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ESPÉCIES DE CASAMENTO VÁLIDO
O casamento pode ser:
1 – casamento civil: é aquele celebrado de acordo com as regras impostas pelo Estado. É a modalidade preferida por aqueles que fazem a opção pela formação de uma família matrimonial.
2 - casamento religioso com efeitos civis: a validade civil do casamento religioso está condicionada à habilitação e ao registro no Registro Civil das Pessoas Naturais, produzindo efeitos a partir de sua celebração, art. 1.515. o registro será submetido aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil, art. 1.516.
3 - casamento putativo: é aquele nulo ou anulável, mas que, em atenção à boa-fé com que foi contraído por um ou por ambos os cônjuges, produz, para o de boa-fé e os filhos, todos os efeitos civis até passar em julgado a sentença anulatória. A essência do casamente putativo está na boa-fé de um ou de ambos os cônjuges no momento da celebração do matrimônio.
Para o cônjuge de boa-fé os efeitos do casamento putativo são os mesmos de um casamento válido até a data da sentença anulatória. A dissolução do matrimônio nestes casos, assemelham-se aos efeitos do casamento dissolvido pelo divórcio, ou seja, cessam para o futuro.
Estando ambos os cônjuges de boa-fé, serão válidas as convenções antenupciais que gerarão efeito até a data da anulação, atendendo-se na partilha do bens ao que foi estabelecido no pacto antenupcial.
4 – casamento nuncupativo: é aquele em que os contraentes manifestam o propósito de casar e, de viva voz recebem um ao outro por marido e mulher, na presença de seis testemunhas, as quais não poderão ser parentes dos noivos e devem comparecer, dentro de 10 dias, perante a autoridade judiciária mais próxima a fim de que sejam reduzidas a termo suas declarações, pelo processo das justificativas avulsas. 
Neste caso, a presença da autoridade celebrante pode ser suprimida quando não for possível obtê-la e os próprios contraentes conduzem o ato de matrimônio manifestando seu desejo perante as testemunhas. 
O juiz determinará providencias para verificar a inexistência de impedimentos, em processo semelhante ao de habilitação a posteriori para o casamento, ouvirá o MP e realizará as diligências necessárias, antes de proferir a sentença. 
Após o transito em julgado o juiz mandará registrar no Livro de Registro de Casamentos, retroagindo os efeitos para a data do casamento, art. 1.541, §§ 1º a 4º.
Se o enfermo convalescer e puder ratificar o casamento em presença da autoridade competente e do oficial do registro, serão dispensadas, estas formalidades. Não havendo a ratificação após a convalescência não tem valor o casamento. Art. 1.541, § 5º do CC.
Se nem as testemunhas nem os nubentes comparecerem à presença da autoridade competente no prazo legal, o casamento não se ratifica, tendo-se por inexistente.
5 – casamento consular: é o celebrado por brasileiro no estrangeiro, perante autoridade consular brasileira, o qual deverá ser registrado em 180 dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou em sua falta, no 1º ofício da capital do Estado em que passaram a residir.
A eficácia, no Brasil, do casamento celebrado perante autoridade diplomática ou consular é submetida, à condição de efetivação de seu registro em território nacional, art. 32, § 1º da Lei dos Registros Público.
6 – casamento por procuração: o casamento pode ser celebrado mediante procuração, por instrumento público, que outorgue poderes especiais ao mandatário para receber, em nome do outorgante, o outro contraente, art. 1.542.
Há no casamento por procuração, a representação voluntária na celebração das núpcias. A procuração deverá ter a forma pública, posto que o ato a ser praticado é solene e os poderes devem ser especiais, devendo a procuração ser passada para o fim específico do procurador representar o nubente na cerimônia do casamento. A revogação dos poderes somente poderá ser feita através de instrumento público, art. 1.542, § 4º.
O prazo de validade da procuração é de no máximo 90 dias, podendo as partes convencionar prazo mais reduzido. Não deve ser admitido que os dois nubentes confiram poderes à mesma pessoa, porque desvirtuaria a natureza do consentimento. Contudo, no que se refere ao sexo do procurador é indiferente.
7 – casamento de estrangeiros: a união de estrangeiros realizada no Brasil obedece à lei brasileira. Todavia, a capacidade para casar aplica-se a lei do domicilio dos nubentes, por tratar-se de estatuto pessoal.
8 – conversão da união estável em casamento: o art. 1.726 diz que a união estável pode ser convertida em casamento, desde que feita a solicitação ao juiz. Contudo a conversão não produz efeitos pretéritos, valendo apenas a partir da data em que se realizar o registro.
São duas as possibilidades de conversão de união estável em casamento:
1- A forma administrativa: se dá mediante requerimento feito pelos conviventes ao Oficial do Registro Civil. Esta forma não foi disciplinada pelo Código Civil, mas sim, pela Lei nº 9.278/96 a qual não foi revogada no que se refere ao procedimento administrativo, por esta razão permanece a opção.
Após receber o requerimento o Oficial do Registro Civil, verificando a superação dos impedimentos e o regime de bens a ser adotado no casamento, inicia o processo de habilitação. 
Uma vez habilitados os requerentes, a conversão da união estável em casamento será registrada, prescindindo-se da celebração e das solenidades previstas no CC.
Do assento não deve constar data de início da união estável, não servindo, portanto, como prova da existência e da duração da união em período anterior à conversão.
 
A conversão administrativa da união estável em casamento é um procedimento célere que prestigia o que foi previsto no texto constitucional, ou seja, facilita o casamento, mas há um grave problema, a falta de segurança jurídica no que tange à data que deve ser considerada como de realização do casamento.
Além da ausência de uma data específica a ser considerada como da realização do casamento, uma vez que não há celebração, não se reconhece também, qualquer efeito à união anterior ao casamento.
2 - A conversão judicial: nessa forma de conversão o pedido deve ser dirigido ao Juiz de Direito que apurará o fato, reconhecendo a data de início da união estável e homologará o pedido.
Com a homologação, o Juiz determinará ao Oficial do Registro que lavre o assento da conversão da união estável em casamento, do qual deve constar a data do início de tal união apurada pelo Juiz.
A diferença entre o procedimento judicial e o administrativo de conversão de união estável em casamento é que, na forma administrativa, tem havido vedação do reconhecimento da data de início da união estável, o que somente pode ser feito no procedimento judicial.
 
São partes legítimas para o ajuizamento da ação de conversão de união estável em casamento as pessoas desimpedidas para casar e que tenham condições de livremente manifestar o seu ato de vontade. 
O pedido de conversão é de caráter personalíssimo, não havendo que se cogitar de legitimação extraordinária.
Para a maioria da doutrina a conversão da união estável em casamento opera efeitos retroativos, sob o argumento de que se não fosse assim, nenhuma diferença prática haveria entre a conversão e a mera celebração do casamento. 
Sendo assim, embora seja silente a lei, deverá constar no registro do casamento a data do início da união estável convertida, surtindo os respectivos efeitos jurídicos desde então. 
Sendo os efeitos retroativos à data da constituição da união estável, o regime de bens eventualmente eleito pelos nubentes em pacto antenupcial também tem efeito retroativo ao início da união estável.
A jurisprudência entende que a retroação dos efeitos se dá mediante manifestação dos requerentes quando do pedido de conversão.
Atualmente tramita na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei 309/21 que altera o Código Civil para estabelecer que a existência de casamentoou de união estável de um dos conviventes impede a caracterização e o reconhecimento de novo vínculo de união estável no mesmo período, salvo se a parte casada já estiver separada de fato ou judicialmente. 
DA INEXISTÊNCIA E DA INVALIDADE DO CASAMENTO
Considera-se inexistente o casamento não celebrado de acordo com as prescrições legais vigentes, ou que não se revestirem das solenidades obrigatórias, ou que careçam de um dos pressupostos essenciais à sua formação, como o consentimento, por exemplo. 
Não se consuma o matrimônio por ausente um de seus elementos integrativos. Há um mero consórcio de pessoas, ou uma união de fato, mas não o casamento. Daí não resultar qualquer efeito matrimonial a união em tais moldes, nem podendo ser invocada a posse do estado de casado.
O casamento é inexistente nas seguintes hipóteses:
1 – falta de consentimento dos nubentes: a declaração de vontade há de ser explícita, tanto que, verificada alguma dúvida ou mesmo indecisão na resposta à pergunta formulada pelo juiz, é suspenso de imediato o ato. Inexistirá o casamento sempre que faltar a declaração de vontade de casar-se de parte de um ou de ambos os nubentes.
2 – incompetência absoluta do celebrante para realização do casamento: para ser válido o casamento a celebração se faz perante a autoridade competente, investida no poder legal para o ato. Se a autoridade exerce de fato a competência, embora não revestida do cargo específico, não é de ser anulado o casamento, por ser o mesmo inexistente.
A inexistência pode ser declarada de ofício, quando, no assento, não constar a presença do juiz de casamento, ou das testemunhas, ou de alguma outra solenidade essencial. Simplesmente se averba a inexistência do ato.
CASAMENTO INVÁLIDO
O casamento inválido pode ser nulo ou anulável, dependendo da inobservância dos requisitos de validade exigidos na lei.
 
O casamento inválido é aquele que no momento da sua celebração se encontra contaminado por um vício de ordem pública, ou seja, com ofensa à uma predeterminação legal de ordem pública, em regra, o casamento inválido não produz seus efeitos principais, podendo produzir efeitos colaterais ou secundários, sendo a nulidade a forma mais grave da invalidade.
Tanto o casamento nulo quanto o casamento anulável existem no mundo jurídico e, portanto, produzem determinados efeitos.
Sendo o casamento nulo, que é o celebrado com infringência de impedimentos previstos no art. 1.521 do CC, a nulidade só pode ser declarada pelo juiz competente mediante ação própria, Ação de Nulidade de Casamento, a qual é imprescritível.
O ato nulo nasce morto, mas, ainda assim, é preciso de uma ação própria para declarar a nulidade do ato. Enquanto não proferida uma sentença nesta ação própria, este casamento estará produzindo efeitos perante a sociedade.
A nulidade tem algumas características:
- O ato nulo nasce morto;
- A nulidade é imediata, se aplica de pleno direito;
- A legitimação é ampla, qualquer interessado pode propor a ação de nulidade;
- O ato nulo é insanável, não podendo ser ratificado;
- A nulidade é perpétua, ela pode ser atacada a qualquer tempo.
As causas de anulabilidade do casamento são de ordem particular e estão mencionadas no art. 1.550, incisos I à VI, do Código Civil.
 
O ato anulável existe juridicamente, nasce produzindo todos os seus efeitos, e via de regra podem ser convalidados.
O prazo para ser intentada a ação de anulação de casamento é decadencial, previsto no art. 1.560 e seus incisos do CC.
O casamento anulável nasce produzindo todos os efeitos, faz-se imprescindível a ação própria de anulabilidade e se o juiz julgar procedente o pedido, a sentença é desconstitutiva do vínculo matrimonial. 
 
A anulabilidade não se opera de pleno direito, ela sempre depende da iniciativa de um legitimado específico.
Características do ato anulável
1) A anulabilidade não é imediata, ela não se opera de pleno direito. É imprescindível que o juiz decrete essa anulabilidade.
2) Legitimidade - Enquanto na nulidade é ampla, na anulabilidade, a legitimação é relativa.
3) A anulabilidade é sanável. Cessado o vício, o participante do ato ou negócio pode ratificá-lo (e, ao ratificar, sana o vício). O ato nulo, por outro lado, é insanável, não pode ser ratificado, mesmo cessada a causa da nulidade, pois, o ato nulo ofende a ordem pública.
4) Enquanto a nulidade é perpétua (pode ser atacada a qualquer tempo), a anulabilidade é temporária.

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