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TCC Contação de histórias

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A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: DA IMAGINAÇÃO A CRIATIVIDADE, UM PROCESSO DE FORMAÇÃO SOCIAL
RESUMO: O objetivo deste trabalho é discutir as contribuições fundamentais que a contação de história possibilita a formação da criança na Educação Infantil. Desde o estímulo a imaginação, a criatividade até aprendizados práticos de vivência em sociedade, a contação de história é um instrumento prático e eficiente na formação da criança. É importante ressaltar que a contação de história não é apenas um instrumento pedagógico de educação. Na verdade, a contação de história mescla arte e educação, prazer e conhecimento, experiência e imaginação, realidade e fantasia. Um processo complexo que exige do educador atenção e muita dedicação para que saiba discernir e trabalhar com aspectos artísticos relacionados ao prazer e aspectos cognitivos que envolvem o conhecimento. A socialização é a complementação deste trabalho. A consequência imediata da formação de cada criança envolvida no processo. Ao se contar uma história em grupo, estimula-se o diálogo, o ouvir o outro. Formação social, vivência em grupo práticas necessárias para a formação cidadã consciente e o equilíbrio de ações na vida adulta que está por vir. Assim, a contação de história é um processo transformador e inerente ao humano. É um modo prático de formação cognitiva, emocional e social. Desta forma, é um instrumento, ou melhor, trata-se de um processo essencial a formação infantil. Talvez o caminho prático para uma educação plena e consciente.
PALAVRAS-CHAVE: Contação de história; literatura infantil, formação infantil; 
1 INTRODUÇÃO
	A contação de história é uma ferramenta educacional que, se planejada, permite desenvolver questões cognitivas, físico-motor, sócio interacionista e didática excelente para o uso em atividades educativas. Além disso, potencializa o conhecimento linguístico da criança e desenvolve a formação de caráter e juízo de valor. Assim sendo, é objeto deste estudo o uso desta ferramenta em atividades pedagógicas visando uma formação social mais ampla e tolerante, tendo a criança como foco principal das atividades e visando a socialização e interação infantil.
	Desta forma, a contação de história se torna uma ferramenta sócio linguística essencial para o trabalho de educação no Ensino Infantil. A sócio interatividade é elemento de transformação e formação individual e social concomitantemente. Assim, evidenciar-se-á a importância desta ferramenta como fator motivador na potencialização da criatividade e formação social da criança. Neste sentido, a relação criança e meio a que está exposta torna-se essência da pesquisa. A criança interage com seu meio e desenvolve, via contação de história, sua capacidade de criar novos universos, explorar novos sentidos e ter nesta atividade lúdico-didático uma fonte inesgotável de saber e formação.
	Nesse sentido, o artigo se divide em três capítulos para melhor compreensão da discussão acerca do tema contação de e criatividade: características da contação de história; relatos pessoais sobre esta ferramenta; a relação contar história e arte para formação da criança; considerações finais. Cada visa estimular o debate e incentivar o uso da contação como meio de integrar, educar e formar as crianças a partir de estratégias diferenciadas que tem na criatividade e na linguagem como meios de mudança da realidade educativa.
Este trabalho se divide na apresentação e técnicas da contação de histórias; na relação contar história e educação; formação cultural, social e moral e a contação de histórias; conclusões sobre as ideias apresentadas. Desta forma, este artigo intensifica a discussão em busca de uma educação reflexiva que tenha no aluno a essência de todo o processo e que estabeleça parâmetros de qualidade na formação não só cognitiva, mas também cultural e moral da criança. O debate constante reflete o caminho pela superação de velhos sistemas e a transformação da visão limitada, educar é dar asas aos estudantes, libertá-los de amarras e viver sem limitações padrões, educar é viver a liberdade.
Assim, o foco deste artigo é apresentar aspectos importantes para a educação, tendo como referência a contação de histórias no Ensino Infantil, ou seja, como estimular a criatividade é a forma mais excelente e prática para desenvolver as competências e habilidades infantis. E como este processo auxilia a uma melhor formação cultural e educacional da criança. Sendo assim, estabelece-se relação direta com a fase do desenvolvimento infantil. 
2 CARACTERIZANDO A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA: EXPERIÊNCIAS COMO EDUCADOR
	O ato de contar história remonta desde o princípio da humanidade. Característica que permitiu o desenvolvimento humano e a formação da cultura humana. Ao se contar uma história se cria vínculos, desenvolve a imaginação, potencializa o conhecimento, possibilita a construção de relações de sentido, enfim, desenvolve o cognitivo e a interação social da criança. Ainda assim, contar histórias não é somente um processo didático-pedagógico, é também uma arte, uma busca da essência da natureza humana, uma busca pelo outro, é reconhecer a importância da vida social na civilização.
	A contação de histórias é uma técnica artística e pedagógica fundamental para o desenvolvimento da criança, estimula a leitura, o raciocínio, as relações de sentido e forma consciência cultural, social e moral. Exige um pacto entre ouvintes e contadores. Um acordo de verdade, um paradigma de verdade momentânea em que realidade e ficção e constrói na criança a consciência de individualidade e coletivo. Nesse sentido, é um processo essencial para a criança. As experiências são transmitidas por meio do reino das palavras, mas de um modo mágico, encantado, em que os interlocutores se envolvem subjetiva e objetivamente. 
	A contação de história exige técnica por parte do contador. Caracterização e ambientação, entonação adequada a cada situação e personagem, expressão e gestualização, domínio do espaço e comando exato das ações, condução do ouvinte ao mundo apresentado. Arte de trabalhar as palavras, de dizer. Talvez a valorização da mais humana característica, a conversação. Contar uma história viajar pelo universo das palavras, mergulhar na essência humana e construir novas realidades.
	Concomitantemente, é um trabalho pedagógico precioso que forma cultural e moralmente a criança, permite o reconhecimento do outro e a importância de cada indivíduo para a vivência em sociedade e forma cidadãos leitores com potencial crítico. 
É obvio que a contação de história não é uma técnica salvadora. Resolução de todos os problemas educacionais. Trata-se apenas de uma técnica, uma forma, dentre muitas de permitir ao aluno, a criança, a potencializar o cognitivo, a interagir em sociedade, a resolver situações problemas, a desenvolver aspectos culturais e morais. Uma técnica importante que se bem trabalhada, traça os paradigmas essenciais para a formação educacional da criança. Daí sua importância na mais desde o início do processo de educação. 
	A proposta deste artigo é discutir a importância da contação de história para a formação da criança como técnica didático-pedagógica essencial para o início do processo, valorizando o discurso oral, estimulado a formação de leitores, estabelecendo a inter-relação social e a imaginação. E prestigiar a característica de arte ao se contar, ressaltando a importância da consciência artística do educador e estabelecendo uma relação intrínseca entre educação e arte, professor e ator, palavra e beleza.
E no conjunto uma reorganizar uma educação que tenha no aluno seu elemento principal em que todo o processo considere o desenvolvimento de cada criança a partir de suas competências e habilidades, valorizando aspectos individuais e coletivos, talvez, seja esta a formação consciente a que tanto se apregoa na educação, formação humana e consciente. O caminho é a reflexão e busca por um processo humanizador e lúdico.
	
3 A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA: ASPECTOS IMPORTANTES SOBRE ARTE DE CONTAR HISTÓRIA
	Aliteratura infantil é fundamental para a formação da criança. Há inúmeros estudos que destacam a importância da literatura infantil para a formação de qualquer criança. Nesse sentido, a contação de história é uma forma oral de apresentação e encantamento em relação a criança. Um mundo novo e fascinante surge, as palavras ganham vida e adentram na subjetividade infantil de tal forma que promove uma assimilação importante de características da realidade via escuta de histórias. 
	Segundo Oliveira (1996) a literatura infantil é semelhante ao leite em uma mamadeira. Vital para a formação biológica da criança, assim como a literatura é vital para a formação da criança do ponto de vista intelectual. É uma forma de transformar, ampliar os horizontes e conduzir a uma formação reflexiva sobre a realidade. 
Talvez, ainda segundo Oliveira (1996), é no ponto em que realidade e ficção se encontram se produz um novo conhecimento, tendo origem em processo de compreensão do texto que se escuta, projeção imagética, confrontação com a realidade e assimilação de elementos importantes para a vivência. Assim, contar história não só é uma estratégia didático-pedagógica, mas também uma forma de relacionar a criança com o mundo ao seu redor. Apresentar as disposições de valores culturais e morais, a interação social e a magia da arte. 
	Entretanto, Pires (2011) salienta que a contação de história atinja seus objetivos discutidos apontados, o contador precisa planejar a forma de apresentação, ser um leitor assíduo, ambientar o espaço em que será narrada a história e interagir com a criança. Assim, o contador de história precisa, antes de estipular e propor este processo de assimilação de valores cognitivos, culturais e morais, precisa conduzir o interlocutor, envolve-lo em um mundo de fantasia e magia. Há todo um processo para se contar uma história para crianças. 
	Por isso, a ideia de arte é muito presente quando se trabalha a contação de histórias. O contador precisa criar o universo narrado por meio de gestos, entonação e caracterização de personagens. Alternâncias de vozes, interação com o público, compreensão do texto lido. O contador é um apreciador do universo das palavras. Este seja, talvez, o requisito essencial para um contador. Admirar o universo literário, ler de forma assídua, não como imposição, mas como prazer. Contar história é a menor parte, o caráter profissional e pedagógico é mínimo diante da forma com que se apresenta. 
	Quando se pensa em arte, na verdade, o que se destaca é a paixão, o prazer, afirma Coelho (1995). A arte é manifestação da essência, da busca por significados a partir de palavras, recriar o mundo para compreendê-lo. Assim, quando se conta uma história, antes de qualquer estratégia didático-pedagógica, se sobressai o prazer, os sentimentos oriundos dos significados criados e recriados por cada letra, cada palavra, cada som, cada forma de interpretar. 
O contador é um ator, é o que afirma Ramos (2011), com o poder de vivenciar o texto, ainda que em um tempo reduzido, conduzindo a criança por um universo em que realidade, ficção e sonho se intercruzam e produzem algo único, vital, que motiva, estimula e capacita a criança a realidades, e, de forma sutil, se torna uma ferramenta, um instrumento latente, eficaz para a formação e aproxima a criança do universo das palavras. 
Muitas vezes se equivoca ao pensar no sabe prático, nem todo aprendizado tem uma forma prática de uso, mas o saber, o conhecimento tem um valor inestimável, formar leitores é fundamental para a qualidade social. E contar história é uma forma de sensibilizar e conscientizar, deste simples ato é que se constroem experiências extraordinárias que proporciona a criança formar sua visão, ciente de que não há verdades absolutas, mas sim conhecimento sempre passível a transformação.
A educação desta forma seria libertadora no sentido de dar a criança uma forma reflexiva de vivenciar o conhecimento, sem memorização. O contar história é a arte não só de criar um mundo com palavras, mas também de formar crianças por meio das palavras.
Assim, Oliveira (1996) afirma que o contador é o mágico que como um leitor atento apresenta uma história com detalhes, recria o universo da história e viaja com a criança por este universo. Guia e turista, seu papel é acreditar de tal forma que este mundo, momentaneamente, seja real. E que permita a criança estabelecer as relações. Este é o maior mistério. 
Obvio que não se trata de um dom, mas de uma busca por iniciativas simples as práticas educativas. Ao se contar uma história não é a educação o foco, nem metodologias, estratégias, objetivos. Conta-se uma história pelo prazer, por magia, mas, em última instância, sim o processo de educação acontece intrínseco, sutil, eficaz. O contar história apresenta uma realidade em que conhecimento, realidade, fantasia e saberes se inter-relacionam de uma forma sutil, fascinante. Este é o papel do educador, instigar a criança a busca pelo saber, apresentar os instrumentos e o caminhos e conduzir a criança a uma jornada pela vida. E a contação de história é em si este processo.
3.1 Contação de história e a educação: um instrumento instigante ao processo educacional
	
Pires (2011, p. 10) assim afirma sobre o contar histórias:
	
Entende-se que esta atividade [contar histórias] contribui para nossa formação acadêmica e profissional, uma vez que nosso foco de pesquisa, a contação de histórias, está atrelado a relação professor e aluno. É uma contribuição aos professores que não usam a contação de histórias como recurso pedagógico, para que possam pensar sua prática, buscando melhorar sua práxis para a emancipação de seus alunos.
	A relação educação e contação de histórias é intrínseca. Não há como estabelecer limites práticos. Entretanto, os resultados evidenciam a eficácia da contação de história para a formação de um aluno leitor e crítico. Alimentar a imaginação é a estratégia que o contar história evidencia. Coelho (1995) afirma que a história infantil produz na criança condições para melhor formação e desenvolve a imaginação e a vivência em sociedade. “ [...] a história é importante alimento da imaginação. Permite a auto identificação, favorecendo a aceitação de situações desagradáveis, ajuda a resolver conflitos, acenando com esperança” (COELHO, 1995, p. 12). 
	Segundo Coelho (1995) o ato de contar história é social. Nesse sentido, a criança pode interagir com o meio, as outras crianças. Além disso, a história acarreta consigo características culturais e morais presentes ao longo do discurso.
	Ainda que seja uma prática essencial, é apenas uma prática que na medida certa, enriquece os conteúdos trabalhados pedagogicamente em sala de aula. Privilegia o vínculo e a relação afetiva professor e aluno. Note-se a importância de uma formação dinâmica ao educador para que consiga planejar suas ações em sala de aula e se valer de recursos variados para criar condições de aprendizagem.
	Se contar história forma um bom leitor, isto significa que se forma um aluno mais atento, capaz de ler as informações do mundo ao redor e, de uma forma crítica, selecionar e apontar um posicionamento relevante a estas informações. Uma formação consistente é fundamental para o desenvolvimento da criança. Assim, educar é criar as condições e contar história é a condição mais criativa e intensa de conhecimento em que se pode submergir um aluno. 
	 O processo educacional é tão sutil com esta ferramenta que o aluno envolvo no lúdico potencializa seus conhecimentos. Entretanto, o educador precisa, como necessidade primordial, planejar esta atividade em todos os detalhes para que atinja seus objetivos. 
	A entrega a arte de contar história estabelece vínculo afetivo e cognitivo com a criança, a história em si trabalhada nos detalhes permite o trabalho educacional. Não há exclusão, mas sim complementação. Educar e narrar são partes do processo. E neste processo o aluno é essência. Não se conta uma história para impor uma realidade a criança, mas por meio da história se apresenta realidades,saberes. Desenvolve-se competências individuais e coletivas, habilidades individuais e coletivas, se forma o aluno com autonomia e criatividade. 
	É muito importante esse trabalho com a leitura. A civilização se sustenta no letramento e na capacidade de leitura e interpretação dos diversos textos a que somos expostos durante o quotidiano. Assim sendo, o estimulo a comunicação e a leitura promove uma formação de uma competência de fundamental importância para as relações sociais a capacidade de interpretação e resolução de situações problemas.
	A contação de histórias estimula a criança a escuta e compreensão de informações. O exercício a que as crianças são estimuladas a realizar consiste num estimulo da linguagem. O educador cria condições de relato para os alunos. É obvio que ainda não se trata de grandes comunicações ou de narrativas bem formuladas. As vezes são sons e historias ainda sem muita coerência, mas, de qualquer forma, a criança se depara com a linguagem e começa a treinar e assimilar os mecanismos da linguagem. Competência indispensável na vivencia em sociedade.
	Ramos (2011, p. 45) afirma que 
Ler com os ouvidos possibilita a quem o faz ser um leitor pelo exercício da escuta. Quando escuta, pode produzir suas tessituras com os sentidos que constrói a partir do texto que lhe é narrado, por exemplo. A diferença entre ler vendo e ler ouvindo, ou melhor, escutando, se deve ao fato de que existem elementos da linguagem oral que não podem ser articulados pela língua escrita, como aqueles relacionados à intensidade e frequência que geram o ritmo, a melodia, o sussurro, o gemido, dimensões imprescindíveis para uma boa leitura oral. As emoções mais intensas, como as possibilidades por um texto escrito ou oral, estimulam o uso de sons vocais, mesmo que em intensidade imperceptível aos outros. 
	Aí se estabelece o vínculo educação, leitura e contação de história. Nesta prática, o aprendizado está na essência do processo. Não é preciso expor sobre conteúdos e conceitos, mas somente viajar no universo narrado.
	Assim, a contação de história é um instrumento importante para a formação da criança. Além disso, ao se contar uma história se produz um discurso, considerando que ao se produzir um texto há um processo de intertextualidade constante, ao se contar uma história, concomitante a este processo, há a representação de uma série de ideologias, padrões cultuais, valores morais expostos de um modo sutil. Acarretando as crianças uma formação não só conteudística, mas também cultural e moral. 
E, por fim, a formação de um cidadão com maiores recursos para compreender as informações produzidas a sua volta, tendo condições de formar opinião e uma postura mais crítica em relação ao seu ambiente.
3.2 A formação cultural, social e moral: a contação de história como prática reflexiva na educação da criança
	A prática de contar uma história ou narrar uma história proporciona a criança uma formação pautada pelo desenvolvimento da sensibilidade, estimulo a criatividade e a imaginação, amplia a formação cognitiva e cultural. Além disso, desenvolve a competência linguística da criança, potencializando o poder de comunicação em sociedade.
	Portanto, ao contar uma história se transmite uma série de ideias e conceitos importantes para a formação infantil. É importante notar que esta pratica de contar uma história pertence a essência humana. Coelho (2001) afirma que a palavra é permitem ao humano transmitir experiências, transmitir conhecimento, processo que de fato, possibilita a constante evolução social humana. O poder da palavra segundo Coelho (2001, p. 13) é
... o poder de resistência da palavra prova de maneira irrefutável que a comunicação entre os homens é essencial à sua própria natureza. O impulso de contar histórias deve ter nascido no homem no momento em que ele sentiu necessidade de comunicar aos outros, certa experiência sua, que poderia ter significação para todos. 
	Coelho (2001) afirma que é esta característica de transmitir um saber por meio de histórias que o educador deve explorar. Ao se produzir um discurso, seja oral ou escrito, se concebe intrínseco a esta produção valores imaginativos e ficcionais e, concomitante, valores culturais, sociais e ético-morais, uma vez que a intertextualidade e a verossimilhança é que sustenta a produção ou interpretação textual. 
	Nesse sentido, a contação de história amplia a formação e a prática educativa, já que por meio da história contada e interpretada pelo contador, transmite-se a criança elementos textuais que serão importantes para a formação cognitiva e social da criança.
	Não se trata, então, de uma receita educacional. O que tem relevância é que ao se utilizar a contação de história se concilia o universo lúdico, conhecimento e valores sociais. De uma contação de história planejada pode-se trabalhar a comunicação, a importância da linguagem, conceitos das mais variadas ciências seja exatas, humanas ou biológicas, pode-se refletir sobre a conduta humana e valores relacionados a ética e a moral. 
	Consequência inerente a este processo é a formação de um cidadão com excelente habilidade de leitura e com ferramentas necessárias para discernir informações relevantes na era da informação. Uma educação que privilegia a opinião crítica e consciente. Talvez, seja o início de uma postura diferenciada. Propor uma educação que tenha condições de se adaptar a sociedade com um acesso a informações de todas as áreas do conhecimento. Este é o ponto mais importante, promover a discussão e uma prática educacional reflexiva e constante.
3.3 A formação intelectual: a contação de história e a leitura caminhos para o desenvolvimento cognitivo
	Saltini (1997), em seus estudos, aponta que a linguagem, a priori, é a competência básica a ser desenvolvida e trabalhada ao se contar uma história. O universo das palavras se apresenta a criança, o contador é o transmissor, interpreta e constrói, em tempo real, um universo mágico para a criança. As palavras ganham vida, se propagam e materializam em cada mente, em cada pensamento. Este universo estimula a criatividade e a imaginação.
	Além disso, estimula a formação e a aquisição da linguagem seja na forma oral seja na forma escrita. A formação e assimilação da linguagem é responsável por ampliar o universo infantil. Não se trata apenas em falar ou em escrever. Ao se estimular a leitura, desenvolve-se a curiosidade, a busca constante por novos horizontes. A contação de história prioriza este processo de reconhecimento de sons e signos. A princípio, se estimula a capacidade comunicativa via oralidade, explora-se a ânsia por contar experiências, inventar histórias, transmitir desejos, e se revela como a comunicação é essencial a vida.
	O registro conversacional se amplia a tal ponto que, consequentemente, na impossibilidade de se arquivar todas as informações apenas na memória. E a escrita se torna necessidade. As palavras se tornam parte da vivência e assegura uma formação consistente.
	Ao se formar leitores, os horizontes se ampliam: entretenimento, saúde, ciência, sociedade, informação, etc... Toda a experiência de sociedade e civilidade torna-se um horizonte na vida da criança, basta ler e o mundo se apresentará em detalhes.
	A contação de história estimula a prática textual, ou seja, não basta apenas ler, mas sim vivenciar as possibilidades. Leitura e prática. Reflexão e conscientização. Capacidade essencial a vida na atual sociedade. Desenvolver o conhecimento e a curiosidade são partes importantes para o processo de educação. Estimular a cognição, o intelecto. 
Curiosidade pelo saber, a infância é parte de um processo de intelectualização. Formar cidadãos com capacidade de distinguir, opinar, consciente de seu papel e crítico. A contação de história possibilita a formação desta realidade. 
	
3.4 A contação de história: formação social, cultural e moral
	Coelho (1995) aponta em seus estudos que ao se contar uma história, há a preparação de todo ambiente para que se interprete a narração. O contador se caracterizae trabalha com uma narração que oscila entre entonações. Ao se representar, há a transmissão de conceitos importantes para a vida em sociedade. Isto acontece porque a história reproduz, ou melhor, representa microestruturas sociais, comportamentos e maneiras de agir em coletividade.
	Segundo Oliveira (1996) é neste processo que a criança assimila e aprende como se portar em relação ao espaço em que está inserido. Além disso, a história seja de ficção, fantasia sempre se sustenta em valores de cultura e moral. São estes valores que perpassam o discurso de modo tão sutil e comum que não há percepção, mas, de fato, existem e são reproduzidos. Este é um processo natural ao ser humano. São modelos apresentados e, que de alguma forma, são paradigmas no inconsciente infantil. 
	Além de estimular o imaginário e criatividade, as histórias narradas exercem apresenta por meio a representação em si valores importantes para a criança, segundo Oliveira (1996). Talvez seja uma forma adequada para a prática de temas transversais como respeito, tolerância, compromisso, dedicação, gentileza. Ou mesmo apresentar instituições que regulamentam a vida em sociedade: família, escola, governo... 
	E todo este processo de formação estabelece uma relação direta entre lúdico e ensino; fantasia e realidade; ficção e realidade. A linguagem é facilitada e se adequa as necessidades e realidade infantil. Por isso a contação de história é fundamental para a formação de base na educação.
	A leitura de mundo se acentua à medida que se ouve as histórias e a conscientização se torna cada vez mais consistente. A interação com a narrativa forma um leitor de mundo muito mais atento, concentrado em capaz de tomar decisões com consciência. Daí a importância de se formar um leitor pleno e consciente. Já que, em última instância, se solidifica valores morais e culturais vitais para a manutenção social.
3.5 O brincar na escola: o lúdico e a educação 
	
Saltini (1997) afirma que a escola, por ser o primeiro agente socializador fora do circuito familiar da criança, torna-se a base de aprendizagem se oferecer todas as condições necessárias para que ela se sinta segura e protegida. Assim, para que a criança tenha um desenvolvimento saudável e adequado dentro do ambiente escolar, e consequentemente no social, é necessário que haja um estabelecimento de relações interpessoais positivas, como aceitação e apoio, possibilitando assim o sucesso dos objetivos educativos.
Ressalta Saltini (1997, p. ):
As escolas deveriam entender mais de seres humanos, e de amor do que de conteúdos e técnicas educativas. Elas têm contribuído em demasia para a construção de neuróticos por não entenderem de amor, de sonhos, de fantasias, de símbolos e de dores.
Saltini (1997) postula que o brincar está associado à criança há séculos. Mas foi através de uma ruptura de pensamento que a brincadeira passou a ser percebida e valorizada no espaço educacional das crianças menores. No passado, o que se via era o brincar apenas como forma de fuga ou distração. Não lhe sendo conferido o caráter educativo. O brincar tem a função socializadora e integradora. A sociedade moderna cada vez mais tem sofrido transformações em relação ao brincar e ao espaço que se tem para brincar, os pais e os filhos têm pouco tempo para ficarem juntos e brincar.
 A escola acaba sendo a única fonte transmissora de cultura, onde ainda existem espaços para as crianças brincarem, tendo os profissionais de educação a incumbência de ensinar e resgatar as brincadeiras populares, mas não só isso, como também o jogo deve fazer parte do cotidiano das crianças, e seria usado como uma nova forma de transmitir conhecimento, pois a atividade lúdica é benéfica ao aprendizado.
A prática da brincadeira na escola promove aspectos diversos na criança que serão de suma importância para o seu desenvolvimento biopsicossocial, sendo imprescindível para uma formação sólida e completa. O brincar vai desde a sua prática livre até uma atividade dirigida, com regras e normas. Os jogos são ótimos para desenvolver o raciocínio lógico, e também para o desenvolvimento físico, motor, social e cognitivo, e atualmente a aplicação desta nova maneira de transmissão de conhecimento é até mais fácil pelos recursos e metodologias disponíveis para o professor.
Segundo Carneiro & Dodge (2007, p. 91): 
Para que a prática da brincadeira se torne uma realidade na escola, preciso mudar a visão dos estabelecimentos a respeito dessa ação e a maneira como entendem o currículo. Isso demanda uma transformação que necessita de um corpo docente capacitado e adequadamente instruído para refletir e alterar suas práticas. Envolve, para tanto, uma mudança de postura e disposição para muito trabalho. 
As crianças precisam brincar, porque, desta forma, aprendem a participar das atividades pelo prazer de brincar, sem visar uma recompensa ou temer castigo, mas adquirindo o hábito de estar ocupada, fazendo alguma coisa inteligente e criativa, experimentando o mundo ao seu redor, buscando um sentido para sua vida. Mas, mesmo proporcionando todos esses benefícios, o brincar, a atividade lúdica, nas escolas de Educação Infantil quase sempre são muito dirigidos, se tornando menos espontâneo, criativo e prazeroso.
Muitas vezes a escola não oferece oportunidades, espaços para a prática da brincadeira livre, e quase sempre, impede que aconteça. Seria valoroso que a escola se apropriasse da brincadeira, porque isso traria resultados mais relevantes e adequados às necessidades do mundo de hoje. Apesar da sua importância, a prática da brincadeira na pré-escola ainda tem “fama” de ser apenas preparatória para a escola, sem valor pedagógico ou como um passatempo.
Pode-se dizer que isso é uma difícil tarefa a ser resolvida, porque nem sempre a instituição de ensino atribui o devido valor ao brincar, o que acontece no máximo é integrar a brincadeira fazendo uma atividade dirigida, e também depende do profissional de educação estar preparado para mudanças e usar isso no seu cotidiano.
3.6 O contar história: do lúdico, imaginação a educação
	Para Coelho (2001) se a escola é o espaço ideal para reprodução e valorização da cultura, da moral e da sociedade, há necessidade de usar do lúdico como uma forma de tornar o conhecimento acessivo a mais tenra idade. A verdade é que por meio do lúdico a criança desenvolve de uma forma excelente o conhecimento cognitivo e interpessoal. Assim sendo, a contação de história é um instrumento importante e de destaque neste processo.
	Ao se contar a história a criança usa a imaginação, a criatividade e mergulha em um universo em que as palavras representam uma realidade individual em que tudo pode acontecer e, ao mesmo tempo, precisa partilhar desta realidade com seus colegas. Para que tudo se torno “verdade” enquanto estão narrando. Trata-se de um jogo ou um pacto entre os interlocutores. Desta forma, palavras e ações se fundem neste universo. E desta zona de intersecção que o educador precisa explorar e desenvolver seu trabalho.
	Olhar atento e uma prática reflexiva significam uma formação de qualidade que valoriza a criança como centro do processo e estimula sua curiosidade. Contar histórias é algo tão natural que estabelece e organiza todo este processo de um modo natural. Não são necessários muitos recursos ou ensaios. Basta envolver os pequenos espectadores e torna-los parte essencial da contação.
	Contar uma história é estabeleces laços, vínculo entre mundos diferentes, entre realidades distintas. Esta é a importância da contação de história. Este é o valor que se pretende discutir neste artigo. Como educar sem tornar o conhecimento cansativo e apático. Conhecimento exige dinâmica, vida em grupo, curiosidade. Contar história envolve estas características e mais um vínculo afetivo entre os envolvidos. Depois de uma história bem contada, nenhum dos interlocutores poderá se sentir igual a antes de ouvir a narrativa. Há uma transformação, o desejo de transformar o mundo. 
	Assim, contação de história é um processo de qualificação do processode educação do país. E buscar em instrumentos essenciais a humanidade formas de desenvolver o conhecimento e de viver em sociedade. Ouvir o outro, ver o outro de verdade são necessários para uma roda de histórias. Valorizar a experiência individual, as sensações e sonhos são práticas importantes que conscientizam e formam cidadãos. Esta é a grande proposta: uma educação que sensibiliza e encoraje, que revele aos interlocutores a importância de cada ser, a necessidade da comunicação, a oportunidade de se aprender com a fantasia e a imaginação e como educação e diversão são aliados no processo de formação.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
	A proposta deste artigo e destacar a importância da contação de história como instrumento de didático pedagógico. Além disso, apontar a importância do lúdico, do estimulo a imaginação e criatividade por meio da contação de história para uma formação cognitiva, social, cultural e moral. 
	A escola é o espaço onde a criança deve interagir com o meio a sua volta, vivenciar o conhecimento e ter a curiosidade como máxima. Sendo assim, há necessidade de que a escola apresente o universo do conhecimento via linguagem e a melhor forma, destacada neste artigo, se dá ao contar uma história. Neste processo se forma um bom ouvinte, um leitor perspicaz e, de um modo sutil, a formação ética e moral da criança.
	Em vários estudos se revela a importância da contação de história para a formação de um leitor qualificado. De fato, a prática da contação de história marcar os interlocutores de tal forma que não somente a leitura se qualifica, mas a curiosidade, o desejo pelo saber. E neste processo o lúdico é fundamental. Ao se divertir e interagir a criança percebe que o conhecimento é dinâmico e exige envolvimento, os vínculos pessoais são fortalecidos, propiciando maior consistência no trabalho educativo.
	A história envolve os alunos com o universo das palavras, a imaginação e a criatividade são constantes. Realidade e ficção se cruzam, intersecção importante para que se forme novos paradigmas com modelos mais apropriados a vivência social. Não se trata de uma padronização, mas sim de uma conscientização. 
	Desde os períodos iniciais do processo educativo a chave está no estimulo, na diversão como caminho e na dedicação como forma de superação. Para que esta estratégia se sustente o educador precisa ter uma postura reflexiva. Planejar, avaliar e organizar seu trabalho. Precisa estabelecer vínculos com seus alunos por meio da afetividade. Uma educação humanizadora é parte deste processo. O centro é a criança, o saber é o caminho e as estratégias didático-pedagógicas são ferramentas para envolver aluo e saber. 
	Nesta perspectiva a contação de história é uma forma de potencializar todo o processo por se tratar de uma atividade polivalente, uma vez que saberes, experiência, cultura, moral, se interseccionam para formar uma base consistente para o aluno. 
	Assim, a proposta deste artigo é destacar e discutir a importância da contação de história na formação na Educação Infantil. Apresentou-se a contação de história como instrumento e focalizou-se como o educador reflexivo utiliza este instrumento para o desenvolvimento da educação cognitiva, social e cultural. O processo exige planejamento e usa o lúdico para estimular a imaginação, criatividade e interação entre os participantes. Ao se contar uma história se forma um leitor perspicaz e um cidadão consciente e crítico. Os temas transversais são trabalhados ao se interpretar uma história, valores e condutas são disponibilizados e refletidos com as crianças, estabelecendo paradigmas de vivência em sociedade. O objetivo maior é promover a discussão sobre questões educacionais, já que somente coma discussão e a busca por práticas diferenciadas haverá a transformação da realidade educacional do país.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARNEIRO, Maria A. B. e DODGE, Janine J. A. A descoberta do brincar. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2007.
COELHO, Betty. Contar histórias, uma arte sem idade. São Paulo: Ática, 1995.
COELHO, Nelly Novaes. Panorama histórico da literatura infantil/juvenil. São Paulo: Ática, 2001.
OLIVEIRA, Maria Alexandre de. Leitura Prazer: Interação Participativa da Criança com a Literatura Infantil na Escola. São Paulo: Paulinas, 1996.
PIRES, Olivia da Silva. Contribuições do ato de contar histórias na educação infantil para a formação do futuro leitor – dissertação de mestrado. Maringá: UEM, 2011.
RAMOS, Ana Claudia. Contação de histórias: um caminho para a formação de leitores? – Dissertação de mestrado. Londrina: UEL, 2011.
SALTINI, C. J. P. Afetividade & inteligência. Rio de Janeiro: DPA, 1997.

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