Prévia do material em texto
Análise laboratorial dos fluidos extravasculares Profª. Drª. Bárbara Brasil Santana trabalhosunamabr@gmail.com Líquido extravasculares ❖Líquido pleural ❖Líquido peritoneal ❖Líquido pericárdico ❖Líquido sinovial ❖Líquido amniótico A u la e xp o si ti va Profa. Dra. Bárbara BrasilAnálise laboratorial dos fluidos extravasculares Fase pré-analítica Preparo do paciente ❖ Coleta de líquidos serosos - punção/aspiração por agulha ou através de drenos. ❖ Em três frascos (nome, número de registro do paciente e data da coleta). ✓1. Contagem global e diferencial ✓II. Análises bioquímicas ✓III. Microbiologia, deve ser estéril ❖Quando um ou dois frascos - bacteriologia para aliquotagem, caso haja exames bacteriológicos. A u la e xp o si ti va Profa. Dra. Bárbara BrasilAnálise laboratorial dos fluidos extravasculares Fase pré-analítica Preparo do paciente ❖Se o tempo decorrido entre a coleta e a chegada do material ao laboratório for maior que 15 minutos recomenda-se a adição de heparina (untar o frasco de coleta), para se evitar a formação de coágulo sanguíneo ou de fibrina ❖Transporte e armazenamento: a amostra deve ser analisada o mais rápido possível, no entanto, caso o exame citológico não possa ser realizado imediatamente após a coleta, a amostra deve ser refrigerada entre 2° e 8 °C para que suas características morfológicas sejam mantidas A u la e xp o si ti va Profa. Dra. Bárbara BrasilAnálise laboratorial dos fluidos extravasculares Fase analítica Exame físico ❖Cor: dependendo do quadro clínico, os líquidos serosos assumem diferente tipos de coloração. Utilizar os seguintes termos: ✓Incolor: material transparente ✓Leitoso: amostra com tonalidade esbranquiçada ✓Xantocrômico: qualquer vestígio da tonalidade amarela ou laranja devido a presença de hemoglobina (hemólise) e concentrações elevadas de proteínas ou bilirrubina. ✓Hemorrágico: tonalidade fracamente vermelha, causada por níveis muito aumentados de hemoglobina ou presença de grande quantidade de hemácias. A u la e xp o si ti va Profa. Dra. Bárbara BrasilAnálise laboratorial dos fluidos extravasculares Fase analítica Exame físico ❖Aspecto: observar a aparência do material e descrever conforme os critérios abaixo: ❖Límpido: material sem nenhuma substância/conteúdo celular ❖Levemente turvo: a turvação pode ser observada devido à presença de células sanguíneas, microrganismos (bactérias, fungos) e taxas de proteínas ou lipídios. ❖Turvo: material apresenta-se intensamente turvo em virtude de presença de numerosas substâncias ou elementos sólidos contidos na amostra ❖Presença de coágulo: visualização de grumos na amostra A u la e xp o si ti va Profa. Dra. Bárbara BrasilAnálise laboratorial dos fluidos extravasculares Fase analítica Exame químico ❖Dosagens de analitos: ❖Glicose ❖Proteínas ❖LDH (apenas com pedido médico) ❖Cloretos (apenas com pedido médico) A u la e xp o si ti va Profa. Dra. Bárbara BrasilAnálise laboratorial dos fluidos extravasculares Fase analítica Exame citológico ❖A contagem celular deve ser feita imediatamente, já que os leucócitos e as hemácias começam a lisar-se em um hora após a coleta e 40% dos leucócitos desintegram-se depois de 2 horas. A amostra que não puder ser analisada imediatamente deverá ser refrigerada; ❖Para facilitar a contagem, e ao mesmo tempo fazer a contagem de hemácias, usar a câmara de Neubauer; ❖Utilizam-se os 2° e 3° tubos de ensaios (cada um com 100uL da amostra já pipetada) para a contagem de células (citometria); A u la e xp o si ti va Profa. Dra. Bárbara BrasilAnálise laboratorial dos fluidos extravasculares Fase analítica Exame citológico ❖Pipetar do 2° tubo cerca de 20 uL da amostra (pura) no retículo de cima da câmara de Neubauer, de forma que a câmara seja preenchida em sua totalidade com a amostra a ser analisada; ❖Pipetar no 3º tubo 100 uL do líquido de Turk, resultando assim em uma diluição 1:2. O líquido de Turk tem a função de lisar as hemácias e preservar os leucócitos e células epiteliais, permitindo assim a contagem de leucócitos. Homogeneíze bem e transfira a alíquota da amostra para o retículo de baixo da câmara de Neubauer. A u la e xp o si ti va Profa. Dra. Bárbara BrasilAnálise laboratorial dos fluidos extravasculares Fase analítica Exame citológico ❖No retículo de cima (amostra pura) faz-se a contagem de todas as células (hemácias, leucócitos e outras células). A contagem é feita nos quadrantes laterais da câmara. No retículo de baixo (diluído) as hemácias estarão lisada, faz-se contagem dos leucócitos. A fórmula padrão para calcular a contagem final é a seguinte: Número de células contadas x diluição = n° de células Número de quadrante contados x 0,1 ❖ Esta fórmula pode ser usada para amostras diluídas ou não, oferecendo a vantagem de flexibilidade no número de quadrantes contados. A u la e xp o si ti va Profa. Dra. Bárbara BrasilAnálise laboratorial dos fluidos extravasculares Provas imunológicas VDRL, Pandy e Takata-ara ❖VDRL: fundamental para o diagnóstico da sífilis congênita ou da neurosífilis (em líquor) ❖Pandy: semiquantitativo no qual o fenol reage principalmente com globulinas. Em infecções crônicas como neurossifilis e na esclerose múltipla, a elevação de globulinas torna o teste de Pandy positivo. Contaminação do líquor com sangue pode acarretar falso-positivo ❖Takata-ara: Reação de floculação do líquido cefalorraquidiano utilizada no diagnóstico da sífilis. Consiste em juntar reagente de Takata e verificar que o líquido suspeito não fica com uma coloração azul, contrariamente ao que sucede no líquido de um indivíduo normal. A u la e xp o si ti va Profa. Dra. Bárbara BrasilAnálise laboratorial dos fluidos extravasculares Métodos de coloração Gram e tinta da China ❖Coloração de Gram: permite que as bactérias retenham cor com base nas diferenças nas propriedades químicas e físicas da parede celular. Diferencia bactéria gram-positivas (com parede celular – cor roxa) e gram-negativas (sem parede celular – cor rosa) ❖Tinta da China: detecção de leveduras capsuladas do gênero Cryptococcus, bactérias álcool-ácido resistentes, enterobactérias, diferenciação de estafilococos e estreptococos e E. coli. A u la e xp o si ti va Profa. Dra. Bárbara BrasilAnálise laboratorial dos fluidos extravasculares Líquido pleural Onde fica? ❖É um filtrado plasmático produzido pela pleura parietal. ❖A pleura é uma membrana delicada que recobre o pulmão pelo lado de fora (pleura visceral) e a superfície interna da parede torácica (pleura parietal). ❖O líquido pleural forma uma película lubrificante que possibilita o deslizamento de uma pleura sobre a outra durante os movimentos respiratórios. ❖Quando ocorre acúmulo de líquido, é denominado derrame pleural, que é resultado do desequilíbrio entre a produção e a reabsorção do líquido. A u la e xp o si ti va Profa. Dra. Bárbara BrasilAnálise laboratorial dos fluidos extravasculares Líquido pleural Caracterização dos derrames pleurais ❖Transudatos: não há envolvimento inflamatório das pleuras, e o acúmulo de líquido é resultante do aumento da pressão hidrostático sistêmica ou pulmonar ou da diminuição da pressão coloidosmótica do plasma. ❖Exsudatos: resultam de patologias que determinam reação inflamatória local, com consequente aumento de permeabilidade capilar e extravasamento de proteínas para o espaço pleural. Também podem se formar por impedimento ou redução da drenagem linfática. ❖Quilosos (quilotórax): ocorre por acúmulo de quilo e resulta da obstrução do ducto torácico ou da veia subclávica esquerda, de fístula linfática congênita ouda ruptura traumática do ducto torácico ou de vasos linfáticos. É O tipo de derrame mais comum no período neonatal. O aspecto do líquido é leitoso em virtude do seu alto teor em gorduras. ❖Hemorrágicos: pode ocorrer por traumatismos de caixa torácica, erosão vascular por neoplasias, ruptura espontâneade vasos subpleurais ou de grandes vasos ou hérnia diafragmática estrangulada ou ainda por lesão vacular iatrogênica durante a toracocentese ou drenagem pleural. A u la e xp o si ti va Profa. Dra. Bárbara BrasilAnálise laboratorial dos fluidos extravasculares Líquido peritoneal ou ascítico ❖É um fluido corporal presente na cavidade peritoneal, entre os folhetos parietal e visceral ❖Em condições fisiológicas, a cavidade peritoneal comporta cerca de 50 mL de fluido peritoneal, que se apresenta como um líquido translúcido de cor amarelo-clara, viscoso e estéril, produzido por células da membrana. ❖O fluido peritoneal pode também ser considerado um ultrafiltrado do plasma. A u la e xp o si ti va Profa. Dra. Bárbara BrasilAnálise laboratorial dos fluidos extravasculares Líquido peritoneal ou ascítico Caracterização do fluido ascítico ❖Transudatos: resulta de perda de líquido causada por aumento de pressão no sistema porta hepático, cuja função é drenar sangue dos intestinos e outros órgãos do sistema digestivo. Em geral, tem baixa concentração proteica, pH elevado, glicose em taxas normais e contagem de leucócitos inferior à observada em casos de exsudato. ❖Exsudatos: formado pelo líquido ativamente secretado, em geral associado a processos inflamatórios ou neoplasias. Apresenta alta concentração de proteínas, pH baixo, glicose reduzida e alta contagem de leucócitos. A u la e xp o si ti va Profa. Dra. Bárbara BrasilAnálise laboratorial dos fluidos extravasculares Líquido pericárdico Caracterização do fluido pericárdico ❖É líquido seroso segregado pela camada serosa do pericárdio na cavidade pericárdica. ❖O pericárdio é constituído por duas camadas – uma camada fibrosa externa e uma camada fibrosa interna. ❖Esta camada serosa apresenta duas membranas que encerram a cavidade pericárdica, para a qual é segregado o líquido pericárdico. ❖O líquido é semelhante ao líquido cefalorraquidiano do cérebro, amortecendo e permitindo ao órgão movimentar- se. A u la e xp o si ti va Profa. Dra. Bárbara BrasilAnálise laboratorial dos fluidos extravasculares Líquido sinovial Caracterização do líquido sinovial ❖Ultrafiltrado plasmático, rico em mucina ❖Viscosidade conferida por ácido hialurônico (fundamental para lubrificação) ❖Desprovido de fibrinogênio (incoagulabilidade em condições normais) ❖Líquido estéril, amarelo-claro, viscoso, <200 leucócitos/mm3 e polimorfonucleares abaixo de 25% ❖Monócitos, células sinoviais, fagócitos não classificáveis e células não identificadas em quantidades variáveis A u la e xp o si ti va Profa. Dra. Bárbara BrasilAnálise laboratorial dos fluidos extravasculares Líquido sinovial Classificação do líquido sinovial ❖Considerando Análise macroscópica, contagem total de leucócitos e diferencial, presença ou ausência de sangue, resultado do Gram e cultura: ✓LS classe I não inflamatória – límpido, amarelo e viscoso. Contagem de leucócitos <2000. Típica de osteoartrose ou artropatia pós-traumática. ✓LS classe II inflamatória – amarela, translúcida e de baixa viscosidade. Contagem total de leucócitos entre 2000 e 75mmm, podendo alcançar 100000 células. Acima de 50% das células são PMN. Típicas de artropatias microcristalinas, soronegativas e autoimunes, assim como artropatias pós-virais, fúngica, micobacteriana e artrite de Lyme. ✓LS classe III séptico, presente nas infecções bacterianas – amarela, opaca e de baixa fiscosidade. Contagem de leucócitos excede 100000 células, com predomínio de PMN (acima de 95%). Coloração de Gram e cultura revelam o agente bacteriano responsável pelo quadro. ✓LS classe IV hemorrágico, encontrado nas artropatias pós-traumáticas, distúrbio hemorrágico, sinovite vilonodular pigmentada e doença articular metastática – características extremamente variáveis, sendo alterado com a terapêutica instituída. A u la e xp o si ti va Profa. Dra. Bárbara BrasilAnálise laboratorial dos fluidos extravasculares Líquido sinovial Pesquisa de cristais A u la e xp o si ti va Profa. Dra. Bárbara BrasilAnálise laboratorial dos fluidos extravasculares Líquido amniótico Caracterização do líquido amniótico ❖Organismos maternos e fetais ❖Proteção contra eventuais traumas, manutenção e regulação de temperatura fetal, contribuição para o movimento fetal e desenvolvimento muscular ❖Células esfoliadas do âmnion, substâncias orgânicas (proteínas, aminoácidos, substâncias nitrogenadas não-proteicas lipídeos, carboidratos, vitaminas, enzimas, hormônios) e inorgânicas (eletrólitos) A u la e xp o si ti va Profa. Dra. Bárbara BrasilAnálise laboratorial dos fluidos extravasculares Líquido amniótico Caracterização do líquido amniótico ❖Alfafetoproteína – produzida pelo saco vitelino fetal ou pelo trato gastrointestinal e fígado (depende da idade gestacional) ❖Altos níveis: Relacionada a defeitos do tubo neural, necrose hepática, obstruções urinárias, defeitos de osteogênese, gestação múltipla. ❖Baixos níveis: Alterações genéticas (trissomias cromossômicas), óbito fetal. ❖Analise cromossômica, exames moleculares, maturidade pulmonar fetal, avaliação de sofrimento fetal (verde – mecônio; amarelo a âmbar – bilirrubina; vermelho – sangue) A u la e xp o si ti va Profa. Dra. Bárbara BrasilAnálise laboratorial dos fluidos extravasculares Líquido cefalorraquidiano (LCR) Caracterização do líquido cefalorraquidiano ❖LCR – Fluido aquoso – espaço intracraniano ❖Fornecimento de nutrientes essenciais ao cérebro, remoção de produtos da atividade neuronal do SNC e proteção mecânica das células cerebrais ❖Produzido no plexo coroide ❖Filtração passiva do sangue pelo endotélio capilar coroidal e secreção ativa pelo epitélio monoestratificado ❖Composição semelhante a um ultrafiltrado do plasma (99% de água) ❖Presença de tumores, infecções, traumas, isquemias e hidrocefalias A u la e xp o si ti va Profa. Dra. Bárbara BrasilAnálise laboratorial dos fluidos extravasculares Líquido cefalorraquidiano (LCR) Avaliação do líquido cefalorraquidiano ❖Coleta – médico solicitante (Lombar, suboccipital ou cisternal e ventricular) ❖Coleta em tubo sem anticoagulante, estéreis e identificados com os número 1, 2 e 3 ✓ 1 – Análise bioquímica e sorológica ✓2 – Exames microbiológicos ✓ 3 – Contagens celulares ❖Coleta única: Microbiologia, Hematologia, Bioquímica e imunologia ❖Exame físico, exame citológico, exame bioquímico, exame microbiológico, exame imunológico A u la e xp o si ti va Profa. Dra. Bárbara BrasilAnálise laboratorial dos fluidos extravasculares