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A criança vomitadora

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Julia Folly - Med 8º semestre
A criança vomitadora
Pediatria
Conceitos gerais
→ Importante diferenciar a idade da criança: neonato (até 28 dias incompletos), lactente (28 dias - 2
anos), pré-escolar, escolar, adolescente..
→ • Idade do paciente • Idade de início dos sintomas • Frequência dos sintomas • Características dos
sintomas: regurgitações ou vômitos ? • Sinais de alerta ou não? • Dados da evolução clínica •
Alimentação atual e pregressa • Aceitação da alimentação • DNPM e nutricional • Exame físico :
alguma alteração?
→ características do vômito e diferenciar de outros processos, como regurgitação, gorfo, refluxo
- Náusea: sensação associada ao desejo de vomitar
- Vômito: expulsão de conteúdo gástrico, com contração dos músculos abdominais e
rebaixamento do diafragma, com abertura da cárdia; pode ser ou não acompanhado de:
náusea, palidez, sudorese, sialorréia
**tto: de acordo com a via afetada na hipótese diagnóstica
- Regurgitação/ Golfada: expulsão do conteúdo gástrico sem esforço, náusea, esforço abdominal
ou reflexo emético
- Refluxo gastroesofágico: retorno do conteúdo gástrico para o esôfago, podendo ou não atingir
faringe, boca e VAS; é normal ocorrer cerca de 5x/ dia, de forma assintomática, eventualmente;
Se torna DRGE quando é sintomática e causa alterações
- Ruminação: regurgitação seguido de nova mastigação/ deglutição; mais comum emmeninas
adolescentes; Ocorre por aumento da pressão intragástrica associada ao relaxamento do
esfíncter esofágico inferior; pode ser desencadeada por evento traumático psicossocial e pode
se associar com manifestações psiquiátricas
Principais causas de vômito pela faixa etária
• Recém-nascido
1. Erro alimentar
2. DRGE com ou sem hérnia de hiato
3. Anomalias obstrutivas: atresia intestinal, estenose, membrana gástrica, má rotação, volvo, estenose
hipertrófica do piloro, doença de Hirschsprung, íleo meconial, anomalias anorretais
4. Neurológicas: hematoma subdural, edema cerebral, kernicterus
5. Metabólicas e endocrinológicas: erros inatos do metabolismo, hiperplasia congênita da suprarrenal,
insuficiência renal
6. Infecciosas: infecção urinária, meningite e sepse
• Lactente
1
Julia Folly - Med 8º semestre
1. Alergia alimentar, Regurgitação do lactente e DRGE
2. Síndromes obstrutivas: estenose hipertrófica do piloro, invaginação intestinal, hérnia encarcerada,
doença de Hirschsprung
3. Metabólicas e endocrinológicas: erros inatos do metabolismo, hiperplasia congênita da suprarrenal,
acidose tubular renal
4. Infecciosas: diarréia aguda, infecção urinária, meningite, sepse, infecções respiratórias, otite média,
hepatite
5. Neurológicas: tumores e hipertensão intracraniana
6. Drogas: aspirina, digoxina, teofilina
• Pré-escolar e escolar
1. Síndromes obstrutivas: estenose esofágica adquirida, invaginação intestinal, hérnia encarcerada,
aderências pós-cirurgia
2. Doenças gastrointestinais: úlcera péptica, síndrome da artéria mesentérica superior, apendicite,
pancreatite, doença de Crohn
3. Infecciosas: diarréia aguda, meningite, infecções respiratórias, hepatite
4. Síndrome dos vômitos cíclicos
• Todas as idades
1. Respiratórias: tosse e infecções respiratórias
2. Infecciosas: diarréia aguda, hepatite
3. Neurologia: meningite, encefalite, tumor
4. Quimioterapia
5. Pós-operatório
Caso Clínico 1
Menino, 3 meses de vida, apresenta regurgitação após as mamadas desde o final do 1º mês de vida,
cerca de 6 vezes ao dia, após as mamadas. A mãe refere que seu filho permanece tranquilo após as
regurgitações. Oferece seio materno em livre demanda e a criança sempre aceita e tem boa sucção.
Nega vômitos, engasgos, irritabilidade ou apneia. Gestação sem intercorrências. Nasceu de termo em
boas condições. Em aleitamento materno exclusivo evoluindo com ganho ponderal de 32g/dia. Dorme
no próprio berço, em decúbito lateral direito. Pais negam histórico de doenças ou atopia na família.
Encontram-se preocupados com a evolução destas regurgitações apresentada pelo filho e questionam
sobre a necessidade de medicação e substituição do leite materno por fórmula láctea infantil
engrossada. Encontra-se com sustentação cervical, sorri, emite sons quando chamado, leva as mãos à
boca. Exame físico sem anormalidades. IMC 16,6 Kg/m2
Análises:
→ 3 meses: mama cerca de 6-8x/dia (a cada 3h) -> no caso, a criança regurgita quase toda vez que
mama
→ Criança eutrófica, sem esforço de vômito ou qualquer outra patologia associada -> provável
distúrbio fisiológico - Refluxo gastroesofágico fisiológico - não é regurgitação, porque regurgitação
não é um diagnóstico, é só o ato:
- Padrão de regurgitações e vômitos há 2 meses sem piora
2
Julia Folly - Med 8º semestre
- Início ao redor 1º mês de vida
- Ausência de irritabilidade pós regurgitações
- Episódios pós mamadas
- Ausência de irritabilidade
- Bom ganho ponderal
- DNPM adequado para a idade
- Ausência de antecedente de atopia
→ Fisiopatologia: fragilidade da contenção do esfíncter (mais curto e leve do que o maduro) e de todas
as estruturas ao redor (frouxidão dos ligamentos)
→ Evolução clínica: redução progressiva do refluxo, após os 4 meses, estando ausente em 95% dos casos
aos 12 meses
→ Condutas e orientações:
● Tranquilizar os pais
● manter o bebê elevado, no colo, após as mamadas, por 20-30 minutos
● Modificar o decúbito no berço, de lateral direito para barriguinha para cima (posição supina)
com elevação acima do quadril
● Não há necessidade de medicação
● Manter aleitamento materno exclusivo
● evitar exposição passiva ao fumo -> reduz o tônus do EEI
● Se AM exclusivo: manter e rever técnica pra diminuir ingesta de ar
● Se AMmisto ou apenas fórmula: priorizar fórmula mais espessas: amido de milho, de arroz,
batata, pH neutro
● fracionar dieta
→ Critérios de ROMA IM - Regurgitação do lactente/ RGE fisiológico: sistematização dos distúrbios
gastrointestinais; caracteriza o refluxo gastroesofágico fisiológico como: “Distúrbio gastrointestinal
funcional, transitório e dependente da imaturidade funcional do aparelho digestivo no primeiro ano
de vida”; Obrigatória a presença das duas seguintes condições em lactentes sadios (3 semanas a 12
meses):
1. dois ou mais episódios de regurgitação por pelos menos 3 semanas;
2. ausência de náuseas, hematêmese, aspiração, apneia, déficit de ganho ponderal, dificuldade
para alimentação ou deglutição, postura cervical anormal
3
Julia Folly - Med 8º semestre
→Manifestações comuns:
- regurgitação após as mamadas
- início entre 1ª semana e 6 meses
- aumento do volume em 2-4 meses e redução progressiva com a idade -> resolução até 1-2 anos
- sem alterações patológicas: perda ponderal, alteração nas mamadas
→ Sinais de alerta que sugerem outras doenças:
Caso Clínico 2
Menino, 4 meses, apresenta episódios de regurgitação desde 1º m de vida, cerca de 3 vezes ao dia,
evoluindo com piora progressiva, em frequência de episódios e volume de cada episódio. Nega sangue
ou bile. Mãe refere que seu bebê é muito irritado e chora logo após as mamadas até conseguir
regurgitar e, mesmo assim, ainda inquieto até a próxima mamada, o quê o faz recusar algumas delas.
Já acordou várias vezes durante o sono chorando e regurgita grande volume. Em aleitamento materno
exclusivo até o momento. Houve queda no ganho ponderal no último mês. Antecedentes gestacionais
e neonatais sem intercorrências. IMC 15,2 Kg/m2. EF: choroso, irritado, aspecto emagrecido,
descorado, eupneico, acianótico, anictérico, ausculta pulmonar e cardíaca sem alterações, abdome
globoso, normotenso, sem visceromegalias. Pele íntegra
Análises
→ criança fica passando mal antes de vomitar, tem piora progressiva, alteração no ganho ponderal, no
sono
→ características de alerta: evolução com piora, acorda a noite regurgitando, irritado, aspecto
emagrecido
→ Diagnóstico: Doença do refluxo gastroesofágico -> não fisiológico
→ Apresentação de lactentes: Regurgitações, Vômitos de intensidade variável, Dificuldades na
mamadas, Déficit de ganho de peso, Choro, Irritabilidade -> pode confundir com outras patologias,
como cólicase alergia alimentar, por isso, é priorizado o tto conservador nessa faixa etária
4
Julia Folly - Med 8º semestre
→⚠ Diagnósticos diferenciais: APLV, Anomalias congênitas (estenose hipertrófica do piloro) e má
rotação intestinal ⚠
→ O diagnóstico de DRGE é basicamente clínico. Apesar da ampla gama de exames diagnósticos disponíveis,
nenhum deles é considerado padrão-ouro e nenhum é fidedigno em todas as formas de DRGE
→ Apresentações fenotípicas da DRGE:
1. doença não-erosiva (NERD do inglês Non-erosive reflux disease)
2. esofagite erosiva (EE)
EE + NERD = > 80% dos casos
3. azia funcional
4. esôfago hipersensível
→ Tto: priorizar medidas não farmacológicas, fórmulas espessadas; ficar atento aos sinais de alarme:
não ganho ponderal, aspiração, alteração do padrão, vômito, outros sintomas associados
Tratamento do lactente
→ HD de ser alergia à proteína do leite -> excluir da alimentação e avaliar se há melhora (por 2-4
semanas) + exclusão de PLV da dieta materna se aleitamento materno exclusivo principalmente
5
Julia Folly - Med 8º semestre
→ Fórmula extensamente hidrolisada (contém apenas aminoácidos livres ou peptídeos -> sem
conformação de proteínas complexas, não ativando o sistema imune no reconhecimento da estrutura)
ou à base de aminoácidos -> pode solicitar pelo SUS!!
**essas fórmulas podem ser usadas para APLV também!
→ Sempre tentar o tto conservador antes de tudo; IBP e antagonistas H2 não são recomendados
→ OBS: Esofagite de refluxo: é mais comum em crianças maiores e adolescentes, mas em lactentes
pode manifestar com dor epigástrica, dor precordial, queimação retroesternal, choro excessivo,
irritabilidade, sono agitado, hematêmese, melena, sangue oculto positivo nas fezes, anemia, disfagia,
odinofagia, recusa alimentar e desnutrição
Caso Clínico 3
Menino, 4 meses, apresenta episódios de regurgitação desde 1º m de vida, cerca de 3 vezes ao dia,
evoluindo com piora progressiva, em frequência de episódios e volume de cada episódio. Nega sangue
ou bile. Irritabilidade e chora a seguir das mamadas até conseguir regurgitar e, mesmo assim, ainda
inquieto até a próxima mamada, o quê o faz recusar algumas delas. Já acordou várias vezes durante o
sono chorando e regurgita grande volume. AM exclusivo por 2 meses. Após 2 meses, mantendo
aleitamento misto, sendo LM e fórmula láctea infantil 4 vezes ao dia. Houve queda no ganho ponderal
no último mês. Antecedentes gestacionais e neonatais sem intercorrências. EF: choroso, irritado,
aspecto emagrecido, corado, hidratado, presença de pele seca, lesões eritematosas, ressecadas, com
descamação em tronco e face (vide foto). Restante do exame sem alterações
6
Julia Folly - Med 8º semestre
Análises
→ é igual ao caso anterior até a parte sobre aleitamento materno exclusivo apenas até os 2 meses ->
interrupção precoce; alterações de pele
→ também éDoença do refluxo gastroesofágico, com associação à Dermatite atópica -> alergia à
proteína do leite de vaca - APLV (também pode ocorrer em aleitamento materno exclusivo, porque a
proteína passa pelo leite materno)
Caso Clínico 4
Adolescente de 12 anos, consulta ambulatorial, com queixa de há 3 meses sensação de queimação em
região retroesternal logo após a alimentação e que se prolonga por mais 1 hora, queixa esta que tem
contribuído para recusa de algumas refeições. Refere ter azia e acaba ingerindo alimentos em
pequenas porções. Relata episódios de que “algo voltou do estômago para a boca”, principalmente
quando na ingestão de sucos de frutas. Já ocorreram alguns episódios de vômitos logo após as
refeições. Nega perda de peso. Exame físico: IMC escore z +1, BEG, sem alterações.
Análises
→ Diagnóstico: Doença do refluxo gastroesofágico
- DRGE em crianças maiores é comum ter cronificação, com períodos de remissão e piora do
quadro
- “DRGE tipo adulto”
- pode ocorrer por refluxo ácido, mas também por refluxo alcalino, ou fracamente ácido,
desordens da motilidade, hipersensibilidade esofágica e distúrbios funcionais -> Fenótipos:
1. NERD: endoscopia normal e exposição ácida esofágica anormal
2. hipersensibilidade esofágica: exposição ácida normal, com correlação com sintomas
3. Azia funcional: exposição ácida normal, sem correlação com sintomas
→ Pode estar associada a: Dor epigástrica, Dor precordial, Queimação retroesternal, Choro excessivo,
Irritabilidade, Sono agitado, Hematêmese, Melena, Anemia, Disfagia
→Manifestações extra esofágicas: Rouquidão, Tosse crônica, Sibilância, Estridor laríngeo, Soluços
frequentes, Crises de apneia, Pneumonia
7
Julia Folly - Med 8º semestre
S. de Sandifer: arqueamento das costas, torção do pescoço e elevação do queixo -> torcicolo em
criança neurologicamente saudáveis -> posição adotada pela dor que a criança tá sentindo; é rara mas
é clássica manifestação de DRGE com esofagite de refluxo
Investigação
1. Solicitar RX contrastado de esôfago-estômago-duodeno quando suspeitar de anomalias
anatômicas -> avalia apenas o refluxo pós prandial imediato, não podendo quantificar os
episódios; identifica o refluxo (vê o contraste retornando) mas não consegue determinar que é
DRGE
nesse exame: identifica o refluxo (contraste passou pelo esôfago e na
sequência retornou), mas sem nenhuma alteração anatômica (contraste passa tudo certo, nenhuma
constrição, megaesôfago, etc) -> é exame normal!!
2. Endoscopia digestiva alta com biópsia: usada para identificar esofagite de refluxo (erosões e
úlceras), gastroenteropatias, neoplasias
8
Julia Folly - Med 8º semestre
Se a imagem demonstrar que é uma DRGE não erosiva: não é recomendada a
administração de IBP
⚠ A ausência de esofagite não exclui DRGE, pois alguns pacientes apresentam DRGE endoscópico negativo:
NERD: Non-erosive reflux disease
→ NÃO USADA PARA DIAGNÓSTICO DE DRGE, E SIM PRA AVALIAR COMPLICAÇÕES E
DIFERENCIAR DE OUTRAS ESOFAGITES (FÚNGICAS, EOSINOFÍLICAS, ETC) ANTES DE
INTENSIFICAR O TTO (AUMENTO DA DOSE DE IBP POR EX)
3. pHmetria esofágica prolongada de 24h: Identifica os episódios de refluxo ácido, quantifica a
frequência dos episódios de refluxo ácido e sua duração no esôfago distal e permite correlação
entre o refluxo e os sintomas/sinais digestivos e extra-digestivos
**não identifica refluxos fracamentes ácidos ou básicos -> não identifica refluxo pós prandial de
lactentes em AME, por ex, pela neutralização do ácido pelo leite
→ Principais indicações: avaliação de sintomas atípicos ou extra digestivos da DRGE; pesquisa de RGE
oculto; avaliação da resposta ao tratamento clínico em pacientes que têm esôfago de Barrett ou de
DRGE de difícil controle; além de avaliação pré e pós-operatória do paciente com DRGE
4. Cintilografia gastroesofágica
NÃO USADA EM CRIANÇAS E LACTENTES
→ Como o RxEED, a cintilografia gastroesofágica avalia apenas o RGE pós-prandial imediato.
→ Suas vantagens são: identificar o RGE mesmo após dieta com pH neutro, avaliar o esvaziamento
gástrico e detectar a aspiração pulmonar
5. Ultrassonografia esofagogástrica - USE
→ também não tem recomendação de uso em lactentes e crianças para diagnóstico de DRGE, mas tem
importância para diferenciar do diagnóstico de estenose hipertrófica de piloro
6. Impedanciometria esofágica intraluminal
→ Avalia alterações da resistência elétrica -> detecta movimentos retrógrados para o esôfago
independente de características físicas ou químicas -> detecta líquidos/sólidos/gases, ácidos/levemente
ácidos/ básicos
→ permite correlação entre refluxo e sintomas/sinais
7. Manometria esofágica
→ avalia motilidade esofágica -> pesquisa de diagnósticos diferenciais, como a acalásia
→mais usado em caso de EDA negativa e refratários ao tto com IBP
9
Julia Folly - Med 8º semestre
Tratamento medicamentoso - crianças grandes e adolescentes (lactentes apenas em casos muito
específicos)
1. Antiácidos de contato/ Citoprotetores de mucosa:
**funcionam como sintomáticos ou apenas para reduzir a acidez noturna -> neutralizam a ação ácida,
reduzindo azia e dispepsia;
→ Alginatos: melhoram regurgitação e vômitos
→ Sucralfato: proteção da mucosa; 97% excretado,tendo poucos efeitos colaterais
2. Inibidores da bomba de prótons: -> uso apenas no caso de esofagite erosiva, sintomas de dor
retroesternal ou azia, sintomas respiratórios ou neurológicos -> Omeprazol dose 0,7 a 3,5
mg/Kg/dia
→ BR: o único IBP com permissão em bula para crianças abaixo de 12 anos é o Losec Mups®
→ devem ser tomados antes da alimentação
→ efeitos colaterais: reações idiossincráticas (reação rara e inesperada, ex muito efeito colateral a uma
dose baixa/ não tóxica -> cefaleia, diarreia, constipação, náusea), interações com outras drogas,
hipergastrinemia e hipocloridria induzidas por droga
3. Antagonistas dos receptores de histamina (ARH2s): Ranitidina (retirado do mercado, mas
muito eficiente)
4. OBS: Procinéticos: não indicados!! -> não são efetivos em diminuir a frequência dos
relaxamentos transitórios do EEI, cicatrização das lesões esofágicas ou efeito anti-RGE; atuam
apenas como anti regurgitação, não sendo o suficiente para indicação -> MEtoclopramida,
Bromoprida, Domperidona
Tratamento de crianças e adolescentes
→ Se condição de sobrepeso ou obesidade: recomendação de perda de peso
→ Elevação de decúbito durante o sono
10
Julia Folly - Med 8º semestre
→ Evitar alimentar-se antes de deitar (mínimo de 2 horas) e não comer refeições de grande volume
(fracionar)
→ Evitar alimentos ácidos: chocolates, frituras, café e bebidas cafeinadas, refrigerantes, apimentados,
alimentos ácidos, a base de tomate, muito gordurosos (esvaziamento gástrico lento)
→ Evitar consumo cigarro (exposição passiva também), álcool
→ Posição para dormir é diferente dos lactentes, por ter menos chance de morte súbita por
sufocamento: DLE, com a cabeceira mais elevada
→ Antiácidos de contato: como sintomático ou pra diminuir a acidez noturna
→ Procinéticos: aumenta tônus do EEI e melhora depuração esofágica e o esvaziamento gástrico ->
não recomendados para tratar a DRGE
→ Inibidores da bomba de prótons (IBPs): usados em esofagite erosiva, esofagite péptica, esôfago de
Barrett
Tratamento cirúrgico - recomendado nos casos:
1. complicações que ameaçam a vida;
2. depois de avaliação apropriada para excluir outras doenças;
11
Julia Folly - Med 8º semestre
3. condições crônicas (fibrose cística, neuropatas), com risco importante de complicações;
4. necessidade de uso crônico de medicações para controle dos sintomas
Caso Clínico 5
Menino, 45 dias de vida, apresenta vômitos após todas as mamadas desde 20 dias de vida, sem sinais
de redução na frequência nem mesmo quanto ao volume, com piora nos últimos 10 dias incluindo
recusa das mamadas. Apresenta irritabilidade antes e após os episódios de vômitos. Constatada perda
de peso em relação à visita médica aos 30 dias de vida. Nega intercorrências na gestação e período
neonatal. Nasceu de termo. Em aleitamento materno exclusivo com técnica adequada. Nega histórico
de atopia. Exame físico: REG, irritabilidade, choroso, parece ter fome, abdômen globoso, distendido,
timpânico, RHA presentes e aumentados, ausência de sinais de irritação peritoneal, palpação de
estrutura endurecida, como ̈caroço de azeitona ̈, móvel, em região epigástrica e visualização de onda
peristáltica (vide foto) Qual o provável diagnóstico mediante o quadro clínico apresentado:
Análises
→ são vômitos, não regurgitamentos, como anteriormente; alterações desde o período neonatal,
presente em todas as mamadas; sem atopia, diminuindo as chances de APLV; sinais e sintomas de
abdome agudo obstrutivo: abdome globoso, distendido, timpânico, onda peristáltica; caroço:
obstrução? em região epigástrica; sem irritação peritoneal: não é abdome agudo perfurativo, por ex
→ Diagnóstico: Estenose hipertrófica de piloro
→ USG: principal exame!!
→ Exame contrastado EED: mostra estômago de esforço, aumentado, espessado
→ Outras anomalias obstrutivas: atresia intestinal, membrana gástrica, estenose duodenal, volvo, má
rotação, estenose hipertrófica de piloro, Doença de Hirschsprung, íleo meconial, anomalias anorretais
→ Atresia Duodenal:
12
Julia Folly - Med 8º semestre
→ vômitos desde a 1ª tentativa de mamada -> precisa sondar e solicitar esse RX, que vai avaliar
distensão gástrica e ausência de ar nas demais alças intestinais
→ seta mais alta da 1ª imagem: estômago; 2ª seta: dupla bolha -> ar não passa além disso, indicando a
atresia do duodeno, não permitindo a passagem do conteúdo
→ Estenose Duodenal
→ afilamento apenas, não constrição total -> contraste passa, mas muito apertado
→ Sub oclusão alta: distensão gástrica, ausência de ar nas demais alças intestinais Após EED: Redução
de calibre da 1ª porção duodenal, caracterizando área de estenose
→ Doença de Hirschsprung ouMegacólon agangliônico
→ não migração embrionária do plexo mioentérico ou do cólon inteiro ou de alguma porção
→ ausência de células ganglionares em ambos os plexos mioentérico e plexo submucoso em segmento
do cólon distal, como resultado de uma falha na migração crânio-caudal das células da crista durante o
desenvolvimento.
→ Quadro clínico: Fezes passam no segmento agangliônico com dificuldade e pode haver defecação 1x
a cada 3 dias
→ Tratamento: Ressecção completa do segmento agangliônico e a porção do cólon acima,
anastomosando no reto; Colectomia se o segmento envolvido for extenso
→ Avaliação: Enema opaco; região doente é a “mais fina”
13
Julia Folly - Med 8º semestre
→ Outros diagnósticos diferenciais:
● Causas infecciosas: sepse, ITU, meningite
● Neurológicas: edema cerebral, hematoma subdural, kernicterus
● Metabólicas e endocrinológicas: hiperplasia de supra renal, erros inatos do metabolismo,
acidose tubular renal
Caso Clínico 6
Lactente, 8 meses, é levada ao PS por apresentar há cerca de 6 horas, vômitos sequenciais, choro
constante e distensão abdominal. Nega febre, diarreia, queixas respiratórias, alterações ou manchas na
pele. Recebe leite materno e alimentação complementar com boa aceitação. Não frequenta creche.
Ausência de doenças pregressas ou na família. Ao exame: REG, palidez, irritabilidade, choro constante,
desidratada ++/4+, ausculta pulmonar e cardíaca normais, abdome distendido, doloroso à palpação,
presença de massa palpável, de aspecto tubular em topografia de quadrante superior direito, ausência
de descompressão brusca dolorosa. Observada a presença de muco sanguinolento exteriorizado pelo
ânus na fralda ao ser examinado
Análises
→Massa palpável: invaginação intestinal: uma porção invagina na outra, obstruindo a passagem do
trato gastrointestinal -> quadro agudo de vômitos -> as porções invaginadas entram em atrito,
causando lesão da mucosa -> melena e enterorragia
→ quadro clínico de desidratação grave, criança entrado em choque
→ RX: obstrução!!:
● níveis hidroaéreos
● alças dilatadas
● USG: SINAL DO ALVO
→ Tratamento cirúrgico!!
Caso clínico 7
Menina, 8 anos, sem intercorrências ou doenças crônicas. Há 2 dias com dor abdominal em cólicas. Há
1 dia febril com piora do quadro de dor abdominal associado a vômitos, hoje 4 episódios sendo um
deles bilioso. Não consegue alimentar-se e está sem evacuação há 3 dias. Apresenta-se debilitada,
desidratada, febril. Abdome doloroso à palpação superficial e profunda difusamente, RHA diminuídos,
timpanismo aumentado, presença de descompressão brusca positiva
Análises
→ 8 anos; sinais flogísticos; Sem evacuação e vômito bilioso - obstrução baixa?
→ abdome com timpanismo aumentado e RHA diminuídos (cheiro de ar? obstrução?); descompressão
brusca positiva - inflamação
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Julia Folly - Med 8º semestre
→ Diagnósticos diferenciais em pré escolares e escolares:
● Causas Infecciosas: gastroenterite, infecções respiratórias, meningite, hepatite
● Doenças gastrointestinais: úlcera péptica, apendicite, pancreatite
● Síndromes obstrutivas: estenose esofágica adquirida, invaginação intestinal, hérnia
encarcerada, aderências pós cirurgia
● Neurológicas: hipertensão intracraniana
Características de Diagnósticos diferenciais para vômitos
1. Gastroparesia
→ lentificação do esvaziamento gástrico: vômito, recusa alimentar e saciedade precoce; pode ocorrerpor várias causas (lesão de n. vago em cirurgia, DM, distrofia muscular, medicamentos como opiáceos),
mas a principal causa em < 3 anos é a infecção viral; quadro autolimitado e de duração variável
2. Distúrbios gastrointestinais funcionais - S. dos vômitos cíclicos
→ critério de Roma IV: ocorrência de pelo menos dois episódios de náuseas e vômitos intensos, que
duram horas a dias, no intervalo de seis meses; ocorrem sem a presença de lesão orgânica; pode ter
enxaqueca abdominal (região umbilical)
→ Tto commudança do estilo de vida, pra evitar as crises; adm anti-histamínicos ou antidepressivos
tricíclicos dependendo da idade; Nas crises de vômitos cuidados gerais, hidratação e antieméticos
(Ondansetrona ex)
Questão
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