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Nefrologia – P1 DISTÚRBIOS ACIDOBÁSICOS · Ácidos carbônicos (10k-12k mEq/dia) – derivados da respiração, gerados do CO2 a partir da conver-são pela enzima anidrase carbônica. · A anidrase carbônica não pode ser dosada, pois fica na membrana das céls. – catalisa: HCO3- + H+ <--> H2CO3 <--> H2O + CO2. · Os ácidos carbônicos são eliminados pelos pulmões · Ácidos não-carbônicos (50-100 mEq/dia) – origem principalmente da dieta (pro-teínas geram mais ácidos. · Pedir sempre dosagem de Na, Cl e K. · Tampões · Extracelulares – proteínas, fosfato e bicarbonato. · Intracelulares – ptns, hemoglobina, fosfato. · Pulmões – eliminam ou retêm CO2. · Rins – eliminam ânions ou cátions. · Ossos – capazes de eliminar cálcio (ao receberem H+ em caso de acidose). · pH normal = 7,35-7,45. · Acidemia: pH ≤ 7,35 · Acalemia: pH ≥ 7,45 **acidose – condição anormal de queda do pH arterial -> distúrbio primário pode ser metabólico e/ou respiratório. **alcalose – condição anormal de aumento do pH arterial -> distúrbio primário pode ser metabólico e/ou respiratório. · pCO2 normal = 35-45 mmHg. · pCO2 <30 indica alcalose respiratória. · pCO2 >45 indica acidose respiratória. · HCO3 normal = 22-26. · HCO3 <22 indica acidose metabólica. · HCO3 >26 indica alcalose metabólica. · Dísturbio AB simples: há apenas um distúrbio, metabólico ou respiratório. · Distúrbio AB duplo/misto: há dois distúrbios, metabólico E respiratório ou metabólico E metabólico. · Anion gap sérico. · Diferença entre os ânions não medidos e os cátions não medidos no soro, utilizado para classificar acidoses metabólicas. · AGs = Na+ – (Cl- + HCO3-) Distúrbio Simples pH pCO2 HCO3- acidose metabólica acidose respiratória alcalose metabólica alcalose respiratória TABELA PARA CÁLCULO DE RESPOSTA FISIOLÓGICA (considerar bic 24 e pCO2 40) distúrbio primário para cada... a resposta fisiológica é... acidose metabólica 1mmol HCO3 1,0-1,5 mmHg pCO2 alcalose metabólica 1mmol HCO3 0,25-1,0 mmHg pCO2 acidose respiratória aguda 10 mmHg pCO2 1,0 (+-2) mmol HCO3 acidose respiratória crônica 10mmHg pCO2 4,0 (+-2) mmmol HCO3 alcalose respiratória aguda 10 mmHg pCO2 1,0-3,0 mmol HCO3 alcalose respiratória crônica 10 mmHg pCO2 3,0-5,0 mmol HCO3 EX. de distúrbio duplo: Paciente renal crônico, masculino, 38 anos, apresentando broncoespasmos. pH = 7,13, pCO2 = 30, HCO3 = 10. · pH baixo -> acidemia! Por que motivo? · Se o pCO2 estiver >40 é uma acidose respiratória, se o HCO3 estiver <22 é uma acidose metabólica. · Nesse caso, é uma acidose metabólica – o bicarbonato decaiu quanto? · 10! · Pela tabela, para cada 1mmol de queda de bic, cai 1-1,5mmHg de pCO2. · Então, fazendo a regra de 3, o pCO2 deveria ter caído 14-21, ficando na faixa de 19-26 -> mas ela está em 30! · Como a pCO2 está ACIMA do que deveria estar, é uma HIPERCAPNIA (aumentou o PCO2). · Por isso, é uma acidose respiratória. · Se a pCO2 estivesse abaixo, seria uma hipocapnia, sendo uma alcalose respiratória. HCO3- + H+ <----> H2CO3 <----> H2O + CO2. **considerando os tampões, quando o pH está baixo (acidemia), é por um dos dois motivos: ou a pCO2 está alta (>45) ou o bicarbonato está baixo (<22). já quando o pH está alto (alcalemia), é por um dos dois motivos: ou a pCO2 está baixa (<35) ou o bicarbonato está alto (>26). · Resposta Compensatória. · É sempre no mesmo sentido do distúrbio primário – a redução do HCO3 (acidose metabólica), é acompnhada de redução da pCO2 e vice-versa na alcalose metabólica. O mesmo se vê na acidose respiratória – o aumento da pCO2 é acompanhada do aumento do HCO3 e vice-versa na alcalose respiratória. · Normalmente, essa resposta compensatória nunca corrige o pH para faixa normal, apenas evita que haja uma grande variação do pH (o que pode ser fatal). · Quando o pH é normal e, ao mesmo tempo, há amplas variações da pCO2 e do HCO3 -> existe um distúrbio acidobásico misto – uma acidose associada a uma alcalose! Obs – exame de reserva alcalina ou CO2 total -> para acompanhar pcte com distúrbio ácido-base em ambiente ambulatorial -> gasometria venosa!!! -> 24-28 mEq (bicarbo-nato +2). · Base excess · Utilizado para saber se a acidose/alcalose respiratória é crônica ou aguda! · Valores normais de BE = -2 a +2. · BE próximo ao zero -> distúrbio agudo. · BE distante de zero (muito negativo ou muito positivo) -> distúrbio crônico. >> GASOMETRIA ARTERIAL << · Padrão-ouro para diagnosticar distúrbio ácido-base. · O aparelho de gasometria fornece valores de: pH, pCO2 e HCO3- (nefro) e de PO2 e SatO2 (parte ventilatória). · Realizado intra-hospitalar – preferencialmente nas artérias radiais* ou femoral. *punção deve ser feita após Teste de Allen – para ver se a artéria ulnar está patente. · Seringa deve conter heparina não fracionada para não ter coagulação E a amostra deve ser imediatamente analisada para evitar troca gasosa. · Para saber se o sangue que foi coletado é arterial mesmo: · pO2 > 80mmHg. · SaO2 > 95%. · Como interpetrar a gasometria? · pH – se estiver ácido (acidemia), existe uma acidose; se estiver básico (alcalemia), existe uma alcalose; se estiver normal, ou não há distúrbio ou há dois distúrbios contrários se balanceando. · Qual distúrbio justifica esse pH? – pH ácido se justifica pelo aumento da pCO2 (acidose respiratória) ou pela redução do HCO3 (acidose metabólica); pH básico se justifica pela redução da pCO2 (alcalose respi-ratória) ou pelo aumento do HCO3 (alcalose metabólica). >> ACIDOSE METABÓLICA · HCO3 <22 mEq/L e pH <7,35. · Por excesso de H+ não derivado de CO2 ou por perda de HCO3 para o meio externo (urina o tgi). · Distúrbio mais comum da prática clínica. · Aguda – 64% dos pacientes em UTI. · Crônica – apenas 1,9% da pop geral e 19% em pctes DRC estágio 4. · Em DRC, o rim não elimina ânions (ácidos), gerando acidose. ---- paciente acidótico é hipotenso, vasodilatado E tem hipercalemia! · Por que hipercalemia? · Com o H+ em excesso no sangue, ele tende a trocar com o principal cátion intracelular – o K+. · Assim, hidrogênio entra e potássio sai -> para tentar compensar a acidose. · Assim, há excesso de K+ no sangue – hipercalemia! **o contrário acontece na alcalose – pois sai H+ da célula e entra K+, gerando hipocalemia. **para classificar a acidose metabólica, é preciso calcular o ânion gap! · Ânion gap – ânions que não estão sendo medidos separadamente, mas estão no sangue. · Valores normais = 8-15 mmol/L (média = 12). · AG elevado se >16 mmol/L · São os outros ânions plasmáticos – o principal é a albumina, mas tem fosfato, sulfato, cetoânions e lactato... · Equivalência elétrica do plasma -> Na = Cl + HCO3 + AG. · Na acidose metabólica há diminuição de HCO3. · Se o AG aumentar (para compensar o bicarbonato que diminui) – a quantidade de cloro vai se manter a mesma! – será acidose metabólica normoclorêmica (AG ≥ 16mmol/L). · Se o AG se mantiver igual, a quantidade de cloro precisa aumentar para compensar o bicarbonato que está diminuído – será acidose metabólica hiperclorêmica (AG < 16mmol/L).e -- geralmente a normoclorêmica é por adição de ácido no LEC (acidose lática, cetoacidoses, IRA, DRC 5, intoxicações...), enquanto a hiperclorêmica é por perda de bicarbonato do LEC (por perda digestiva ou renal). **cetoacidose diabética -> aumenta-se a quantidade de ácido no LEC, que são ânions, assim **acidoses normoclorêmicas – decorrem do acúmulo de ácidos na circulação (ex. acidose lática) -> uma subst. ácida se dissocia em H+ e base aniônica -> o H+ consome o HCO3 do plasma, por isso temos a acidose metabólica. já o ânion formado se acumula na circulação – caso os rins não consigam excretá-lo em tempo hábil, ele aumenta o ânion-gap! o aumento do AG mantém o equilíbrio eletroquímico do plasma nesses tipos de acidose! -> compensa a queda do ânion HCO3-, então o cloreto (Cl-) não precisa ser retido. **acidoses hiperclorêmicas – decorrem da perda de HCO3 para o meio externo ou da retenção direta de H+ (ex. diarreia e hipoaldosteronismo respectivamente). nesse tipo, para manter o equilíbrio eletroquímicodo plasma, a redução do HCO3 deve ser “compensada” pelo aumento do cloreto (Cl-) plasmático [já que nenhum outro ânion foi retido], por isso essas acidoses são hiperclorêmicas. · GAP osmolar = osm medida – osm calculada -> 2xNa + gli/18 + ureia/6 · Normal: <10. · Se estiver elevado (especialmente >20), deve-se pensar em intoxicação exógena! **osm calculada normal: 275-290. · AG urinário. · O principal ânion da urina é o Cl- (não o HCO3-). · O valor normal do AG urinário é negativo – na urina há mais cátions não medidos, principalmente o amônio (NH4+). · É exatamente oposto ao AG plasmático: entre -8 e -12 mEq/L. · O Cl- é eliminado junto com o amônio, por isso sua excreção depende da capacidade de excreção de H+ e amônia (NH3). · Se houver dificuldade em excretar H+ (uma das causas de acidose hiperclorêmica), haverá dificuldade em excretar Cl- também! -> o AG urinário se tornará positivo. · Isso é encontrado nas acidoses tubulares renais (ATR I, II e IV). **se a acidose hiperclorêmica for por conta de perda intestinal de bic (diarreia, fístulas), o rim normal aumenta a eliminação de H+, aumentando a excreção de Cl-, assim o AG urinário fica muito negativo. >>> ACIDOSE TUBULAR RENAL (ATR) uma das doenças causadas pela acidose metabólica hiperclorêmica. **o rim acidifica a urina reabsorvendo bic no túbulo proximal e secretando hidrogênio no néfron distal. · Tipo I (distal) – o rim não secreta hidrogênio no néfron distal (fica retido lá), assim a urina fica alcalina! · Há perda de K+ na urina -> normo ou hipocalemia. · Causas: drogas, doenças imunes (lúpus, anemia falciforme). · Leva à acidose metabólica hiperclorêmica (AG +). · Tipo II (proximal) – perde bic na urina -> bicarbonatúria. · Há perda de K+ na urina -> normo ou hipocalemia. · Causas: mieloma múltiplo. · Associada a outros distúrbios do túbulo proximal (fosfatúria, aminoacidúria e glicosúria). · Tipo III – muito rara. · Junção da I com a II – lesão nos túbulos distal e proximal. · Tipo IV – falta de aldosterona ou resistência tubular distal a ele. · Esse hormônio reabsorve sódio e secreta K+ e H+ na urina. · Sem reabsorção de sódio -> hipotensão. · Sem secreção de potássio -> hipercalêmico. · Leva à acidose metabólica hiperclorêmica (AG +). TRATAMENTO DE ACIDOSE METABÓLICA · Hiperclorêmica (renal) · ATR 2 (proximal) – bic VO. · ATR 1 (distal) – citrato de potássio VO, tiazídico VO. · ATR 4 – furosemida VO, bic VO, fludrocortisona VO. · Hiperclorêmica (extra-renal) · Perdas digestivas – bic VO. · Acidose d-lática – bic IV (se ph<7,1), antimicrobiano VO. · Normoclorêmica (renal). · IRA – bic IV (se pH<7,1), HD. · DRC – bic VO (alvo HCO3>22) · Normoclorêmica (extra-renal). · Acidose lática – bic IV (se pH<7,1 ou HCO3 entre 6,5-7,5), HD. · Cetoacidose diabética – bic IV (se pH<6,9). · Rabdomiólise – bic IV, HD. · Intoxicações exógenas – bic IV (se pH<7,3), HD. **normalmente, não se repõe bic nas normoclorêmicas (AG alto), apenas em casos extremos de pH muuuuito baixo! – trata-se a causa ACIDOSE METABÓLICA REFRATÁRIA -> INDICAÇÃO DE HD DE URGÊNCIA. obs. 4 indicações para diálise de urgência: acidose metabólica refratária, hipervolemia refratária, hipercalemia refratária e síndrome urêmica. >> contraindicações para o uso de bic!!! · Hipervolemia, hipernatremia. · Nesses casos, o pcte precisará de diálise >> Alcalose Metabólica · bicarbonato, pH. · Geralmente relacionada a vômitos – perda de H+ e Cl-. · Manifestações clínicas são inespecíficas. · Principais etiologias: · Sobrecarga de bicarbonato exógeno – por adm de HCO3 ou citrato, ou síndrome leite-álcali. · Diminuição do LEC com hiperaldosteronismo secundário – perdas gastrointestinais e perdas renais. · Aumento do LEC com hiperaldosteronismo primário – ex. síndrome de Cushing, hiperrenismo. · Miscelânea – uso de licorice, realimentação pós-jejum prolongado. · Classificação · Afastar sobrecarga de bic -> dosar cloro em amostra de urina. · Cl-u <10 -> alcalose cloreto-sensível por depleção de cloro; tratar com soro fisiológico IV, acetazolamida. · Cl-u >20 -> alcalose cloreto-resistente por excesso de ativação do SRAA; não dar soro fisiológico. **espironolactona – antagonista da aldosterona -> pode ser usada para tentar bloquear a aldosterona. -- na cloreto-sensível, o pcte tem déficit de cloro (perdas pelo TGI) -> hipocloremia -> para manter a eletroneutralidade, aumenta-se o bic -> rim recebe estímulo para reter bic -> causa alcalose metabólica!!! -- na cloreto resistente, temos dois cenários: pcte hipertensos: com uma ativação em excesso do SRAA, há um aumento na reabsorção de sódio -> pcte fica hipertenso, podendo gerar edema -> aldostero-na reabsorve sódio e elimina hidrogênio e potássio pela urina -> pela alta excre-ção de hidrogênio, há um estímulo a reter bicarbonato no sangue – alcalose metabólica. pcte normotenso: causas mais raras, normalmente o pcte tem tubulopatias. >> Acidose Respiratória · Mais estudada pela pneumo. · pCO2 > 45mmHg (hipercapnia – hipoventilação). · pH <7,35. >> Alcalose Respiratória · mais estudada pela pneumo. · pCO2 < 35mmHg (hipocapnia – hiperventilação). · pH do sangue > 7,35. · Muito comum em gestantes!!! · Gestantes hiperventilam por efeito da progesterona -> isso gera uma alcalose respiratória fisiológica (NÃO é pra tratar). · pCO2 ~30mmHg. · Não coletar gasometria arterial em gestantes, a menos que o caso seja grave! · Pode ser causada por distúrbios psiquiatricos e por algia. >> GRADIENTE ALVÉOLO-ARTERIAL · Deve ser pesquisado nos distúrbios respiratórios. · Acidose respiratória (hipoventilação) · Se o gradiente for baixo, não há problema no alvéolo (o problema pode ser no SNC, neuromuscular ou na caixa torácica). · Se for alto, quer dizer que há problema pulmonar – há problema na venti-lação/perfusão. · Alcalose respiratória (hiperventilação). · Se o gradiente for normal, é preciso procurar causas extra-pulmonares (central, drogas/toxinas). · Se o gradiente estiver alterado, há problema na troca pulmonar.
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