas, incluindo o idoso. Dessa forma, o tratamento deve estar associado à
abordagem biopsicossocial e espiritual, atendendo as mais variadas demandas advindas do
sujeito.
Vamos identificar no Quadro 1 alguns fatores indispensáveis sobre a humanização e a não
humanização em saúde.
Quadro 1 – Fatores indispensáveis sobre a humanização e a não humanização em saúde
Modelo
Humanizado/Biopsicossocial
e Espiritual
Modelo não Humanizado/Bioméd
Aborda o indivíduo e a
família de maneira
individualizada e
multidimensional;
Proporciona uma visão
diferenciada e baseada no
acolhimento e empatia;
Cumprimenta, chama
pelo nome, olha nos olhos
e escuta o paciente com
atenção;
Tratamento apático entre pacient
familiares;
Abordagem generalista com base 
quadro geral ou diagnóstico, foca
exclusivamente na patologia e nã
focando no estado biopsicossocia
espiritual;
Desconsidera e ignora os medos,
desejos, opiniões e crenças dos
pacientes e seus familiares;
Modelo
Humanizado/Biopsicossocial
e Espiritual
Modelo não Humanizado/Bioméd
Demonstra confiança,
segurança e apoio para
que o paciente
compreenda o que será
proposto;
O profissional é acessível;
Respeita as
singularidades,
intimidade, crenças e
desejos do paciente e
familiar;
Possibilita informações
transparentes e proativas
quanto ao quadro geral e
os resultados obtidos,
sempre levando em
consideração o estado
emocional dos pacientes e
familiares;
Trata com dignidade o
paciente, cuidador e
também os familiares;
Garante procedimentos
que vão de encontro às
necessidades do
tratamento;
Valoriza atenção primária
(promoção da saúde);
Foca exclusivamente no
diagnóstico/tratamento/procedim
sem considerar as emoções do
paciente;
Tem postura de superioridade,
menosprezando paciente e sua fam
ou inibindo suas dúvidas;
Fala da situação do paciente como
ele não estivesse naquele moment
próximo de você profissional;
Possibilita informações muito
técnicas ou pouco esclarecedoras
lembre-se de ser acessível, cada
pessoa possui um grau de inform
e compreensão;
Sistêmico, engessado e possui vis
singular;
Puramente curativo, fragmentado
promoção da saúde e a prevenção
são prioridades;
Anamnese ou atendimento rápido
sem interesse em ouvir o paciente
familiares;
Não valoriza a prática baseada em
evidência;
Dificuldade de trabalhar em equip
(centrado na medicina)
Define “saúde” como ausência de
doença, dor ou defeito. 
Você percebeu quão limitado e enfraquecido é o modelo biomédico e não humanizado no que
tange à atenção em saúde? Nessa perspectiva, a ênfase da conduta profissional deverá ser
pautada no modelo biopsicossocial, visto que ele possui em seus pilares o que existe de mais
moderno e conceitual na esfera humana, pois identifica o ser humano na sua integralidade.
Modelo
Humanizado/Biopsicossocial
e Espiritual
Modelo não Humanizado/Bioméd
Prioriza o atendimento
biopsicossocial e
espiritual, além de
possuir conhecimento
associado à prática
baseada em evidência;
Define “saúde” como o
completo estado de bem-
estar físico, mental e
social, incluindo os
aspectos espirituais.
Concentra-se na patologia,
bioquímica e fisiologia ao estudar
doença, sem considerar aspectos
sociais ou de subjetividade. 
Importante! 
A Organização Mundial de Saúde classifica saúde como sendo o estado
de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas com a
ausência de doença ou enfermidade, mas incluindo a espiritualidade
Figura 3 – Modelo biopsicossocial e espiritual
nesse contexto. A percepção dessa terminologia abarca analisar a
estrutura corporal, a mente e o contexto social onde o indivíduo está
inserido para compreender abrangentemente o estado de saúde.
A atenção integral tem a intenção de identificar e classificar os indivíduos, viabilizando enxergar
desde a fase de prevenção (atenção primária) quanto a reabilitação em saúde (atenção terciária),
o que implica diretamente no processo de tratamento da patologia, identificando atendimento
por uma equipe de saúde multiprofissional composta por diferentes profissionais e que
trabalhem baseados nos aspectos biológicos, psicológicos, sociais e espirituais que influenciam
a vida de um paciente, núcleo familiar e rede social de suporte.
Figura 4 – Humanização na prática clínica 
Fonte: Getty Images
Como qualquer outro profissional atuante na saúde, o assistente social deve possuir o
conhecimento científico, além da sensibilidade quanto à questão dos conceitos que envolvem os
aspectos e atenção em humanização à saúde, visando o reconhecimento do ser humano na sua
integridade e singularidade e tendo a consciência do seu papel frente ao aspecto de saúde e
doença. O atendimento humanizado, pode possibilitar melhores condições aos usuários, e,
assim, o profissional poderá planejar abordagens a curto, médio e longo prazo para auxiliar na
saúde do indivíduo.
Lembre-se que o modelo não humanizado ainda existe em diversos pilares do cenário de saúde,
porém, vale destacar que esse não é o modelo adequado na condução com o paciente. Esse
modelo não contempla o ser humano na sua totalidade e deixa lacunas críticas na assistência.
Nessa perspectiva, é fundamental conhecer o processo saúde-doença, que implicará
diretamente na vida da pessoa idosa. Esse processo se destaca por ser uma expressão utilizada
para referenciar todas as variáveis que englobam o ciclo entre a saúde e a doença que acomete o
sujeito ou população, e ainda considera que ambas estão integradas e são consequência dos
mesmos fatores. De acordo com esse conceito, a determinação do estado de saúde de uma
pessoa é um processo complexo que envolve múltiplos fatores, como pode ser visto na Figura 5.
Figura 5 – Processo de saúde e doença
Importante! 
O processo de saúde e doença, em síntese, estuda esses elementos na
sociedade, analisando a distribuição populacional e os fatores
determinantes do risco de doenças, agravos e eventos associados à
saúde, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou
erradicação de enfermidades, danos ou problemas de saúde e de
Contudo, se um indivíduo necessitar de qualquer tipo de assistência em saúde, deletério de um
processo de saúde-doença e/ou para prevenção, ele poderá ser direcionado aos níveis de
atenção que permeiam a saúde humana. Esse modelo de organização nacional adota os
conceitos preestabelecidos pela classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que
determina três diferentes níveis de atenção à saúde: o primário, o secundário e o terciário. Essa
tríade de níveis enfatiza o atendimento ao paciente de acordo com a complexidade necessária
para cada particularidade demandada pelo indivíduo. A seguir vamos identificar os níveis de
atenção que podem implicar diretamente na busca por assistência que envolve a saúde do
indivíduo.
proteção, promoção ou recuperação da saúde individual e coletiva,
produzindo informação e conhecimento para apoiar a tomada de
decisão no planejamento, na administração e na avaliação de
sistemas, programas, serviços e ações de saúde.
Nível Primário: nesse nível de atenção, a porta de entrada são as Unidades Básicas
de Saúde (UBSs), que possuem o papel de promover políticas que são voltadas para
promoção, prevenção da saúde humana e redução de risco de doenças no âmbito
individual e coletivo. Destaca-se que nessa etapa são fortemente disseminadas
campanhas de conscientização, palestras educativas, grupos de saúde, dentre
outros fomentos que visam incentivar a população a ter domínio sobre sua saúde.
Nesse momento, não se demanda tecnologias avançadas;
Nível Secundário: quando se fala nesse nível, a atenção à saúde está focada em
maior parte nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), os hospitais e outras
unidades de atendimento especializado ou de média complexidade. Nesses espaços,
geralmente são realizados procedimentos de cunho interventivo, tratamento de
situações crônicas e de doenças agudas. No que tange à demanda tecnológica, os
equipamentos são mais modernos e mais precisos. 
A expectativa na atenção é que os casos recebidos no nível
secundário, encaminhados pelo nível primário, possam ser
Figura 6 – Níveis de atenção
Perceba que a pessoa idosa, ao necessitar de serviços de assistência, pode estar em qualquer
nível de atenção e desse modo, a equipe multiprofissional irá demandar assistência baseada na
atendidos satisfatoriamente por meio do trabalho dos
profissionais e da utilização dos equipamentos que compõem
essa etapa de atenção. Na assistência à saúde prestada aos
usuários no nível secundário, também estão presentes os
serviços de urgência e emergência;
Nível Terciário: demanda-se uma atenção mais especializada e com hospitais de
grande porte (alta complexidade). Nessas instituições, os tratamentos são mais
invasivos, e geralmente a saúde do indivíduo está mais agravada e com risco maior
de complicações à saúde. A demanda é altamente tecnológica e com valores altos.
Nessa etapa, o paciente, provavelmente, já passou pelos níveis primário e
secundário, fato que pode indicar condições patológicas mais graves.
necessidade individual do idoso, assim, é necessário um olhar multidimensional e priorizado no
que tange a particularidade do ser, e nesse sentido a assistência pautada na humanização,
acolhimento e olhar biopsicossocial, poderá interferir na qualidade de vida do paciente.
Bem-estar, Qualidade de Vida, Assistência e Atenção em
Saúde, Envelhecimento Ativo e Humanização na Prática
do Cuidar
O envelhecimento humano é um fenômeno crescente mundo afora. Desse modo, faz-se
necessário pensar em estratégias diversas que possibilitem o envelhecer enfatizando que a
pessoa idosa deve ter qualidade de vida e ser o mais ativo possível, priorizando o convívio social,
acesso aos serviços de saúde, lazer, educação, oportunidades de trabalho, aposentadoria,
cultura, dentre outras necessidades basais para vida humana.
Nessa concepção, quando se fala em qualidade de vida, esse termo pode ser amplamente
definido na literatura por estabelecer conceitos relacionados ao bem-estar biopsicossocial e
espiritual dos indivíduos. Ademais, Minayo e Coimbra (2010, p.10) definem tal terminologia
como:
“Uma noção eminentemente humana, que tem sido aproximada ao grau de
satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental e à própria
estética existencial. Pressupõe a capacidade de efetuar uma síntese cultural de
todos os elementos que determinada sociedade considera seu padrão de conforto e
bem-estar. O termo abrange muitos significados, que refletem conhecimentos,
experiências e valores de indivíduos e coletividades que a ele se reportam em
variadas épocas, espaços e histórias diferentes, sendo, portanto, uma construção
social com a marca da relatividade cultural.”
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o termo qualidade de vida é “a percepção do
indivíduo de sua inserção na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive
e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (BRASIL, 2013, n. p.),
envolvendo o bem-estar espiritual, físico, mental, psicológico e emocional, além dos vínculos
sociais, como família e amigos, e também saúde, educação, habitação, saneamento básico e
outras circunstâncias da vida. 
Qualidade de vida e saúde são termos indissociáveis, uma vez que a saúde colabora para
melhorar a qualidade de vida das pessoas, que é essencial para que um indivíduo ou comunidade
tenha saúde.
Figura 7 – Bem-estar geriátrico 
Fonte: Getty Images
Assim, vale destacar que o perfil da pessoa idosa vem ganhando ainda mais destaque e
transformações com a evolução vivenciada nas últimas décadas a nível mundial, sendo inseridos
em uma sociedade contemporânea e globalizada, que se reformula rapidamente e é dinâmica e
altamente tecnológica. Os determinantes e condicionantes que envolvem o processo saúde-
doença são multifatoriais e complexos. 
Nessa contextualização, saúde e doença também possuem relação direta com os fatores
socioculturais, a experiência pessoal e o estilo de vida que o idoso possui no cenário atual. Frente
às mais diferentes abordagens que abarcam o cuidar geriátrico, a melhoria da qualidade de vida
envolve a ampliação das políticas públicas na área da promoção da saúde e da prevenção de
doenças, além das possibilidades advindas do avanço da tecnologia, da área da saúde e das
práticas baseadas em evidência.
Importante! 
Minayo e Coimbra (2010, p. 14) destacam que “o envelhecimento não é
um processo homogêneo, cada pessoa vivencia essa fase da vida de
uma forma, considerando sua história particular e todos os aspectos
estruturais (classe, gênero e etnia) a eles relacionados, como saúde,
educação e condições econômicas”.
A boa qualidade de vida na fase geriátrica está relacionada à capacidade
funcional, que se relaciona com a autonomia, idade, classe social,
renda, escolaridade, condições de saúde, cognição, ambiente e história
de vida. Quanto mais ativo o idoso for, maiores as chances de ele ter
bem-estar e qualidade de vida elevados.
Desse modo, é necessário que você, enquanto profissional, pense na pessoa idosa de modo
global, sendo prudente nas buscas constantes por novos subsídios que favoreçam o sujeito
frente às necessidades advindas com o avançar da idade. É importante buscar soluções
multiprofissionais que vão no sentido de desmistificar a incapacidade depositada socialmente
na fase de envelhecimento humano, visto que a maioria da população os enxerga como seres
frágeis. Isso se torna um grande desafio, que tende a proporcionar uma atuação transformadora
na construção da história desse grupo populacional, visto que o envelhecimento é uma fase
típica por possuir características tanto positivas como limitadoras.
Assim, justifica-se a necessidade de se discutir estratégias que influenciam a inserção desse
grupo populacional na sociedade contemporânea para que se estabeleçam respaldos mais
equitativos. De tal modo, pode-se favorecer a promoção do senso de justiça social e minimização
dos efeitos de iniquidades e as exclusões sociais sofridas pela pessoa idosa frente ao processo do
envelhecimento.
Pensando no bem-estar como demandas múltiplas, individuais e coletivas, é interessante que a
pessoa idosa esteja inserida no sistema educacional, de trabalho, nos meios de lazer, na prática
de atividades físicas e com acesso à cultura, pois pode corroborar positivamente na promoção da
saúde desses indivíduos.
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ACESSE
Figura 8 – Atividade Física na Terceira Idade 
Fonte: Getty Images
Vídeo 
3° Painel "A Velhice em Pauta" Saúde e Bem-estar  
Assista a uma palestra interessante sobre qualidade de vida na terceira
idade.
https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=1gCjW4MyKXI
Vale destacar que, no cenário atual, a tecnologia digital permeia a vida do idoso, pois eles estão
inseridos no mundo globalizado. Porém, a pessoa idosa tradicionalmente possui menor adesão e
adaptação frente às novas tecnologias que vão surgindo com o avançar da globalização se
comparado ao público mais jovem. Por outro lado, a disseminação dos meios tecnológicos
permitiu a modificação do contexto social existente. Essa tecnologia se tornou acessível para
grande parte da população, abrangendo também a população idosa, que tem se inserido
gradativamente nessa nova perspectiva.
Vídeo 
Inclusão Digital de Idosos Cresce Cada Vez Mais no País  
Assista ao vídeo e perceba o crescimento da relação gerontecnológica.
Inclusão digital de idosos cresce cada vez mais no país
https://www.youtube.com/watch?v=DEl-V6tdP8k
Figura 9 – Tecnologia e a pessoa idosa 
Fonte: Getty Images
O aumento do contato que os indivíduos idosos possuem frente às ferramentas digitais resulta
em muitos casos de medo de serem excluídos socialmente por não estarem inseridos nesse
avanço tecnológico. Alguns fatores que auxiliam para o aumento da aproximação do idoso e da
tecnologia são: a curiosidade, a consideração da importância das tecnologias no cotidiano dos
seres na atualidade, a aproximação das relações sociais e familiares, o estímulo ao ensino e
aprendizagem, ao trabalho, ao lazer, ao passatempo etc. A inclusão da pessoa idosa nas
demandas tecnológicas digitais pode facilitar a disseminação de práticas que potencializem sua
qualidade de vida. 
Prensky (2001), em seus estudos, aponta que esse grupo populacional pertence à categoria
denominada como imigrantes digitais, ou seja, pessoas que nasceram em um mundo analógico
e que hoje vivem em um cenário digital. Já os nativos digitais são aqueles indivíduos nascidos no
cenário tecnológico e que convivem bem nessa perspectiva, pois desde seu nascimento
possuem relação próxima com tais fomentos.
Conceituando os idosos no cenário da tecnologia digital, surge um termo denominado
“gerontecnologia” que pode ser definido como uma área interdisciplinar de pesquisa e aplicação
que envolve dois campos do saber – a gerontologia e a tecnologia –, relacionando diretamente a
evolução dos cenários diversos que abarca a pessoa idosa aos meios digitais e tecnológicos. 
Ao utilizar tecnologias, a literatura destaca que a pessoa idosa poderá elevar a promoção da
autonomia e melhora na autoestima, quesitos indispensáveis para a qualidade de vida. Porém,
mesmo com os avanços e acessos vivenciados por esse grupo populacional, é necessário propor
diferentes alternativas que apontem a inclusão da pessoa idosa no mundo tecnológico de
Importante! 
O uso da tecnologia digital, associada aos dispositivos como
computadores e celulares, poderá proporcionar ao sujeito idoso
melhora na autoestima, na habilidade mental, na troca entre os pares,
na autoconfiança, no acesso às informações diversas e até mesmo no
aspecto de recreação.
maneira que se sintam pertencentes a ele, e não mais excluídos, evitando assim o fenômeno de
infoexclusão.
Vygotsky (1984) destaca que o sujeito idoso, mesmo com funções cognitivas (pensamento,
memórias, percepção e atenção) biologicamente modificados pelo processo natural do
envelhecimento, poderá construir novos saberes, aprendizagem e conhecimentos. De tal modo,
os profissionais terão como objetivo
trabalhar em prol de estimular positivamente tais
demandas.
Quando se fala em saúde aplicada à qualidade de vida na fase do envelhecimento humano, muitas
vezes ela pode ser afetada de maneira negativa, ou seja, o surgimento de uma doença debilitante
e que ameace a continuidade da vida do sujeito. Nesses casos, o indivíduo pode ser encaminhado
para os cuidados paliativos. Desse modo, vamos conceituar a seguir a paliatividade.
Fundamentos Básicos dos Cuidados Paliativos
A prática paliativa surge como uma das estratégias mais avançadas no cenário contemporâneo
de saúde. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os cuidados paliativos se destacam
como uma abordagem e assistência promovida por uma equipe multidisciplinar composta por
médico, fisioterapeutas, dentista, nutricionista, enfermeiro, assistente social, psicólogo,
fonoaudiólogo, capelania, dentre outros profissionais, que têm como objetivo principal a busca
por melhorias da qualidade de vida e também da qualidade de morte do paciente e de seus
familiares, frente a uma doença que ameace a vida humana, por meio da prevenção e alívio do
sofrimento, identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas
físicos, sociais, psicológicos e espirituais.
Importante! 
A prática dos cuidados paliativos teve início oficialmente na década de
A prática paliativa deve ser iniciada o mais precocemente possível e pode estar relacionada ao
tratamento com a finalidade de auxiliar no manejo dos sintomas desgastantes ao indivíduo e de
difícil controle, atendendo na melhora das condições clínicas do paciente. Conforme o avançar
da doença flui na vida da pessoa, mesmo em vigência do tratamento com intenção curativa, a
abordagem paliativa deve ser ampliada, possibilitando também cuidar dos aspectos
psicossociais e espirituais. Na fase terminal de uma doença, em que o paciente possui pouco
tempo de vida, a paliatividade se torna prioritária para garantir qualidade de vida, conforto e
dignidade.
Qualquer indivíduo diagnosticado com alguma doença que ameace a
continuidade de sua vida pode ser encaminhado para os cuidados
paliativos a fim de minimizar sintomas que diminuíram a qualidade de
vida. Não existe idade para encaminhamento dessa prática. Lembre-se
1960, no Reino Unido, pela médica, enfermeira e assistente social
Cicely Saunders. Seu trabalho internacionalmente reconhecido inicia o
movimento dos cuidados paliativos, que inclui a assistência, o ensino e
a pesquisa. A criação do St. Christopher’s Hospice, em Londres, em
1967, é um marco nessa trajetória. Nesse modelo de cuidar, Cicely
priorizava a humanização e o lema “frente a uma doença ameaçadora
da vida, troque a frase ‘não existe mais nada para fazer’ por ‘existe
muito para se fazer para esse paciente’”.
que cada profissional da equipe de saúde tem seu papel na demanda de
cuidado e assistência.
Figura 10 – Humanização na prática paliativa 
Fonte: Getty Images
Vídeo 
A Morte é um Dia que Vale a Pena Viver  
Seguindo as definições estipuladas pela OMS em relação aos cuidados paliativos, Byock (2009)
aponta outros princípios que fazem parte da conceituação terapêutica paliativa, sendo eles:
No cenário nacional, temos muitas referências de profissionais que
atuam com cuidados paliativos, com destaque para a médica geriatra e
paliativista Ana Claudia Quintana Arantes. Assista ao vídeo “A morte é
um dia que vale a pena viver” e compreenda ainda mais sobre o que é
atuar com cuidados paliativos.
A morte é um dia que vale a pena viver | Ana Claudia Quintana Ara…
Deve-se enxergar a morte como um processo natural que atingirá todos os seres
vivos;
Qualidade de vida/morte é um dos principais objetivos clínicos;
https://www.youtube.com/watch?v=ep354ZXKBEs
Os cuidados paliativos não visam antecipar a morte, e nem prologam o processo de
morrer;
A paliatividade tem relação com a ortotanásia, que é o processo natural de morrer;
O núcleo familiar, bem como os cuidadores, deve ser amparado desde o início do
diagnóstico até o momento de enlutamento;
A família pode recusar o tratamento paliativo, sendo um dever da equipe respeitar tal
decisão;
Na prática paliativa não se prioriza a cura, pois com o avançar da doença em seu ciclo
natural, tais terapias vão ficando em vão, o que pode sobrecarregar a saúde
psicofísica e social do paciente;
Paciente e familiares formam a unidade de cuidados, ou seja, juntos podem seguir
dentro do protocolo, amenizando as possíveis angústias e adversidades advindas do
tratamento;
O controle de sintomas angustiantes e desgastantes é um foco fundamental da
assistência prestada pela equipe multiprofissional. Os sintomas devem ser
cotidianamente avaliados e efetivamente manejados;
As decisões sobre os tratamentos que o paciente for submetido devem ser realizadas
em consonância com os preceitos ética. Pacientes e familiares possuem o direito a
informações reais acerca de sua condição e devem, ainda, ter acesso às múltiplas
opções de tratamento. As decisões devem ser tomadas de maneira compartilhada,
respeitando-se valores étnicos e culturais da unidade de cuidado;
Cuidados paliativos devem ser realizados por uma equipe ampla em saúde, pois
desse modo família e pacientes são assistidos na sua totalidade;
Cuidados paliativos não se resumem exclusivamente ao câncer; HIV, Alzheimer,
Parkinson, esclerose múltipla, doenças cardiovasculares, dentre outras, são
consideradas paliativas;
Os profissionais devem buscar sempre pela autonomia, dignidade e independência do indivíduo,
pois esses são aspectos fundamentais. Outro aspecto indispensável é a comunicação, pautada na
A atenção é um ponto primordial centrada na dignidade humana, dando ênfase na
solidariedade e troca de experiências entre o paciente e o profissional da saúde, em
atitude que resulta numa “compaixão afetiva”;
A experiência do adoecimento deve ser compreendida de uma maneira global e,
portanto, os aspectos espirituais também são incorporados na promoção do
cuidado;
A assistência não se encerra com a morte do paciente, mas se estende no apoio ao
luto da família, pelo período que for necessário. A abordagem psicológica pode
minimizar as fases do luto e levar conforto aos familiares/cuidadores;
Importante! 
Vamos definir bem alguns conceitos para que fique claro que a prática
paliativa não visa antecipar ou prolongar a morte.
Eutanásia: pode ser definida como o ato de “antecipar a morte”;
Distanásia: considerada a “morte lenta, com sofrimento”;
Ortotanásia: representa a “morte natural, sem antecipação ou prolongamento”.
Assim, esse conceito está totalmente relacionado à prática paliativa.
perspectiva aberta, direta e ativa, especialmente com notícias difíceis, pois pode se elevar o
processo de confiança e vínculo com o paciente e a família.
A Mulher que Decidiu Enfrentar um Câncer Terminal sem Tratamento 
Vídeos 
Vamos assistir a um caso real de uma idosa que optou por encarar seu
processo de saúde-doença na perspectiva paliativa. Preste atenção na
realidade de uma paciente oncológica e como ela passa a encarar de
forma real sua condição.
A mulher que decidiu enfrentar um câncer terminal sem tratamento
https://www.youtube.com/watch?v=ro248LafNrQ
A Mulher que Teve uma Boa Morte 
Ainda, destaca-se alguns preceitos que devem ser realizados na concepção paliativa:
A mulher que teve uma boa morte
Controle impecável da dor e outros sintomas angustiantes para o paciente e familiar,
seja de ordem física ou psicossocial;
Abordagem totalmente relacionada aos aspectos biopsicossociais e espirituais;
Conforto, relaxamento e cuidados baseados em uma visão holística;
Prevenção de agravos e incapacidades que podem limitar os aspectos e
especificidades dos indivíduos;
Promoção da independência e autonomia;
Manutenção de atividades de vida diária que são significativas para o doente;
https://www.youtube.com/watch?v=b8dPnIVajNs
Ativação de recursos emocionais e sociais de enfrentamento do processo de
adoecimento
e fim de vida;
Priorizar acesso do doente por meio de uma rede de suporte social (amigos e
familiares);
Apoio global e orientação à família e cuidadores;
Os cuidados paliativos podem ser prestados em unidades de cuidados específicos,
hospitais, clínicas, domicílio, instituições de longa permanência, enfermarias,
dentre outros espaços de saúde;
Estar próximo, ter visão humanizada, acolhedora, sincera e que viabilize as reais
necessidades do doente.
Vídeo 
O Serviço Social na Equipe de Cuidados Paliativos em Tempos de
Pandemia #PraFalarDeLei  
Você sabia que o assistente social possui um papel fundamental dentro
dos cuidados paliativos? Assista ao vídeo para saber mais.
O Serviço Social na Equipe de Cuidados Paliativos em Tempos de …
https://www.youtube.com/watch?v=oENh_3jwa_c
Chegamos ao final da nossa Unidade de estudo. Perceba a grandeza das possibilidades de temas
que estão envolvidos frente ao processo de envelhecimento humano e faça sempre a relação
entre sua futura profissão e as mais variadas demandas existentes no cenário contemporâneo
do cuidar.
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
  Vídeos  
Aula 1: A Importância de Aprender e Ensinar Cuidados
Paliativos – Campanha de CP da Casa do Cuidar
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 Material Complementar
Aula 1: A importância de aprender e ensinar Cuidados Paliativos - …
https://www.youtube.com/watch?v=TISz8W4HPFs
Conversa sobre a Morte
Etapas do Luto – Psicologia – Casule Saúde e Bem-estar
Conversa Sobre a Morte
Etapas do Luto • Psicologia • Casule Saúde e Bem-estar
https://www.youtube.com/watch?v=h1BpOblvVv4
https://www.youtube.com/watch?v=i0RhSf3XfAQ
  Leitura  
Manual de Cuidados Paliativos ANCP
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ACESSE
Cuidados Paliativos: O Papel do Assistente Social na Equipe
Multiprofissional
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ACESSE
A Atuação do Serviço Social junto a Pacientes Terminais:
Breves Considerações
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ACESSE
http://biblioteca.cofen.gov.br/wp-content/uploads/2017/05/Manual-de-cuidados-paliativos-ANCP.pdf
https://revistas.uneb.br/index.php/scientia/article/view/8785/6375
https://www.scielo.br/j/sssoc/a/x3QsGQBwN4Mzc8NQQv46HSQ/?lang=pt
BRASIL. Ministério da Saúde. Qualidade de vida em 5 passos. Biblioteca Virtual em Saúde, 2013.
Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/260_qualidade_de_vida.html>. Acesso
em: 17/01/2022.
BYOCK, I. Principles of Palliative Medicine. In: WALSH, D. et al. Palliative Medicine. Philadelphia,
USA: Saunders Elsevier, 2009. p. 33-41.
MINAYO, M. C. D. S.; COIMBRA, C. E. A. J. Entre a liberdade e a dependência: reflexões sobre o
fenômeno social do envelhecimento. 2. ed. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2010.
PRENSKY, M. Nativos Digitais, Imigrantes Digitais. Colégio Nova Geração, 2001. Disponível em:
<https://colegiongeracao.com.br/novageracao/2_intencoes/nativos.pdf>. Acesso em:
15/11/2021.
VYGOTSKY, L. S. A pré-história da linguagem escrita. In: VYGOTSKY, L. S. A formação social da
mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes,
1984. p. 44-76.
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 Referências

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